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Ex.mo Sr. Dr.

Juiz Federal da ª Vara Federal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro (RJ)

CELIA CAVINA BOANADA, brasileira, separada judicialmente,


fonoaudióloga, residente e domiciliada no Rio de Janeiro (RJ) na Estrada dos Bandeirantes,
nº 12.431, nº 10, Casa 14, Condomínio Flamboyant, Vargem Pequena, CEP 22.783-116, por
seu advogado infra-assinado (doc. n° 01), que, para fins do art. 39, inciso I, do CPC,
mantém escritório na Rua Anfilófio de Carvalho, 29, 8° andar, Centro, Rio de Janeiro, RJ,
com fundamento no art. 5º, inciso LXIX da Carta Magna e na forma do Art. 1º da Lei
1.533/51, respeitosamente vem propor a presente AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER, com
PEDIDO LIMINAR em face do 7° COLEGIADO DO CONSELHO REGIONAL DE
FONOAUDIOLOGIA - 1ª REGIÃO, Autarquia Federal criada pela Lei 4.769 de 09/09/65,
cuja regulamentação se procedeu através do Decreto 61.934 de 22/12/67, com sede na Rua
Alcindo Guanabara, 25/10° andar, Centro, Rio de Janeiro(RJ), CEP 20.031-130, pelas razões
de fato e de direito seguintes:

DOS FATOS

A AUTORA formou-se nos idos de 1986 e obteve sua inscrição junto


à RÉ, sob o nº 6.187, que lhe emitiu carteira de identidade em 30/05/1992.

Desempregada, sem recursos para prover o seu sustento e de seus


dois filhos e, na ocasião, recém separada de seu marido (docs. anexos), a AUTORA viu-se
obrigada a priorizar os seus compromissos para garantir a sua sobrevivência e deixou de
pagar suas anuidades de 1997 e 1998 e a multa eleitoral de 1997.

Resultou que o seu registro na RÉ foi cancelado no ano de 1999.

R. Anfilófio de Carvalho, nº 29, 8º andar, Centro Fone: +55 (21) 2524-5909 Fax: 2524-5655
20.030-060 Rio de Janeiro ( RJ ) Brasil Email: profinance@ramalho.adv.br
Embora continuasse desempregada, nesse mesmo ano de 1.999, a
AUTORA fez um esforço brutal e mediante parcelamento de seu débito com as anuidades,
obteve nova inscrição junto à RÉ, sob o nº 9.267.

Exercendo a sua profissão, a AUTORA, com muito sacrifício,


conseguiu liquidar as anuidades de 1999 e de 2.000, mas não conseguiu, permanecer
adimplente.

E mais, a sua dívida pregressa foi objeto de execução. Como o seu


cadastro estava desatualizado junto à RÉ, não tomou ciência das graves conseqüências
decorrentes de seu não pagamento.

É que, no mês corrente, ao extrair certidões necessárias à venda do


imóvel que habita visando regularizar a sua situação, verificou que uma delas apontava
existir execução fiscal por parte da RÉ.

Desesperada, buscou promoveu inaudito esforço para liquidar o


débito – o que ocorreu, mas, no correr desse procedimento, a AUTORA também foi
informada de que a sua inscrição nº 9.267 também tinha sido cancelada e que perdera esse
número. Solicitou a manutenção desse número de inscrição, mas informaram-lhe,
verbalmente, que não seria restaurado e que deveria promover novo registro definitivo.

Exa., a AUTORA está em processo de formação de consultório com


outras fonoaudiólogas, visando a sua mantença, de sua família e mais, exercer a sua
profissão.

É crucial, para a AUTORA, manter esse número, porque todo o


material de divulgação desenvolvido e toda a regularização jurídica junto aos órgãos
municipais e federais tomam por base essa inscrição nº 9.267.

Verifique o exemplo da OAB (Conselho, como o CFFª), que por


problemas cadastrais divulgados na imprensa e, inclusive, para coibir falsificações, reemitiu
as carteiras de identidade para os advogados, mas ao recadastrá-los, manteve o mesmo nº
de inscrição, porque avaliou a extensão do transtorno que acarretaria aos profissionais, se
alterasse o número de suas inscrições nas OAB Regionais.

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De igual forma, a Secretaria da Receita Federal ao cancelar nº de
CPF de contribuinte por qualquer motivo, quando este último liquida as suas obrigações
fiscais, restaura o mesmo nº anterior do CPF, a fim de evitar duplicidade e fraudes, como
ocorreu no seu cadastro.

A AUTORA curva-se à medida disciplinar da RÉ, que lhe inabilitou exercer a


profissão; entretanto, enfatiza que só não cumpriu com suas obrigações, por fatos que
excederam a seu controle e vontade.

Não questiona a necessidade de recadastramento, mas pondera que


a RÉ não destrua as cópias do seu Diploma de conclusão, da sua carteira de identidade,
titulo de eleitor, CPF e demais documentos utilizados em seu registro anterior, que também
foi registro definitivo, que não foram modificados e que conferiram para a RÉ o
convencimento de que a profissional está apta a nele se inscrever.

Sendo assim, com a devida permissão interpretativa, a AUTORA


deveria ter a REINTEGRAÇÃO DE REGISTRO, porque esteve inscrita e perdeu o seu registro,
embora não por iniciativa própria, mas porque não cumpriu determinadas obrigações de
pagar.

Ante o exposto, fiando-se na sua razoabilidade de entendimento,


RECORRE ao Poder Judiciário para REQUERER que lhe seja deferido o direito de REINTEGRAR
O SEU REGISTRO, mantendo o seu mesmo número de inscrição até para proteção cadastral
da própria RÉ e por ser da mais lídima justiça.

O DIREITO

A AUTORA enfatiza que o registro no E. Conselho não se confunde


com o número de inscrição atribuído a registro por Conselho Regional de Fonoaudiologia.

A legislação federal ( 1) menciona que os profissionais se


INSCREVAM e que os Conselhos Regionais ORGANIZEM e DISCIPLINEM os registros.

1
Lei 6.965/81: “Art. 12 - Compete aos Conselhos Regionais: VII - organizar, disciplinar e manter atualizado o registro
dos profissionais e pessoas jurídicas que, nos termos desta lei, se inscrevam para exercer atividades de
Fonoaudiologia na Região; ………” (omissões estranhas ao original)

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Essa mesma norma federal determina o cancelamento do
2
REGISTRO, como pena máxima disciplinar( ), a qual foi aplicada à AUTORA, o que não
deseja discutir, até porque não é o caso, no momento.

O Decreto Federal, regulamentador da profissão, reproduz( 3) a Lei


Federal na matéria particular objeto da presente. Confira-se o inciso VII do Art. 13.

Ao tratar da Identidade Profissional (Capítulo VI Do Registro e da


Carteira de Identidade Profissional) referido Decreto Federal determinou ( omissões e destaques
não constam do original):

“Art. 23 - Os profissionais … só poderão exercer legalmente a


profissão, mediante prévio registro …… nos órgãos competentes e
após serem portadores da Carteira de Identidade Profissional de
Fonoaudiólogo.
Art. 24. A todo profissional devidamente registrado será fornecida
uma Carteira de Identidade Profissional de Fonoaudiólogo, numerada
e assinada pelo Presidente do respectivo Conselho Regional de
Fonoaudiologia, e, se assim requerer o interessado, um cartão de
identificação.”

Esse mesmo Decreto determina como Dever Fundamental do


Fonoaudiólogo, entre outros, aquele de:
“VI) utilizar, obrigatoriamente, seu número de registro no conselho
onde estiver inscrito, em qualquer procedimento ou ato
fonoaudiológico, acompanhado da rubrica ou assinatura;” (Art.
9º).

Exa., este é o busilis da questão apresentada pela AUTORA.

A AUTORA não quer discutir se deve ou se não deve registrar


novamente, tanto que torna a apresentar todos os documentos requeridos para inscrição na
RÉ.

Mas é o número de “inscrição nº 9.267” que é crucial, tendo em


vista o enorme esforço e investimento que a mesma empreendeu com seus parcos recursos,
não só em material de divulgação como e principalmente, porque esse nº 9.267 é utilizado

2
Lei 6.965/81: “Art. 22 - As penas disciplinares consistem em: …… V - cancelamento do registro profissional. ”
(omissões estranhas ao origina). §6º - A suspensão por falta de pagamento de anuidades, taxas ou multas só
cessará com a satisfação da dívida, podendo ser cancelado o registro profissional se, após decorridos 3 (três)
anos, não for o débito resgatado.”(grifo estranho ao original)
3
Dec. 87.218/82: “Art. 4º. Para o exercício da profissão de Fonoaudiólogo é obrigatória a apresentação da
carteira de identidade de Fonoaudiólogo. Art. 5º. A falta de registro torna ilegal e punível o exercício da profissão de
fonoaudiólogo.”

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em toda a regularização jurídica junto a órgãos municipais e federais e convênios com
órgãos de tratamento da saúde.

O Conselho Federal, ao tratar do número de registro de inscrição em


Conselho Regional admite duplicidade; ou seja que esse número seja repetido, acrescendo-
se outra informação em transferências( 4) (no caso “T” de transferido) e em registros em
mais de um Conselho(5) (no caso “S” de secundário).

O CFFa determinou manter-se o mesmo número de registro


original em qualquer situação, porque entende que essa numeração seqüencial é uma
questão meramente burocrática.

E que, ao ser reintegrado a Conselho Regional, o profissional


preserva o seu número de inscrição original, com fulcro na Res. CFFa 247/19.3.00, que trata
da matéria.

Em linha com a norma federal (transcrita acima, no item 1.5), o


Conselho Federal deu a esse número seqüencial a relevância cabível e pertinente. Assim
determinou nas hipótese citadas a MANUTENÇÃO DO MESMO NÚMERO DE INSCRIÇÃO.

E nem poderia ser diferente, até por uma questão de bom senso,
porque anteviu o problema enfrentado pela AUTORA, já exposto na presente.

A AUTORA torna a destacar os exemplos de conselhos similares,


como a OAB e do próprio Fisco, ao tratar do nº do CPF, mencionados em seu pedido inicial,
cujo tratamento é similar ao adotado pelo CFFa.

Ao dispor sobre o uso de títulos( 6) por Fonoaudiólogo, o CFFa até


determinou a forma de se exibir do nº de registro de inscrição no CRFa. Confira-se:
“Exemplo: Maria xxxxxxxxxxx
Fonoaudióloga Especialista em Audiologia
CRFa X Região nº XXXX

4
Res.CFFa 249/19.3.00, Art. 5º § 1º : “Nos casos de registro transferido, o registro profissional do
Fonoaudiólogo terá a sigla do CRFa de nova jurisidição, seguida de uma barra(/) e da letra”T” em maiúscula.
Exemplos: ………)
5
Res. CFFa233/01.8.99
6
Recomendação 5/08.06.2002 – “Art. 1º - O fonoaudiólogo que possui Título de Especialista, outorgado pelo
Conselho Federal de Fonoaudiologia, pode divulgar tal formação em seus receituários, cartões e carimbo,
informando a profissão, a especialidade e o número do registro de inscrição no CRFa”.

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Conseqüentemente, a AUTORA pondera a V.Exa.:

Porque em processos como o de transferência e o de registro


secundário em outros Conselhos Regionais não se modifica o número de registro de inscrição
e somente se adiciona uma informação?

Se, em processos mais graves, como baixa de inscrição, prevista em


norma legal, o nº de registro de inscrição no Conselho é cancelado, porque esse mesmo
número, na reativação do registro, é restaurado?

Como não há fundamento legal determinante da perda do número


de inscrição 9.267, porque a AUTORA deverá receber outro número, de registro ou de
inscrição?

A resposta é simples: É QUE O Nº DE REGISTRO DE INSCRIÇÃO


ASSUMIU RELEVÂNCIA FUNDAMENTAL PARA O FONOAUDIÓLOGO E NÃO PODE SER
DESTRUÍDO.

DOS PEDIDOS

A) Seja citada a RÉ, para responder aos termos da presente Ação, na


forma do art. 1.053 c/c 803 do Cód. de Processo Civil, sob pena
de revelia (art. 285 e 319 do CPC);

B) Considerando que o cancelamento do seu registro deveu-se por


falta de pagamento de anuidade e encargos em apenas 2
exercícios (1.999 e 2000) e que esse registro é condição essencial
para o exercício da profissão, REQUER, o seu registro pela RÉ;

C) Considerando que o número de registro de inscrição é meramente


seqüencial, e mais, que há mecanismos apropriados de
arquivamento e de registro organizacional aptos ao controle de
profissionais, além da simplória seqüência do número de
inscrição do registro e por fim, que há falta, inclusive, de previsão

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legal, REQUER, por força do exposto acima na presente, a
MANUTENÇÃO DO SEU MESMO NÚMERO 9.267.

D) finalmente, a condenação da RÉ nas custas processuais e em


honorários advocatícios, na base de 20% (vinte por cento) sobre
o valor atribuído à causa.

O PEDIDO LIMINAR

A pretensão da AUTORA agasalha-se no fumus boni iuris, já que


foram atendidos todos os requisitos exigidos na norma legal, tendo o seu direito reconhecido
pela própria RÉ.

O periculum in mora está presente, já que o número de


“inscrição nº 9.267” é crucial, tendo em vista o enorme esforço e investimento que a
AUTORA empreendeu com seus parcos recursos, não só em material de divulgação como e
principalmente, porque esse nº 9.267 é utilizado em toda a regularização jurídica junto a
órgãos municipais e federais e convênios com órgãos de tratamento da saúde.

Por conseguinte, a AUTORA requer liminarmente a permissão


de uso do mesmo número 9.267, até a decisão final desta lide.

PROVAS

Por fim, o deferimento de todas as provas permitidas em direito,


especialmente, documental, testemunhal e depoimento pessoal da RÉ, sob pena de
confissão.

Outrossim requer que, nas publicações, sempre conste o nome do


DR. FLÁVIO ALLEVATO RAMALHO, INSCRITO NA OAB/RJ SOB O N° 23.479.

Dá-se à presente o valor de R$1.000,00 (um mil reais).

Termos em que,
P. deferimento.
R. Anfilófio de Carvalho, nº 29, 8 andar, Centro
º
Fone: +55 (21) 2524-5909 Fax: 2524-5655
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Rio de Janeiro, 11 de maio de 2004.

Flávio Allevato Ramalho


OAB/RJ 23.479

Marcos Paulo Bernardo Pereira


OAB/RJ 108.847

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