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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA- UESB

DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS - DFCH


COLEGIADO DO CURSO DE PEDAGOGIA - CCP

PATRIC SANTOS MENEZES

Transição da educação rural para educação do campo no Brasil

VITÓRIA DA CONQUISTA-BA
2022
PATRIC SANTOS MENEZES

Projeto de monografia apresentado à


disciplina de Pesquisa Educacional II,
ministrada pelo professor Drº. Cláudio
Eduardo Félix Dos Santos, do
Departamento de Filosofia e Ciências
Humanas, da Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia, como requisito
parcial de avaliação.

VITÓRIA DA CONQUISTA-BA
2022
SUMÁRIO

1. JUSTIFICATIVA ……………………………………………………………………….. 3
2. PROBLEMATIZAÇÃO………………………………………………………………… 4
3. OBJETIVOS………………………………………………………………………………. 5

4. METODOLOGIA……………………………………………………………………………………
6

5. REFERENCIAS…………………………………………………………………………………….7
1. JUSTIFICATIVA

O conceito de educação do campo foi construído recentemente, porém o que


tínhamos antes era a chamada educação rural, numa perspectiva voltada para o
agronegócio favorecendo o desmatamento, a escravidão, assassinatos de indiginas,
entre outros. Nesse sentido, essa educação nunca valorizou a própria origem dos
seus integrantes, deixando de lado suas culturas, saberes, e outras tantas coisas
que desrespeitam à sua terra.
Pensar em uma educação do campo capaz de valorizar realmente o seu povo
é crucial para o desenvolvimento de suas terras, pois como consequência disso, os
problemas enfrentados pelo êxodo rural nas grandes cidades seriam minimizados. A
educação do campo surgiu nesse sentido, reelaborando o termo educação rural não
numa perspectiva escrita apenas. O conceito de educação do campo vem no sentido
de defender um projeto inovador de pensar a educação como uma luta de classe
vinda desde os tempos dos jesuítas. Como material de pesquisa podemos analisar
os cadernos da educação básica do campo e os documentos do movimento por uma
educação do campo durante a transição da educação rural para a do campo.
Por fim, o trabalho mostrará a importância de se pensar como se deu a
passagem entre educação rural para educação do campo, e quais os percalços que
se passaram nessa época, levando a importância dos movimentos sociais para
pensar essa transição.

2. PROBLEMATIZAÇÃO

A educação rural surgiu durante um forte avanço do êxodo rural em meados


dos anos 1930. Diante disso, foi criado um modelo de escola no intuito de manter o
povo do campo, a chamada escola nova rural. Porém, esse modelo de escola era
voltado apenas para que os seus discentes pudessem aprender práticas agrícolas
em favor do latifúndio e da monocultura numa visão capitalista. Assim, esse modelo
de escola visava apenas à “domesticação” do povo do campo, atendendo interesses
da classe dominante. Como afirma Melo:

[...]a Educação do Campo, ou melhor, o modelo


rural de educação só tinha uma direção, a
construção de um modelo de desenvolvimento
articulado às forças opressoras que vinham de fora.
Ao reproduzir estas relações oficiais, pela escola,
pela formação docente, possibilita a construção da
sociedade capitalista, formando numa perspectiva
ideológica ampliando os interesses da classe
dominante. (MELO, 2018, p.34)

A Educação no Brasil teve e tem um recorte de classe muito explícito, os


direitos à educação eram restritos apenas às classes dominantes ou frações de
setores médios composto por comerciantes, profissionais liberais, dentre outros,
desde o período colonial. Os povos africanos eram trazidos apenas para empregar
sua força de trabalho nas grandes fazendas sem nenhuma preocupação com a sua
escolaridade, em sua maioria atuavam no campo surgindo assim, posteriormente as
primeiras comunidades rurais. O povo do campo tendo essa visão escravocrata
tinham elevados níveis de analfabetismo, no Brasil colonial tínhamos 92% da
população analfabeta e em sua maioria eram pessoas do campo.
Em meados de 1980 a escola do campo ainda numa concepção de escola
rural, herdada por uma visão capitalista de ensino que vinha desde essa primeira
república, começou a surgir o movimento dos trabalhadores rurais sem terra (MST).
Esse movimento surgiu em defesa da reforma agrária que garante o direito do
trabalhador do campo ter direito às terras, reforçada posteriormente na constituição
de 1988. O MST também começou a buscar direitos à uma educação que realmente
atendesse os interesses do povo do campo. Até então, o modelo de educação
empregado no campo não atendia os interesses reais do camponês. A escola do
campo era vista apenas como uma “caridade” dada pelo governo sem nenhuma
preocupação com a qualidade da mesma. Nesse sentido, o MST entra como grupo
que vai buscar a real educação do campo feito para seu povo. A maior força do
Brasil é seu povo. A maior fraqueza é que esse povo ainda não se organizou com
autonomia, de modo a controlar seu próprio destino (CALDART, 2000, p.18). O MST
começa nesta perspectiva onde um grupo de pessoas começa a se levantar em prol
de um objetivo comum que é defender seus direitos em relação a terra e a própria
educação.
A construção de escolas no campo, do Pronera e do Fórum Nacional de
Educação do Campo são referências da luta dos trabalhadores e trabalhadoras. No
caso do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA), vai
apoiar projetos de ensino voltados ao desenvolvimento das áreas de reforma
agrária, criado em 2002 pelo então presidente Lula, gerou vários benefícios no que
diz respeito à educação no campo, trazendo mais qualidade para a mesma. Outra
determinação criada em 1998 foi o fórum nacional de educação do campo (FONEC).
O objetivo do FONEC é a articulação pela garantia do direito à educação das
populações do campo, em todos os níveis e modalidades; o exercício da análise
crítica constante, severa e independente acerca de políticas públicas de Educação
do Campo; bem como a correspondente ação política com vistas à implantação/, à
consolidação e à elaboração de proposições de políticas públicas de Educação do
Campo. Esses dois projetos surgiram na luta de trabalhadores rurais, indígenas e
camponeses trazendo muitos benefícios à escola do campo hoje em dia.
Por fim, constata-se que o povo do campo passou por diversas nuances
desde o período da primeira república. Hoje em dia, pode se dizer teoricamente que
muito se mudou desde aquela época. A luta do povo camponês que veio contra o
latifundiário gerou um movimento capaz de mudar o rumo da educação no campo
trazendo diversos benefícios para o seu povo. Trata-se do movimento por uma
educação do campo e que têm expressado suas ideias, dentre outros documentos,
por meio dos cadernos da educação do campo que serão nossa principal fonte de
pesquisa para compreender essa transição.

Nesse sentido, quais os aspectos de lutas sociais do campo para a transição


do conceito de educação rural para a educação do campo colocados,
especialmente, nos cadernos da educação do campo?

3. OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral

● Analisar a transição do conceito de educação rural para a educação do


campo na perspectiva dos movimentos de lutas sociais camponeses, nos
documentos do movimento por uma educação do campo, especialmente
nos cadernos de educação básica no campo.

3.2 Objetivos específicos

● Compreender os contextos históricos que levaram a uma educação rural no Brasil.


● Analisar as lutas dos movimentos sociais por uma educação do campo nos anos
1990

● compreender a transição da educação rural para a educação do campo através dos


cadernos da educação do campo

4. METODOLOGIA

A metodologia utilizada nesta pesquisa será de cunho documental,


onde serão analisados os documentos do movimento por uma educação do
campo juntamente com os cadernos da educação básica, com o intuito de
identificar nesses materiais, evidências de como aconteceu essa transição
entre educação rural para educação do campo.
Foi utilizado o método de pesquisa de caráter exploratório com a
finalidade de analisar a fundo os documentos de por uma educação básica do
campo, partindo de uma revisão bibliográfica composta pelos principais
autores da área.
Para isso, a pesquisa será baseada em estudos de autores, como por
exemplo: Arroyo (1999), Fernandes (1999), Caldart (2000), Molina (2004) e
Benjamin (2000). Entre outros pensadores que elaboraram trabalhos
pertinentes ao assunto. Entretanto, é importante salientar que o corpus de
autores tende a aumentar na medida em que a leitura vier sendo
desenvolvida.
O estudo terá caráter essencialmente qualitativo, com ênfase na
observação e estudo documental, ao mesmo tempo que será necessário o
cruzamento dos levantamentos com toda a pesquisa bibliográfica já feita.

Referências:

MELO PEDRO: Pedagogia Histórico-Crítica e Escola da Terra


(PRONACAMPO): Análise dos fundamentos na formação continuada de
professores para a escola do campo no Estado da Bahia. Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia. Amargosa, 2018.

BENJAMIN CÉSAR; CALDART ROSELI. Educação do campo: Por uma


educação básica do campo. DF, 2000.

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