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Eletronuclear solicita à CNEN extensão de vida útil de Angra 1

Fonte: CNEN

Fonte: Eletronuclear

A Eletronuclear, empresa estatal que controla as usinas da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), em Angra dos
Reis (RJ), solicitou formalmente à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) a extensão de vida útil de Angra 1, de 40
para 60 anos. A documentação com o pedido foi entregue pelo presidente da empresa, Leonam dos Santos Guimarães, na
tarde desta quinta-feira (7/11) na sede da CNEN, no Rio de Janeiro.

Angra 1 entrou em operação em 1985. Seus 40 anos de atividade, portanto, se completam no ano de 2024. Conforme
Leonam, o pedido de extensão ocorre agora porque "havia um compromisso da Eletronuclear de fazer esta solicitação cinco
anos antes do vencimento da licença operacional”. A Chefe de Gabinete da CNEN, Cássia Helena Pereira Lima,
representando o presidente da instituição, Paulo Roberto Pertusi, afirmou que "a CNEN se empenhará para que o processo de
análise do pedido ocorra dentro do prazo adequado, mas com foco na segurança, radioproteção e no extremo rigor técnico”.

O titular da Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear (DRS) da CNEN, Ricardo Fraga Gutterres, foi quem recebeu a
documentação, em formato digital, das mãos de Leonam Guimarães. Para Gutterres, a Eletronuclear e a DRS/CNEN exercem
funções claramente distintas no setor nuclear, mas "as reuniões realizadas entre técnicos das duas instituições podem
colaborar para troca de informações nos processos críticos da Central Nuclear”. Ele acredita que o pedido de extensão da vida
útil de Angra 1 também deverá contar com esta forma de relacionamento, permitindo à CNEN uma análise bastante detalhada
e rigorosa da solicitação.

Além das lideranças presentes, o ato de entrega do pedido de extensão contou com considerável parcela do corpo técnico de
ambas as instituições. O engenheiro Jefferson Borges Araújo, diretor da unidade da CNEN em Angra dos Reis, explica que as
usinas nucleares brasileiras, seguindo um padrão dos Estados Unidos, foram licenciadas para operar por 40 anos. Conforme o
padrão norte-americano adotado no Brasil, o pedido de extensão de vida útil deve ser feito cinco anos antes do fim da licença
de operação. Entre os vários itens que serão analisados na solicitação, estão o Programa de Gestão de Envelhecimento
(PGE) e também procedimentos relacionados à gestão do conhecimento e à obsolescência. Angra 2, que ainda tem um prazo
mais amplo de sua vida útil inicialmente licenciada, já iniciou estudos para implementar um Programa Integrado de Gestão do
Envelhecimento de Sistemas, Estruturas e Componentes.

De acordo com Jefferson Borges, as extensões de vida útil de reatores nucleares vêm ocorrendo no mundo todo e foram
possíveis por dois fatores principais. Um deles é o avanço tecnológico, o que permitiu que novos materiais e técnicas
sustentassem a segurança das usinas por um tempo maior que o inicialmente projetado. Também pesa na decisão de
estender a vida útil o fato de os padrões de segurança adotados inicialmente serem tão rigorosos que permitam uma
ampliação do prazo de operação licenciado.

Os Estados Unidos, por exemplo, já realizaram extensão de operação para mais de 70 usinas nucleares, nas quais a vida útil
passou, na maioria dos casos, de 40 para 60 anos. Naquele país, já foram iniciados estudos que podem estender a operação
das usinas para até 80 anos. Procedimentos de extensão de vida útil de reatores nucleares também ocorreram na França e na
República Checa, entre outros países.
Energia Nuclear no Brasil: Uma promissora opção verde

O Brasil, apesar de sua predominância enérgica em hidrelétricas e termelétricas, apresenta uma


grande diversidade na sua matriz energética em relação a outros países, dentre uma destas opções,
temos a energia nuclear - ou energia atômica - consiste em um tipo de energia produzida através de
reações químicas ocorridas no núcleo de átomos de altos números atômicos, alterando sua estrutura.

Um dos principais componentes, é o Urânio, que se encontra em abundância na natureza, e por meio

do mesmo ocorrem fissões nucleares, quando núcleos instáveis se desintegram e dão origem a

novos - sendo a mais comum em geração de eletricidade -, e fusões nucleares, caracterizadas pela

junção de um ou mais núcleos atômicos.

Acerca da energia nuclear para a geração de eletricidade, a ausência de emissão de gases


poluentes, as baixas taxas de rejeitos, custo de operação e área extensão territorial para instalação,
e a alta produtividade, quando ativa, são as principais vantagens da matriz energética. Contudo, os
altos custos de instalação e riscos de sérios acidentes nucleares, no caso do descarte inadequado do
lixo atômico, tornam-se contrapontos para o seu uso.

No Brasil, o interesse pela tecnologia partiu na década de 50, com a criação de um programa nuclear
brasileiro, entretanto, apenas duas décadas depois o projeto começaria a se tornar realidade, com a
implementação das usinas Angra 1 e Angra 2, no litoral do Rio de Janeiro, e do enriquecimento no
ciclo do processamento do combustível com a sexta maior reserva de urânio do mundo, tornando-se
um dos maiores consumidores de energia nuclear no exterior, embora corresponda a apenas 3% de
toda matriz elétrica interna.

Em 2021, foi proposto pelo Ministério de Minas e Energia, a PNE 2050, um projeto de retomada e
ampliação da sua produtividade, com a finalização de Angra III, maior diversificação da matriz
energética, retorno às atividades de exploração de urânio e criação de uma nova usina nuclear como
planejamentos prioritários para a ascensão do setor termonuclear.

Atualmente, o Brasil possui duas usinas, em Angra dos Reis, litoral do Rio de Janeiro, com essa
eletricidade sendo centrada no Sudeste, e especialmente no estado fluminense, correspondendo a
40%. Sua matéria-prima é a base do Urânio-238, diferente de outros países que utilizam o
Urânio-235, a explicação para tal situação se dá pelo mineral extraído nacionalmente, o qual é um sal

amarelo, chamado de "yellow cake" e com mais de 95% de sua composição, U-238.

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