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Uma análise
com base na situação atual síria e na perspectiva para o futuro do país
Assad está há 22 anos no poder e seu pai, Hafez as-Assad, também governou
o país por 30 anos antes dele. Independente de opiniões pessoais sobre o
governante, há de se admitir que ele possui experiência e conhecimento sobre
o país, fator importante para identificar os problemas e propor soluções. O
presidente possui ligadas a ele a lembrança de um país um dia unificado sob
uma identidade e território, apesar de divergências étnicas ou ideológicas.
Quando sua autoridade foi contestada, o país mergulhou em uma década de
(1) UN Human Rights Office estimates more than 306,000 civilians were killed over 10
years in Syria conflict | OHCHR
guerra, ficando territorialmente dividido e enfraquecido. Vale ressaltar o
discurso patriótico de Assad, que invoca os sírios a pensar no bem para a
nação acima de todas as diferenças, enquanto respeita a diversidade de etnias
e religiões. Porém, o Estado é o seu território, e mudanças no seu território
envolvem mudanças na própria forma de pensar no Estado, e isso denota a
importância da recuperação do governo das áreas ocupadas em sua totalidade.
Ademais, o território além de ser uma força simbólica é também física, pois é
nele que estão os recursos humanos, naturais e o espaço onde se
desenvolverá a Síria do futuro. A união dos sírios por uma causa comum e a
incorporação das áreas tomadas por rebeldes é o passo inicial para a paz e o
desenvolvimento do país, e isso só será possível com um líder disposto a
alcançar esses objetivos e que tenha a experiência para governar nesse
sentido. Por conseguinte, isso só será possível com Assad à frente do
comando.
O atual líder sírio também faz preparativos para estabelecer planos para o
futuro. Já tendo restabelecido diálogo com nações antes hostis como a Arábia
Saudita e os Emirados Árabes Unidos, Bashar busca investimentos na Síria a
serem feitos apesar das sanções impostas pelo ocidente. Hoje já se discute a
reinserção da síria na liga árabe e até acordos com o Líbano e Egito graças ao
relaxamento de sanções estadunidenses(2). Dessa forma Assad gradualmente
insere o país de volta no cenário internacional mostrando que possui projetos
para desenvolver a Síria, ao contrário dos que querem tirá-lo do poder mesmo
sob a condição de aumentar o tempo de guerra e o número de mortos e
refugiados, transformando a Síria em algo semelhante àquilo que se tornou a
dividida e debilitada Líbia, e mostrando que o caminho mais rápido para a paz
e estabilidade é inevitavelmente se aliar às forças da ordem do governo.
(2) https://www.csis.org/analysis/politics-lebanons-gas-deal-egypt-and-syria