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02/09/2019 Sob lei espanhola, 69% dos presos por tráfico no Brasil estariam livres - CartaCapital
24 de julho de 2015
O Brasil despenalizou o porte de drogas para consumo próprio em 2006 com a Lei de Drogas (nº 11.3
idealizada para conter a escalada da população prisional no País. Quase 10 anos após sua criação, no
entanto, a falta de objetividade da legislação causou efeitos opostos ao desejado inicialmente.
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Ao contrário de outros países que limitam a de nição de usuário a quantidades especí cas de substâ
ilícitas, no Brasil, o critério da lei de drogas leva em conta uma soma de fatores, como, a quantidade d
apreendida, o local e as condições em que se desenvolveu a ação, as circunstâncias sociais e pessoa
pessoa agrada, além dos antecedentes criminais.
Essa inde nição na lei cria situações absurdas, como a prisão por trá co de drogas de uma pessoa
com apenas 1,5 gramas de maconha, em São Paulo, ocorrida neste ano. Em todos os países que
descriminalizaram o consumo de maconha, essa pessoa seria caracterizada como usuário. Com a lei
brasileira, no entanto, a pena atribuída foi de 4 anos e dois meses de detenção.
Este episódio não é isolado. O estudo publicado pelo International Drug Policy Consortium, e desenvo
pela pesquisadora Juliana Carlos pela Universidade de Essex, demonstra que se o critério espanhol fo
aplicado no Brasil, 69% dos presos por trá co de maconha estariam livres. Em comparação com os E
Unidos, o percentual cairia, mas ainda assim libertaria 34% de brasileiros.
Hoje, a Secretaria Nacional de Drogas (Senad) do governo federal já admite que a causa do aumento
carcerário é a própria lei de drogas. “A lei trouxe um avanço, que foi despenalizar o porte de drogas pa
próprio, mas não estabeleceu um critério objetivo para diferenciar usuário de tra cante”, a rma Leon
diretor de Articulação e Coordenação de Políticas sobre Drogas, da Senad.
Segundo ele, sob este sistema, a distinção entre usuários e tra cantes depende, na maioria das vezes
decisão policial. “Na prática, a decisão está nas mãos do policial que fez a abordagem e leva seu rela
delegado, que di cilmente vai contrariar a observação do policial antes de encaminhá-la para o juiz”, e
O resultado desta reação em cadeia é um julgamento baseado em preconceitos sociais e de cor. “Há
per l preferencial de quem é considerado tra cante: jovem, pobre e negro. Enquanto, os usuários são
ricos de classe média”, relata Garcia.
O cenário das prisões brasileiras atesta a consequência racista da lei. Hoje, dois em cada três detento
brasileiros são negros, segundo dados do Infopen. Ao mesmo tempo, o trá co de drogas é o crime qu
aprisiona no Brasil, sendo responsável por 27% das prisões. “A proibição prende os mais vulneráveis,
pobres, marginalizados e desprovidos de poder”, a rma Maria Lucia Karam, juíza aposentada e presid
Leap-Brasil, uma organização de agentes da lei pela legalização das drogas.
“Não quero dizer que a polícia age discriminando conscientemente negros e pobres, mas é que eles s
vulneráveis porque estão no comércio varejista, nas ruas. Não se faz uma operação policial nos prédi
Viera Souto, na zona nobre do Rio de Janeiro. Por uma política do Estado,
a
polícia
é levada
a fazer
op
nas favelas”, completa.
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As prisões por trá co de drogas têm um custo bilionário aos cofres públicos brasileiros. Apesar de o
possuir uma base de dados prisional uni cada entre todos seus estados, ao cruzar as informações do
Departamento Nacional Penitenciário (Depen) com os investimentos em segurança pública, é possíve
a rmar que a cada ano 1,27 bilhão de reais são gastos apenas com presos por trá co de drogas.
O estudo publicado pelo International Drug Policy Consortium estima que apenas em São Paulo, estad
responsável por 35% da população carcerária brasileira, o custos com as prisões por trá co, em 2011
giravam em torno de 885 milhões de reais. Se a lei de drogas fosse aplicada de forma mais e ciente,
instituto, apenas São Paulo pouparia 270 milhões de reais anualmente.
Para a professora de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Luciana Boiteux, as cifr
sugerem que o aumento das penas não é a solução para o trá co de drogas, pelo contrário. “Até pare
as pessoas fazem um cálculo matemático racional ou estudam todas as leis do Código Penal antes d
cometer um delito“, a rma. Segundo Boiteux, apenas uma revisão da lei de drogas seria capaz de solu
o quadro caótico do sistema prisional brasileiro.
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Um levantamento da Senad aponta para a mesma conclusão e con rma que a atual política de droga
brasileira está indo na contra-mão da de países desenvolvidos. A pesquisa, que coletou dados de 47 p
das Américas e da Europa, revela que 41% dos países analisados descriminalizam o porte de todas
substâncias ilícitas para uso pessoal. E, mais importante: 54% dos países adotam critérios objetivos p
distinção entre uso e trá co e as quantidades máximas para o uso pessoal.
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