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Levantamento e comparação dos custos de diferentes soluções de estruturas


de contenção em aterro

Conference Paper · January 2013

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José Orlando Avesani Neto


University of São Paulo
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Levantamento e comparação dos custos de diferentes soluções de
estruturas de contenção em aterro.
José Orlando Avesani Neto
Geo Soluções, São Paulo, Brasil, avesani.neto@geosolucoes.com

Eduardo Menani Hayashida


Geo Soluções, São Paulo, Brasil, eduardo.hayashida@geosolucoes.com

Vinícius Rocha Gomes Pereira


Geo Soluções, São Paulo, Brasil, vinicius.rocha@geosolucoes.com

RESUMO: O presente trabalho apresenta um levantamento de custos e uma análise comparativa


para diferentes alternativas de estruturas de contenção em aterro. Foram avaliadas as alternativas:
muro de flexão em concreto armado; gabião; terra armada e solo reforçado com geossintéticos,
sendo que para este último foi realizado o estudo considerando-se 3 (três) diferentes alternativas de
faceamento – bloco, painel e envelopamento. As características geométricas e as propriedades
geotécnicas do solo de aterro e fundação foram padronizadas, e os desníveis utilizados para o estudo
variaram de 1,5 m a 13 m. Os resultados são apresentados em forma de gráfico, mostrando o custo
unitário (m² de face) pela altura de cada uma das soluções. Os resultados mostraram que, para todas
as alturas avaliadas, o muro de solo reforçado com geossintéticos foi o mais econômico, sendo que
a solução em terra armada foi a segunda mais econômica para desníveis mais elevados. A solução
convencional em muro de flexão foi a mais onerosa independentemente da altura da contenção, e a
solução em gabião é economicamente viável apenas para pequenos desníveis.

PALAVRAS-CHAVE: Solo Reforçado com geossintéticos, Gabião, Concreto Armado, Terra


armada.

1. INTRODUÇÃO fechamento, o concreto ou alvenaria.


O solo reforçado usa o próprio solo como a
Diversas são as alternativas para execução de estrutura de contenção, estabilização sua massa
contenção de forma a vencer desníveis em por meio de inclusões de comprimento e
aterros. Dentre as principais alternativas, se espaçamento variável. Podem ser empregadas
destacam 2 (dois) grande grupos: inclusões metálicas (Terra armada) ou
 Estruturas “convencionais” poliméricas (geossintéticos).
o Muros de gravidade; Cada alternativa apresenta vantagens e
o Muros de flexão; desvantagens em relação a outras. Algumas se
o Gabiões; tornam mais restritas dependendo do local da
 Estruturas em solo reforçado obra, como, por exemplo, a terra armada que
o Terra armada; necessita da utilização de solos granulares,
o Solo Reforçado com Geossintéticos. exigindo o bota fora e empréstimo de solo. O
mesmo ocorre com o gabião, que emprega
Os muros de arrimo de gravidade são pedra de mão no preenchimento das gaiolas.
estruturas que combatem o empuxo do solo por Todavia, todas estas alternativas possuem
meio de se peso próprio. São empregados grande aplicabilidade como contenções, motivo
materiais como concreto, rocha, madeira e etc. pelo qual o presente artigo tem por objetivo
Os muros de flexão utilizam estruturas em fazer um levantamento e comparar os custos de
concreto armado para resistir às solicitações do construção de diferentes soluções de obras de
solo. Podem ser empregados, como elemento de contenção. No texto são comparadas 6 (seis)
diferentes alternativas, sendo 2 (duas) delas 2.2 Estabilidade global
soluções convencionais: gabião e muro de
flexão em concreto; e 4 (quatro) em solo O Fator de Segurança à ruptura global foi
reforçado: terra armada e solo reforçado com calculado pelo Método de Bishop simplificado
geossintéticos em 3 (três) diferentes tipos de com o auxílio do software computacional Slide
faceamento – envelopado, bloco e painel. As V5.0. O Fator de Segurança mínimo adotado
dimensões da obra hipotética, as especificações para estabilidade global foi balizada pela norma
de projeto, os parâmetros do solo e os cálculos de Estabilidade de Taludes – ABNT NBR
realizados são apresentados nos itens a seguir. 11682/2009, sendo adotado o valor de 1,5.

2.3 Estabilidade interna


2. MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTO
EMPREGADOS Para os casos de solo reforçado, foi empregada
a metodologia proposta por Mitchell e Villet
(1987), na qual há a verificação da ruptura e do
Para realizar a comparação entre as variadas
arrancamento da inclusão.
soluções de contenções analisadas, foram
No caso da solução em terra armada,
padronizados dois fatores: geometria da
empregaram-se, ainda, as considerações
contenção e parâmetros do solo. Os
descritas na norma ABNT NBR 9286/1986,
dimensionamentos foram realizados
conforme apresentado na sequência.
considerando muros com altura variando de 4 a
A tensão vertical atuante em uma fita
12 m. Foi considerado um solo arenoso, com
metálica localizada a uma altura “i” foi
peso específico de 18 kN/m², ângulo de atrito
calculada pela seguinte equação:
interno de 28° e coesão igual a 5 kPa. A Figura
1 mostra um esquema geral das contenções 𝑖𝑊
analisadas. 𝜎𝑣𝑖 = (L−2∙𝑒 (10)
) 𝑖

Sendo Wi o peso de solo atuante sobre a fita


i, L o comprimento da inclusão e ei a
excentricidade das fitas, definida por:
g = 18 kN/m³ g = 18 kN/m³
𝑃 𝑍𝑖
f = 28° f = 28° 𝐸∙ ⁄3
H 𝑒𝑖 = 𝛾 (11)
c = 5 kPa c = 5 kPa
𝑍𝑅 ∙L∙𝑧𝑖

Sendo 𝑧𝑖 a profundidade da fita i e 𝛾𝑍𝑅 o peso


específico do solo reforçado.
A partir do valor da tensão vertical,
calculou-se a tensão horizontal:
L
Figura 1 – Geometria e parâmetros adotados nos cálculos 𝜎ℎ𝑖 = 𝑘𝑖 ∙ (𝜎𝑣𝑖 ) (12)

2.1 Estabilidade externa E, desta, a força horizontal atuante na fita:

Na estabilidade externa, foram consideradas 𝐹𝐻𝑖 = 𝜎ℎ𝑖 ∙ (𝐴𝑖𝑛𝑓. ) (13)


as análises de segurança ao deslizamento,
tombamento e capacidade de carga da fundação. Sendo a área de influência (𝐴𝑖𝑛𝑓. ) para cada fita
Os Fatores de Segurança utilizados e as igual a ¼ da área total da escama da face. A
formulações podem ser verificados em tensão de tração atuante na fita é definida pela
Marzionna et al. (1996). seguinte relação:
𝐹𝐻𝑖
𝜎𝑇𝑖 = (14)
𝐴𝑓
𝜑
Em que 𝐴𝐹 é a área da seção transversal da fita. 𝐿𝑟 = (𝐻 − 𝑧) ∙ 𝑡𝑔(45 − ) (18)
2
A tensão de tração na conexão foi calculada da
seguinte forma: 2∙𝜑
𝐹𝑎 = 2 ∙ 𝐿𝑎 ∙ 𝛾 ∙ 𝑧 ∙ 𝑡𝑔( ) (19)
3
𝐹
𝜎𝑐𝑖 = 0,85 ∙ ( 𝐴𝐻𝑖 ) (15)
𝑢 𝐹ℎ = 𝐾𝑎 ∙ 𝛾 ∙ 𝑧 ∙ 𝑆𝑉 ∙ 𝐹𝑆 (20)

Em que 𝐹𝐻𝐼 é a força horizontal atuante na fita e Em que Lr é o comprimento do reforço


𝐴𝑢 é a área útil da seção transversal da fita. inserido na zona ativa, La é o comprimento da
A resistência ao arrancamento foi calculada inclusão na zona passiva, Fa é a força de atrito
da seguinte forma: disponível ao logo da interface solo-
geossintético e Fh é a força horizontal em cada
𝑃𝑖 = 2 ∙ 𝑏 ∙ 𝜎′𝑣 ∙ 𝜇 ∙ 𝐿𝑎 (16) inclusão individual.
Das 2 (duas) últimas equações, obtém-se o
Em que 𝑃𝑖 é a resistência ao arrancamento da comprimento necessário de ancoragem (La),
fita i, b é a largura da fita, 𝜎′𝑣 é a tensão vertical usando um FS igual a 1,5:
geostática atuante na fita i, 𝜇 é o coeficiente de
atrito solo-fita e 𝐿𝑎 é o comprimento de 𝐾𝑎 ∙𝛾∙𝑧∙𝑆𝑉 ∙1,5
𝐿𝑎 = 2∙𝜑 (20)
arrancamento da fita, usando a metodologia de 2∙𝐿𝑎 ∙𝛾∙𝑧∙𝑡𝑔( )
3
Rankine. As verificações foram realizadas
considerando-se um fator de segurança mínimo Para a determinação da resistência da
igual a 1,5. inclusão para cada camada, basta apenas
No caso das soluções em solo reforçado comparar o valor da força horizontal (Fh) com a
com geossintéticos, além do descrito em resistência à tração de projeto do geossintético
Mitchell e Villet (1987), foram usadas as (Tp).
considerações propostas por Koerner (1994), Ressalta-se que em todas as análises de solo
conforme descrito a seguir. reforçado, foi empregado um embutimento de
Para o dimensionamento de muros em solo 10% da altura do desnível da contenção.
reforçado com geossintéticos, procedeu-se
inicialmente com o cálculo da força de tração 3. GEOMETRIA E PARÂMETROS
de projeto do reforço, denominada Tp: OBTIDOS
𝑇𝑚𝑎𝑥
𝑇𝑝 = (17) 3.1 Muros de Flexão
𝐹𝑓 ∙𝐹𝑖 ∙𝐹𝑒
O dimensionamento foi realizado para
Em que Tmax é a máxima resistência à tração alturas de 4, 6, 8 e 10 m.
do reforço, Ff é o fator de redução relativo à A geométrica básica do muro a flexão,
fluência adotado como 1,5 para geogrelhas e 2,0 assim como a notação adotada pode ser
para geotêxtil tecido, Fi é o fator de redução observada na Figura 2.
relativo a danos de instalação, sendo usado 1,3 Variando-se a altura do desnível H, foram
para geogrelhas e 1,5 para geotêxtil tecido, e Fe calculadas as dimensões necessárias para os
é o fator de redução relativo a incertezas muros de flexão, conforme apresentado na
estatísticas, adotado como 1,05. Tabela 1.
Definindo-se um espaçamento vertical, SV
entre as camadas de inclusão, a verificação do 3.2 Muro de Gabião
arrancamento foi calculada segundo a
metodolgia proposta por Mitchell e Villet Para o dimensionamento dos muros de
(1987), apresentada a seguir considerando uma Gabião nas alturas de 4, 6, 8 e 10 m, utilizou-se
camada de inclusão a uma profundidade igual a o software GawacWin®, fornecido pela
z: empresa Maccaferri. Este software fornece os
valores de empuxos ativos e passivos, A Tabela 2 mostra os valores dos
verificações quanto ao deslizamento, parâmetros geométricos adotados para as
tombamento, tensões atuantes na fundação, bem diferentes situações consideradas.
como a verificação da estabilidade global da
estrutura e estabilidade interna. Tabela 2. Geometria calculada para os muros de gabião.
Inclinação da face
H (m) B (m) T (m)
do muro (°)
4 2,5 1,0 5
6 3,5 1,0 5
8 5,0 1,0 5
10 7,0 1,0 5

3.3 Muro de Solo Reforçado com


Geossitéticos

No caso do muro de solo reforçado com


geossintéticos foram consideradas 3 (três)
alternativas de sistema de faceamento, descritos
na sequencia.

Figura 2 – Geometria e notação das variáveis adotadas no


3.4 Face Envelopada
projeto do muro de flexão.
Para o muro de solo reforçado com
Tabela 1. Geometria calculada para os muros de flexão. geossintéticos com face envelopada são
H
B (m)
B1 B2
E (m) T (m)
utilizadas sacarias preenchidas com solo local,
(m) (m) (m) envelopados por geossintéticos, formando
4 1.8 0.5 1 0.5 0.3 assim, uma ancoragem do reforço com a face.
6 2.8 0.5 2 0.5 0.3 Foram consideradas camadas de 40 cm de
8 3.4 0.5 2.5 0.5 0.4
espaçamento entre reforços. Pode-se utilizar de
10 4.5 1 3 0.5 0.5
alternativas para revestimento da face, tais
A Figura 3 a seguir mostra a geometria com como, vegetação e concreto projetado.
a indicação da notação das variáveis adotadas
para o projeto do muro em gabiões.

Figura 3 - Geometria com a indicação da notação das Figura 4 – Revestimento vegetal da face com utilização
variáveis adotadas para o projeto do muro em gabião de espécies trepadeiras.
O dimensionamento foi realizado para Tabela 4. Geometria calculada para os muros de flexão.
alturas de 4, 6, 8, 10 e 12 m. A Tabela 3 H (m) L (m) Tmax empregado (kN/m)
apresenta o comprimento e resistência
necessária do reforço para este caso. 4 3,0 55
6 5,0 70
Tabela 3. Geometria calculada para os muros de flexão. 8 6,0 90
10 9,0 90
H (m) L (m) Tmax empregado (kN/m) 12 10,0 115
4 3,0 50
6 5,0 55 3.6 Face em Painéis
8 6,0 55
10 9,0 70 O sistema de faceamento por meio de
12 10,0 90 painéis (Lock & Load®) utiliza módulos de
elevada dimensão (80 cm de largura x 40 cm de
3.5 Face em Blocos altura) de concreto estrutural reforçado com
fibras. Além disso, a ancoragem da geogrelha
Para faceamento em blocos segmentais ocorre em uma faixa de aproximadamente 60
foram utilizados reforços em camadas de 60 cm de espessura disposta atrás dos painéis.
cm. A ancoragem dos reforços com a face é Desta forma, este tipo de faceamento permite
realizada entre os blocos, no caso do Geobloco um maior espaçamento vertical do reforço, com
H®, por meio do preenchimento de brita e com valores de 80 e 120 cm. Outra vantagem é a
pinos metálicos. Neste caso, pelo maior possibilidade de execução de muros de até 1,2
espaçamento entre camadas, há a necessidade m de altura sem a necessidade de dispor de
de utilização de reforços com maior resistência. reforços.
Todavia, há uma redução no consumo de Outra vantagem destes painéis (Lock &
inclusões e um aumento tanto da produtividade Load®) é que sua dimensão equivale a
como da estética do muro em relação ao aproximadamente 4 (quatro) blocos, sem
faceamento envelopado. contudo ter um peso elevado (cerca de 40 kg).
Desta forma, há a possibilidade de uma elevada
produtividade, atingindo velocidades de
instalação de até 40 m²/dia/equipe, obtendo um
acabamento estético mais elevado se comparado
com os outros 2 (dois) sistemas supracitados.

Figura 5 – Solo reforçado com geossintéticos com face


em Blocos Segmentais – Geobloco H®.

O dimensionamento foi realizado para


alturas de 4, 6, 8, 10 e 12 m. A Tabela 4 Figura 6 – Solo reforçado com geossintéticos com face
apresenta o comprimento e resistência em Painéis.
necessária do reforço para este caso. No presente caso, foram empregados
espaçamentos reforços de 40 cm e 80 cm,
obtendo-se a vantagem de usar reforços de possa ocorrer no local da construção. Para cada
reduzida resistência, para camadas mais condição foram computadas as quantidades
profundas e de maior espaçamento para unitárias de cada item e o custo total para a
camadas mais superficiais. O dimensionamento construção do muro.
foi realizado para alturas e 4, 6, 8, 10 e 12 m. A Para a composição de custos para a
Tabela 5 apresenta o comprimento e resistência construção do muro de flexão, os seguintes
necessária do reforço para este caso. aspectos foram considerados, usando como
referência o TCPO 13 (2009):
Tabela 5. Geometria calculada para os muros de flexão.
H (m) L (m) Tmax empregado (kN/m)  Fôrma de chapa compensada para estruturas
em geral, resinada, com espessura de 12
4 3,0 50 mm, para 3 reaproveitamentos;
6 5,0 55
 Armaduras de aço CA-50, com diâmetro de
8 6,0 55
6,3 mm e 12,5 mm, dependendo da
10 9,0 70
situação;
12 10,0 90
 Concreto estrutural fck 25 MPa;
 Transporte, lançamento, adensamento e
3.7 Muro de solo reforçado com terra
acabamento do concreto;
armada
Para a composição dos custos dos muros em
Apesar de a norma ABNT NBR 9286/1986
gabião, os seguintes aspectos foram
citar a necessidade do uso de solo granular para
considerados:
a terra armada, não foi considerado neste
dimensionamento o bota-fora do solo local e o
empréstimo de solo granular para compor o  Gabiões tipo caixa;
aterro reforçado.  Manta de geotêxtil para filtro e proteção;
O dimensionamento foi realizado para  Montagem dos gabiões.
alturas de 4, 6, 8 e 10 m. A Tabela 6 apresenta o
comprimento e resistência necessária do reforço Para a composição dos custos dos muros de
para este caso. solo reforçado com geossintéticos e terra
armada, os seguintes aspectos foram
Tabela 6. Geometria calculada para os muros de flexão. contemplados:
H (m) L (m)
 Inclusões de geotêxtil tecido, geogrelha ou
4 3,0 fitas metálicas e instalação dos respectivos
6 5,0 materiais;
8 6,0
10 9,0  Execução do sistema de faceamento dos
12 11,0 muros – exceto para o solo envelopado;

Vale lembrar que na elaboração dos custos


4. CUSTOS CONSIDERADOS NA não foram incluídos aqueles referentes aos
CONSTRUÇÃO DOS MUROS serviços, comuns a todos os sistemas:

O cálculo dos custos para execução dos muros,  Locação da obra e acompanhamento com
nas diferentes condições de projeto, foi feito uso de equipamentos topográficos;
com base nos custos unitários de cada um dos  Compactação de aterros e controle de
itens envolvidos. Os custos unitários qualidade;
correspondem a valores médios praticados pelo  Execução do sistema de drenagem
DER/SP (2013), portanto, não contemplam superficial e no tardoz da contenção.
aspectos específicos como a localização da área
da obra ou eventual escassez de materiais que
5. RESULTADOS E ANÁLISES inferior (cerca de quatro vezes), motivo que faz
com que sua produtividade não seja tão boa
A comparação entre custos de muros em quanto o painel.
diferentes técnicas, conforme descritas nos itens No caso da terra armada, seu custo é mais
anteriores, é apresentada na Figura 7 que segue. competitivo para alturas de até 7 m do muro.
Nesta figura, o eixo das abscissas representa a Contudo, para maiores alturas, como o seu
altura do muro e o eixo das ordenadas sistema de reforço é linear (fitas metálicas), há a
representa o respectivo custo por metro necessidade de maiores comprimentos de
quadrado de face. Como o objetivo deste artigo inclusão para mobilizar a resistência ao
é apenas mostrar uma comparação de custos arracamento, diferente do que ocorre com os
entre as soluções, o custo por metro quadrado geossintéticos que são inclusões planares.
de face é apresentado em uma unidade fictícia, A Figura 4 mostra, ainda, que para as
denominada UC (Unidade de Custo). menores alturas testadas (4 m), os custos
envolvidos na construção de muros de gabião
5 são muito próximos do custo de outras
estruturas. No entanto, com o aumento do
desnível o custo de muros em gabião cresce
4 muito mais rapidamente do que as outras
soluções, visto que o volume de gabião
empregado é exponencial a altura da contenção.
Custo [UC/m²]

3 Um muro em gabião, com por exemplo 6 m de


altura, chega a ser aproximadamente 2 vezes
mais oneroso do que uma solução em solo
2 reforçado com geossintéticos.
De todas as soluções, os muros de flexão de
concreto apresentou o maior custo por metro
1
linear para desníveis de até aproximadamente
Flexão Gabião Bloco 7,0 m. A partir desta altura a conteção
Terra Armada Painél Envelopado utilizando gabiões se tornou mais onerosa,
0
4 5 6 7 8 9 10
chegando a ser aproximadamente 30% mais
Altura [m]
cara para desníveis de 8 m.
Figura 7. Comparativo de custos. De forma geral, pode-se afirmar que, dentre
todas as soluções consideradas, as soluções em
A Figura 7 mostra claramente que a solução geossintéticos, especialmente com face
em solo reforçado com geossintéticos envelopada e em painel, são as menos onerosas,
apresentou o menor custo para todas as alturas as soluções em muro de flexão e gabiões são as
consideradas, especialmente a solução soluções mais dispendiosas, e a solução em
envelopada, pois esta não esta considerando terra armada apresentam custos intermediários.
nenhum sistema de faceamento definitivo final. Todavia, dependendo do tipo de acabamento do
A solução em faceamento com painéis, apesar solo envelopado, a solução em reforço de
de ter um custo mais elevado da face, também geossintéticos e painéis pode se tornar a menos
se mostra economicamente favorável, visto que onerosa.
as dimensões dos painéis permitem uma maior
produtividade (três vezes maior que o
envelopado), reduzindo o custo de execução. A 6. CONCLUSÕES
face em bloco é a que se mostra mais onerosa
em relação às outras soluções com O presente trabalho apresentou um
geossintéticos, pois, diferente do envelopado, é levantamento de custos e uma análise
um sistema definitivo de faceamento com custo comparativa para diferentes alternativas de
de material do bloco. Contudo, diferente estruturas de contenção em aterro. Foram
também do painel, a dimensão do bloco é avaliadas as alternativas: muro de flexão em
concreto armado; gabião; terra armada e solo pelo apoio no desenvolvimento do presente
reforçado com geossintéticos, sendo que para artigo.
este último foi realizado o estudo considerando-
se 3 (três) diferentes alternativas de faceamento REFERÊNCIAS
– bloco, painel e envelopamento. As principais
conclusões são: Plácido, R.R., Kamiji, T.S.M.M., Bueno, B.S. (2010).
Análise comparativa de custos para diferentes
alternativas de estruturas de contenção. XV Congresso
 Dentre todas as soluções consideradas, as Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia
soluções em geossintéticos, especialmente Geotécnica, Gramado, Rio Grande do Sul, Brasil. 8 p.
com face envelopada e em painel, são as Marzionna, J. D.; Maffei, C. E. M.; Ferreira, A. A.;
Caputo, A. N. (1996). Análise, projeto e execução de
menos onerosas. Todas apresentam variação
escavações e contenções. In: Fundações: Teoria e
do custo de forma linear com a altura da prática, 2ª edição, Hachich et al. (eds.), cap. 15. São
contenção; Paulo: PINI.
 Dentre as soluções de reforço com Terzaghi, K., Peck, R.B. (1967). Soil mechanics in
geossintético e diferentes tipos de engineering practice. 2ª Ed. New York: John Wiley
and Sons Co. 566p.
faceamento, a menos dispendiosa é o TCPO 13 (2009). Tabelas de Composições de Preços para
sistema envelopado. Todavia, dependendo Orçamentos. São Paulo: Pini, 2009.
do tipo de acabamento deste sistema Mitchell, J. K.; Villet, W. C. B. (1987). Reinforcement of
(concreto projetado, alvenaria ou plantiu de earth slopes and embankments. National Highway
vegetação), a solução em reforço de Research Program Report. n. 290.
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.
geossintéticos e painéis pode se tornar a NBR 9286/86: Terra Armada – Especificação. Rio de
menos onerosa, além de esteticamente mais Janeiro: ABNT, 1986.
agradável; ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.
 As soluções em muro de flexão e gabiões NBR 11682/09: Estabilidade de encostas. Rio de
são as soluções mais dispendiosas, Janeiro: ABNT, 2009.
Koerner, R.M. (1994). Designing with Geosynthetics.
apresentando variação do custo de forma Englewood Cliffs, New Jersey, Prentice Hall, 3rd Ed.
exponencial em relação ao desnivel da 761p.
contenção. Para pequenas alturas, a solução DER/SP (2013). Tabela de Preços Unitários.
em gabião se aproxima das em solo Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de
reforçado, contudo para alturas superiores a São Paulo.
7 m ela se torna mais onerosa que os muros
de flexão;
 A solução em terra armada apresentam
custos intermediários. Seu custo aumenta de
forma não linear com a altura, pois há a
necessidade de elevado acréscimo do
comprimento da inclusão em fita com a
altura da contenção. Ressalta-se que no
custo da solução em terra armada não foi
considerado a possível remoção/substituição
do solo local para solo granular conforme
preconiza a norma ABNT NBR 9286/1986.
Esta substituição pode gerar elevados custos
de empréstimo, bota-fora e transporte,
fazendo com que a terra armada se torne
significativamente mais onerosa.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a empresa Geo Soluções

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