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Aluno (a): __Wagner Escatamburgo_________|Disciplina: Teologia Bíblica do AT

Professor: Dr. Carlos Augusto Vailatti | Pós-Graduação | FAESP | Data: 25/11/2022

*Leia atentamente o texto abaixo e, depois, responda as perguntas feitas ao final.

CONTEXTO HISTÓRICO

Precauções

Até mesmo os novos leitores da Bíblia já ouviram a advertência para ler a Bíblia
“em seu contexto” e não tomar as passagens de uma forma isolada. Muitos, porém,
entendem por contexto apenas o literário e, então, esquecem de ler a Bíblia em seu
contexto histórico, isto é, o período no qual foi escrita e a respeito do qual ela narra.
Uma das causas é o equívoco de considerar a Bíblia um livro eterno. A Bíblia só
é um livro eterno no sentido de ter impacto sobre todas as gerações. Os livros da Bíblia
também são culturalmente determinados. Eles foram escritos por pessoas na
Antiguidade, dentro de um idioma e cultura, e com convenções literárias por elas
compreendidas.
Como leitores modernos, estamos distanciados dos eventos que motivaram a
escrita dos livros. Assim, embora a autoridade da Bíblia convirja sobre o texto, e não
sobre os eventos que narra, ainda assim é de extrema importância ler a Bíblia à luz do
período no qual ela se origina.
Dessa forma, os livros da Bíblia têm o cuidado de sinalizar a época à qual se
relacionam. Nem todos os livros podem ser datados com precisão, mas, com raras
exceções, cada um deles informa ao leitor o seu tempo de composição e descreve
eventos de caráter histórico.
Embora a ignorância do contexto histórico da Bíblia ameace uma compreensão
correta da Bíblia, um segundo e fundamental perigo confronta o leitor. Trata-se do
perigo da imposição de valores contemporâneos, ocidentais, sobre os escritos históricos
do Antigo Testamento.
É assim de grande importância que não somente definamos o valor da
abordagem histórica para o Antigo Testamento, mas também exploremos a natureza da
historiografia do Antigo Testamento. (p.19).
[...]
A história e o sobrenatural

Um dos assuntos centrais para quem aborda a disciplina da história e a Bíblia é a


ocorrência de eventos sobrenaturais. Isso imediatamente traz à tona o papel dos
pressupostos do intérprete.
No Antigo Testamento, lê-se que um arbusto queima sem ser destruído, que
uma jumenta fala, pessoas mortas vivem novamente, mares se dividem, o sol que fica
parado no meio do céu, e mais. Se um intérprete se acerca do Antigo Testamento como
o faz com qualquer outro livro — quer dizer, se ele o compreende como escrito de um
ponto de vista humano, a respeito de negócios humanos — o ceticismo está garantido.
Porém, um segundo intérprete que admita a realidade de Deus, e que acredite em Deus
Como a voz suprema e diretriz da Bíblia, não terá dificuldades para aceitar os eventos
sobrenaturais bíblicos.
Eis aqui, naturalmente, onde o diálogo entre os estudiosos conservadores e os da
escola crítica começa a ter problemas. No entanto, os conservadores devem se guardar
contra a tendência a supra-historicizar a Bíblia. Legítimas questões do gênero devem ser
dirigidas na interpretação de certos livros. Por que há diferenças entre a narração dos
mesmos eventos entre Samuel— Reis e Crônicas? Qual é o núcleo histórico da narrativa
de Jó? Jonas é história ou parábola? Essas questões serão focalizadas em capítulos
posteriores. (p.21).

A natureza da historiografia bíblica

A história bíblica, portanto, não é um registro objetivo de eventos puramente


humanos. É um relato comovente dos atos de Deus na história, conforme ele opera no
mundo para salvar o seu povo. Em consequência, ela é “teológica”, “profética”, e
“história da aliança”. Os seguintes traços caracterizam essa história:
Seletividade. Nenhuma história pode contar tudo sobre seu assunto. Seria mais
demorado escrever sobre um evento do que vivenciá-lo, se a meta do historiador fosse
esgotar o fato. Assim, toda escrita histórica implica em seletividade. O que deve ser
incluído e o que precisa ser excluído?
Um olhar pelos relatos sinóticos da história do reinado de Davi em Samuel—
Reis e Crônicas pode ilustrar esse ponto. Naqueles, há uma longa narrativa sobre o
pecado de Davi com Bate-Seba e seu papel posterior na transição do trono para Salomão
(2Sm 11— 12; lRs 1— 2), mas nenhuma menção da mulher pelo cronista (exceto na
genealogia em lCr 3.5).
Mas seletividade não é somente uma necessidade de espaço, mas também uma
parte das funções e intenções do historiógrafo. O historiador bíblico não está
interessado em todos os aspectos do passado, mas está focado na comunidade de Israel
(frequentemente representada por seu rei). E embora os interesses da comunidade em
geral encontrem expressão na vida política e militar do povo de Deus, os livros
históricos do Antigo Testamento não estão interessados na política por suas próprias
causas, mas apenas em como a política e a ação militar impactam o relacionamento de
Israel com Deus.
Uma das chaves para uma adequada interpretação dos livros históricos bíblicos
é descobrir a intenção dos escritores e como ela afeta o seu princípio seletivo. Tais
questões serão focalizadas nos capítulos seguintes quando estudarmos os livros
específicos, mas podemos ilustrar rapidamente o nosso ponto, embora não de forma
exaustiva, comparando Samuel—Reis e Crônicas. Samuel—Reis enfatiza os pecados dos
reis de Israel e Judá, particularmente sua rejeição à lei da centralização. O papel dos
profetas é realçado como sendo a punição adiada de Deus. Nos capítulos posteriores
sobre Samuel e Reis, discutiremos as evidências que indicam uma data exílica para
esses livros e sua intenção em responder à pergunta: “Por que nós, o povo preferido de
Deus, estamos no exílio?”. Isso, por exemplo, adequa-se ao propósito do historiador de
incluir

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o relato de Bate-Seba, realçando assim os pecados de Davi. Por outro lado, Crônicas
focaliza apenas Judá, minimiza os pecados dos reis e faz perguntas a respeito da
continuidade histórica de Judá com o passado. Também há um a ênfase nos registros
relativos ao templo. Uma vez descoberto que o período de composição dessa obra
histórica situa-se na época da restauração, percebemos que o seu princípio de
seletividade é dirigido através de perguntas diferentes: “O que faremos agora que
retornamos à terra?” e “qual é a nossa conexão com o Israel do passado?”.
Ênfase. Essa característica está estreitamente conectada com a anterior. Nem
todos os atos de Deus, nem cada coisa que ocorreu a Israel foram igualmente
importantes para os historiadores bíblicos. Alguns eventos foram mais enfatizados do
que outros. Assim, a ênfase em geral apoia a intenção do livro, de forma semelhante ao
princípio de seletividade. Por exemplo, a ênfase dada ao templo em Crônicas, em
contraste com Samuel-Reis, surge ao menos em parte por causa da reconstrução do
templo, que ocorria naquela ocasião. Assim, por meio do uso da ênfase e de analogias
com o passado, o cronista mostra a continuidade entre o povo de Deus ao término do
período do Antigo Testamento e o do tempo de Moisés e Davi.
Mas, às vezes, a ênfase serve a outros e mais didáticos propósitos. Das muitas
cidades que foram assoladas na época da conquista, duas se sobressaem na narrativa
em termos de ênfase: Jericó e Ai. Elas são enfatizadas por serem as primeiras, mas
também porque são um paradigma do modo adequado de empreender-se uma guerra
santa. A lição de Jericó (Js 6) é que a obediência ao Senhor resulta em vitória militar,
enquanto a lição de Ai (Js 7) é que a desobediência, até mesmo de um único indivíduo,
reduzirá a conquista à estagnação.
Ordem. Na maior parte, a história bíblica segue mais ou menos a ordem
cronológica. Em geral, ela relata a história de Israel sob os reinados de seus vários
monarcas. Entretanto, a cronologia não é uma camisa-de-força, como pode ser
observado em vários lugares da narrativa. Ocasionalmente, outros interesses, por vezes
temáticos, têm precedência.
Por exemplo, 1 Samuel 16.14-23 reporta os primeiros serviços de Davi prestados
a Saul como músico, cujo talento acalmava a atormentada alma de Saul. O capítulo
posterior mostra Davi num segundo momento como o vencedor de Golias. O problema
com esta história é que, quando Davi é apresentado a Saul, o rei não o reconhece (17.58),
o que seria estranho se ele já tivesse servido na corte de Saul antes, em algum outro
período. Uma explicação provável dessa anomalia é que o texto não está interessado em
informar cronologicamente, mas antes pretende uma introdução temática dupla a
respeito de Davi, como um jovem que já manifestava os dons que lhe dariam renome
como o suave salmista de Israel, assim como também o poderoso guerreiro do Senhor.
Aplicação. Já comentamos que os historiadores bíblicos não fazem nenhum
esforço para serem imparciais. Eles não eram como os modernos historicistas que
buscam os fatos brutos da história. Ao contrário, eles eram profetas que mediavam a
Palavra de Deus para o seu povo. Eles foram os veículos da interpretação de Deus em
relação aos próprios atos divinos.

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Na realidade, não seria errado visualizar os historiadores de Israel como
pregadores. Seus sermões são os eventos. Eles os aplicam com zelo para a congregação
de Israel. Esses textos são uma integração maravilhosa de história, literatura,
moralidade e teologia. (pp.21-23).

(Trechos extraídos de: DILLARD, Raymond B. & LONGMAN III, Tremper.


Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo, Vida Nova, 2006).

Perguntas
1.Em que sentido os autores dizem que é um “equívoco considerar a Bíblia um livro
eterno”? Explique.
Os escritores biblicos, tem como idéia de que em um certo momento a biblia nã o terá mais a
sua importate funcionalidade como a tem neste momento, olhando no contexto eterno, tera fim
a sua ultilizaçã o, pois o céu e terra será a mesma grei, na eternidade com Cristo nã o teremos
mais a sua utilizaçã o como no tempo em que estamos, analisando com este ponto de vista, sim
concordo com os autores.

2.Qual é o segundo e fundamental perigo que ameaça o leitor da Bíblia? Por que essa
advertência feita pelos autores é importante? Explique.

São as interpretações biblicas contemporâneas, utilizando os escritos históricos, fazer


comparações com determinadas visões ocidentais e querer aplicar no contexto atual como
eternas, e como parametron de como seguir, trara consequências interpretativas for a do
contexto, criando interpretações equivocadas em determinadas situações histórica cultural
da época de Israel.

3.Por que os pressupostos do intérprete da Bíblia são importantes? Quando alguém


lê/estuda a Bíblia, essa pessoa não deveria agir com “neutralidade”? Explique.
É impossivel termos uma leitura neutra e até mesmo um estudo neutro das escrituras
biblicas sendo que os pressupostos interpretes biblicos é importante no estudo, pois há
varios representantes de correntes hermenêuticas e teológicas, pois ele não é livre do método
histórico e capaz de permanecer completamente livre dos preconceitos do seu tempo, do seu
ambiente social e da sua posição nacional.

4.Segundo os autores, a história bíblica foi escrita de forma “seletiva”. Você concorda com
essa declaração? Essa afirmação não é perigosa? Explique.
A historia biblica não foi somente escrita pela forma seletiva, há mais conceitos de
interpretações inclusas no estudo, porem, é perigoso quanto a forma mencionada. Pois o
historiador pode privarse de conceitos importantes da uma civilização e focar em um
conteudo histórico de somente um povo, privarse de mencionar milagres hora realizados por
Deus, e permanecer somente em fatos cientificos e históricos somente de um povo.

5.De acordo com os autores, os livros históricos do AT não estão interessados em


política. Isso significa dizer que nós, cristãos, também não devemos nos preocupar com
a política nos dias de hoje, especialmente em um ano eleitoral como o nosso (2022)?

O Fato de não mencionar eleições, ou um grupo seletivo de pessoas que buscam eleger
algum representante, a biblia não se ausenta em informações sobre homens governando
terras e povos, temos o exemplo de melquesideque em Genesis 14. Mas fato é que,
devemos ter representantes da mesma categoria que os exemplos biblicos nos
aconselha, homens que presam pela familia, pela Liberdade religiosa, pelo carater e
integridade e pela adoração livre e democratica ao nosso Deus. E quanto ao cenário
geopolitico , podemos observar a destruição destes conceitos empregados ao povo,
“Quando os justos governam, o povo se alegra; quando os perversos estão no poder, o
povo geme”. Provérbios 29:2 NVT

OBSERVAÇÃO: As respostas às perguntas acima feitas deverão ser enviadas ao meu


email: augustovailatti123@gmail.com até, no máximo, às 22:00h do dia 28/11/2022
(segunda-feira). Cada questão vale 2,0 pontos.

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