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UNIVERSIDADE TÉCNICA DE MOÇAMBIQUE

CURSO DE MESTRADO EM: Direitos Humanos, Desenvolvimento


Económico e Boa Governação
Disciplina: História dos Direitos Humanos: Cenários Internacionais, Africanos e
Moçambicanos.
Tema:

A Utopia do Direito à Liberdade: uma análise a partir do paradigma


libertário do Ngoenha
Mestrandos:
Abel Moisés Chau

Docente:
Dr. Simão Jaime

Maputo Cidade, Março de 2023

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Sumário
1. Introdução ................................................................................................................................ 3

1.1. Direito à Liberdade como condição da historicidade moçambicana ................................... 4

1.2. O Direito a Liberdade de Expressão e a Critica ............................................................... 5

1.3. A base do paradigma do direito à liberdade do Homem .................................................. 6

1.4. Liberdade como emancipação da escravatura e como integração social ......................... 6

2. Critica a visão do Ngoenha e dos Pan-Africanos: O Direito à Liberdade ............................... 7

2.1. O que a liberdade comporta como responsabilidade?.......................................................... 7

2.2. Utopia do Direito a Liberdade .......................................................................................... 8

2.3. Alguns Direitos Humanos inerentes a liberdade ............................................................ 10

3. Considerações Finais ............................................................................................................. 10

Bibliografia ................................................................................................................................... 12

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1. Introdução
A presente análise enquadra-se dentro do campo de conhecimento da História dos Direitos
Humanos: Cenários Internacionais, Africanos e Moçambicanos ministrado no curso de mestrado
de Direitos Humanos, Desenvolvimento Econômico e Boa Governação. Tem como tema: A
Utopia do Direito à Liberdade: uma análise a partir do paradigma libertário do Ngoenha Tem
como propósito a construção de uma apologética na defesa dos Direitos Humanos concretamente
o direito à liberdade tomando como base o pensamento do filósofo moçambicano, professor
catedrático Severino Ngoenha.

A violação dos direitos humanos remete-nos a antiguidade, especialmente o direito à liberdade que
é o direito em análise no presente estudo. Pela história consegue-se perceber que quase todos os
povos passaram pela privação da liberdade. Desde os tempos bíblicos até a época da colonização
africana, deliberado na conferência de Berlim (1884-1885). Os povos, sofreram represálias dos
seus senhores, a opressão na Europa através de Movimentos como o Nazismo na Alemanha
liderado por Adolf Hitller, o Fascismo na Itália tendo como percursor Benito Mussoline e
Corporativismo em Portugal protagonizado por António Salazar.

O socialismo histórico que enfraqueceu a liberdade dos povos, controlando os mídia, ditando o
que devia ser dito ou não, assassinando publicamente aqueles que pensavam diferente do sistema.
Está época foi dura, era proibido o direito a reunir, influenciado no caso de Moçambique por
desconfiança política atendendo o contexto de guerra que se vivia. Mas, viu-se que o direito a
liberdade é fundamental e crucial o que levou muitos movimentos a surgir nos países do continente
africano para fazer face as barbaridades e atrocidades cometidos pelos colonizadores.

Com isto, pode-se ver que a questão do direito à liberdade desempenha um papel crucial na
construção da autonomia e afirmação da soberania dos povos. Neste estudo, pretende-se a luz do
pensamento do Ngoenha, produzir uma reflexão africana da tarefa da liberdade e o impacto que
esta trás quando existe ou mesmo quando vem a faltar. Recorrer-se-á, alguns outros documentos
como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, para consubstanciar os ideais de Ngoenha e
fazer uma crítica ao seu pensamento.

O presente ensaio obedece a seguinte estrutura, breve contextualização, o pensamento do Ngoenha


e suas implicações e as considerações finais.

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1.1. Direito à Liberdade como condição da historicidade moçambicana

Antes de debruçar-se a respeito do direito à liberdade em Ngoenha impregnados no artigo de


Eduardo Buanaissa, cumpre-se o exercício de identificar de quais direitos à liberdade estão em
causa. Ngoenha, ao falar de direito à liberdade neste artigo implicitamente chama os seguintes
direitos impregnados na carta universal dos direitos humanos e na carta africana e dos povos: a
liberdade de nacionalidade, direito a terra, direito de reconhecimento como pessoa humana, o
direito à integridade física, o direito a manifestação, o direito de liberdade de expressão e da
imprensa. Então, convida-se ao leitor que quando usar-se o conceito de direito à liberdade no
presente ensaio tenha em consideração os direitos supracitados inerentes a liberdade.

Buanaissa, inaugura seu artigo com o fundamento da necessidade da liberdade, invocando


Ngoenha quando diz, “um esforço ilosóico comum a partir de Moçambique não pode deixar de se
inscrever no quadro de um esforço africano mais global ligado ao nascimento da ilosoia africana
que, por seu turno, está intrinsecamente ligado à busca da liberdade que caracteriza a visão
continental de África” (Ngoenha, 2004, p. 77) apud (Buanaissa, 2016). Neste ponto, o autor
anuncia o interesse desde tempos remotos pelo direito à liberdade, defendendo que é a base para a
construção da identidade nacional.

Ngoenha, faz uso de autores como Vico e Voltaire para construir aquilo que os filósofos chamam
de filosofia histórica, uma vez que a liberdade nesses autores é apresentada como aquela que habita
na história, sendo que o espaço histórico é a única garantia da sua existência, nesta linha, Ngoenha
vai construindo bases para a defesa do direito à liberdade, uma vez que este não é separado do
cristianismo, olha para as escrituras como parte dos sustentáculos deste direito ao afirmar
“conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” João, 8:32. Buanaissa, traz outro exemplo da
apologia de Ngoenha na história para defesa do direito à liberdade quando este afirma, “Para ele,
os esforços que começaram no final do século XIX, quer eles se chamem pan-africanismo,
negritude, socialismo africano, etnofilosoia, filosofia crítica ou filosofia hermenêutica; se
afiguram movimentos que vivem do espírito e tendem para a mesma realidade: a liberdade do
homem negro: condição da sua historicidade.” (Buanaissa, 2016, p. 340), ou seja, vê-se aqui um
esforço de provar que o direito à liberdade é uma condição para a construção da historicidade
moçambicana. Esta luta, não é nada menos ou mais que uma forma de dar ao africano ou ao homem

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negro a oportunidade de ser uma pessoa com dignidade, uma vez este direito estava a ser-lhe
recusado.

No artigo em análise Buanaissa, conduz os seus leitores a conhecer um pouco de vida e obra de
Ngoenha com o objectivo de conhecer as bases da construção filosófica do mesmo, é possível
então por meio da explanação aferir que, este, chegou à autodeterminação africana/moçambicana
a partir da Europa a quão dos seus estudos. Nesta senda, com o seu percurso intelectual, foi possível
contribuir de forma eficaz na construção e na defesa do direito à liberdade. Uma das indicações é
na decadência do marxismo-leninismo em Moçambique ter ajudado abrir as mentes para uma
reflexão crítica ao modelo defendido e conduzido pelo Marshal Presidente Samora Moisés Machel.
Neste sentido, Ngoenha de forma cabal contribuiu para que não somente aqueles que sob ponto de
vista acadêmico têm o intelecto suficiente para compreender e discutir assuntos ligados a
liberdade, mas também, abriu portas sem precedentes de ter-se nas escolas do ensino secundários
nas classes de 11ª e 12ª respectivamente o ensino da filosofia que ensina vários conjuntos de temas,
desde a lógica, ética, metafisica entre outros temas ligados a identidade humana como a questão
do valor histórico da liberdade.

Buanaissa, traz um relatório de uma indagação da identidade de Severino, o que ficou evidente é
que é um ser de Moçambique de que é livre, pois, suas abordagens, vestimentas e comportamentos
revelam um indivíduo com um interesse na luta pela liberdade.

1.2. O Direito a Liberdade de Expressão e a Critica


Buanaissa, tem o Ngoenha como um exemplo de crítica e professor de como deve-se criticar isto,
no contexto principalmente do direito à liberdade de expressão. Muitas vezes, embora haja e tenha-
se conquistado o direito a crítica (liberdade de expressão) mesmo com suas limitações ainda há
um desfio em saber criticar, Ngoenha chama atenção a isto, que a crítica não pode ser feita de
forma aleatória mas obedecer critérios, falando nos seguintes termos: “uma crítica que se
apresenta como um modelo prospectivo de ver a realidade do que imbuir o debate moçambicano
através de tendencialismos ligados a nomes, cores partidárias, grupos associativos e interesses
corporativos” (Buanaissa, 2016, p. 349). O direito à liberdade de expressão não é uma chave para
insultos, rebaixamento, autopromoção, ou ainda reducionismo do outrem. Mas, sim deve construir-
se um ambiente em que a crítica seja um instrumento de construção social e de honrar o direito à
liberdade e não uma desculpa para viola-lo!

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Ngoenha, faz um esforço para mover um debate onde o direito à liberdade de expressão seja
respeitado, na medida em que, leva o público a deixar de debater as pessoas mas sim factos e
ideias. A necessidade de institucionalizar os debates, mas isto parece ainda ser algo utópico, a
prova viva tem sido a casa do povo (Assembleia da República), onde usa-se do direito à liberdade
de expressão para defesa de interesses pessoais ou partidários. O lugar onde o centro do debate
devia ser a construção de leis que tem em conta o benefício do povo, transforma-se num palco de
troca de mimos, onde-se pode ouvir “o deputado y foi preso pela boca, ou o deputado z reprovou
4 vezes na 10ª classe. Isto é que sugere um desafios, para construção de uma verdadeira crítica em
Moçambique.”

Neste optíca, o Ngoenha leva os seus leitores a de ideia de um Moçambique para todos, um
Moçambique onde cada moçambicano seja moçambicano e faça parte da história escrevendo suas
redações para que seja lido por outros, como parte desta realidade. Pois, este é o pressuposto da
liberdade de expressão.

1.3. A base do paradigma do direito à liberdade do Homem

O Buanaissa no seu artigo, é pragmático ao afirmar que a linha filosófica do Ngoenha assenta-se
sobre o princípio do direito à liberdade do homem. Severino olha para esta, como a fórmula de
emancipação do homem negro. Ngoenha olha para todos os prismas da sociedade numa visão
latente de que liberdade é a condição sen qua non, não há evolução histórica, mesmo na educação.
Buanaissa (2016), refere que Ngoenha olha para a questão de direito à liberdade dos africanos e
dos homens assentados em 4 pilares, nomeadamente: liberdade como emancipação da escravatura;
liberdade como integração social; liberdade como emancipação política e liberdade como
desenvolvimento econômico e social. O autor agrupa essas áreas defendidas por Ngoenha em dois
campos, dos quais passa-se a transformar em subtítulos dois deles para o exame dos mesmos:

1.4. Liberdade como emancipação da escravatura e como integração social


Ngoenha, nega que a liberdade dos africanos ou moçambicanos tenha sido proporcional a sua a
sua legitimação como independentes. Pois, com o fim da escravatura não tinham a independência
que precisavam. O sistema, mesmo depois de passagem de um século do fim da escravatura, ainda
continua o entrave para que os antigos escravos exerçam a liberdade, estando ainda em sistemas
que o autor designa de estigmatização e marginalização. Nesta senda, Ngoenha, traz exemplos
como o de EUA, onde elaborava-se leis para que os negros não tivesse acesso aos processos

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democráticos, dito de outra forma, os negros não eram livres e mais, havia uma literatura especifica
para esta cor, denominado literatura negrista.

A estigmatização não foi só uma problemática dos EUA, mas teve seus efeitos na América Latina,
onde o sociólogo Du Bois desenvolveu a partir dela a teoria de descriminação positiva, onde os
ecos no Brasil fazem ainda sentir-se. Antes de 2003, no Brasil os negros eram vedados a educação
e não havia literatura africana, coube a Lula fazer as reformas políticas e educacionais para
mudança desta realidade. Ngoenha, usa o exemplo de Brasil segundo Buanaissa (2016), para
consubstanciar a ideia segundo a qual que a escravatura prejudicou e tanto, por isso, há esforços
de devolver os espaços aqueles que lhes haviam sido vedados. Acções práticas são, a
disponibilização de terras (regiões quilombolas), sistema de quotas para acesso a vagas na
universidade, no sector público entre outras oportunidades que antes não eram possíveis aos
negros. Mas para Ngoenha, estas medidas ainda não respondem o problema central.

2. Critica a visão do Ngoenha: O Direito à Liberdade


Neste capitulo, pretende-se analisar de forma critica o pensamento do Ngoenha. Far-se-á uma
introspeção a luz da declaração universal dos direitos humanos.

2.1. O que a liberdade comporta como responsabilidade?


A Organização das Nações Unidas (ONU), a mais alta instituição do mundo que zela pelo
cumprimento do bem estar das nações e das suas instituições, aprovou um conjunto de direitos que
garantem o bem estar da pessoa humana. Os direitos mais gritantes nele, são a vida, dignidade e
liberdade. Esses direitos são fundamentais para que o homem seja ele mesmo, exerça sua
humanidade em paz e em segurança.

Nesta reflexão, proposto fez-se um trabalho concomitantemente sobre o direito à liberdade no seu
sentido geral o artigo1, 3 e 4, da declaração universal dos direitos humanos defende a ideia segundo
a qual o direito à liberdade é inegociável. Contudo, o que pretend-se discutir aqui, é algo que não
foi examinado em Ngoenha. Que é o custo da liberdade, desta feita que levanta-se a seguinte
questão, se por um lado a liberdade é um direito humano fundamental e inegociável, por outro
apresenta um sentido de responsabilidade, então, o que a liberdade comporta como
responsabilidade?

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Será que todos os indivíduos merecem ser livres? O que é liberdade afinal? Como fazer uso da
liberdade sem ferir o espaço do outro? Para entender a pergunta filosófica aqui levantada, permita-
se trazer uma história fictícia contada por um docente de Cooperação Internacional na
Dependência nos seguintes termos, imaginando o narrador na primeira pessoa do singular, “sou
filho homem de 7 irmãs, a minha mais nova ia completar no 17 de julho de 2017, 18 anos de idade.
Era dia madrugada de 16 para 17, quando as 00h00, fomos com minhas irmãs e minha mãe ao
quarto dela, cantar-lhe os parabéns, contudo um grito da minha mais nova que se ouvia até do
lado de fora dizia já sou livre, ninguém entendeu a frase da minha irmã naquela madrugada. A
verdade é que, naquele dia era o dia dela de cozinhar, como deve-se saber em todas as casas aqui
na região sul pelo menos que tenha mais de uma menina essas fazem escalas de tarefas diárias
em casa. Minha mais nova, quando chegou a hora dela cozinhar ela preparou-se e foi embora.
Juntamo-nos as 20h00 como sempre para jantar mas a minha irmã mais nova não havia chegado
ainda. Quando ligou-se para ela disse, que já tinha 18 anos e era livre, e não precisava ser
controlada. O certo é que até as 23h00 ela não havia chegado, minha mãe não apanhou sono e
qualquer barulho que ela ouvia relacionava a chegada da minha irmã. Até que as 1h30 ela bate
à porta e minha mãe como sempre gentil, a recebe e o que ela vê é uma jovem cansada com casaco
nas costas e a primeira palavra é, mamã estou com fome”. Nesses termos, vem a nossa questão o
que liberdade comporta como responsabilidade.

Os filósofos entende o direito às liberdade como a faculdade de agir segundo as disposições do seu
raciocínio, demanda pela vontade individual, sem que não prejudique o outrem, diz-se também
que pode ser aquele sentimento de não estar sob jugo do outrem. O direito à Liberdade é tido pela
filosofia, como a independência do ser humano, o poder de ter autonomia e espontaneidade,
(Sérgio, 2018) & (Significados, 2022).

2.2. Utopia do Direito a Liberdade


Diante do exposto, por mais que seja lindo ler estás definições e o pensamento do autor abordado
neste trabalho o direito à liberdade ainda pode ser considerado como um conceito utópico, uma
vez que não é exercido da maneira como está definido e como foi defendido pelo Ngoenha.
Exemplo, os militares não são de certo modo livres, pois, sabe-se que muitos deles não gostariam
de ir travar o terrorismo em Cabo Delgado, relatos existem dos que desertaram e voltaram a casa
sem honra. O que mostra que eles vão contra sua vontade ou sob obrigação de alguém. Por outro
lado, voltando a questão colocada, viu-se que a liberdade da jovem de 18 anos custou a dor e

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angústia daqueles que zelam pela saúde e segurança da mesma, em simultâneo que está ainda não
está em condições de exercer sua liberdade como tal. Dito de outra forma o direito à liberdade tem
um custo muito elevado, uma vez que exige do indivíduo que detêm este direito um grau elevado
de responsabilidade, a crítica vai neste sentido de que o direito à liberdade ainda é um sim mas
também um ainda não.

É utópico dizer que o povo moçambicano, entenda-se povo como um conjunto de cidadãos
dirigidos por um determinado governo eleito, que é livre. Pois, como viu-se na definição que a
liberdade exige autonomia, como fator determinante para que ela exista. Moçambique como país,
ainda é extremamente dependente a prova disto, foi que por um mês que a África do Sul fechou
suas fronteiras assistiu-se uma agitação na cidade de Maputo e uma crise aguda no mercado
grossista de Zimpeto, sem falar da subida dos preços em quase todo o país. Sabe-se que o
orçamento estatal depende quase 60% de ajuste directo de ajuda externa ou endividamento. As
dívidas não declaradas que fazem alguns dos mais altos dirigentes não saírem do país mesmo
doentes para tratamento fora por medo da Interpol, a elevada taxa de corrupção no sector público,
a instabilidade política que se instala em cada pleito eleitoral, as dificuldades do estado lidar com
um grupo terrorista em algumas regiões de Cabo Delgado, dissemos em algumas regiões da
província, o que levanta reflexões de que se acontece este cenário em todas as províncias de norte
ou centro o que seria de Moçambique como um país autônomo.

É aqui onde a questão é válida e a hipótese também é inevitável que esteja correcta, uma que a
liberdade demanda autonomia e estes pressupostos são carregados com dada responsabilidade, daí
que afirma-se é utópica a ideia do direito à liberdade, como indivíduos de forma particular e como
povo de forma holística. É necessário conquistar-se primeiro uma liberdade holística e depois pode
pensar-se numa liberdade individual.

Afirmar que os homens nem todos de facto serão verdadeiramente livres enquanto existir, serviços
obrigatórios a serem prestados, como o serviço militar, como o da polícia, o da segurança e
inteligência para defesa da soberania e integridade nacional. Essas áreas são essências que
extrapolam a ficção dos direitos humanos, pois, se não violar de facto alguns prismas dos direitos
humanos pode-se viver um caos total, onde todos quererão ficar junto das suas famílias e deixar o
país à mercê dos invasores como os chamou o Cheik Ant Diop.

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Está ideia de direito à liberdade total é um sonho profundo de todo homem, todos gostariam de
não prestar contas a ninguém, exemplo maridos não gostariam de satisfação as suas mulheres de
onde estão e que horas vão chegar a casa, pastores ou padres nem todos gostariam de prestar conta
de fundos da Igreja ou de outras atividade, os filhos não gostariam de ter limites de horários para
chegar em casa. Ou seja, os indivíduos sejam eles quem forem dificilmente na presente esfera vital
serão dotados de liberdade nos termos concebidos pela ONU.

2.3. Alguns Direitos Humanos inerentes a liberdade


Como está a desenvolver-se a respeito dos direitos humanos, especificamente dos da liberdade, é
oportuno antes de concluir a presente pesquisa, apresentar alguns desses direitos (UNICEF, 1948):

Artigo 1: Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos
nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião,
opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer
outra condição.

Artigo 3: Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo 4: Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos


serão proibidos em todas as suas formas.

Artigo 5 e 6 Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou
degradante. Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa
perante a lei.

3. Considerações Finais
A presente pesquisa tinha em vista a luz da filosofia do Ngoenha, no que respeita aos direitos
humanos particularmente o de direito à liberdade compreender como este contribuiu para
construção do conhecimento africano a luz dos direitos humanos, nesta senda buscar outros autores
que sustentasse ou opinassem diferente de Ngoenha e no final fazer um olhar crítico a essas ideias
seja uma crítica positiva ou construtiva. O que foi possível!

Ao longo do trabalho pôde-se ver que Ngoenha trilhou um caminho inegável no contributo da
construção do saber africano, no que respeita aos direitos humanos. O autor em causa, a partir dos
olhos do Buanaissa, o seu paradigma libertário é o caminho para o verdadeiro desenvolvimento

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socioeconômico parte exactamente da liberdade. Sem o exercício deste direitos, ainda estar-se-á a
dar voltas no deserto com Moisés a procura do caminho para Cannã. Pois, para Ngoenha o direito
à liberdade é o elemento sen quanon, não há desenvolvimento seja de que natureza.

Para os outros autores levados em consideração neste estudo Nkrumah e Fanon defendem ainda,
que há uma necessidade de buscar autonomia ou autodeterminação. Para estes autores não existe
liberdade quando o povo não pode negar imposições de outros sejam os de dentro, seja os de fora.
Para buscar está autodeterminação em Nkrumah os povos africanos devem-se unir e criar aquilo
que ele chama de Estados Unidos de África, desta feita os estados africanos terão a prerrogativa
de lutar juntos contra os agentes externos que ameaçam o direito à liberdade. Para Fanon a
violência é um meio que pode justificar os fins, pois, para ele não se pode conquistar autonomia
por uma via romacista ou simplesmente com poesias e representações aritiscias. Fanon se vivo nos
dias de hoje, diria que a Ucrânia está agindo correctamente quando esta resiste a ocupação dos
seus alegados territórios pela Rússia.

No final, mostrou-se que essas abordagens embora tenham seu sentido valorativo e muito
fundamentais, esquecem-se de algumas particularidades que remetem a questão de que os direitos
humanos da liberdade exigem de certo modo responsabilidade. E se de facto por lado exigem
responsabilidade por outro são utópicos em determinados ambientes e pessoas. Pelo que, é
recomendável uma observação mais criteriosa e cuidadosa quando desenvolve-se o presente tema.

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Bibliografia
 Buanaissa, E. F. (2016). O paradigma libertário de Severino Ngoenha: uma encruzilhada
subversiva. Em J. R. Macedo, O PENSAMENTO AFRICANO NO SÉCULO XX (pp. 339-
360). São Paulo: Outras Expressões.
 Ngoenha, S. (15 de Maio de 2019). Contribuições para Instituições Cada Vez Mais Fortes,
Mais Participativas e Melhor Orientadas para o Desenvolvimento Económico e Social. (S.
Aberta, Entrevistador)
 Sérgio, G. (18 de Fevereiro de 2018). https://socientifica.com.br/. Fonte: Socientifica:
https://socientifica.com.br/o-conceito-de-liberdade-segundo-filosofia/
 UNICEF. (10 de Dezembro de 1948). UNICEF. Fonte:
https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos:
https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos

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