1) Os paulistas evitam respostas diretas negativas devido à cultura de seus ancestrais indígenas e portugueses, que valorizavam a hospitalidade e o diálogo pacífico;
2) Os indígenas guaianás recebiam todos os viajantes em sua aldeia sagrada e os ouviam com paciência, mesmo quando criticados;
3) Os portugueses da Ordem de Cristo que colonizaram São Paulo prezavam a humildade e a gentileza em suas interações para garantir apoio mútuo na long
1) Os paulistas evitam respostas diretas negativas devido à cultura de seus ancestrais indígenas e portugueses, que valorizavam a hospitalidade e o diálogo pacífico;
2) Os indígenas guaianás recebiam todos os viajantes em sua aldeia sagrada e os ouviam com paciência, mesmo quando criticados;
3) Os portugueses da Ordem de Cristo que colonizaram São Paulo prezavam a humildade e a gentileza em suas interações para garantir apoio mútuo na long
1) Os paulistas evitam respostas diretas negativas devido à cultura de seus ancestrais indígenas e portugueses, que valorizavam a hospitalidade e o diálogo pacífico;
2) Os indígenas guaianás recebiam todos os viajantes em sua aldeia sagrada e os ouviam com paciência, mesmo quando criticados;
3) Os portugueses da Ordem de Cristo que colonizaram São Paulo prezavam a humildade e a gentileza em suas interações para garantir apoio mútuo na long
Se um paulista não quiser aceitar um convite, ele respoderá:-
“Pode ser. A gente vai conversando”. Quando ele não concorda com aquilo que se está dizendo, ele responde: -“É complicado, né, Véio?”. Partir dele uma afirmação negativa é sempre algo raro. Não podemos estabelecer com precisão a origem desse comportamento, mas se analisarmos o nosso passado poderemos perceber que esse posicionamento que o afasta da controvércia é muito antigo. Nossas bases étnicas coloniais são a indígena e o branco predominatemente português. Ao estudarmos a cultura do nosso índio guaianá percebemos, nela, que a região que hoje corresponde ao centro velho de São Paulo, “Inhapuambuçu”, como era conhecida, correspondia talvez, ao mais sagrado sítio dos indígenas do sul da América do Sul. Para cá vinham, em peregrinação, índios de várias etnias que viviam ao longo do ‘Caminho do Peabirú”, uma rota de mais de 3000km que atravessa a América do Sul de São Vicente ao oceano Pacífico. Peabiru para quem seguia de São Vicente para o Perú, mas recebia outro nome que era usado por aqueles que vinham de lá para cá: ” Yvy marã e’y”, “Caminho para terra sem mal”, uma espécie de Paraiso, ou até mais propriamente “Jardim do Éden” indígena, pois nele as pessoas podiam ingressar ainda em vida. No fim desse percurso estava seu ponto mais sagrado, o “Inhapuambuçu”, uma montanha que espelhava os raios solares e reluzia como um espelho. Sua localização ficava exatamente atrás do Mosteiro São Bento. O que se presume é que essa montanha fosse coberta de sílica que se vitrificou com a ação dos raios e o que se sabe é que ela foi destruida pelos Jesuítas. Em função desse fato, como uma missão religiosa, nosso índio guaianá, era obrigado a receber qualquer viajante que lhe pedisse hospedagem, mesmo que fosse seu inimigo. Contudo não bastava hospedá-lo e alimentá-lo. Para que o visitante se sentisse bem, cabia ao anfitrião e a sua famíla, ouvi-lo. Redes era colocadas em toras no centro da aldeia, uma fogueira era acesa, as crianças, mulheres se acomoddavam no chão e, após o jantar, o hospede poderia desfiar suas bravatas, mesmo aquelas em que ele descrevia como matou os familiares do anfitrião. Hoje é comum, em São Paulo, ouvirmos imigrantes muito bem recebidos por aqui, falando mal das pessoas da nossa terra. Contudo, raramente retrucamos, nós apenas ouvimos placidamente as críticas, como nossos ancestrais fizeram durante milênios. O outro pilar da nossa base étnica foi o branco português. Muitos deles pertencentes a “Ordem de Cristo” e todos governados por ela. Essa era uma ordem monástica, embora mais flexível que a “Ordem do Templo”, surgiu para absorver seus cavaleiros quando está foi perseguida e desconstruida pelo Papa. Os templários foram homens nobres que, muitas vezes abriam mão de todo o seu patrimônio para passarem a uma vida monástica e espartana. Quando lemos as cartas de seus sucessores, nossos homens da Ordem de Cristo e de seus filhos, nossos bandeirantes, mais do que se portarem como homens simples, pareciam desejar serem vistos como pessoas que se manifestavam com humildade, da forma que esperamos que se comportem os devotos de Cristo. Mas não é só isso. Ao observarmos seus descendentes tropeiros percebemos que eles dependiam da camaradagem das famílias que os abrigavam e recebiam suas mulas durante seu caminho. Serem formais e gentis, para nossos ancestrais era uma questão de sobrevivência.
(Coleção O Brasil Visto Por Estrangeiros) Auguste de Saint-Hilaire-Viagem Ao Rio Grande Do Sul-Secretaria Especial de Editoração e Publicações Do Senado Federal (2002) PDF