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Ecossistema de Ciência, Tecnologia, Inovação e Empreendedorismo (CTIE) de Base

Universitária: O Caso Unisinos (Brasil)

Resumo:

A sociedade passou a exigir das universidades, além da formação de recursos humanos,

atuação mais efetiva no processo de desenvolvimento socioeconômico da região, reforçando a

importância da contribuição universitária para o sistema de inovação. O presente artigo

descreve uma pesquisa qualitativa realizada através de um estudo de caso único em uma

universidade privada e o parque tecnológico associado. Os resultados indicam que essa

universidade está se adequando à nova realidade e vem realizando ações para se constituir

como universidade de pesquisa integrando um ecossistema universitário de ciência e

tecnologia para a geração de Inovação e Empreendedorismo através de ações próprias de uma

Universidade Empreendedora.

Palavras-chave: Universidade de pesquisa, Universidade Empreendedora, Ecossistema de

ciência-tecnologia-inovação.

Abstract: Society began to require from the universities, beyond just the training of human

resources, a more effective participation in the regional socioeconomic development,

reinforcing the importance of the university contribution to the innovation system. This article

describes a qualitative research conducted through a single case study at a private university

and the associated technology park. The results indicate that this university is adapting to the

new reality and has been carrying out actions to qualify as a research university integrating a

university ecosystem of science and technology for the generation of Innovation and

Entrepreneurship through activities as Entrepreneurial University.

Keywords: Research University, Entrepreneurial University, Science-Technology-Innovation

Ecosystem.
1
Introdução

Com a competitividade das empresas em um ambiente mundial aberto e integrado, cada vez

mais dependente de capacidade tecnológica, as universidades são convidadas a assumir um

papel proativo no estímulo ao crescimento econômico (YUSUF & NABESHIMA, 2007).

Assim, as universidades atuam como um importante fator de desenvolvimento econômico e

de catching-up tecnológico através de seu papel na educação e absorção, adaptação e difusão

de tecnologia (YUSUF, 2007, PÓVOA, 2008). Além de transmitir a educação, elas agora são

vistas como fontes de habilidades técnicas industrialmente valiosas, inovações e

empreendedorismo em relação ao sistema de inovação de um país (MOWERY & SAMPAT,

2005; LEMOS, 2012); alguns autores (BRUNDENIUS, LUNDVALL & SUTZ, 2009) têm

proposto a abordagem para a criação de universidades de desenvolvimento que colaboram

com agentes externos, (incluindo as empresas) não necessariamente com foco na

comercialização e fins lucrativos, mas sim com o objetivo mais amplo de contribuir para o

desenvolvimento social e econômico local.

Em nível macroeconômico, os marcos referenciais dos sistemas de inovação (Edquist, 2007) e

tríplice hélice (ETZKOWITZ, 2008) ajudam a conceituar o papel da universidade de pesquisa

dentro dos processos de inovação das economias baseadas no conhecimento enfatizando a

importância dos laços fortes entre universidades e outros atores institucionais nessas

economias. Brännback et al. (2008) oferecem uma análise crítica do modelo de tríplice hélice

como base preferencial para sistemas de inovação no contexto da Finlândia. A partir de uma

revisão da investigação sobre sistemas de inovação, argumentam que a maioria dos modelos

não incluem o empreendedor e inovador, enquanto esses modelos são conceitos de nível

macro. Sugerem que essa exclusão é uma razão para os baixos níveis de atividade

empreendedora. Suas concluções mostram que os elementos-chave do modelo de tríplice

hélice, como governos, universidades e indústrias não estão bem integrados, apesar dos vários
2
esforços. O estudo mostra que os empresários e potenciais inovadores (cientistas e

pesquisadores) se sentem excluídos ou evitam o envolvimento com os atores governamentais.

Os ecossistemas de inovação (GOBBLE, 2014) e empreendedorismo (KANTIS &

FEDERICO, 2012) surgiram como pontos de referência para a concepção políticas de

inovação e empreendedorismo, em especial para os novos empreendimentos de base

tecnológica. A maioria das definições concorda que os ecossistemas consistem de um

conjunto de diferentes atores interligados dentro de uma área específica, que inclui pelo

menos os seguintes blocos: as universidades e as instituições de P&D, recursos humanos

qualificados, redes formais e informais, governos, investidores anjo e capitalistas de risco,

prestadores de serviços profissionais e uma cultura empreendedora que liga todos esses

fatores de uma forma aberta e dinâmica (KANTIS & FEDERICO, 2012).

Para Wong, Ping-Ho e Autio (2005), dos quatro tipos de empreendedorismo avaliados no

Global Entrepreneurship Monitor (GEM)1, apenas aqueles de elevado potencial têm um

impacto significativo sobre o crescimento econômico. Essa conclusão é consistente com os

resultados existentes na literatura, que são as novas empresas em rápido crescimento, e não as

novas empresas em geral, que foram responsáveis pela maior parte da criação de novos

empregos por pequenas e médias empresas nos países avançados. Portanto, de acordo com

Mason e Brown (2014), agora é um foco importante para a política industrial nos países

desenvolvidos aumentar o número de empresas de alto crescimento (HGFs, siglas no inglês de

“high growth firms”). No entanto, as abordagens existentes estão se mostrando ineficazes. A

simples produção de ambientes favoráveis para a criação de empresas não está levando à

geração de mais HGFs. E formas transacionais de suporte para HGFs (por exemplo,

assistência financeira) estão provando ter eficácia limitada, pelo menos pós-startup. A

1
O GEM avalia as taxas de quatro diferentes tipos de atividades empreendedoras que compoen a Actividade Total
Empreendedora (TEA Total Entrepreneurial Activity) taxas de elevado potencial de crescimento, necessidade, oportunidade
e geral.
3
abordagem ecossistêmica do empreendedorismo surgiu como uma resposta para analisar as

atividades de empreendedorismo voltadas à criação de novas empresas em universidades de

pesquisa como um processo amplo, que envolve a produção e apropriação do conhecimento

em contextos e ambientes cada vez mais complexos (BLOOM & DEES, 2008; FETTERS et

al., 2010; MASON & BROWN, 2014). Além disso, as comunidades startup tem atraído

atenção considerável (FELD, 2012; MOTOYAMA et al, 2014). O trabalho de Grupo FORA

da Dinamarca também tem sido influente (EBDRUP, 2013).

Algumas das principais universidades, em várias regiões do mundo (FETTERS et al. 2010;

LEMOS, 2012; GIBB, 2007), vêm integrando as atividades de pesquisa às de inovação e

empreendedorismo à sua realidade acadêmica e organizacional. As atividades de

empreendedorismo verificadas por Lemos (2012), no caso da Unicamp, apontam que algumas

das características verificadas nas experiências internacionais por ele descritas têm um

potencial de se difundir pelo tecido da inovação e do empreendedorismo das universidades de

pesquisa na América Latina. Mas, aparentemente, o caso da Unicamp ainda pode ser

considerado um exemplo insular no universo das universidades de pesquisa do país, no que

diz respeito à integração das atividades de empreendedorismo. Neste trabalho se apresenta o

caso de uma universidade desse porte em seu trânsito para se consolidar como uma

universidade “de pesquisa” e “empreendedora.”

Dado esse contexto, o presente estudo visa analisar o ecossistema interno de uma univer-

sidade privada empreendedora e no processo de ser reconhecida como de pesquisa no que diz

respeito à interação ciência-tecnologia-inovação-empreendedorismo. Objetiva-se, especi-

ficamente, caracterizar as estruturas de apoio à inovação e ao empreendedorismo dessa

universidade e identificar os mecanismos envolvidos nesse processo.

Universidade de pesquisa e empreendedora, e o Ecossistema de Empreendedorismo

4
“A universidade de pesquisa é uma instituição central do século 21- fornecendo acesso à

ciência mundial, produzindo pesquisa básica e aplicada, e educando os líderes-chave para a

academia ea sociedade” (ALTBACH, 2009: 15). Um critério quantitativo convencionalmente

adotado considera que uma universidade de pesquisa deve possuir pelo menos 15 programas

de doutorado e formar pelo menos 50 doutores por ano, de acordo com classificação da

Carnegie Foundation for the Advancement of Teaching. Em 2008, Lobo (2009) identificou 23

universidades de pesquisa públicas e privadas no Brasil, cerca de 1% das IES do país.

Clark (1998) concebe a Universidade Empreendedora, como uma instituição ativa que faz

mudanças na sua estrutura e no modo de reagir às demandas internas e externas e

“Empreendedora” (“Entrepreneurial” em inglês) é tomada como uma característica dos

sistemas sociais; isto é, de universidades inteiras e seus departamentos internos, centros de

pesquisa, faculdades e escolas. Kast e Rosenzweig (1970) mostram que as organizações

sociais, além de serem sistemas abertos, em interação com o meio, são entidades estruturadas

sociotecnicamente. Com base nessa premissa, identificaram cinco subsistemas que

caracterizam as organizações modernas: os objetivos e valores da instituição, a sua tecnologia,

a sua estrutura formal, a estrutura psicossociológica e seu sistema gerencial. Katz e Kahn

(1978) observaram que a inclusão da pesquisa na universidade transformou-a em um sistema

mais aberto e intensificou o seu relacionamento com a sociedade. Para Gibb (2013 apud Gibb

et al., sem data p. 3):

"As instituições de ensino superior empreendedoras são projetadas para capacitar

seus funcionários e alunos para demonstrar às empresas, inovação e criatividade

tanto em pesquisa quanto no ensino na busca e no uso do conhecimento além de suas

fronteiras. Elas contribuem de forma eficaz para a melhoria da aprendizagem em um

ambiente social caracterizado por elevados níveis de incerteza e complexidade,

dedicando-se à criação de valor público por meio de um processo de engajamento


5
aberto, aprendizagem mútua, descoberta e intercâmbio com todas as partes

interessadas da sociedade, sejam elas local, nacional ou internacional.”

Clark (2006) propôs cinco fatores que assinalam o caminho da transformação de cinco

universidades europeias descritas como extremadamente proativas: i) renda diversificada, ii)

capacidade de administração, iii) criação de mecanismos de apoio, centros de pesquisa não

departamentais e programas de outreach, iv) núcleo acadêmico motivado, e v) cultura

empreendedora integrada. Urbano e Guerrero (2013: 3) fornecem um resumo dos elementos

que caracterizam a universidade empreendedora: adaptação organizacional às mudanças

ambientais, a distinção de gestão e governança, as novas atividades voltadas para o

desenvolvimento da cultura empreendedora em todos os níveis, ea contribuição para o

desenvolvimento econômico com a criação de novos empreendimentos ou comercialização da

investigação.

De acordo com Fetters et al. (2010: 2), “os ecossistemas de empreendedorismo baseado em

universidades são organizações multidimensionais que apoiam o desenvolvimento do

empreendedorismo através de uma variedade de iniciativas relacionadas com o ensino, a

pesquisa e a extensão” por meio de uma ampla lista de atividades (outreach initiative).

Correspondem a um conjunto amplo de recursos, desde competições de inovação e planos de

negócios, ao desenvolvimento de redes de empreendedores alumni. O que importa é a

integração entre as atividades multidimensionais do empreendedorismo da universidade com

suas comunidades relacionadas (LEMOS, 2012).

Empreendedorismo e inovação são cada vez mais vistos como os principais contribuintes para

o desenvolvimento econômico e social global. Os ecossistemas de empreendedorismo de

base univeritâria (U-BEE, siglas no inglês de “University based entrepreneurship

ecosystems”) fornecem um contexto favorável em que o empreendedorismo e a inovação

6
podem prosperar. Nesse sentido, vários autores (RICE, FETTERS & GREENE, 2014)

oferecem uma visão crítica com base em seis estudos de caso de como enquadrar, planejar,

lançar e apoiar os esforços na área do empreendedorismo. A partir de sua análise, sete chaves

para o sucesso dos ecossistemas surgiram: O desenvolvimento de uma bem sucedida e

sustentável U-BEE:

1. Requer liderança sênior da visão, compromisso e patrocínio.

2. Requer o compromisso de uma forte liderança académica/administrativa de todos os

componentes do ecossistema.

3. Depende de realização de uma massa crítica.

4. Requer o desenvolvimento de uma infra-estrutura organizacional adequada, robusta e

eficaz.

5. Requer compromisso com a inovação contínua nos elementos do ecossistema de

empreendedorismo (currículos e programas).

6. Requer compromisso de recursos financeiros substanciais.

7. Requer compromisso sustentado pela universidade por um longo período de tempo.

Brush (2014), explora o conceito de um ecossistema de educação para o empreendedorismo.

Baseando-se na idéia de que a universidade é um jogador-chave em um ecossistema de

empreendedorismo local, fornece uma estrutura para examinar o papel da instituição nesse

processo. A tipologia apresentada articula os papéis que as escolas podem prosseguir no

desenvolvimento de seu próprio ecossistema interno para a educação em empreendedorismo.

Método

7
Dado o objetivo deste trabalho, optou-se por uma investigação que permitisse analisar a

estratégia, a estrutura e organização da Universidade para conformar seu ecossistema interno

a fim de aperfeiçoar-se como universidade de pesquisa e unversidade empreendedora.

Segundo Godoy (1995), assim como o ambiente natural surge como fornecedor direto de

dados, quem realiza as pesquisas é visto como instrumento fundamental para a obtenção de

informações que somente as pessoas em contato com o fenômeno podem oferecer. Sendo

assim, realizou-se uma pesquisa de cunho qualitativo exploratório, adotando-se a estratégia de

estudo de caso único, quem possui um caráter exploratório e descritivo, utilizando-se da

entrevista semiestruturada como técnica investigativa.

Inicialmente, foi realizada a identificação de uma instituição no processo de se constituir

como universidade pesquisa (ALTBACH, 2009; LOBO, 2009) e empreendedora (CLARK,

2003, 2006). Escolheu-se, então, a Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS e,

neste caso, em associação com Tecnosinos: Parque Tecnológico de São Leopoldo, 2 já que este

é administrado por a universidade e possui estruturas de apoio bem definidas para interagir

com organizações externas à universidade. Para uma melhor análise do objetivo deste estudo,

buscou-se identificar e investigar as estruturas de apoio à inovação e ao empreendedorismo,

bem como os mecanismos envolvidos nesse processo.

A coleta de dados para o estudo de caso foi conduzida pelas seis fontes de evidências citadas

por Yin (2009): documentação, registros de arquivo, entrevistas, observação direta,

observação participante (nas reuniões) e artefatos físicos. Isso permetiu a triangulação de

dados para fins de validação do conteúdo das informações recolhidas. As entrevistas foram

realizadas com os gestores executivos das estruturas de apoio à inovação e empreendedorismo

da UNISINOS e do Tecnosinos. Além disso, foram entrevistados executivos tanto de

negócios incubados como de empresas instaladas no parque e alguns estudantes que

2
Tecnosinos foi eleito "Melhor Parque Tecnológico” em 2010 e 2014, pela (Anprotec).
8
participam nos diversos programas de inovação e empreendedorismo universitário. Os dados

secundários foram obtidos por meio de documentos internos fornecidos pelas diversas

autoridades, tanto do parque como da universidade, bem como os respectivos websites.

Outros dados históricos foram obtidos a partir de teses e jornais. Os dados foram analisados

utilizando a técnica em três fases de análise de conteúdo (BARDIN, 1977). O estudo foi

realizado durante o primeiro semestre de 2014.

Análise e discussão de resultados

1. Estratégia de CTIE na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)

A conformação da universidade é reconhecida, a nível institucional, como um modelo

sistêmico com liderança, “É no cenário de uma visão sistêmica, ou mesmo holística, que a

Universidade vem se reinventando ... A reinvenção da Unisinos vem acontecendo no cenário

de sua abertura à colaboração com a Sociedade, com o Mercado, com o Estado. Nosso

Planejamento Estratégico, a partir de 2006, se embasa numa visão sistêmica constituída por

interrelações e complementaridades, ou seja, pela interconectividade da comunidade

universitária como um todo e suas complexas interfaces externas sob a liderança da

Reitoria”. (AQUINO, 2014: 3, 9).

O processo de planejamento estratégico e a mudança organizacional efetivamente obtida pela

universidade são resumidos como segue. Em 1986, devido à necessidade de maior interação

com as demais IES e com órgãos de fomento, a Universidade implantou o modelo de pró-

reitorias; uma Visão de futuro foi consolidada em 1993 e revisada e atualizada em 1998 e em

2002. Em 2002, a nova análise do ambiente interno e externo conduz a uma revisão do

direcionamento estratégico que acunho dos conceitos: “unicidade” 3 e “inflexão tecnológica”,

“Nós estamos convencidos de que nossa universidade tem muito a contribuir para o RS e
3
O lançamento do “Unicidade”, em setembro de 2002, na Galeria Cultural da Biblioteca, foi um momento
de raro contato entre os diversos atores sociais em torno da idéia de desenvolvimento regional. Capaz de
beneficiar 115 municípios e impulsionar o crescimento da região compreendida no raio de 100 quilômetros a
partir do campus, que correspondia em 2004 a 47,64% da população e 57,83% do PIB do Estado. A universidade
se alia à iniciativa pública e privada, para empreender modificações sociais, culturais e econômicas
9
para o Brasil a traves do que nós estamos chamando a Inflexão tecnológica, o seja

colocando nossos professores, pesquisadores, nossos alunos (pós-graduação estrito senso e

graduação) a desenvolver num clima e numa atmosfera colaborativa em seu sentido de

universidade jesuíta profundamente alinhada com a questão do desenvolvimento sustentável

de nosso Brasil.” (Aquino, 2014b), cuja implementação é descrita sucintamente no ultimo

discurso de toma de posse do atual reitor, “Nossos DIRECIONADORES ESTRATÉGICOS

continuam sendo a “transdisciplinaridade, a educação por toda a vida e o desenvolvimento

regional. Nossa VISÃO a ser implementada até 2025 é “Ser universidade global de

pesquisa”. (AQUINO, 2014: 12). O mapa estratégico associado, com adequação aos valores

jesuítas, prossegue cinco trilhas estratégicas: “excelência acadêmica; pesquisa, inovação e

tecnologia; responsabilidade social universitária; internacionalização; crescimento e

sustentabilidade econômica e financeira”. (Id. ). A forma de percorrer essas trilhas na busca

de se constituir uma universidade global de pesquisa permitiu a conformação do ecossistema

de ciência-tecnologia-inovação-empreendedorismo (CTIE) cujas estruturas serão analisadas

em seções posteriores.

A mudança organizacional prévia à implementação das estruturas do ecossistema foi

semeada pelo processo de reflexão coletiva que culminou com o estabelecimento de uma

estrutura organizacional mais flexível para proporcionar maior agilidade às decisões, para ela

foi instituído um modelo organizacional de inspiração matricial com quatro Unidades

Acadêmicas, três Unidades de Apoio, um Pró-Reitor de Administração, um Pró-Reitor

Acadêmico, um Vice-Reitor, um Reitor e um Conselho Universitário com suas funções

distribuídas em uma Câmara de Graduação e outra de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão.

2. Aproximando-se a ser uma universidade de pesquisa

A universidade oferece 25 programas de pós-graduação, sendo 14 doutorados, 19 mestrados

acadêmicos e 6 mestrados profissionais, e realiza anualmente 300 projetos de pesquisa e

10
desenvolvimento, através de seus 250 pesquisadores, e mais de um terço deles em parceria

com empresas da região ou de outras partes do país. Os 117 Grupos de investigação

registrados no CNPq são: 9 de ciências biológicas, 6 de ciências da saúde, 13 de ciências

exatas e da terra, 32 de ciências humanas, 38 de ciências sociais aplicadas, 11 de engenharias,

e finalmente, 8 de linguística, letras e artes. Quanto a Doutores titulados nos anos de 2011,

2012 e 2013, esses são apresentados no Quadro 1.

Quadro 1. Doutores titulados nos anos de 2011, 2012 e 2013

N° de doutores graduados
Nível em:
Doutorado ()
CAPES
2011 2012 2013
Administração 5 7 11 11
Biologia 4 7 4 6
Ciências Contábeis 4 - - -
Ciências Sociais 5 13 5 5
Comunicação 6 7 11 13
Direito 6 5 5 10
Educação 7 14 15 15
Engenharia de Produção e Sistemas 4 - - -
Filosofia 5 - 7 5
Geologia 4 - 1 2
História 5 6 4 3
Linguística Aplicada 5 3 3 6
Psicologia 4 - - -
Saúde Coletiva 4 - - -
14 ←Total
62 66 76

() Obs: Psicologia, Saúde Coletiva, Engenharia de Produção e Sistemas e Ciências Contábeis: tiveram seus
doutorados iniciados em 2013, portanto, não há titulados neste nível.

Além da pesquisa científica, a Unisinos oferece à comunidade e ao mercado institutos

tecnológicos preparados para prestar serviços técnicos e tecnológicos, e prover suporte para

empresas e organizações em suas atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação. Além

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disso, possui um Núcleo de Inovação e Tecnologia, focado no suporte às atividades de

inovação e intercâmbio de conhecimentos entre Universidade e Organizações.

3. O Ecossistema interno de CTIE

Quanto à trilha de “crescimento e sustentabilidade econômica e financeira”, a Unisinos está

em franca expansão. Mas, ainda que seja uma instituição em amplo processo de crescimento,

está inserida em um mercado de forte e crescente competição, muitas vezes com incidência de

fatores como baixas barreiras de entrada e inserção de novos players. Desse modo, para se

manter em crescimento diferenciado, a universidade está em um processo contínuo para

integrar a ciência e a tecnologia na inovação e o empreendedorismo através da conformação

de um ecossistema CTIE.

3.1. Tecnosinos: Parque Tecnológico de São Leopoldo4

Lunardi (1997) aborda os movimentos realizados pelos diversos atores e entidades para

transformar o Rio Grande do Sul no desenvolvimento tecnológico. A citada autora destaca

que um grupo de líderes de esse Estado organizou, em 1993, uma missão de visitas a várias

instituições da Europa para conhecer “in loco” os movimentos dos parques tecnológicos.

Desse movimento, surgiu o projeto “Porto Alegre Tecnópole” que incubou a idealização e

concepção, pela comunidade constituída como uma organização em tríplice hélice, do “Pólo

de Informática de São Leopoldo” (O Polo), com vistas a promover o desenvolvimento

regional e, mais especificamente, a cidade de São Leopoldo. O Polo seria constituído de três

partes: incubadora de base tecnológica, condomínio de empresas e parque tecnológico

(WOLFARTH, 2004).

Em termos organizacionais, sua estrutura, embasada na proposta da tríplice hélice, apresenta

um modelo de governança com os três componentes alicerçados na Prefeitura de São

4
28 Novembro, 1999 – Inauguração do Parque Tecnológico. Considerado o Melhor parque tecnológico do
Brasil em 2010 e em 2014 pela ANPROTEC/SEBRAE.
12
Leopoldo, representando o setor público; na Associação Comercial, Industrial e de Serviços

de São Leopoldo (ACIS/SL) e no Polo de Informática de São Leopoldo, representando as

empresas; e na Unisinos, representando a universidade. Também deve se destacar, em relação

à governança do Parque, que a Unisinos é o principal ator, o Poder Público é um ator

coadjuvante e a participação das empresas na governança tem sido cada vez menor. A

proposta assim constituída persegue um projeto de desenvolvimento regional de longo prazo,

com geração de valor agregado baseado na inovação tecnológica.

Muitos parques tecnológicos universitários de sucesso estão concentrados na(s) área(s) de

conhecimento da universidade ou da especialização de interesse da região. Tecnosinons tem

três especialidades já consolidadas, Tecnologia da Informação, Automação e Engenharia e,

Comunicação e Convergência Digital. Claramente, as três primeiras áreas foram escolhidas de

acordo com as especialidades da UNISINOS, ACICS e O Polo e complementadas pela

incorporação bem sucedida de empresas de eletrônicos que apoiam o desenvolvimento

econômico da região e do país. O parque começou, recentemente, a implementar duas novas

especialidades: Alimentos Funcionais e Nutracêutica, e Tecnologias Socioambientais e

Energia. No entanto, nota-se a diferença de nível de desenvolvimento de cada área; assim, a

porcentagem de empresas alojadas no parque no início de 2014: 59% Tecnologia da

informação (TI) de, 17% Automação e Engenharia, Comunicação e Convergência Digital

19%; Alimentos Funcionais e Nutracêuticos 1% Tecnologias Socioambientais e Energia 3%.

Essas áreas, juntas, são a chave para o Tecnosinos. A questão é se essas áreas-chave, juntas,

formam a combinação ideal para o parque para ser um sucesso (NOOTEBOOM et al., 2007).

Hoje, o Tecnosinos tem a maior plataforma global entre os parques tecnológicos do Brasil,

com empresas de dez diferentes países que encontram no local uma simbiose entre a oferta

qualificada de recursos humanos, o alinhamento entre o conhecimento produzido pela

Unisinos e as demandas do mercado, o que resulta em alto grau de competitividade e

13
dinâmica diferenciada. O ambiente do Parque também propicia o convívio entre organizações

de classe mundial e companhias de menor porte, como as empresas startup que dão seus

primeiros passos na incubadora tecnológica UNITEC.

O cenário traçado pela diretora do Tecnosinos, indica que o parque deverá abrigar 300

empresas startup, até 2019, gerar 10 mil empregos, e movimentar R$ 30 milhões em projetos,

ligando universidade e empresas. "Além disso, queremos ser o primeiro Green Tech Park das

Américas", ambicionou a gestora. Atualmente, a Unisinos já exige que as empresas que se

instalam junto ao Parque Tecnológico tenham a certificação 14.001, relacionada ao meio

ambiente.

3.2. UNITEC – Incubadora de base tecnológica5

Na incubadora do Polo, têm-se privilegiado na primeira etapa, projetos de empresas já

constituídas, proporcionando mais uma aceleração no desenvolvimento da empresa que

propriamente na sua criação (Balestrin et al., 2005). Ainda que a UNITEC tenha sido

premiada em 2011 com o 2º lugar e em 2014 em 1º lugar no concurso Best Global Tech

Based Incubator pela entidade internacional de parques tecnológicos The Technopolice

Network; algumas pesquisas dão conta das dificuldades que as spin-off (DA LUZ, 2012)

enfrentam em seu processo de incubação. Para a autora, foi possível concluir que não existia

um processo formal e sistematizado para a criação de spin-off acadêmicos, embora exista

destaque dado ao papel desempenhado pela incubadora, e que os fatores desse processo ainda

não estavam total e adequadamente desenvolvidos a ponto de proporcionar condições de

suporte ideais que estimulem e deem apoio de forma sólida para a formação desses

empreendimentos. Nós constatamos que a UNITEC está começando em 2014 o processo para

certificar-se no nível 1 do Centro de Referência para Apoio a Novos Empreendimentos

(CERNE), que significa uma ISO para o setor, e buscar a obtenção do nível 4 em 2019.

5
Junho, 30 de 1999 – Inauguração da UNITEC no Polo de Informática de São Leopoldo
14
3.3. Os Institutos Tecnológicos (itts)

Alinhados ao conceito dos sistemas Nacional e Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação,

os itts reforçam o foco estratégico da instituição na prestação de serviços e atendimento de

necessidades de pesquisa, desenvolvimento e inovação de empresas e organizações, além da

formação de quadros técnicos altamente especializados (ver Quadro 2).

15
Quadro 2. Institutos Tecnológicos, pós-graduação e linhas de pesquisa associadas

ITTs Descrição
INSTITUTO TECNOLÓGICO EM MICROPALEONTOLOGIA
O itt Fóssil foi inaugurado em 2011 para promover a formação de jovens cientistas e realizar pesquisas em
itt Fóssil
bioestratigrafia e paleoecologia utilizando nanofósseis, foraminíferos, palinologia, radiolários, ostracodes e
carófitas. Na central analítica são preparadas e analisadas amostras micropaleontológicas, análises em
Microscópio Eletrônico de Varredura (EDS,WDS) e Carbono Orgânico Total (COT).
INSTITUTO TECNOLÓGICO EM ENSAIOS E SEGURANÇA FUNCIONAL
O itt Fuse foi inaugurado em 2012. É direcionado ao desenvolvimento de produtos e processos que tenham
confiabilidade e qualificação para atuar na segurança funcional de sistemas. Conta com recursos físicos para
itt Fuse
realizar ensaios de tempo de vida de produtos e avaliação de processos produtivos, contribuindo para a
competitividade nacional, não somente na adequação SIS-SIL, como também em praticamente todos os
segmentos de produção indústria.
INSTITUTO TECNOLÓGICO EM SEMICONDUTORES
O itt Chip se espera seja inaugurado em 2016. É um centro de excelência para suporte empresarial e P&D&I em
itt Chip Encapsulamento e Teste de Semicondutores. Oferece serviços de treinamento, ensaios de confiabilidade, análise
de falhas, projeto, prototipagem, teste, suporte a fornecedores e otimização de processos. Está alicerçado no
desenvolvimento de um Polo de Semicondutores no RS.
INSTITUTO TECNOLÓGICO EM ALIMENTOS PARA SAÚDE
O Nutrifor foi inaugurado em novembro de 2014. Focado nas áreas de Alimentos para a saúde, Nutrição e
itt NUTRIFOR
Nutracêutica. Atuará no Desenvolvimento de Novos Alimentos; Tecnologias e Processos; Caracterização de
Ingredientes Funcionais e Nutracêuticos; Estudos Clínicos e Nutricionais; Gastronomia Experimental e
Desenvolvimento de Bebidas; Segurança Alimentar e Análises de Alimentos.
INSTITUTO TECNOLÓGICO EM DESEMPENHO E CONSTRUÇÃO CIVIL
O itt Performance foi inaugurado em novembro de 2014. Investiga, avalia e desenvolve o desempenho de
itt
sistemas para a construção civil, como estanqueidade, resistência ao fogo, desempenho térmico e acústico e
PERFORMANCE
ensaios de impacto de corpo mole e corpo duro. Visa o melhoramento das edificações, bem como sua
habitabilidade para os usuários.

16
3.4. Núcleo de Inovação e Transferência de Tecnologia da Unisinos (NITT)

Cabrera (2012) mostra o modo como são realizadas as vinculações entre os diferentes atores

do Sistema Regional de Inovação (SRI), buscando evidenciar como se dá a inovação e a

transferência tecnológica em Núcleos de Inovação e Tecnologia (NIT’s) inseridos no Sistema

Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação do Sul do Brasil. Esses sistemas são fruto da

legislação ordinária que foi sendo introduzida no país desde 2004 com vistas à concretização

dos preceitos constitucionais que versam sobre o tema. Os artigos 218 e 219 da Constituição

Federal estabelecem critérios para o desenvolvimento científico e tecnológico no país.

Na Unisinos, o NITT é responsável por articular soluções de pesquisa, desenvolvimento e

inovação para empresas e organizações junto aos Institutos Tecnológicos, Laboratórios de

Pesquisa, Grupos de Pesquisa e Pesquisadores, fomentando o desenvolvimento tecnológico e

a inovação na universidade e seus parceiros; além de apoiar a geração e transferência de

propiedade intelectual.

Uma iniciativa que se insere nesse contexto é o acordo firmado pela Unisinos e a HT Micron

com vistas ao desenvolvimento de uma infraestrutura científico-tecnológica destinada ao

encapsulamento de semicondutores. Entretanto, pelo fato de não possuir uma tradição

científica nesse campo, um desafio que se impõe à universidade é o desenvolvimento de sua

capacidade de absorção de conhecimentos relativos a essa tecnologia sobre tudo visto que “Os

funcionários coreanos não têm uma cultura de cooperação e de transferência de tecnologia

que ajude muito ao conhecimento das tecnologias chave, talvez devido a questões de

propriedade intelectual” explica um acadêmico da universidade. Dessa forma, de Oliveira

(2012) explica o processo de desenvolvimento da capacidade absortiva por parte da

universidade no contexto desse projeto colaborativo de cunho tecnológico. Os resultados

fornecidos pelo trabalho sugerem que a capacidade absortiva da universidade pode ser

17
aperfeiçoada através de ações que influenciem a base inicial de conhecimento relacionada ao

projeto, os recursos humanos ligados a esse conhecimento, a estrutura organizacional e as

relações interorganizacionais que possam fomentar esse aprendizado. Também se concluiu

que as etapas iniciais do projeto, as quais envolvem tecnologias prontas para serem utilizadas,

exigem que as ações adotadas sejam pontuais, possibilitando um rápido acesso ao

conhecimento externo. Já as fases posteriores, as quais incluem o desenvolvimento de novos

conhecimentos, pedem medidas cujos resultados sejam gerados ao longo do tempo e, dessa

forma, construam uma capacidade de absorção capaz de prover a universidade com

conhecimentos mais elaborados.

3.5. Programa Competências para Gestão da Inovação

O Programa Competências para Gestão da Inovação é um programa do Núcleo de Inovação

do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) no RS, do Sistema FIERGS e UNISINOS como parceira

através do NITT, cuja criação está alinhada à Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI),

da Confederação Nacional da Indústria (CNI), e que tem por objetivo apoiar as empresas no

aumento da competitividade através da inovação. O programa visa capacita-las para

desenvolver uma sistemática para gerenciar a inovação em seus diferentes aspectos. Consiste

em:

 Diagnóstico de Inovação (grau de sistematização da inovação na empresa);

 Elaboração do Plano de Ação para Inovação (período de 3 anos)

 Discussão sobre os resultados do diagnóstico e ações do plano, considerando

oportunidades, recomendações e potenciais bloqueios para a empresa;

 Entrega de relatório técnico com o diagnóstico e plano de ação, adicionados do Manual de

Gestão da Inovação, que contém técnicas e ferramentas para condução das atividades;

18
 Acompanhamento dos planos ou projetos de inovação.

3.6. Eixo de empreendedorismo e inovação

A proposta de um eixo de atividades acadêmicas nas áreas de inovação e empreendedorismo

para a graduação originou-se no primeiro semestre de 2010 com um projeto estratégico cujo

objetivo central implicava ter presente nas suas atividades de ensino, pesquisa e extensão as

dimensões do empreendedorismo e da inovação. O trabalho de construção desse eixo foi

realizado durante o ano de 2010 com base em discussões realizadas por um grupo de

professores da graduação e da pós-graduação conhecedores da temática para definir os

pressupostos teóricos de uma formação acadêmica nas áreas de Inovação e

Empreendedorismo e incluiu a verificação das ofertas na graduação e o mapeamento de

experiências de outras universidades.

Em termos de método de ensino, algumas questões devem ser observadas: as áreas de

Inovação e Empreendedorismo são, por natureza, multidisciplinares, pois abrangem

conteúdos de diferentes disciplinas. Neste sentido, considera-se relevante que as atividades

acadêmicas sejam ministradas para grupos ecléticos de estudantes, ou seja, turmas compostas

por alunos de diferentes cursos da Universidade. Isso deve estimular a geração de ideias

diversas de novos negócios e a complementação de visões das diferentes áreas de

conhecimento. É fundamental atentar para as dinâmicas de ensino a serem propostas em sala

de aula para que seja percebida pelo aluno a importância das áreas de Inovação e

Empreendedorismo na formação contemporânea de profissionais. A esse respeito sugere-se

fortemente que seja realizado um processo de seleção e capacitação de professores

interessados em ministrar as atividades do Eixo.

19
A proposta é um conjunto de três atividades acadêmicas (Quadro 3) para que os alunos de

todos os cursos de graduação da universidade possam ter uma formação abrangente com o

propósito de desenvolver competências para a prática da Inovação e do Empreendedorismo.

Quadro 3. Atividades acadêmicas e Competências do Eixo de Empreendedorismo

Atividade
Competências
Acadêmica
Empreendedorismo

Conceitos e Prática

 Compreender a complexidade relativa aos conceitos e à prática


que envolvem o empreendedorismo e a inovação;
e Inovação:

 Compreender e discutir a importância da prática


empreendedora e inovadora tanto do indivíduo, quanto das
organizações, para a sociedade contemporânea; e
 Identificar e entender as competências pessoais que
caracterizam empreendedores e inovadores.

 Identificar e compreender as características das organizações


brasileiras no que diz respeito às práticas de empreendedorismo
Empreender e Inovar em

e inovação;
 Conhecer e ter capacidade de discutir a respeito dos elementos
Organizações

que caracterizam o ambiente nacional no que diz respeito à


inovação e o empreendedorismo;
 Conhecer as ferramentas de apoio à definição e estruturação de
negócios inovadores e de gestão da inovação;
 Capacidade de identificar oportunidades de novos negócios; e
 Capacidade de utilizar a ferramenta do Plano de Negócio e
estruturar o planejamento de um negócio inovador.
 Saber identificar os mecanismos atuais e as instituições
responsáveis pelo estímulo e o fomento à inovação e ao
Empreender e Inovar

empreendedorismo no Brasil;
Gestão para

 Compreender a forma de funcionamento e aplicação dos


mecanismos de estímulo e fomento á inovação e ao
empreendedorismo no Brasil;
 Conhecer ferramentas para a gestão do empreendedorismo e da
inovação;
 Ser capaz de compreender e aplicar os conhecimentos a
respeito das ferramentas de gestão.

Além disso, são programadas, desde 2011, visitas das turmas do Eixo ao Tecnosinos,

onde são abordadas temáticas específicas para cada uma das três atividades do Eixo.
20
Professores do Eixo participam na reformulação e articulação do Prêmio Roser junto

com a equipe da UNITEC; além da organização para os professores participarem das

bancas do prêmio.

3.7. Graduação em Administração - Gestão para Inovação e Liderança (GIL)

O GIL é uma graduação inovadora no conteúdo e na forma de aprendizagem. Além de todos

os temas usualmente trabalhados em um bacharelado em Administração (produção,

marketing, finanças, gestão de pessoas, etc.), volta-se ao desenvolvimento de competências

cada vez mais demandadas ao administrador contemporâneo, por exemplo: relacionamento e

comunicação interpessoal, integração e liderança de equipes transdisciplinares, concepção e

viabilização de soluções inovadoras, pensamento crítico e reflexivo, consideração de

determinantes locais e globais da realidade social e econômica, entre outras. O GIL considera

no seu currículo as três atividades do Eixo já relatadas.

3.8. Prêmio Roser de Empreendedorismo de Inovação

O Prêmio Roser é uma competência de projetos inovadores, aberta à comunidade

universitária, com o objetivo de identificar e capacitar talentos empreendedores no ambiente

da universidade e aumentar o número de empresas startup de base tecnológica de alto

potencial que chegam à incubadora. O Prêmio é desenvolvido pela Semente Negócios,

empresa que concebe e executa programas inovadores de educação empreendedora através da

formação espontânea de equipes e utilizando a metodologia de Lean Startup, na qual, ao invés

de focar na construção de um plano de negócio. A competição faz os participantes "saírem

para a rua" para testar a viabilidade de suas ideias. A didática é diversa: alternância na

apresentação de conteúdos e de experiências de vida, além de acompanhamento do avance

dos projetos. As fases da competência são: 1. Sensibilização, 2. Capacitação (16h aula em 4

21
workshops) e consultoria individual (12h) para cada equipe de projeto sobre conteúdos

focados no mercado e clientes. 3. Pré-avaliação: cada equipe de projeto entrega um relatório

do projeto o que, além de consolidar o aprendizado durante o processo, permite a avaliação

para a seleção dos finalistas. 4. Banca final, composta por professores do Eixo de

empreendedorismo e funcionários de Tecnosinos para avaliar a qualidade dos projetos

finalistas e decidir os ganhadores. A competição tem uma duração de 75 dias de competição.

Em 2013, foram 40 participantes inscritos com 17 projetos, 10 projetos entregados (depois da

reformulação de equipes de projeto), 9 áreas de conhecimento. 5 projetos finalistas, 2 projetos

premiados que passam a incubação na UNITEC.

3.9. Inovação e Responsabilidade Social Universitária

A Unisinos compartilha os conceitos de Responsabilidade Social Universitária (RSU) como

universidade jesuíta com a Associação das Universidades confiadas à Companhia de Jesus na

América Latina (AUSJAL, 2011) e como universidade comunitária (PINTO, 2012) com o

Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (COMUNG).

Um dos eixos que sustenta o conceito de RSU da Unisinos é o cuidado ambiental com ênfase

nas águas. Dentro dessa visão de sustentabilidade e preservação, a universidade preocupa-se

com as gerações futuras e por isso promove um trabalho de conscientização.

Desde 2004, a Unisinos renova a Certificação ISO 14001 por adotar os procedimentos

corretos em relação ao cuidado com o meio ambiente. Além dessa certificação, tem toda uma

sinergia de esforços de contribuição científica e técnica a serviço do desenvolvimento

sustentável da Região, bem como de todas as iniciativas de educação ambiental

protagonizadas pelos mais diversos projetos da Universidade. O compromisso ambiental faz

22
parte do DNA da Universidade, a começar pelo próprio ambiente de seu Campus. O texto na

página web da Instituição diz o seguinte: “A Universidade do Vale do Rio dos Sinos, ao

promover e defender a vida, mantém o compromisso de agir em prol da prevenção da

poluição e da conservação do meio ambiente, atendendo à legislação vigente e a outros

requisitos aplicáveis, proporcionando a melhoria contínua do Sistema de Gestão Ambiental

para o desenvolvimento sustentável de seu campus e oportunizando a geração e a

transferência de conhecimentos e tecnologias para a comunidade”.

No início do mês de julho de 2014, por ocasião do lançamento do Plano de Bacia da Bacia

Hidrográfica do Vale dos Sinos, destacou-se que esse Plano resultava de um encontro feliz e

fecundo da pesquisa científica com a mobilização popular. A etapa final para a construção do

Plano foi iniciada durante o ano de 2013, envolvendo importantes trabalhos técnicos e fóruns

de debate junto à população, nos diversos municípios. A Unisinos faz parte e é protagonista

no COMITESINOS (o primeiro Comitê de Gerenciamento de Bacia Hidrográfica no Brasil).

Poder fazer parte ativa nessa história, contribuindo no seu suporte logístico e, sobretudo,

científico, desde a sua constituição até os dias de hoje, ajuda a ser ainda mais Universidade

Comunitária.

Neste sentido, os projetos sociais desenvolvidos pela Universidade, para além dos múltiplos

atendimentos e resultados imediatos, que sempre podem ser celebrados, buscam, com a ajuda

da expertise inovadora dos profissionais acadêmicos, contribuir para políticas consistentes e

processos educacionais, visando criar condições permanentes e estruturais de: 1) melhorias

nas relações com o meio ambiente, proporcionando condições de habitat e relações

ambientais, dignas e justas para todos; 2) desmonte dos preconceitos históricos geradores da

manutenção de discriminações e desigualdades, especialmente no que diz respeito às relações

étnico-raciais; 3) erradicação dos mecanismos geradores de exclusão no acesso digno aos

23
bens materiais e simbólicos de produção, consumo e de vida social, na inovação em políticas

públicas e tecnologias sociais adequadas e inclusivas.

Considerações Finais

Além da massa crítica que está se construindo através de investir na internacionalização de

professores e alunos, na criação de programas pesquisa e pós-graduação (doutorado com a

produção concomitante de doutores) como forma de se tornar uma Universidade global de

pesquisa e de retransmitir os conhecimentos obtidos para o ensino de Graduação e Pós-

raduação, bem como às novas atividades voltadas para o desenvolvimento da cultura

empreendedora e às empresas vinculadas à Universidade como fornecedora de serviços

tecnológicos a través da UNITEC, Tecnosinos, NITT e ITTs. Além disso, a universidade

crece com uma renda diversificada, de qualificar a oferta para desenvolver novos mercados

através de investimento em Educação a Distância e Educação Continuada.

Esse ecossitema de CTIE vem demandando compromisso sustentado pela liderança sênior da

visão, estrategia, compromisso e patrocínio (recursos financeiros substanciais) universitario e

do governo nos seus três níveis por um longo período de tempo bem como o apoio de uma

forte liderança académica/administrativa de todos os componentes do ecossistema. "Estava

muito curioso para conhecer o planejamento da Unisinos e fiquei muito contente com o que

conheci. Parabéns por esse forma de planejar. No Brasil, não se faz muito planejamento e

isso é um defeito grave da nossa cultura. É muito raro ver um planejamento tão cuidadoso,

detalhado e eficiente como esse da Unisinos. Aprendi muito hoje. Em especial, apreciei muito

a questão da internacionalização, principalmente em relação à área das humanidades", disse

Guimarães (presidente da CAPES) no encontro que teve como tema o Planejamento

Estratégico 2014-2017, com horizontes para 2025. requereu o desenvolvimento de uma infra-

24
estrutura organizacional adequada, robusta e eficaz com o estabelecimento de uma estrutura

organizacional mais flexível para proporcionar maior agilidade às decisões,

Isto está permitindo a contribuição para o desenvolvimento econômico ajudando o Estado do

RS a se constituir como um "cluster" de alta tecnologia, especialmente nas áreas de TIC e

eletrônica, incentivando a entrada de novas empresas e instituções em nivel nacional e

internacional ao Tecnosinos: parque tecnológico de São Leopoldo por meio do

estebelecimento de parcerias com a Unisinos; mas ainda existe uma baixa geração de startups

e spin-off universitários bem como geração de tecnologia e comercialização da investigação

em função del nível de amadurecimento dos ITT, o seja, do nível de pesquisa associado a seus

programas de pesquisa e pós-graduação para fazer com que a pesquisa aplicada contribua para

a geração de renda necessária a a abrir oportunidades de empregabilidade a os mais jovens da

região.

A fim de aprofundar a compreensão sobre o tema, sugere-se a investigação de fatores do

macrocontexto local, estadual e nacional que influenciam o processo de interação da

Universidade-Sociedade, bem como a avaliação do impacto social e econômico dos resultados

dessas interações. Estudos integrando outros atores e a análise das implicações das suas

relações de cooperação no contexto de ecossistema de inovação regional e nacional poderiam

igualmente ampliar a compreensão sobre o tema, suprindo, simultaneamente, algumas das

limitações deste trabalho.

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