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Curso de História
3º Ano II Semestre
Artista: Azagaia
Titulo: Emboscada
1. Quem é Azagaia
Azagaia é o nome artístico de Edson da Luz, moçambicano, nascido em 1985 ao sul do país em
uma vila chamada Namaacha. Filho de um professor caboverdiano com uma comerciante
moçambicana, aos 10 anos de idade seus pais se divorciam e então, ele muda-se com sua mãe
para a capital, Maputo. Cresceu rodeado por mulheres, mãe, irmã e tia, herdou de seu pai o gosto
pela leitura e logo descobriu os poemas de José Craveirinha, que lhe influenciaram com
mensagens de revolta e esperança. Antes das letras de RAP, foi através da escrita de poemas que
Edson da Luz viu uma forma de pertencer à sociedade, uma maneira de “contribuir com a crítica
para melhorar o meio”, em suas palavras.
Nesta música acima citada intitulada EMBUSCADA, o AZAGAIA mostra mais maturidade e
identifica o verdadeiro problema da “paragem” da vida dos moçambicanos e África em geral,
porque através dessa música vamos perceber o quão conseguiu ver que o problema não esta
totalmente ligado ao governo, mas sim, os doadores que intervêm a cada detalhe que os
governantes africanos tem a tomar, causando assim uma instabilidade entre as nações africanas e
instabilidades internas com objectivo de satisfazerem suas necessidades.
Através destas palavras é possível perceber a questão das guerras em África em particular para
Moçambique Azagaia toma a ideia de uma “falsa” independência adquirida pelos países
africanos, em razão da robusta conexão económica e cultural com o Ocidente. Outra ideia
constante em sua letra é a identidade nacional enquanto o moçambicano (a), em especial no
sentido de uma consciência nacional para formar a almejada unidade nacional, não um
nacionalismo obcecado pelo Estado que resulta em xenofobia. Ele também reporta-se a ajuda
externa que mantém a dependência dos países africanos no qual seus líderes se beneficiaram do
dinheiro que entra, mas não é aplicado devidamente para o bem-estar da população.
A interferência da cultura ocidental, causaria “confusão na cabeça dos jovens”. A educação escolar
segue o modelo ocidental, prossegue Azagaia, ela “produz alunos que concluem o ensino primário
sem saberem ler e escrever correctamente”. No seu ponto de vista, deve-se aumentar o foco na
educação das mulheres, porque são as primeiras educadoras das crianças, então, “se a mulher for
melhor educada, a probabilidade de termos gerações com mais conhecimento no futuro, é maior
(..)E agora, será que o Papa vai descer até a minha zona?
Seus selvagens!
Sem sair do contexto do músico, mas duma forma geral o artista nas suas letras tenta dizer que o
continente africano configura-se num território em disputa, pois, além dos capitalistas
estrangeiros, as elites africanas no poder, mesmo aquelas que se encontram aposentadas, estão
também envolvidas no saque dos recursos naturais do solo, subsolo e das águas territoriais. As
elites africanas, apropriando-se da “história de libertação”, continuam a cooperar com o
imperialismo global, açambarcando terras comunitárias, estabelecendo alianças para extrair a
renda da terra. Nalguns casos, as elites africanas chegam a alterar a constituição dos seus países
para perpetuarem no poder e por esta via, saquear as riquezas, mas sempre de mãos dadas com o
imperialismo global.
Um caso clássico de alteração da constituição da república, visando permanecer no poder por
muitos anos, aconteceu em Ruanda, onde o presidente Paul Kagame, permanecerá no poder até
2034. Em Moçambique, sempre pisca-se para uma alteração na constituição da república, nas
nunca se materializou, pois, geraria tensões sociais no país. Tais tensões, primeiro emergiriam
dentro do próprio partido FRELIMO, pois, nota-se a sua divisão em alas distintas que lutam pelo
acesso ao poder e as riquezas, e segundo, os partidos da oposição e a sociedade civil
contestariam tal ato.
As elites moçambicanas, pela ganância, sempre quiseram aumentar mais anos para permanecer
no poder, primeiro aconteceu com Armando Guebuza, e segundo a os órgãos de comunicação
social independentes, tal pretensão foi manifestada por alguma ala do actual Presidente da
República, Filipe Nyusi durante a IV Sessão do Comité Central do partido FRELIMO.
As elites africanas fazem de tudo para extraírem a renda por a forma a garantir o seu
enriquecimento, mesmo que isso custe sangue e vida do povo que lhes “elegeu”. Quem ousar a
questioná-las, criticá-las ou denunciá-las, é perseguido, ameaçado, intimidado, e em casos
extremos, é violentado e preso, sendo que, às vezes, é acusado de crime contra a segurança do
Estado, mesmo que a denúncia tenha sido direccionada para um dirigente que ocupa cargo
público. Em muitos países africanos, são recorrentes as denúncias de perseguição, ameaça,
intimidação, violência e prisões arbitrárias de activistas dos direitos humanos, jornalistas,
lideranças de partidos progressistas e militantes dos movimentos sociais.
Em áreas de ocorrência de recursos naturais, para mostrar o seu poderio, as elites africanas usam
as forças policiais, aquelas que deveriam defender os interesses da “Nação” em seu favor e das
empresas capitalistas. Nesses países, por exemplo, as elites africanas trabalham de mãos dada
com milícia digital, a qual tem garantido a sua perpetuação no poder, saqueando/roubando
riquezas. Essa milícia digital tem trabalhado no sentido de identificar, perseguir, ameaçar e
intimidar aqueles que pensam diferente, sobretudo, quem ousa a questionar, criticar ou denunciar
a barbárie perpetrada pelo capital multinacional e pelas elites africanas no poder.
A corrupção é antes de outras coisas, um meio pelo qual o capital usa para a sua reprodução
ampliada em escala global. Sempre que encontra um obstáculo para a sua reprodução ampliada,
o capital procura corromper os governos, aliciando-os com altos valores monetários ou mesmo
contrapartidas caso o projecto passe. Na maioria das vezes, tal acto acaba sendo um sucesso para
o capital, sobretudo, quando na sua frente encontra governos compostos por governantes
corruptos. Tendo em conta que Moçambique é considerado como sendo um dos países africanos
mais corruptos do mundo, o capital tem e nos recursos naturais apresentam o plano de
exploração, seguido do investimento a ser alocado nas actividades produtivas. Depois de serem
analisados, os planos de exploração junto do investimento proposto pelos capitalistas
estrangeiros, são aprovados ou reprovados.
Em Moçambique, a corrupção tem feito com que determinados grupos sociais com interesses na
terra e nos recursos naturais, tenham acesso fácil e rápido ao DUAT. Mas, vale ressalvar que é
no quadro das negociações que surgem as parcerias e/ou alianças entre os capitalistas nacionais e
estrangeiros para a exploração capitalista da terra e dos recursos naturais. Após o
estabelecimento de alianças, os capitalistas moçambicanos maioritariamente compostas pelas
elites políticas “libertadoras na nação”, por ser descapitalizados e por não ter cultura de trabalho,
estes entram no negócio com a terra e com recursos naturais, e os capitalistas estrangeiros, com o
capital, tecnologia, conhecimento, etc. É por meio destas alianças com os capitalistas
estrangeiros que as elites políticas nacionais se inserem nas dinâmicas da acumulação privada do
capital, extraindo a renda da terra, mas de forma subordinada aos capitalistas estrangeiros.
4. Considerações finais