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Sumario

Capitulo I

1 CABANAGEM – 1835 – 1840............................................................................02


1.1 REVOLUÇÃO DO POVO PARAENSE (JANEIRO DE 1835 A MAIO DE
1836)...............................................................................................................................................02
1.2 INSTALAÇÃO DOS PRIMEIROS GOVERNOS CABANOS..................................03
1.3 GOVERNO DO MARECHAL RODRIGUES................................................................04
1.4 O ENFRAQUECIMENTO DO GOVERNO CABANO..............................................06
1.5 BALANÇO DO PERÍODO CABANO..............................................................................07

Capitulo II

1 AS NOVAS DIVISÕES TERRITORIAIS DO PARÁ...............................................09


1.1 A INDEPENDÊNCIA DO AMAZONAS.......................................................................09
1.2 A INDEPENDÊNCIA DO ACRE....................................................................................09
1.3 INDEPENDÊNCIA DE RONDÔNIA............................................................................09
2 A ECONÔMIA DA 1ª METADE DO SÉCULO XX.................................................10
2.1 A BORRACHA.......................................................................................................................10
2.2 DECADÊNCIA DA BORRACHA AMAZÔNICA.......................................................12
2.3 O EXTRATIVISMO DA BORRACHA..........................................................................15
2.4 O AVIAMENTO..................................................................................................................16
2.5 A RESSURREIÇÃO DA BORRACHA AMAZÔNICA............................................17
2.6 FORDLÂNDIA, A UTOPIA AMAZÔNICA...............................................................17
2.7 A BATALHA DA BORRACHA.......................................................................................19
3 AS POLÍTICAS “DESENVOLVIMENTISTAS” NA AMAZÔNIA......................21
3.1 PERÍODO DA DITADURA MILITAR: NOVA POLÍTICA...................................22
3.2 INTEGRAR PARA NÃO ENTREGAR........................................................................22
3.3 TERRAS SEM HOMENS PARA HOMENS SEM TERRAS..................................23
4 Referencias...........................................................................................25

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Capitulo I
1 CABANAGEM – 1835 – 1840

1.1 REVOLUÇÃO DO POVO PARAENSE (JANEIRO DE 1835 A MAIO DE


1836)
INICIO DA CABANAGEM COM O PRIMEIRO ATAQUE EM BELÉM

• JANEIRO DE 1835

Lobo de Souza, o novo Presidente da Província, reprimiu duramente os que


incomodavam o seu governo. Batista Campos se tornou o símbolo do movimento
cabano e precisou se esconder no interior do Estado. Lá, morreu acidentalmente em
31.12.1834. A perda desse líder teve uma repercussão enorme, como se tivesse sido
assassinado. Este fato acabou por fundir os diversos grupos de oposição em um só
grupo, em um só povo.
A notícia da morte de Batista Campos deixou despreocupado Lobo de Souza,
diminuindo a vigilância da cidade. Essa falta de vigilância das forças legais,
representando o Governo Central Imperial, facilitou a invasão de Belém pelos cabanos.

Imagem 01: Ataque cabano em Belém


Fonte: www.Google.com.br, 2015.

“A coluna de Antonio Vinagre, com uma ação relâmpago, ocupou o Quartel dos Corpos de
Caçadores e de Artilharia; vários soldados, que nele se encontravam, aderiram ao movimento e
se uniram aos revolucionários, confraternizando com eles. As colunas de Aranha, Geraldo e
Angelim ocuparam o Palácio do Governo sem resistência da guarda. Foram à cadeia publica e
libertaram presos políticos, da capital e do interior. Vários oficiais portugueses, encontrados
armados no caminho, caíram mortos pelas armas. Lobo de Souza cercado pelos cabanos andava
como louco. Domingos Onça deu-lhe um tiro com mão tão certeira que o prostou sem proferir
uma só palavra!

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Com a posse do arsenal de guerra, os cabanos depois de apenas quatro horas alcançaram, pela
eficiência organizacional, o controle completo de Belém. No mastro do Forte do Castelo, no
Palácio e no arsenal, era içada (levantada) a flâmula (bandeira) vermelha, distintivo da luta
popular contra o despotismo” (In P. di Paolo).

1.2 INSTALAÇÃO DOS PRIMEIROS GOVERNOS CABANOS

• FEVEREIRO DE 1835
Após a vitória na capital, foi necessário organizar o governo. Os cabanos foram
a Fortaleza da Barra libertar os presos políticos, entre os quais Félix Malcher. O
governo cabano foi formado e dirigido por Malcher, iniciando-se o 1º governo cabano.
Mas, em consequência do seu autoritarismo, Malcher foi logo deposto. Os lideres
cabanos alegaram, dessa vez, um deles como presidente Francisco Pedro Vinagre.

Imagem 02: Félix Clemente Malcher, primeiro presidente cabano


Fonte: www.Google.com.br, 2015.

Vinagre organizou a resistência contra um ataque vindo do Rio de Janeiro. Ele


enfrentou vários problemas em seu governo, entre outros, a eleição realizada na
Assembléia Legislativa Provincial, da qual saiu vitorioso Ângelo Custodio como Vice-
Presidente. As forças legalistas queriam empossá-lo na capital, mas, foram impedidas
pelos cabanos.

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Imagem 03: Francisco Pedro Vinagre, segundo presidente cabano
Fonte: www.Google.com.br, 2015.

“E, vendo que a sua posição cada vez mais se agravava na capital, perdida a esperança de ser-
lhe entregue o governo da província, resolveu voltar a Cametá e lá fazer reconhecer a sua
autoridade perante a câmara municipal” (Di Paolo).

Assumindo o governo legal, Ângelo Custódio decretou que a Vila de Cametá


seria a capital da província. Enquanto isso, o presidente cabano, Vinagre, conseguiria
manter a tranquilidade na capital e nos distritos que obedeciam ao seu comando. De
modo que, naquela ocasião, a Província do Grão-Pará tinha dois presidentes:

“O cabano legitimado por uma revolução, e o legal que não tinha legitimidade e estava apenas
apoiado na força militar da esquadra da Marinha Imperial” (Ítala B. da Silveira).

1.3 GOVERNO DO MARECHAL RODRIGUES

• JULHO DE 1835

Dirigir não era fácil: os lideres e o clero já não se entendiam, abalando o


governo cabano. Ao mesmo tempo, chegava do Rio de Janeiro, em 20 de junho, o
representante do Império, Marechal Rodrigues, que vai iniciar um novo capitulo no
movimento cabano.
Eduardo Nogueira, o “Angelim”, fala:

“Paraenses! O Marechal Manoel Jorge Rodrigues, presidente e comandante das armas,


nomeado para esta Província para o governo central, tendo tomado posse da presidência sem
efusão36 de sangue, em uma proclamação afiançava, aos paraenses que a lei e só a lei dirigia
seus passos. Mas quem pensaria, amados patrícios37, que esse malvado e perverso português
havia de faltar a sua palavra!

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Esse déspota, caros patrícios, em menos de três dias, tem mandado prender mais de trezentos
paraenses, arrastados pelas ruas da cidade, espadeirados38, fuzilados e carregados de pesadas
cadeias, nos porões dos navios de guerra, no numero de presos conta-se o corajoso e ilustre Sr.
Francisco Pedro Vinagre, que lhe entregou a presidência e outros muitos cidadãos
conspícuos39 comprometidos na revolução” (In: P. di Paolo).

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1)Cite os locais tomados pelos revolucionários, na tomada de Belém.

2)Como foi simbolizada a vitoria dos cabanos?

3)O que fez Ângelo Custódio ao ser impedido de tomar posse, em Belém, no mês de fevereiro?

4)Qual foi o ponto de vista de Eduardo Angelim sobre a atuação de Manoel Jorge Rodrigues?

Antonio Pedro Vinagre irmão de Francisco e seu grupo não aceitaram o


governo de Manoel Rodrigues. Então, iniciaram um ataque no interior da Província.

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36 Efusão: derramamento.
37 Patrício: conterrâneo, compatriota, que nasce na mesma terra.
38 Espadeirados: atravessados por espadas.
39 Conpíscuo: notável, ilustre.

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Imagem 04: Ataque cabano ao trem de guerra de Vigia (antigo deposito de armamento) pintura de
Gerson Pinto, 1991.
Fonte: História do Pará, Estante da Amazônia, p.103, 1997.

As prisões arbitrárias motivaram a tomada de Belém, pela segunda vez.

Depois de 9 dias, o Palácio do governo e arsenal estavam sob domínio dos


cabanos. Sem alternativa, o Marechal Rodrigues retirou-se para ilha de Tatuoca. Lá,
desenvolveu um governo paralelo ao dos cabanos. Eduardo Nogueira Angelim. É
aclamado o terceiro presidente da Província, com apenas 21 anos, em 23/08/1835.

Imagem 05: Eduardo Nogueira o “Angelim”, o terceiro presidente cabano


Fonte: www.Google.com.br, 2015.

1.4 O ENFRAQUECIMENTO DO GOVERNO CABANO

Os cabanos estavam novamente sendo os senhores da capital. Mas, no decorrer


do governo Angelim, surgiram situações diversas que colaboraram para uma crise

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interna entre os cabanos. Havia também, a situação indefinida dos escravos. Por
exemplo: como seria feito o reconhecimento pela participação deles? Era possível
libertá-los? Como deveriam ser libertados? Essas situações contribuíram
decisivamente, para o enfraquecimento do governo.
O ultimo mês do governo de Angelim foi marcado pelo bloqueio militar do
novo Presidente da Província o General Soares de Andréia, com 18 navios de guerra.
Angelim teve que proclamar a retirada dos cabanos.
O General Andréia dispôs de mais de 2.000 homens para impor o poder legal.
Nenhuma força organizada se opôs a ele: os principais líderes intelectuais eram
eliminados e os lideres populares estavam refugiados no interior, no sertão. O clero e
os militares estavam todos do lado da legalidade.
Apesar de tudo, foram necessários quatro anos para que o General Andréia
destruísse, um por um, os que tantas vezes o ameaçaram: os cabanos e também todas as
pessoas do seu meio social, mulheres, idosos, que constituíam a classe social dos pobres.
O General governou violentamente. Todos os meios eram usados para destruir
os inimigos da classe alta, que ele defendia.
No ano de 1838, foi criado por Andréia o Corpo de Trabalhadores, com o
objetivo de suprir a escassa mão-de-obra e sufocar de imediato o movimento cabano.
Era uma estratégia repressiva.
Depois de tantos anos de luta, o povo estava exausto. Assim, quando, em 1840,
o novo presidente da Província, Bernardo de Souza Franco, paraense de nascimento,
ofereceu aos cabanos enfraquecidos uma anistia (perdão), 4.000 cabanos aceitaram.
O ultimo grupo cabano entregou as armas a 25 de março de 1840, em Maués,
cidade do atual Estado do Amazonas.
É o fim da cabanagem. O governo legalista venceu pelo terror.

1.5 BALANÇO DO PERÍODO CABANO

SALDO HUMANO FOI MUITO PESADO

30.000 mortos, ou seja, a quinta parte do total da população que na época era de
cerca de 150.000 habitantes.
A cabanagem causou até extinção de muitos povoados, freguesias e vilas
habitadas por tapuios e mestiços.

• Saldo material foi igualmente pesado.


• Finalmente, qual foi o saldo para a História? O que foi a cabanagem?
• “Uma insurreição do povo paraense”, segundo Ítala Bezerra da Silveira.
• “A revolução popular da Amazônia”, segundo P. di Paolo.

Certamente que na cabanagem, não foi somente uma revolta de caráter popular,
mas sim, uma luta política e desejo de poder, influenciada por uma aristocracia que
desejava tal idéia de independência nos ideais revolucionários do século XVIII,
estudantes, militares, fazendeiros etc.

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Se bem que a maioria usada nessas lutas foram os menores, os pobres escravos,
mestiços, índios e brasileiros entre si, tanto é que o nome do movimento foi carregado
em cima dos ombros dos pobres e não dos políticos, intelectuais e fazendeiros.
O nome cabanagem deriva das moradias em que os pobres caboclos e índios da
região viviam, em estado de miséria e pobreza, suas casas de palha e pau a pique
chamavam-se cabanas, o que caracterizou e nomeou tal revolução, que sacudiu todo o
Estado.

Imagem 06: Moradia típica da Amazônia, em que residia a maioria dos cabanos
Fonte: www.Google.com.br, 2015.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1)Relate como se deu o governo do terceiro presidente cabano Eduardo Angelim?

2)A partir da entrada do General Soares de Andréia, como ficou a situação do governo
Cabano? Explique.

3)Quais consequências ocorreram na população paraense após a derrota dos cabanos?

CAPITULO II
O CENÁRIO AMAZÔNICO DE 1850 ATÉ 1975

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1 AS NOVAS DIVISÕES TERRITORIAIS DO PARÁ
1.1 A INDEPENDÊNCIA DO AMAZONAS
A Cabanagem sem duvida foi um fato marcante na vida e História da parte
humana da Amazônia em especial o Estado do Pará. Pois a idéia da revolução requeria
vida, assistência, liberdade e melhor atenção da esfera governamental a uma população
pobre, sofrida e esquecida. É nesse momento que se inicia a partilha do tão grande
Estado do Grão Pará.
E surtiu efeito, com o fim da revolução cabana, no ano de 1850, começaram as
novas divisões territoriais na Amazônia. Para melhor o Governo imperial administrá-
la; frisando que a origem da região Norte, está no Estado do Pará a partir da Fundação
de Belém em 1616, como foi abordado anteriormente. Inicia-se o processo geográfico
com a independência do Amazonas, na época quando era a Capitania do Rio Negro o
Estado manteve-se fiel ao governo imperial e não aderiu à revolta. Como espécie de
recompensa, o Amazonas se tornou uma província autônoma em 1850, separando-se
definitivamente do Pará. Com autonomia, a capital voltou para esta última, Capitania
do Rio Negro, renomeada como “Manaus” em 1856.

1.2 A INDEPENDÊNCIA DO ACRE

A independência do Acre começa a partir de 1895 quando uma comissão


demarcatória foi encarregada de definir limites entre o Brasil e Bolívia, com no
Tratado de Ayacutho, de 1867.
No processo demarcatório foi constatado, no ponto inicial da linha divisória entre
os dois países da nascente do Javari, que a Bolívia ficaria com uma região rica em látex,
na época ocupada por brasileiros.
Reconhecida legalmente a fronteira Brasil-Bolivia, em 12 de setembro de 1898 a
Bolívia quis tomar a região então ocupada por seringueiros brasileiros, na Vila de
Xapuri. Os brasileiros lutaram e obrigaram os bolivianos se retirar da região.
Enfim em 17 de Novembro de 1903 o Acre foi definitivamente anexado ao Brasil,
pelo Tratado de Petrópolis. Muitas personalidades se destacaram na independência do
Acre, em destaque o espanhol Luiz Galvez. Lembrando que nesse período o Acre já era
independente, mas ainda não era Estado, era apenas o território do Acre.

1.3 INDEPENDÊNCIA DE RONDÔNIA


Nas primeiras explorações coloniais foi denominado como território do
Guaporé, tendo suas primeiras explorações na bandeira de Antonio Raposo Tavares,
posteriormente. Rolim de Moura instalou a sua capital em Vila Bela da Santíssima
Trindade (19 de março de 1752), tomando as primeiras providências para a defesa da

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Capitania que lhe fora confiada. Assim que atendeu as necessidades das demarcações
requeridas pelo Tratado de Madri (1750), em 1753 incursionou sobre a povoação
espanhola de Santa Rosa Velha, na margem direita do Guaporé, e ali fez instalar um
pequeno posto de vigilância (uma "guarda"), sem modificar o nome do local para evitar
protestos dos vizinhos espanhóis. Mais tarde, diante da solicitação do governador de
Santa Cruz de la Sierra para a imediata evacuação do posto, Rolim de Moura
transformou a antiga Guarda em um forte, sob a invocação de Nossa Senhora da
Conceição (Presídio de Nossa Senhora da Conceição 1759).
Com o declínio da mineração, e a Independência do Brasil, a região perdeu
importância econômica até que, ao final do século XIX, com o auge da exploração da
borracha, passou a receber imigrantes nordestinos para o trabalho nos seringais
amazônicos. Houve então a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, em
virtude da assinatura do Tratado de Petrópolis (1903).
A partir de então se deu inicio na independência do território Guaporé, atual
Estado de Rondônia, este nome Rondônia que surgiu posteriormente, foi em
homenagem a Marechal Rondon, que muito trabalhou neste território em suas políticas
indigenistas a favor dos índios.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1)Quais razoes ocasionaram a independência do Amazonas?

2)Como se deu o processo de independência e criação do território do Acre? Que personalidades


lutaram durante a história para que tal fato acontecesse?

3)Descreva as etapas e processos que originaram a independência e criação do Território do


Guaporé. Qual brasileiro foi homenageado no nome do Estado de Rondônia?

2 A ECONÔMIA DA 1ª METADE DO SÉCULO XX

2.1 A BORRACHA

A borracha natural da Amazônia começou a ser explorada desde a metade do


século XIX. Mas a produção foi crescendo cada vez mais no final do século XIX. E isto
afetou também o crescimento da população. A população crescia quando a procura por
borracha no mercado internacional aumentava. E diminuía quando a procura da
borracha caía. Entre 1890 e 1900 a população da região Norte passou por um
crescimento muito acentuado. Cresceu de quase metade (46%) em apenas 10 anos:
passou de 476 mil habitantes em 1890 para 695 mil, em 1900. Isto porque a procura

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mundial pela borracha aumentou e a exploração da borracha da Amazônia cresceu
junto com esse aumento da procura.
O grande crescimento populacional se deu após 1900. Isto porque as
dificuldades tecnológicas para industrialização da borracha foram resolvidas e ela
passou a ser utilizada em todo o mundo. Quando se inventou o processo de
vulcanização40 da borracha, ela pode servir para mil e uma finalidades, pneus de
bicicletas, carros e caminhões, capas de sapatos, material para hospital, como luvas e
tubos etc.
As bolas de borracha que hoje são comuns antes faziam muito sucesso, porque
batiam no chão e saltavam para cima, parecendo desafiar a lei da gravidade. Isto tudo
era novidade na Europa e Estados Unidos, lembrando que algumas tribos indígenas da
Amazônia conheciam a borracha natural e sabiam fazer bolas de borracha feitas
artesanalmente.
O Brasil se tornou o maior produtor mundial de borracha natural. A floresta
amazônica era rica em seringueiras, que estavam espalhadas especialmente pelas terras
do Acre, Amazonas e Pará. (na época não existia ainda borracha sintética).
Datam dessa época da borracha belas e grandes construções, que foram feitas ou
ampliadas com os lucros e exportação do produto. É o caso do Teatro da Paz em
Belém, em que data de 1878, mais foi ampliado no final do século e o Teatro Amazonas
em Manaus, recebiam artistas famosos do mundo europeu, que vinham se apresentar
na Amazônia.

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40 Vulcanização: submeter a borracha a uma elevada temperatura, com enxofre, a fim de torná-la
insensível ao calor, ao frio, impermeável e elástica.

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Imagem 07: Teatro Amazonas, em Manaus construído no auge da borracha
Fonte: Google, 2013.

Observe na tabela abaixo que entre 1900 e 1920 a população da região Norte
dobrou. Estima-se que entre 1900 e 1910 tenham chegado a Amazônia perto de
300.000 nordestinos, então o que se perdeu de vidas na cabanagem, rapidamente se
recuperou muito mais na borracha.

Tabela 05: evolução da população da região Norte (censo demográfico de 1890 a 1960).
Fonte: IBGE – Censos Demográficos de 1890 a 1960.

Anos População Crescimento Observação

1890 476.370 Até 1900 a Região Norte era formada pelos Estados do
46% Amazonas e Pará. As áreas do Amapá, Rondônia, Acre,
1900 695.112 Roraima pertenciam a esses Estados.
107% Em 1920 e 1940 já existiam 3 unidades federais na
1920 1.439.052 Região Norte: o Amazonas, Pará e o território do Acre.
2%
1940 1.462.420 Em 1950 e 1960 existiam, então, os dois Estados:
26% Amazonas e Pará e 4 territórios (Rio Branco, que hoje
1950 1.844.655 é Roraima; o território do Acre, o território do Amapá
41% e o território do Guaporé, que depois passou a se
1960 2.601.519 chamar Rondônia). Atualmente os 4 antigos territórios
são Estados.

Entre 1910 e 1912 a borracha da Amazônia entrou em crise, em plena


produção. É que começou a ser vendida a borracha asiática da Malásia a um preço
menor que o da borracha amazônica. Os compradores preferiram a borracha do
concorrente.
2.2 DECADÊNCIA DA BORRACHA AMAZÔNICA

DE QUE MANEIRA A MALÁSIA CONSEGUIU PRODUZIR BORRACHA?

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Na época, a Malásia era uma colônia inglesa. Os ingleses roubaram mudas
seringueiras da Amazônia, reproduziram-se em estufas aquecidas e plantaram as mudas
na Malásia. A seringueira “hevea brasiliensis” se adaptou bem ao clima da Malásia, em
poucos anos estava produzindo muito mais do que a Amazônia, e por isso pode vender
a borracha por um preço bem mais barato. Por isso Europa e Estados Unidos passaram
a comprar a borracha asiática.
Um fator que também contribuiu para o declínio da borracha amazônica foi o
imenso numero de pragas que atacavam os seringais, então a monocultura41 de
seringueiras na Amazônia não teve sucesso, por que as arvores foram atacadas, isso
tem ocorrido com frequência em varias tentativas de monocultura na Amazônia: a
seringueira foi atacada pela vassoura de bruxa, a pimenta do reino pela fusariose. Como
o clima da região e quente e úmido, ele torna propício o desenvolvimento de fungos e
pragas diversas. Mas quando há uma variedade de espécies plantadas, a floresta
consegue se defender melhor das pragas e fungos.
Quando a Amazônia deixou de ser produtora exclusiva, os europeus e
americanos passaram a comprar de quem vendia mais barato.
Milhares de pessoas ficaram desempregadas na região. Assim sendo entre 1920
e 1940 a população da Amazônia praticamente não cresceu. A exportação da borracha
caiu tanto que em 1930 ela correspondia apenas 1% da exportação mundial. A tabela
abaixo reforça as informações.

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41 Monocultura: mono – um, monocultura significa uma só espécie plantada numa área.
Tabela 06: produção, consumo e preços mundiais da borracha: 1900 – 1919.

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Fonte: História econômica da Amazônia, 1980.

Anos Produção tonelada Consumo Preço por toneladas


Brasil África e Ásia Total Tonelada Londres N.York
América Libra U$$ dólar
Central
1900 26.750 27.180 3 53.933 51.581 275 1.276

1901 30.290 24.549 4 54.843 52.543 248 1.124

1902 28.700 23.640 7 52.347 50.298 248 1.090

1903 31.095 24.830 19 55.944 54.330 275 1.390

1904 30.650 32.080 41 67.771 59.199 303 1.559

1905 35.000 27.000 171 62.171 65.856 330 1.667

1906 36.000 29.700 615 66.315 71.671 647 1.733

1907 38.000 30.170 1.323 69.493 68.769 509 1.599

1908 38.860 24.600 2.014 65.474 68.028 484 1.291

1909 42.000 24.000 3.685 69.685 70.075 780 1.858

1910 40.800 21.900 8.753 71.453 76.020 964 2.267

1911 37.730 23.000 15.800 76.530 88.000 601 1.868

1912 43.370 28.000 28.194 99.564 103.740 523 1.771

1913 39.560 21.450 47.618 108.628 112.120 333 1.441

1914 36.700 12.000 71.380 120.080 120.380 252 1.080

1915 37.220 13.635 107.867 158.722 156.000 275 1.095

1916 37.000 12.450 152.650 202.100 189.762 314 1.297

1917 39.370 13.258 204.251 256.879 285.867 310 1.260

1918 30.000 9.929 200.950 241.579 239.904 245 988

1919 34.285 7.350 381.860 423.495 381.497 227 885

2.3 O EXTRATIVISMO DA BORRACHA

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O TRABALHO DO SERINGUEIRO

As seringueiras naturais ficavam espalhadas no meio da floresta, obrigando o


seringueiro a fazer longas e penosas caminhadas mata adentro. E nem sempre ele tinha
uma espingarda para se defender. Saía muito cedo, ainda de madrugada momento do
dia em que a seringueira libera mais liquido, ia apenas com um facão, usava um chapéu
com lamparina acesa e presa na cabeça, ou uma lanterna. No tronco ia pendurando as
tigelinhas para recolher o látex que escorria.

Imagem 08: Seringueiro coletando látex


Fonte: imagem do documentário, Fordlândia, 2008.

O látex recolhido era convertido em bolas e depois era defumado, a defumação


leva mais ou menos 2 ou 3 horas de trabalho. A fumaça forte e constante da defumação
provoca enfraquecimento geral, ataca a vista e os pulmões. Os seringueiros
trabalhavam sem equipamentos para a proteção a saúde.
Não é preciso pensar muito para saber que os perigos na mata eram grandes e
as mortes muito frequentes. O seringueiro sofria ataques de animais selvagens, picadas
de répteis, chuva e umidade constantes, má alimentação e ataques de indígenas. Estes
fatores contribuíram para que o seringueiro fosse um homem fraco, sujeito a doenças e
de vida curta.

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Imagem 09: Mulher trabalhando na defumação nas bolas de látex
Fonte: Wikipédia, 2015.

2.4 O AVIAMENTO

Junto com o extrativismo da borracha, da castanha, da pesca etc. desenvolveu-


se na Amazônia um sistema de fornecimento de gêneros para o seringueiro, o coletador
ou catador de castanha ou pescador, chamava-se de sistema de aviamento, ou
simplesmente aviamento.
O aviamento da borracha consistia numa rede de fornecimentos que começava
com os bancos financiadores, estes forneciam créditos para as casas exportadoras; as
casas exportadoras financiavam os donos de grandes armazéns que, por sua vez,
forneciam gêneros para os donos dos barracões. Estes últimos forneciam gêneros aos
seringueiros. Os mesmos pagavam com gêneros tirados no barracão com as bolas de
borracha que produziam.
Os donos de barracão pagavam aos seringalistas os gêneros tirados nos
armazéns com bolas recebidas.
Mas por sua vez, o aviamento era uma relação de trabalho que deixa o
seringueiro explorado e cativo. Explorado – porque o dono do barracão podia pedir o
preço que quisesse pelos produtos que avia, o seringueiro era obrigado a comprar assim
mesmo, porque ele não tinha alternativa. Cativo - porque quando ele ia pagar sua
conta, o total era muito alto, assim sendo, mesmo entregando sua produção para o
dono do barracão ele continuava devendo, por isto, ele continuava a trabalhar, só para
o dono do barracão. E não podia fugir, porque o dono do barracão tinha vigias. Muitos
seringueiros também morreram nesse sistema, porque não aguentavam tais
explorações e fugiam, quando não conseguiam escapar eram assassinados pelos
capangas.

16
Sistema de aviamento
Tabela 07: sistema de aviamento
Fonte: Wikipédia, 2015.

Exportadoras Casas aviadoras Seringalistas Seringueiros

Na maioria de origem Estabelecidas Compravam a Eram obrigados a


inglesa ou alemã, as principalmente em crédito (aviavam) comprar a crédito
exportadoras se Belém e Manaus, das Casas somente dos seus
capitalizavam nos compravam das firmas Aviadoras, todas as seringalistas tudo
bancos europeus e norte exportadoras as mercadorias que de que
– americanos para mercadorias que vendiam para os necessitavam
financiar o sistema de forneciam aos seringueiros. para sobreviver:
aviamento e obtinham seringalistas e pagavam Pagavam com a alimentos, roupas
um extraordinário lucro as exportadoras com a produção anual do e ferramentas.
com a venda da produção dos seringais. seringal. Pagavam suas
borracha nos mercados dívidas com a
industrializados. borracha
produzida.

2.5 A RESSURREIÇÃO DA BORRACHA AMAZÔNICA

Com a segunda Guerra Mundial (1939-1944) a borracha da Amazônia voltou a


ser um material importante e estratégico, militarmente. Teve um papel expressivo na
vitoria dos países aliados.
Os países chamados aliados, Estados Unidos, França, Inglaterra, enfim quase
todos os países europeus estavam aliados entre si e lutavam contra a Alemanha e o
Japão. Então os aliados não podiam mais comprar borracha da Malásia, que ficou do
lado do Japão na guerra, esse produto era indispensável pra fazer pneus para carros,
caminhões, aviões etc. Assim a borracha voltou a ser procurada e produzida.
Por este fato os olhos estrangeiros se voltaram para a Amazônia, foi o caso dos
investimentos no médio Amazonas, o empresário Norte americano Henry Ford, dando
origem a famosa Fordlândia.

2.6 FORDLÂNDIA, A UTOPIA AMAZÔNICA

A História e fundação de Fordlândia, é uma História de sucesso e de fracassos,


começou com a escolha da área, em 1923, uma missão norte americana veio até o Pará
para avaliar se ali era possível plantar seringueira, concluiu positivamente e publicou
em um relatório editado pelo departamento de comércio americano.
Então assim fez Henry Ford para fugir do monopólio inglês e ter seu próprio
seringal, para a produção de pneus do veiculo modelo T, fabricado pela empresa

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automobilística Ford em Detroit, Estados Unidos e também fornecer borracha na
segunda guerra mundial.
Baseando-se nos conceitos do inglês Henry Wickman, que levou para a
Inglaterra as famosas 70.000 sementes de seringueira da Vila de Boim próximo a
Fordlândia em 1876, Henry Ford acreditava que tal território era o paraíso da
seringueira. E também tais entusiasmos se reforçavam com a teoria do empresário
brasileiro Jorge Dumont Villares que antes de Henry Ford já havia feito plantações de
seringueiras naquelas terras, através de uma concessão de 2 anos cedida pelo
Governador do Pará na época Dionísio Bentes.

“Naquele tempo depois de todas essas teorias sobre o território, que eram terras de Jorge
Dumont Villares, incutiram na cabeça do Henry Ford que lá seria o santuário da seringueira,
ele não pensou duas vezes, veio dos Estados Unidos parou em Belém e de Belém pegou o rio
Tapajós e foi direto naquelas terras” (Cristóvão Senna, 2008). Trecho do Documentário,
Fordlândia, 2008.

Então Henry Ford compra 1 milhão de hectares de terras devolutas da União,


cedidas por Dionísio Bentes, as antigas terras de Jorge Dumont Villares. Que localiza-
se a margem direita do rio Tapajós entre os municípios de Aveiro e Itaituba. E assim
como os ingleses construíram seus seringais na Malásia, Henry Ford arriscou sua sorte
na Amazônia.

DECRETO Nº 4.374, DE 07 DE DEZEMBRO DE 1927

“Transfere, para todos os efeitos legais, a Companhia Ford Industrial do Brasil a concessão de
1.000.000 de hectares de terras devolutas dadas por opção a W.L. Reeves Blakeley nos
municípios de Itaituba e Aveiro e a de parte da concessão de terras nos mesmos municípios
dadas a Jorge Dumont Villares e transferido aquele. Dionísio Bentes.” (LIRA, p. 40, 2014).

Imagem 10: Porto de Fordlândia em 1932 e Henry Ford em frente ao automóvel T


Fonte: Google, 2013.

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De todos esses 1 milhão de hectares é derrubado 10 por cento, para as
instalações da Companhia Ford Industrial do Brasil, a Companhia Ford inicialmente
leva toda a estrutura da cidade em dois navios o Lake Ormoc e Lake Farge. O processo
de instalação da cidade moderna nos padrões americanos em plena Amazônia foi de
1927 a 1934.
Muitos caboclos, nordestinos e até imigrantes deslocaram-se para Fordlândia,
pois ali havia uma esperança de uma nova vida, funcionários eram selecionados
rigorosamente e depois admitidos para o trabalho, a estrutura que havia em Fordlândia
era muito moderna para época, lá havia coisas que não existia em nenhuma capital
brasileira, modernas máquinas, hospital, escola e moradias de boa qualidade tudo para
dar conforto e segurança a seus funcionários.

Imagem 11: Orla de Fordlândia em 1932 e em 2008


Fonte: Google, 2013.

Juntamente com o inicio da estruturação da cidade também foi se instalando os


seringais, pois o projeto visava à construção de um grande seringal artificial, ou seja,
plantado a mão humana para grande escala de produção. Para sim abastecer o grande
mercado em Detroit. O que Henry Ford e sua equipe não esperavam era que se tratava
de uma região tropical, com climas variados e grandes índices de pragas, pois a
monocultura da seringueira existente em Fordlândia, não iria resistir por muito tempo.
E logo as pragas apareceram, ocasionando grandes prejuízos a Companhia, em
uma ação enérgica a Ford, acreditando que fosse resolver o problema adquire outras
terras próximas a Santarém, hoje o município de Belterra, mas foi em vão, suas
tentativas fracassaram, com a pouca produção e o ataque das pragas também assolaram
nos seringais de Belterra. E em 1945, os americanos deixam Fordlândia e Belterra, as
terras e mais obras construídas deixaram em mãos brasileiras, tentativas foram feitas
pelo governo brasileiro para dar continuidade na produção do látex, mas, todas sem
sucesso, este fato leva Fordlândia a um importante fator histórico da região e uma
utopia amazônica, ou seja, um projeto irrealizável.

2.7 A BATALHA DA BORRACHA

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Em todas as regiões do Brasil, aliciadores tratavam de convencer trabalhadores
a se alistar como soldados da borracha para auxiliar na vitória aliada. Dizia-se que “na
Amazônia se junta dinheiro com rodo”. Os velhos mitos do eldorado amazônico
voltavam a ganhar força no imaginário popular, agora considerado o paraíso verde, a
terra da fartura, onde a seca não tinha vez.
O contrato de trabalho, que não devia repetir os abusos do sistema de
aviamento assinado entre seringalista e soldado da borracha, quase nunca foi
respeitado. A não ser para assegurar os direitos dos seringalistas. Todas as tentativas
de implantação de um novo regime de trabalho, como o fornecimento de suprimentos
direto aos seringueiros, fracassaram diante da pressão e poderio das casas aviadoras e
dos seringalistas, que continuavam dominando o processo da produção de borracha na
Amazônia.
O crescimento da produção de borracha na Amazônia nesse período foi
infinitamente menor do que o esperado, tão logo a guerra chegou ao fim, a se apressar
em cancelar todos os acordos referentes à produção de borracha amazônica. Era o fim
da Batalha da Borracha, mas não da guerra travada por seus soldados. Muitos soldados
da borracha que estavam dentro dos seringais não foram avisados do fim da guerra e
continuaram explorados pelo governo brasileiro, e analisando se perdeu muito mais
homens nos seringais do que na própria guerra.

Imagem 12: Cartazes do tempo da 2ª guerra mundial, que serviam para induzir soldados da
borracha a trabalharem nos seringais
Fonte: Wikipédia, 2013.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1)O que é vulcanização?

2)Que monumentos importantes hoje para região foram construídos com os lucros da borracha?

3)Descreva, que fatores impediram o sucesso da monocultura da seringueira na Amazônia?

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4)Analise a tabela 6 e diga em que ano a produção de toneladas da borracha asiática
ultrapassou a produção da borracha amazônica? Descreva todos os dados.

5)Como era realizado o trabalho do seringueiro?

6)Quais estratégias foram usadas para a grande produção de borracha na Malásia?

7)Como funcionava o sistema de aviamento?

8)Que razoes levaram Henry Ford a implantar o seringal nas antigas terras de Jorge Dumont
Villares?

9)Porque o projeto de Ford não deu certo?

10)Que argumentos o governo federal utilizava para conseguir soldados da borracha?

3 AS POLÍTICAS “DESENVOLVIMENTISTAS” NA AMAZÔNIA

As políticas “desenvolvimentistas” na Amazônia têm seu principal fundamento


na população, segundo o IBGE em 1950 apenas 2% das terras amazônicas estavam
ocupadas por atividades agrícolas as lavouras, 88% estavam ocupadas pelas terras não
cultivadas e por pastos nos campos naturais, sendo que os campos naturais
compreendiam apenas 10% do total. No ano de 1960 a situação ainda continuava
idêntica.

OCUPAÇÃO DAS TERRAS DA REGIÃO NORTE – 1950 e 1960

A maior parte das terras da região Amazônica pertencia a União e aos Estados,
sendo portanto terras publicas, não eram terras particulares. Assim sendo, essas terras
podiam ser ocupadas pelas populações locais ou por quem viesse de fora, desde os
tempos coloniais, sem disputa e conflito.

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A Amazônia não estava ligada por estradas ao resto do Brasil, já que a primeira
estrada era a Belém-Brasília, foi aberta em piçarra em 1961. Mesmo aquelas poucas
terras que possuíam documento como sendo propriedades privadas, elas tinham um
preço de mercado muito baixo. O fato de não estarem ligadas ao restante do Brasil não
valorizava muito essas terras para venda.

3.1 PERÍODO DA DITADURA MILITAR: NOVA POLÍTICA


O início deste período, em meados de 1960, trouxe novas e profundas
modificações para a Amazônia. Os militares, amparados por um suposto perigo
eminente de internacionalização, iniciaram um período marcado pela implantação de
grandes projetos que, segundo se dizia, visavam desenvolver economicamente o Norte
do país.

3.2 INTEGRAR PARA NÃO ENTREGAR

Esse era o discurso oficial do governo militar, estimulando um novo movimento


de ocupação da Amazônia a partir de grandes projetos mineradores, madeireiros e
agropecuários. Para tanto, em 1965, o presidente Castelo Branco anunciou a Operação
Amazônia e, em 1968, criou a Sudam (Superintendência para o Desenvolvimento da
Amazônia) com amplos poderes para distribuir incentivos fiscais e autorizar créditos
para investimentos na indústria e na agricultura. O objetivo principal era criar pólos de
desenvolvimento espalhados por toda a bacia amazônica, expandindo a fronteira
pioneira.
Os estados e cidades que pertenciam a essa nova delimitação da Amazônia
podiam participar do plano de incentivos fiscais e obtenção de créditos. O resultado
destas frentes de expansão simultâneas foi a formação da maior fronteira pioneira da
história da humanidade, com área total superior a 200 milhões de hectares (2 milhões
de km²), em apenas 40 anos. Esta é a região hoje conhecida como “Arco do
Desmatamento”, envolvendo mais de cem municípios. Nesta área, se encontram mais
de 90% da área desmatada da Amazônia. A fronteira pioneira é a região de maiores
conflitos fundiários e de maior impacto sobre o meio ambiente.
O período do “milagre econômico” acelerou ainda mais a velocidade dos
investimentos em infra-estrutura. Teve início a construção da Transamazônica, que
deveria integrar todo o sul da Amazônia ao cortá-la no sentido leste-oeste,
assegurando, pelo menos em teoria, o controle brasileiro da região. A expansão da
fronteira pioneira na Amazônia aconteceu simultaneamente em diversas frentes, com a
abertura de várias estradas e grandes projetos de colonização.

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Imagem 13: Rodovia Transamazônica
Fonte: Wikipédia, 2013.

3.3 TERRAS SEM HOMENS PARA HOMENS SEM TERRAS

Com esta ideologia o presidente Emílio Médici prometeu resolver o problema


do Nordeste, oferecendo terras amazônicas. Estabeleceu então o PIN (Plano de
Integração Nacional) segundo o qual deveriam ser reservados 100 km de cada lado da
estrada para o assentamento prioritário de nordestinos.
Ao mesmo tempo, a Sudam começou a aprovar grandes projetos agropecuários
e o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) aumentou o índice de
distribuição de terras para os fazendeiros. Isso fez com que a taxa de desmatamento
subisse assustadoramente. Apesar dos amplos financiamentos concedidos, na época –
que abrangiam a mineração na serra dos Carajás, a construção de hidrelétricas, a
implantação do pólo tecnológico e industrial da Zona Franca de Manaus e a construção
de rodovias – o resultado mais evidente da nova política desenvolvimentista não foi à
prosperidade econômica da Amazônia, mas a degradação e o acirramento.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O cenário amazônico de 1850 de 1975 é marcado por uma série de


transformações que mudaram tanto economicamente, culturalmente e geograficamente
a região. O Pará de certa forma foi penalizado pela revolução cabana, posteriormente
tendo suas terras divididas, em territórios e Estados.
As consequências do capitalismo e as inovações da revolução industrial
afetaram a Amazônia, tendo na borracha um forte parâmetro de riqueza e economia, a
bele epoque, assim chamado o período da borracha na Amazônia, transformou a região
em um portão de entrada a varias nações que aqui obtiveram capitais extraordinários
com tal exploração, mas logo entrou em contraste com a escravização da camada
menor da sociedade, novamente se introduziu o conceito de exploradores e explorados.
Porém a disputa pelo poder derruba este conceito com a explosão da borracha asiática,
levando os barões da borracha amazônica à terrível falência.
Em meados do século XX a borracha ressurge para uma nova função, ajudar as
nações aliadas com o Brasil na segunda guerra mundial, novamente a Amazônia tem
um fluxo migratório grande, eis que aparece o soldado da borracha, trazendo uma nova
cara à região, a partir de 1950, o governo propõe suas políticas de desenvolvimento,
incentivando o povoamento e agricultura, nos anos 60 e 70 inicia-se a interligação da
Amazônia ao resto do Brasil com a criação das rodovias então o Norte do Brasil sofre
uma consequência enorme até os dias atuais com essa política de desenvolvimento que
ficou apenas no papel.

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4 Referencias

ANDRADE, Marinho e AUGUSTO, Daniel, Documentário Forlândia, 2008.

BRAGA, Theodoro. Apostilas de História do Pará. Belém: imprensa oficial do Estado, 1915.

DI PAOLO, Pasquale. Cabanagem: a Revolução Popular da Amazônia (2ª ed.) Belém: Cejup,
1986.

GÓES FILHO, Synésio Sampaio. Navegantes, Bandeirantes, Diplomatas. São Paulo:


Editora Martins fontes, 2001.

HISTÓRIA DO PARÁ: Das primeiras populações a cabanagem – Belém: Secretaria de


Estado de Educação/ 1997.

LIRA, Rísia Conceição Silva, O Príncipe dorme, a bela é historia: a memória textual,
iconográfica e cartográfica de Fordlândia. Belém: 2014.

MELCHIADES Cairo Nunes, História de Rondônia, disponível em


www.Google.com.br, acesso em 2014.

RAIOL, Domingos Antonio. Motins Políticos. Belém: UFPA, 1970. (3 S).

SILVEIRA, Ítala Bezerra da. Cabanagem: uma luta perdida...Belém; Secult. 1994.

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