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EXTENSÃO DE MASSINGA

Departamento de Letras e Ciências Sociais

Cadeira: Prática Técnico Professional III: Oficina de História III

Estudante: Elsa Bernardo Magul Docente: Manuel Henriques Matine

Ensaio sobre música de Azagaia intitulada “Povo no poder”

O USO DA MÚSICA COMO METODOLOGIA DE ENSINO EM AULAS DE HISTÓRIA

No que tange as primeiras estrofes entende-se o seguinte.

(…)Já não caímos na velha história


Saímos p`ra combater a escória
Ladrões
Corruptos
Gritem comigo p´ra essa gente ir embora
Gritem comigo pois o povo já não chora (…)
Extracto da letra da música intitulada Povo no Poder, do Azagaia.

Nesse trecho o cantor apresenta uma reflexão acerca do desenvolvimento da economia interna,
ao começar pelos líderes dirigentes em acreditar na capacidade de cada cidadão para fomentar a
economia seja abrindo um negócio ou adquirindo um produto de fabricação nacional.

Voltando para o enquadramento da música de Azagaia intitulada “O povo no poder”, no ensino


de História, vamos perceber que as letras dessa música na sala de aula de história vão possibilitar
ao aluno de história melhor contextualização dos elementos proposto ao período histórico da
canção, exemplo da passagem que diz: “(…)Já não caímos na velha história”, que tento trazer
um contexto histórico da influência estrangeira durante a dominação colonial.
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São desafios do professor de história promover o rompimento de barreiras que dificultam o


aprendizado isto é, a linguagem musical desperta o interesse dos alunos, facilitando a
compreensão da História e que esta faça parte da sua realidade, utilizando a música como recurso
para cada fase histórica.

Além disso o aluno de história ao fazer pesquisa possui sua importância na construção da
identidade do aluno como agente histórico crítico-reflexivo, a escola portanto torna lugar de
descoberta e significado, o conhecimento acontece de fora para dentro auxiliando a formação do
cidadão numa relação contínua, edificada em discussões em função de circunstâncias
determinadas, isto deixa claro que que o aluno, como pesquisador é capaz de ouvir e escutar a
música fora da sala mas sem delimitações, com essa razão, SOARES (2017), esclarece a
importância da música no ensino de história:

“… nesse sentido, a análise das relações entre música e ensino de história é fundamental
por duas razões básicas: porque as músicas têm importância significativa na cultura
cotidiana dos alunos, e porque o professor de história pode encontrar na música um
aliado, um recurso didático dos mais importantes, que cria empatia com os alunos. “
(p.79).

Voltando para analise da música, numa das passagens das estrofes da música, entende-se, que
por causa da situação, seja pelo aumento do custo de vida ou pela repressão violenta por parte do
Estado, a música narra os acontecimentos que levaram a população a se revoltar, expõe os
problemas que assolam a população, como também denuncia a postura dos políticos que não
planejam direito as decisões e não ponderam as consequências para a população, no caso das
dívidas ocultas, no nosso caso.
Como professor de história, diante destes desafios propostos acima é necessário trazer a
Musicalização na sala de aula de história como processo de ensino-aprendizagem e isto vai
auxiliar no desenvolvimento da sensibilidade estética e emocional da criança, não apenas o ato
de cantar ou ouvir um som, a música na Educação tem a finalidade de potencializar a
criatividade, a capacidade de se concentrar, aumento do repertório, além de ajudar na
memorização e facilitar no aprendizado matemático.
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De acordo com FONSECA (2014, p.99),1 a cerca do conflito ocorrido em Maputo, clarificando
que foi nesse espaço territorial que em Fevereiro de 2008 se iniciaram as revoltas populares em
reacção ao aumento da tarifa do transporte público, popularmente chamado de chapa, utilizado
por grande parte da população. O aumento anunciado pelo governo foi de 50% para trajectos
curtos e de 33% para trajectos longos, o que representa um aumento real de 5 para 7,5 meticais e
de 7,5 para 10 meticais, respectivamente. Esse aumento no preço do transporte é relevante ao se
constatar, que para a população maputense estar em movimento, fazer circular bens e pessoas,
corresponde à sobrevivência do quotidiano. Portanto, o gasto em transporte público é
considerado um dos mais problemáticos depois dos gastos em alimentação e educação.

Através desse trecho acima citado é possível o aluno na sala de aula perceber a questão das
guerras em África em particular para Moçambique onde a música toma a ideia de uma falsa
independência adquirida pelos países africanos, em razão da robusta conexão económica e
cultural com o Ocidente. Os alunos podem aprender e refletir e a saber lidar com os sons sonoros
para garantir, de certa forma, que eles conheçam a si próprias, aos outros e à vida, porque não se
passa um dia sem que as crianças não ouçam ou participem em música e é através desta
percepção que a vida ganha mais sentido para os alunos no ensino de história.

O povo sai de casa e atira pra o Primeiro vidro


Sobe o preço do transporte sobe o,
Preço do pão
Deixam o meu povo sem Norte deixam o,
Povo sem chão
Na mesma óptica de FONSECA (2014, p.100) quanto a seguinte estrofe: “...O povo sai de casa e
atira pra o Primeiro vidro; Só preço do transporte sobe o…”. A população de Maputo erguendo
barricadas com pneus queimados na via pública, paralisou o transporte público e as principais
vias de acesso rodoviária, nesse perspectiva de Fonseca, é possível perceber que o músico
Azagaia, por meio de uma música, foi trazer uma realidade que incomoda a população e público
ficou muito feliz com essa interpretação de Azagaia embora as mídias públicas e privadas do
país foram orientadas a não cobrir as manifestações.

1 FONSECA, Silvana Carvalho. Leitura da África e da Afrodescendencia nas produções. Universidade federal de
Pernambuco. 2014.
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Analisando a letra de “Povo no Poder” procura representar as possíveis motivações que


levaram o povo a se rebelar contra o governo. Ao som de trovoadas e chuva no fundo, a
introdução da canção é carregada de termos que visam representar a realidade, como por
exemplo, “ladrões” e “corruptos”, compondo uma referência directa aos políticos e ministros ao
mesmo tempo que se escutam os ecos da população. Convocada por Azagaia, a população grita:
“Fora! ”: “Já não caímos na velha história (Fora!) / Saímos para combater a escória (Fora!) /
Ladrões (Fora!) / Corruptos (Fora!) / Gritem comigo para essa gente ir embora (Fora!) /
Gritem comigo pois o povo já não chora (Fora!)”.
O cenário no qual se passa a narrativa é logo confirmado após a introdução, na primeira frase
consta, “Isso é Maputo, ninguém sabe bem como/o povo que ontem dormia hoje perdeu o sono”.
No contexto de ensino aprendizagem de história, é possível enquadrar esse momento histórico de
Moçambique vivenciado em 2008, em Maputo, onde os alunos podem fazer pesquisas
relacionadas com o problema real da greve e dando perspectivas das possíveis greves e soluções
no território, para isso podemos ver a seguir:
“Há dois motivos bem objetivos para fazermos essa afirmação: o primeiro está
relacionado ao conteúdo em si; o segundo, ao método. Em termos de currículo e de
conhecimento histórico a ser trabalhado nas séries iniciais, há quase um consenso entre
pesquisadores do ensino de história de que os conteúdos voltados para a formação da
pátria e do cidadão patriótico estavam vinculados a momentos específicos de política e
não têm vínculos com a produção historiográfica…” (SOARES, 2017).2

Dessa maneira nota-se que o uso da música na aula de história é muito significativo, porém é
necessário se atentar na forma como se usa a sonorização na Educação de história, pois se ela
não tiver uma finalidade, um objetivo a ser alcançado, o aprendizado perde sua função tornando
as atividades mecânicas e sem fundamento algum. o ensino da música nas aulas de história tem
relação com a percepção e sensibilidade do professor em perceber como esta pode ajudar em sua
sala, entendemos assim que para qualquer prática musical, é preciso ter propósitos desde o início
e os educadores, atentos aos seus alunos, analisarão as melhores formas de trabalha-la durante as
aulas respeitando suas limitações.

2 SOARES, Olavo Pereira. A música nas aulas de História: o debate teórico sobre as metodologias de ensino.
Universidade Federal de Alfenas -Brasil. 2017.
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Assaltos a padarias, ministérios, imaginam


Destruir os vossos bancos comerciais, avossa mina
Governação irracional parece que contamina
Que tenham aprendido a lição
E não esperem pela próxima

Nas duas últimas estrofes, o músico fazer uma advertência directa ao governo. Caso a
“governança irracional” permaneça, ele aponta para prováveis alvos de revoltas futuras, como
colocar fogo em bombas de gasolina, assaltar as padarias e os ministérios, destruir os bancos e as
mineradoras, que, conforme o senso popular, pertencem aos políticos do país. Esse acaso pode
ter sido um factor pontual para sua intimação à Procuradoria da República.

Nestas palavras acima, conclui-se que o problema da repressão da política em relação à


população revoltosa resultou em muitos feridos e uma morte em 2008, entretanto em 2010,
foram cerca de 13 mortos e mais outros tantos feridos. As consequências da inversão em que
as democracias liberais actualmente se encontram ao praticarem “hábitos de excepção”,
empreenderem acções incondicionadas e a exercerem uma ditadura contra sua população e
contra seus inimigos. Tais factores são as reminiscências da colonização, na qual havia uma
cultura política da inimizade e que foram acumulados e resultaram nas bases das democracias
liberais no tempo presente, onde a guerra se torna um antídoto que contém em sua fórmula o
próprio veneno.

Voltando para o método na sala de aulas de história é recomendável o uso da música para ser o
fio condutor do aluno até chegar ao primeiro estágio, pois eea “auxilia particularmente a
coordenação motora”, visto que realizar práticas corporais envolvendo o som ajuda na
assimilação do aluno com a tarefa; “a acuidade auditiva, a acuidade visual, a memória, a atenção.
Por outro lado a motivação, a música é utilizada como fonte de satisfação, aceitação em grupo,
segurança e auto expressão da criança ao ouvi-la. A questão da música neste contexto parte não
somente de escutar algo cantado, mas o som de qualquer forma que desperte prazer e curiosidade
nos alunos, é importante ressaltar isso, com base nas possíveis práticas realizáveis com eles.

Diante da situação de aprendizagem- utiliza-se a música como forma de criar um ambiente


favorável para o que se deseja ensinar, uma vez que ela é sempre agradável às criança, dando um
significado para o uso do som, os professores podem ensinar atividades motoras, sensoriais e
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cognitivas por meio da Musicalização, compreender a importância deste recurso no


desenvolvimento do aluno é indispensável.

Voltando para o ensino da música nas escolas no geral- O ensino de música nas escolas, pode
contribuir não só para a formação musical dos alunos, mas principalmente como uma ferramenta
eficiente de transformação social, onde o ambiente de ensino e aprendizagem pode proporcionar
o respeito, a amizade, a cooperação e a reflexão tão importantes e necessárias para a formação
humana.

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