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Manufatura de classe mundial (WCM) como uma jornada de mudança


organizacional: o caso de uma rede de fornecedores da indústria
automobilística

Conference Paper · May 2014

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Raoni Barros Bagno


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Manufatura de classe mundial (WCM) como uma jornada de
mudança organizacional: o caso de uma rede de fornecedores da
indústria automobilística

Fabiana Figueiredo Gonçalves (PUC Minas) fabs_mmtc@hotmail.com


Igor Augusto Dantas Guimarães (PUC Minas) igor_augusto_dg@hotmail.com
Raoni Barros Bagno (PUC Minas) rbagno@pucminas.br

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo apresentar qual a aderência entre os
cuidados e práticas recomendados pela literatura de mudança organizacional na
implementação do World Class Manufacturing (Manufatura de Classe Mundial) em uma rede
de fornecedores de uma montadora de automóveis. A literatura que trata da Mudança
Organizacional traz uma série de recomendações e propõe fases pelas quais se deveria
conduzir programas organizacionais que envolvam mudança ou reestruturação. O estudo
busca neste arcabouço elementos para uma análise crítica do WCM enquanto programa que
propõe mudanças em prol da maior produtividade industrial. Como estratégia metodológica
busca-se analisar qual é a percepção das empresas quanto ao processo de implementação,
observando a presença ou ausência de critérios teóricos de mudança organizacional e sua
relação com o resultado percebido do programa. O procedimento adotado foi um estudo de
caso múltiplo com respondentes da montadora e dos fornecedores. E o instrumento de
pesquisa foram entrevistas semi estruturadas. Dentre as principais conclusões do estudo
destacam-se as dificuldades para conciliar as atividades do dia a dia com as atividades
propostas pelo WCM, as consequências da falta de comunicação e os desafios enfrentados
pelos gerentes para interligar e equilibrar todas as peças do programa de mudança.
Palavras-chave: Manufatura de classe mundial; Indústria Automobilística; Lean
Manufacturing; Mudança Organizacional.

1. Introdução
O World Class Manufacturing, também conhecido como Manufatura de Classe
Mundial, teve suas origens no Sistema Toyota de Produção. (KETTER, 2006). O Lean
Manufacturing, por sua vez, teria surgido ao longo da década de 50 na Toyota Motor
Company. Após uma visita à fábrica Rouge da Ford, o maior e mais eficiente complexo fabril
do mundo daquela época, os engenheiros da Toyota perceberam uma oportunidade de
aperfeiçoar o modelo de produção em massa americano, adequando-o à difícil situação do
Japão pós-guerra. Esse novo modelo de produção foi estudado e denominado na década de 80,
como Produção Enxuta. (WOMACK; JONES; ROOS, 2004).
De acordo com o Lean Institute Brasil (2013), a adoção dessa mentalidade tem trazido
resultados extraordinários para as empresas que a praticam, ainda que poucas delas tenham
realmente conseguido replicar totalmente o sucesso e a eficiência operacional alcançados pela
Toyota. Originalmente concebida como prática de manufatura, a mentalidade tem sido

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gradualmente disseminada em empresas dos mais diferentes tipos e setores, tornando-se
efetivamente uma filosofia e uma cultura empresarial.
Assim, desenvolve-se em cada empresa um sistema de produção específico, mas
espelhado no Toyota Production System (TPS). Porém, os resultados obtidos não tem sido os
mesmos porque todas as organizações, hoje, estão inseridas em contextos socioeconômicos
que não as permite refletir as necessidades então vivenciadas pela Toyota. (OHNO, 1997).
De acordo com Martins (2011), o WCM é um conjunto de conceitos, de princípios e
de técnicas para a gestão dos processos operativos de uma empresa. O primeiro registro do
termo foi feito por Richard Schonberger, que escreveu o livro: "World Class Manufacturing:
The Lessons of Simplicity Applied", como resultado de suas experiências nos Estados Unidos.
Em 2005 o Dr. Hajime Yamashina, Professor Emérito da Universidade de Kyoto e membro
da RSA (Royal Swedish Academy of Engineering Sciences), desenvolveu o WCM junto à
FIAT e algumas empresas parceiras. Vale ressaltar que na montadora o WCM é o nome de
um programa, não de um arcabouço teórico. Assim quando Schonberger (1986) fala de
manufatura de classe mundial, ele não está se referindo ao programa da montadora, ainda que
conceitos, técnicas ou até mesmo ferramentas possam convergir.
Em 2005, dois planos pilotos foram criados como alternativa para alavancar uma
recuperação diante do momento de crise vivenciado por uma montadora na Europa. Com o
sucesso do programa em 2006, tomou-se uma boa prática estender a nova metodologia para
outras plantas e alguns de seus respectivos fornecedores. Surge então um programa de
implantação do WCM em toda a cadeia produtiva liderado pela montadora, detentora de
governança desta cadeia. A efetivação desse programa de produtividade, vista pela ótica da
teoria de Mudança Organizacional, passa por uma série de fases que devem seguir uma ordem
lógica exigindo disciplina e monitoramento constante. Estabelecer um senso de urgência,
formar uma poderosa coalisão orientadora assim como criar e divulgar a visão são algumas
das etapas para garantir sucesso na transformação da organização. Para uma análise sob
diferentes perspectivas busca-se analisar qual é a percepção das empresas quanto ao processo
de implementação, observando a presença ou ausência de critérios de mudança organizacional
e sua relação com o resultado do programa.
Este artigo tem o objetivo de comparar o processo de implantação da montadora e seus
fornecedores com as recomendações sugeridas na teoria de mudança organizacional,
enaltecendo diferenças, problemas, cuidados e boas práticas que estão perpassando durante a
institucionalização da nova cultura.
2. Revisão Bibliográfica
2.1 Sistema Toyota de Produção (TPS) e a Manufatura de Classe Mundial (WCM)
O TPS tem como base a eliminação dos desperdícios e é sustentado por dois pilares: o
Just in Time e a Autonomação (Automação com um toque humano). De acordo com Ohno
(1997) Just in Time significa que, em um processo de fluxo, as partes corretas necessárias à
montagem alcançam a linha somente no momento em que são necessárias e na quantidade
necessária. Já a Autonomação, é uma técnica que garante às máquinas o poder de evitar
problemas autonomamente, ou seja, dizer que uma máquina é automatizada com um toque
humano significa que a mesma está acoplada a um dispositivo de parada automática.

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