Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
AS EXPERIÊNCIAS DO “SEMINÁRIO,
OFICINAS, EXPOSIÇÕES: CADEIA PRODUTIVA DO BAMBU -
REALIDADE E POTENCIAIS”
SHARING THE EXPERIENCES OF THE “SEMINAR, WORKSHOPS, EXHIBITIONS: BAMBOO'S
PRODUCTIVE CHAIN - REALITY AND POTENTIALS”
COMPARTIENDO LAS EXPERIENCIAS DEL "SEMINARIO, TALLERES, EXPOSICIONES: LA
CADENA PRODUCTIVA DEL BAMBÚ - REALIDAD Y POTENCIALES"
REIS, CAROLINE
Graduanda em Arquitetura e Urbanismo; UFBA
carolinesreiss@gmail.com
RESUMO
As cidades formais cada vez mais vêm sendo construídas sob os preceitos do concreto e aço, no entanto,
questiona-se essa pragmatização quando não preparam os engenheiros, arquitetos e urbanistas para as
possibilidades de construir com outros materiais e técnicas, ora, disponíveis nas regiões e menos
agressivos ao meio ambiente. Desta forma, o presente trabalho traz a experiência de uma das iniciativas
da pesquisa intitulada “Saberes e práticas construtivas com bambu” da Faculdade de Arquitetura da
Universidade Federal da Bahia (FAUFBA) que vem promovendo atividades extensionistas para troca de
conhecimentos e experiencias com profissionais que possuem expertise com bambu, no intuito de lançar
luz sobre um material tão versátil, de alimento a moradia, bastante utilizado na Ásia e alguns países da
América Latina e tão pouco explorado aqui no Brasil. Apresentamos aqui as experiências do evento
“Seminários, Oficinas, Exposições: Cadeia Produtiva do Bambu — realidade e potenciais”. O evento teve
participação de profissionais, mestres e estudiosos da planta para uma rica troca de conhecimentos sobre
o cultivo/manejo, as normas, as práticas existentes e as possibilidades de aplicação, além de fomentar
discussões sobre o cenário atual da cadeia produtiva de bambu no Brasil. As trocas de experiências tanto
de sucessos ou não, abrangeram pensarmos em um futuro promissor com essa planta no país,
principalmente na construção civil. Por meio dos seminários, exposições e as oficinas realizadas na
FAUFBA, no bambuzal do aeroporto de Salvador e na zona rural de São Sebastião do Passé — BA, foi
possível instigar e entusiasmar muitos participantes sobre a temática. Além de ampliar a rede de
“bambuzeiros”, foi possível também realizar discussões sobre estratégias de manejo dos bambuzais das
cidades junto com os órgãos municipais e estaduais.
PALAVRAS-CHAVE: bambu. cadeia produtiva. experiências. arquitetura.
ABSTRACT
Formal cities are increasingly being built under the precepts of concrete and steel, however, this
pragmatism is questioned when engineers, architects and urban planners are not prepared for the
possibilities of building with other materials and techniques, now available in the regions and less
aggressive to the environment. In this way, the present work brings the experience of one of the research
initiatives entitled “Knowledge and constructive practices with bamboo” from the Faculty of Architecture
of the Federal University of Bahia (FAUFBA) that has been promoting extension activities to exchange
knowledge and experiences with professionals who they have expertise with bamboo, in order to shed
light on such a versatile material, from food to housing, widely used in Asia and some Latin American
countries and so little explored here in Brazil. Here we present the experiences of the event "Seminars,
Workshops, Exhibitions: Bamboo Productive Chain - reality and potentials". The event was attended by
professionals, masters and scholars of the plant for a rich exchange of knowledge on cultivation /
management, standards, existing practices and application possibilities, in addition to encouraging
discussions about the current scenario of the bamboo production chain in the Brazil. Exchanging
experiences, whether successful or not, included thinking about a promising future with this plant in the
country, especially in civil construction. Through seminars, exhibitions and workshops held at FAUFBA, in
the bamboo grove of Salvador airport and in the rural area of São Sebastião do Passé - BA, it was possible
to instigate and enthuse many participants on the theme. In addition to expanding the network of
“bambuzeiros”, it was also possible to hold discussions on management strategies for bamboo in the cities
together with municipal and state agencies.
KEYWORDS: bamboo. productive chain. experiences. architecture.
RESUMEN
Las ciudades formales se construyen cada vez más bajo los preceptos del hormigón y el acero, sin
embargo, este pragmatismo se cuestiona cuando los ingenieros, arquitectos y urbanistas no están
preparados para las posibilidades de construir con otros materiales y técnicas, ahora disponibles en las
regiones. y menos agresivo con el medio ambiente. De esta manera, el presente trabajo trae la experiencia
de una de las iniciativas de investigación titulada "Conocimiento y prácticas constructivas con bambú" de
la Facultad de Arquitectura de la Universidad Federal de Bahía (FAUFBA) que ha estado promoviendo
actividades de extensión para intercambiar conocimientos y experiencias con profesionales que tienen
experiencia con el bambú, para arrojar luz sobre un material tan versátil, desde alimentos hasta viviendas,
ampliamente utilizado en Asia y algunos países latinoamericanos y tan poco explorado aquí en Brasil. Aquí
presentamos las experiencias del evento "Seminarios, Talleres, Exposiciones: Cadena Productiva de Bambú
- realidad y potencialidades". Al evento asistieron profesionales, maestros y académicos de la planta para
un rico intercambio de conocimiento sobre cultivo / manejo, estándares, prácticas existentes y
posibilidades de aplicación, además de alentar las discusiones sobre el escenario actual de la cadena de
producción de bambú en el Brasil El intercambio de experiencias, exitosas o no, incluyó pensar en un futuro
prometedor con esta planta en el país, especialmente en la construcción civil. A través de seminarios,
exposiciones y talleres celebrados en FAUFBA, en el bosque de bambú del aeropuerto de Salvador y en la
zona rural de São Sebastião do Passé - BA, fue posible instigar y entusiasmar a muchos participantes sobre
el tema. Además de expandir la red de “bambuzeiros”, también fue posible mantener debates sobre
estrategias de gestión del bambú en las ciudades junto con agencias municipales y estatales.
PALABRAS-CLAVE: bambú. cadena productiva. experienciais. arquitectura.
INTRODUÇÃO
Há algum tempo se começou a pensar nos impactos na natureza e em nossas vidas com a
exploração contínua dos recursos naturais. Em tão breve tempo, na existência da humanidade,
sustentabilidade e desenvolvimento sustentável tornou-se o “objeto” desejado, seja por rótulos,
seja pela causa. Levando-nos a crer em uma solução harmônica entre o indivíduo e a natureza.
Essa mesma construção civil, aqui no Brasil, se encontra envolvida na pragmática concreto-aço e
permite-se muito pouco abrir para outra possibilidade, sendo que “[...] os materiais
industrializados mobilizam vastos recursos financeiros, consomem enorme quantidade de
energia e requerem um processo centralizado. [...]” (GHAVAMI, 2005). Levando em
consideração esse cenário “[...] são intensas as pesquisas em andamento sobre materiais não
poluentes, como fibras vegetais, bambu, terra. Com base nos estudos sobre o seu
comportamento e sua utilização, esses materiais vêm se apresentando como alternativos na
construção. [...]” (GHAVAMI e PERAZZO, 2007)
Destacamos então o bambu, “uma planta tropical, perene, renovável e que produz colmos
anualmente sem a necessidade de replantio [...]. Além de ser um eficiente sequestrador de
carbono, apresenta excelentes características físicas, químicas e mecânicas. ” (BERALDO e
PEREIRA, 2016). Segundo o Hidalgo Lopéz (1981), o bambu pode ser aproveitado em suas
diversas idades servindo de alimento até a construção civil (Figura 1.1). Os usos do bambu estão
espalhados pelo mundo e vem sendo desenvolvido durante milênios, na China, Japão, Índia,
Vietnã, também como, na Colômbia, Peru, Equador e outros. O baixo custo, a abundância e
facilidade de manejo agregam ainda mais sua importância para camadas da sociedade
possibilitando uma produção descentralizada, onde comunidades podem manter uma cultura
produtiva integrada ao desenvolvimento econômico, social e ecológico local.
Figura 1.1: Usos do bambu (Guadua Angusfolia) e suas idades. Fonte: LOPÉZ, 1981.
No Brasil, ver-se um vasto território na região tropical de condições propícias para o cultivo do
bambu e sua presença comprovada (Figura 1.2), no entanto, a falta de conhecimento sobre as
espécies no país, poucas pesquisas específicas e as informações disponíveis com divulgação
ineficiente termina por ser pouco difundida e aproveitada em seu potencial (BERALDO e
PEREIRA, 2016).
Figura 1.2: Distribuição do Bambu no Mundo de 1960. Fonte: LOPÉZ, 2003.
A partir disso, a pesquisa intitulada “Saberes e práticas construtivas com bambu” da Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia – FAUFBA, iniciada em 2018,
pretende estudar e fortalecer as ações já iniciadas no Brasil, contribuindo para os desafios
encontrados na tentativa de valorização e popularização do uso do bambu de uma forma
consciente na Bahia e outras regiões que possuem bambu em abundância, a partir do
entendimento do seu ciclo de vida e alternativas de construções apropriadas ao clima quente e
úmido.
Figura 2.1: Local de tratamento (esquerda) e bambus tratados (direita). Fonte: Autoras, 2019.
Figura 2.3: Cartaz de divulgação. Fonte: Autoras, 2019.
Figura 2.4: Cartaz da programação. Fonte: Autoras, 2019.
Figura 2.5: Cartaz da programação. Fonte: Autoras, 2019.
Para a realização deste evento conseguimos contar com os seguintes recursos financeiros e
apoios/suportes: a) Incrições e emissão de certificados utilizando o Sistema de Gerencia de
Eventos – GERE da UFBA; b) Taxa de inscrição (R$100,00 para profissionais e entusiastas,
R$50,00 para estudantes e insento para estudande PROAE e comunidades de São Sebastião do
Passé e Vila de Abrantes). O valor foi depositado na conta do Sindicato Rural de São Sebastião
do Passé (parceiro do projeto de extensão); c) apoio financeiro da Federação da Agricultura –
SENAR e a Associação Nippo Cultural de Salvador; d) Apoio da Prefeitura de Salvador e Base
Aérea de Salvador (para mobilização da oficina no bambuzal do aeroporto); e) apoio da Camara
Municipal de São Sebastião do Passé e a Prefeitura de São Sebastião do Passé (para apoio
logístico de hospedagem dos mestres convidados e transporte dos participantes para o
deslocamento das oficinas em São Sebastião do Passé). Contávamos com o tranporte da UFBA
para o translado (Salvador – São Sebastião do Passé) dos inscritos para as oficinas, mas no atual
contexto de cortes nas universidades, não foi possível. Conseguimos resolver essa demanda
através de caronas entre os participantes; f) apoio de monitores (5) além da equipe da
organização para os dias do evento.
Seminários
Eng. Florestal e bioconstrutor Bruno Salles, do bioconstrutor Jefferson Cruz e do artesão João
Aparecido Nunes. Os quais trouxeram suas experiências tanto acadêmicas e/ou práticas de
cultivo à construção sobre o bambu, estando na linha de frente do movimento de disseminar as
boas práticas do bambu no Brasil. Dos participantes que atenderam aos questionários, a maioria
residem em Salvador-BA e não tinham contato algum com o bambu, mas tinham interesse na
bioconstrução. Os seminários e as mesas abrangeram assuntos desde as características
fisiológicas, químicas e mecânicas do bambu, das políticas, das normas às aplicações em suas
diversas escalas (do artesanato à contrução), dos processos de projetação e da construção com
bambu.
Não obstante, a cadeia produtiva, essa em essencial, mostrou-se deficiente no país, mais ainda
nas regiões do nordeste. Pois, para se pensar em construir com bambu, deve-se incentivar o
plantio através de produção de mudas, realizar o manejo correto, o corte, o tratamento
adequado, pensar-se no transporte, a distribuição… Ter pessoas capacitadas para realizar tais
atividades da produção, processamento, projeto, execução e manutenção. Apesar de se mostrar
mais ecológico e econômico, neste quesito econômico, só torna-se viável quando se tem
material disponível próximo e processado. Para isso é necessário também que haja demandas,
apoio técnico-científico e político. Foi discutido também a importância do papel social do
bambu, pela versatilidade, velocidade de crescimento e possibilidades de cultivo em climas do
Brasil.
Um ponto discutido que vale ressaltar, foi sobre a normatização. O prof. Normando Perazzo
(UFPB), que faz parte da comissão de elaboração das normas de bambu, relatou que está para
sair a – Norma Brasileira para estruturas de bambu – e estará aberta para consulta pública em
2020. Foi aberta no período de março deste ano de 2020. O prof. Antonio Beraldo, afirmou que
uma das grandes dificuldades de testes tecnológicos de caraterização do bambu, é provido pela
falta de normatização. Pois, até então, é recomendado a utilização de normas para madeira
como parâmetro, porém, os materiais possuem propriedades e consequentemente
comportamento muito diferentes. A normatização trará benefícios para parametrização dos
ensaios, o controle de qualidade, a legibilidade frente aos órgãos de licenciamento para a
construção nas cidades. Foi questionado pela platéia, se a norma não limitaria a exploração de
possibilidades com o material. Este foi respondido de que ainda há muitas pesquisas e
experimentações a se fazer com as diversas espécies de bambu existentes no país, portanto esta
primeira norma, trará parâmetros gerais para o modo de ensaios e orientações de usos já
testados e validados, não estaria limitando e sim poderá incentivar novos estudos.
Figura 3: Dia de palestra do seminário. Fonte: Autoras, 2019.
Oficinas
As oficinas práticas aconteceram no dia 18/09/2019 (dia mundial do bambu) e nos dias 20 e
21/09/2019. Contaram com a equipe da FAUFBA e os convidados Bruno Salles, Jefferson Cruz,
João Aparecido Nunes e Lúcio Ventania. Vale ressaltar que, uma das grandes dificuldades
durante a pesquisa foi encontrar espécies variadas de fornecedores de bambu próximos a
Salvador-BA para experimentações e realização das oficinas. Dos que encontramos em
abundancia é o da espécie Bambusa Vulgaris e algumas outras poucas espécies como o
Dendrocalamus Asper, Guadua e o Phillostachys Aurea (conhecido como canada índia) em
bordas de estradas, reservas ambientais e sítios privados. Mas, esses não estão disponíveis, ao
ponto de adquirir processado (cortado, tratado). O mais próximo fornecedor que encontramos
foi de um sítio em Serra Grande, no sul da Bahia.
No dia 18/09 pela manhã, realizamos a oficina de manejo de bambu no bambuzal do aeroporto,
cartão postal de Salvador. Além dos inscritos no evento, tivemos a presença de órgãos e
técnicos da prefeitura e estado relacionados a preservação e manutenção das áreas verdes da
cidade e os envolvidos do aeroporto. Esta oficina teve como objetivo a aproximação com o
bambuzal, o manejo e o início de uma capacitação dos técnicos dos órgãos públicos. (Figura 4.1
e 4.2). Esta oficina resultou em desdobramentos futuros dos mestres junto a FAUFBA e o
município de preparar uma Nota Técnica que trata de como cuidar e preservar o bambuzal do
aeroporto de Salvador.
Figura 4.1: Oficina no bambuzal do aeroporto de Salvador. Fonte: Autoras, 2019.
Figura 4.2: Encerramento da oficina no bambuzal do aeroporto de Salvador. Fonte: Autoras, 2019.
Pela tarde do dia 18, foi realizado a oficina de construção no espaço do canteiro da FAUFBA.
Contamos com uma presença muito forte do corpo estudantil, onde foi ensinado diversas
técnicas de construção com bambu. O Jefferson ministrou a oficina com bambu ripado (Figura
4.3), o Bruno Salles a “esterilla” com argamassa de terra (Figura 4.4) e o João Nunes, os tipos de
conexões entre o bambu (Figura 4.5). Para as duas primeiras oficinas utilizamos os bambus da
espécie Bambusa Vulgaris, cedidas pelos parceiros de São Sebastião do Passé – BA e tratados
com borax previamente pela equipe. E para a terceira oficina, utilizamos o Phylostachys Aurea
que foram adquiridos de uma oficina anterior.
Figura 4.3: Oficina de estrutura com bambu ripado. Fonte: Autoras, 2019.
Figura 4.4: Oficina de bambu com terra. Fonte: Autoras, 2019.
Figura 4.5: Oficina de conexões. Fonte: Autoras, 2019.
Nos dias 20 e 21/09, aconteceram as oficinas na zona rural do município de São Sebastião do
Passé – BA. O primeiro realizou-se no Assentamento 3 de Abril contando com a presença da
comunidade Rainha dos Anjos1, parceiros do projeto de extensão para as trocas de
1
São famílias assentadas pelo INCRA desde o ano de 1997, que tem por característica básica o trabalho com a terra,
vem buscando alternativas de sustentabilidade, fixação ao campo e geração de renda. Estas famílias ocupam um
território onde foi plantado uma colonia de bambus para uma antiga indústria de papel que faliu, porém como não
tem conhecimento sobre o potencial deste material, utiliza-os somente para fins de lenha e cercas.
conhecimentos do bambu como uma via de mão dupla, consolidando entre eles os saberes para
a sua continuidade e um beneficiamento sustentável do assentamento.
Estas oficinas foram ministradas pelos mestres Lúcio Ventania, Bruno Salles, João Nunes e
Jefferson Cruz, onde retomaram a apresentação da planta, suas características e potenciais;
enfatizaram o espírito e poder de transformação da planta. Foram realizados na prática
atividades de limpeza, identificação das idades dos bambus, manejos e cortes utilizando
ferramentas e máquinas providenciadas pela organização (Figura 4.6).
Figura 4.6: Oficina no Assentamento 3 de abril, São Sebastião do Passé. Fonte: Autoras, 2019.
No dia seguinte a oficina deu continuidade no sítio do Sr. Getúlio Santana contando também
com a participação da comunidade Rainha dos Anjos. Foram ministradas: oficinas de produção
de mudas, plantio e tratamento com sulfato de cobre (0,5kg) + ácido bórico (1kg) + água (100L)
com o Bruno Sales (figura 4.7); oficinas de tratamento do bambu à fogo e técnicas de curvar o
bambu com o Lúcio Ventania (figura 4.8) e; oficina de construção de artefato e movelaria com o
João Nunes (figura 4.8). Nesses dois dias de oficina contamos com o almoço preparado pela
comunidade, valor a parte pago por todos e, o transporte interno dos participantes
disponibilizado pela Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente do Município de São Sebastião
do Passé - BA.
Figura 4.7: Oficina de como produzir mudas (esquerda), oficina de como plantar as mudas (direita). Fonte: Autoras, 2019.
Figura 4.8: Oficina de tratamento do bambu por aquecimento (esquerda) e oficina de movelaria (direita). Fonte: Autoras, 2019.
Exposições
A exposição foi bem diversificada em material, se deu através de: mostra de painéis, maquetes,
artefatos, mobiliários e vídeos. Os integrantes da pesquisa produziram painéis das arquiteturas
em bambu, algumas referências encontradas aqui na Bahia e no Brasil, selecionadas por
diferentes técnicas construtivas. Junto aos painéis foram expostos maquetes de obras, detalhes
e estudos de geometrias e estruturas com bambu. Expomos também os estudos dos estudantes
da disciplina optativa TECTÔNICA (Figura 5.1). Os artefatos e mobiliários em bambu foram
pertences emprestados dos professores e mestres bambuzeiros (figura 5.2). A mostra de vídeos
foi montada no espaço próximo da exposição. Foram selecionadas uma coletânea de
publicações relacionados aos saberes e práticas com bambu (Figura 5.3). A exposição aconteceu
durante todos os dias de seminário. Teve como objetivos encantar e desconstruir a imagem
depreciativa (material de pobre) que ele tem no Brasil de modo geral.
Figura 5.1: Exposição de Maquetes e painéis. Fonte: Autoras, 2019.
Figura 5.2: Exposição de utensílios e painéis. Fonte: Autoras, 2019.
Figura 5.3: Mostra de vídeos. Fonte: Autoras, 2019.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O evento ocorrido entre 17 e 21 de setembro de 2019, foi mais uma passo para o projeto de
extensão “Saberes e práticas construtivas com bambu”. Todo o evento foi fruto da pesquisa,
buscando referências bibliográficas, mestres e profissionais da área, instituições envolvidas na
transmissão de conhecimento para assim, formatar algo que pudesse ser um passo além da
pesquisa. O evento buscou fomentar discussões não apenas sobre o bambu, mas como ele pode
estar associado a outros materiais e que precisamos conhecer mais para as novas
possibilidades.
As atividades geraram resultados significativos como: o interesse de saber mais sobre o bambu
por parte dos participantes; a expansão da rede de divulgação e disseminação; a produção de
protótipos de estruturas com as técnicas ensinadas que servem de continuidade para a pesquisa
e; estabelecimento de novas parcerias que surgiram a partir do convívio intenso de atividades.
Além do fortalecimento de laços da equipe com as comunidades da Rainha dos Anjos do
Assentamento 3 de Abril, os quais seguem parceiros no projeto de extensão. Realizamos o
feedback com eles em uma visita posterior, e as respostas foram positivas no sentido de que há
um maior desejo da comunidade em aprender, experimentar e até reaver técnicas antes
produzidas por eles com bambu. Notamos que é importante esse acompanhamento com maior
periodicidade para que haja uma maior troca de dúvidas para melhor apropriação dos
conhecimentos.
Dentre as reflexões de melhoria para os próximos eventos, vimos que podemos melhorar a
parte da comunicação / divulgação para obtermos um alcance maior de pessoas. Devido a
equipe reduzida para organização, houveram acúmulo de funções, o qual podemos sanar
ampliando a equipe e montar novas estratégias de comunicação.
REFERÊNCIAS
BERALDO, Antonio; PEREIRA, Marco. Bambu de corpo e alma. Bauru, SP: CANAL 6 EDITORA, 2016. 2ª ed.
GHAVAMI, Khosrow; MARINHO, Albanise B. Propriedades físicas e mecânicas do colmo inteiro do bambu
da espécie Guadua angustifolia. Revista de Engenharia Agrícola e Ambiental. Campina Grande:
DEAg/UFGC, v. 9, n.1, p. 107-114, 2005.
GHAVAMI, Khosrow; PERAZZO, Normando. BAMBU. In: Materiais de Construção Civil e Princípios de
Ciência e Engenharia de Materiais. São Paulo: ed. G. C. Isaia. - IBRACON, 2017. pp 1556-1582. 3ª ed.
Volume1.
LÓPEZ, Oscar Hidalgo. Manual de Construcción con bambú. Cali, Colômbia: Estudios Técnicos
Colombianos Ltda, 1981.
_________________. Bamboo: the gift of the gods. Bogotá, Colômbia: D’vinni Ltda, 2003.