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Para se tornar paulista basta descer no Terminal Tietê.

Faz algum tempo que um predio público, inavadido por sem tetos,
pegou fogo forçando seus moradores a acamparem no Largo do
Paissandu. Entre eles havia um rapaz com um pouco mais de 20
anos, solteiro que chegara a São Paulo há pouco mais de dois
mêses. Irredutível, ele foi enfático em afirmar, aos jornalistas, que
só deixaria o acampamento depois que o nossos governantes lhe
arranjassem uma moradia digna e gratuita.
Imediatamente choveram críticas, mas não contra a atitude do
rapaz e sim cobrando providências do prefeito e do governador
para que essa pessoas pudessem ser alojadas. Em nenhum outro
lugar do mundo jamais se viu algo semelhante. Explicitamente o
povo dessa cidade estava dizendo:- “Peguem o dinheiro dos
nossos impostos e comprem, logo, uma casa para esse menino!”
Porquê somos assim? De onde vem esse peculiar altruísmo
paulista?
Mais um vez nossa resposta parece estar lá atrás, no tempo, no
nosso passado galaico quando os nossos ancestrais tiveram que
enfrentar os muçulmanos na batalha de “Covadonga”.
Por volta do ano 718 da era cristã, o então rei das Astúrias,
“Pelágio”, convocou a população para poder deter um descomunal
exército mouro que avaçava impiedosamente sobre seu reino.
Muitos, mais muitos mesmos o abandonaram e com apenas
aqueles que sobraram, ele impôs a maior derrota que os mouros já
sofreram.
Em consideração ao ato de heroísmo dessas poucas pessoas,
foram-lhes concedidos títulos de nobreza e pensões vitalícias.
Ricos e pobres, nacionais e extrangeiros, nobres e plebeus todos
foram agraciados igualmente com títulos vitalícios e hereditários,
deixando bem claro que, para Pelágio ( e consequentemente
herdamos isso), irmão não é quem nasce em nossa casa ou que é
gerado no ventre da nossa mãe, mas sim quem luta ao nosso lado
não importando a nacionalidade, a condição social ou a cor da pele
do indivíduo.
Como esses benefícios eram hereditários, os filhos desses heróis,
também os receberam. Dessa forma nas Astúrias, pedreiros,
carpinteiros, pastores, sapateiros e até mesmo mendigos
ostentavam os previlégios da nobreza e para que se pudesse
explicar a alguém a condição social dessas pessoas, diziam que
elas eram “Filhas de alguém”, “Filhas de Algo”, o que,
rapidamente derivou para a expressão ” Fidalgo”.
Embora o termo “Fidalgo” tenha demorado para ser usado
oficialmente em Portugal, o seu espírito já estava introjetado na
nossa gente desde o tempo do nascimento de Portugal. O
“Condado de Portucale”, sua origem, surgiu com a conquista da
região onde hoje fica a Cidade do Porto, por um asturiano
chamado “Vilmara Peres”. Peres, seu sobrenome, era uma
derivação de “Pireu”, um porto na Grécia de onde se veio sua
família. Hoje, aqui em São Paulo, nós os conhecemos como
“Pires”.
Por essas e por outras que eu sempre digo: -” É lindo ser Pavlista”

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