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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS

Faculdade de Engenharia: Curso de Engenharia Civil

Estruturas de Concreto II
Aula 9: Projeto de Pilares (Parte 1)

9.1. Conceitos iniciais


9.2. Noções de contraventamento de estruturas
9.3. Índice de esbeltez
9.4. Excentricidades
9.5. Determinação dos efeitos locais de 2ª ordem
9.6. Cálculo da armadura longitudinal com auxílio de ábacos
9.7. Exemplos teóricos

Prof. Me. André Felipe Ap. de Mello


9.1 CONCEITOS INICIAIS

Solicitações Normais: Compressão Simples

A compressão simples também é chamada compressão centrada ou


compressão uniforme. A aplicação da força normal Nd é no centro
geométrico (CG) da seção transversal do pilar, cujas tensões na seção
transversal são uniformes.

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9.1 CONCEITOS INICIAIS

Solicitações Normais: Flexão Composta

Na flexão composta ocorre a atuação conjunta de força normal e momento


fletor sobre o pilar. Há dois casos:

• Flexão Composta Normal (ou Reta): existe


a força normal e um momento fletor em
uma direção, tal que:

𝑀𝑑𝑥 = 𝑒1𝑥 𝑁𝑑

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9.1 CONCEITOS INICIAIS

Solicitações Normais: Flexão Composta

Na flexão composta ocorre a atuação conjunta de força normal e momento


fletor sobre o pilar. Há dois casos:

• Flexão Composta Oblíqua: existe a força


normal e dois momentos fletores, relativos
às duas direções principais do pilar, tal que:

𝑀𝑑𝑥 = 𝑒1𝑥 𝑁𝑑

𝑀𝑑𝑦 = 𝑒1𝑦 𝑁𝑑

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9.1 CONCEITOS INICIAIS

Flambagem

Flambagem pode ser definida como o “deslocamento


lateral na direção de maior esbeltez, com força
menor do que a de ruptura do material” ou como a
“instabilidade de peças esbeltas comprimidas”. A ruína
por efeito de flambagem é repentina e violenta,
mesmo que não ocorram acréscimos bruscos nas
ações aplicadas. Para uma barra comprimida de
Concreto Armado, a flambagem caracteriza um
estado limite último.

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9.1 CONCEITOS INICIAIS

Não-linearidade Física e Geométrica

No dimensionamento de alguns elementos estruturais, especialmente os


pilares, é importante considerar duas não-linearidades que ocorrem, uma
relativa ao material concreto e outra relativa à geometria do pilar.

a) não-linearidade física

Ocorre em materiais que não obedecem à Lei de Hooke. O concreto simples


apresenta comportamento elastoplástico em ensaios de compressão
simples, com um trecho inicial linear até aproximadamente 0,3 fc .

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9.1 CONCEITOS INICIAIS

Não-linearidade Física e Geométrica

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9.1 CONCEITOS INICIAIS

Não-linearidade Física e Geométrica

b) não-linearidade geométrica

Ocorre quando as deformações provocam esforços adicionais que precisam


ser considerados no cálculo, gerando os chamados esforços de segunda
ordem, como o momento fletor 𝑀 = 𝐹 𝑎.

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9.1 CONCEITOS INICIAIS

Equação da curvatura de elementos fletidos

Da Resistência dos Materiais, tem-se a


equação aproximada para a curvatura:

1 𝑑2 𝑦 𝑀
= =
𝑟 𝑑𝑥 2 𝐸𝐼

A relação existente entre a curvatura e as


deformações nos materiais (concreto e aço) da barra,
considerando-se a lei de Navier (𝜀 = 𝑦 ∙ 1/𝑟), é:

1 𝜀1 + 𝜀2
=
𝑟 ℎ

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9.1 CONCEITOS INICIAIS

Equação da curvatura de elementos fletidos

Para o Concreto Armado, tem-se:

1 𝜀𝑠 + 𝜀𝑐
=
𝑟 𝑑

com: 𝜀𝑠 : deformação na armadura tracionada;

𝜀𝑐 : deformação no concreto comprimido;

𝑑: altura útil da peça.

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9.1 CONCEITOS INICIAIS

Compressão axial

Da Resistência dos Materiais, tem-se a equação


simplificada para a curvatura da barra comprimida:

𝜋𝑥
𝑦 = 𝑎 sen
𝑙𝑒

com: 𝑙𝑒 : comprimento de flambagem;

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9.1 CONCEITOS INICIAIS

Pilar-padrão

O pilar-padrão é uma simplificação do chamado “Método Geral”, o qual


“Consiste na análise não-linear de 2a ordem efetuada com discretização
adequada da barra, consideração da relação momento-curvatura real em
cada seção e consideração da não linearidade geométrica de maneira não
aproximada. O método geral é obrigatório para λ > 140.” (NBR 6118,
15.8.3.2).

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9.1 CONCEITOS INICIAIS

Pilar-padrão

O pilar-padrão é uma barra engastada na base e livre


no topo, com uma curvatura conhecida. É importante
salientar que o método do pilar-padrão é aplicável
somente a pilares de seção transversal constante e
armadura constante em todo o comprimento do pilar.

A verificação da segurança é feita arbitrando-se


deformações εc e εs tais que não ocorra o estado limite
último de ruptura ou alongamento plástico excessivo na
seção mais solicitada da peça.

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9.1 CONCEITOS INICIAIS

Pilar-padrão

Trabalhando com a equação da linha elástica para o


pilar padrão, chega-se ao máximo deslocamento no
topo:

𝑙𝑒2 1
𝑒2 = 2
𝜋 𝑟

Aproximando: 𝜋 2 ≈ 10:

𝑙𝑒2 1
𝑒2 =
10 𝑟

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9.1 CONCEITOS INICIAIS

Pilar-padrão

O deslocamento máximo e2 é chamado


“excentricidade de 2a ordem” e será considerado no
dimensionamento dos pilares. Devido à excentricidade
local e2 surge o momento fletor de segunda ordem:

𝑙𝑒2 1
𝑀2𝑑 = 𝑁𝑑 𝑒2 = 𝑁𝑑
10 𝑟 base

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 15]


9.1 CONCEITOS INICIAIS

Pilar-padrão

A NBR 6118 (item 15.8.3.3.2) toma uma expressão aproximada para a


curvatura na base, como:
1 0,005 0,005
= ≤
𝑟 ℎ 𝜈 + 0,5 ℎ

Sendo 𝜈 a força normal adimensional, dada por:


𝑁𝑑
𝜈=
𝐴𝑐 𝑓𝑐𝑑

Onde: ℎ: altura da seção na direção considerada;

𝐴𝑐 : área da seção transversal;

𝑓𝑐𝑑 : resistência de cálculo do concreto à compressão.


Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 16]
9.1 CONCEITOS INICIAIS

Pilar-padrão

Assim, tem-se o máximo momento fletor de segunda ordem local, a ser


aplicado no dimensionamento de pilares pelo método do pilar-padrão
com curvatura aproximada:

𝑙𝑒2 0,005
𝑀2𝑑 = 𝑁𝑑 𝑒2 = 𝑁𝑑
10 ℎ 𝜈 + 0,5

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9.2 NOÇÕES DE CONTRAVENTAMENTO DE ESTRUTURAS

Os edifícios devem ser projetados de modo a apresentarem a necessária


estabilidade às ações verticais e horizontais, ou seja, devem apresentar a
chamada “estabilidade global”.

Os pilares são os elementos destinados à estabilidade vertical, porém, é


necessário projetar outros elementos mais rígidos que, além de também
transmitirem as ações verticais, deverão garantir a estabilidade horizontal
do edifício à ação do vento e de sismos (quando existirem). Ao mesmo
tempo, são esses elementos mais rígidos que garantirão a indeslocabilidade
dos nós dos pilares menos rígidos.

Com essas premissas classificam-se os elementos verticais dos edifícios em


elementos de contraventamento e elementos (pilares) contraventados.

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 18]


9.2 NOÇÕES DE CONTRAVENTAMENTO DE ESTRUTURAS

Sistema de contraventamento: o conjunto de elementos que


proporcionarão a estabilidade horizontal do edifício e a indeslocabilidade
ou quase-indeslocabilidade dos pilares contraventados, que são aqueles
que não fazem parte do sistema de contraventamento.

A NBR 6118 (item 15.4.3) diz que, “Por conveniência de análise, é possível
identificar, dentro da estrutura, subestruturas que, devido à sua grande
rigidez a ações horizontais, resistem à maior parte dos esforços decorrentes
dessas ações. Essas subestruturas são chamadas subestruturas de
contraventamento. Os elementos que não participam da subestrutura de
contraventamento são chamados elementos contraventados.”

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 19]


9.2 NOÇÕES DE CONTRAVENTAMENTO DE ESTRUTURAS

Os elementos de contraventamento são constituídos por pilares de grandes


dimensões (pilaresparede ou simplesmente paredes estruturais), por treliças
ou pórticos de grande rigidez, núcleos de rigidez, etc.

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 20]


9.2 NOÇÕES DE CONTRAVENTAMENTO DE ESTRUTURAS

As lajes dos diversos pavimentos do edifício também podem participar da


estabilidade horizontal, ao atuarem como elementos de rigidez infinita no
próprio plano (diafragma rígido), fazendo a ligação entre elementos de
contraventamento formados por pórticos, por exemplo.

A NBR 6118 define o que são, para efeito de cálculo, estruturas de nós fixos
e de nós móveis.

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 21]


9.2 NOÇÕES DE CONTRAVENTAMENTO DE ESTRUTURAS

a) Estruturas de nós fixos

São aquelas em que os deslocamentos horizontais dos nós são pequenos e,


por decorrência, os efeitos globais de 2a ordem são desprezíveis (inferiores a
10% dos respectivos esforços de 1a ordem), Nessas estruturas, basta
considerar os efeitos locais e localizados de 2a ordem.

b) Estruturas de nós móveis

Aquelas onde os deslocamentos horizontais não são pequenos e, em


decorrência, os efeitos globais de 2a ordem são importantes (superiores a
10% dos respectivos esforços de 1a ordem). Nessas estruturas devem ser
considerados tanto os esforços de 2a ordem globais como os locais e
localizados.”
Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 22]
9.2 NOÇÕES DE CONTRAVENTAMENTO DE ESTRUTURAS

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 23]


9.2 NOÇÕES DE CONTRAVENTAMENTO DE ESTRUTURAS

Para verificar se a estrutura está sujeita ou não a esforços globais de 2a


ordem, ou seja, se a estrutura pode ser considerada como de nós fixos,
lança-se mão do cálculo do parâmetro de instabilidade α (NBR 6118, item
15.5.2) ou do coeficiente γz (item 15.5.3).

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9.3 ÍNDICE DE ESBELTEZ

O índice de esbeltez (𝜆) é a razão entre o comprimento de flambagem (𝑙𝑒 ) e


o raio de giração (𝑖), nas direções a serem consideradas (NBR 6118, 15.8.2):
𝑙𝑒
𝜆=
𝑖
Com:

𝐼
𝑖=
𝐴

Onde: 𝐼: momento de inércia da seção na direção considerada;

𝐴: área da seção transversal.

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9.3 ÍNDICE DE ESBELTEZ

Para seção retangular:


3,46 𝑙𝑒
𝜆=

Com: ℎ: altura da seção na direção considerada.

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9.3 ÍNDICE DE ESBELTEZ

Em função do índice de esbeltez máximo, os pilares podem ser classificados


como:

a) Curto: se 𝜆 ≤ 35;

b) Médio: se 35 < 𝜆 ≤ 90;

c) Medianamente esbelto: se 90 < 𝜆 ≤ 140;

d) Esbelto: se 140 < 𝜆 ≤ 200.

Os pilares curtos e médios representam a grande maioria dos pilares das


edificações. Os pilares medianamente esbeltos e esbeltos são muito menos
frequentes.

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 27]


9.3 ÍNDICE DE ESBELTEZ

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 28]


9.3 ÍNDICE DE ESBELTEZ

“Nas estruturas de nós fixos, o cálculo pode ser realizado considerando cada
elemento comprimido isoladamente, como barra vinculada nas extremidades
aos demais elementos estruturais que ali concorrem, onde se aplicam os
esforços obtidos pela análise da estrutura efetuada segundo a teoria de 1a
ordem.” (NBR 6118, 15.6).

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 29]


9.3 ÍNDICE DE ESBELTEZ

Assim, o comprimento equivalente ( 𝑙𝑒 ), de flambagem, do elemento


comprimido (pilar), suposto vinculado em ambas as extremidades, deve ser o
menor dos seguintes valores:

𝑙 +ℎ
𝑙𝑒 ≤ ቊ 0
𝑙
Com: 𝑙0 : distância entre as faces
internas dos elementos horizontais que
vinculam o pilar;
𝑙: distância entre os eixos dos
elementos estruturais aos quais o pilar
está vinculado

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 30]


9.4 EXCENTRICIDADES

a) Excentricidade de 1a Ordem

A excentricidade de 1a ordem (e1) é devida à possibilidade de ocorrência de


momentos fletores externos solicitantes, que podem ocorrer ao longo do
comprimento do pilar, ou devido ao ponto teórico de aplicação da força
normal não estar localizado no centro de gravidade da seção transversal.

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 31]


9.4 EXCENTRICIDADES

b) Excentricidade Acidental

“No caso do dimensionamento ou verificação de um lance de pilar, dever ser


considerado o efeito do desaprumo ou da falta de retilinidade do eixo do
pilar [...]. Admite-se que, nos casos usuais de estruturas reticuladas, a
consideração apenas da falta de retilinidade ao longo do lance de pilar seja
suficiente.” (NBR 6118, 11.3.3.4.2).

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 32]


9.4 EXCENTRICIDADES

b) Excentricidade Acidental

A imperfeição geométrica pode ser avaliada pelo ângulo 𝜃1 :


1
𝜃1 =
100 𝐻

Com: 𝐻: altura do lance, em metros;

• 𝜃1,𝑚𝑖𝑛 = 1/300 para estruturas reticuladas e imperfeições locais;

• 𝜃1,𝑚𝑎𝑥 = 1/200.

A excentricidade acidental (𝑒𝑎 ) para um lance do pilar resulta do ângulo 𝜃1 :

𝐻
𝑒𝑎 = 𝜃1
2
Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 33]
9.4 EXCENTRICIDADES

b) Excentricidade Acidental

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 34]


9.4 EXCENTRICIDADES

c) Excentricidade de 2ª Ordem

Conforme a NBR 6118 (15.8.2), “Os esforços locais de 2a ordem em


elementos isolados podem ser desprezados quando o índice de esbeltez for
menor que o valor-limite 𝜆1 [...]. O valor de 𝜆1 depende de diversos fatores,
mas os preponderantes são:

• a excentricidade relativa de 1ª ordem e1/h na extremidade do pilar onde


ocorre o momento de 1ª ordem de maior valor absoluto;

• a vinculação dos extremos da coluna isolada;

• a forma do diagrama de momentos de 1ª ordem.”

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 35]


9.4 EXCENTRICIDADES

c) Excentricidade de 2ª Ordem

O valor-limite 𝜆1 é:

𝑒1
25 + 12,5
𝜆1 = ℎ
𝛼𝑏

Com: 35 ≤ 𝜆1 ≤ 90;

No item 15.8.1 da NBR 6118 encontra-se que o pilar deve ser do tipo isolado,
e de seção e armadura constantes ao longo do eixo longitudinal, submetidos
à flexo-compressão.

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 36]


9.4 EXCENTRICIDADES

c) Excentricidade de 2ª Ordem

De acordo com a NBR 6118 (15.8.2):

a) para pilares biapoiados sem cargas transversais:

𝑀𝐵
𝛼𝑏 = 0,6 + 0,4 ≥ 0,4 (0,4 ≤ 𝛼𝑏 ≤ 1,0)
𝑀𝐴

MA e MB são os momentos de 1ª ordem nos extremos do pilar, obtidos na


análise de 1ª ordem no caso de estruturas de nós fixos e os momentos totais
no caso de estruturas de nós móveis. Deve ser adotado para MA o maior
valor absoluto ao longo do pilar biapoiado e para MB o sinal positivo, se
tracionar a mesma face que MA , e negativo, em caso contrário.

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 37]


9.4 EXCENTRICIDADES

c) Excentricidade de 2ª Ordem

De acordo com a NBR 6118 (15.8.2):

b) para pilares biapoiados com cargas transversais significativas ao longo


da altura:

𝛼𝑏 = 1,0

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 38]


9.4 EXCENTRICIDADES

c) Excentricidade de 2ª Ordem

De acordo com a NBR 6118 (15.8.2):

c) para pilares em balanço:

𝑀𝐶
𝛼𝑏 = 0,8 + 0,2 ≥ 0,85 (0,85 ≤ 𝛼𝑏 ≤ 1,0)
𝑀𝐴

Sendo: 𝑀𝐴 : momento de 1ª ordem no engaste;

𝑀𝐶 : momento de 1ª ordem no meio do pilar em balanço.

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 39]


9.4 EXCENTRICIDADES

c) Excentricidade de 2ª Ordem

De acordo com a NBR 6118 (15.8.2):

d) para pilares biapoiados ou em balanço com momentos menores que o


momento mínimo estabelecido em 11.3.3.4.3:

𝛼𝑏 = 1,0

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 40]


9.4 EXCENTRICIDADES

d) Excentricidade devida à fluência

“A consideração da fluência deve obrigatoriamente ser realizada em pilares


com índice de esbeltez λ > 90 e pode ser efetuada de maneira aproximada,
considerando a excentricidade adicional ecc...” dada no item 15.8.4 da NBR
6118.

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 41]


9.5 DETERMINAÇÃO DOS EFEITOS LOCAIS DE 2ª ORDEM

De acordo com a NBR 6118 (15.8.3), o cálculo dos efeitos locais de 2ª ordem
pode ser feito pelo Método Geral ou por métodos aproximados. O Método
Geral é obrigatório para elementos com λ > 140.

A norma apresenta diferentes métodos aproximados, sendo eles: método do


pilar-padrão com curvatura aproximada (item 15.8.3.3.2), método do pilar-
padrão com rigidez κ aproximada (15.8.3.3.3), método do pilar-padrão
acoplado a diagramas M, N, 1/r (15.8.3.3.4) e método do pilar-padrão para
pilares de seção retangular submetidos à flexão composta oblíqua
(15.8.3.3.5).

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 42]


9.5 DETERMINAÇÃO DOS EFEITOS LOCAIS DE 2ª ORDEM

Método do Pilar-Padrão com Curvatura Aproximada

Conforme a NBR 6118 (15.8.3.3.2), o método pode ser “empregado apenas


no cálculo de pilares com λ ≤ 90, com seção constante e armadura simétrica
e constante ao longo de seu eixo. A não-linearidade geométrica é
considerada de forma aproximada, supondo-se que a deformação da barra
seja senoidal. A não-linearidade física é considerada através de uma
expressão aproximada da curvatura na seção crítica.”

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 43]


9.5 DETERMINAÇÃO DOS EFEITOS LOCAIS DE 2ª ORDEM

Método do Pilar-Padrão com Curvatura Aproximada

O momento fletor total máximo no pilar deve ser calculado com a expressão:

𝑙𝑒2 1
𝑀𝑑,𝑡𝑜𝑡 = 𝛼𝑏 𝑀1𝑑,𝐴 + 𝑁𝑑 ≥ 𝑀1𝑑,𝐴
10 𝑟

Onde: 𝛼𝑏 : parâmetro definido anteriormente;

𝑀1𝑑,𝐴 : valor de cálculo do momento 𝑀𝐴 ;

𝑁𝑑 : força normal solicitante de cálculo;

Curvatura aproximada: Normal adimensional:


1 0,005 0,005 𝑁𝑑
= ≤ 𝜈=
𝑟 ℎ 𝜈 + 0,5 ℎ 𝐴𝑐 𝑓𝑐𝑑
Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 44]
9.5 DETERMINAÇÃO DOS EFEITOS LOCAIS DE 2ª ORDEM

Método do Pilar-Padrão com Curvatura Aproximada

Deve-se considerar que:

𝑀1𝑑,𝐴 ≥ 𝑀1𝑑,𝑚𝑖𝑛

𝑀𝑑,𝑡𝑜𝑡 ≥ 𝑀1𝑑,𝑚𝑖𝑛

O momento mínimo de 1ª ordem é dado por:

𝑀1𝑑,𝑚𝑖𝑛 = 𝑁𝑑 0,015 + 0,03 ℎ

Com: ℎ: altura total da seção transversal na direção considerada, em metro.

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 45]


9.5 DETERMINAÇÃO DOS EFEITOS LOCAIS DE 2ª ORDEM

Método do Pilar-Padrão com Curvatura Aproximada

Nas estruturas reticuladas usuais admite-se que o efeito das imperfeições


locais esteja atendido se for respeitado esse valor de momento total
mínimo. A este momento devem ser acrescidos os momentos de 2ª ordem.

Portanto, ao se considerar o momento fletor mínimo pode-se desconsiderar


a excentricidade acidental ou o efeito das imperfeições locais.

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 46]


9.5 DETERMINAÇÃO DOS EFEITOS LOCAIS DE 2ª ORDEM

Método do Pilar-Padrão com Rigidez κ aproximada

Assim como o método da curvatura aproximada, este método deve ser


usado em pilares com λ ≤ 90. A não-linearidade física deve ser considerada
através de uma expressão aproximada da rigidez.

O momento total máximo no pilar deve ser calculado a partir da majoração


do momento de 1ª ordem pela expressão:

𝛼𝑏 𝑀1𝑑,𝐴
𝑀𝑆𝑑,𝑡𝑜𝑡 = ≥ 𝑀1𝑑,𝐴
𝜆2
1−
120 𝜅/𝜈

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 47]


9.5 DETERMINAÇÃO DOS EFEITOS LOCAIS DE 2ª ORDEM

Método do Pilar-Padrão com Rigidez κ aproximada

Sendo o valor da rigidez adimensional κ dado aproximadamente pela


expressão

𝑀𝑅𝑑,𝑡𝑜𝑡
𝜅𝑎𝑝𝑟𝑜𝑥 = 32 1 + 5 𝜈
ℎ 𝑁𝑑

Em um processo de dimensionamento, toma-se 𝑀𝑅𝑑,𝑡𝑜𝑡 = 𝑀𝑆𝑑,𝑡𝑜𝑡 . Em um


processo de verificação, onde a armadura é conhecida, 𝑀𝑅𝑑,𝑡𝑜𝑡 é o momento
resistente calculado com essa armadura e com 𝑁𝑑 = 𝑁𝑆𝑑 = 𝑁𝑅𝑑 .

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 48]


9.5 DETERMINAÇÃO DOS EFEITOS LOCAIS DE 2ª ORDEM

Método do Pilar-Padrão com Rigidez κ aproximada

Substituindo a equação da rigidez adimensional na equação de 𝑀𝑆𝑑,𝑡𝑜𝑡 , tem-


se a seguinte equação:
2
𝑎 𝑀𝑆𝑑,𝑡𝑜𝑡 + 𝑏 𝑀𝑆𝑑,𝑡𝑜𝑡 + 𝑐 = 0

𝑎 = 5ℎ
𝑁 𝑙 2
𝑑 𝑒
𝑏 = ℎ2 𝑁𝑑 − − 5ℎ 𝛼𝑏 𝑀1𝑑,𝐴
320
𝑐 = −𝑁𝑑 ℎ2 𝛼𝑏 𝑀1𝑑,𝐴

−𝑏 + 𝑏2 − 4 𝑎 𝑐
𝑀𝑆𝑑,𝑡𝑜𝑡 =
2𝑎
Serão estudados somente pilares com esbeltez inferior a 90.

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 49]


CÁLCULO DA ARMADURA LONGITUDINAL
9.6 COM AUXÍLIO DE ÁBACOS

No dimensionamento dos pilares pela utilização de ábacos, não há


necessidade de aplicar as equações teóricas da Flexão Composta Normal ou
Oblíqua.

Serão aplicados os ábacos de VENTURINI (1987) para a Flexão Composta


Normal e de PINHEIRO (1994) para a Flexão Composta Oblíqua. Esses ábacos
devem ser aplicados apenas no dimensionamento de pilares com concretos
do Grupo I de resistência (fck ≤ 50 MPa), porque foram desenvolvidos com
parâmetros numéricos que não se aplicam aos concretos do Grupo II .

Para cada caso de solicitação, ábacos diferentes podem ser utilizados, no


entanto, o ábaco deve ser escolhido de modo a resultar na menor armadura,
e assim a mais econômica.

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 50]


CÁLCULO DA ARMADURA LONGITUDINAL
9.6 COM AUXÍLIO DE ÁBACOS

Flexão composta normal

A seção ao lado mostra a notação aplicada na


utilização dos ábacos de VENTURINI (1987) para a
Flexão Composta Normal (ou Reta). A distância d’
é paralela à excentricidade (e), entre a face da
seção e o centro da barra do canto.

De modo geral tem-se: 𝑑’ = 𝑐 + 𝜙𝑡 + 𝜙𝑙 /2.

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 51]


CÁLCULO DA ARMADURA LONGITUDINAL
9.6 COM AUXÍLIO DE ÁBACOS

Flexão composta normal

As equações para a construção dos ábacos foram apresentadas na


publicação de VENTURINI (1987). A determinação da armadura longitudinal
é iniciada pelo cálculo dos esforços adimensionais 𝜈 e 𝜇:
𝑁𝑑 𝑀𝑑,𝑡𝑜𝑡 𝑒
𝜈= 𝜇= =𝜈
𝐴𝑐 𝑓𝑐𝑑 ℎ 𝐴𝑐 𝑓𝑐𝑑 ℎ

Escolhida uma disposição construtiva para a armadura no pilar, determina-se


o ábaco a ser utilizado, em função do tipo de aço e do valor da relação d’/h.
No ábaco, com o par 𝜈 e 𝜇, obtém-se a taxa mecânica 𝜔. Sendo a armadura:
𝜔 𝐴𝑐 𝑓𝑐𝑑
𝐴𝑠 =
𝑓𝑦𝑑

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 52]


CÁLCULO DA ARMADURA LONGITUDINAL
9.6 COM AUXÍLIO DE ÁBACOS

Flexão composta oblíqua

A Figura ao lado mostra a notação aplicada na


utilização dos ábacos de PINHEIRO et al. (1994)
para a Flexão Composta Oblíqua. As distâncias d’x
e d’y têm o mesmo significado de d’, porém, cada
uma em uma direção do pilar.

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 53]


CÁLCULO DA ARMADURA LONGITUDINAL
9.6 COM AUXÍLIO DE ÁBACOS

Flexão composta oblíqua

A determinação da armadura é iniciada pelo cálculo dos esforços


adimensionais 𝜈 e 𝜇 (para as duas direções principais do pilar):
𝑁𝑑
𝜈=
𝐴𝑐 𝑓𝑐𝑑
𝑀𝑑,𝑡𝑜𝑡,𝑥 𝑒𝑥 𝑀𝑑,𝑡𝑜𝑡,𝑦 𝑒𝑦
𝜇𝑥 = =𝜈 𝜇𝑦 = =𝜈
ℎ𝑥 𝐴𝑐 𝑓𝑐𝑑 ℎ𝑥 ℎ𝑦 𝐴𝑐 𝑓𝑐𝑑 ℎ𝑦

Escolhida uma disposição construtiva para a armadura no pilar, determina-se


o ábaco a ser utilizado, em função do tipo de aço e dos valores das relações
𝑑’𝑥 /ℎ𝑥 e 𝑑’𝑦 /ℎ𝑦 . No ábaco, com o trio (𝜈, 𝜇𝑥 , 𝜇𝑦 ), obtém-se a taxa mecânica 𝜔:
𝜔 𝐴𝑐 𝑓𝑐𝑑
𝐴𝑠 =
𝑓𝑦𝑑
Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 54]
9.7 EXEMPLOS TEÓRICOS

EXEMPLO 1 (15.2.1 – BASTOS)

Dimensionar a armadura longitudinal vertical do pilar mostrado, sendo


conhecidos:

• Nk = 785,7 kN; seção transversal 20 x 50 cm (Ac = 1.000 cm2) com


comprimento equivalente (de flambagem): lex = ley = 280 cm; concreto C20.

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 55]


9.7 EXEMPLOS TEÓRICOS

EXEMPLO 2 (16.2.1 – BASTOS)

Dimensionar a armadura longitudinal vertical do pilar mostrado, em concreto


C20.

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 56]


REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇAO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de


Estruturas de Concreto: Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.

BASTOS, P. S. S. Notas de aula da disciplina Estruturas de Concreto II.


Universidade Estadual Paulista, 2017.

CARVALHO, C. C.; FIGUEIREDO FILHO, J. R. Cálculo e detalhamento de


estruturas usuais de concreto armado segundo a NBR 6118:2014. 4 ed.
São Carlos: EdUFSCar, 2014.

Engenharia Civil · Estruturas de Concreto II [p. 57]

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