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Jamerson Dias – OAB/AP 3433

EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUIZA DE DIREITO DA 4ª VARA


CÍVEL E DE FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE MACAPÁ – AP.

Processo nº 0043206-86.2012.8.03.0001
Ação Civil Pública de Improbidade Administrativa

ELIEZIO GOMES XAVIER, brasileiro, casado, autônomo, CPF sob nº


755.281.852-20, RG nº 17881609/AM, residente na Avenida Antônio Carlos
Reis, nº 2133, Bairro: Novo Horizonte, Macapá/AP, vem a presença de Vossa
Excelência, ora Réu na Ação Civil Pública de Improbidade Administrativa
apresentada pela Procuradoria-Geral do Estado do Amapá, vem através de
seu advogado constituído, apresentar a presente:

ALEGAÇÕES FINAIS
com supedâneo na Lei federal n° 8.429, de 2 de junho de 1992, Lei nº
14.230/2021, e Código de Processo Civil, bem como nas razões fáticas e
jurídicas que passa a expor:

- BREVE SÍNTESE
Trata-se de ação civil pública por ato de improbidade administrativa, proposta
pela Procuradoria-Geral do Estado do Amapá, por supostos danos ao erário
público imputados aos réus.
No que tange a empresa Xavier & Veras, a Procuradoria imputa que a mesma
funcionava apenas de fachada, não tendo entregue efetivamente os carros
estipulados em licitação ( 7 pick up) à SEJUSP.
Sendo os sócios ( Eliezio Gomes Xavier e Carlos Galvão Veras), segundo a
Procuradoria Estadal, apenas laranjas que participavam de um hipotético
esquema fraudulento.

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Telefone: (96) 98434-5448 – Email: darabian2009@gmail.com
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1 – DOS FATOS IMPUTADOS AOS SÓCIOS DA EMPRESA XAVIER &


VERAS

Segundo consta na peça vestibular de acusação, a empresa Xavier


& Veras, cujo um dos sócios era o senhor Eliezio Gomes Xavier, supostamente
teria participado de um esquema fraudulento que lesou o erário público.

A inicial descreve que a empresa citada teria vencido licitação para


locar 07 veículos tipo pick-up, para a Secretária Estadual de Justiça e
Segurança Pública (SEJUSP) do Estado do Amapá, no entanto, nunca ocorrerá
a efetiva entrega desses veículos, segundo a Procuradoria Estadual, os
referidos carros “ somente existiam “no papel”, pois não houve
disponibilização de um único veículo sequer para a SEJUSP ou para o
estado do Amapá”.

A Procuradoria do Estado do Amapá, lamentavelmente, baseou-se


apenas em conjecturas e escutas telefônicas que não provam em momento
algum que os carros não foram entregues. Conforme exporemos.

DAS ESCUTAS TELEFÔNICAS

No excerto da conversa (dia 25/06/2010, 18:13:00), entre o senhor


“ZECA” e um HNI (homem não identificado), que a Procuradoria diz ser prova
que os carros nunca foram entregues, está transcrito assim:

“HNI: ZECA?
ZECA: FALA
HNI: DEIXA EU TE PERGUNTAR. A EMPRESA QUE TEM
ESSES CARROS ALUGADOS LA NA SEJUSP, E DO TEU
IRMÃO, NÉ?
ZECA: COMO É QUE É?
HNI: A EMPRESA QUE TEM ESSES CARROS ALUGADOS
LA NA SEJUSP, E DO TEU IRMÃO, NÉ?
[...]
HNI: TEM UMA EMPRESA QUE TEM 07 CARROS
ALUGADOS LÁ PRA SEJUSP, SÓ QUE ESSES CARROS
SUMIRAM, E NÓS TAMOS PRECISANDO LOCALIZAR OS
CARROS E A EMPRESA.” (destaque nosso).

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Em momento algum o personagem não identificado diz que os


carros não existem, na verdade esse personagem reconhece que os carros
existiam, mas por algum motivo “sumiram”, ou seja, o HNI não sabia a
localização deles.

Excelência, o que nunca existiu não pode “sumir”, se “sumiu” era


porque estavam em determinado local ou secretaria. Os carros foram
devidamente entregues à Secretaria de Segurança pública, todo processo
licitatório e demais documentos provam isto.

Neste ponto, torna-se essencial lembrar que a responsabilidade e


compromisso do senhor Eliezio Gomes Xavier, através de sua empresa Xavier
& Veras era o de entregar os carros em perfeito estado de uso para a SEJUSP
e não de vigiar como os referidos veículos eram utilizados.

A empresa Xavier & Veras, não tinha o controle de como os carros


por ela locados eram empregados. A título de mera suposição, os carros
poderiam até mesmo sendo usados em benefício da campanha eleitoral (neste
ano houve Eleições majoritárias para o governo federal e estadual e senado e
proporcionais para deputado estadual e federal), pratica que antigamente era
comum, o de ser usar a máquina estatal, para benefícios eleitorais.

Ressaltando que a empresa só era acionada pela SEJUSP caso


ocorresse algum sinistro com algum dos carros. Caso não ocorresse acidente
ou falha nos veículos o controle sobre os mesmos era total da SEJUSP.

Reforçamos, em nenhuma das conversas apresentadas pela


Procuradoria do Estado do Amapá, se afirma que os carros não existiam, mas
sim que “sumiram”. Mais estranho ainda foi que os carros estavam locados
desde o ano de 2009 e somente “sumiram” perto do pleito eleitoral, no entanto,
ratificamos o que descrevemos é mera suposição, tal como fez a Procuradoria
Estadual.

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DOS DEPOIMENTOS

DA TESTEMUNHA Solange Dantas Nascimento – CONTADORA DA


EMPRESA XAVIER & VERAS.

Excelência, a Procuradoria Estadual cita em sua exordial que a


empresa Xavier & Veras era apenas uma empresa de fachada, que apenas
servia como instrumento para uma ação improba.

No entanto, a senhora Solange ao ser inquerida qual era o objeto do


contrato entre a empresa Xavier & Veras com o Estado do Amapá, respondeu
que era a locação de Veículos (4’38” depoimento_solange_parte_1). Pode-se
constatar que a contadora não lembrava de vários pontos, no entanto,
lembrava-se perfeitamente sobre o objeto do contrato.

É amplamente sabido que a memoria humana tende a “esquecer”


detalhes considerados de menor importância, no entanto, “armazena” dados
reputados como relevantes, ousamos em afirmar que a contadora só lembrava
o objeto do contrato, quase 12 anos depois, porquê há época realmente
realizava toda movimentação financeira referente ao contrato de locação de
veículos.

Mais adiante a contadora ao ser perguntada se os veículos eram


próprios da empresa ou captados de outros empreendimentos, respondeu que
eram captados de outras pessoas (4’53” depoimento_solange_parte_1), o que
corrobora a afirmativa que os carros eram captados de terceiros pela empresa
Xavier &Veras e entregues ao Estado do Amapá. Instada – a contadora – a
dizer como os sócios provavam que os veículos eram realmente captados de
outras pessoas a senhora Solange respondeu que os sócios traziam recibos
(5’14” depoimento_solange_parte_1).

A senhora Solange foi provocada a dizer se a empresa Xavier &


Veras levava regularmente notas fiscais emitidas para o Estado do Amapá em
virtude da efetiva prestação de se contrato de locação, ao que respondeu
afirmativamente (0’24” depoimento_solange_parte_2).

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Excelência, podemos constatar, que pelo menos contabilmente, a


empresa Xavier & Veras realmente existia, não havendo dúvidas quanto a isto,
que ao menos “no papel”, havia uma movimentação contábil digna de uma
empresa que realmente atuava na locação de veículos para o governo
estadual.

Não se pode olvidar que conforme documentos acostados aos autos


ocorreu licitação e até que se prove em contrário a empresa Xavier & Veras,
venceu validamente a mesma. Este era o primeiro ponto que necessitávamos
provar, que havia movimentação contábil regular na empresa Xavier & Veras e
que a mesma venceu honestamente a licitação. Passemos ao depoimento da
outra testemunha.

DEPOIMENTO DA TESTEMUNHA RUI TORK DE CASTRO.

Excelência, a testemunha era Chefe da Divisão de Apoio Administrativo, e em


depoimento confirmou que haviam 07 (sete) carros locados para a SEJUSP,
inclusive que 01 (um) deles ficava a disposição de sua divisão (4’41”
depoimento_Rui_Tork_parte_1). Em outro trecho do depoimento a testemunha
ratificou que eram 07 carros locados para a SEJUSP (9’45”
depoimento_Rui_Tork_parte_1).

Ressaltando que há época o único contrato de locação de veículos que a


SEJUSP possuía era com a empresa Xavier & Veras do senhor Eliezio Gomes
Xavier.

O senhor Rui Tork, confirmou que os carros eram locados sem motorista (6’53”
depoimento_Rui_Tork_parte_1).

DEPOIMENTO DA TESTEMUNHA BARAQUE FAGUNDES DA SILVA.

A testemunha ao ser inquerida por vossa excelência, sobre qual foi


o serviço que a mesma prestou para a empresa Xavier & Veras, respondeu que
locação de veículos (1’26” depoimento_baraque_parte_1). Ressaltando mais

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adiante (1’43” depoimento_baraque_parte_1), que a locação era sem


motorista.

O ilustre membro do MP inqueriu a testemunha sobre o local de


entrega dos carros, tendo como resposta que o local de entrega fora a SEJUSP
(10’09” depoimento_baraque_parte_2).

No mesmo depoimento o senhor Baraque afirmou que entregava os


carros na SEJUSP a mando da empresa do senhor Eliezio (16’43”
depoimento_baraque_parte_2).

Além da prova testemunhal, há farta quantidade de recibos juntados


aos autos (MO# 789, MO# 790, MO# 791, MO# 792), que demonstram que
realmente os veículos existiam e eram entregues ao órgão público.

Excelência, podemos entender que segundo as testemunhas (Rui


tork e Baraque Fagundes), os carros foram realmente entregues. Que os
motoristas eram de responsabilidade do órgão estadual, corroborando que a
empresa depois que entregava os carros não tinha controle de como eram
utilizados.

Necessário esclarecer que grande parte da documentação que a


empresa do senhor Eliezio Gomes Xavier, armazenava foram retiradas de sua
posse pela Policia Federal por ocasião da operação MÃOS LIMPAS, em 2010.

DAS CONJECTURAS ELABORADAS PELA PROCURADORIA ESTADUAL

A Procuradoria do Estado do Amapá, usou como suporte probatório


do suposto esquema criminoso o fato da empresa Xavier & Veras não ser
proprietária de veículos compatíveis com o contrato. No entanto, a referida
empresa, se utilizava da sublocação de veículos para honrar o avençando com
o órgão estadual. O citado procedimento talvez não seja o ideal em um
contrato administrativo, mas passa ao largo de ser um ato de improbidade
administrativa.

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Outra questão levantada pela Procuradoria foi o de que a empresa


não teria movimentação financeira compatível e de a mesma pagar os
fornecedores dos veículos em espécie.

Excelência, talvez a Procuradoria Estadual não soubesse da


dinâmica financeira da empresa, assim não compreendesse que cerca de 75%
a 78% dos numerários obtidos com os aluguéis dos veículos eram gastos com
os pagamentos das sublocações, tributos, contadoria, aluguel do prédio da
sede da empresa e demais despesas logísticas da empresa.

Somente para os donos dos veículos a empresa pagava 60% do


contrato, posto que, há época os carros eram alugados para o Governo por R$
6.000,00 cada (Pág. 17 da petição inicial).

Sendo que os recibos juntados demonstram que a empresa Xavier &


Veras pagava para os donos dos veículos a importância de R$ 3.600,00, por
automóvel, conforme depoimento da testemunha os valores eram pagos em
espécie. Os demais custos com tributos, aluguel, contador e outros, somavam,
entre 15% a 18%. Assim, sobrava entre 22% a 25% do valor do contrato para
que os sócios rateassem entre sí.

Nesta trilha, necessário mencionar que o senhor Eliézio Gomes


Xavier, pagava há época carnê de um veículo particular, aluguel, dentre outras
despesas, não sendo, de forma alguma, estranho que o mesmo preferisse
trabalhar com dinheiro em espécie.

Lembrando que estamos falando do ano de 2010, onde não havia


facilidades como PIX e que em diversos locais se conseguia descontos
maiores para quem pagava suas contas à vista.

Outro argumento utilizado pela Procuradoria era de que a cada 13


meses se poderia comprar um carro novo com o valor o aluguel. Outra vez
parece que a Procuradoria está alheia as tendências de gestão pública. Alugar
um carro traz diversas vantagens, isso significa não precisar pagar IPVA,
manutenção, seguro, revisão e outros gastos. A vantagem do aluguel é não
precisar se preocupar com muitas coisas e ter um carro sempre novo.

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Ademais, toda logistica de manuntenção e até mesmo troca do veículo era por
conta do locador, como foi descrito no testemunho do senhor Baraque.

Por fim, Excelência, todas as “provas” apresentadas pela


Procuradoria Estadual, não passam de elementos informativos colhidos em
sede de investigação policial, sem o crivo do contraditório e da ampla defesa.
Sendo que as poucas testemunhas e as provas sob a peneira dos direitos
constitucionais citados corroboram para a inocência do senhor Eliezio Gomes
Xavier.

DOS PEDIDOS

Ante as razões de fato e de direito e aos fundamentos expostos na presente


ação, requer-se de Vossa Excelência:

1- Requer sejam os pedidos da Procuradoria Geral do Estado


e Ministério Público Estadual julgados TOTALMENTE IMPROCEDENTES, no
que concerne os fatos ímprobos imputados ao réu Eliezio Gomes Xavier, posto
que, diferentemente do apontado na exordial, os carros foram efetivamente
entregues, não havendo qualquer ato de improbidade por parte do réu
supracitado.

Nestes termos, Pede deferimento.

Macapá/AP, 22 de junho de 2022.

JAMERSON Assinado de forma digital por


JAMERSON DARABIAN E SILVA
DARABIAN E SILVA DIAS:58609857204
Dados: 2022.06.23 09:39:23
DIAS:58609857204 -03'00'

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