Você está na página 1de 197

Departamento de Engenharia Mecânica

Sistemas Térmicos

Prof. Frederico Vieira de Lima

Fundação Mineira de Educação e Cultura – FUMEC

Aerospace Laboratory and Fabrication – ALFA-LAB

i
PREFÁCIO

Este livro foi elaborado de forma a atingir vários objetivos; de material de referência
para alunos, com sólido conteúdo para assistência nos estudos, até como material de auxílio
para docentes para a ministração de disciplinas voltadas ao dimensionamento e análise de
sistemas térmicos, em especial aqueles dedicados a sistemas de potência e usado em instalações
industriais. Para aplicação como material em um curso de graduação, este livro permite sua
utilização para a ministração de oito horas aulas em cada capítulo, ficando a critério do docente,
quais tópicos serão apresentados, podendo ser usado a totalidade de seu conteúdo, ou em partes,
de acordo com uma ementa específica.

Cada capítulo desenvolve um objetivo, que permitem aos estudantes conhecimentos


necessários para, a realização de projetos e análises dos mais variados tipos de sistemas
térmicos, além de estudos das principais técnicas de análise de desempenho e escolha de
critérios para aplicação das mesmas. O conteúdo de cada capítulo é acumulativo em relação ao
anterior, permitindo a construção gradual do conhecimento.

O capítulo dois trata, sem se aprofundar no mérito elementar dos fundamentos, de uma
revisão dos principais conceitos e princípios termodinâmicos e da mecânica dos fluidos,
aplicados aos sistemas térmicos. Serão revistos os princípios dos gases ideais, processos
isentrópicos, leis da termodinâmica e da conservação da massa (continuidade). Conceitos sobre
a dinâmica dos gases tais como as ondas de choque também serão relembrados ao leitor, que já
se pressupõe tenha ao menos um conhecimento básico do conteúdo.

O capítulo três descreve formas de se categorizar os sistemas térmicos a partir de seus


respectivos ciclos termodinâmicos e também de acordo com suas características de emprego.
Neste capítulo é possível se realizar analises e, a partir de modelamentos matemáticos
simplificados, estudos qualitativos de parâmetros para a qualificação de cada ciclo
termodinâmico, destacando suas vantagens e desvantagens do ponto de vista prático.

O capítulo quatro tem por finalidade descrever ao os ciclos motores ar-combustível.


Também serão feitos comentários sobre reações químicas presentes e características genéricas
presentes em todos os motores ar-combustível.

O quinto capítulo destaca os motores de combustão interna de regime não-permanente,


para tal ilustra os tipos de motores de dois e quatro tempos, seus componentes principais e faz
uma análise de seus respectivos ciclos termodinâmicos. Tambem são abordados ao longo do
capitulo alguns tipos não convencionais de ciclos com potencial para aplicação em motores de
combustão interna alternativos.

ii
O sexto capitulo fala sobre os ciclos de geração de potência a partir de instalações e
sistemas que usem vapor como fluido de operação. São destacados o ciclo Rankine e elaborados
cálculos práticos.

No capítulo sete, tem-se a apresentação dos sistemas térmicos referentes a geração de


potência associados a motores com operação de regime permanente. Apresenta-se os ciclos
utilizados e especifica-se cada tipo particular de motor, entre eles o turbojato, turboeixo e
turbofan, além do motor ramjet, são feitos exemplos de cálculos destes ciclos e comentados
suas aplicações.

Por fim no capitulo oito, tem-se as análises e descrições de sistemas térmicos aplicados
a refrigeração e condicionamento de ar. São destacados aspectos desde fluidos refrigerantes até
particularidade de instalação e apresentação de uma teoria complementar necessária para
analises destes sistemas.

Ao final de cada capítulo é possível encontrar uma série de exercícios com o desígnio
de reforçar a teoria apresentada, visando uma aplicação mais prática do conteúdo.

iii
Lista de Símbolos

𝑎 Velocidade do som local / primeiro coeficiente da equação de vorticidade genérica

𝛼 Ângulo da vazão de ar no plano absoluto em relação á direção axial

𝑎𝑐𝑜𝑟𝑑𝑎 Distância do ponto de maior arco sobre a corda

𝛼1´ Ângulo da pá na entrada da grade

𝛼2´ Ângulo da pá na saída da grade

𝛽 Ângulo da vazão de ar no plano relativo em relação á direção axial

𝑏 Razão entre os raios da raiz e da ponta / segundo coeficiente da equação de


vorticidade genérica/ diâmetro do pistão

𝐶 Velocidade absoluta

𝐶𝐷𝑝 Coeficiente de arrasto de perfil

𝐶𝐷𝑠 Coeficiente de arrasto secundário

𝐶𝐷𝑎 Coeficiente de arrasto de parede

𝐶𝐿 Coeficiente de sustentação

𝐶𝑚 Componente da velocidade no sentido meridional

𝑐 Corda

𝑐𝑎𝑥𝑖𝑎𝑙 Corda axial

𝑐𝑚 Corda meridional

𝑐𝑝 Coeficiente de calor específico a pressão constante

𝑐𝑣 Coeficiente de calor específico a volume constante

𝐷 Fator de difusão

iv
𝐷𝑒𝑞 Fator de difusão equivalente

𝑑 Razão das áreas transversais de corte

𝛿 Ângulo de desvio

𝛿𝑡 Cota da folga de topo

𝜀 Diferença entre a perpendicularidade do componente meridional com o quasinormal

𝜙 Ângulo da linha de curvatura de corrente em relação a direção axial

𝐻 Entalpia de estagnação/ altura da queda ou elevação de água

ℎ Entalpia estática / altura da pá no meio do arco da corda

ℎ𝑐 Curso do pistão

𝑖 Ângulo de incidência

𝐾𝐵 Coeficiente de bloqueio relativo a formação da camada limites nas paredes

𝐾𝑒𝑠𝑡𝑒𝑖𝑟𝑎 Coeficiente de bloqueio relativo a formação da esteira aerodinâmica

𝑘𝑚 Termo da linha de curvatura de corrente

Λ Grau de reação

𝜇 Viscosidade cinemática do ar

𝑚̇ Vazão mássica

𝑚 Segundo expoente da equação de vorticidade genérica

𝑀 Número de Mach

𝑀𝑐 Número de Mach crítico

𝑁 Número de pás da grade

𝑛 Primeiro expoente da equação de vorticidade genérica/ rotação em revoluções/seg.

𝜂𝑠 Eficiência isentrópica

𝛾 Razão entre os calores específicos do fluido

𝜃 Ângulo de encurvamento

𝜃𝑤 Espessura do momento da esteira da pá

𝜋 Constante matemática com valor aproximado de 3,1415


v
𝑃0 Pressão de estagnação

𝑃 Pressão estática

𝜌 Densidade

𝜎 Tensão mecânica

𝜆 Fator de trabalho útil

𝜆𝑚 Ângulo entre o quasi normal e a direção perpendicular ao sentido radial

𝑅 Constante universal dos gases / razão entre os raios na equação de vorticidade genérica

𝑟 Raio

𝑅𝑒 Número de Reynolds

𝑆 Entropia

𝑠 Espaço / entropia específica

𝑇 Temperatura estática

𝑇0 Temperatura de estagnação

Γ Circulação

𝑡𝑚 Espessura máxima da pá

𝑈 Velocidade tangencial

𝑢 Energia interna específica

𝜗 Volume específico

𝑉 Velocidade relativa

𝑊 Taxa de trabalho sofrido ou realizado pela turbomaquina/ potência térmica da máquina


térmica

𝑊𝑐 Velocidade relativa sônica

𝜔 Coeficiente de perdas

𝜔𝑟 Rotação

𝑟 Raio

𝑍 Coeficiente de compressibilidade
vi
𝜁 Ângulo de montagem

´ Referente a uma condição no plano relativo

₁ Referente a entrada da pá / grade

2 Referente a saída da pá / grade

* Referente ao ponto de projeto

vii
2 A TERMODINÂMICA E MECÂNICA DOS FLUIDOS APLICADA A SISTEMAS TÉRMICOS
11
A equação da conservação da massa ................................................................................. 11
A equação de estado.............................................................................................................. 12
Condições de estagnação, estática e dinâmica ................................................................. 13
A eficiência isentrópica ......................................................................................................... 14
Ondas de choque e o aumento de entropia ........................................................................ 16
Trabalho e potência................................................................................................................ 16
Primeira Lei da termodinâmica ............................................................................................. 18
Efeitos de compressibilidade ............................................................................................... 18
3 CICLOS MOTORES IDEAIS ............................................................................... 22
Classificação das máquinas térmicas ................................................................................. 30
Introdução aos motores de combustão interna ................................................................. 33
Relação ar-combustível ......................................................................................................... 35
Principais paramentos de motores alternativos ................................................................ 40
Elementos antidetonantes..................................................................................................... 43
Ciclo Otto ................................................................................................................................. 45
Ciclo Diesel ............................................................................................................................. 47
Ciclo Stirling ............................................................................................................................ 49
Ciclo Ericsson ......................................................................................................................... 51
4 CICLOS MOTORES AR-COMBUSTÍVEL ............................................................. 55
Modelagens matemáticas ...................................................................................................... 56
Aplicações ............................................................................................................................... 57
5 MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA DE REGIME NÃO PERMANENTE .............. 63
Motores de dois e quatro tempos de combustão por centelha ........................................ 63
Tempo de combustão num motor alternativo ..................................................................... 72
Cinemática do conjunto pistão-biela-virabrequim ............................................................. 74
Disposição geométrica do motor ......................................................................................... 93
Cilindros em linha .................................................................................................................. 94
Cilindros em "V" ..................................................................................................................... 94
Cilindros opostos (Boxer) ..................................................................................................... 94
Momento torsor e potencia ................................................................................................... 95
6 CICLOS DE POTÊNCIA A VAPOR ................................................................... 109
viii
Caldeiras: .............................................................................................................................. 111
Condensadores: ................................................................................................................... 115
Ciclo Rankine Simples ......................................................................................................... 116
Aplicações do ciclo Rankine ............................................................................................... 119
7 MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA DE REGIME PERMANENTE .................... 125
Ciclo Brayton e suas derivações ........................................................................................ 125
Ciclo de propulsão a jato..................................................................................................... 137
8 CICLOS DE REFRIGERAÇÃO ......................................................................... 147
Ciclo de compressão de vapor ........................................................................................... 147
Sistemas típicos para condicionamento de ar e refrigeração ........................................ 154
158
Compressão multiestágio com inter-resfriamento .......................................................... 160
Exergia ................................................................................................................................... 171
Psicrometria .......................................................................................................................... 172
Mistura de dois escoamentos de ar ................................................................................... 180

ix
Visão geral sobre os sistemas térmicos

Os sistemas térmicos podem ser definidos de forma mais genérica possível como
aqueles os quais estão envolvidos o armazenamento e o fluxo de calor, quer seja ele
através de condução, convecção ou radiação. Com essa definição em mente é possível
notar a grandeza do espectro de sistemas possíveis de serem formados e que inclusive
podemos notar a nossa volta. Os exemplos de sistemas térmicos vão desde arranjos
destinados a refrigeração de sistemas que por sua vez tem uma emissão de calor excessiva,
tais quais os automóveis que usam motores de combustão interna através da reação
química de combustível e oxidantes. Exemplos de refrigeração domésticos como os
modernos sistemas compactos com evaporadores cada vez menores destacam o uso da
engenharia de sistemas térmicos presentes no dia a dia das pessoas.

Sistemas térmicos aplicados à geração de potência mostram uma serie de possíveis


configurações. Entre elas nota-se os ciclos de vapor (ou Rankine) muito usados em
sistemas cogeração de energia e em até mesmo usinas de energia, tal como as nucleares
ou térmicas. Motores de combustão interna de regime permanente ou não constituem a
espinha dorsal da propulsão dos principais meios de transporte da humanidade. Contando
com aplicações desde aviões a jato até motores de carros e ou motos com baixa cilindrada.

Portanto, o estudo dos sistemas térmicos, suas características, as formas de se


desenvolver cálculos a partir de seus ciclos termodinâmicos constituem um conhecimento
fundamental a todo engenheiro e técnico, responsável direta ou indiretamente na sua
concepção, manutenção e/ou operação, dada a complexidade de seus meios e
configurações.

10
2 A termodinâmica e mecânica dos fluidos
aplicada a sistemas térmicos

Devido ao fato de que as equações gerais de conservação da mecânica dos fluidos


(continuidade, quantidade de movimento e energia) em sua forma geral, serem bastante
complexas, neste capitulo serão brevemente revisadas os principais conceitos e equações
uteis ao estudo de sistemas e motores térmicos. Convém lembrar que muitas
considerações quando feitas de simplificações das equações estarão descritas no material
quando a mesma for empregada.

A equação da conservação da massa

Com o uso da equação da continuidade e dos requisitos de projeto de determinada


máquina termica, é possível de determinar as áreas da seção transversal de entrada e saída
da máquina, através de coordenadas polares ou retangulares.

A vazão mássica, em termos de coordenadas polares, numa seção circular,


aplicada ao projeto de um sistema térmico pode ser determinada como, ignorando os
termos de bloqueio devido à natureza viscosa dos fluidos:

𝑟𝑝𝑜𝑛𝑡𝑎
𝑚̇ = 2𝜋 ∫ 𝜌𝑟𝐶𝑎 𝑑𝑟 (2.1)
𝑟𝑟𝑎𝑖𝑧

A equação 2,1 relaciona as características de vazão, velocidade e área, para


determinada seção transversal de passagem do escoamento.

Para uma descrição mais simplificada no caso de um volume de controle com


apenas dois orifícios, pode-se determinar que a conservação da massa é descrita por:

𝑚̇ = (𝜌𝐴𝐶𝑎 )1 = (𝜌𝐴𝐶𝑎 )2 (2.2)

11
Onde o subscrito um e dois são referentes a uma seção de entrada e saída
respectivamente. Logo, para um fluido incompressível:

𝜌[(𝐴𝐶𝑎 )2 − (𝐴𝐶𝑎 )1 ] = 0 (2.3)

Aonde, para uma seção anular, com um raio de base 𝑟𝑟𝑎𝑖𝑧 e um na ponta 𝑟𝑝𝑜𝑛𝑡𝑎
tem –se:

𝐴 = 𝜋(𝑟𝑝𝑜𝑛𝑡𝑎 2 − 𝑟𝑟𝑎𝑖𝑧 2 ) (2.4)

Generalizando-se a equação da continuidade tem-se:

(2.5)
∑ 𝑚̇ = 0
𝑉𝐶

A equação de estado

Para a modelagem do comportamento do escoamento, o fluido será tratado como


ideal e sua constante de compressibilidade Z na equação 3.6 será igual a um. A densidade
da equação 3.1 pode ser encontrada através da Lei dos gases ideais:

𝜌 = 𝑃𝑅𝑍𝑇 (2.6)

Onde R, é a constante universal dos gases em unidades SI sendo seu valor igual a
287 J/ (kgK);

Uma grandeza de importância é a entalpia, que na forma da primeira Lei da


termodinâmica pode ser descrita pela equação 3.7, numa condição estática:

(2.7)

12
𝑃
ℎ=𝑢+
𝜌

Na forma diferencial a entalpia pode ser descrita em função da temperatura como:

𝑑ℎ = 𝑐𝑝 𝑑𝑇 (2.8)

Ou então, resolvendo-se a equação 2.8 para um coeficiente de calor específico


constante, 𝑐𝑝 :

∆ℎ = 𝑐𝑝 ∆𝑇 (2.9)

Condições de estagnação, estática e dinâmica

Em um escoamento, tem-se propriedades estáticas e de estagnação, sendo que esta


última, de uma forma objetiva, define a condição do fluido quando o mesmo é
desacelerado de uma determinada velocidade até uma condição de velocidade nula (ou
com velocidade absoluta igual a zero) adiabaticamente, ou seja, sem troca de calor com
o meio que o cerca.

Então, a partir da condição de estagnação, é possível se calcular as propriedades


estáticas no mesmo ponto. No caso da temperatura estática, podemos utilizar a seguinte
equação para encontrá-la:

𝐶2 (2.10)
𝑇 = 𝑇0 −
2𝐶𝑝

Ou através da equação 3.8, ambas no plano de referência absoluto:

2 + 𝐶 2) (2.11)
(𝐶𝑚 𝑡
𝑇 = 𝑇0 −
2𝐶𝑝

13
E a entalpia de estagnação pode ser determinada através da equação 3.9, por:

𝐻 = ℎ + 0,5𝐶 2 (2.12)

Para a determinação da entalpia em líquidos e vapor (saturado, comprimido ou


superaquecido), recorre-se a tabelas termodinâmicas presentes na literatura aberta.

A eficiência isentrópica

Uma grandeza de interesse que ajuda a quantificar as perdas em qualquer


dispositivo que realiza ou sofre trabalho de um determinado é a entropia. Há processos
teóricos ideais, em que o aumento de entropia é zero, ou seja eles são isentrópicos.

Em resumo, os processos isentrópicos são processos adiabáticos reversíveis, e a


partir da primeira lei da termodinâmica é possível descrever a seguinte relação:

𝛾
𝑃 𝑇 𝛾−1 (2.13)
=( )
𝑃0 𝑇0

Porém, se há a necessidade de se modelar um fenômeno de forma mais próxima


mais do real, necessita-se recorrer a definição de eficiência isentrópica, que é conforme
se segue, para máquinas que extraem energia do fluido, considerando o valor do
coeficiente de calor especifico a pressão constante, não variando em função da
temperatura:

𝑇𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 𝑟𝑒𝑎𝑙 ℎ𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑠𝑎𝑖𝑑𝑎 − ℎ𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎


𝐸𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝐼𝑠𝑒𝑛𝑡𝑟ó𝑝𝑖𝑐𝑎 = 𝜂𝑠 = = 𝜂𝑠 =
𝑇𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 ℎ𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 𝑠𝑎𝑖𝑑𝑎 − ℎ𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎

Para um gás ideal com calor específico constante, onde o subscrito 1 e 2 se referem
as seções de entrada e saída respectivamente:

14
𝑇𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑠𝑎𝑖𝑑𝑎 − 𝑇𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎
𝜂𝑠 =
𝑇𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 𝑠𝑎𝑖𝑑𝑎 − 𝑇𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎

Desenvolvendo-se essas relações em conjunto com a equação 2.13, chega-se ao


seguinte resultado:

𝛾−1
𝛾
1
𝑇01 − 𝑇02 = 𝑇01 𝜂𝑠 1 − ( ) (2.14)
𝑃01
𝑃02
[ ]

Analogamente para o caso de máquinas que fornecem energia ao escoamento,


através da realização de trabalho (ou dispositivo que sofre trabalho do escoamento),
considerando-se um gás ideal:

𝑇𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 ℎ𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 − ℎ𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 𝑠𝑎𝑖𝑑𝑎


𝐸𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝐼𝑠𝑒𝑛𝑡𝑟ó𝑝𝑖𝑐𝑎 = 𝜂𝑠 = =
𝑇𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 𝑟𝑒𝑎𝑙 ℎ𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 − ℎ𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑠𝑎𝑖𝑑𝑎

𝑇𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 − 𝑇𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 𝑠𝑎𝑖𝑑𝑎


𝜂𝑠 =
𝑇𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 − 𝑇𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑠𝑎𝑖𝑑𝑎

E para o caso do gás ideal, com calor específico constante, onde o subscrito 1 e 2
se referem as seções de entrada e saída respectivamente:

𝛾−1
𝑇01 𝑃02 𝛾 (2.15)
𝑇02 − 𝑇01 = [( ) − 1]
𝜂𝑠 𝑃01

15
A relação do aumento de entropia se dá em função de condições de referência e
do ponto que se está analisando. A variação de entropia, pode ser então determinada pela
relação:

𝑇
𝑐𝑝(𝑇) 𝑃 (2.16)
∆𝑆 = ∫ 𝑑𝑇 − 𝑅 𝑙𝑛
𝑇𝑟𝑒𝑓
𝑇 𝑃𝑟𝑒𝑓

Ondas de choque e o aumento de entropia

Alguns sitemas termicos podem ter sues escoamentos com velocidades locais
elevadas. Logo, deve-se considerar o possível surgimento de ondas de choque devido a
elevados números de Mach do escoamento. O número de Mach absoluto, pode ser
determinado por:

𝐶 (2.17)
𝑀=
𝑎

Em que o denominador, representa a velocidade do som local, conforme a equação


3.16:

𝑎 = √𝛾𝑅𝑇 (2.18)

Onde γ, é a relação entre os calores específicos:

𝑐𝑝
γ=
𝑐𝑣 (2.19)

Trabalho e potência

Para se quantificar o trabalho que um determinado volume de controle realiza,


pode se recorrer a relação, usada para se encontrar as equações de um processo
isentrópico, são elas:

16
𝐵
𝑊 = ∫ 𝑃 (∀) 𝑑∀ (2.20)
𝐴

Um exemplo que se tem é quando a pressão é uma constante em relação a variação


do volume, e resolvendo-se a integral da equação 2.20 tem-se a seguinte relação:

𝑊 = 𝑃∆∀ (2.21)

A potência pode ser descrita como a derivada temporal do trabalho, que através
de sua definição é dada por:

𝑑𝑊 (𝐹. 𝑑𝑠)
𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 = =
𝑑𝑡 𝑑𝑡

Onde ds/dt é a derivada temporal da posição, dado pela velocidade C.

(2.22)
𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 = 𝐹. 𝐶

EXEMPLO 2.1

Encontre o trabalho realizado por determinado pistão para comprimir um gás


dentro de um cilindro hermeticamente isolado (ou seja não troca calor com o meio) que
contenha a seguinte expressão de variação da pressão em relação ao volume ∀, sabendo
que o mesmo é comprimido do ponto A até o B:

𝑝(∀) = 𝐶1 ∀2 + 𝐶2∀ + 𝐶3

SOLUÇÃO

17
Resolvendo-se a integral do ponto A até o B:

𝐵
𝑊 = ∫ (𝐶1 ∀2 + 𝐶2∀ + 𝐶3) 𝑑∀
𝐴

𝐵3 𝐵2 𝐴3 𝐴2
𝑊 = (𝐶1 + 𝐶2 + 𝐶3𝐵) − (𝐶1 + 𝐶2 + 𝐶3𝐴)
3 2 3 2

𝐵 3 − 𝐴3 𝐵 2 − 𝐴2
𝑊 = 𝐶1 + 𝐶2 + 𝐶3(𝐵 − 𝐴)
3 2

Primeira Lei da termodinâmica

Conforme foi visto na relação isentrópica, a primeira lei diz respeito a conservação
energética em determinado volume de controle. A energia pode então ser convertida
através da realização de trabalho e/ou transferência de calor. Uma variação de energia
interna, ∆𝑈 pode ser quantificado como:

∆𝑈 = 𝑄 − 𝑊 (2.23)

Onde:

∆𝑈 = 𝑐𝑣 ∆𝑇 (2.24)

Efeitos de compressibilidade

Por definição, a constante universal dos gases pode ser descrita como:

(2.25)
𝑅 = 𝑐𝑝 − 𝑐𝑣

18
E o número adimensional 𝛾 pode ser descrito como na equação 2.19. Usando a
equação que descreve a velocidade do som, tem-se:

𝑐𝑝 (2.26)
√𝛾𝑅𝑇 = √( ) (𝑐𝑝 − 𝑐𝑣 )𝑇
𝑐𝑣

𝑐𝑝 − 𝑐𝑣 𝑐𝑝 (2.27)
√𝛾𝑅𝑇 = √( ) 𝑐𝑝 𝑇 = √(( ) − 1) = √(𝛾 − 1)𝑐𝑝 𝑇
𝑐𝑣 𝑐𝑣

𝐶
= 𝑎 = √𝛾𝑅𝑇 (2.28)
𝑀

E partindo da definição de condições de estagnação e estática:

𝐶 = 𝑀√𝛾𝑅𝑇 = 𝑀√(𝛾 − 1)𝑐𝑝 𝑇 (2.29)

𝐶2 (2.30)
𝑇0 = 𝑇 +
2𝑐𝑝

𝑇0 𝑇 𝐶2 𝑀2 (𝛾 − 1)𝑐𝑝 𝑇 (𝛾 − 1)𝑀2 (2.31)


= + =1+ =1+
𝑇 𝑇 2𝐶𝑝 𝑇 2𝑐𝑝 𝑇 2

E a partir das relações isentrópicas:

𝛾 𝛾
𝑃0 𝑇0 𝛾−1 (𝛾 − 1)𝑀2 𝛾−1 (2.32)
=( ) = [1 + ]
𝑃 𝑇 2

19
𝛾 1
𝜌0 𝑃0 𝛾−1 (𝛾 − 1)𝑀2 𝛾−1 (2.33)
=( ) = [1 + ]
𝜌 𝑃 2

Quando a velocidade é critica, diz-se que a mesma alcançou a velocidade do som,


ou seja o número de Mach é igual a 1. Logo, para 𝑀=1;

𝑇0 𝛾 + 1 (2.34)
=
𝑇𝑐 2

Combinando as equações de conservação de quantidade de movimento, energia e


massa, juntamente com as relações de velocidade de som chegamos a seguinte equação
que dita o comportamento de um escoamento subsônico, sônico e supersônico.

𝑑𝐶 𝑑𝐴 (2.35)
(𝑀2 − 1) =
𝐶 𝐴

Observando a equação 2.34 nota-se que:


𝑑𝐴 𝑑𝐶 𝑑𝐴
a) Se 𝑀 <1, e a área 𝐴
for negativa ,a velocidade irá crescer ( 𝐶 > 0) e se 𝐴
for
𝑑𝐶
positivo ( área aumenta ao longo da trajetória do escoamento) 𝐶
< 0,

𝑑𝐴 𝑑𝐶
b) Se 𝑀 =1, e a área 𝐴
for nula ,a velocidade ira se manter constante ( 𝐶 = 0),

𝑑𝐴 𝑑𝐶 𝑑𝐴
c) Se 𝑀 >1, e a área 𝐴
for positiva ,a velocidade irá crescer ( 𝐶 > 0) e se 𝐴
for
𝑑𝐶
negativo ( área diminui ao longo da trajetória do escoamento) 𝐶
> 0,

Logo para que sempre haja um aumento de velocidade deve-se assim que a
velocidade alcançou velocidade sônica (ou seja 𝑀 =1) fazer uso de um bocal divergente.
O que nossa leva ao conhecido arranjo de bocal convergente-divergente.

20
EXERCICIOS

1) Suponha um bocal em que a velocidade axial do escoamento na seção de entrada


do mesmo seja 150 m/s com uma pressão e temperatura de estagnação de 10 Bar
e 400 K respectivamente, e na sua seção de saída a velocidade axial seja 200 m/s.
Modele matematicamente o problema e encontre o raio externo de saída
considerando o escoamento compressível, e isentrópico. Sabendo que na entrada
o raio externo do bocal é 0,3 metros.

2) Repita o exercício 1, agora considerando uma eficiência isentrópica do bocal de


90 % (0,9) para o cálculo dos parâmetros de saída, e compare os resultados

3) Resolva o exercício 1 agora considerando o escoamento incompressível. Para as


velocidades impostas consideradas é razoável esta consideração?

4) Uma bomba radial opera com uma determinada vazão com velocidade de 10 m/s
na linha de sucção. Sabendo que a seção de entrada contém um raio externo de
0,2 m e externo de 0,1 m, e a densidade da água é de 1000 Kg por metro cubico.
Determine o raio de saída do impelidor (rotor) da bomba, sabendo que o mesmo
sai com uma velocidade de 20 m/s e a largura da seção circunferencial de saída é
0,08 m.

21
3 Ciclos motores ideais

Os ciclos termodinâmicos podem ser descritos como uma sequência de processos


que um sistema realiza para se obter trabalho do sistema ou de se realizar trabalho sobre
o sistema. Cada tipo de motor, por exemplo, tem um processo diferenciado para que se
obtenha trabalho do sistema. Neste capitulo serão abordados primeiramente uma revisão
dos principais ciclos associados a motores ideais, ou seja, aqueles que desconsideram
perdas devido a fenômenos dissipativos como o atrito, por exemplo.

Em cada máquina térmica está associado seu respectivo ciclo, portanto para se
obter um conhecimento necessário para se otimizar cada ciclo, deve-se antes de tudo ter
em mente suas principais características. Nota-se a partir da figura 3.1 um ciclo que é a
referência sobre o máximo rendimento, ou seja trabalho que uma determinada máquina
térmica pode obter do sistema por unidade de trabalho recebido. Este ciclo é conhecido
como ciclo de Carnot:

Pressão 𝑄2

1
2
𝑇2
𝑇2 > 𝑇1
W
>
𝑇1 𝑇2
4 3

𝑄1

Volume

Figura 3.1 – Ciclo de Carnot num diagrama pressão versus volume. Fonte: do autor.

Nota-se que o ciclo de Carnot contém quatro processos principais, que podem ser
descritos da seguinte forma:

22
1-2: Processo isotérmico reversível de expansão

2-3: Processo adiabático reversível de expansão

3-4: Processo isotérmico reversível de compressão

4-1: Processo adiabático reversível de compressão

Num diagrama entropia versus temperatura, o ciclo de Carnot pode portanto ser
representado da seguinte forma:

Temperatura
3 𝑇2 4

2 𝑇1
1

Entropia

Figura 3.2 – Ciclo de Carnot num diagrama temperatura versus entropia. Fonte: do
autor.

O rendimento da máquina operando pelo ciclo ideal de Carnot pode ser descrito
como:

𝑇1
𝜂𝐶𝐴𝑅𝑁𝑂𝑇 = 1 − (3.1)
𝑇2

23
De modo que também pode ser escrito como:

𝑄1
𝜂𝐶𝐴𝑅𝑁𝑂𝑇 = 1 − (3.2)
𝑄2

E o trabalho é representado por:

(3.3)
𝑊 = 𝑄2 − 𝑄1

Onde 𝑇1 é a temperatura do reservatório frio e 𝑇2 a temperatura do reservatório


quente. Nota-se que a área abaixo da curva 1-2-3 está expandindo, portanto realizando
trabalho no meio, de modo que a curva 3-4-1 está comprimindo o volume de controle, de
modo que o meio está realizando trabalho sobre o sistema. Entende-se portanto que a área
entre as curvas será como um trabalho liquido realizado pelo sistema.

Para se determinar o máximo de trabalho que um ciclo e Carnot é capaz de realizar


ou receber, assim como o calor, parte-se da definição de trabalho e da primeira lei de
modo que:

Processo 1-2 e 3-4:

Para um gás ideal, e considerando a primeira e segunda lei da termodinâmica:

𝑑𝑄 = 𝑇 𝑑𝑆

∆𝑈 = 𝑄 − 𝑊

Como a temperatura é constante, a variação de calor em função da variação de


entropia

∆𝑈 = 𝑚 𝑇 Δ𝑆 − 𝑊

24
E sabendo que ∆𝑈 = 𝑐𝑣 ∆𝑇 = 0

𝑊 = 𝑇 Δ𝑆

E conforme pode ser visto no capitulo dois, a variação da entropia pode ser dada
por:

𝑇
𝑐𝑝(𝑇) 𝑃
∆𝑆 = ∫ 𝑑𝑇 − 𝑅 𝑙𝑛
𝑇𝑟𝑒𝑓
𝑇 𝑃𝑟𝑒𝑓

Então:
𝑇
𝑐𝑝 (𝑇) 𝑃
𝑊 = 𝑚𝑇 (∫ 𝑑𝑇 − 𝑅 𝑙𝑛 )
𝑇𝑟𝑒𝑓
𝑇 𝑃𝑟𝑒𝑓

Onde, as temperaturas sendo constantes:

𝑃1
𝑊 = −𝑚𝑅𝑇 𝑙𝑛 =𝑄
𝑃2

Pela lei dos gases ideais e sabendo que para qualquer ponto o produto da pressão
pelo volume se torna constante:

𝑃𝑉 = 𝑚𝑅𝑇, 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑃𝑉 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒

𝑃1
𝑊 = −𝑃𝑉 𝑙𝑛
𝑃2

Processo 2-3 e 4-1:

25
Como o processo é isentrópico, o calor transferido será igual zero reduzindo a
primeira lei:

∆𝑈 = −𝑊 = −𝑐𝑝 ∆𝑇

Para o caso da compressão (4-1) chegamos a seguinte relação:

𝛾−1
𝑃1𝛾
𝑊 = 𝑐𝑝 ∆𝑇 = 𝑐𝑝 (𝑇1 − 𝑇4 ) = 𝑐𝑝 𝑇4 [( ) − 1]
𝑃4

E para o caso da expansão (2-3):

𝛾−1
𝛾
1
𝑊 = 𝑐𝑝 ∆𝑇 = 𝑐𝑝 (𝑇2 − 𝑇3 ) = 𝑐𝑝 𝑇2 1 − ( )
𝑃2
𝑃3
[ ]

EXEMPLO 3.1

Tem-se determinado motor que trabalha com o ciclo de Carnot, ele tem em seu
reservatório quente uma temperatura de 1500 K e em seu reservatório frio uma
temperatura de 300 K. Sabendo que sua operação conta com fluido de trabalho, que é o
hélio, a uma vazão de 1 Kg/s, sabendo que a razão de pressão que ocorre no fluido de
operação desta máquina é de 2:1 quando a mesma passa pelo processo no reservatório
𝐾𝑗
frio (𝑐𝑝 do hélio: 5,193 𝐾𝑔.𝐾 )

Para as condições de entrada atmosférica de 1 Bar, (referente ao ponto 3). Pede-


se:

a) Calcule a eficiência deste ciclo (ou rendimento da máquina)

b) Encontre os valores de temperatura e pressão nos pontos 1, 2, 3 e 4.

26
c) O valor da variação de pressão entre o reservatório frio e quente altera o
rendimento da máquina?

d) Ache o trabalho liquido da máquina

RESPOSTA:

Parte A
A eficiência pode ser dada pela equação:

𝑇1 𝑇𝑓𝑟𝑖𝑜
𝜂𝐶𝐴𝑅𝑁𝑂𝑇 = 1 − =1−
𝑇2 𝑇𝑞𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒

Portanto:

300
𝜂𝐶𝐴𝑅𝑁𝑂𝑇 = 1 − = 0,8
1500

Parte B
Para o ponto 1 recorre-se ao fato de que o processo 1- 4 sendo isentrópico
permite a seguinte aplicação da equação:

𝛾−1
𝑃1 𝛾
𝑊 = 𝑐𝑣 ∆𝑇 = 𝑐𝑣 (𝑇1 − 𝑇4 ) = 𝑐𝑣 𝑇4 [( ) − 1]
𝑃4

Porém, como ainda não temos dados a respeito do processo isentrópico entre os
pontos 1-4, percorreremos o caminho inverso, encontrando a solução primeiramente do
ponto 4, para isso se observa que o processo 3-4, um processo isotérmico, pode ser
encontrado da seguinte maneira:

𝑃3
𝑊 = −𝑚̇𝑅𝑇 𝑙𝑛 =𝑄
𝑃4

27
1
𝑊 = −300 . 287 . 1 . ln = 𝑄
2

1
𝑊 = −300 . 287 . 1 . ln = 𝑄
2

𝑄3,4 = 59679,97 𝐽

E as demais propriedades são:

𝑃4 = 2 𝑏𝑎𝑟; 𝑇4 = 300 𝐾;

Para se encontrar a pressão no ponto, basta recorrer a equação relativa ao aumento


de temperatura entre os pontos 4 e 1 - processo de compressão isentrópico.

𝛾−1
𝑃1 𝛾
𝑊 = 𝑐𝑝 ∆𝑇 = 𝑐𝑝 (𝑇1 − 𝑇4 ) = 𝑐𝑝 𝑇4 [( ) − 1]
𝑃4

𝛾−1
𝑃1 𝛾
(𝑇1 − 𝑇4 ) = 𝑇4 [( ) − 1]
𝑃4

𝛾 5.193
𝑃1 𝑇1 (𝛾−1) 1500(4.193)
=( ) = = 1.238
𝑃4 𝑇4 300

𝑃1 = 2.476 𝑏𝑎𝑟; 𝑇1 = 1500 𝐾

𝑊2,3 = 𝑊1,4 = 𝑚̇ 𝑐𝑝 (𝑇2 − 𝑇3 ) = 𝑚̇ 𝑐𝑝 (𝑇1 − 𝑇4 ) = 1 . 5193. 1200 = 6 231 600 𝐽

28
Por fim, para se encontrar as propriedades do ponto 2 do ciclo, deve-se calcular,
para o processo isotérmico a relação de que o produto da pressão e volume são constantes,
logo:

𝑃𝑉 = 𝑚𝑅𝑇

𝑚̇𝑅𝑇 1 . 287 . 1500


𝑉= = = 1.73 𝑚3
𝑃 2.476 . 100000

E sabendo que no processo 2-3 razão entre as temperaturas (1500 e 300 K) são as
mesmas:

𝛾−1
𝛾
1
𝑊 = 𝑐𝑝 ∆𝑇 = 𝑐𝑝 (𝑇2 − 𝑇3 ) = 𝑐𝑝 𝑇2 1 − ( )
𝑃2
𝑃3
[ ]

𝛾−1
𝛾
1
(𝑇2 − 𝑇3 ) = 𝑇2 1 − ( )
𝑃2
𝑃3
[ ]

𝛾 5.193
𝑃2 𝑇2 (𝛾−1) 1500(4.193)
=( ) = = 1.238
𝑃3 𝑇3 300

𝑃2 = 1.238 𝑏𝑎𝑟; 𝑇2 = 1500 𝐾

𝑃1
𝑄1,2 = −𝑚𝑅𝑇 𝑙𝑛
𝑃2

2.476
𝑄1,2 = −1 . 287 . 1500 𝑙𝑛 = 298399 𝐽
1.238

29
Parte C
Altera, pois a pressão está diretamente ligada a temperatura (observar a relação
dos gases ideais e relações isentrópicas) portanto, maior diferença de pressão entre os
reservatórios frios e quentes acarreta maior eficiência de Carnot.

Parte D
Para isso basta somar toda energia que entra no sistema (através da compressão e
do reservatório quente) menos a energia que será dissipada (pelo reservatório frio e
expansão dos gases).

𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 𝑙𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 = ∑ 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎𝑠 = 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎 − 𝑠𝑎𝑖

∑ 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎𝑠 = 𝑄1,2 + 𝑊2,3 + 𝑄3,4 + 𝑊1,4

∑ 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎𝑠 = 𝑄1,2 + 𝑊2,3 + 𝑄3,4 + 𝑊1,4

∑ 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎𝑠 = 298399,86 𝐽 − 59679,97 𝐽 = 238719 𝐽

Classificação das máquinas térmicas

Dispositivos que são capazes de operar através de um ciclo termodinâmico de


forma a gerar potência útil a algum fim, seja ela potência de eixo ou empuxo através de
uma expansão de gases diz-se como sendo um motor de combustão interna. Ele se
diferencia do motor de combustão externa, que será posteriormente também estudado
neste material, considerando que a queima ocorre fora do próprio motor, como por
exemplo o motor a vapor.

30
Em resumo:

• Motores de combustão interna: A queima ocorre dentro do motor: São eles


motores alternativos tais quais os que operam segundo o ciclo Otto, com centelha,
os motores diesel (ignição por compressão) e motores que operam em regime
continuo, tal qual os motores a reação, como o turbojato e turbofan

• Motores de combustão externa: A queima ocorre fora do motor propriamente


dito, como por exemplo os ciclos que operam com vapor, onde a queima ocorre
uma caldeira, e a potência de eixo acaba por ser gerado num dispositivo a parte,
como a turbina a vapor;

Os motores de combustão interna ainda podem ser divididos em duas categorias distintas,
os de regime não permanente e os de regime permanente:

• Motores de combustão interna de regime permanente: Aqueles que operam a


partir de uma junção de componentes que atuam como maquinas de fluxo com
uma vazão mássica continua no tempo, exemplo: Motores a reação (turbojato,
turbofan e turboeixo).

• Motores de combustão interna de regime não permanente: Aqueles que


operam a partir de uma vazão mássica intermitente, geralmente recorrendo a
sistemas alternativos mecânicos, tais quais os sistemas cilindro-biela-pistão.
Exemplo: Motores de ignição por compressão por ignição usando o ciclo Diesel,
ignição por centelha usando o ciclo Otto, etc....

Ainda dentro do escopo dos motores de combustão interna em regime permanente,


encontram-se aqueles que operam através de uma ignição por compressão (como os
motores que operam com combustíveis com alto ponto de detonação, como o diesel) e
aqueles que operam com ignição por centelha, calibrados para a cada 720 graus do eixo
manivela, em rotação constante, liberar uma centelha de forma a iniciar a combustão, são
aqueles motores típicos como os motores que operam com combustíveis de baixo ponto
de detonação, como a gasolina e o etanol. Portanto:

31
• Motores de combustão interna de regime não-permanente com ignição por
compressão: Operam com combustíveis com alto ponto de detonação tal qual o
diesel.

• Motores de combustão interna de regime não-permanente com ignição por


centelha: Operam com combustíveis com baixo ponto de detonação tal qual o
etanol e a gasolina.

Em relação aos motores de regime permanente que são divididos entre aqueles com
alto número de Mach de operação e os de baixa. Isso é explicado devido a forma de
compressão do gás de operação, ser para estes últimos através da ação de ondas de
choque. Além do motor Ramjet há também o motor foguete, que ainda pode ser
classificado de acordo com seu combustível, que pode ser do tipo solido (perclorato de
sódio, amônio) ou liquido (hidrazina, etc..)

• Motores de combustão interna a reação de regime permanente de alta


velocidade: Encontram-se o ramjet, o pulsojet, screamjet e motor foguete. Este
último ainda pode ser dividido segundo seu combustível

• Motores de combustão interna de regime permanente de baixa/media


velocidade de operação: Motores a reação tais quais os turbojatos, turbofan além
de também se encontrarem nessa categoria os motores turboeixos. Necessitam do
uso de um compressor para o fluido de operação.

32
Combustão Combustão interna
externa
Regime não permanente Regime permanente

Ignição por Ignição por Baixo/médio Alto número de Mach de


compressão centelha número de operação
Mach de
operação
Ciclo a vapor Sem Necessidade Motores a Motores Motor
necessidade de centelha reação e Ramjet foguete
de centelha. turboeixo (Dispensa (Combustível
compressor Sólido ou
(Ciclo Rankine) (Ciclo Diesel) (Ciclo Otto) (Ciclo Brayton) rotativo) liquido)
(Ciclo Brayton)

Há ainda um último sistema térmico, este por sua vez tem por única finalidade
propiciar a troca de calor entre duas entidades (ou reservatórios), atuando como um
refrigerador ou bomba de calor. Os chamados de ciclo de resfriamento (ou refrigeração)
são comumente usados em larga escala e assim como os ciclos usados para gerar potência
útil serão estudados neste material.

Introdução aos motores de combustão interna

De uma forma geral os motores geram potência útil a partir do processo de


expansão, que ocorre com a queima de um material comburente juntamente com um
combustível, onde o comburente, geralmente o oxigênio obtido através do ar atmosférico,
oxida o combustível dando início a um processo de combustão (queima) que por sua vez
libera energia química da transformação dos reagentes através da quebra das ligações
químicas das moléculas. De uma forma geral o processo de combustão de um
hidrocarboneto, como o octano, pode ser representado da seguinte forma:

𝑦 ∆ 𝑦
𝐶𝑥 𝐻𝑦 + (𝑥 + ) 𝑂2 → 𝑥𝐶𝑂2 + 𝐻2 𝑂 + 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟
4 2

33
As variáveis em função de x e y podem ser encontradas através do cálculo
estequiométrico da reação química, em resumo, sempre que houver a queima de um
hidrocarboneto com oxigênio, tem-se o seguinte resultado:


𝐶𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡. +𝑜𝑥𝑖𝑔𝑒𝑛𝑖𝑜 + 𝑔𝑎𝑠 𝑖𝑛𝑒𝑟𝑡𝑒 → 𝑎𝑔𝑢𝑎 + 𝑑𝑖𝑜𝑥𝑖𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑟𝑏𝑜𝑛𝑜 + 𝑔𝑎𝑠 𝑖𝑛𝑒𝑟𝑡𝑒 + 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟

Lembrando que no caso dos combustíveis líquidos temos aqueles derivados do


petróleo, principalmente os hidrocarbonetos alcanos formados pela formula 𝐶𝑛 𝐻2𝑛+2 ,
alguns deles são:

• 𝐶𝐻4 – Metano (gas muito usado para geração de energia)

• 𝐶2 𝐻6 – Etano

• 𝐶3 𝐻8 – Propano

• 𝐶4 𝐻10 - Butano

• 𝐶5 𝐻12 – Pentano (a partir dessa cadeia os hidrocarbonetos são líquidos – P e T


atm.)

• 𝐶6 𝐻14 – Hexano

• 𝐶7 𝐻16 – Heptano

• 𝐶8 𝐻18 – Octano

• ....

• 𝐶10 𝐻22 - Decano

Há ainda a presença de outros elementos como hidrocarbonetos aromáticos, tais


quais o benzeno (𝐶6 𝐻6 ) , que é uma substancia cancerígena, além de frações de enxofre,
cicloalcanos e outros contaminantes.

Formalmente temos uma reação exotérmica, onde a entalpia do produto se


encontra menor que os dos reagentes devido a menor energia interna. Para o caso do
etanol nota-se o seguinte processo de combustão:

34

𝐶2 𝐻5 𝑂𝐻 + 3(𝑂2 + 3,76𝑁2 ) → 2𝐶𝑂2 + 3𝐻2 𝑂 + 3,376𝑁2 + 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟

EXEMPLO 3.2

Determine a concentração dos produtos e do comburente no processo de


combustão do metano, 𝐶𝐻4

RESPOSTA:

Através da equação genérica dos hidrocarbonetos, substitui-se os valores das


variáveis onde x tem o valor de um e (x =1) e y o valor de 4 (y=4):

4 ∆ 4
𝐶1 𝐻4 + (1 + ) 𝑂2 → 1𝐶𝑂2 + 𝐻2 𝑂 + 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟
4 2


𝐶𝐻4 + 2𝑂2 → 1𝐶𝑂2 + 2𝐻2 𝑂 + 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟

Relação ar-combustível

Para uma correta queima é necessário que haja uma certa relação entre a
quantidade de ar injetado e a quantidade de combustível que também é injetada na câmara.
Essa mistura ar combustível é controlada pela central eletrônica de um motor, em
substituição aos sistemas formados por carburadores no passado. No caso de caldeiras,
temos os queimadores industriais, que por sua vez podem obter diversas configurações.

Observando por exemplo a relação estequiométrica da gasolina (octano):

∆ ∆
𝐶8 𝐻18 + 12,5 𝑂2 +47 𝑁2 → 8𝐶𝑂2 + 9𝐻2 𝑂 +47 𝑁2 → +𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟

Observe que a massa molar de cada elemento é:

35
• Oxigênio =16

• Nitrogênio = 14

• Carbono = 12

• Hidrogênio =1

A massa molar do combustível é:

𝐶8 𝐻18 = 8 . 12 + 18 . 1 = 418

E a do comburente (ar atmosférico)

12,5 𝑂2 +47 𝑁2 = 12,5 .32 + 47 . 28 = 1716

𝐴
Portanto a relação ar-combustível que será dado pela notação 𝐶

𝐴 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 1716


| = = = 15
𝐶 𝑒𝑠𝑡𝑒𝑞𝑢𝑖𝑜𝑚𝑒𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡𝑖𝑣𝑒𝑙 418

Na grande maioria das vezes para ocorrer uma queima eficiente, ou seja, que
aproveite ao máximo a massa de combustível injetado, oxidando o máximo de moléculas
possíveis, é necessário que haja um excesso de ar, ou em outras palavras, é necessário
que a relação ar-combustível seja maior que a estequiométrica.

Portanto, convenciona-se que a relação ar combustível real, pela relação ar


combustível estequiométrica seja chamada de 𝜆, logo:

𝐴
|
𝐶 𝑟𝑒𝑎𝑙
𝜆=
𝐴
|
𝐶 𝑒𝑠𝑡𝑒𝑞𝑢𝑖𝑜𝑚𝑒𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎

36
Quando 𝜆 for maior que 1, a mistura é dita ser pobre, quando menor que 1 ela é
dita ser rica. Podemos expressar essa grandeza, lembrando que quando a mistura real é
igual a estequiométrica, 𝜆 = 1 :

𝐴 𝐴 𝐴
| > | > |
𝐶 𝑝𝑜𝑏𝑟𝑒 𝐶 𝑒𝑠𝑡𝑒𝑞𝑢𝑖𝑜𝑚𝑒𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 𝐶 𝑟𝑖𝑐𝑎

A tabela a seguir demonstra alguns tipos de combustíveis e os valores ideias de 𝜆

Tipo de injeção/queima 𝝀
Gás combustível Em suspensão 1.05 ~1.2
Carvão pulverizado Em suspensão 1.1~1.2
Óleo combustível Em suspensão 1.1~1.2
Carvão granulado Em grelha 1.3~1.6
Lenha Em grelha 1.3~1.6

Podemos ver também alguns exemplos sobre a influência do excesso de ar na


combustão. Como resultado nota-se inclusive o comportamento de alguns gases do
escape:

Variáveis Baixo 𝝀 Médio 𝝀 Alto 𝝀


Gases resultantes da 𝐶𝑂2 , 𝐻2 𝑂 𝑆𝑂2 𝑁2 𝐶𝑂2 , 𝐻2 𝑂 𝑆𝑂2 𝑁2 𝐶𝑂2 , 𝐻2 𝑂 𝑆𝑂2 𝑁2
queima 𝐶 𝐶𝑂 𝑂2 (↓) 𝐶(↓) 𝐶𝑂 (↓) 𝐶 (↓) 𝐶𝑂 𝑂2 (↑↑)
% 𝑂2 Baixo Normal Alto
% 𝐶𝑂2 Alto Normal Baixo
% 𝐶𝑂 Alto Normal Baixo
% 𝑓𝑢𝑙𝑖𝑔𝑒𝑚 Alto Normal Nulo
Cor dos gases Escura Levemente marrom Incolor
Perdas combustao Grande Normal Baixo
Perda de calor Baixa Normal Grande

Nota-se, ao voltarmos nossa atenção para o ciclo de Carnot, que o ciclo consiste
basicamente em quatro processos principais, dois envolvendo compressão e dois de
expansão. Ao descrever tais etapas num sistema físico real, percebe-se que os tais
processos se transformam cada um em um tempo especifico do ciclo, portanto,

37
descrevendo em poucas palavras, chegamos a descrição de quatro tempos para um ciclo
completo de potência. São eles para o motor de quatro tempos:

• Admissão (1)

• Compressão (2)

• Combustão (3)

• Escape (4)

3- Admissão 1- Compressão 4- Combustão 2- Escape

Figura 3.2 – Os quatro tempos de um motor alternativo (pistao-biela) de regime não


permanente. Fonte: do autor.

38
1- Admissão 2- Compressão 3- Combustão 4- Escape (com pós-combustor)

Figura 3.3 – Os quatro tempos de um motor a reação (turbojato) de regime permanente.


Fonte: do autor.

Figura 3.4 – Vista simplificada de um motor foguete (a) de combustivel solido, (b) de
combustivel liquido. Fonte: do autor.

Nota-se que devido as peculiaridades construtivas de cada um, determinado ciclo


termodinâmico ira se estabelecer e melhor modelar matematicamente cada tipo de
máquina e sistema térmico. Por último pode ser perceber o esquema de um motor foguete
com combustível solido, onde o comburente e o combustível estão em um único material,
e o de combustível liquido onde tanto o comburente quanto o combustível são misturados
a montante do bocal.

39
Principais paramentos de motores alternativos

Ao se analisar os motores alternativos, é possível perceber alguns parâmetros de


interesse, referentes ao seu desempenho e ciclo termodinâmico. Entre eles se encontram
tais grandezas como:

Razão de compressão:

A razão (ou taxa) de compressão de um motor está diretamente relacionada à


quanto determinada quantidade de massa aspirada (ou fornecida via sobrealimentação),
volumetricamente se comprime, portanto está diretamente a questão espacial. Em suma
quanto maior esta taxa, maior será a temperatura final da combustão para uma dada massa
de combustível. Matematicamente se descreve:

𝑏2
(𝜋 ℎ ) + 𝑉𝑐
4 𝑐
𝑇𝐶 =
𝑉𝑐

Aonde 𝑉𝑐 ; sendo o volume da câmara corresponde ao volume mínimo (quando o


pistão está mais próximo das válvulas)

Ponto morto superior e inferior (PMS e PMI)

Se refere ao ponto em que o curso do pistão alcança a altura máxima – PMS -


(mais próximo das válvulas de admissão e escape) ou altura mínima – PMI (mais distante
das válvulas). Eh um parâmetro importante para a calibração do motor, ou seja quando se
injetado combustível na dinâmica da rotação do motor. Geralmente esse tempo de injeção
é descrito em graus a (anterior), ou após o PMS.

PCI (poder calorifico inferior)

Se refere a quantidade de energia disponível no combustível para ser liberada


numa queima ideal (sem resíduos), em forma de calor, onde a totalidade do combustível
40
é oxidada. A potência térmica 𝑊 portanto pode ser encontrada, através da vazão massica
de combustível 𝑚𝑐 e o PCI.

𝑊 = 𝑃𝐶𝐼 . 𝑚𝑐

Curso do pistão:

E a distância entre o PMS e o PMI, ou seja a cota linear da distância da localização


do pistão quando o mesmo está o mais próximo possível das válvulas de comando (PMS)
e de quando está o mais longe possível dos mesmos (PMI)

Cilindrada

Muitas vezes também descrito em litros, é o volume calculado aproximadamente


a partir do curso do pistão vezes a área transversal de cada pistão vezes o número de
pistões. Em suma, e de uma forma mais precisa é o espaço dos cilindros onde ocorre a
combustão quando todos os pistões completam seu ciclo ou sequência. Também chamado
de volume de deslocamento, ela pode ser calculada a partir da cilindrada unitária vezes o
número de cilindros do motor (𝑁𝑃);

𝑏2
𝐶𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑎𝑑𝑎𝑠 = 𝜋 ℎ 𝑁𝑃
4 𝑐

Curvas de torque - 𝑇𝑀, potencia - 𝑊𝑑 e consumo especifico - 𝐶𝐸

Medidas a partir da variação de rotação, há varias normas que ditam os critérios


de análise e desempenho sendo as mais comuns as normas ISO 3046 (ou NBR 6396).

41
𝑊𝑑 𝑇𝑀

𝑊𝑑

𝑇𝑀

𝐶𝐸 𝐶𝐸

𝜔 − 𝑟𝑝𝑚

Figura 3.5 – Grafico generico de curvas de potencia, torque e conseumo especifico para
motores de combustao interna em regime não permanente. Fonte: do autor.

Eficiência efetiva -𝑊𝑑 , indicada -𝑊𝑖 e de atrito -𝑊𝑓 .

Usada para determinada a potência dissipada devido a efeitos de atrito 𝑊𝑓 , a


potência indicada pelos pistões 𝑊𝑖 e aquela útil disponível (ou efetiva) do eixo do motor,
𝑊𝑑 :

𝑊𝑑 = 𝑊𝑖 − 𝑊𝑓

Outra forma de se calcular a potência efetiva usando a relação com o torque, pode
ser encontrada por:

𝑊𝑑 = 𝜔𝑇𝑀

Para uma melhor compreensão do comportamento termodinâmico dos motores


térmicos, são propostos ciclos teóricos que modelem matematicamente a variação de
pressão e temperatura em cada um dos tempos. A seguir são mostrados uma sequência de

42
ciclos idealizados que demonstrem o comportamento de cada tipo de motor a que me
melhor se assemelhem:

Pressão media efetiva

Relacionado aos motores alternativos, nos estudos do ciclo padrão a ar (ideal),


será aqui definido como a pressão que ao agir aos motores alternativos, e definido como
a pressão que, ao agir no pistão durante todo o curso do motor, realiza um trabalho igual
ao realmente realizado sobre o pistão.

𝑊
𝑝𝑚𝑒 =
𝑣1 − 𝑣2

Elementos antidetonantes

Para combustíveis que suportem baixas taxas de compressão antes de detonar, é


necessário o acréscimo de aditivos de forma a impedir fenômenos abruptos, Haja visto
uma alta taxa de compressão estar associada a uma grande desempenho e rendimento (ver
exercícios) é natural que se busque portanto formas de aumentar essa resistência a
detonação. Antes porem vamos definir alguns termos:

• Detonação: Processo de propagação supersônica (a altíssima velocidade) da frente


de chama ocasionando uma queima simultânea de uma fração muito grande da
massa de combustível na câmara. Como consequência acontece um estouro dentro
da câmara, dada a onda de choque gerada pelo grande pico de pressão. Esse
fenômeno deve ser evitado ao máximo, pois causa dano a estrutura mecânica do
motor. Esse fenômeno é causado por:

1) Combustível adulterado

2) Mistura muito pobre

43
3) Não homogeneidade

• Pré-ignição. Quando há deposito de carvão na superfície do cilindro ou há


surgimento de algum outro ponto quente dentro da câmara, temos o surgimento
de uma frente de chama diferente daquele que deveria acontecer originalmente.
Portanto há um surgimento de uma segunda frente, que por sua vez acontece um
tempo diferente do início da combustão correta, gerando perdas dentro da câmara,
que é causado por:

Frente de chama
original

Segunda frente de
chama (ponto quente)

1) Surgimento de deposito de carvão nas paredes

2) Vela muito quente

Portanto, entre os elementos antidetonantes mais presentes em motores alternativos,


estão para automóveis o etanol (mistura mais indicada em torno de 22,5 %) e chumbo
tetraetila, que foi banido para automóveis devido a ser extremamente danoso à saúde.

44
Ciclo Otto

O ciclo Otto modela matematicamente o motor a pistão (regime não permanente)


que tem sua ignição advinda de uma centelha (fornecida através do componente
conhecido popularmente como ``vela``). Resumidamente o ciclo Otto descreve o que
acontece ao fluido (gás operante), quando da presença de mudanças de várias
propriedades (temperatura, pressão além da adição e remoção do calor). Para se analisar
o que ocorre dentro do sistema, (no caso dentro do cilindro), deve-se ter em mente em
primeiro lugar que o objetivo do ciclo, de produzir trabalho liquido se dá através de quatro
etapas principais, adicionadas a duas etapas de admissão e escape:

• Processo 0-1 – Admissão de ar (comburente) dentro do cilindro a pressão


constante

• Processo 1-2 – Compressão isentrópica (movimento do ponto morto inferior –


PMI – ao ponto morto superior (PMS)

• Processo 2-3 – Troca de calor isovolumétrica para o gás de trabalho de uma fonte
externa (no caso prático representa o processo de combustão, ignição mais
queima)

• Processo 3-4 – Expansão isentrópica

• Processo 4-1 – Calor e retirado para o ar, enquanto o pistão está no PMI

• Processo 1-0 - Gás da exaustão é retirado a pressão constante.

45
𝑃
3

0 1

𝑉2 𝑉
𝑉1

3
𝑑𝑉 = 0
2

4
1 𝑑𝑉 = 0

Figura 3.6 – Graficos genericos de pressao versus volume e temperatura versus entropia
para o ciclo Otto. Fonte: do autor.

46
Logo, para um motor de 4 tempos, o gráfico de pressão versus volume e de
temperatura versus entropia relativo ao ciclo Otto fica respectivamente da seguinte forma:

Os ciclos aqui idealizados contém uma série de considerações que os tornam em


vários aspectos ideais. Ou seja, são desprezados efeitos de perdas e turbulência. Deve-se
observar também que não transferência de calor, nessa analise idealizada durante os
processos de admissão e escape.

Ciclo Diesel

O ciclo diesel serve ao propósito de modelar motores de combustão interna que


operem com a ignição causada pelo próprio aumento de temperatura, pela compressão da
mistura comburente-combustível. Em relação a sua modelagem termodinâmica o ciclo
Diesel pode ser descrito de acordo:

• Processo 0-1 – Admissão de ar (comburente) dentro do cilindro a pressão


constante

• Processo 1-2 – Compressão isentrópica (movimento do ponto morto inferior –


PMI – ao ponto morto superior (PMS)

• Processo 2-3 – Troca de calor isobárica para o gás de trabalho de uma fonte
externa (no caso prático representa o processo de combustão, ignição mais
queima)

• Processo 3-4 – Expansão isentrópica

• Processo 4-1 – Calor e retirado para o ar, enquanto o pistão está no PMI

• Processo 1-0 - Gás da exaustão é retirado a pressão constante.

47
𝑄𝐻
𝑃

2 3

0 1

𝑉2 𝑉
𝑉1

𝑇
3

Figura 3.7 – Graficos genericos de pressao versus volume e temperatura versus entropia
para o ciclo Diesel. Fonte: do autor.

48
Ciclo Stirling

Semelhantemente ao ciclo de Carnot que conta com dois processos isentrópicos e


dois isotérmicos, o ciclo Stirling opera substituindo os processos isentrópicos por
processos de regeneração de volume constante. Isso proporciona ao ciclo Sterling altas
eficiências.

• Processo 1-2 – Compressão isotérmica, a baixa pressão (trabalho necessário para


comprimir o gás menor do que no cilindro na fase 3-4

• Processo 2-3 – Fluido deslocado isovolumetricamente até a parte quente da


máquina. O gás absorve o calor que foi armazenado no regenerador, ocorrendo o
aumento da temperatura até o valor da fonte quente

• Processo 3-4 – Fluido de trabalho com alta pressão absorve calor da fonte quente
e expande isotermicamente

• Processo 4-1 – Fluido de trabalho se desloca através do regenerador com volume


constante até a fonte fria da máquina, tendo parte de sua energia armazenada.

Regenerador
(porcelana)

Pistão frio

Fonte de calor

Figura 3.8 – Motor que opera com o ciclo Sterling do tipo Alfa. Fonte: do autor.

49
Há ainda uma classificação para os motores Stirling, que podem ser do tipo alfa,
beta e gama.

• Alfa: Dois pistões dispostos noventa graus, sendo um de expansão e outro de


compressão, unidos entre si. Também estão ligados em serie com o trocador de
calor

• Beta: Apenas um cilindro e dois pistões em linha

• Gama: Dois cilindros são independentes

𝑃 3

𝑄𝐻
4

2 𝑄 𝑄𝐿

𝑉2 𝑉
𝑉1

𝑇
3

Figura 3.9 – Graficos genericos de pressao versus volume e temperatura versus entropia
para o ciclo Stirling. Fonte: do autor.

50
Ciclo Ericsson

Ciclo com nome em homenagem ao seu criador John Ericsson (também criador
do ciclo Brayton). Em resumo, o ciclo Ericsson é um ciclo termodinâmico ideal composto
por quatro processos reversíveis, sendo duas transformações isotérmicas e duas
transformações isobáricas. Este ciclo modela o funcionamento da máquina (ou motor) de
Ericsson.

Alguns pontos em comum com os demais ciclos, por exemplo o ciclo Brayton diz
respeito a mudança relativas as compressões e expansões, enquanto no ciclo Ericsson
tem-se expansões isotérmicas, no Brayton temos compressões e expansões isentrópicas.
Os quatro processos do ciclo Ericsson são:

• Processo 1-2 – Compressão isotérmica, com seu espaço de compressão sendo


inter-resfriado. O fluido então vai a um tanque de armazenamento a pressão
constante. No ciclo ideal não há transferência de calor através das paredes do
espaço de compressão.

• Processo 2-3 – Adição de calor (análogo a queima e combustão de outros ciclos).


Do espaço de compressão o ar flui para o tanque de armazenamento e por sua vez
para um regenerador e ganha calor a uma alta pressão no caminho para o cilindro
com alta energia (alta temperatura). Processo isobárico.

• Processo 3-4 – Expansão isotérmica, o cilindro de energia é aquecido


externamente, e o gás realiza trabalho (expande) isotermicamente.

• Processo 4-1 – Remoção de calor isobárico: Antes de ar ser liberado, ele passa
novamente pelo regenerador, que resfria o ar a uma baixa pressão e é aquecido
para o próximo ciclo.

O ciclo Ericsson apresenta um número infinito de estágios de reaquecimento e inter-


resfriamento. Toda a adição de calor ocorre quando o fluido se encontrar na maior
temperatura e por sua vez a remoção de calor ocorre quando o fluido de trabalho estiver
na temperatura amais baixa. Analogamente ao ciclo Stirling ele apresenta um regenerador
e sua eficiência térmica, juntamente com o do ciclo Stirling é igual ao do ciclo de Carnot.

51
Os gráficos do ciclo termodinâmico podem ser vistos da seguinte forma:

𝑄𝐻

𝑃 2 3

1 𝑄𝐿 4

𝑉2 𝑉
𝑉1

3 4

1 2

Figura 3.10 – Graficos genericos de pressao versus volume e temperatura versus


entropia para o ciclo Ericsson. Fonte: do autor.

52
Tanque de armazenamento
Pistão (que promove
a compressão e a
expansão)

Válvula de duas vias

Regenerador

Figura 3.11 –Desenho esquemático do funcionamento de um motor térmico operando a


partir do ciclo Ericsson. Fonte: do autor. (Adaptado de https://en.wikipedia.org.)

EXERCICIOS

1) Deseja-se aumentar a eficiência de um motor alternativo, aumentando sua taxa de


compressão. Baseado no visto neste capitulo, qual cuidado deve-se ter ao tentar
implementar tal iniciativa no motor.

2) Notou-se que em certo motor os gases saíram com cor escura e muita fuligem.
Qual problema este motor apresenta. E como solucioná-lo?

3) Para um sistema térmico que opere com a queima de um gás combustível


(propano), segundo a tabela deste capitulo, uma razão de excesso de ar igual a 1,1

53
é usada para calibrar o motor, determine a relação ar combustível estequiométrica
e a real, além da massa molar de ar real para uma mesma massa de combustivel.

4) Um motor apresenta baixo desempenho, e após se constatar o sistema de injeção


(modulo mais bicos) verificou-se que todo o sistema estava integro, porem ao se
notar a engrenagem do virabrequim, viu-se que a chaveta do mesmo estava
estragada, atrasando alguns dentes da engrenagem da mesma. Sabendo que a
engrenagem do virabrequim é aquela que aciona a correia para o comando de
válvulas, diga, baseado no visto neste capitulo o que pode ter acontecido neste
motor.

5) Diga o porquê é necessário usar sempre um combustível original, do ponto de


vista da integridade mecânica do motor.

6) Diga quantos litros deve ter um motor que tem 4 cilindros e um raio de 4 cm em
cada cilindro, determine também o curso do pistão sabendo que o mesmo contém
uma taxa de compressão igual 11:1 e um volume inicial, no PMS de 0,0001 𝑚3 .

7) Determine a massa molar de ar que deve entrar no motor do exercício anterior


sabendo que o combustível usado (octano), trabalha com um 𝜆 (razão ar-
combustível real sobre estequiométrico) igual a 1,1.

8) Qual o maior trunfo de um motor do tipo Sterling ou Ericsson do ponto de vista


da eficiência?

9) Os motores de regime permanente, usados ara alta velocidade, como o ramjet tem
uma vantagem do ponto de vista construtivo. Qual é?

10) Para a diminuição de gases tóxicos a pessoa como o monóxido de carbono (CO)
deve-se usar uma estratégia na admissão do motor. Cite-a:

11) Do ponto de vista construtivo, qual o maior desafio de se implementar um motor


do tipo Ericsson?

54
4 Ciclos motores ar-combustível

Podemos observar no capítulo anterior, que os ciclos termodinâmicos, com


exceção dos ciclos Rankine e Stirling – em que o fluido é reutilizado em cada ciclo - são
idealizados para operarem segundo ciclos fechados, porem de fato os mesmo são ciclos
abertos (note por exemplo o fluido no ciclo Otto, após sua passagem nos ciclos
termodinâmicos o mesmo é despejado na atmosfera). Numa primeira abordagem do curso
é conveniente que se primeiramente faça uma análise mais detalhada do ciclo ideal,
aproximando estes ciclos que operem com ar como comburente como ciclos fechados.
Portanto trataremos destes ciclos, os chamando de ciclos padrão a ar, ou ciclos motores
ar-combustível.

Em resumo um ciclo padrão a ar pode ser descrito segundo os princípios abaixo:

• O fluido de trabalho é uma massa fixa de ar e este pode ser sempre modelado
como um gás perfeito. Assim não há processo de alimentação nem de descarga

• O processo de combustão é substituído por um processo de transferência de calor


de uma fonte externa

• O ciclo e completado pela transferência de calor ao meio envolvente (em contraste


com o processo de exaustão e admissão num motor real)

• Todos os processos são internamente reversíveis

• Geralmente se considera que ao ar ter calor especifico constante (𝑐𝑝 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡).

Convém destacar que o objetivo do uso do ciclo padrão (ar-combustível) é se fazer


uma análise qualitativa do comportamento do ciclo e portanto seu desempenho. Logo, de
um ponto de vista de análise quantitativa, o valor final dos resultados obtidos do ciclo
padrão a ar serão consideravelmente daquele ao motor real.

55
Modelagens matemáticas

Conforme visto no capítulo anterior, sobre a pressão media efetiva que aqui será
tratada como ``𝑝𝑚𝑒``, o trabalho em um pistão será obtido pela multiplicação da pressão
media efetiva pelo volume de deslocamento do pistão.

𝑊 = 𝑝𝑚𝑒 . ∆𝑉

2
𝑊 = 𝑝𝑚𝑒 . (𝑃𝑀𝑆 − 𝑃𝑀𝐼). 𝜋𝑟𝑝𝑖𝑠𝑡𝑎𝑜

Ao começarmos nossa análise no ciclo Otto podemos observar num primeiro


momento que seu rendimento térmico se dá através da seguinte equação:

𝑞𝐿 𝑐𝑣 (𝑇4 − 𝑇1 )
𝜂𝑂𝑇𝑇𝑂 = 1 − =1−
𝑞𝐻 𝑐𝑣 (𝑇3 − 𝑇2 )

𝑇4
𝑇1 𝑇1 − 1
𝜂𝑂𝑇𝑇𝑂 =1− ( )
𝑇2 𝑇3 − 1
𝑇2

𝜂𝑂𝑇𝑇𝑂 = 1 − 𝑇𝐶 1−𝑘

Lembrando das leis dos gases ideais que:

𝑇2 𝑉1 1−𝑘 1
=( ) =
𝑇1 𝑉2 𝑇𝐶 𝑘−1

Onde:

56
𝑏2
𝑉1 (𝜋 ℎ ) + 𝑉𝑐
4 𝑐
𝑇𝐶 = =
𝑉2 𝑉𝑐

Já para o ciclo-padrão a ar Diesel, sabendo que o calor e transferido ao fluido de


trabalho a pressão constante, equivalente a injeção e a queima do combustível em motor
real) e que o gás se expande somente durante a transferência de calor, a transferência deve
ser apenas o suficiente para manter a pressão constante. Por último sabe-se que a rejeição
de calor (como no ciclo Otto) ocorre a volume constante, portanto a eficiência se dá:

𝑇4
𝑞𝐿 1 𝑇1 𝑇1 − 1
𝜂𝐷𝐼𝐸𝑆𝐸𝐿 =1− = 1− ( )
𝑞𝐻 𝑘 𝑇2 𝑇3 − 1
𝑇2

Onde:

𝑞𝐻 = 𝑐𝑝 (𝑇3 − 𝑇2 )

𝑞𝐿 = 𝑐𝑣 (𝑇4 − 𝑇1 )

Com uma formula para expressar o rendimento como:

1 𝑇𝐶 𝑘 − 1
𝜂𝐷𝐼𝐸𝑆𝐸𝐿 = 1 − ( )
𝑇𝐶 𝑘−1 𝑘(𝑇𝐶 − 1)

Aplicações

Para melhor entendimento do uso das relações de ciclo ar-combustível, seguem


alguns exemplos visando a correta aplicação em situações uteis:

57
EXEMPLO 4.1

Para um ciclo padrão a ar Otto, sua relação de compressão tem um valor igual a 10.
No PMS a pressão dentro do ar que entrou no cilindro é de um 1 Bar, e a temperatura de
288 K, sabendo que em cada ciclo a transferência de calor para o ar é de 1950 KJ/Kg,
diga:

a) A pressão e a temperatura no estado final de cada processo do ciclo

b) O rendimento do ciclo

c) A pressão media efetiva

SOLUÇÃO

PARTE A

Considerando nosso modelo de gás ideal sabemos que no ponto 1:

𝑅𝑇1 287. 288 𝑚3


𝑣1 = = = 0.827
𝑃1 1. 105 𝐾𝑔

𝑇2 = 𝑇1 𝑇𝐶 𝑘−1 = 288 . 100.4 = 723 𝐾

𝑃2 = 𝑃1 𝑇𝐶 𝑘 = 100 . 100.4 = 251,2 𝐾𝑃𝑎

𝑅𝑇1 287. 288 𝑚3


𝑣1 = = = 0,827
𝑃1 1. 105 𝐾𝑔

58
0,827 𝑚3
𝑣2 = = 0,0827
10 𝐾𝑔

No ponto 2 sabe-se que a transferência de calor se dá entre as propriedades 2 e 3.


Conforme dito no enunciado:

𝑞2,3 = 𝑐𝑣 (𝑇3 − 𝑇2 ) = 1950 KJ/Kg

𝑞2,3 1950
𝑇3 = 𝑇2 + = 723 + = 2719.66 + 723 = 3442 𝐾
𝑐𝑣 0,717

Recorrendo ao fato de que o volume é constante:

𝑃3 𝑇3 3442
= = = 4,76
𝑃2 𝑇2 723

𝑃3 = 4,76 . 251.2 = 1196,12 𝐾𝑝𝑎

𝑇3 𝑣4 𝛾−1
=( ) = 100,4 = 2,51
𝑇4 𝑣3

𝑃3 𝑣4 𝛾
= ( ) = 101,4 = 25,12
𝑃4 𝑣3

Implicando nos valores 𝑃4 = 47,61 𝐾𝑝𝑎 e 𝑇4 = 1371 𝐾

PARTE B

1
𝜂𝑂𝑇𝑇𝑂 = 1 − 𝑇𝐶 1−𝑘 = 1 − = 0,602
100.4

59
PARTE C

𝑞4,1 = 𝑐𝑣 (𝑇1 − 𝑇4 ) = 0,717. (288 − 1371) = −776.51 KJ/Kg

𝐾𝐽
𝑊 = 1950 − 776,51 = 1173,49
𝐾𝑔

𝑊 1173,49
𝑝𝑚𝑒 = = = 1576 𝐾𝑝𝑎
𝑣1 − 𝑣2 (0,827 − 0,0827)

EXEMPLO 4.2

Um ciclo padrão a ar diesel apresenta relação de compressão igual a 22 e o calor


𝐾𝐽
transferido ao fluido de trabalho, por ciclo eh 1800 . Sabendo que no início do processo
𝐾𝑔

de compressão, a pressão é igual a 1 Bar e a temperatura é igual a 288 K, determine:

a) A pressão e a temperatura no estado final de cada processo do ciclo

b) O rendimento do ciclo

c) A pressão media efetiva

SOLUÇÃO

PARTE A

Novamente considerando o modelo de gás ideal com calor especifico constante, e


observando o processo isentrópico de compressão entre os pontos 1 e 2.

𝑅𝑇1 287. 288 𝑚3


𝑣1 = = = 0,827
𝑃1 1. 105 𝐾𝑔

60
𝑣1 0,827 𝑚3
𝑣2 = = = 0,0375
22 22 𝐾𝑔

𝑇2 𝑣1 𝛾−1
=( ) = 220,4 = 3,44
𝑇1 𝑣2

𝑇2 = 288 . 3,44 = 990,72 𝐾

𝑃2 𝑣1 𝛾
= ( ) = 221,4 = 75,75
𝑃1 𝑣2

𝑃2 = 100 . 75,75 = 7575 𝐾𝑃𝑎

𝑞ℎ = 𝑞2,3 = 𝑐𝑝 (𝑇3 − 𝑇2 ) = 1800 KJ/Kg

𝑞2,3 1800
𝑇3 = 𝑇2 + = 990,72 + = 990,72 + 1792,82 = 2783,54 𝐾
𝑐𝑣 1,004

𝑣3 𝑇3 2783,5
= = = 2,809
𝑣2 𝑇2 990,72

𝑚3
𝑣3 = 2,809 . 0,0375 = 0,1053
𝐾𝑔

𝑇3 𝑣4 𝛾−1 0,827 0,4


=( ) =( ) = 2,28
𝑇4 𝑣3 0,1053

2783,54
𝑇4 = = 1220,85 𝐾
2,28

61
PARTE B

𝑞𝐿 = 𝑞4,1 = 𝑐𝑣 (𝑇1 − 𝑇4 ) = 0,717. (288 − 1220) = −688,85 KJ/Kg

𝐾𝐽
𝑊 = 1800 − 688,85 = 1131,14
𝐾𝑔

1131,14
𝜂𝐷𝐼𝐸𝑆𝐸𝐿 = = 0.628
1800

PARTE C

𝑊 1131,14
𝑝𝑚𝑒 = = = 1432,73 𝐾𝑝𝑎
𝑣1 − 𝑣2 (0,827 − 0,0375)

EXERCICIOS

1) Deseja-se calcular a eficiência de um motor Otto, considerando que o mesmo


opera com uma taxa de compressão de 11:1, e um ar atmosférico na admissão com
1 Bar de pressão e 300 K de temperatura (ambas condições de estagnação).
Determine, aproximando este sistema térmico a um ciclo padrão a ar ideal, onde
a fonte quente fornece 1600 Kj/Kg, a eficiência e a energia útil do mesmo.

2) Faça o cálculo de um ciclo padrão a ar para um ciclo de Carnot, levando as


mesmas condições do exercício anterior e compare os resultados de energia útil e
máxima temperatura

3) Faça o cálculo de um ciclo padrão a ar para um ciclo Diesel, levando as mesmas


condições do exercício e compare os resultados de energia útil e máxima
temperatura

62
5 Motores de combustão interna de regime não
permanente

Neste capitulo serão tratados em detalhes os sistemas térmicos de potência


relativos aos motores com operação através de mecanismos cilindro-pistão-biela (ou
alternativos), tanto aqueles de ignição por centelha quanto aqueles de ignição por
compressão. Convém lembrar a importância destes motores nos sistemas de locomoção
atuais da sociedade, indo desde veículos automotores de passeio, até locomotivas que
carregam milhares de toneladas de cargas. Para tal dispõe-se nos capítulos que segue uma
divisão do conteúdo da matéria de forma a permitir uma abordagem geral e detalhada do
funcionamento e partes críticas do motor.

Motores de dois e quatro tempos de combustão por centelha

Os motores que operam segundo o ciclo Otto (parte de aquisição de energia


através de volume constante), pode ser descrito através de um sistema de operação,
envolvendo a operação dividindo o ciclo em quatro ou dois tempos.

Basicamente, a diferença entre ambas se dá devido ao seu aspecto construtivo que,


no caso dos motores com dois tempos não conta com as válvulas de admissão e escape.
Em suma, pode ser descrito que:

No motor dois tempos:

O próprio pistão funciona como válvula deslizante. No primeiro tempo, o pistão


sobe comprimindo a mistura no cilindro e produzindo rarefação no cárter. Depois
acontece a ignição e a combustão da mistura.

63
Janela de Janela de
Embolo Janela de
admissão transferência
escape

Carter

Figura 5.1 –Desenho esquemático do funcionamento de um motor de dois tempos com


ignição por centelha – primeiro tempo. Fonte: do autor. (Adaptado de
https://www.maniamoto.com/entenda-os-motores-2-tempos/)

No segundo tempo, os gases da combustão se expandem, fazendo o pistão descer,


comprimindo a mistura no cárter. O pistão abre a janela de exaustão, permitindo a saída
dos gases queimados.

Vela

64
Figura 5.2 –Desenho esquemático do funcionamento de um motor de dois tempos com
ignição por centelha – segundo tempo. Fonte: do autor. (Adaptado de
https://www.maniamoto.com/entenda-os-motores-2-tempos/

Motor quatro tempos:

O funcionamento do motor acontece por meio da repetição de ciclos, com quatro


etapas. O primeiro tempo é o da admissão, onde acontece o movimento do pistão do Ponto
Morto Superior para o Ponto Morto Inferior com a válvula de admissão aberta.

O segundo tempo é o da compressão, onde o movimento do pistão do Ponto Morto


Inferior para o Ponto Morto Superior acontece com as duas válvulas fechadas. O pistão
comprime a mistura de ar e combustível.
No terceiro tempo, chamado tempo motor, ocorre a ignição, quando a vela produz
a faísca. O quarto, e último tempo, é o da exaustão, que corresponde à subida do pistão
do Ponto Morto Inferior para o Ponto Morto Superior com a válvula de escapamento
aberta.

Componentes principais

Observa-se que para uma completa descrição do funcionamento dos motores,


deve-se a partir deste ponto ter um conhecimento prévio dos componentes e partes que
compõem este motor, para tal a seguir, uma lista com os principais componentes e
algumas de suas configurações relativas é dada:

65
1 – Bomba da agua - Usada para forçar o escoamento de fluido de refrigeração do
motor que passa por dutos dentro do bloco (ver adiante), pode ser do tipo mecânica
acionada.

66
Pá do ventilador

Porca de fixação Rotor

Rolamento Retentor

Agua do radiador
Correia

2- Válvula termostática – Usada para controlar o sistema de arrefecimento dos carros.


Ela controla a temperatura do motor. Quando o motor está frio, ela fica fechada, fazendo
com que o líquido de arrefecimento (água mais aditivo) volte para o bloco do motor,
porem quando o motor está excessivamente quente, ela então é acionada permitindo a
passagem da mesma pelo radiador, através de uma cera expansiva através de calor quente.
Ela pode ser dividida entre:

67
• Tipo com By-Pass: Possui um pequeno flange com mola na parte inferior que
direciona, a uma certa temperatura, todo o líquido de arrefecimento para o
radiador;

• Tipo Refil: Alguns veículos utilizam válvulas termostáticas em carcaças de


alumínio ou plásticas. Na maioria, é possível trocar somente o refil, com maior
economia e otimização de estoques

3 – Compressor de ar: Usado em motores que tenham sobre alimentação, o compressor


de ar é responsável por permitir uma maior entrada de vazão mássica por ciclo do motor,
permitindo assim uma maior geração de potência e por usa vez uma eficiência
volumétrica. Consiste basicamente em um conjunto de rotores (compressor mais turbina)
do tipo radial ligadas por um eixo, a turbina por sua vez se encontra no exaustor o motor.
Os tipos existentes ainda os de geometria variável e fixa e ainda:

• Turbocompressor de simples estagio: Usado quando se é solicitado pequenas


razoes de pressão.

• Turbomcompressor de duplo estagio: Proporciona maior razão de pressão, é


colocada em série, um compressor após o outro.

4- Duto de admissão – Tubulação por onde o comburente aspirado (ou comprimido)


passa para alimentar os cilindros por onde ocorre a queima. Nele, caso o motor seja de
injeção direta, imediatamente antes da válvula de admissão, se encontra o injetor de
combustível.

68
5 – Injetor de combustível – Dispositivo que usando da pressão advinda de uma bomba
(com exceção do sistema), pulveriza o combustível

6 – Válvula de escapamento – Mecanismo usado para controlar a saída dos gases


resultantes da combustão. É acionado através do eixo arvore.

7- Coletor de admissão - Mecanismo que alimenta o duto com a passagem de ar vinda


da atmosfera. Ele modula, através de válvulas ou borboletas, a entrada de ar, alterando o
tamanho da curva por onde vai passar o ar pelo coletor. Através de mangueira de vácuo
ligadas a uma eletroválvula, usando a própria energia gerada no coletor. Existem do tipo:

• Fixo: O coletor de admissão leva ar, ou mistura de ar/combustível, à entrada dos


cilindros dos motores. Quando as válvulas de admissão se abrem por ação da
árvore de cames, o pistão, que está num movimento descendente, tem um efeito
de sucção no coletor de admissão provocando a entrada de gás no interior dos
cilindros.

Este efeito de vácuo pode ser utilizado para controlar vários outros sistemas do
motor automóvel tais como o avanço da ignição, bombas de travões, e a ventilação
do cárter em que os gases deste são queimados juntamente com o combustível.

• Variável: O coletor variável vai funcionar integrado com a central de injeção e


ignição, além de disponibilizar o comando de válvulas variável. Este comando é
composto por um conjunto de dutos plásticos que vão operar nos regimes de
cargas parciais.

Quando forem mantidos fechados, os dutos curtos e de grande seção, será para
ganhar mais potência, e quando forem mantidos abertos os dutos estreitos e
longos, será para ganhar mais de torque.

No momento em que o motor ultrapassar a faixa de giros de torque máximo,


caberá a central eletrônica a função de energizar uma válvula eletro pneumática.
Ela vai abrir a passagem para a mistura percorrer os dutos curtos e de grande seção
e produzir uma maior potência.

69
Figura 5.3 –Coletor de admissão do Ford Focus e Ecosport 2.0 16 V. Fonte: do autor.
(Adaptado da internet)

8- Válvula de admissão – Com uma função análoga a válvula de escape. Porem


controlando a entrada de ar ou mistura ar-combustível na câmara. É acionado por um eixo
arvore (com came).

9 – Linha de combustível – Responsável por alimentar os injetores em cada cilindro. O


escoamento de combustível injetado vem direto da bomba de combustível.

10 – Haste de válvulas – Haste que une a superfície de contato da válvula com o orifício
de entrada e saída no cilindro com a superfície acionada no came através do eixo arvore.

11 – Duto de agua – Duto que leva a agua refrigerada através dos canais dentro do bloco
do motor com a intuição de impedir um superaquecimento do motor.

70
13 – Cabeçote - conjunto do motor localizado superior ao bloco. Eh ligado ao mesmo
através de uma junta. Nele estão contidos os eixos arvore juntamente com suas respectivas
hastes com a tampa da válvula. Geralmente feito de alumínio ou ferro fundido.

15 – Bloco - Maior componente do motor, o bloco é onde estão contidos os cilindros,


juntamente com seus dutos internos de resfriamento. Além de conter os cilindros é um
peca crucial para estrutura do motor.

16 – Eixo comando de válvulas: também chamado de eixo arvore, é onde se encontra as


superfícies rombudas (ou cames) que acionam as válvulas através de suas protuberâncias.
Ela é diretamente acionada através de uma correia pelo eixo virabrequim.

17 – Volante – Elemento com uma massa responsável por acrescentar inercia ao


movimento do virabrequim, transformando a potência gerada no virabrequim de pontos
discretos em um movimento continuo.

18 - Virabrequim – Ou eixo de manivelas, é onde a biela é acoplada, transformando o


movimento alternativo em movimento circular. Contém uma geometria complexa.

20 – Biela - Elemento de ligação do pistão, para transmissão de potência e torque para o


eixo virabrequim

22 – Bomba de óleo – Responsável por pressurizar o óleo responsável pela lubrificação


das partes moveis do motor, que é projetado na base de contato pistão/cilindro.

23 – Carter - Reservatório localizado na parte inferior do bloco onde é depositado o óleo


do motor. Este mesmo óleo por sua vez, é retirado através do bujão do cárter (item 21 da
figura)

71
24 – Engrenagem do virabrequim – Usada para acionamento da correia do comando de
válvulas. Antigamente era usada correias de aço.

Tempo de combustão num motor alternativo

Para que ocorra uma queima com alto rendimento, é necessário além de um
excesso de ar dentro da câmara (comburente), também que haja um tempo suficiente para
que a frente de chama propague e seja capaz de queimar a maior fração possível da massa
de mistura ar-combustível dentro da câmara. Portanto, para um motor alternativo, o tempo
do início de ignição deve ocorrer geralmente a um determinado tempo antes do PMS. De
um modo geral deve-se ter um controle do rendimento da queima e conhecimento do que
influi na velocidade de propagação da chama, resumindo, os principais fatores que
influem na velocidade de propagação da frente de chama são:

• Relação ar-combustível

• Turbulências

• Gases residuais

Graficamente, considerando que o pistão ao percorrer um movimento completo,


ascendente e descendente do PMS ao PMI, o virabrequim percorre 360 graus em torno
do seu eixo, e os vários tempos que ocorrem na combustão poder ser vistos, segundo a
figura.

72
Segundo Rodrigues (2014), o avanço de ignição visa proporcionar o tempo
necessário para que a combustão se inicie e se desenvolva de tal forma que o pico de
pressão resultante desse processo ocorra poucos graus depois do pistão iniciar seu
movimento descendente. Se o avanço de ignição for demasiadamente grande haverá um
aumento excessivo da pressão no cilindro antes do pistão atingir o PMS e iniciar seu
movimento descendente, resultando em um aumento do trabalho de compressão e redução
do trabalho útil do ciclo. Por outro lado, se a ignição for muito atrasada, os valores
máximos de pressão do ciclo serão reduzidos, reduzindo o trabalho útil produzido pelo
motor. Assim existe um momento ótimo para a liberação da centelha de tal forma a
minimizar o trabalho de compressão e proporcionar os maiores valores de pressão nos
instantes iniciais do movimento descendente do pistão, gerando o maior torque e menor
consumo de combustível para um determinado regime de rotação e carga. Este avanço é
conhecido pela sigla MBT, do inglês “maximum break torque”.

Ainda para um gráfico pressão versus volume, contendo um ciclo, podemos ver o
efeito do avanço de ignição, de modo que a área hachurada mostrada é a energia
desperdiçada.

73
Cinemática do conjunto pistão-biela-virabrequim

𝑟 2
𝑥 = 𝑟(1 − cos 𝛼) + 𝐿(1 − √[1 − ( ) 𝑠𝑒𝑛2 𝛼])
𝐿

74
Caso se deseja achar a posição em função do tempo, pode-se colocar a velocidade
tangencial vezes o tempo de forma que:

𝛼 = 𝜔𝑡

𝑟 2
𝑥 = 𝑟(1 − cos 𝜔𝑡) + 𝐿(1 − √[1 − ( ) 𝑠𝑒𝑛2 𝜔𝑡])
𝐿

O comprimento da biela costuma ser entre 3 e 4 vezes o valor do raio da manivela


(virabrequim). Para se achar a velocidade e a aceleração instantânea basta se derivar a
equação um em duas vezes respectivamente.

𝑑𝑥 𝜔𝑟 2 𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡 cos 𝜔𝑡
𝑣= = −𝜔𝑟𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡 −
𝑑𝑡 √𝐿2 − 𝑟 2 𝑠𝑒𝑛2 𝜔𝑡

Uma análise vetorial também é possível para determinação da velocidade e


aceleração do mecanismo pistão-biela-virabrequim. Segundo Hibbeler (2012), o
movimento plano geral pode ser descrito, no caso da velocidade por:

𝑣𝐵 = 𝑣𝐴 + 𝜔𝐴/𝐵 × 𝑟𝐴/𝐵

E a aceleração como:

2
𝑎𝐵 = 𝑎𝐴 + 𝛼𝐴/𝐵 × 𝑟𝐴/𝐵 − 𝜔𝐴/𝐵 𝑟𝐴/𝐵

EXEMPLO 5.1

Um conjunto pistão-biela-virabrequim funciona em um motor de combustão interna,


de forma que a cabeça do pistão sobe a 300 m/s em dado instante em que o raio da

75
manivela faz 30 graus em relação a direção vertical. Sabendo que o comprimento da biela,
L, é 0,12 m e o do raio do virabrequim, r, 0,03 m, determine:

a) A velocidade angular neste instante do eixo virabrequim

b) Descreva a equação da aceleração neste instante em função das acelerações


angulares do virabrequim e biela

SOLUÇÃO

PARTE A

Observe, segundo a trigonometria do problema, num primeiro momento que:

𝐿 cos 𝛽 = 𝑟 𝑠𝑒𝑛 𝛼

Então:

𝑟
cos 𝛽 = 𝑠𝑒𝑛 𝛼 = 0,25 𝑠𝑒𝑛 30 = 0,125, 𝛽 = 82,88
𝐿

𝑚
𝑣𝑃 𝑗 = 90
𝑠

Primeiro do ponto B em relação ao A:

𝑣𝐵 = 𝑣𝐴 + 𝜔𝐴/𝐵 𝑥 𝑟𝐴/𝐵

Se 𝑣𝐴 está no centro de rotação do virabrequim, seu valor será, portanto, igual a


zero.

76
𝑣𝐵 = 𝜔𝐴/𝐵 𝑥 𝑟𝐴/𝐵

E lembrando que, no sentido horário a rotação em torno do eixo `k` é positiva.

𝜔𝐴/𝐵 = 𝜔 𝑘

𝑟𝐴/𝐵 = +𝑟𝐴/𝐵 cos 𝛼 𝑗 + 𝑟𝐴/𝐵 𝑠𝑒𝑛 𝛼 𝑖

𝑣𝐵 = 𝜔 𝑘 𝑥 (+𝑟𝐴/𝐵 cos 𝛼 𝑗 + 𝑟𝐴/𝐵 𝑠𝑒𝑛 𝛼 𝑖 )

𝑣𝐵 = −𝑣𝐵 cos 𝛼 𝑖 + 𝑣𝐵 𝑠𝑒𝑛 𝛼 𝑗

Agora do ponto B ao ponto P

𝑣𝑃 = 𝑣𝐵 + 𝜔𝐵/𝑃 𝑥 𝑟𝐵/𝑃

𝑣𝑃 = −𝑣𝐵 cos 𝛼 𝑖 + 𝑣𝐵 𝑠𝑒𝑛 𝛼 𝑗 + 𝜔𝐵/𝑃 𝑥 𝑟𝐵/𝑃

O sentido de rotação da biela BP, é horário, logo negativo. E o vetor posição BP:

𝑟𝐵/𝑃 = +𝑟𝐵/𝑃 sen 𝛽 𝑗 − 𝑟𝐵/𝑃 𝑐𝑜𝑠 𝛽 𝑖

𝑣𝑃 = −𝑣𝐵 cos 𝛼 𝑖 + 𝑣𝐵 𝑠𝑒𝑛 𝛼 𝑗 + (−𝜔𝐵/𝑃 ) 𝑘 𝑥 (𝑟𝐵/𝑃 sen 𝛽 𝑗 − 𝑟𝐵/𝑃 𝑐𝑜𝑠𝛽 𝑖)

Igualando-se os termos referentes a i e j, temos um sistema com duas equações e


duas incógnitas, e lembrando que 𝑟𝐵/𝑃 = L= 0,12 m:

77
[𝑖] => 0 = −𝑣𝐵 cos 𝛼 + 𝜔𝐵/𝑃 𝑟𝐵/𝑃 sen 𝛽

[𝑗] => 300 = 𝑣𝐵 sen 𝛼 + 𝜔𝐵/𝑃 𝑟𝐵/𝑃 cos 𝛽

[𝑖] => 0 = −𝑣𝐵 0,86 + 𝜔𝐵/𝑃 0,12 0,992

[𝑗] => 300 = 𝑣𝐵 0,5 + 𝜔𝐵/𝑃 0,12 0,125

Resolvendo-se tem:

𝑟𝑎𝑑
𝜔𝐵/𝑃 = 3571 𝑒 𝑣𝐵 = 493,92 𝑚/𝑠
𝑠

Por fim:

𝑣𝐵 493,92
𝑣𝐵 = 𝜔𝐴/𝐵 𝑟𝐴/𝐵 , 𝜔𝐴/𝐵 = = = 16429𝑟𝑎𝑑/𝑠
𝑟𝐴/𝐵 0,03

𝑑𝑦
𝑣𝑝 = = 300 𝑚/𝑠
𝑑𝑡
P

L=0,12 m
𝛽
𝛼 = 30
B
𝜔
A
R=0,03 m

78
PARTE B

Usando dos dados da parte A, faremos a análise de B em relação a A:


2
𝑎𝐵 = 𝑎𝐴 + 𝛼𝐴/𝐵 𝑥 𝑟𝐴/𝐵 − 𝜔𝐴/𝐵 𝑟𝐴/𝐵

2
𝑎𝐵 = 𝛼𝐴/𝐵 𝑘 𝑥 (𝑟𝐴/𝐵 cos 𝛼 𝑗 + 𝑟𝐴/𝐵 𝑠𝑒𝑛 𝛼 𝑖) − 𝜔𝐴/𝐵 . (𝑟𝐴/𝐵 cos 𝛼 𝑗 + 𝑟𝐴/𝐵 𝑠𝑒𝑛 𝛼 𝑖)

𝑎𝐵 = 𝛼𝐴/𝐵 𝑘 𝑥 (0,03 cos 30 𝑗 + 0,03𝑠𝑒𝑛 30 𝑖) − 164292 . (0,03 cos 30 𝑗 + 0,03𝑠𝑒𝑛 30 𝑖)

𝑎𝐵 = 𝛼𝐴/𝐵 𝑘 𝑥 (0,0258𝑗 + 0,015 𝑖) − (9693730𝑗 + 4048680 𝑖)

𝑎𝐵 = (−𝛼𝐴/𝐵 0,0258𝑖 + 𝛼𝐴/𝐵 0,015 𝑗) − (9693730𝑗 + 4048680 𝑖)

E agora a análise de P em relação a B:

2
𝑎𝑃 = 𝑎𝐵 + 𝛼𝐵/𝑃 𝑥 𝑟𝐵/𝑃 − 𝜔𝐵/𝑃 𝑟𝐵/𝑃

𝑎𝑃 = (−𝛼𝐴/𝐵 0,0258𝑖 + 𝛼𝐴/𝐵 0,015 𝑗) − (9693730𝑗 + 4048680 𝑖) + 𝛼𝐵/𝑃 𝑥 𝑟𝐵/𝑃 sen 𝛽 𝑗


2
− 𝑟𝐵/𝑃 𝑐𝑜𝑠 𝛽 𝑖 − 𝜔𝐵/𝑃 𝑟𝐵/𝑃 (sen 𝛽 𝑗 − 𝑟𝐵/𝑃 𝑐𝑜𝑠 𝛽 𝑖)

Substituindo os valores, e observando que o valor da aceleração da biela, é


negativo graças a sua rotação.

𝑎𝑃 = (−𝛼𝐴 0,0258𝑖 + 𝛼𝐴 0,015 𝑗) − (9693730𝑗 + 4048680 𝑖) + (−𝛼𝐵 𝑘 ) 𝑥 (0,12 sen 82,2 𝑗


𝐵 𝐵 𝑃
− 0,12𝑐𝑜𝑠 82,2 𝑖) − 35712 (0,12 sen 82,2 𝑗 − 0,12𝑐𝑜𝑠 82,2 𝑖)

𝑎𝑃 = (−𝛼𝐴 0,0258𝑖 + 𝛼𝐴 0,015 𝑗) − (9693730𝑗 + 4048680 𝑖) + (−𝛼𝐵 𝑘 ) 𝑥 (0,11904𝑗


𝐵 𝐵 𝑃
− 0,015 𝑖) − (1518002𝑗 − 191280 𝑖)

79
𝑎𝑃 = (−𝛼𝐴 0,0258𝑖 + 𝛼𝐴 0,015 𝑗) − (9693730𝑗 + 4048680 𝑖) + (𝛼𝐵 0,11904𝑖 + 𝛼𝐵 0,015 𝑗)
𝐵 𝐵 𝑃 𝑃
− (1518002𝑗 − 191280 𝑖)

Caso quiséssemos resolver o problema basta aplicar um sistema com um valor


predeterminado de aceleração no pistão e igualando os termos iguais:

[𝑖] => 0 = −𝛼𝐴 0,0258 − 4048680 + 𝛼𝐵 0,11904 + 191280


𝐵 𝑃

[𝑗] => 𝑎𝑃 = 𝛼𝐴 0,015 − 9693730 + 𝛼𝐵 0,015 − 1518002


𝐵 𝑃

[𝑖] => 0 = −𝛼𝐴 0,0258 + 𝛼𝐵 0,11904 − 3857400


𝐵 𝑃

[𝑗] => 𝑎𝑃 = 𝛼𝐴 0,015 + 𝛼𝐵 0,015 − 8175728


𝐵 𝑃

Admissão e exaustão:

O duto do coletor deve ser dimensionado de forma a proporcionar um ótimo


compromisso entre o seu diâmetro e a velocidade que o mesmo entrega o ar da admissão
na válvula. Essa velocidade por sua vez está diretamente relacionada a rotação do motor
e a carga (solicitação) do mesmo. As principais funções dos dutos de admissão são:

• Otimizar o rendimento volumétrico para as mais variadas condições de rotação e


carga, sendo a eficiência volumétrica:

𝑉𝑟̇ 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑎𝑟 𝑟𝑒𝑎𝑙 (𝑎𝑠𝑝𝑖𝑟𝑎𝑑𝑜/𝑠𝑜𝑏𝑟𝑒𝑎𝑙𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑑𝑜)


𝜂𝑉 = =
𝑉𝑛 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑎𝑟 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙

80
• Distribuir uniformemente a mistura entre os cilindros

• Produzir baixas perdas de carga ao longo do processo de admissão

• Auxiliar no processo de homogeneização ou estratificação da mistura

Figura 5.4 – Coletor de admissão variável. Fonte: do autor. (Adaptado da internet)

Temos que, num coletor ocorre que:

• A altas velocidades temos uma grande perda de carga e também baixo rendimento
volumétrico

• Baixas velocidades temos uma grande heterogeneidade da mistura ar combustível

• Ideal da velocidade é entre 14 e 75 m/s.

81
Figura 5.5 – Exemplo da influência do diâmetro do duto na homogeneização da mistura.
Fonte: do autor. (Adaptado da internet)

Figura 5.6 – Exemplo da influência do diâmetro do duto para a eficiência volumétrica.


Fonte: do autor. (Adaptado da internet)

Portanto valores típicos de comprimento do coletor (𝐿𝑑) versus seu diâmetro (D)
está entre 10:1 e 20:1. Como um componente também comum no sistema de admissão de

82
ar temos o plenum, cuja função é amortecer oscilações causadas por variação e de pressão
e velocidades, (consequentemente de vazão mássica) entre ciclos. Em outras palavras ele
é a câmara principal do coletor, logo sempre um coletor carrega consigo as funções de
um plenum.

Figura 5.7 – Exemplo de um plenum. Fonte: do autor. (Adaptado da internet)

Estima-se que a câmara principal do coletor de admissão (ou plenum) deve ter um
volume entre 70% e 95% do deslocamento total do motor. Ou seja, num motor de 2 litros,
o plenum deve ter um volume ente 1,4 e 1,9 litro, garantindo assim a boa distribuição do
fluxo de ar.

Resumindo: caso se opere com o motor a alta rotação, num coletor variável estará
disponível um duto de baixo comprimento, havendo assim menos perda de carga e
portanto maior vazão mássica (permitindo ``encher o cilindro``). Já quando há
necessidade de menor consumo, libera-se o duto de grande comprimento permitindo uma
menor vazão, com grandes perdas. Dutos longos favorecem o torque enquanto dutos
curtos favorecem a potência.

Uma das partes mais importante da admissão diz respeito a dinâmica das válvulas
de admissão e escape, conforme pode ser visto no diagrama abaixo, há um intervalo em
que ambas as válvulas encontram-se abertas, porém, com o advento da tecnologia, temos
hoje o comando variável de válvulas, que adapta a dinâmica da abertura e fechamento das
mesmas de acordo com a solicitação da central eletrônica.

83
Figura 5.8 – Gráfico típico de abertura de válvulas de um motor de combustão interna
alternativo. Fonte: do autor. (Adaptado da internet)

Em um motor que se apresente uma abertura mais pronunciada da válvula de


admissão, se sucedera que o motor terá ganhos ao nível da performance, mas por outro
lado aumentara o consumo simultaneamente. Porque nessas condições estará entrando
uma maior quantidade de ar e de combustível para dentro da câmara de combustão,
mesmo com um motor em pouca carga. Já num motor, em que os engenheiros optassem
por um comando de abertura mais preocupado com os consumos, o comando da válvula
teria portanto um tempo de abertura mais curto e menos pronunciado, e por conseguinte
uma menor capacidade de aspirar a altas rotações.

Ai entra uma tecnologia nova: o comando variável. Com o comando variável em


baixas rotações escolhe-se a configuração de abertura de válvulas mais apropriada para
um menor consumo. Em rotações elevadas opta-se por uma abertura que favoreça a
performance em detrimento da economia. A forma que a abertura de válvulas e o
comprimento do duto de admissão se relacionam ocorre da seguinte forma:

O primeiro movimento da massa de ar no duto se dá quando a válvula de admissão


se abre e há um cruzamento com a válvula de exaustão ainda aberta (ver gráfico da figura
5.8). A inércia da saída dos gases da combustão anterior é tão forte que gera uma grande
depressão na câmara. Essa depressão ocorre ainda no Ponto Morto Superior (PMS). O
movimento descendente do pistão (associado à depressão gerada pelo escape) suga a
mistura fresca para dentro da câmara ao mesmo tempo em que um pulso de rarefação
(negativo) sobe e se desloca pelo duto de admissão em direção ao plenum.

84
Este pulso possui uma grande quantidade de energia, porém uma baixa capacidade
de deslocamento. Então o duto de admissão deve aumentar de diâmetro à medida que se
afasta da válvula de admissão e preferencialmente deve terminar em uma boca de sino.
Dessa forma haverá o casamento entre a impedância acústica – causando a amplificação
da onda - do duto e do plenum. Quando o pulso de rarefação chega ao plenum, ele é
refletido e retorna para o duto defasado em 180˚, tornando-se um pulso de compressão
(positivo).

Se a chegada deste pulso de compressão coincidir com o momento que antecede


o fechamento total da válvula de admissão (frequência de rotação do motor = frequência
de ressonância do duto de admissão), uma carga extra de mistura será literalmente
comprimida para dentro do cilindro. Mas o grande problema em sintonizar o sistema para
frequência principal é que o comprimento do duto torna-se inviável. Se fôssemos ajustar
o coletor para que o pico de pressão ocorresse aos 3.000 rpm, o duto de admissão teria
quase 5 m de comprimento.

Estudos mostraram que sintonizando o coletor para as frequências do terceiro,


quarto e quinto harmônico da frequência principal, é possível alcançar ganhos muito
próximos dos encontrados com a frequência principal. Dessa forma temos uma razão
entre as frequências que pode ser encontrada por:

85
𝑓𝑎
𝑞=
𝑓𝑚

Onde q é o harmônico (podendo ser o valor de 3, 4 ou 5), 𝑓𝑎 a frequência de


admissão, e 𝑓𝑚 (Hz) a frequência do motor (rotações por segundo). Com isso podemos
determinar o comprimento do duto do coletor 𝐿𝑑:

1
𝐿𝑑 = 170
𝑞. 𝑛. 3
( )
𝛼

Onde 𝑛 ; refere-se a rotação do motor (RPM).

Voltando a dinâmica das válvulas de admissão, temos o chamado efeito


``overlap``, ou cruzamento, que diz respeito ao período em que ambas as válvulas
(admissão e exaustão) estão simultaneamente abertas. Há dois casos típicos desse
fenômeno que devem ser estudados: O primeiro diz respeito quando ambas as válvulas
estão abertas simultaneamente a altas rotações. Nesse caso, dada a inercia dos gases de
exaustão serem elevados, não há recirculação do gás da queima no duto de admissão.
Situação que não ocorre quando do motor em baixa rotação.

Figura 5.8 – Fenômeno de overlap a alta rotação. Fonte: do autor. (Adaptado da


internet)
86
Na situação em que há baixa rotação, quando da presença da borboleta
parcialmente fechada, temos que no próximo ciclo no motor de quatro tempos haverá um
retorno para dentro da câmara do gás queimado no ciclo anterior.

Figura 5.9 – Fenômeno de ‘’overlap’’ a baixa rotação. Fonte: do autor.


(Adaptado da internet)

Figura 5.10 – Fenômeno de ‘’overlap’’ genérico. Fonte: do autor. (Adaptado da


internet)

87
Figura 5.11 – Comportamento do rendimento volumétrico a várias rotações para
vários atrasos de fechamento de válvula. Fonte: do autor. (Adaptado da internet)

Figura 5.12 – Comparações entre perfis de came para diferentes taxas de aceleração. Fonte: do
autor. (Adaptado da internet)

88
Geometria do cabeçote

Para um motor simples, com duas válvulas o arranjo mais usado hoje em dia é o
do tipo Hemi (ou hemisférico), dada a disposição dos cilindros, esse arranjo otimiza a
geometria no topo da câmara. Porem para motores com dois cilindros na admissão e o
escape o tipo Pentroof (ou penta motor) é o mais comum. O mesmo apresenta um formato
em V invertido (daí o nome em inglês)

Há ainda o tipo de cabeçote plano. Mais antigo e pouco usado ele tem a vantagem
na facilidade de fabricação a custo, porem com baixa performance.

Figura 5.12 – Cabeçote do tipo pentroof . Fonte: do autor. (Adaptado da internet)

A diferença em termos de performance de motores com duas e quatro válvulas diz


respeito a facilidade de aspiração de ar para dentro da câmara a altas rotações. Enquanto
o motor de quatro válvulas por cilindro permite mais facilmente aspirar a mistura a altas
rotações, o de duas válvulas apresenta uma dinâmica mais favorável a baixas rotações.
Ainda dentro das configurações possíveis na disposição das válvulas e dutos do cabeçote,
temos os tipos de motor de fluxo cruzado. Dá-se o nome de fluxo cruzado à disposição
das válvulas de tal forma que as janelas de admissão fiquem de um lado do cabeçote e as
janelas de escape fiquem do lado oposto, sendo os respectivos coletores individuais,
posicionados um em cada lado do cabeçote. Nos motores mais antigos, sem fluxo
cruzado, tanto o coletor de admissão quanto o coletor de escape se situam no mesmo lado
do cabeçote. Com o fluxo cruzado se consegue um melhor desenho da câmara de
combustão, um melhor posicionamento das válvulas e uma melhor respiração das

89
câmaras de combustão, o que significa um melhor rendimento do motor. Com o fluxo
cruzado também se consegue construir motores multi valvulados.

Resumindo, para motores com cabeçote de fluxo cruzado:

• Admissão e escape ocorrem em lados opostos

• Maior área disponível para as janelas de admissão e descarga;

• Menor troca de calor entre os coletores de admissão e descarga → melhora de


rendimento volumétrico do motor;

Figura 5.13 – Cabeçote do tipo pentroof. Fonte: do autor. (Adaptado da internet,


HowStuffWorks)

Elementos para sobrealimentação de um MCI:

Temos dois principais mecanismos para obter um alto rendimento volumétrico em


motores de combustão interna alternativos:

• Turbocompressores

90
• Superchargers:

Os turbocompressores são maquinas de fluxo que consistem basicamente em um


compressor radial e uma turbina radial, dotados de difusores, que por sua vez podem ser
de geometrias variáveis ou não. A turbina recebe os gases da exaustão quentes da câmara
e extrai energia dos mesmos, acionando assim o compressor que se encontra a montante
do coletor.

Figura 5.13 – Turbocompressor automotivo. Fonte: do autor. (Adaptado da internet)

Figura 5.14 – Supercharger automotivo. Fonte: do autor. (Adaptado da internet)

Já os superchargers são compressores do tipo parafuso, que acionados via correia,


pegam a potência vinda do eixo virabrequim e comprimem o ar a montante do coletor.

Algumas configurações possíveis de serem aplicadas juntos a turbocompressores


são:

91
• Turbocompressores em série, tendo em vista aumentar a razão de pressão.

• Uso de trocadores de calor (ou intercoller) a jusante do turbocompressor de forma


a diminuir a temperatura e consequentemente aumentar a densidade

Figura 5.15 – Exemplo de aplicação de um trocador de calor (intercoller). Fonte: do


autor. (Adaptado da internet)

92
Figura 5.16 – Efeito do uso de turbocompressor com geometria variável Fonte: do autor.
(Adaptado da internet)

Disposição geométrica do motor

Os motores a combustão interna que utilizam cilindros e pistões, atualmente


utilizam várias configurações diferentes para dispor os pistões e cilindros: em linha, em
"V" ou opostos, (boxer), radial ou ``W``. Cada qual com suas características positivas e
negativas. A disposição dos cilindros e pistões determina o comportamento do motor
quanto a uma série de fatores que vão desde espaço ocupado, curva de torque, potência,
perdas mecânicas e até mesmo vibrações.

Naturalmente os motores com cilindros paralelos dispostos em linha, é a forma


mais adotada e conhecida, sendo desde os primeiros carros a configuração mais usada,
entretanto a adoção de motores com cada vez mais cilindros a fim de gerar mais potência,
fez nascer até mesmo gigantescos motores de 12 cilindros em linha, exigindo carros com
frentes muito compridas.

A alternativa que naturalmente surgiu, foi dividir os cilindros em duas linhas


unidas pelo virabrequim, dando origem aos motores em "V", que logo mostrou ter mais
vantagens do que a simples diminuição de tamanho.

A outra disposição comumente usada, fica por conta do Boxer (cilindros opostos),
que se revelou uma alternativa criativa para os motores em linha e em "V", com
características bem diferenciadas e que tem na Porsche e na Subaru, dois fabricantes que
contam com projetos bem desenvolvidos quanto a este tipo. Motores do tipo radiais são
e foram muitos usados para usos aeronáuticos de forma que se adequada a seção
transversal da aeronave e maximizava a área frontal de contatos das aletas de
resfriamentos, (resfriamento por ar)

Por último tem-se o motor em "W', que apesar do nome não tenha os cilindros
dispostos em "W", mas sim em um duplo "V" unido pelos vértices, ou seja, foram unidos
dois blocos V4 a um ângulo de 72º, que se "comunicam" por um único virabrequim. A
seguir há uma lista com as principais características de cada um:

93
Cilindros em linha

- Menor número de peças, o que diminui as possibilidades de quebra, facilitando e


barateando a manutenção.

- Maior facilidade de regulagem.

- Menores custos de produção.

- Menor rendimento mecânico.

- Inadequado para mais de 6 cilindros, devido ao comprimento do bloco e, portanto do


cofre do motor.

Cilindros em "V"

- Torque maior e com curva mais homogênea, mais diretamente ligada ao número de
cilindros, mas também ao ângulo do "V".

- Menor nível de vibrações e de ruído, proporcionalmente ao motor em linha com


mesmo número de cilindros, devido a um maior equilíbrio rotacional.

- Maior rendimento mecânico.

- Maior dificuldade de regulagem.

- Maior número de componentes móveis.

- Blocos mais compactos, propiciando cofres de motor menores e frentes mais baixas,
favorecendo a aerodinâmica.

Cilindros opostos (Boxer)

- Menor nível de vibrações, devido ao melhor balanço rotacional dentre todas as


configurações.

- Permite um centro de gravidade mais baixo, como frentes também mais baixas
(aerodinâmica).

94
- Maior rendimento mecânico.

- Configuração inadequada para mais de 6 cilindros

- Maior número de componentes móveis.

- Maior dificuldade de regulagem

Em um motor de quatro cilindros em linha, as distâncias em relação ao centro do


virabrequim não são as mesmas quando dois pistões estão no ponto-motor superior (PMS)
os outros dois estão em PMI: isso causa diferenças de velocidade dos pistões e acaba por
produzir forças diferentes e, em consequência, vibrações. Olhando o motor de lado, como
se abrisse o capô de um carro com motor transversal, o quatro-cilindros em linha teria
uma força resultante “jogando” o motor como um todo para cima e para baixo conforme
o movimento alternado dos pistões.

Motores de forças autobalanceadas são apenas os de número pares de cilindros em


linha, a partir de seis, e os V12. Tanto que a configuração de seis cilindros em linha já foi
adotada por muitos fabricantes — e bastante apreciada — por seu funcionamento suave
e com poucas vibrações (oito cilindros em linha foram usados em outros tempos). Mas
tal disposição praticamente requer montagem longitudinal, devido ao comprimento do
motor, além de exigir um bloco mais rígido e pesado para reduzir sua flexão, devido à
grande distância do primeiro ao sexto cilindro. Seis cilindros em linha com posição
transversal é solução rara, como em alguns Volvos e no Land Rover Freelander, anos
atrás.

Em relação ao quatro-cilindros, o motor de três cilindros tem essas forças


desbalanceadoras eliminadas, pois os cilindros estão defasados em 120 graus no
virabrequim. Por isso não mostra a tendência a sair “pulando”. Por outro lado, devido à
posição dos cilindros e à ordem de queima, criam-se forças que tendem a “balançar” o
motor como se fosse uma gangorra de parque infantil (novamente olhando de lado).

Momento torsor, consumo específico e potencia

95
Após feito um esboço inicial do motor, seu layout, grandezas e paramentos
principais deve-se ao menos num nível preliminar executar-se uma análise de rendimento
e desempenho. Usa-se dinamômetros e outras equações semi-empíricas disponíveis.
Porém, para podermos trabalhar com os parâmetros de desempenho do motor, devemos
antes de tudo relembrar algumas grandezas e equações de interesse, são eles:

Torque:

𝑇 = 𝐹𝑟 𝑐𝑜𝑠𝜃

Onde 𝐹 será a forca aplicada, 𝑟 o raio da alavanca e 𝜃 o ângulo entre a forca e o


braço.

Potencia:

𝑃 = 𝑇𝜔

Onde 𝑇 e o torque e 𝜔 a velocidade angular (rad/s). Lebramndo que a potencia eh


a quantidade de energia fornecida ao sistema por uma unidade de tempo e sua unidade se
dá em watts. Colocando-se uma a equação do torque dentro da de potência temos que,
para uma forca aplicada a 90 graus no braço de alavanca:

𝑑𝑥
𝑃=𝐹 = 𝐹𝑉
𝑑𝑡

A potência liquida vem da diferença entre a potência bruta e aquela dispersa no


atrito das partes moveis e dos acessórios do motor.

O torque é medido em freios dinamômetros. o princípio de atuação de todos


os dinamômetros é o mesmo: utilizam algum dispositivo para frear ou dissipar e
energia do motor dependendo do tipo de freio, tem-se dinamômetros elétricos,

96
hidráulicos, de correntes parasitas, aerodinâmicos, etc. O termo “indicado” do
trabalho refere-se ao trabalho mecânico máximo que poderíamos extrair do motor,
calculado levando em conta o ciclo termodinâmico realizado pelos gases, sem
descontar a energia consumida no “bombeamento” do ar ou ar + combustível e
outras perdas por atrito no motor.

𝑃𝐿 = 𝑃𝐵 − 𝑃𝐴

Quando colocado num dinamômetro o motor denuncia menores potência a baixas


a baixas velocidades devido a excessiva dissipação do calor e em altas rotações também
tem sua potência diminuída devido à dificuldade em se encher o motor (ou aumentar sua
eficiência volumétrica). E interessante ao propósito de se ensaiar motores que tenhamos
em mente a potência parcial. Eh a potência necessária para acionar um veículo a uma
velocidade constante. Ela é derivada diretamente do atrito com as rodas na estrada e do
efeito do arrasto aerodinâmico do ar. A formula de potência parcial é portanto:

𝑃𝑃 = (𝐶𝑅 𝑀𝑉 𝑔 + 0.5 𝜌 𝐴 𝐶𝐷 𝑉 2 )𝑉

Consumo Médio Especifico (SFC- specific fuel comsunption)

𝐾𝑔
𝑉𝑎𝑧𝑎𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡𝑖𝑣𝑒𝑙 [ ]
𝑆𝐹𝐶 = 𝑠
𝑃𝑜𝑡𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 [𝐾𝑤]

Portanto a partir desta definição podemos encontrar outras formas de descrever o


rendimento do motor:

1
𝜂=
𝑆𝐹𝐶 𝑄𝐻

97
Podemos ainda descrever o rendimento em função de outras grandezas:

1
𝜂=
𝑆𝐹𝐶 𝜂𝐶 𝑃𝐶𝐼

Para se encontrar a vazão de combustível devemos lembrar que, caso queiramos


estimar a potência térmica, devemos multiplicar o poder calorifico inferior pela vazão de
combustível vezes uma eficiência da combustão, de forma que:

𝑄𝐻,𝑟𝑒𝑎𝑙 = 𝑄𝐻,𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 𝜂𝐶

E que:

𝑄𝐻,𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 = 𝑚̇𝑐 𝑃𝐶𝐼

O valor do 𝑃𝐶𝐼 para alguns combustíveis típicos são, em média:

• Querosene de aviação (Jet A1) :43050 KJ/Kg

• Diesel :42600 KJ/Kg

• Gasolina pura:43400 KJ/Kg

• Etanol (puro): 26700 KJ/Kg

EXEMPLO 5.2

Considere como exemplo um motor de combustão interna alternativo que opere com
querosene de aviação, que deverá ser modelado como um alcano dodecano. Pede-se que
este motor, tenha uma relação de excesso de ar, 𝜆, de 1,6 no ponto de projeto, e que seu
ciclo seja matematicamente modelado como um ciclo Diesel com uma eficiência
isentrópica na compressão de 85 %, uma eficiência isentrópica na expansão de 92 % e
uma eficiência na combustão de 99 %.

98
a) A quantidade de calor especifico, em KJ/Kg, advinda da fonte quente – ou seja no
processo de combustão.

b) O rendimento do ciclo e o seu SFC, considerando uma temperatura ambiente de


308 K e pressão atmosférica de 1 Bar.

SOLUÇÃO

Parte A

Lembrando que o combustível querosene pode ser modelado como um alcano


dodecano:

∆ ∆
𝐶20 𝐻42 + 𝐵 ( 𝑂2 +3,76 𝑁2 ) → 𝐶 𝐶𝑂2 + 𝐷 𝐻2 𝑂 +𝐸 𝑁2 → +𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟

Obtermos após o cálculo da relação estequiométrica:

𝐶 = 20

2𝐷 = 42

𝐷 = 21

2𝐵 = 𝐶 + 2𝐷

2𝐵 = 21 + 2.20

𝐵 = 30,5

De forma que a relação ar sobre combustível estequiométrica se torne:

𝐴 30,5 (𝑂2 + 3,76𝑁2 ) 30,5(16 . 2 + 3,76 . 14 . 2)


| = = = 14,85
𝐶 𝑒𝑠𝑡𝑒𝑞𝑢𝑖𝑜𝑚𝑒𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 𝐶20 𝐻42 20 .12 + 42

99
𝐴
|
𝐶 𝑟𝑒𝑎𝑙
𝜆=
𝐴
|
𝐶 𝑒𝑠𝑡𝑒𝑞𝑢𝑖𝑜𝑚𝑒𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎

E a relação ar combustível real:

𝐴 𝐴
| =𝜆 | = 1,6 14,85 = 23,76
𝐶 𝑟𝑒𝑎𝑙 𝐶 𝑒𝑠𝑡𝑒𝑞𝑢𝑖𝑜𝑚𝑒𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎

O total de energia térmica fornecida durante a combustão é, usando os dados do


querosene de aviação:

𝑚̇𝑎𝑟
𝑄𝐻,𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 = 𝑚̇𝑐 𝑃𝐶𝐼 = . 43050
23,76

𝑚̇𝑎𝑟
𝑄𝐻,𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 = 𝑚̇𝑐 𝑃𝐶𝐼 = . 43050 = 1818,86 𝑚̇𝑎𝑟
23,76

𝑄𝐻,𝑟𝑒𝑎𝑙 = 𝑄𝐻,𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 𝜂𝐶 = 1818,86 𝑚̇𝑎𝑟 0.99 = 1800,67 𝑚̇𝑎𝑟

Ou colocando em termos específicos:

𝑄𝐻,𝑟𝑒𝑎𝑙 𝐾𝐽
𝑞𝐻,𝑟𝑒𝑎𝑙 = = 1800,67 [ ]
𝑚̇𝑎𝑟 𝐾𝑔

Parte B

Nas condições ambientes:

100
𝑅𝑇1 287. 308 𝑚3
𝑣1 = = = 0,8840
𝑃1 1 𝑥 105 𝐾𝑔

Considerando agora o ciclo diesel, temos que, no processo de compressão:

𝛾−1
𝑇1 𝑃2 𝛾 308 1,4−1
(𝑇2 − 𝑇1 ) = [( ) − 1] = [60 1,4 − 1] = 801
𝜂𝑠,𝑐 𝑃1 0,85

Logo:

𝑇2 = 1109,52 𝐾

𝑃2
𝑃2 = ( ) . 𝑃1 = 60 . 1 = 60 𝐵𝑎𝑟
𝑃1

No processo de troca de calor na fonte quente – relativa a troca de calor advinda


da combustão – temos, lembrando que o processo ocorre a pressão constante:

𝑄𝐻,𝑟𝑒𝑎𝑙 = (𝑚̇𝑎𝑟 + 𝑚̇𝑐𝑜𝑚𝑏 )𝑐𝑝 (𝑇3 − 𝑇2 )

1800,67 𝑚̇𝑎𝑟 = (𝑚̇𝑎𝑟 + 𝑚̇𝑐𝑜𝑚𝑏 ) 𝑐𝑝 (𝑇3 − 𝑇2 )

1800,67 (𝑚̇𝑎𝑟 + 𝑚̇𝑐𝑜𝑚𝑏 ) 1 1


= = 1+ = 1+
(𝑇
𝑐𝑝 3 − 𝑇2 ) 𝑚̇𝑎𝑟 𝐴 23,76
|
𝐶 𝑟𝑒𝑎𝑙

E considerando o calor especifico do gás queimado como 1,148 KJ/Kg.K:

1728 = 𝑐𝑝 (𝑇3 − 𝑇2 ) = 1,148 (𝑇3 − 1109,52 )

101
𝑇3 = 1505,22 + 1109,52 = 2614,74 𝐾

E as demais propriedades:

𝑃3 = 𝑃2 = 60 𝐵𝑎𝑟

𝑅𝑇3 287. 2614,74 𝑚3


𝑣3 = = = 0,125
𝑃3 60 𝑥 105 𝐾𝑔

Por fim para o processo de expansão, tem-se que o volume especifico e igual ao
atmosférico, logo 𝑣4 = 𝑣1 :
𝛾−1
𝛾
1
(𝑇3 − 𝑇4 ) = 𝜂𝑠,𝑒 𝑇3 1 − ( )
𝑃3
𝑃4
[ ]

Que pode ser escrito em função do volume específico:

1
(𝑇3 − 𝑇4 ) = 𝜂𝑠,𝑒 𝑇3 [1 − ]
𝑣 𝛾−1
( 4)
𝑣3

1
(𝑇3 − 𝑇4 ) = 0,92 2614,74 [1 − ]
0,884 1,333−1
( )
0,125

(𝑇3 − 𝑇4 ) = 1151,05 𝑇4 = 2614,72 − 1151,5 = 1463,22 𝐾

𝑊 𝑄𝐿 𝑐𝑣 (𝑇4 − 𝑇1 )
𝜂𝐷𝐼𝐸𝑆𝐸𝐿 = = 1− =1−
𝑄𝐻 𝑄𝐻 𝑐𝑝 (𝑇3 − 𝑇2 )

102
0,861 (1463,22 − 308) 0,861 . 1155,22 994.64
𝜂𝐷𝐼𝐸𝑆𝐸𝐿 = 1 − = = 1−
1,148 (2614,74 − 1109,52) 1,148 . 1505,22 1727,99

𝜂𝐷𝐼𝐸𝑆𝐸𝐿 = 0,42

Por fim o SFC é dado como:

𝐾𝑔
𝑉𝑎𝑧𝑎𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡𝑖𝑣𝑒𝑙 [ ]
𝑆𝐹𝐶 = 𝑠
𝑃𝑜𝑡𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 [𝐾𝑤]

𝑚̇𝑐
𝑆𝐹𝐶 =
(𝑚̇𝑐 + 𝑚̇𝑎𝑟 ) (𝑐𝑝 3 − 𝑇2 ) − 𝑐𝑣 (𝑇4 − 𝑇1 ))
(𝑇

𝑚̇𝑐 1
𝑆𝐹𝐶 = =
(𝑚̇𝑐 + 23,76 . 𝑚̇𝑐 ) (𝑐𝑝 (𝑇3 − 𝑇2 ) − 𝑐𝑣 (𝑇4 − 𝑇1 )) 24,76 (1727,99 − 994,64)

𝐾𝑔
𝑆𝐹𝐶 = 5,507 . 10−5
𝐾𝑤. 𝑠

EXEMPLO 5.3

Com os dados do exemplo 5.2 e sabendo que este motor deve gerar uma potência de
270 cv a 3000 rpm, determine:

a) A vazão de combustível e de ar aspirado em Kg/s.

b) O valor do numero de cilindros, sabendo que cada cilindro deve ter 1500 cm^3 no
ponto morto inferior.

SOLUÇÃO

Parte A

103
Sabemos que cada cavalo força é dado por 0,736 Kw, logo:

𝑃𝑜𝑡𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 [𝑘𝑤] = 𝑝𝑜𝑡𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 [𝑐𝑣]. 0,736

𝑊 = 𝑄𝐻 − 𝑄𝐿

𝑊 = (𝑚̇𝑐 + 23,76 . 𝑚̇𝑐 ) (𝑐𝑝 (𝑇3 − 𝑇2 ) − 𝑐𝑣 (𝑇4 − 𝑇1 ))

𝑊 = 𝑚̇𝑐 24,76 (1,148 . 1505,22 − 0,861 . 1155,22) = 270 .0, 736

𝑘𝑔
𝑚̇𝑐 = 0.0109
𝑠

𝐾𝑔
𝑚̇𝑎𝑟 = 𝑚̇𝑐 . 23.76 = 0,26
𝑠

Parte B

Sabendo que na aspiração, onde o ponto morto estará, aproximadamente no


momento em que tiver admitido toda a quantidade de ar, o volume especifico, 𝑣1 =
𝑚3
0.8844 𝐾𝑔, temos que para a massa de ar de admissão de 0,26 𝐾𝑔/𝑠:

𝑉1 = 𝑣1 . 𝑚1

𝑐𝑚3
𝑉1 = 0.26 . 0.884 = 0,459 𝑚3 = 0,462 . (100 𝑐𝑚)3 = 229800
𝑠

104
Note porem que a rotação de 3000 rpm quer dizer que, haverão 50 rotações por
segundo, ou seja haverão 25 cilindros para serem cheios em um segundo levando-se em
conta que cada ciclo percorre 720 graus (ou duas rotações), logo:

229800
𝑉𝑐𝑖𝑙,𝑃𝑀𝐼 = = 9180 𝑐𝑚3
25

Podemos deduzir uma formulação genérica de tal forma que:

𝑐𝑚3
𝑉1 [ ]
𝑉𝑐𝑖𝑙,𝑃𝑀𝐼 = 𝑠
𝜔 [𝑟𝑝𝑚]
𝑁𝑐𝑖𝑙
120

Como queremos em média 1500 cm^3 por cilindro podemos definir que:

𝑐𝑚3
𝑉1 [ ] 229800
𝑁𝑐𝑖𝑙 = 𝑠 = = 6,12 𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜𝑠
𝜔 [𝑟𝑝𝑚] 25 . 1500
𝑉𝑐𝑖𝑙,𝑃𝑀𝐼
120

Que arredondando para baixo serão 6 cilindros, por fim:

𝑉1 229800
𝑉𝑐𝑖𝑙,𝑃𝑀𝐼 = = = 1532 𝑐𝑚3
𝜔 [𝑟𝑝𝑚] 25 . 6
𝑁𝑐𝑖𝑙
120

EXEMPLO 5.4

Ainda usando os dados do exemplo 5.2 e 5.3 determine, sabendo que o cilindro
deve ter um raio de 80 mm:

105
a) A taxa de compressão.

b) A cilindrada e o curso do pistão.

SOLUÇÃO

Parte A

Considerando o volume especifico no inicio da troca de calor com a fonte quente


(estado 2), obtidos dos dados do exemplo 5.2:

𝑅𝑇2 287. 1109,52 𝑚3


𝑣2 = = = 0,053
𝑃2 60 𝑥 105 𝑘𝑔

Tem-se que a taxa de compressão, TC:

𝑉1 𝑣1 𝑚𝑎𝑟 0,884
𝑇𝐶 = = . = = 16,67
𝑉2 𝑣2 𝑚𝑎𝑟 0,053

Parte B

Lembrando da definição de taxa de compressão também pode ser dada por:

𝑏2
𝑉1 (𝜋 ℎ ) + 𝑉𝑐 𝑉
4 𝑐 𝑐𝑖𝑙,𝑃𝑀𝐼
𝑇𝐶 = = =
𝑉2 𝑉𝑐 𝑉𝑐𝑖𝑙,𝑃𝑀𝑆

E que conforme encontramos no exemplo 5.3:

𝑉𝑐𝑖𝑙,𝑃𝑀𝐼 1532
𝑉𝑐𝑖𝑙,𝑃𝑀𝐼 = 1532 𝑐𝑚3 𝑉2 = 𝑉𝑐𝑖𝑙,𝑃𝑀𝑆 = = = 91,90 𝑐𝑚3
𝑇𝐶 16,67

Logo a cilindrada e dada por:


106
𝐶𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑎𝑑𝑎 = 𝑁𝑐𝑖𝑙 (𝑉𝑐𝑖𝑙,𝑃𝑀𝐼 − 𝑉𝑐𝑖𝑙,𝑃𝑀𝑆 ) = 6 . (1532 − 91,90) = 8640 𝑐𝑚3

E o curso do cilindro é, lembrando que 𝑏 é o diâmetro, ou seja, duas vezes o raio:

𝑏2
(𝜋 ℎ𝑐 ) + 𝑉𝑐 = 𝑉𝑐𝑖𝑙,𝑃𝑀𝐼 𝑉𝑐 = 𝑉𝑐𝑖𝑙,𝑃𝑀𝑆
4

0,162
(𝜋 ℎ𝑐 ) = 1440 𝑐𝑚3 = 0,00144 𝑚3
4

ℎ𝑐 = 0,071 𝑚

EXERCICIOS

1) Repita o exemplo 5.2 e 5.3 e encontre o rendimento do ciclo apenas trocando o


tipo de combustível por gasolina pura, assumindo que o mesmo seja considerado
como um octano (8 carbonos na cadeia principal do alcano).

2) Seria possível se construir, de fato, o motor modelado na questão anterior, usando


a combustível gasolina? Porque?

3) O que se pode observar no que diz respeito ao rendimento do ciclo, caso, ao


trocarmos os dados na entrada do exemplo 5.2, da entrada de ar, como que usando
um turbocompressor com pressão de entrada igual a 2,2 Bar e temperatura de 380
K?

4) Do ponto de vista operacional, qual a vantagem do turbocompressor em relação


ao supercharger?

5) Caso adotemos cada vez mais um combustível mais viscoso – ou seja com mais
carbonos na cadeia principal – o que se espera em relação a relação ar combustível
estequiométrica?

107
6) Qual a vantagem do uso do intercooler e do aftercooler no desempenho de um
motor de combustão interna?

7) Como funciona o princípio do coletor variável para a variação da vazão mássica


na entrada do cilindro?

8) Descreva uma vantagem da injeção direta em motores de combustão interna em


relação a indireta. Cite uma dificuldade da implementação dessa tecnologia.

9) Caso se necessite aumentar a eficiência volumétrica de um motor de combustão


interna alternativo a altas rotações, qual recurso pode ser usado no que diz respeito
ao sistema de admissão.

10) Tem-se um motor de combustão interna alternativo que tem uma velocidade de
expansão dos gases, que induz o movimento do pistão, na direção vertical de 100
m/s. Qual seria a velocidade angular do virabrequim em 45 graus em relação a
vertical. Considere o valor do comprimento da biela, L, de 0,15 m e o do raio da
manivela de 0,05 m. Determine também a aceleração angular.

11) Modelando matematicamente, qual seria a posição angular, considerando o


ângulo ``zero`` como se orientado na vertical, em que o conjunto pistão-biela-
virabrequim teria a maior velocidade angular do braço da biela?

108
6 Ciclos de Potência a Vapor

Para a geração de potência através de uma turbina a vapor, usa-se um arranjo que
opera segundo o ciclo Rankine, - e demonstrado na figura 6.1 - ou seja, um ciclo cujo
fluido operante seja agua (destilada) e formado por:

• Condensadores

• Bombas

• Turbinas a vapor

• Caldeiras

2 3
Caldeira

Bomba
Turbina

1
4
Condensador

Figura 6.1 – Esquema mostrando os principais componentes de um sistema de geração


de potência usando vapor Fonte: do autor.

O ciclo simples, composto por 4 processos, pode ser descrito por:

• Processo 1-2 – Compressão isentrópica na bomba

• Processo 2-3 – Troca de calor isobárica na caldeira

• Processo 3-4 – Expansão isentrópica na turbina

• Processo 4-1 – Calor e retirado para o ar, através de um condensador a pressão


constante

109
𝑃

2 3

4
1

𝑉2 𝑉
𝑉1

1 4

Figura 6.2 – Graficos genericos de pressao versus volume e temperatura versus entropia
para o ciclo Rankine simples (sem regeneracao). Fonte: do autor.

Considerações mais detalhadas sobre bombas e turbinas a vapor foram vistas nas
disciplinas Maquinas de Fluxo e Sistemas Hidráulicos e não serão revistas aqui, ficando
a seguir a descrição dos condensadores e caldeiras:

110
Caldeiras:

As caldeiras podem ser divididas principalmente em dois tipos:

• Aquatubulares: Quando o vapor de agua passa por entre tubos no qual


externamente passa gás queimado a alta temperatura. Ocupam pouco espaço e
modernos projetos de usinas devido a grande produção de vapor e pressão de
trabalho.

• Flamotubulares: Quando o gás queimado passa dentro do tubo. São as mais


comuns e as mais usadas para pequenas vazões mássicas até (10 ton/h) e pequenas
pressões (até em torno de 15 e 20 Bar). Entre as flamotubulares destacam-se ainda
algumas configurações distintas. São elas:

Há ainda classificações quanto ao combustível, disposição dos tubos, arranjo usado e


o sistema de queima:

• Caldeiras a carvão pulverizadas

• Caldeiras de leito fluidizado (pressurizado, borbulhagem, circulantes)

• Supercríticas

• A óleo, gás, multicombustivel, etc...

• Tubos horizontais (Lancashire, Cornualia, Escocesa, locomotiva) ou verticais

No Brasil a norma reguladora para a imposição de normas para o projeto e inspeção


de caldeiras é a NR-13, do Ministério do Trabalho e Emprego do Brasil. Também tem
como objetivo condicionar inspeção de segurança e operação de vasos de pressão e
tubulações. A seguir podemos ver algumas configurações distintas e disposição de tubos
de caldeiras horizontais com traseira (fundo) molhada ou seca

111
As caldeiras flamotubulares do tipo horizontal contem: um vaso de pressão
cilíndrico horizontal, com dois tampos planos (os espelhos) onde estão afixados os tubos
e a fornalha. Caldeiras mais recentes contém vários canais (ou passes) de gases, sendo
mais comum uma fornalha e dois passes de gases (segunda da coluna do meio da figura).

A saída da fornalha é chamada câmara de reversão e pode ser revestida


completamente de refratários ou constituída de paredes metálicas molhadas.

Câmara de reversão molhada produz melhores rendimentos térmicos pela


diminuição de perdas de calor ao ambiente, porém são mais complicadas
construtivamente e consequentemente mais caras.

112
Figura 6.3 – Desenho em corte de caldeira flamotubular. Fonte: (Adaptado de Togawa
Engenharia).

Alguns componentes que merecem destaque são:

• Dreno (ou purgas) – usado para inspeção periódica do nível de mineralização da


agua e outros poluentes

• Queimador – instalado em linha com um conjunto que envolve compressores ou


bombas dos gases/líquidos, além de válvulas e feltros para o óleo a ser usado na
queima num injetor (podendo vir com um centelhador), seu conjunto pode ser
visto mais amplamente na aplicação de uma caldeira da seguinte forma:

113
Figura 6.4 – Desenho esquematico de caldeira aquatubular, detalhando a caixa de
queimadores com a linha de combustivel e o ventilador/compressor. Note o ar sendo
pre-aquecido antes de ser atomizado na camara. Fonte: (Adaptado da internet).

Figura 6.5 – Queimador de combustivel liquido (oleo) com pulverizacao a ar. Fonte:
(Adaptado da internet).

114
Condensadores:

Condensadores são um trocador de calor, no qual o fluido passa de sua fase de vapor para
sua fase liquida, mediante uma troca de calor com as paredes do equipamento, com um
fluido externo. Sua principal função portanto é tornar o título igual a zero na entrada da
bomba de forma a evitar danos a integridade do equipamento e aumentar a eficiência do
ciclo. Os dois tipos existentes são:

• Aerocondensadores: Realiza a troca de calor através de uma ventilação forcada,


são usados quando não se tem agua disponível perto da instalação da usina. Além
de mais caros provocam uma perda de rendimento em relação ao análogo
equipamento que usa agua.

• Condensadores a agua: O tipo mais utilizado de condensador em centrais


termoelétricas, podendo ser do tipo de circuito semi-fechado com torre de
refrigeração ou aberto do qual usa a agua proveniente de algum rio ou mar
próximos

Os escoamentos que ainda podem estar presentes na operação de um condensador são:

• As purgas dos aquecedores e outros elementos que quando resfriadas são


incorporadas no circuito de condensado.

• O ar de folgas que provem de falhas na vedação (deve ser retirado com uma bomba de
vácuo)

• O vapor procedente do escape da agua da turbombomba de alimentação (caso


houver)

• O vapor do by-pass das turbinas, que em alguns modos de operação transitórios


(arranques, paradas, etc...) Conduzem diretamente ao condensador todo o vapor
gerado na caldeira de uma vez

• A agua de reposição do ciclo (por causa das purgas, vazamentos). Essa agua é
desmineralizada e provem do tanque reserva.

115
Ciclo Rankine Simples

O primeiro ciclo a ser estudado será o ciclo Rankine simples, onde os


componentes da turbina a vapor e bomba serão assumidos com uma eficiência isentrópica
igual a 100 %. A definição de eficiência vem de:

Δℎ𝑟𝑒𝑎𝑙 ℎ3 − ℎ4𝑟𝑒𝑎𝑙
𝜂𝑖𝑠𝑒𝑛𝑡𝑟𝑜𝑝𝑖𝑐𝑎, 𝑡𝑢𝑟𝑏𝑖𝑛𝑎 = =
Δℎ𝑖𝑠𝑒𝑛𝑡𝑟𝑜𝑝𝑖𝑐𝑜 ℎ3 − ℎ4

Δℎ𝑖𝑠𝑒𝑛𝑡𝑟𝑜𝑝𝑖𝑐𝑜 ℎ2 − ℎ1
𝜂𝑖𝑠𝑒𝑛𝑡𝑟𝑜𝑝𝑖𝑐𝑎,𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 = =
Δℎ𝑟𝑒𝑎𝑙 ℎ2𝑟𝑒𝑎𝑙 − ℎ1

Os trabalhos específicos realizados pela turbina e pela bomba são portanto:

𝑊𝑡𝑢𝑟𝑏𝑖𝑛𝑎 = (ℎ3 − ℎ4 )

𝑊𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 = (ℎ2 − ℎ1 )

E o calor especifico recebido da caldeira, pela condução de calor:

𝑄 = (ℎ3 − ℎ2 )

Com a eficiência do ciclo simples sendo dada por:

𝑇𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 𝑒𝑥𝑡𝑟𝑎𝑖𝑑𝑜 𝑑𝑎 𝑡𝑢𝑟𝑏𝑖𝑛𝑎 − 𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 𝑑𝑎 𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 (ℎ3 − ℎ4 ) − (ℎ2 − ℎ1 )


𝜂𝑅𝑎𝑛𝑘𝑖𝑛𝑒 = =
𝐶𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑏𝑖𝑑𝑜 𝑛𝑎 𝑐𝑎𝑙𝑑𝑒𝑖𝑟𝑎 (ℎ3 − ℎ2 )

116
EXEMPLO 6.1

Para um ciclo Rankine ideal, cuja pressão de saída da turbina é igual a 0,1 Bar e a
pressão e temperatura de entrada da turbina são respectivamente 125 Bar e 600 C,
determine, de forma que não haja vapor na entrada da bomba:

a) O título do vapor deixando a turbina e comentários acerca do valor


encontrado

b) A eficiência térmica do ciclo juntamente com seu trabalho liquido.

Estado T (Celsius) P (Bar) h ( Kj/Kg) S (Kj/Kg K) x


1 0.1 0
2 125
3 600 125
4 0.1

SOLUÇÃO

PARTE A

Primeiramente devemos ter em mente que do ponto 3 ao ponto 4 o processo


idealmente pode ser modelado como isentrópico. Portanto 𝑠3 = 𝑠4 . Da tabela
termodinâmica vemos que:

𝐾𝐽 𝐾𝐽
𝑠3 = 𝑠4 = 6,78 𝑒 ℎ3 = 3604
𝐾𝑔. 𝐾 𝐾𝑔

Com esse valor de entropia e a pressão de 0,1 Bar (10 Kpa) descobrimos que a
temperatura de saturação será igual a 6,98 𝐶 com um título, igualando-se o valor de
entropia encontrado anteriormente igual a:

6,92 = (1 − 𝑥) 0,1059 + 𝑥 8,97

117
𝑥 = 0,76

De forma que, para determinar a entalpia:

ℎ4 = (1 − 𝑥)29,30 + 𝑥. 2514,2

𝐾𝐽
ℎ4 = (1 − 0,76)29,30 + 0,76. 2514,2 = 1910,79
𝐾𝑔

Note que esse valor de 76 % de vapor na saída da turbina ira implicar numa
considerável porcentagem de agua, o que por sua vez ira acarretar um desgaste e erosão
acentuados nos últimos estágios da turbina.

PARTE B

Continuando a encontrar valores restantes na tabela, vimos que pro caso do


condensador (que é no final um trocador de calor), a sua pressão na entrada e na saída
podem ser assumidos como constante. Há ainda outra consideração que o título na entrada
da bomba deve ser igual a ser para evitar problemas do escoamento entre as pás tais quais
a cavitação. Portanto, consultando a tabela termodinâmica, na seção 1 para título igual a
zero e pressão igual a 10 Kpa, em um liquido saturado:

𝐾𝐽 𝐾𝐽
ℎ1 = 29,30 𝑒 𝑠1 = 0,1059
𝐾𝑔 𝐾𝑔. 𝐾

Para finalizar encontraremos o valor da entalpia de saída da bomba, de forma que


considerando que a pressão na seção de entrada e saída da caldeira como constantes (125
Bar) temos que, consultando a tabela, descobrimos se tratar de um liquido comprimido
com os valores de entalpia igual a:

118
𝐾𝐽
ℎ2 = 54
𝐾𝑔

Com o rendimento final do ciclo sendo igual a:

𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑒𝑥𝑡𝑟𝑎𝑖𝑑𝑎 𝑑𝑎 𝑡𝑢𝑟𝑏𝑖𝑛𝑎 − 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 (ℎ3 − ℎ4 ) − (ℎ2 − ℎ1 )


𝜂𝑅𝑎𝑛𝑘𝑖𝑛𝑒 = =
𝐶𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑏𝑖𝑑𝑜 𝑛𝑎 𝑐𝑎𝑙𝑑𝑒𝑖𝑟𝑎 (ℎ3 − ℎ2 )

(3604 − 1910) − (54 − 29,3)


𝜂𝑅𝑎𝑛𝑘𝑖𝑛𝑒 = = 0,47
(3604 − 54)

Estado T (Celsius) P (Bar) h ( Kj/Kg) S (Kj/Kg K) x


1 6,98 0,1 29,3 0,1059 0
2 15 125 54 0,1059 0
3 600 125 3604 6,78 1
4 6,98 0,1 1910 6,78 0,76

Aplicações do ciclo Rankine

Além da configuração simples há ainda aquelas usadas para se aumentar o


rendimento do ciclo, comumente encontradas no meio industrial, são elas:

• Ciclo regenerativo

• Ciclo com reaquecimento

• Ciclo com cogeração

Focaremos nosso estudo nos dois primeiros de forma que o ultimo poderá ser visto
com mais calma no ultimo capitulo. Começando no sistema com reaquecimento, define-
se o mesmo como um sistema que com fluido operante após passar por um processo de
aquisição de energia (troca de calor na caldeira), tem sua passagem por uma turbina
(chamada de alta pressão) e retorna através de um sistema de tubulações a caleira de forma

119
a reaquecer o vapor. Com isso consegue-se aumentar novamente a energia e passar por
último numa turbina de baixa pressão. A pressão entre o reaquecedor e as turbina se dá a
pressão constante.

3 5

4
2

1 6

Figura 6.6 – Gráficos genericos de temperatura versus entropia para o ciclo Rankine
com reaquecimento. Fonte: do autor.

2
Caldeira
3

Bomba
Turbina
de alta
4
1

Turbina
Condensador 5 de baixa

Figura 6.7 – Esquema mostrando os principais componentes de um sistema de geração


de potência usando vapor Fonte: do autor.

120
Os trabalhos específicos agora porém, que a turbina realiza nos eixos serão
somados (turbina de baixa mais turbina de alta):

𝑊𝑡𝑢𝑟𝑏𝑖𝑛𝑎, 𝑎𝑙𝑡𝑎 = (ℎ3 − ℎ4 )

𝑊𝑡𝑢𝑟𝑏𝑖𝑛𝑎, 𝑏𝑎𝑖𝑥𝑎 = (ℎ5 − ℎ4 )

Analogamente o calor fornecido ao fluido operante (vapor) sera somado (caldeira


mais tubulação de retorno de reaquecimento):

𝑄𝑐𝑎𝑙𝑑𝑒𝑖𝑟𝑎 = (ℎ3 − ℎ2 )

𝑄𝑟𝑒𝑎𝑞𝑢𝑒𝑐. = (ℎ5 − ℎ1 )

Com o rendimento do ciclo sendo dado por:

𝑇𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 𝑒𝑥𝑡𝑟𝑎𝑖𝑑𝑜 𝑑𝑎 𝑡𝑢𝑟𝑏𝑖𝑛𝑎 − 𝑡𝑟𝑎𝑏. 𝑑𝑎 𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 (ℎ6 − ℎ1 )


𝜂𝑅𝑎𝑛𝑘,𝑟𝑒 = =1−
𝐶𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑏𝑖𝑑𝑜 𝑛𝑎 𝑐𝑎𝑙𝑑𝑒𝑖𝑟𝑎 𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑟𝑒𝑎𝑞𝑢𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟 (ℎ3 − ℎ2 ) + (ℎ5 − ℎ1 )

EXEMPLO 6.2

Usina no ciclo Rankine ideal com reaquecimento. O vapor entra na turbina de alta pressão
a 15 MPa e 600 C, (sendo 600 C a temperatura que entra na turbina de baixa) e é
condensado a 10 kPa. Se o conteúdo de umidade do vapor na saída da turbina de baixa
pressão não deve exceder 10,4%, determine:

a) a pressão na qual o vapor deve ser reaquecido,

121
b) a eficiência térmica do ciclo. Considerar que o vapor é reaquecido até a mesma T de
entrada da turbina de alta pressão

Estado T (Celsius) P (Bar) h ( Kj/Kg) S (Kj/Kg K) X (vapor)


1 0
2 0
3 600 150 1
4
5 600
6 0,1 0,896

SOLUÇÃO

PARTE A

Primeiramente devemos ter em mente que do ponto 5 ao ponto 6 o processo


idealmente pode ser modelado como isentrópico. Portanto 𝑠5 = 𝑠6 . Da tabela
termodinâmica vemos que para a pressão de 10 Kpa e titulo igual 0,896:

𝐾𝐽
𝑠6 = 𝑠𝑙 + 𝑥6 (𝑠𝑣 − 𝑠𝑙 ) = 7,369
𝐾. 𝐾𝑔

𝐾𝐽
ℎ6 = ℎ𝑙 + 𝑥6 (ℎ𝑣 − ℎ𝑙 ) = 2335,1
𝐾. 𝐾𝑔

Agora, recorrendo ao ponto 5 onde as propriedades são, na entrada da turbina de


condensação, temperatura igual a 600 C e entropia igual ao ponto 6, (𝑠5 = 𝑠6).

𝑝5 = 4,0 𝑀𝑝𝑎

ℎ5 = 3674,9 𝐾𝑗/𝐾𝑔

No ponto 1, temos que, para o título de 0,896 e pressão de 10 Kpa, da tabela de


vapor saturado:

𝑚3
𝑣1 = (1 − 𝑥)𝑣𝑙 + 𝑣𝑣 = 0,001
𝐾𝑔

122
𝑘𝐽
ℎ1 = (1 − 𝑥)ℎ𝑙 + ℎ𝑣 = 191,7
𝑘𝑔

E considerando o trabalho executado pela bomba como 𝑊𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 = 𝑣1 (𝑝2 − 𝑝1 )

𝑘𝐽
ℎ2 = ℎ1 + 𝑣1 (𝑝2 − 𝑝1 ) = 191,7 + 0,001(15000 − 10) = 206,95
𝑘𝑔

Por fim:

𝑝3 = 15 𝑀𝑝𝑎, 𝑇3 = 600 𝐶

𝐾𝑗 𝐾𝑗
ℎ3 = 3583,1 𝑠 = 6,6796
𝐾𝑔 3 𝐾𝑔. 𝐾

𝑝4 = 4 𝑀𝑝𝑎, 𝑠3 = 𝑠4

𝐾𝑗
ℎ4 = 3155,0 𝑇 = 375,5 𝐶
𝐾𝑔 4

E o rendimento do ciclo pode ser contabilizado por:

𝑞𝑠𝑎𝑖𝑑𝑎 ℎ6 − ℎ1
𝜂𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜 = 1 − =1−
𝑞𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 (ℎ3 − ℎ2 ) + (ℎ5 − ℎ4 )

2335,1 − 191,8
𝜂𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜 = 1 − = 0,45
(3583,1 − 206,95) + (3674,9 − 2335,1)

Estado T (Celsius) P (Bar) h ( Kj/Kg) S (Kj/Kg K) X (vapor)


1 191,8 0
2 206,95 0
3 600 150 3583,1 6,679 1
4 375,5 40 3155 6,679
5 600 40 3674,9 7,369
6 0,1 2335,1 7,369 0,896

123
Como exercício sugere-se que se encontre as demais propriedades da tabela acima,
usando as tabelas de vapor.

EXERCICIOS

1) Refaça o exemplo 7.2 considerando agora que a temperatura de entrada da turbina


de condensação, seja de 450 C. Observe o rendimento e compare com o valor do
exemplo.

2) Para o ciclo simples, cite ao menos 3 parâmetros para se maximizar o rendimento.

3) Estime o rendimento de um ciclo de regeneração sabendo que considerando que


o vapor entra na turbina de alta pressão a 12,5 MPa e 550 C, (sendo 500 C a
temperatura que entra na turbina de baixa) e é condensado a 20 kPa. Se o conteúdo
de umidade do vapor na saída da turbina de baixa pressão não deve exceder 5%.
Por último considere a eficiência isentrópica de cada das turbinas igual a 80%.

4) Em relação a características da instalação de usinas de geração de energia a vapor,


cite alguns dos acessórios que devem ser encontrados para o perfeito
funcionamento do sistema, além dos já citados condensadores, caldeiras, bombas
e turbinas.

5) Sistemas de cogeração são interessantes para se usar diante de quais


circunstancias?

124
7 Motores de combustão interna de regime
permanente

Análogo ao caso dos motores de combustão interna de regime permanente, outra


classe de motores encontra grande aplicação na sociedade dos tempos atuais, são elas as
maquinas térmicas em que a geração de potência - seja através de potência de eixo ou
tração através de empuxo – não ocorrem segundo um mecanismo alternativo de
transmissão de força, fornecendo pontos discretos de potência e torque, mas sim através
de um fluxo continuo no tempo, onde há o emprego de maquinas de fluxo adequadamente
empregadas, são elas os motores de combustão interna de regime permanente, entre seus
principais tipos se encontram:

• Turbinas a gás e suas variantes

• Motores ramjet e screamjet

Em relação ao primeiro temos vários tipos de configurações distintas tais quais:

• Motores turbojato e turbofan (empuxo se dá por uma expansão dos gases)

• Motores turboeixo (este muito usados para geração de energia)

Ciclo Brayton e suas derivações

O ciclo termodinâmico ideal que modela o funcionamento de turbojato é o ciclo


Brayton, e análogo ao ciclo Rankine, ele consiste basicamente em dois processos
isentrópicos e dois isobáricos, com diferença que o mesmo ocorre em um ciclo fechado
contendo um compressor uma câmara e uma turbina, que por sua vez aciona o
compressor, portanto:

• Processo 1-2 – Compressão isentrópica em um compressor

• Processo 2-3 – Troca de calor isobárica na câmara de combustão

125
• Processo 3-4 – Expansão isentrópica na turbina a gás

• Processo 4-1 – Calor e retirado para o ar atmosférico

𝑃
2 3

1 4

𝑉
𝑇

4
1

𝑆
Figura 7.1 – Graficos genericos de pressao versus volume e temperatura versus entropia
para o ciclo Brayton – ideal (sem regeneracao). Fonte: do autor.

Combustível

Câmara de combustão

Ar Gás de exaustão

Potência de saída

Compressor Turbina

126
Figura 7.2 – Esquema de um turboeixo simples (Adaptado de Saravanamuttoo
et. al.)

Pela equação de trabalho e calor podemos observar que:

𝑊12 = −(ℎ02 − ℎ01 ) = −𝑐𝑝 (𝑇02 − 𝑇01 )

𝑄23 = ℎ03 − ℎ02 = 𝑐𝑝 (𝑇03 − 𝑇02 )

𝑊12 = ℎ03 − ℎ04 = 𝑐𝑝 (𝑇03 − 𝑇04 )

Deduzimos então que a eficiência, em termos do calor e trabalho específico são

𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 𝑙𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑐𝑝 (𝑇03 − 𝑇04 ) − 𝑐𝑝 (𝑇02 − 𝑇01 )


𝜂= =
𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑓𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑐𝑝 (𝑇03 − 𝑇02 )

Fazendo uso das relações isentrópicas:

𝑇02 𝛾−1 𝑇03


( )
=𝑟 𝛾 =
𝑇01 𝑇04

𝑃
Onde 𝑟 é a razão de pressão 𝑃02 ( do compressor), logo:
01

𝛾−1
1 ( 𝛾 )
𝜂 =1−( )
𝑟

127
Há ainda variantes do ciclo, como por exemplo ciclos com regeneração de forma
que pode haver um trocador de calor entes da câmara, fazendo com que parte da energia
no escape da turbina possa ser reutilizada, como exemplo temos que:

6 Trocador de calor
Câmara de combustão

2 3 4
5
1
Potência
Compressor Turbina de saída

Figura 7.3 – Esquema de um turboeixo com regeneração (Adaptado de


Saravanamuttoo et. al.)

4
5
2 Calor cedido
6 no trocador de
calor

Figura 7.4 – Diagrama de entropia versus temperatura de um turboeixo com


regeneração (Adaptado de Saravanamuttoo et. al.)

𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 𝑙𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑐𝑝 (𝑇03 − 𝑇04 ) − 𝑐𝑝 (𝑇02 − 𝑇01 )


𝜂= =
𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑓𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑐𝑝 (𝑇03 − 𝑇05 )

128
Um ciclo com reaquecimento também é possível, de forma que haja uma divisão
entre as turbinas de baixa e alta pressão. Na saída da turbina de alta pressão convém
colocar um reaquecedor na entrada da turbina de baixa pressão, de forma que segundo o
gráfico 7.5 pode ser mostrado por:

4
5
3

Figura 7.5 – Diagrama de entropia versus temperatura de um turboeixo para um


ciclo com reaquecimento (Adaptado de Saravanamuttoo et. al.)

Sabemos que todos os arranjos citados anteriormente, são tidos como ideais, porem
devemos ter em mente que numa configuração próxima da realidade, todos os
componentes contem perdas, incluso portanto perdas de cargas em dutos e componentes
que compõem as turbinas a gás, são elas:

• Perdas de pressão em combustores (câmaras) – Na saída das câmaras é comum


que assumamos uma perda de pressão em torno de 2 a 3% em relação a pressão
de entrada, podemos quantificar essa perda Δ𝑝𝑐𝑎𝑚 da seguinte forma:

𝑃03 = 𝑃02 − Δ𝑝𝑐𝑎𝑚

129
• Perdas de pressão em trocadores de calor (câmaras+ trocadores) – Também os
trocadores de calor realizam uma perda de carga em torno de 2 a 5% em relação
a pressão de entrada, podemos quantificar essa perda Δ𝑝 da seguinte forma:

𝑃03 = 𝑃02 − Δ𝑝𝑐𝑎𝑚 − Δ𝑝𝑡𝑟𝑜𝑐.𝑐𝑎𝑙

• Perdas por transmissão mecânica – causada pelo atrito do elemento eixo com
rolamentos e mancais, geralmente há uma perda de 1 a 2 % da energia fornecida
pela turbina, até aquela que chega de fato ao compressor. Essa perda pode ser
quantificada através da eficiência de transmissão mecânica 𝜂𝑚 como:

𝑐𝑝12 (𝑇02 − 𝑇01 )


𝑊=
𝜂𝑚

• Efetividade do trocador de calor – pelo balanço de energia podemos notar que


dada uma eficiência menor que 100%, menos calor chegara da seção de escape –
por onde passa o gas da queima do escape da turbina – para seção de admissão:

𝑐𝑝46 (𝑇04 − 𝑇04) = 𝑐𝑝25 (𝑇05 − 𝑇02)

𝑐𝑝25 (𝑇05 − 𝑇02)


𝑒𝑓𝑒𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =
𝑐𝑝46 (𝑇04 − 𝑇02 )

Por último para exemplificar o consumo de combustível em um dado gerador de


gases devemos ter em mente que, para uma dada relação ar combustível, haverá um
aumento de temperatura e temperatura de entrada na câmara equivalente, de forma que,
segundo a figura 7.6 podemos notar essa relação teórica, ou seja, onde idealmente há o
consumo (ou queima) completa do combustível, isso nos faz então recorrer a última
eficiência a ser analisada, 𝜂𝑐𝑜𝑚𝑏 , de combustão. Ela quantifica a porcentagem de mistura
não aproveitada na queima e demais perdas no processo de combustão. De forma que,
para se determinar a relação ar combustível real:

130
𝑎𝑟 f/a𝑡𝑒𝑜𝑟𝑖𝑐𝑜
𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 𝑟𝑒𝑎𝑙 = f/a𝑟𝑒𝑎𝑙 =
𝑐𝑜𝑚𝑏 𝜂𝑐𝑜𝑚𝑏

Figura 7.6 – Diagrama relação ar-combustivel para uma camara usada em uma
turbina á gás (Adaptado de Saravanamuttoo et. al.)

EXEMPLO 7.1

131
Para um turboeixo simples com regeneração, que opera com ar atmosférico temos os
seguintes dados:

• Razão de pressão no compressor (estagnação): 4,0;

• Temperatura de entrada da turbina: 1100 K

• Eficiência isentrópica do compressor, 𝜂𝑐 ∶ 0,85;

• Eficiência isentrópica da turbina, 𝜂𝑡 ∶ 0,87;

• Eficiência mecânica da transmissão, 𝜂𝑚 : 0,99;

• Eficiência da combustão, 𝜂𝑐𝑜𝑚𝑏 ; 0,98;

• Eficiência do trocador de calor: 0,8;

• Perdas de pressão:

 Na câmara de combustão: 2% da pressão entregue pelo compressor

 No trocador de calor (lado do ar): 3% da pressão entregue pelo compressor

 No trocador de calor (lado do gás): 0,04 Bar

• Condições do ambiente (igual a entrada do compressor): 𝑃01 = 1 𝐵𝑎𝑟, 𝑇01 =


288 𝐾

SOLUÇÃO

Como a temperatura na entrada do compressor será mesma do ambiente, e


sabemos que para o ar 𝛾 = 1,4; segundo a equação 2.15, a partir da definição de eficiência
isentrópica:

𝛾−1
𝑇01 𝑃02 𝛾 288 0,285
𝑇02 − 𝑇01 = [( ) − 1] = [4 − 1] = 164,7 𝐾
𝜂𝑐 𝑃01 0,85

O trabalho realizado pela turbina para acionar o compressor é:

132
𝑐𝑝12 (𝑇02 − 𝑇01 ) 1,005 . 164,7
𝑊𝑡𝑐 = = = 167,2 𝐾𝐽/𝐾𝑔
𝜂𝑚 0,99

Δ𝑝𝑐𝑎𝑚 Δ𝑝𝑡𝑟𝑜𝑐.𝑐𝑎𝑙
𝑃03 = 𝑃02 (1 − − ) = 4(1 − 0,02 − 0,03) = 3,8 𝐵𝑎𝑟
𝑃02 𝑃02

𝑃04 = 𝑃01 + Δ𝑝𝑡𝑟𝑜𝑐.𝑐𝑎𝑙 (𝑔𝑎𝑠) = 1 + 0,04 = 1,04 𝐵𝑎𝑟

𝑃03 3,8
= = 3,65
𝑃04 1,04

Após passar pela câmara o fluido operante na máquina deixa de ser ar e passa a
ser gás queimado, mudando assim suas propriedades, agora o 𝛾 = 1,333, e recorrendo a
equação 2.16

𝛾−1
𝛾
1 1 0,25
𝑇03 − 𝑇04 = 𝑇03 𝜂𝑡 1 − ( ) = 0,87.1100 [1 − ( ) ] = 264,8 𝐾
𝑃03 3,654
𝑃04
[ ]

E o trabalho total da turbina é:

𝑊𝑡 = 𝑐𝑝,𝑔𝑎𝑠 (𝑇03 − 𝑇04 ) = 1,148.264,8 = 304 𝐾𝐽/𝐾𝑔

Se considerarmos a massa constante ao longo da máquina, o trabalho liquido pode


ser obtido por:

𝑊𝑡 − 𝑊𝑡𝑐 = 304 − 167,2 = 136,8 𝐾𝐽𝐾𝑔

133
Obs: Por exemplo, se quisermos um turboeixo capaz de gerar 10000 Kw, uma massa de 73
Kg seria necessária!

Para sabermos a quantidade de combustível, devemos achar a relação


ar/combustível. Para isso, devemos achar 𝑇03 − 𝑇05. Através da definição da eficiência
do trocador de calor:

𝑇05 − 𝑇02
𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑜 𝑡𝑟𝑜𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 = 0,8 =
𝑇04 − 𝑇02

𝑇02 = 164,7 + 288 = 452,7 𝐾

𝑇04 = 1100 − 264,8 = 835.2

𝑇05 = 0,8 . 382,5 + 452,7 = 758.7 𝐾

Agora a partir do gráfico da figura 7.6, observando a temperatura de entrada de


759 K e um aumento de temperatura na câmara de 341K (1100-759), a relação ar-comb
é 0,0094.

f/a𝑡𝑒𝑜𝑟𝑖𝑐𝑜 0,0094
f/a𝑟𝑒𝑎𝑙 = = = 0,0096
𝜂𝑐𝑜𝑚𝑏 0,98

3600 . f/a𝑟𝑒𝑎𝑙 𝐾𝑔
𝑆𝐹𝐶 = = 0,253
𝑊𝑡 − 𝑊𝑡𝑐 𝑘𝑊. ℎ

EXEMPLO 7.2

Para um turboeixo simples com uma turbina livre, que opera com ar atmosférico
temos os seguintes dados:

134
• Razão de pressão no compressor (estagnação): 12,0;

• Temperatura de entrada da turbina: 1350 K

• Eficiência isentrópica do compressor, 𝜂𝑐 ∶ 0,86;

• Eficiência isentrópica de cada turbina, 𝜂𝑡 ∶ 0,89;

• Eficiência mecânica da transmissão, 𝜂𝑚 : 0,99;

• Eficiência da combustão, 𝜂𝑐𝑜𝑚𝑏 ; 0,99;

• Perdas de pressão:

 Na câmara de combustão: 6% da pressão entregue pelo compressor

 Na saída da turbina livre:0,03 Bar

• Condições do ambiente (igual a entrada do compressor): 𝑃01 = 1 𝐵𝑎𝑟, 𝑇01 =


288 𝐾

Encontre o valor do consumo específico de combustível, por hora:

SOLUÇÃO

𝛾−1
𝑇01 𝑃02 𝛾 288
𝑇02 − 𝑇01 = [( ) − 1] = [120,285 − 1] = 346.3 𝐾
𝜂𝑐 𝑃01 0,86

𝑐𝑝12 (𝑇02 − 𝑇01 ) 1,005 . 346,3


𝑊𝑡𝑐 = = = 351,5 𝐾𝐽/𝐾𝑔
𝜂𝑚 0,99

135
Δ𝑝𝑐𝑎𝑚
𝑃03 = 𝑃02 (1 − ) = 12(1 − 0,06) = 11,28 𝐵𝑎𝑟
𝑃02

Na saída da primeira turbina não sabemos a pressão, porem podemos determina-


la a partir da consideração de que o trabalho realizado por ela será apenas suficiente para
acionar o compressor, portanto:

𝑊𝑡𝑐 351,5
𝑇03 − 𝑇04 = = = 306,2 𝐾
𝑐𝑝34 1,148

𝛾−1
𝛾
1
𝑇03 − 𝑇04 = 𝑇03 𝜂𝑡 1 − ( )
𝑃03
𝑃04
[ ]

0,25

1 𝑃03
306,2 = 0,89 . 1350 1 − ( ) 𝑙𝑜𝑔𝑜: = 3,243
𝑃03 𝑃04
[ 𝑃04 ]

𝑇04 = 1350 − 306,2 = 1043,8 𝐾

E portanto a pressão de entrada da turbina acoplada ao compressor, e razão de


pressão da turbina livre são respectivamente:

𝑃03 11,28
= = 3,478
𝑃
( 03 ) 3,243
𝑃04

𝑃04 3,478
= = 3,377
𝑃05 (1 + 0,03)

136
𝛾−1
𝛾
1 1 0,25
𝑇04 − 𝑇05 = 𝑇04 𝜂𝑡 1 − ( ) = 0,89 . 1043,8 [1 − ( ) ] = 243,7 𝐾
𝑃04 3,377
𝑃05
[ ]

O trabalho liquido portanto (que é o mesmo da turbina livre) será:

𝑊𝑡,𝑙𝑖𝑣𝑟𝑒 = 𝑐𝑝45 (𝑇04 − 𝑇05 )𝜂𝑚 = 1,148 . 243,7 . 0,99 = 277 𝐾𝐽/𝐾𝑔

Lembrando que o aumento de temperatura no compressor, fornece


respectivamente:

𝑇02 = 346,3 + 288 = 634,3 𝐾

E o aumento de temperatura na câmara é:

Δ𝑇𝑐𝑎𝑚𝑎𝑟𝑎 = 1350 − 634,3 = 715,7 𝐾

Levando a relação ar-combustível solicitada ser de 0,0202, que aplicada a


eficiência de combustão como no exemplo anterior leva a um valor de 0,0204, de forma
que o SFC fica como:

3600 . f/a𝑟𝑒𝑎𝑙 3600 . 0,0204 𝐾𝑔


𝑆𝐹𝐶 = = = 0,265
𝑊𝑡,𝑙𝑖𝑣𝑟𝑒 277,9 𝑘𝑊. ℎ

Ciclo de propulsão a jato

Um dos maiores usos relativos aos sistemas térmicos que operam segundo o ciclo
Brayton diz respeito a aplicação como motores a reação e turboeixos de motores

137
aeronáuticos, em especial aos motores a reação temos o turbojato e turbofan. Estes
motores fornecem empuxo da seguinte forma:

𝐹𝑒𝑚𝑝𝑢𝑥𝑜 = 𝑚(𝐶𝑠 − 𝐶𝑒 ) + 𝐴𝑏𝑜𝑐𝑎𝑙 (𝑝𝑠 − 𝑝𝑒 )

Portanto ao causar uma aceleração no bocal, há uma variação da quantidade de


movimento que por sua vez gera uma forca na direção do motor. Em relação aos demais
ciclos de potência os principais componentes que de se diferenciarão são os difusores para
desaceleração do escoamento antes de entrar no compressor e o bocal para a aceleração
do escoamento após sair da turbina.

Difusor
Bocal

Para o modelamento termodinâmico do difusor convém dizer que o mesmo ao


receber o ar atmosférico a determinada velocidade transforma boa parte da energia
cinética, porem a soma das energias mantem-se constante pois o mesmo não realiza
trabalho sobre o escoamento portanto (note que o subscrito a, será para designar
condições na entrada do difusor – ou seja condições atmosféricas):

𝐶𝑎2
𝑇01 = 𝑇𝑎 +
2𝑐𝑝

138
𝛾
𝑃01 𝐶𝑎2 𝛾−1
= [1 + 𝜂𝑑 ]
𝑃𝑎 2𝑐𝑝 𝑇𝑎

Já o bocal devemos ter o cuidado de analisar se o mesmo esta entupido ou não,


haja visto ser o local no motor onde se preveem ocorrer as maiores velocidades, para tal
devemos primeiro determinar a razão de pressão crítica:

𝑃04 1
= 𝛾
𝑃𝑐 1 𝛾 − 1 𝛾−1
[1 − ]
𝜂𝑏 𝛾 + 1

De forma que as demais propriedades críticas (ou seja relativo a Mach de operação
igual a 1) sejam:

2
𝑇05 = 𝑇𝑐 = ( )𝑇
𝛾 + 1 04

1
𝑃05 = 𝑃c = 𝑃04 .
𝑃
( 04 )
𝑃𝑐

EXEMPLO 7.3

Para um turbojato simples operando a 10000 m e Mach igual a 0,8, determine o


empuxo específico e o SFC do mesmo. As demais informações são:

• Razão de pressão do compressor: 8

• Temperatura de entrada da turbina: 1200

• Eficiências isentrópicas:

 Compressor: 0.87

139
 Turbina: 0.9

 Difusor: 0.93

 Bocal: 0.95

• Eficiência da transmissão mecânica: 0.99

• Eficiência da combustão: 0.98

• Perda de pressão na câmara: 4% da pressão que sai do compressor.

SOLUÇÃO

Pela tabela ISA, final do capitulo, temos que a 10000 m de altura:

𝑚
𝑃𝑎 = 0.265 𝐵𝑎𝑟 𝑇𝑎 = 223.3 𝐾 𝑎 = 299.5
𝑠

As propriedades de estagnação depois do difusor são:

𝐶𝑎2 (𝑀. 𝑎)2 (0.8. 299.5)2


𝑇01 = 𝑇𝑎 + = 223.3 + = 223.3 + = 251.9 𝐾
2𝑐𝑝 2𝑐𝑝 2 . 1050

𝛾
𝑃01 𝐶𝑎2 𝛾−1 28.6 3.5
= [1 + 𝜂𝑑 ] = [1 + 0.93 ] = 1.482
𝑃𝑎 2𝑐𝑝 223.3

𝑃01 = 1.482 . 0.265 = 0.393 𝐵𝑎𝑟

Na saída do compressor:

𝑃02
𝑃02 = 𝑃 = 8 . 0.393 = 3.144 𝐵𝑎𝑟
𝑃01 01

140
𝛾−1
𝑇01 𝑃02 𝛾 251.9 0,285
𝑇02 − 𝑇01 = [( ) − 1] = [8 − 1] = 234.9 𝐾
𝜂𝑐 𝑃01 0,87

𝑇02 = 251.9 + 234.9 = 486.8 𝐾

𝑐𝑝,𝑎𝑟 (𝑇02 − 𝑇01 ) 𝑐𝑝,𝑎𝑟 (𝑇02 − 𝑇01 )


𝑇03 − 𝑇04 = = = 207.7 𝐾
𝑐𝑝,𝑔𝑎𝑠 𝜂𝑚 𝑐𝑝,𝑔𝑎𝑠 𝜂𝑚

𝑇04 = 1200 − 207.7 = 992.3 𝐾

Δ𝑃𝑐𝑜𝑚𝑏
𝑃03 = 𝑃02 (1 − ) = 3.144(1 − 0.04) = 3.018 𝐵𝑎𝑟
𝑃02

1 1
𝑇 `04 = 𝑇03 − (𝑇03 − 𝑇04 ) = 1200 − 207.7 = 969.2 𝐾
𝜂𝑐 0.9

𝛾
𝑇 `04 𝛾−1 969.2 4
𝑃04 = 𝑃03 ( ) = 3.018 ( ) = 1.284 𝐵𝑎𝑟
𝑇03 1200

A razão de pressão do bocal, portanto:

𝑃04 1,284
= = 4.845
𝑃𝑎 0,265

Note que a razão de pressão crítica para este bocal (considerando a eficiência do
bocal)

141
𝑃04 1 1
= 𝛾 = = 1,914
𝑃𝑐 1 𝛾−1 𝛾−1 1 0.333 4
[1 − ] [1 − ]
𝜂𝑏 𝛾 + 1 0.95 2.333

𝑃04 𝑃04
Como a pressão > o bocal esta entupido, portanto:
𝑃𝑎 𝑃𝑐

2 2 . 992.3
𝑇05 = 𝑇𝑐 = ( ) 𝑇04 = = 850.7 𝐾
𝛾+1 2.333

1 1.284
𝑃05 = 𝑃c = 𝑃04 . = = 0.671 𝐵𝑎𝑟
𝑃 1.914
( 04 )
𝑃𝑐

𝑃c
𝜌5 =
𝑅𝑇𝑐

𝑚
𝐶05 = √𝛾𝑅𝑇𝑐 = √1,333 287 850,7 = 570,5
𝑠

𝐴05 1 1 𝑚2 𝑠
= = = 0,006374
𝑚 𝜌5 . 𝐶05 𝜌5 . 𝐶05 𝐾𝑔

𝐹𝑙𝑖𝑞 = 𝑚(𝐶𝑠 − 𝐶𝑒 ) + 𝐴𝑏𝑜𝑐𝑎𝑙 (𝑝𝑠 − 𝑝𝑒 ) = (570.5 − 239.6) + 0.00637(0.671 − 0.265)105

𝑁 .𝑠
𝐹𝑒𝑚𝑝𝑢𝑥𝑜 = 330,9 + 258,8 = 589,7
𝐾𝑔

Olhando o gráfico de relação ar combustível podemos notar que 𝑇02 = 486,8 𝐾 e


𝑇03 − 𝑇02 = 1200 − 486,8 = 713.2 𝐾, logo:

0.194
𝑓= 0,0198
0,98

142
E o consumo especifico de combustível é:

𝑓 0.0198 . 3600 𝐾ℎ
𝑆𝐹𝐶 = = = 0.121
𝐹𝑙𝑖𝑞 589.7 ℎ𝑁

143
144
EXERCICIOS

1) Determine o SFC e o empuxo específico do seguinte turboreator, voando a 1000


m de altitude e Mach 0,8.:

• Razão de pressão (estagnação): 5

• Temperatura de entrada da turbina: 1100 K

• Perda de pressão na câmara: 0,04 Bar

• Temperatura ambiente: 300 K

• Pressão ambiente: 0,9 Bar

• Eficiências isentrópicas:

 Compressor: 0,92

 Turbina: 0,95

 Difusor: 0,98

 Bocal: 0,97

2) Determine o SFC e o empuxo específico do turboreator do exemplo 7.3, voando a


1000 m de altitude e Mach 0,8. O que se pode notar em diferença dos resultados?

3) Para um turboeixo simples com uma turbina livre, que opera com ar atmosférico
com os seguintes dados, encontre o SFC e o empuxo especifico:

• Razão de pressão no compressor (estagnação): 22,0;

• Temperatura de entrada da turbina: 1650 K

• Eficiência isentrópica do compressor, 𝜂𝑐 ∶ 0,86;

• Eficiência isentrópica de cada turbina, 𝜂𝑡 ∶ 0,89;

• Eficiência mecânica da transmissão, 𝜂𝑚 : 0,99;

• Eficiência da combustão, 𝜂𝑐𝑜𝑚𝑏 ; 0,99;

• Perdas de pressão:
145
 Na câmara de combustão: 6% da pressão entregue pelo compressor

 Na saída da turbina livre:0,03 Bar

• Condições do ambiente (igual a entrada do compressor): 𝑃01 = 1 𝐵𝑎𝑟, 𝑇01 =


288 𝐾

4) Determine o SFC e o empuxo específico do turboeixo do exemplo 7.2 agora


substituindo o fluido operante por hélio. O que se pode notar em diferença dos
resultados? Os dados do hélio, são conforme seguem, e será assumido valerem para
todo o motor, desde o compressor até a turbina livre. (Obs. Modele
matematicamente o gás como ideal, análogo aos exemplos)

𝐽
𝑐𝑝,ℎ𝑒𝑙𝑖𝑜 = 5193
𝐾𝑔. 𝐾

𝛾ℎ𝑒𝑙𝑖𝑜 = 1,63

5) Para um motor turborreator que opera entupido a nível do mar, caso o mesmo
comece a operar em uma altura mais elevada, espera-se que este motor deixe de
estar entupido em seu bocal?

6) Quais os principais paramentros, observados, que influenciam na questão do


consumo especifico de combustível. Justifique sua resposta com equações
matemáticas.

146
8 Ciclos de Refrigeração de Compressão à Vapor

O ciclo de refrigeração é um ciclo termodinâmico que constitui o modelo


matemático idealizado que define o funcionamento dos sistemas térmicos cuja função é
o de resfriar determinado ambiente (ou espaço). Para tal, existem dois tipos básicos de
arranjos: A da bomba de calor e da máquina frigorifica.

A principal diferença entre ambas é que enquanto a máquina frigorifica tem por
única e exclusiva função resfriar (arrefecer) determinado ambiente, a bomba de calor pode
ser usada tanto para resfriar quanto aquecer. Para isso basta escolher se o evaporador ou
condensador ficara no local a ter a temperatura modificada. Tanto o condensador quanto
o evaporador podem ser descritos de forma simplista como serpentinas.

Entre os ciclos de refrigeração principais, há se destacar:

1) O ciclo de compressão de vapor

2) O ciclo de absorção de vapor

3) Ciclo de gás

4) Ciclo Stirling

Neste curso serão estudados os dois primeiros, sendo que os dois últimos são
encorajados a serem pesquisados por aqueles interessados a se aprofundar no tema.

Ciclo de compressão de vapor

O ciclo mais comum, (também conhecido como ciclo de Kelvin, em homenagem a seu
idealizador), usado em larga escala em frigoríficos de grande porte e também sistemas
domésticos (tais quais os splitters). No contexto a ser estudado, entenda-se por frigorifico,
um nome que também pode ser dado ao ciclo – ciclo frigorifico – que é aquele que contem
equipamentos que produzem refrigeração são chamados de refrigeradores

Neste ciclo, um refrigerante em circulação – cuja lista de fluidos disponíveis será descrita
mais adiante – passa por um processo de compressão isentrópica, na forma de vapor,
saindo superaquecido do compressor. O próximo passo, é o fluido refrigerante entrar em

147
um condensador, que consiste numa serpentina circuncidando tubos, para se resfriar,
passando assim para a fase liquida, esse processo no condensador ocorre em temperatura
e pressão constantes. A seguir tem-se a válvula de expansão. O fluido ao passar por este
disposto tem uma queda de pressão considerável, de forma a ocasionar uma evaporação
parcial. Neste ponto temos geralmente uma mistura vapor mais líquido, que em seguida
vai ao evaporador, e muda de fase rapidamente, fazendo com que haja uma troca de calor
ao redor do tubo por onde passa (esfriando). Em muitas ocasiões, o ar ao redor dos tubos
resfriado tem sua circulação forcada por algum ventilador (ou fan) de forma projeta o ar
para o ambiente.

Resumindo, o ciclo completo pode ser descrito, idealmente, como:

Processo 1-2 – Compressão isentrópica em um compressor

Processo 2-3 – Troca de calor isobárica para o reservatório quente

Processo 3-4 – Expansão isentalpica em uma valvula de expansão

Processo 4-1 – Troca de calor isobárica para o reservatório frio

4 1

Figura 8.1 – Graficos genericos de temperatura versus entropia para o ciclo de


refrigeração por compressão. Fonte: do autor.

148
Figura 8.2 – Esquema basico de um ciclo de refrigeração por compressao. Fonte: do
autor. Notar a valvula que pode mudar a direção do escoamento e transformar o
refrigerador numa bomba de calor. Adaptado da internet.

Figura 8.3 – Válvula de expansão. Fonte: Adaptado da internet

Observar que os processos podem ser matematicamente descritos como, no caso


da compressão:

𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠𝑜𝑟 = (ℎ2 − ℎ1 )

149
𝑄𝐻 = (ℎ3 − ℎ2 )

𝑄𝐿 = (ℎ1 − ℎ4 )

𝑊𝑣𝑎𝑙𝑣𝑢𝑙𝑎 = 0, 𝑝𝑜𝑖𝑠 ℎ3 = ℎ4

Em relação ao rendimento do ciclo, podemos observar que tanto para a bomba de


calor, quanto para o refrigerador, é usado um coeficiente de desempenho – COP, dado
em forma:

𝑄𝐿
𝛽= (𝑟𝑒𝑓𝑟𝑖𝑔𝑒𝑟𝑎çã𝑜)
𝑄ℎ − 𝑄𝐿

𝑄𝐻
𝛽= (𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟)
𝑄ℎ − 𝑄𝐿

Por último, convém destacar alguns dos fluidos mais usados em sistemas de
refrigeração comerciais, são eles:

CFC’s – Cloro flúor carbonos

• Usados entre 1940 até 1990 como o fluido refrigerante mais comum, contudo a
presença do cloro na sua formulação o levava a ser extremamente nocivo a camada
de ozônio.

• O CFC mais usado era o R-12

HFC’s – Hidro flúor carbonos

• Uma evolução dos CFC’s, porém menos danosa a camada de ozônio.

• Um HFC de uso difundido é o R-134a (𝐶𝐹3 𝐶𝐻2 𝐹)

Amônia (𝑁𝐻3 ) e Dióxido de Carbono (𝐶𝑂2)

150
• É uma tendência a volta dos refrigerantes naturais, dado como por exemplo o
baixo apelo dos mesmo para a formação do efeito estufa e degradação da camada
de ozônio

Hidrocarbonetos Alcanos (𝐶𝑛 𝐻(2𝑛+2))

• Como exemplo temos o propano e o butano, que saem extraídos através do refino
do petróleo.

Note que para indicar o potencial de dano a camada de ozônio foi o criado o critério
de ODP – Ozone Depleting Potential - ou potencial de degradação da camada de ozônio,
que tem como referência o R12.

 R11: ODP=1,0

 R22: ODP=0,05

 NH3: ODP=0

E além disso há os refrigerantes que contribuem diretamente para a formação do efeito


estufa, categorizados pelo critério de GWP – Global Warmimg Potential – cuja referência
é o dióxido de carbono que contém o valor de 1.

 CO2: GWP=1,0

 R22: GWP=1500

 R134a: GWP=3260

Entre as características de interesse num refrigerante estão:

1) Propriedades termodinâmicas e de transporte

2) Relações de pressão e temperatura

3) Requisitos para o processo de compressão

151
4) Compatibilidade com materiais e óleo

5) Aspectos de saúde (toxicidade), segurança e flamabilidade

6) Baixo custo

7) Miscibilidade com o óleo

Resumindo:

Uso Nome/composição
Refrigeração domestica R134-a /(HFC sintético), R-600ª (isobutano)
Refrigeração comercial R134-a, R-404a. R-407-a/(HFC, sintético)
Conforto térmico R22 /HCFC, sintético, R-134a, R410a /HFC
Industrial e armazenamento R717/(NH3, natural), R744/(CO2, natural)

EXEMPLO 8.1

Um refrigerador utiliza R-134a e opera em um ciclo padrão entre 0,14 MPa e 0,8
MPa. Se a vazão mássica de refrigerante for igual a 0,05 kg/s, determine considerando
que no ponto 2 (saída do compressor há apenas vapor):

a) Capacidade de refrigeração

b) Potência fornecida ao compressor

c) Calor (taxa) rejeitada ao ambiente externo

d) COP do sistema

SOLUÇÃO

Das tabelas de saturação e superaquecimento do R134a, e considerando que no


ponto 2 temos apenas vapor:

Kj Kj
𝑃01 = 0,14 Mpa, ℎ1 = ℎv = 239,16 , 𝑠1 = 𝑠v = 239,16
Kg Kg

152
Sabendo que a compressão é um processo isentrópico (processo entre os pontos 1
e 2):

Kj
𝑃02 = 0,8 Mpa, 𝑠2 = 𝑠1 , ℎ2 = 275,39
Kg. K

E que no ponto 3 temos apenas liquido:

Kj
𝑃03 = 0,8 Mpa, ℎ3 = ℎl = 95,47 ,
Kg

E que na válvula temos um processo isentalpico:

Kj
ℎ3 = ℎ4 = 95,47 ,
Kg

PARTE A

𝑄𝐿 = 𝑚̇(ℎ1 − ℎ4 ) = 0,05(239,16 − 95,47) = 7,18 𝐾𝑤

PARTE B

𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠𝑜𝑟 = (ℎ2 − ℎ1 ) = 0,05(275,39 − 239,16) = 1,81 𝐾𝑤

PARTE C

𝑄𝐻 = 𝑄𝐿 + 𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠𝑜𝑟 = 8,99 𝐾𝑤

PARTE D

𝑄𝐿
𝛽= = 3,97 𝐾𝑤
𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠𝑜𝑟

153
Sistemas típicos para condicionamento de ar e refrigeração

Podemos usar para o condicionamento de ar e refrigeração basicamente quatro tipos


de sistema:

• Aparelhos de ar condicionado tipo janela

• Split

• Chillers

• Torres de resfriamento

Convém antes, contudo algumas considerações:

1) Para as futuras analises utilizaremos um diagrama p-h (pressão-entalpia),


amplamente utilizado em refrigeração

2) As temperaturas do refrigerante no evaporador e no condensador são


determinadas pelas temperaturas das regiões fria e quente com as quais o sistema
está em contato

3) Deve-se procurar evitar pressões muito baixas no evaporador e muito altas no


condensador

154
Figura 8.3 – Diagrama pressão versus entalpia tipicamente usada para dimensionamento
e análise de sistemas de refrigeração. Adaptado da internet.

EXEMPLO 8.2

A vazão mássica do sistema operando em condição de regime permanente é de 6


kg/min. O Freon entra no compressor como vapor saturado a 1,5 bar, e sai a 7 bar. Neste
exercício você deve assumir que o compressor tem rendimento isentrópico de 70%. O
condensador é do tipo tubo aletado, resfriado com o ar ambiente. Na saída do condensador
o Freon está como líquido saturado. A temperatura da câmara frigorífica é –10 0C e a
temperatura ambiente é 22 0C. Considere que as trocas de calor no sistema ocorram
somente no evaporador e no condensador, e que evaporação e condensação ocorram sob
pressão constante. Determine:

a) A representação dos processos termodinâmicos do ciclo nos diagramas P x h e T x s

b) A eficiência de Carnot desse ciclo

c) COP do sistema

155
d) A capacidade de refrigeração do ciclo

SOLUÇÃO

Notar que h2s é facilmente obtido se a compressão é isentrópica. E que h 2 é


calculado sabendo-se a eficiência do processo de compressão. Assim, de início temos
uma tabela:

Estado P (Kpa) T (Celsius) h (Kj/Kg) S (Kj/Kg K) x


1 150 -20,1 179,07 0,7103 1
2 700 0,7103
2r 700
3 700 27,7 62,24 0
4 150 -20,1 62,24

h2 = h1 + (h2s – h1)/0,7 = 217,88 [kJ/kg]

a) A representação dos processos termodinâmicos:

b) A eficiência de Carnot, 𝜂𝑐𝑎𝑟𝑛𝑜𝑡:

𝑄𝐿 𝑇𝐿 273 + (−10) 263


𝜂𝑐𝑎𝑟𝑛𝑜𝑡 = = = = = 8,22
𝑄ℎ − 𝑄𝐿 𝑇ℎ − 𝑇𝐿 22 − (−10) 32

156
c) A eficiência do ciclo, COP:

𝑄𝐿 𝑄𝐿 𝑚̇ (ℎ1 − ℎ4 ) 179,07 − 62,24


𝛽= = = = = 3,01
𝑄ℎ − 𝑄𝐿 𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠𝑜𝑟 𝑚̇ (ℎ2 − ℎ1 ) 217,88 − 179,07

d) A capacidade de refrigeração, em kW:

6
𝑄𝐿 = 𝑚̇(ℎ1 − ℎ4 ) = = 11,68 𝑘𝑊
60

Aparelhos de ar condicionado tipo janela

Basicamente consiste em um sistema compacto que opera segundo uma


compressão de vapor, onde todos os componentes, incluso evaporador estão num mesmo
local.

157
Figura 8.4 – Sistema de ar condicionado tipo janela. Adaptado da internet.

Split

Com a diferença de que temos o evaporador e válvula de expansão em uma


unidade separada, interna ao ambiente, e um segundo conjunto, externo onde estão o
condensador e compressor.

Figura 8.5 – Sistema de ar condicionado tipo split. Adaptado da internet.

158
Chillers

Geralmente instalados em edifícios de grande porte, tem como objetivo produzir


água gelada para ser empregada na refrigeração do ar do edifício. Note que:

a) O sistema inteiro é instalado no telhado ou outro lugar traseiro ao edifício

b) Resfria água entre 4,4 C e 7,2 C. Esta água resfriada é então canalizada através
de todo edifício para os sistemas de distribuição de ar.

Pode ter operando em conjunto bancos de gelo, entrando em operação no horário


de ponta de carga para economizar energia.

Tubo capilar

Compressor

Figura 8.6 – Sistema de ar condicionado tipo chiller. Adaptado da internet.

Torres de resfriamento

Uma corrente de água com baixa temperatura que corre através de um trocador e
resfria a serpentina quente (condensador). É um arranjo muito usado em centrais
termonucleares, onde geralmente o reservatório frio (que fornece água para o
resfriamento do condensador).

159
Figura 8.7 – Sistema de refrigeração usando torre de resfriamento. Adaptado da internet.

Compressão multiestágio com inter-resfriamento

A compressão com Inter esfriamento promove uma economia de potência de


acionamento do compressor. Aplicado a ciclos de refrigeração, este conceito é possível
de levar na prática utilizando uma porção do mesmo refrigerante para resfriar a outra
porção restante em etapas subsequentes da compressão. Este inter-resfriamento é obtido
através de um trocador de calor de contato direto. Primeiramente vamos tratar do caso de
um sistema em cascata:

No sistema em cascata o circuito de fluido refrigerante é dividido em duas linhas


(ou estágios) menores, de forma que haja um trocador de calor entre os ambos. Em um
circuito deve ficar a instalação com o evaporador retirando energia diretamente do
ambiente a ser resfriado. No outro circuito deve estar o condensador enviando energia
para o ambiente externo.

O trocador de calor pode ser matematicamente modelado idealmente segundo a


conservação de energia (note que será usado os índices de referência da figura 8.8):

𝑄𝑡𝑟𝑜𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 = 𝑚̇5,8 (ℎ5 − ℎ8 ) = 𝑚̇2,3 (ℎ3 − ℎ2 )

E o coeficiente de performance, COP, do sistema em cascata fica como:

160
𝑄𝐿
𝐶𝑂𝑃 =
∑ 𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠𝑜𝑟𝑒𝑠

Que no caso de um sistema em cascata de dois circuitos, conforme a numeração e


esquema da figura 8.8:

𝑚̇2,3 (ℎ1 − ℎ4 )
𝐶𝑂𝑃 =
𝑚̇2,3 (ℎ2 − ℎ1 ) + 𝑚̇5,8 (ℎ6 − ℎ5 )

𝑄𝐻

Condensador
6
7
𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝,1
Compressor

8 5
Trocador de
calor

3 2

𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝,2
Compressor
e

4 1
Evaporador

𝑄𝐿

Figura 8.8 – Diagrama de sistema em cascata de refrigeração. Fonte: do autor.

161
Nos exemplos a seguir, iremos considerar, análogo aos exemplos feitos ate aqui as
seguintes considerações:

• Regime permanente

• Variações de energia cinética e potencial desprezíveis

• Câmara (quando presentes) e trocadores de calor serão adiabáticos

• As válvulas serão sempre assumidas como isentalpicas

• Perdas de cargas serão desconsideradas.

EXEMPLO 8.3

Considere um ciclo de refrigeração operando entre os limites de pressão de 1 Mpa


(no circuito onde contém o condensador) e 0,15 Mpa (no circuito onde contém o
evaporador). Cada estágio opera segundo um ciclo de refrigeração por compressão ideal
com R134a como fluido de trabalho. A rejeição de calor do ciclo inferior ocorre em um
trocador de calor contracorrente em que ambas as correntes entram a 0,4 MPa (na prática
o fluido do ciclo inferior entra no trocador de calor a uma pressão e temperatura maiores
para uma efetiva transferência de calor). Se a vazão mássica no ciclo superior é de 5
kg/min, determine: Nota: Serão usados os índices iguais aos da figura 8.8:

a) A vazão mássica no ciclo inferior, considerando no circuito onde contém o evaporador


uma eficiência isentrópica do compressor de 0,9 - ou seja 90%. E na saída do trocador de
calor e do condensador só haja liquido saturado

b) A taxa de transferência de calor do espaço refrigerado e a potência fornecida aos


compressores:

c) O coeficiente de desempenho do ciclo em cascata.

SOLUÇÃO

PARTE A

162
Temos inicialmente os seguintes dados a partir do enunciado da questão,
observando que no compressor, no processo isentrópico 𝑠2 = 𝑠1:

Estado P (Kpa) h (Kj/Kg) S (Kj/Kg K) x


1 150 388,5 1,73 1
2 400 409,5 1,73
2r 400
3 400 62,24 0
4 150 62,24
5 400 1
6 800
7 800 0
8 400

𝑊𝑟𝑒𝑎𝑙 ℎ2,𝑟𝑒𝑎𝑙 − ℎ1
𝜂𝑠 = =
𝑊𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 ℎ2 − ℎ1

Logo:

ℎ2,𝑟𝑒𝑎𝑙 = ℎ1 +(ℎ2 − ℎ1 ) . 0,9 = 407, 4 Kj/Kg

Com os valores de pressão e entalpia vindos do cálculo da eficiência isentrópica


temos que:

𝐾𝑗 𝐾𝑗
ℎ3 = 212,055 𝑠3 = 1,043
𝐾𝑔 𝐾. 𝐾𝑔

E no ponto 4, sabendo que a entalpia é igual a do ponto 3, com uma pressão de


150 Kpa:

𝐾𝑗
ℎ4 = ℎ3 = 212,055
𝐾𝑔

163
Já no ponto 5, temos uma pressão de 400 Kpa e na entrada temos que garantir que
haja apenas vapor saturado, logo:

𝐾𝑗 𝐾𝑗
ℎ5 = 403,89 𝑠5 = 1,723
𝐾𝑔 𝐾. 𝐾𝑔

No ponto 6, temos uma pressão de 1000 Kpa uma entropia 𝑠6 = 𝑠5

𝐾𝑗 𝐾𝑗
ℎ6 = 425,1 𝑠6 = 1,723
𝐾𝑔 𝐾. 𝐾𝑔

A seguir há um processo a pressão constante aonde temos ao final:

𝐾𝑗 𝐾𝑗
ℎ7 = 265,3 𝑠7 = 1,19
𝐾𝑔 𝐾. 𝐾𝑔

Concluindo, temos que, na válvula de expansão, após um processo isoentalpico e


com uma pressão de 400 Kpa:

𝐾𝑗
ℎ8 = ℎ7 = 265 265 = ℎl (1 − 𝑥) + ℎv = 212,5(1 − 𝑥) + 404
𝐾𝑔

Por fim, completando nossa tabela:

Estado P (Kpa) h (Kj/Kg) S (Kj/Kg K) x


1 150 388,5 1,73 1
2 400 409,5 1,73
2r 400 407,4 1,90
3 400 62,24 1,04 0
4 150 62,24 Sv(1-x)+sl
5 400 403,8 1,72 1
6 800 425,1 1,72
7 800 265,3 1,19 0
8 400 265,3 Sv(1-x)+sl

164
Agora aplicando a conservação da energia:

𝑚̇5,8 (ℎ5 − ℎ8 ) = 𝑚̇2,3 (ℎ2 − ℎ3 )

𝑚̇5,8 (403,8 − 265,3) = 5(407,4 − 62,24) 𝑚̇5,8 = 12,46 𝐾𝑔/𝑚𝑖𝑛

PARTE B

O calor retirado do ambiente é:

𝑄𝐿 = 𝑚̇2,3 (ℎ1 − ℎ4 ) = 5(388,5 − 62,24) = 1631,6 𝐾𝑗/𝑚𝑖𝑛

E as potencias de cada compressor:

𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝,1,2 = 𝑚̇2,3 (ℎ2 − ℎ1 ) = 5(407,4 − 388,5) = 94,5 𝐾𝑗/𝑚𝑖𝑛

𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝,5,6 = 𝑚̇5,6 (ℎ6 − ℎ5 ) = 12,46(425,1 − 403.8) = 265,39 𝐾𝑗/𝑚𝑖𝑛

PARTE C

E o COP é:

𝑄𝐿 1631.6
𝐶𝑂𝑃 = = = 4,53
∑ 𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠𝑜𝑟𝑒𝑠 265,39 + 94,5

Já os sistemas com misturadores, também chamado de sistemas de compressão


com multi-compressão são ilustrados seguinte a figura 8.9. Basicamente elas acrescentam
ao sistema em cascata um misturador e uma câmara de separação do vapor e do liquido
saturado, onde o liquido sai de encontro ao evaporador para assim maximizar a troca de
energia.

165
6
𝑇
7 2

3
5
8

4
1

Figura 8.9 – Gráfico de entropia versus temperatura de sistemas com multi


compressão de refrigeração do tipo cascata. Fonte: do autor.

𝑇
6
2

8
4
7 3

9
1

Figura 8.10 – Gráfico de entropia versus temperatura de sistemas com multi


compressão de refrigeração com câmara de separação. Fonte: do autor.

166
Já o vapor vai de encontro diretamente com o vapor saturado que sai do
evaporador, conforme pode ser visto na figura 8.9.

𝑄𝐻

Condensador
4
5
Compressor 𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝,1
e

9
6 3
Câmara de
Câmara mistura
flash

7
2

Compressor 𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝,2
e

8
1
Evaporador

𝑄𝐿

Figura 8.10 – Diagrama de sistema com multi-compressão de refrigeração. Fonte: do


autor.

EXEMPLO 8.4

Considere um ciclo de refrigeração operando entre os limites de pressão de 0,8


Mpa (no circuito onde contém o condensador) e 0,15 Mpa (no circuito onde contém o
evaporador). O fluido refrigerante é R134a deixa o condensador como liquido saturado,
passa pela válvula e entra na câmara a 0,32 Mpa. Parte evapora durante o processo e esse

167
vapor é misturado com o refrigerante que deixa o compressor a baixa pressão. A mistura
é comprimida no compressor de alta. O liquido da câmara passa por uma válvula e entra
no evaporador deixando-o como vapor saturado. Determine

a) A fração de refrigerante que evapora na câmara

b) O calor removido do espaço refrigerado e o trabalho fornecido aos compressores


por unidade de massa

c) O COP

SOLUÇÃO

PARTE A

Temos inicialmente os seguintes dados a partir do enunciado da questão,


observando que no compressor, no processo isentrópico 𝑠2 = 𝑠1. Observe ainda que na
saída do separador (Flash camber) tem-se, na seção 7, liquido saturado e na seção 3 vapor
saturado. Observe também que o liquido sai do condensador como liquido saturado

Estado P (Kpa) h (Kj/Kg) x


1 150 1
2 320
3 320 1
4 800
5 800 0
6 320
7 320 0
8 150
9 320 1

Observando que na seção 5 para x = 0 e pressão, temos o valor da entalpia do


liquido saturado, que por sua vez é a mesma entalpia da seção 6, depois da válvula. (pois
a válvula é isentalpica)

168
𝐾𝑗
ℎ5 ( 𝑥 = 0, 𝑃 = 0,8 𝑀𝑝𝑎) = 95,47 = ℎ6
𝐾𝑔

Assim podemos, agora com o valor da entalpia na seção 6, encontrar o título, que
estará na câmara de separação:

ℎ6 = 95,47 = ℎl (1 − 𝑥) + ℎv

Assim:

𝑥6 = 0,2049

PARTE B

Observando que na seção de entrada evaporador temos que ter liquido saturado
(x=0) e na seção de saída do evaporador temos vapor saturado (x=1)

𝐾𝑗
ℎ8 (𝑥 = 0, 𝑃 = 0,15 𝑀𝑝𝑎) = 55,16
𝐾𝑔

𝐾𝑗
ℎ1 (𝑥 = 1, 𝑃 = 0,15 𝑀𝑝𝑎) = 239,16
𝐾𝑔

Assim o calor 𝑄𝐿no evaporador é:

𝐾𝑗
𝑄𝐿 = (1 − 𝑥6 )(ℎ1 − ℎ8 ) = 146,3
𝐾𝑔

Assumindo que na saída do compressor de baixa temos a mesma entropia do que


na sua seção de entrada:

𝐾𝑗
ℎ2 (𝑠2 = 𝑠1 , 𝑃 = 0,32 𝑀𝑝𝑎) = 255,93
𝐾𝑔

169
Na seção 9, na saída do misturador, temos que pela conservação da energia,
lembrando que a entalpia na seção 3 (saída do vapor saturado do separador), é entalpia
do vapor saturado a pressão de 0,32 Mpa:

𝐾𝑗
ℎ9 = (1 − 𝑥6 )ℎ2 + 𝑥6 ℎ3 = (1 − 0,2059). 255,93 + 0,2059 . 255,8 = 255,1
𝐾𝑔

E o somatório dos trabalhos é, observando que na saída do compressor de alta


(entre as seções 4 e 9), temos que a entropia é igual:

𝐾𝑗
ℎ4 (𝑠4 = 𝑠9 , 𝑃 = 0,8 𝑀𝑝𝑎) = 274,48
𝐾𝑔

𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝 = 𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝,1,2 + 𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝,4,9

𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝 = (1 − 𝑥6 )(ℎ2 − ℎ1 ) + (ℎ4 − ℎ9 )

𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝 = (1 − 0,2049)(255,9 − 239,1) + (274,88 − 255,1)

𝐾𝑗
𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝 = 32,7
𝐾𝑔

PARTE C

𝑄𝐿 146,3
𝐶𝑂𝑃 = = = 4,46
∑ 𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠𝑜𝑟𝑒𝑠 32,7

E a tabela preenchida fica como:

170
Estado P (Kpa) h (Kj/Kg) x
1 150 239,16 1
2 320 255,93
3 320 255,88 1
4 800 274,48
5 800 95,47 0
6 320 95,47
7 320 55,16 0
8 150 55,16
9 320 255,1 1

Exergia

Para as futuras analises que faremos de sistemas térmicos aplicados a refrigeração


é conveniente que se discuta as definições dos seguintes fenômenos físicos, tais quais a
segunda lei da termodinâmica e suas implicações no dimensionamento e analise dos
sistemas de refrigeração:

Uma dessas implicações da segunda lei da termodinâmica é a exergia. Exergia é


o trabalho máximo que pode ser obtido através do processo termodinâmico mais
adequado de um sistema que se encontre em um estado inicial até que atinja o estado
final, caracterizado pelo equilíbrio termodinâmico com o ambiente (segunda lei). Em
outras palavras é a definição da quantificação do potencial máximo de trabalho de uma
substância ou trabalho mínimo para fazer o sistema sair do estado morto.

Este trabalho máximo que pode ser obtido (exergia), que será denotada pela letra
B, pode se dar principalmente de quatro formas:

• Exergia potencial

• Energia cinética

• Exergia química

• Exergia física

171
A Exergia potencial se dá através da realização do trabalho peso, através da aceleração
gravitacional, de forma que:

𝐵𝑝 = 𝑚𝑔ℎ

A cinética:

𝑉2
𝐵𝑐 = 𝑚
2

A física:

𝐵𝑓 = Δ𝑢 + 𝑃𝑣 − 𝑇Δ𝑠

A química:

𝑇0
𝐵𝑞 = 𝑄 (1 − )
𝑇

Onde Q é o calor. Assim a soma da Exergia total pode ser dada como:

𝐵 = 𝐵𝑝 + 𝐵𝑐 + 𝐵𝑓 + 𝐵𝑞

Psicrometria

Observamos até então, no nosso estudo sobre sistemas térmicos para refrigeração,
que vários parâmetros de interesse foram considerados, tais quais as temperaturas de
entrada e saída de cada componente do sistema (compressores, evaporadores....)

172
Contudo, há de se levar em conta que os sistemas de condicionamento de ar e
refrigeração por vezes são aplicados quando não para conservação de alimentos tais quais
grãos, por exemplo, são usados para conforto térmico humano.

Em ambas as aplicações a questão da umidade do ar, e sua composição se tornam


críticas, tendo inclusive a umidade do ar por vezes efeito sobre o conforto térmico humano
maior do que a temperatura propriamente dita.

Logo, é crucial que estudemos o ar e suas composições. A esse estudo daremos o


nome de psicrometria.

Figura 8.11 – Gráfico típico de propriedades psicrométricas. Fonte: adaprtado da


internet.

Alguns parâmetros principais de referência são:

• Propriedades relacionadas a temperatura

• Propriedade relacionadas a umidade

173
• Propriedade relacionadas ao volume ocupado e energia

Temperatura de bulbo seco (𝑇) e bulbo molhado (𝑇𝑚 )

É a temperatura medida com um termômetro comum. Caso uma temperatura seja descrita
sem especificação, deve-se considerar como uma temperatura de bulbo seco. Já a
temperatura de bulbo úmido é dada através da medição de um termômetro envolto por
um tecido de algodão encharcado com água destilada. O bulbo deve então ser ventilado
com uma velocidade mínima de 5 m/s para se saber a temperatura do ar (no caso de bulbo
molhado) usados nesta ventilação.

Já a temperatura termodinâmica do bulbo molhado é aquele referente ao equilíbrio,


alcançada quando o ar úmido sofre um processo de resfriamento adiabático devido a
evaporação da água do ar.

Temperatura do ponto de orvalho (𝑇𝑝𝑜 )

É a temperatura quando o ar, que está saturado de umidade, começa a se condensar


(formar liquido), mantendo constante a pressão e razão de mistura.

Pressão de vapor (𝑃𝑣 )

O vapor da água, assim como todos os gases que constituem a atmosfera, exercem pressão
sobre todas as direções. A quantidade de vapor que pode existir em cada massa de ar é
limitada pela temperatura. Temperaturas mais elevadas permitem maior quantidade de
vapor. Quando o ar contém o máximo de vapor da água possível, diz-se que a pressão
correspondente é a pressão de saturação.

Razão de mistura (𝑤)

É definida como a razão entre a massa de vapor da água e a massa de ar seco em dado
volume em dado volume da mistura. Sua unidade é vapor/ kg de ar seco.

Umidade relativa (𝑈𝑅)

É a razão entre a pressão parcial de vapor, 𝑃𝑣 (aquela que não está saturada) e a pressão
de saturação do vapor, definida por 𝑃𝑣𝑠

𝑃𝑣
𝑈𝑅% = ( ) 100
𝑃𝑣𝑠

174
Umidade absoluta (𝑈𝑎 )

É a relação entre a massa de vapor da água e o volume de ocupado pelo ar úmido.

Umidade específica (𝑈𝑒 )

É a relação entre a massa de vapor da água e a massa de ar úmido

Grau de saturação

E a razão entre a mistura atual e razão de mistura do ar em condição de saturação

Alguns instrumentos que podem ser usados para a medição da umidade relativa do ar
são:

• Higrômetro de condensação

• Higrômetro de absorção

• Higrômetro elétrico

• Higrômetro ótico

• Psicrômetros

Já para uma determinação analítica, quando sabemos a priori o valor da


temperatura do ponto de orvalho, em K e a temperatura de bulbo seco, também em K,
temos que:

1 1
𝑈𝑅 = exp {5417 . [( ) − ( )]}
𝑇 𝑇0

E se temos um psicrômetro:

175
𝑃𝑣
𝑈𝑅 = ( )
𝑃𝑣𝑠

Onde:

𝑃𝑣 = 𝑃𝑣𝑠𝑚 − [𝐴. 𝑃. (𝑇 − 𝑇𝑚 )]

Sendo 𝐴 = 6,7 . 10−4 𝐶 −1, para o psicrômetro ventilado (aspirado) e


6,7 . 10−4 𝐶 −1 para o psicrômetro sem ventilação. 𝑃 é a pressão atmosférica local em
mmHg. Já a pressão de vapor saturado no ar a temperatura de bulbo seco, pode ser
determinado por, em unidade mBar (onde 760 mmHg é igual a 1013,25 mBar):

7,5 𝑇
𝑃𝑣𝑠 = 6,1078 . 10237,3+𝑇

Já a pressão máxima de vapor a temperatura de bulbo molhado 𝑃𝑣𝑠𝑚 pode ser


expressa por:

7,5 𝑇𝑚
𝑃𝑣𝑠𝑚 = 6,1078 . 10237,3+𝑇𝑚

EXEMPLO 8.5

As leituras de temperatura de bulbo seco e de bulbo molhado, dadas por um


psicrômetro de aspiração, forma, respectivamente, de 27 C e de 18 C. Determine a
umidade relativa do ar utilizando uma relação analítica.

SOLUÇÃO

Primeiro se acha a pressão de vapor saturado, associado a temperatura de bulbo


molhado:

176
7,5 𝑇𝑚 7,5 .18
𝑃𝑣𝑠𝑚 = 6,1078 . 10237,3+𝑇𝑚 = 6,1078 . 10237,3+18 = 20,6 𝑚𝐵𝑎𝑟 (𝑜𝑢 15,5 𝑚𝑚𝐻𝑔)

𝑃𝑣 = 15,5 − [6.7 . 10−4 . 760. (27 − 18)] = 10,9 𝑚𝑚𝐻𝑔

Por fim se determina a pressão de vapor saturado a temperatura de bulbo seco:

7,5 𝑇 7,5 .27


𝑃𝑣𝑠𝑚 = 6,1078 . 10237,3+𝑇 = 6,1078 . 10237,3+27 = 35,7 𝑚𝐵𝑎𝑟 (𝑜𝑢 26,8 𝑚𝑚𝐻𝑔)

𝑃𝑣 10,9
𝑈𝑅 = ( )= = 0,40
𝑃𝑣𝑠 26,8

EXEMPLO 8.6

As leituras de temperatura de bulbo seco e de bulbo molhado, dadas por um


psicrômetro de aspiração, forma, respectivamente, de 25 C e de 18 C. Determine a as
propriedades termodinâmicas:

SOLUÇÃO

Observe o procedimento descrito graficamente. Inicialmente temos o seguinte


gráfico:

177
A seguir se traça uma reta vertical até que a mesma seja interceptada, por uma reta
paralela a linha de entalpia, que coincida com a escala na curva esquerda do mapa da
temperatura de bulbo úmido;

178
Por fim temos os dados:

c) Umidade relativa=50 %

179
d) Volume específico= 0,862 Kg/m^3

e) Razão de mistura= 10 gramas de vapor/Kg de ar seco

f) Pressão de vapor=15,5 mBar

g) Entalpia =16,5 Kcal/Kg de ar seco

Mistura de dois escoamentos de ar

Em grande número de secadores agrícolas, são misturadas duas massas de ar com


diferentes vazões e propriedades termodinâmicas. As condições finais da mistura
resultante podem ser determinadas por gráficos psicrométricos

Considerando duas vazões mássicas 𝑚̇1 e 𝑚̇2, temperaturas 𝑇1 e 𝑇2, razoes de


mistura 𝑤1 e 𝑤2 , e entalpias ℎ1 e ℎ2 :

𝑚̇ 1 + 𝑚̇ 2 = 𝑚̇ 3

𝑚̇ 1 𝑤1 + 𝑚̇ 2 𝑤2 = 𝑚̇ 3 𝑤3

𝑚̇ 1 ℎ1 + 𝑚̇ 2 ℎ2 = 𝑚̇ 3 ℎ3

Substituindo:

𝑚̇ 1 (ℎ3 − ℎ1 ) + 𝑚̇ 2 (ℎ2 − ℎ3 )

𝑚̇ 1 (𝑤3 − 𝑤1 ) + 𝑚̇ 2 (𝑤2 − 𝑤3 )

𝑚̇ 1 (ℎ 2 − ℎ 3 ) 𝑚̇ 1 (𝑤 2 − 𝑤 3 )
= =
𝑚̇ 2 (ℎ 3 − ℎ 1 ) 𝑚̇ 2 (𝑤 3 − 𝑤 1 )

180
EXERCICIOS

1) Resolva o exercício resolvido 8.1, agora assumindo que o mesmo seja um sistema
em cascata, com um pressão intermediaria (em todos os terminais no trocador de
calor) da média das pressões do evaporador e do condensador. Compare o valor
do COP e responda: O COP foi maior ou menor?

2) A partir do resultado obtido na questão anterior responda o porquê do mesmo


resultado.

3) Observando os exemplos onde foi assumido uma eficiência isentrópica nos


compressores, e possível afirmar que os mesmos rendimentos oferecem uma
diferença considerável no COP final?

4) Refaça o exercício resolvido 8.3 agora considerando uma eficiência isentrópica


de 0,8 em todos os compressores e compare os valores de COP e diga qual a queda
do mesmo em uma porcentagem

5) Substitua no exercício 8.4 o fluido refrigerante por R12 e observe o COP e o calor
retirado do ambiente 𝑄𝐿 .

6) Descreva porque uma análise exegética pode ser interessante para a otimização
térmica de um ciclo:

7) As leituras de temperatura de bulbo seco e de bulbo molhado, dadas por um


psicrômetro de aspiração, forma, respectivamente, de 310 K e de 22 C. Determine
a umidade relativa do ar utilizando uma relação analítica.

8) Determine as propriedades termodinâmicas calculadas no item 7 desta lista

181
9 Ciclos de Refrigeração por Absorção de Vapor

Outro ciclo de interesse para refrigeração é aquele que opera segundo a absorção
de um elemento que compõem uma solução, no qual é absorvido por outro. Nesta
absorção ocorre a liberação de calor. Logo o ciclo por absorção de vapor se aproveita
deste fenômeno, sendo operado pelo calor, através da adição de energia num componente
chamado gerador, diferente do ciclo de compressão de vapor que é um ciclo operado por
trabalho mecânico do compressor.

Ciclo de Absorção de vapor simples

Basicamente o ciclo por absorção de vapor funciona segundo uma instalação que
contenha os seguintes componentes:

• Um gerador, que recebe calor da fonte quente, que pode ser água quente, uma
resistência elétrica, etc...

• Um condensador com função análoga ao do ciclo de compressão pro vapor

• Uma válvula de expansão, com função análoga ao do ciclo de compressão de


vapor

• Um evaporador, com função análoga ao do ciclo de compressão de vapor

• Um absorvedor, cuja função é receber o refrigerante do evaporador e a solução do


gerador, ele permite, através de um processo exotérmico, que calor seja liberado
para fora do sistema.

Tanto o gerador quanto o condensador operam a mesma pressão, diferentes das


pressões do absorvedor, que por sua vez é igual a o evaporador. Logo uma válvula de
redução de pressão é necessária entre o gerador e o absorvedor. Por fim, tem-se uma
bomba, apenas para função de recircular a solução do absorvedor de volta ao gerador.

De uma forma sucinta o sistema que opera segundo um ciclo de refrigeração por
absorção de vapor é descrito por:
182
Calor, 𝑄𝐻 Calor, 𝑄𝐶
1 3
Solução
Gerador Vapor de Condensador
alta
2 pressão 4
Válvula 3 Válvula de
redutora de expansão
7 pressão 5

Bomba de 8 6
recirculação Absorvedor Evaporador
Vapor de
baixa
pressão
Calor, 𝑄𝐴 Calor, 𝑄𝐿

Figura 9.1 – Esquema do funcionamento de um ciclo de refrigeração por


absorção de vapor simples. Fonte: Do autor.

O balanço de energia em cada componente pode ser descrito, começando pelo


gerador como:

𝑄𝐻 + 𝑚̇1 ℎ1 = 𝑚̇2 ℎ2 + 𝑚̇3 ℎ3

E no absorvedor:

𝑄𝐴 + 𝑚̇1 ℎ1 = 𝑚̇6 ℎ6 + 𝑚̇7 ℎ7

E o balanço de massa pode ser descrito para o gerador e absorvedor


respectivamente:

183
𝑚̇1 = 𝑚̇2 + 𝑚̇3

𝑚̇1 = 𝑚̇6 + 𝑚̇7

Para se quantificar o desempenho de um sistema operando segundo um ciclo de


absorção de vapor, tem-se o coeficiente de performance, COP, que é dado por:

𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑓𝑟𝑖𝑔𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑄𝐿
𝐶𝑂𝑃𝑎𝑏𝑠 = =
𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝐴𝑑𝑖çã𝑜 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑛𝑜 𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟 𝑄𝐻

O que se observa, na prática ao se comparar um valor médio dos desempenhos de


ambos os sistemas, o de compressão de vapor e absorção de vapor é que o sistema de
compressão apresenta maior desempenho, isso se dá devido ao fato da energia
manifestada através do trabalho ser muito mais valiosa.

𝐶𝑂𝑃𝑎𝑏𝑠 < 𝐶𝑂𝑃𝑐𝑜𝑚𝑝

Há ainda outras definições uteis ao nosso estudo, tais quais o coeficiente de


desempenho de Carnot, do ciclo de potência e o de refrigeração:

𝑄𝐻 𝑇𝐻
𝐶𝑂𝑃𝑝𝑜𝑡 = =
𝑊 𝑇𝐻 − 𝑇𝐴

𝑄𝐿 𝑇𝐿
𝐶𝑂𝑃𝑐𝑜𝑚𝑝 = =
𝑊 𝑇𝐻 − 𝑇𝐿

184
Onde podemos descrever agora o coeficiente de desempenho como:

𝐶𝑂𝑃𝑐𝑜𝑚𝑝
𝐶𝑂𝑃𝑎𝑏𝑠 =
𝐶𝑂𝑃𝑝𝑜𝑡

EXEMPLO 9.1

Qual é o COP de um sistema de refrigeração ideal por absorção, 𝐶𝑂𝑃𝑎𝑏𝑠 , operando


com uma fonte de calor a temperatura de 120 graus Celsius, temperatura de refrigeração
de -5 e uma temperatura ambiente de 35 graus Celsius?

SOLUÇÃO

𝑄𝐻 𝑇𝐻 120 + 273,15
𝐶𝑂𝑃𝑝𝑜𝑡 = = = = 4,62
𝑊 𝑇𝐻 − 𝑇𝐴 120 − 35

𝑄𝐿 𝑇𝐿 (−5) + 273,15
𝐶𝑂𝑃𝑐𝑜𝑚𝑝 = = = = 6,70
𝑊 𝑇𝐻 − 𝑇𝐿 35 − (−5)

𝐶𝑂𝑃𝑐𝑜𝑚𝑝 6,70
𝐶𝑂𝑃𝑎𝑏𝑠 = = = 1,45
𝐶𝑂𝑃𝑝𝑜𝑡 4,62

É interessante notar que cada solução apresenta uma pressão de vapor, baseada
em sua composição e concentração. OS tipos mais comuns de soluções empregadas são:

• Brometo de Lítio e água (LiBr-H2O)

• Amônia e água.

185
O brometo de lítio é um solido cristalino que na presença do vapor d’água absorve
vapor e torna-se uma solução liquida. A solução liquida exerce uma pressão de vapor,
que é função da concentração da solução e temperatura da mesma.

Por exemplo, uma solução de brometo de lítio a 80 graus Celsius e 59 % de


concentração tem uma pressão de vapor igual a 7,38 Kpa. Essa é a mesma pressão do
vapor da água, pura, a 40 graus Celsius. Logo caso essas duas substâncias nestas
condições estejam em contato, elas estarão em equilíbrio devido ao fato de estarem a
mesma temperatura.

Muitas outras combinações de temperatura e concentração fornecem a pressão de


7,38 Kpa.
Pressão de vapor (Kpa)

Temperatura (graus Celsius)

Figura 9.2 – Gráfico das propriedades da água pura, nas condições de saturação.
Fonte: Adaptado da internet

186
Pressão de vapor (Kpa)

Temperatura (graus Celsius)

Figura 9.3 – Gráfico das propriedades da solução de brometo de lítio, para várias
concentrações (dadas pelas curvas) e temperatura versus pressão de vapor. Fonte:
Adaptado da internet

EXEMPLO 9.2

Determine a vazão mássica de refrigerante – água – através do condensador e do


evaporador no ciclo descrito abaixo:

• Temperatura do evaporador: 10° C

• Temperatura do absorvedor: 30° C

• Temperatura do condensador: 40° C

• Temperatura do gerador: 100° C

• Vazão mássica que passa pela bomba de recirculação: 0,6 Kg/s

SOLUÇÃO

187
Ao começar devemos ter em mente que a pressão no condensador e no gerador
são iguais, assim como a pressão no evaporador e no absorvedor são iguais. Logo, na
parte de alta de alta pressão (condensador mais gerador) a pressão é fixa pela pressão de
condensação (aquela cuja temperatura é mais baixa)

Analogamente na seção de baixa pressão (evaporador mais absorvedor) a pressão


é fixa pela pressão do evaporador, determinando assim a pressão de saturação da água a
partir do gráfico da figura 9:

𝑃𝑐𝑜𝑛𝑑𝑒𝑛𝑠𝑎𝑑𝑜𝑟 = 𝑃𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟 = 𝑃𝐻2𝑂,40 ° 𝐶 = 7,38 𝐾𝑝𝑎

𝑃𝑒𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟 = 𝑃𝑎𝑏𝑠𝑜𝑟𝑣𝑒𝑑𝑜𝑟 = 𝑃𝐻2𝑂,10 ° 𝐶 = 1,23 𝐾𝑝𝑎

O balanço de massa da solução no gerador (usando os subscritos descrito na figura


1):

𝑚̇2 + 𝑚̇3 = 𝑚̇1 = 0,6 𝐾𝑔/𝑠

Balanço de massa do LiBr no gerador (observando através do gráfico da figura


9.3):

𝑚̇2 𝑥2 = 𝑚̇1 𝑥1

0,6 . 0,5 = 𝑚̇2 0,664

De forma que temos que:

𝑚̇2 = 0,452 𝐾𝑔/𝑠

188
𝑚̇3 = 0,148 𝐾𝑔/𝑠

Para quantificar a entalpia da solução devemos recorrer a uma tabela de vapor


para avaliar a entalpia no condensador e evaporador. Já no gerador e absorvedor são
utilizados diagramas entalpia-temperatura-concentração, conforme o que será mostrado
no gráfico da figura 9.4.

Note que teremos entalpia nula para água liquida a 0° C (mesma referência para
água pura) e LiBr e 25 °C

EXEMPLO 9.3

Para o sistema considerado no exemplo 9.2 calcule:

• O calor recebido pelo gerador, 𝑄𝐻

• O calor retirado do ambiente pelo evaporador, 𝑄𝐿

• O calor liberado pela absorção, no absorvedor, 𝑄𝐴

• O calor liberado pela troca de calor no condensador, 𝑄𝐶

189
Figura 9.4 – Gráfico das propriedades da solução de brometo de lítio, para várias
concentrações (dadas pelas curvas) e temperatura versus entalpia. Fonte: Adaptado da
internet

SOLUÇÃO

Para melhor localização das seções de cálculo, são repetidas aqui a figura 9.1,
agora com as temperaturas respectivas.

190
Calor, 𝑄𝐻 Calor, 𝑄𝐶
1 3
Condensador
Solução Gerador
Vapor de 40 ° C
100 °C alta
2 pressão 4
Válvula 3 Válvula de
redutora de expansão
7 pressão 5

Bomba de 8 6
Absorvedor Evaporador
recirculação
30 ° C Vapor de 10 °C
baixa
pressão
Calor, 𝑄𝐴 Calor, 𝑄𝐿

As entalpias da solução, baseadas nos dados do exemplo 9.2, para as temperaturas


e concentrações respectivas são:

ℎ1 (30° 𝐶, 0,5) = −168 𝐾𝑗/𝐾𝑔

ℎ2 (100° 𝐶, 0,664) = −52 𝐾𝑗/𝐾𝑔

As entalpias da água liquida e vapor da água (ambos saturados) são:

ℎ3 = ℎ𝑉 (100° 𝐶) = 2676 𝐾𝑗/𝐾𝑔

ℎ4 = ℎ𝐿 (40° 𝐶) = 167 𝐾𝑗/𝐾𝑔

ℎ6 = ℎ𝑉 (10° 𝐶) = 2520 𝐾𝑗/𝐾𝑔

O balanço de energia fica, portanto, no gerador:

191
𝑄𝐻 + 𝑚̇1 ℎ1 = 𝑚̇2 ℎ2 + 𝑚̇3 ℎ3

𝑄𝐻 = −𝑚̇1 ℎ1 + 𝑚̇2 ℎ2 + 𝑚̇3 ℎ3

𝑄𝐻 = −0,6 . (−168) + 0,148 . 2676 + 0,452 . (−52) = 473,3 𝐾𝑤

O balanço de energia no condensador:

𝑄𝐶 = 𝑚̇3 ℎ3 − 𝑚̇4 ℎ4 𝑚̇3 = 𝑚̇4 = 𝑚̇𝐶

𝑄𝐶 = 𝑚̇𝐶 (ℎ3 − ℎ4 ) = 0,148 , (2676 − 167,5) = 371,2 𝐾𝑤

O balanço de energia no absorvedor:

𝑄𝐴 + 𝑚̇1 ℎ1 = 𝑚̇6 ℎ6 + 𝑚̇7 ℎ7

𝑄𝐴 = 𝑚̇6 ℎ6 + 𝑚̇7 ℎ7 − 𝑚̇1 ℎ1

𝑄𝐴 = 0,452 . (−52) + 0,148 . 2520 − 0,6 . (−168) = 450,3 𝐾𝑤

O balanço de energia no evaporador:

𝑄𝐿 = 𝑚̇3 ℎ3 − 𝑚̇4 ℎ4 𝑚̇5 = 𝑚̇6 = 𝑚̇𝐿

𝑄𝐿 = 𝑚̇𝐿 (ℎ6 − ℎ5 ) = 0,148 . (2520 − 167,5) = 348,2 𝐾𝑤

Concluindo:

192
𝑄𝐿 348,2
𝐶𝑂𝑃𝑎𝑏𝑠 = = = 0,736
𝑄𝐻 476,6

Ciclo de Absorção de vapor com Trocador de calor

Note que o ciclo de absorção, descrito nos exemplos anteriores deste capítulo, a
solução que deixa o absorvedor necessita ser aquecida de 30 para 100 ° C, enquanto que
a solução que o deixa o gerador precisa ser resfriada de 100 para 30° C.

O maior custo de operação está associado à adição de calor no gerador e


indiretamente haverá um custo para rejeitar calor no absorvedor.

A introdução de trocador entre as correntes de solução pobre que deixa o gerador


e de solução rica que deixa o absorvedor diminui a necessidade de adição de calor no
gerador e de rejeição de calor no absorvedor.

Calor, 𝑄𝐻 Calor, 𝑄𝐶

1 Gerador 3 Condensador
Solução

100 °C 40 ° C

2
Trocador Vapor de
de calor alta
pressão 4
Válvula Válvula de
3
redutora de expansão
7 pressão 5

Bomba de 8 6
Absorvedor Evaporador
recirculação
30 ° C Vapor de 10 °C
baixa
pressão
Calor, 𝑄𝐴 Calor, 𝑄𝐿

EXEMPLO 9.4

193
Para o sistema considerado no exemplo 9.2 calcule, acrescentando um trocador de
calor, como mostrado na figura 9.5, de tal forma que a temperatura do ponto 1 é de 52°
C. A vazão em massa do escoamento liberado peal bomba continua como 0,6 Kg/s. Qual
é ataca de transferência de energia em cada componente e o COP deste ciclo?

SOLUÇÃO

Os dados que utilizaremos dos exercícios resolvidos anteriores:

𝐾𝑔 𝐾𝑔 𝐾𝑔
𝑚̇5 = 𝑚̇6 = 𝑚̇7 = 0,148 𝑚̇3 = 𝑚̇4 = 0,452 𝑚̇1 = 𝑚̇2 = 0,6
𝑠 𝑠 𝑠

As entalpias que permanecem inalteradas são:

ℎ8 (30° 𝐶, 0,5) = −168 𝐾𝑗/𝐾𝑔

ℎ2 (100° 𝐶, 0,664) = −52 𝐾𝑗/𝐾𝑔

ℎ3 = ℎ𝑉 (100° 𝐶) = 2676 𝐾𝑗/𝐾𝑔

ℎ4 = ℎ𝐿 (40° 𝐶) = 167 𝐾𝑗/𝐾𝑔

ℎ6 = ℎ𝑉 (10° 𝐶) = 2520 𝐾𝑗/𝐾𝑔

As taxas de transferência de calor no condensador e no evaporador permanecem


inalteradas.

𝑄𝐶 = 371,2 𝐾𝑤 𝑄𝐿 = 348,2 𝐾𝑤

194
Pelo diagrama de entalpia versus temperatura:

ℎ1 = ℎ(52° 𝐶, 0,5) = −120 𝐾𝑗/𝐾𝑔

De forma que, a troca de calor:

𝑄𝑡𝑟𝑜𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟 = 𝑚̇1 (ℎ1 − ℎ8 ) = 0.6(−120 − (−168)) = 2, .8 𝐾𝑤

Pela conservação da energia:

𝑄𝑡𝑟𝑜𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟 = 𝑚̇2 (ℎ2 − ℎ7 ) = 0,45(−52 − ℎ7 ) = 28,8 𝐾𝑤 ℎ7 = −116 𝐾𝑗/𝐾𝑔

Novamente, olhando o diagrama, vemos que para as condições citadas, de


entalpia, −116 𝐾𝑗/𝐾𝑔 e concentração de 66,4 % a temperatura é de 64 °C. Ao se fazer
novamente a conservação de energia no gerador e no absorvedor temos que:

𝑄𝐴 = 𝑚̇6 ℎ6 + 𝑚̇7 ℎ7 − 𝑚̇1 ℎ1 = 0,148(2520) + 0,452(−116) − 0,6(−168) = 421 𝐾𝑤

𝑄𝐻 = −𝑚̇1 ℎ1 + 𝑚̇2 ℎ2 + 𝑚̇3 ℎ3 = 0,148(2676) + 0,452(−52) − 0,6(−120) = 444,5 𝐾𝑤

𝑄𝐿 348,2
𝐶𝑂𝑃𝑎𝑏𝑠 = = = 0,783
𝑄𝐻 444,5

Cristalização

Quando a solução de LiBr se encontra com tais propriedades de temperatura e


pressão abaixo da linha de cristalização, conforme visto no gráfico, temos então a
solidificação da solução. Ao se encontra nessa região inicia a formação de uma espécie

195
de lama que pode obstruir o escoamento nos tubos e comprometer o funcionamento do
sistema.

EXEMPLO 9.5

Caso se baixe a temperatura em um sistema com trocador de calor, do condensador


para 34°C. Há algum perigo de cristalização? Para ilustrar considere todas as outras
temperaturas inalteradas usando dados do exemplo anterior.

SOLUÇÃO

A nova pressão de vapor no ponto de interesse na saída do gerador para o trocador


de calor faz com que ele tenha uma concentração de 70 %.

𝑚̇2 + 𝑚̇3 = 𝑚̇8 = 0,6 𝐾𝑔/𝑠

Como a concentração em 3 é zero.

𝑚̇2 𝑥2 = 𝑚̇8 𝑥8

𝑚̇8 𝑥8 0,5 𝐾𝑔
𝑚̇2 = = 0,6 . = 0,43
𝑥2 0,7 𝑠

𝐾𝑔
𝑚̇3 = 0,6 − 𝑚̇2 = 0,6 − 0,43 = 0,17
𝑠

ℎ8 (30° 𝐶, 0,5) = −168 𝐾𝑗/𝐾𝑔

ℎ1 (52° 𝐶, 0,5) = −120 𝐾𝑗/𝐾𝑔

196
𝐾𝑗
ℎ2 = ℎ(100° 𝐶, 0,7) = −54
𝐾𝑔

𝑚̇1 (ℎ1 − ℎ8 ) 0,6(−120 − (−168)) 𝐾𝐽


ℎ7 = ℎ3 − = −54 − = −120
𝑚̇2 0,435 𝐾𝑔

E observa-se que neste ponto o fluido encontra-se cristalizada. Logo podemos


observar que:

a) A posição com maior chance de cristalização é a saída do trocador de calor

b) Baixa temperatura de condensação são condições de possíveis cristalizações.

Controle de capacidade

Quando ocorre queda na carga térmica, há uma redução na temperatura de retorno


de água gelada a unidade de absorção (admitindo vazão de água gelada constante). Isto
provocaria uma queda de pressão no lado de baixo da unidade de absorção, o que poderia
congelar a água refrigerante. As formas de controle da capacidade são através na vazão
do refrigerante. Os três principais métodos são:

a) Redução da vazão pela bomba

b) Redução da temperatura do gerador

c) Aumento da temperatura de condensação

197

Você também pode gostar