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e da Reabilitação do Edificado
Ano XII – N.º 48 Outubro/Novembro/Dezembro 2010 – Publicação trimestral – Preço e 5,00 (IVA incluído)
Património
imaterial
REFLEXÕES
Onde mora a alma de um povo
ENTREVISTA
Sara Pereira e Rui Vieira Nery
Fado é candidato a Património Cultural Imaterial
Tema de Capa:
Património imaterial
Capa
Património
imaterial fazem parte da memória e identidade
dos eborenses.
REFLEXÕES
Onde mora a alma de um povo
ENTREVISTA
Sara Pereira e Rui Vieira Nery
Vítor Cóias
MONUMENTA – Conservação e
Restauro do Património Arquitectónico, Ld.ª Os telhados não são só paisagem, fazem parte da
monumenta@monumenta.pt nossa vida. A história da Umbelino Monteiro, S. A.
www.monumenta.pt confunde-se com o percurso da evolução e da afir-
mação das grandes cerâmicas de construção por-
tuguesas. As elegantes moradias de luxo, pontos
privilegiados de bom gosto e requinte, valorizam-
-se com soluções ora modernas, ora tradicionais.
Podemos afirmar que os telhados nacionais devem
boa parte da sua beleza e criatividade à capacida-
de inovadora e à dinâmica de progresso que tem
orientado este trajecto com mais de 50 anos.
SOMAFRE - Construções, S. A. A Umbelino Monteiro, S. A. está consciente de
mail@somafre.pt . www.somafre.pt que produz um dos mais intemporais bens, mas é
precisamente por essa força de razão que orienta
a sua postura no mercado segundo três vectores
que considera de importância capital… Inovação,
Ambiente e Qualidade.
A defesa do ambiente é uma prioridade estratégica
da empresa que está determinada em assegurar ele
vados níveis de qualidade de produtos e serviços.
Foram necessários alguns anos de investigação,
STAP - Reparação, Consolidação estudos e desenvolvimentos tecnológicos, para hoje
e Modificação de Estruturas, S. A. se poder dizer que estamos perante um produto
info@stap.pt . www.stap.pt de altíssima qualidade, com propriedades únicas
e pronto para ultrapassar os limites dos projectis-
tas mais ousados.
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A Convenção do Património
Cultural Imaterial
Contexto e aplicação na reabilitação do edificado
A Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, adoptada pela UNESCO em
2003, entrou em vigor em Portugal a 21 de Agosto de 2008. Apesar de já terem decorrido mais de
dois anos, esta Convenção, os seus objectivos e a sua aplicabilidade a casos concretos são ainda
pouco conhecidos do grande público.
António Cabral
vel e aquela que mais paixões e tários dos elementos do património Este último domínio revela especial
razões suscita, toda a investigação, cultural imaterial existentes no ter interesse na reabilitação do patrimó
análise e debate em torno dos con ritório dos Estados parte, exigência nio edificado, uma vez que abarca
ceitos e práticas relacionadas com inovadora entre as convenções da os saberes-fazer relacionados com
as convenções, antes e após a sua UNESCO e critério obrigatório para práticas construtivas tradicionais. Im
adopção, são tão importantes quan a inscrição de elementos nas Listas. porta aqui sublinhar que o objec
to o normativo, sendo estas reflexões A salvaguarda do património cultu tivo da Convenção não é proteger
frequentemente transpostas para os ral imaterial poderá ainda efectuar- os produtos artesanais em si, mas
textos que orientam a aplicação das -se através do incremento da função antes promover as competências e
convenções. do PCI na sociedade e da integração os conhecimentos necessários à sua
A Convenção de 2003 define “salva da sua salvaguarda nos programas produção. Desta forma, a salvaguar
guarda” como as medidas que visam de planeamento; do estímulo à rea da deverá centrar-se na criação de
assegurar a viabilidade do patri lização de estudos científicos, técni condições que incentivem os arte
mónio cultural imaterial, incluin cos e artísticos tendo em vista uma sãos a continuar a fabricar os seus
do a identificação, documentação, salvaguarda eficaz; e da facilitação produtos e a transmitir o seu saber-
pesquisa, preservação, protecção, do acesso à informação relacionada -fazer a outros, em especial às gera
promoção, valorização, transmissão, com o PCI, respeitando as práti ções mais novas.
essencialmente através da educação cas consuetudinárias que regulam O respeito pela autenticidade do
formal e não formal, bem como a o acesso a determinados aspectos património construído, conforme
revitalização dos diferentes aspectos específicos desse património. indicado no Documento de Nara sobre
desse património. Outras medidas visam assegurar Autenticidade de 1994, recomenda que
A nível internacional, a salvaguarda um maior reconhecimento e respeito sejam utilizados materiais e técnicas
do património cultural imaterial rea pelo património cultural imaterial e tradicionais na reabilitação do edi
liza-se mediante a inscrição na Lista estimular a sua promoção através ficado, podendo a aplicação da Con
Representativa do Património Cultural de programas de educação, sensibi venção de 2003 facilitar o cumpri
Imaterial da Humanidade, na Lis lização e informação; de acções de mento deste requisito. Por um lado,
ta do Património Cultural Imaterial formação no seio das comunidades ao incentivar a transmissão do co
que Necessita de Salvaguarda Urgen e grupos envolvidos; de actividades nhecimento através de meios for
te, ou ainda através do reconheci de capacitação para a salvaguarda mais e não formais, aumenta a pos
mento e divulgação dos programas, do património cultural imaterial; do sibilidade de serem desenvolvidas
projectos e actividades de salvaguar- apoio a meios não formais de trans acções de formação em técnicas
da que melhor reflectem os prin missão do conhecimento; e da edu construtivas tradicionais e nas di
cípios e objectivos da Convenção. cação para a protecção dos espaços ferentes áreas relacionadas com a
A nível nacional, assume especial naturais e lugares de memória. recuperação e restauro dos bens pa
relevância a constituição de inven trimoniais; por outro lado, a divul
O DOMÍNIO DAS “APTIDÕES gação da Convenção e dos seus ob
LIGADAS AO ARTESANATO jectivos, juntamente com o capital de
TRADICIONAL” E A atracção que a designação UNESCO
REABILITAÇÃO DO EDIFICADO transporta, poderá incentivar as ge
Nem todas as manifestações consi rações mais novas a se interessarem
deradas património cultural ima pela aprendizagem das técnicas arte
terial são salvaguardadas pela Con sanais.
venção, que se aplica especificamen Em relação às Listas da Convenção do
C.M. Guimarães / Gabinete Técnico Local
go 91.º, e da ratificação por parte de bre os quais, tal como definido pela Tratando-se de um sistema de infor-
Estado Português da Convenção para Lei 107/2001 e pelo Decreto-Lei n.º mação integrado, que inclui compo
a Salvaguarda do Património Cultural 139/2009, se deve traduzir a salva- nentes de inventário, gestão e publi-
Imaterial (UNESCO). guarda de uma manifestação do Pa cação online automatizada, a nova
No quadro daquele regime jurídico, trimónio Imaterial, designadamente versão do software (Matriz 3.0), pro
definido pelo Decreto-Lei n.º 139/2009, registos fotográficos, fílmicos, sono moverá a aproximação integrada ao
de 15 de Junho de 2009, e regulamen ros, transcrições orais, ou outros. Património Material (móvel e imóvel,
tado pela Portaria n.º 196/2010, de 9 Para além da ficha do elemento ima- natural e cultural) e ao Património
de Abril, assume particular relevân terial inventariado e dos respectivos Imaterial, de acordo com as orien-
cia a instituição do Inventário Nacio dados de registo, o software permi tações técnicas da UNESCO e do
nal do Património Cultural Imaterial, tirá igualmente o inventário e o aces- ICOM por parte das entidades já
que visa dar cumprimento à obriga so em linha a outros bens patrimo- suas utilizadoras, com particular des-
ção primacial para o Estado Portu niais a ele associados, tais como bens taque para os Museus.
guês decorrente da ratificação, em móveis, imóveis, espaços culturais e
2008, da Convenção para a Salvaguar naturais. O Inventário Nacional do Pa DIVULGAÇÃO
d a do Património Cultur al Imat er ial trimónio Cultural Imaterial será dispo- Desde a sua criação, o IMC tem pro-
(UNESCO, 2003). nibilizado publicamente em inícios curado fomentar a divulgação e valo-
de 2011 a partir de um Portal Web rização do PCI em Portugal, desig-
INVENTÁRIO NACIONAL DO PCI específico para o sector, que consistirá nadamente nos termos do disposto
A implementação do Inventário Nacio- um recurso de referência para toda a na Convenção para a Salvaguarda do
nal do Património Cultural Imaterial, que Comunidade dos Países de Língua Património Cultural Imaterial. A prin-
visa dar cumprimento ao disposto na Portuguesa, e será acompanhado da cipal das acções deste âmbito reali-
Convenção para a Salvaguarda do Patri publicação de diversos volumes de ori zadas pelo IMC consistiu no Ciclo
mónio Cultural Imaterial (UNESCO) em entações técnicas e boas-práticas para a de Colóquios “Museus e Património
matéria de constituição de inventários documentação e o estudo do PCI. Imaterial: agentes, fronteiras, iden-
nacionais, constitui a linha de actua- tidades”, constituído por seis coló-
ção nodal do programa de acção esta- SOFTWARE PARA A GESTÃO quios e realizado entre Fevereiro
belecido pelo IMC para a salvaguarda INTEGRADA DE PATRIMÓNIO e Novembro de 2008. O Ciclo teve
do PCI em Portugal. Como expressão de uma das suas como objectivo fundamental a pro-
O Inventário Nacional, cuja imple- principais linhas de acção para o moção da reflexão, debate e aus-
mentação decorre, naturalmente, da sector, os Museus tutelados pelo IMC cultação públicos sobre esta área
sua íntima articulação com o regime terão acesso, ainda em 2010, a uma de actuação patrimonial, designa-
jurídico estabelecido para o sector, versão actualizada do Programa Ma damente sobre os desafios e opor-
em 2009, consistirá numa plataforma triz (© IMC e Softlimits, S. A., 1994- tunidades que a mesma configura,
informática de acesso livre e em li 2010), o software de referência do bem como sobre as modalidades
nha, que permitirá o carregamento Ministério da Cultura para o inven- de operacionalização e implementa-
dos vários tipos de documentação so tário e gestão de Património. ção a nível nacional da Convenção
siderados de particular importân dos do Inquérito serão disponibiliza Paris, que continuamente tem esti
cia para a documentação de mani dos publicamente pelo Instituto dos mulado as iniciativas do IMC, de
festações do PCI em Portugal, inde Museus e da Conservação, tendo signadamente no sentido da con
pendentemente do tempo ou modo igualmente em vista a promoção da cepção e implementação do Inven
da constituição destes. cooperação interinstitucional nesta tário Nacional do Património Cultural
Construído por relação íntima com área de actuação. Imaterial. Destaque deve ser igual
o regime jurídico de salvaguarda mente conferido às articulações
do Património Cultural Imaterial, FORMAÇÃO que o IMC tem vindo a estabelecer
o Inquérito encontra-se estruturado O IMC é responsável, através do no âmbito da região iberoamerica
nas seguintes componentes de diag seu Departamento de Património na, em particular com o Ministério
nóstico: a) caracterização geral da Imaterial, pela organização de Acções da Cultura de Espanha, quer no
entidade na sua relação com a actu de Formação dedicadas ao estudo, âmbito da Subdirección General
ação no âmbito do PCI; b) planos documentação e inventário do PCI. de Museos Estatales, quer do Ins
de actuação da entidade por relação A realização regular de tais acções tituto del Patrimonio Cultural de
com os vários domínios do PCI de é efectuada em articulação próxima España.
finidos pela UNESCO; com os instrumentos metodológicos
c) caracterização dos fundos docu e normativos desenvolvidos o sec BIBLIOGRAFIA
mentais da entidade, simultanea tor do PCI pelo IMC, que constitui COSTA, Paulo Ferreira da (Coord.), 2009, Mu
mente no que respeita a tipos de entidade formadora acreditada pela seus e Património Imaterial: agentes, fronteiras,
identidades, Lisboa, Instituto dos Museus e da
suporte, inventário/catalogação, e DGERT (Direcção Geral do Emprego Conservação; Softlimits, S. A..
gestão em base de dados; d) carac e das Relações de Trabalho). Para COSTA, Paulo Ferreira da, 2009, “Património
terização do âmbito social, territo além das Acções de Formação inte imaterial, identidade e desenvolvimento rural”,
rial e temporal dos mesmos fundos grantes do Programa de Formação in Os territórios de baixa densidade em tempos
documentais; e) caracterização dos da Rede Portuguesa de Museus, o de mudança (Conferência realizada no Centro de
Ciência Viva da Floresta, Proença-a-Nova, entre
modos de gestão, conservação e DPI-IMC organiza também acções 20 e 21 de Março de 2009), Câmara Municipal
acesso/divulgação da informação dirigidas a outros públicos, desig de Proença-a-Nova, pp. 169-178 [disponível
relativa a PCI; f) caracterização dos nadamente em contexto de ensino em www.imc-ip.pt].
recursos humanos e materiais e in superior. Entre 2008 e 2010, o IMC COSTA, Paulo Ferreira da, 2008, “Discretos
terinstitucionais utilizados para a realizou já nove acções de formação Tesouros: limites à protecção e outros contex
tos para o inventário do Património Imaterial”,
actuação no âmbito do PCI. dedicadas ao estudo e inventário do Museologia.pt, n.º 2, Lisboa, Instituto dos Mu
Matriz primacial de informação so PCI. Destas, quatro acções de forma seus e da Conservação, pp. 16-35 [disponível
bre o PCI a nível nacional, desig ção tiveram como destinatários pro em www.imc-ip.pt].
nadamente pelo seu carácter iné fissionais da região iberoamericana,
dito e extensivo, o Inquérito preten tendo sido realizadas por solicitação
de constituir-se como instrumento do Ministério da Cultura de Espanha.
fundamental para o conhecimento
aprofundado deste sector, a partir ARTICULAÇÃO INSTITUCIONAL
de cujos indicadores será possível a Para além da articulação com as Di
identificação precisa de prioridades recções Regionais de Cultura, às
de actuação, em particular no que quais assegura o apoio técnico para
respeita ao desenho e implementa a intervenção no âmbito do PCI, o
ção de planos de salvaguarda, de IMC tem desenvolvido também re
âmbito sectorial e/ou regional, bem lações com várias outras entidades
como à identificação dos bens ima de referência para o sector a nível
teriais sobre os quais deverão inci nacional, designadamente a Comis PAULO FERREIRA DA COSTA,
dir projectos de documentação com são Nacional da UNESCO, Univer Director do Departamento de Património
carácter prioritário, em particular sidades, Centros de Investigação e Imaterial do Instituto dos Museus e da
na perspectiva da sua inclusão no Museus. Conservação, I.P.
Inventário Nacional do Património Cul Das articulações desenvolvidas a ní Palácio Nacional da Ajuda,
Ala Sul, 4.º,
tural Imaterial. vel internacional, destaca-se, em pri
1349-021 Lisboa
Após a conclusão do seu tratamento, meiro lugar, a articulação já desen
dpi@imc-ip.pt | www.imc-ip.pt
actualmente em curso, os resulta volvida com a Sede da UNESCO, em
Património Imaterial
Onde mora a alma de um povo
Um dos grandes desafios colocados ao mundo moderno é a necessidade e urgência da protec
ção do património cultural imaterial dos povos, que tende a ser aniquilado pelo fenómeno da
globalização. Este fenómeno, que atravessa irremediavelmente todas as sociedades, tem vindo
a causar, entre outros efeitos negativos, a extinção dos modos de vida locais e o desenraiza
mento das novas gerações em relação às suas referências culturais.
As construções em pasta
No Alto Minho, e em particular numa faixa do território que se estende entre os concelhos de
Vila Nova de Cerveira, Valença, Monção e Melgaço, existe um conjunto de construções nas
quais se aplicou um material tradicional em granito – a pasta.
um saber-fazer de grande eficiência o risco de extinção. Em vez de se mentação de uma estratégia visan-
na procura da maior estabilidade e reabilitarem os velhos muros prefe- do aquele objectivo. O que subsiste
resistência aos esforços mecânicos e rir-se-á construir de novo segundo do saber-fazer no construir aguarda
condições atmosféricas sem deixar modelos importados de que resul- medidas de salvaguarda através
de garantir condições de conforto tará a banalização da paisagem, de intervenções de reabilitação e
térmico do seu interior. aumentando o desperdício e o con- conservação por profissionais qua-
Permitia ainda satisfazer a necessi- sumo de recursos naturais. lificados nas técnicas construtivas
dade de construção de anexos rurais As casas de habitação e anexos em tradicionais.
(cobertos, sequeiros, etc.) a um baixo pasta também correm o risco de As construções murárias e as casas
custo, o que também ajudou a resol- uma cada vez maior degradação se em pasta constituem, entre outros,
ver o problema da habitação para não forem alvo de intervenções para testemunhos de uma Arquitectura
algumas famílias de menores rendi- conservação e restauro. Existem já Popular que, após décadas de aban-
mentos. alguns casos de substituição de pare- dono e destruição, tem direito a ser
Usadas como vedação de campos des em pasta por alvenaria de tijolo considerada, não como uma reminis-
– prados, as construções murárias rebocado por cimento. Outras habi- cência de um viver de dificuldades e
em pasta constituem, para além de tações acabam por ruir por completo miséria, mas antes como um legado
uma solução simples e eficiente, um e em lugar delas surgem constru- de uma herança cultural a preser-
elemento valorizador da paisagem ções de tipologias nada condizentes var. Preservar, não numa perspecti-
agrária. Porém, com o definhamento com a arquitectura tradicional. va meramente patrimonialista, versus
das economias camponesas e o aban- No Alto Minho urge implemen- turística ou de rentabilização imobi-
dono da actividade agrícola associa- tar uma política de Conservação e liária, mas privilegiando a divulga-
da à pastagem, muitos campos – pra- Reabilitação do Património enqua- ção do saber-fazer tradicional que,
dos deixam de o ser e podem vir a drada num modelo de desenvol- incorporado em técnicas construti-
perder as suas vedações em pasta por vimento económico que acautele vas ambientalmente sustentáveis e
não terem sido alvo de conservação. as diferenças culturais regionais e identitárias, poderá alicerçar o futuro
Ao serem substituídos por outras contribua para contrariar o crescen- inovador.
soluções, desinseridas no contexto te desemprego e o processo de des-
da identidade cultural das comu- povoamento em curso, permitindo AGRADECIMENTOS
nidades locais, menosprezar-se-á o às comunidades camponesas serem Ao Sr. Alípio Nunes pela sua orientação na
visita às pedreiras de Salgueirinho explican-
saber-fazer tradicional, que correrá os agentes privilegiados na imple-
do-nos o modo tradicional da extracção do
granito em pasta.
Ao Sr. Diamantino Gonçalves Cunha, de Cha-
A A.C.E.R – Associação Cultural e de Estudos Regionais é uma Associação mosinhos, S. Pedro da Torre, Valença pelos
Cultural sem fins lucrativos com personalidade jurídica, registada no esclarecimentos prestados e descrição do pro-
cesso construtivo em pasta.
R.N.P.C. sob o nº P 505844575 e que prossegue como objectivos estatutá-
rios: “a inventariação, estudo e divulgação do Património Cultural; salva NOTAS
guarda do Património Natural e Cultural; intercâmbio com outras asso- 1
a 4 Alípio Nunes, Friestas, Valença.
ciações congéneres nacionais e estrangeiras”. Como logótipo usa a folha 5
a 14 Diamantino Cunha, Chamosinhos, S.
do Ácer, ou Bordo pseudoplatanus, espécie arbórea existente no noroeste Pedro da Torre, Valença.
montanhoso do país.
BIBLIOGRAFIA
O grupo de sócios que constituíram a A.C.E.R. desenvolveu, desde 1988, a RIBEIRO, Orlando – A civilização do granito no
inventariação do Património Natural e Cultural do Alto Minho, uma parte Norte de Portugal (elementos para o seu estudo),
do qual se encontra disponível no site http://emi.valedominhodigital.pt. “Geografia e Civilização”, p. 24.
Procurando implementar a continuidade da iniciativa e imprimir-lhe maior TEIXEIRA, Carlos – Carta geológica de Portugal.
Notícia explicativa da folha 1-A (Valença). Servi-
dinâmica, a A.C.E.R. está a desenvolver o projecto Os saberes fazer do passa-
ços Geológicos de Portugal, Lisboa, 1956.
do no desenvolvimento rural do Vale do Minho compreendendo 1) Pesquisa e AFONSO, Manuel Pires – A Arte de Talhar a
inventariação visando aquilatar a existência, no Vale do Minho, de mão de Pedra, Sep. “Mínia”, n.º 5, P.N.P.G., Braga,
obra habilitada nas antigas técnicas tradicionais de Conservação e Restau- 1982.
ro, algumas em risco de extinção com descrição, registo em fotografia digi-
tal e vídeo, divulgação em site e livro do “saber fazer” de algumas daquelas
técnicas incluindo o levantamento das expressões culturais tradicionais
imateriais individuais e colectivas; 2) Sensibilização da comunidade escolar ANTERO LEITE,
do Vale do Minho; 3) Proposta de realização, por entidades formadoras A.C.E.R. – Associação Cultural
credenciadas, de cursos nas antigas técnicas de Conservação e Restauro. e de Estudos Regionais
Fado
Candidato a Património Cultural Imaterial da Humanidade
Ao dedicar este número ao Património Imaterial, a Pedra&Cal não poderia deixar de abordar um
dos mais marcantes e importantes fenómenos da cultura portuguesa, o fado: um repositório de
memórias, caminhando a par e passo com os diversos acontecimentos políticos e sociais da Histó
ria dos séculos XIX ao XXI.
continuam a ser a grande solução o objectivo de ter um museu vivo. A
para promover e interpretar esta escola oferece cursos de guitarra
memória. portuguesa e de viola de fado, reali-
za seminários para letristas de fado,
Qual é a origem do espólio do mu e ateliês para canto. Há alunos de
seu? todos os cantos do país e do mundo,
Todas as colecções do museu foram já tivemos alunos norte-americanos,
fruto de doações de intérpretes, mú italianos e japoneses, é muito curio-
sicos, construtores de instrumentos, so perceber que há este encantamen-
entre outros. Todos doaram ao museu to universal pelo fado.
João Brizzi / CR
Rui Vieira Nery é um dos maiores ção de competências da Assembleia
musicólogos portugueses, conhecido Geral da UNESCO, decide nesta ma
não só pela sua produção académica téria) sobre outras candidaturas já
como também pela sua acção enquan- apreciadas neste contexto.
to Director-Adjunto do Serviço de A primeira condição exigida é o ca
Música da Fundação Calouste Gul rácter representativo do género pro-
benkian e como Secretário de Estado posto – neste caso o Fado – como prá
da Cultura. Actualmente, exerce a fun tica identitária da cultura da comuni-
ção de Director do Programa Gulben dade que o produz. Esta representa-
kian Educação para a Cultura e é o tividade é demonstrada quer pela
Presidente da Comissão Científica da própria dimensão da sua prática como
Candidatura do Fado à Património pelas declarações expressas das insti-
Cultural Imaterial da Humanidade. tuições representativas da comunida
A Pedra&Cal teve o privilégio de en de no plano político (Câmara e As
trevistar o musicólogo sobre a candi- sembleia Municipal de Lisboa, Gover Rui Vieira Nery, Presidente da Comissão Científica
datura do Fado. no, Assembleia da República, Presi da Candidatura do Fado.
dente da República), quer por decla-
Qual é a estratégia adoptada para rações expressas de apoio, tanto por Em segundo lugar é necessário de
que o Fado seja considerado Patri parte das associações que represen- monstrar que existe um plano de sal
mónio da Humanidade? Quais são tam os músicos, os autores e os edito- vaguarda que expressa um compro-
os pontos fortes da candidatura? res, como das comunidades popula- misso das instituições públicas e pri-
A estratégia da Candidatura do Fado res de bairro, sobretudo colectivida- vadas do País proponente na protec-
assenta antes de mais nos termos de des de Cultura e Recreio que têm uma ção e estudo do género proposto.
finidos pelo próprio texto da Con forte tradição de associação à prática Neste caso temos protocolos de cola-
venção da UNESCO para o Patrimó do Fado, e como dos próprios fadis- boração entre a Câmara de Lisboa
nio Cultural Imaterial da Humanida tas, que são os protagonistas do géne- (através da EGEAC) e todas as enti-
de, e também na análise das decisões ro. A candidatura inclui largas deze- dades que possuem espólios docu-
do órgão competente (a Comissão In nas de declarações individuais e ins- mentais relevantes para a História do
ter-Governamental que, por delega- titucionais de apoio neste sentido. Fado (Instituto de Etnomusicologia,
RDP-RTP, Biblioteca Nacional, Arqui uma nova geração de intérpretes de género é essencial para a sua evolu-
vo Nacional da Torre do Tombo, Mu grande qualidade. De facto, não está ção futura e para a sua vitalidade.
seu Nacional do Teatro, Museu do em risco de desaparecer. Isto pode
Fado, Museu da Cidade, Museu de dificultar a candidatura? Além dis Sendo o Fado reconhecido Patrimó
Etnologia, Sociedade Portuguesa de to, quais são os aspectos específicos nio Imaterial da Humanidade, quais
Autores, A Voz do Operário, etc.). que necessitam de acções de salva seriam os benefícios para Portugal e
Pretende-se a articulação em rede guarda? para a cidade de Lisboa?
destas instituições de modo a facilitar A Convenção separa entre a Lista Para lá da visibilidade internacional
o acesso a toda a documentação nelas Representativa do Património Cultu acrescida que a inclusão na Lista da
preservada e facilitar um programa ral Imaterial da Humanidade, que é UNESCO poderá trazer ao Fado, a
de intervenção em várias linhas: aquela a que o Fado é candidato, e Lisboa e à Cultura portuguesa no seu
- inventariação das gravações fono- que não implica risco imediato de de todo, a vantagem da Candidatura terá
gráficas de Fado, desde 1900; saparecimento do género proposto, e sempre sido o esforço de pesquisa, re
- digitalização dessas gravações, nu- uma segunda lista de Património em colha e estudo que foi levado a cabo
ma primeira fase até à década de 1950; risco, que neste caso não se aplica. A para a sua preservação, a uma escala
- reedição de fontes relevantes para a aprovação anterior do Tango e do sem precedentes, e o espírito de co
História do Fado (antologias poéticas, Flamenco, que estão igualmente em munidade que se gerou na comuni
colecções de partituras, iconografia); pleno desenvolvimento na actualida- dade fadista, em particular, e na opi-
- reedição de estudos importantes da de, demonstra que esse não deverá nião pública, em geral, em torno da
historiografia do Fado (Pinto de Car ser um obstáculo à aprovação da nos Candidatura e da importância patri-
valho, Alberto Pimentel, Avelino de sa Candidatura. No entanto, subli monial do Fado. Qualquer que venha
Sousa, Luís Moita, A. Vítor Machado, nhamos fortemente na Candidatura a ser a decisão final – e estamos con-
Ruben de Carvalho, Joaquim Pais de a necessidade de preservação das fiantes em que será positiva – essa
Brito, etc.); fontes documentais para a História vitória já está adquirida.
- apoio à reedição de discografia de do Fado, independentemente do seu
Fado com valor documental. desenvolvimento actual, que até ago
ra têm estado de um modo geral ina Entrevistas de
O fado é hoje um estilo reconhecido cessíveis e dispersas, e consideramos REGIS BARBOSA,
Pedra & Cal
em todo o mundo e que conta com que essa preservação da memória do
O Projecto Museológico
do Museu Agrícola de Riachos
– Casa-Memorial Humberto Delgado
Do conhecimento tácito ao conhecimento explícito
O Museu Agrícola de Riachos (MAR) desde 1989 tem vindo a promover a reunião entre a prá-
tica museológica e o uso museográfico das culturas, material e imaterial, integrando-as como
componentes do desenvolvimento de base territorial, tornando-as, assim, referências obriga-
tórias e base de acção deste museu comunitário.
Contemporânea.
O Núcleo de Técnicas Tradicionais
de Construção, desde 1994 que se
dedica ao estudo, divulgação e visi-
tação turístico-cultural das técnicas Largo da Igreja Velha, década de 60, século XX.
que, um pouco por todo o território,
se foram desenvolvendo desde os uma agricultura intensa de várzea e memória que o futuro da democra-
tempos da fixação da população de regadio natural ou de troços de cia exige sempre renovado.
até aos tempos em que os vestígios charneca e de leiras, anexas a matas, O Museu Agrícola de Riachos inte-
desse e de outros tipos de ocu- vinhedos e pomares, deixava tempo gra-se na designação de museu
pação humana se tornam recursos para esse tipo de trabalho casei- etnográfico e «museu da comunida-
que podem activar o património ro. Há, vincadas nas memórias dos de», porque, também na perspectiva
natural e cultural. Observar uma Homens e Mulheres, bem como nos UNESCO, associa etnografia, antro-
obra de taipa ou de adobe, bem documentos deixados pela voraci- pologia e folclore, considerados
como perceber o uso dos desig- dade do tempo, muito material que como «culturas ou elementos culturais
nados «tufos» como material por- ajuda à «reconstrução da Memória» pré-industriais, estudados através dos
tante de muros e caixas murárias, bem como à «didáctica do Tempo». testemunhos passados ou pertencentes
é lição histórica e experimentação Em ambas nos é possível vislum- a um passado mais recente estudados
prática que se podem conciliar no brar testemunhos importantes para directamente». O espaço dedicado às
espaço museológico de Riachos e percebermos em ambiente rural e técnicas tradicionais de construção,
Brogueira. Como factores de acti- urbano a cultura material e imaterial patentes na museografia criada para
vação económica os materiais locais da Região. o efeito, merece visita demorada.
determinam, também, a especifici- Em termos classificativos, a Casa- No mês de Julho de 2011 está pro-
dade da cultura construtiva com -Memorial poder-se-á integrar no gramada uma Oficina de Técnicas
autenticidade regional. A diferen- conceito de museu histórico, face Tradicionais de Arquitectura Verna
ciação dos destinos turísticos tam- às determinações da UNESCO no cular que pretende apresentar em
bém se estrutura com estes contri- que se refere ao facto de ser integrá- associação com o Museu Rural da
butos. Tal como as instalações do vel na tipologia de museus, casas e Golegã e o CESPOGA – Centro de
MAR, antigo Lagar de Azeite, são monumentos históricos ao ar livre Estudos Politécnicos da Golegã,
de um edificado onde se detectam que «evocam ou ilustram certos acon- uma explicação sobre as técnicas de
o uso de tufos e a aplicação de taipa tecimentos da história nacional», como construção e os depoimentos dos
e adobe, também a CMHD, na fre- é o caso objectivo relacionando a que as exercitaram.
guesia vizinha ostenta as mesmas história de Portugal e da luta pela
técnicas de construção da arqui- democracia, no século XX e a figura
LUÍS MOTA FIGUEIRA,
tectura vernacular. O ciclo agrário nacional e internacional do General
Director Técnico do Museu Agrícola
determinava, aliás, que a reparação Humberto Delgado, foco central de de Riachos e Casa-Memorial Humberto
das casas rurais se deveria desen- uma época histórica marcante da Delgado
volver quando as tarefas agrárias de colectividade humana e do valor de
Rugologia
O Arquivo da Rua
Quando falamos de intervenções, independentemente do seu carácter, o conhecimento do
lugar é condição para o seu êxito. Quando se trata de intervir numa rua, o conhecimento da
mesma pode revelar-se um processo bastante complexo, sobretudo o conhecimento das suas
camadas humanas ou sociais, propriedades menos evidentes e concretas.
Descubra as diferenças – Fotografias actuais e antigas da Travessa da Queimada. Exemplo de uma série de fotografias tiradas de madru-
Comparação entre fotografias actuais e antigas com a mesma perspectiva (do Arquivo Fotográfico de gada na Travessa da Queimada, com o fim de explorar
Lisboa), permitindo a percepção das alterações na rua nos últimos cem anos. a relação entre o corpo humano e a arquitectura da rua.
Quando falamos de intervenções, Rugologia é uma palavra inventada. O maior desafio nesta investigação,
independentemente do seu carácter, Vem do grego rugo – rua e de logia pelas suas características idiossincrá
o conhecimento do lugar é condição – estudo, significa o estudo da rua. ticas, foi definir a sua metodologia.
para o seu êxito. Quando se trata de Como é que se pode estudar uma Comecei por organizar a rua através
intervir numa rua, o conhecimento rua? A resposta teve que passar pelo dos números de polícia, construí um
da mesma pode revelar-se um pro- estudo das inúmeras camadas asso- livro onde as páginas são envelopes,
cesso bastante complexo, sobretudo ciadas a um território tais como a sua portas e contentores das respectivas
o conhecimento das suas camadas história, geografia e toponímia (com histórias, imagens e documentos.
humanas ou sociais, propriedades a ajuda de documentos antigos e actu Este método permitiu que fosse adi-
menos evidentes e concretas. ais, através das memórias dos seus cionada informação, não apenas du
Património imaterial ou intangível é habitantes, comerciantes, e todos aque rante o período da investigação, mas
aquele que é intocável, aquele que les que a partilham). A informação também depois deste terminar.
não existe na sua essência enquanto encontrada e reunida sobre a Traves A Travessa da Queimada é uma rua
objecto. A sua materialização, no en sa da Queimada revelou-se muito ex em forma de vale. Por ser uma das
tanto, permite que seja percepciona- tensa: uma única rua pode parecer principais artérias de entrada no
do. A exposição Rugologia – o Arquivo inicialmente uma realidade relativa- Bairro Alto, tem movimentos de
da Rua, criada a partir de elementos mente pequena, no entanto, no desen pessoas muito específicos ao longo
visíveis, plásticos, lumínicos e tangí- volvimento do projecto, manifestou- do dia. Além de bastante comércio
veis, procurou comunicar a essência -se como infinitamente divisível, onde diurno e nocturno, tem algumas ca
e possível património imaterial da cada uma das suas partes era passível sas vazias também com muito para
Travessa da Queimada. de ser um distinto objecto de estudo. contar.
Proposta de refuncionalização
para o lagar do Pomarinho
– Santiago do Escoural
Programa preliminar de intervenção museológica
A proposta aqui trazida à discussão apresenta-se como o esboço para um programa de inter-
venção e recuperação do património edificado partindo da legitimação do valor patrimonial
do núcleo do antigo Lagar de Azeite – “Lagar do Pomarinho” – sito em Santiago do Escoural,
concelho de Montemor-o-Novo.
de vista etnológico e antropológico cos. Não obstante, ao património fí seológica. Preservar o património pas
uma vez que compreende realiza sico e construído junta-se a cultura sa assim a integrar uma conceptuali
ções singulares da actividade huma na sua dimensão imaterial. A consa zação mais ampla, incorporando a ne
na. O Lagar é, assim, objecto de um gração da noção de sítio com valor cessidade de o devolver à comunida
plano de salvaguarda do valor patri patrimonial lança as bases para o re de de pertença.
monial, reabilitação e renovação ten conhecimento em particular dos Neste sentido, importa ter em conta
do em conta as especificidades da “objectos monumento” como objec o edificado e sua interacção na ma
sua morfologia e contexto social. tos de salvaguarda patrimonial. O lha urbana em que se insere, a capa
modelo de intervenção no espaço cidade de adaptação do edificado às
PATRIMÓNIO EDIFICADO traduz-se no conceito de reabilitação novas exigências funcionais, o nível
Do ponto de vista urbanístico, o que, por sua vez, defende a salva de intervenção a assumir nas acções
alargamento do conceito de patrimó guarda dos conjuntos históricos de de reabilitação. A definição dos pa
nio arquitectónico ao conjunto do edi matriz rural tradicional. A ideia de râmetros de intervenção estende-se
ficado, prende-se com a noção de reabilitação constitui-se, deste modo, aqui à noção de espaço material, de
“museificação” do património, per como a base para o entendimento do configuração estética e de funciona
mitindo uma reapropriação do pas património e para a sua respectiva lidade pré existente.
sado para motivos culturais ou lúdi salvaguarda numa perspectiva mu A materialização do complexo edifi
cado do Lagar num equipamento
cultural pressupõe um espaço quali
ficado e renovado em termos arqui
tectónicos. Uma intervenção desta na
tureza passa por redesenhar o espa
ço cénico do tecido urbano, actuan
do a vários níveis, considerando a
linguagem arquitectónica e o seu con
texto de inserção. Não obstante, a va
lorização do edifício enquanto obra
arquitectónica poderá funcionar como
um factor de captação de público, evo
cando a experimentação da própria
arquitectura.
MODELO DE
REFUNCIONALIZAÇÃO
Trata-se de uma tentativa de inova
ção museológica ao nível do plano
local, assumindo, porém, um impor
tante papel na descentralização cul
Aspecto do interior do Lagar – Casa das Mós, futuro Núcleo de exposição permanente.
tural e na projecção sociocultural. O
presente programa apresenta-se como
um diagnóstico que sugere hipóteses
no âmbito de uma intervenção mu
seológica de carácter industrial e etno
gráfico. Aqui, o património arquitec
tónico integrado e a circunscrição dos
testemunhos em relação ao espaço
físico, fomentam uma reconversão
programática in situ com base em
elementos que conjugam, de forma
coerente, os conteúdos e o espaço
físico.
A Organaria
enquanto bem identitário
A imaterialidade de combinar sons e silêncio exige-nos dar importância à preservação do patri-
mónio musical. Por conseguinte, a recente intervenção no órgão de tubos pertencente à Capela de
Nossa Senhora da Esperança, em Sátão, Viseu fez perdurar este instrumento de excelência e de
destaque na liturgia cristã, revitalizando o culto divino.
NOTAS
1
Wolfenbüttel Herzog August Bibliothek.
2
Constituição Apostólica SACROSANCTUM
CONCILIUM, artigo n.º 120.
3
CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO,
Concerti nelle chiese, n.º 8, in EV 10, 2259.
4
Gabinete de Comunicação Social da Câmara
Municipal de Sátão – 8 de Setembro de 2010
(Fonte).
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
EUSÉBIO, Maria de Fátima – A capela de
Nossa Senhora da Esperança, Ed. Fundação
Mariana Seixas: Viseu, 2006.
GOMES, Manuel Saturino da Costa – Patrimó-
nio Classificado. Actas dos encontros promo
vidos pelo IPPAR e pela UCP. Universidade
Concerto de música sacra, promovido na recém-recuperada Capela de Nossa Senhora da Esperança. Católica: Lisboa, 1997.
Vista geral sobre a nave4. MIGUEL, Ana M. M. – Historia de la conserva-
ción y la restauración desde la antiguedade hasta
el siglio xx. Editorial Tecnos: Madrid, 2002.
CONCLUSÃO Num instrumento musical, se faltam
pp. 245-246.
A conservação de um órgão de tubos elementos produtores de som, não se RAMOS, Célia – O órgão de tubos – das origens
é uma disciplina específica, distinta pode imaginar o som da música, da profanas à consagração religiosa. In Revista da
de qualquer outra, mesmo dentro da forma para que foi concebido, não se Faculdade de Letras – DCTP. Faculdade de Le
conservação e restauro, especificidade consegue sentir a sonoridade particu tras do Porto: Porto, 2003. vol. 2. pp. 229-244.
RAMOS, Manuel João – Breve nota crítica sobre
que resulta em parte da sua dualida lar daquela obra de arte. Nesta coin
a introdução da expressão “património intangí-
de funcional – obra de arte e instru cidência, num mesmo objecto, de um vel” em Portugal. In, Conservar para Quê?.
mento musical. Qualquer elemento património material riquíssimo e de DCTP-FLUP-CEAUCP-FCT: Porto-Coimbra,
mecânico, estrutural ou sonoro que uma beleza extraordinária e de um 2005. pp. 67-76.
lhe falte, deve ser restituído, ao con património imaterial cheio de simbo UNESCO – http://www.unesco.pt/cgi-bin/
cultura/temas/cul_tema.php?t=9. 18 Nov. 2010.
trário do que se passa em outras dis logia e significado, temos de privilegi
UNESCO – http://www.unesco.pt/cgi-bin/
ciplinas da Conservação e Restauro: ar esta segunda característica, o que cultura/docs/cul_doc.php?idd=16. 18 Nov. 2010.
não se pode aqui simular com pe constitui, de facto, a especificidade de
quenos traços ou cromatismos mais uma intervenção deste tipo – daí a
suaves discerníveis apenas a curta importância de recuperarmos a parti
distância, como se faz no restauro de cular maneira de soar de um órgão ANTÓNIO OLIVEIRA,
pintura ou policromia em geral; se se de tubos. Conservador-restaurador
aoliveira@samthiago.com
tratasse de uma escultura, com a fa O órgão da Capela de Nossa Senho
CARLOS COSTA,
lha de um dedo ou de um braço, po ra da Esperança é um instrumen
Conservador-restaurador, sócio-gerente
deríamos deixá-la sem esse elemento, to emblemático que mereceu ser ccosta@samthiago.com
sem que o observador tivesse dificul dev olvido ao seu estado original Atelier Samthiago – Conservação e Restauro
dade de perceber a essência da peça. sem nenhum tipo de limitação: hoje
O automóvel eléctrico
nas cidades portuguesas
Uma solução pouco amiga do ambiente
Recentemente, tem sido feita uma divulgação do automóvel eléctrico como uma boa solução para
reduzir as emissões no interior das cidades. Como iremos ver ao longo deste artigo, no nosso país,
o automóvel eléctrico não será menos poluente que o automóvel tradicional, podendo até ser mais
poluente e acarretar mais inconvenientes ambientais.
© Jorge Mascarenhas
© Jorge Mascarenhas
© Jorge Mascarenhas
JORGE MASCARENHAS,
Doutor em Arquitectura, Professor coordenador do Instituto Politécnico de Tomar
Membro da Comissão Coordenadora do Mestrado de Reabilitação e Renovação Urbana do Instituto Politécnico de Tomar
Novas tecnologias
ao serviço do património
A fotografia panorâmica 360º e realidade virtual
Quer se trate de património edificado ou paisagens culturais, o registo do património cultu-
ral através da utilização de meios visuais é indispensável nas acções de conservação, tendo
surgido muito recentemente uma nova tecnologia que alia a fotografia tradicional às novas
tecnologias informáticas, com resultados tão surpreendentes quanto espectaculares.
Consulta Pública
do Plano de Pormenor
da Baixa Pombalina
uma grande unidade de projecto a
assegurar a monumentalidade ao
empreendimento e a expressão de
uma estrutura forte e bem afirmada
da morfologia urbana.
Do ponto de vista do edificado, tra-
ta-se duma experiência construtiva
exemplar, largamente ancorada nos
saberes acumulados nas construções,
anteriores, do Convento de Mafra e
do Aqueduto das Águas Livres.
Ruin’arte
Um ano de defesa do Património
O projecto Ruin’arte é uma forma de protesto pessoal com uma visão artística, que visa chamar a
atenção para a degradação do património, verdadeiro descalabro.
REGIS BARBOSA,
Av. Casal Ribeiro. Cinema Paris. Pedra & Cal
Edifício onde morou Fernando Pessoa.
O Código
dos Contratos Públicos
O Júri do Procedimento
Não existe Júri no ajuste directo com co, quando as haja (118.º/1 e 151.º), no
um só convidado (67.º/1), nem no con procedimento de negociação (202.º) e
curso público urgente (156.º/2). no diálogo concorrencial (213.º); for
O Júri do procedimento tem compe mular propostas de exclusão e ava
tência para: a condução das fases de liação dos trabalhos de concepção
instrução do procedimento pré-con vinculativas para o órgão adjudican
tratual (67.º); a abertura das propos te (227.º/4 e 233.º/1).
tas e organização da lista de concor Além dos poderes acabados de men
rentes ou candidatos (138.º/1, 177.º/1 cionar, o Júri terá competência para
e 231.º/8 e 9 do CCP e 7.º/5 do DL exercer os poderes que lhe sejam
nº 143-A/2008); a apreciação das delegados pelo órgão adjudicante
propostas e candidaturas (69.º/1 e (69.º/2), desde que não sejam compe
139.º/5); a elaboração dos relatórios tências exclusivas do órgão decisório.
do procedimento, designadamente, Os membros do Júri são nomeados
para apreciar as respostas à audiên pelo órgão adjudicante, em número
cia prévia e propor ao órgão adjudi ímpar, num mínimo de três efectivos
cante a tomada de decisões sobre a e dois suplentes (67.º/1 e 227.º/1),
exclusão ou selecção de candidaturas, devendo ser designado, de entre eles,
exclusão de propostas ou de soluções o presidente (67.º/1 e 227.º/1), po
Escrevemos sobre o Júri, pois vem e sua avaliação e ordenação (69.º/1, dendo ser membros do órgão adjudi
sendo comum a dúvida sobre a ex 122.º e 124.º, 146.º, 147.º e 148.º, 152.º, cante (67.º/2).
tensão das competências que o Códi 177.º, 178.º, 183.º a 186.º, 204.º, 212.º e Por fim, os membros do júri estão
go dos Contratos Públicos (de agora 215.º, 231.º e 232.º); a solicitação de sujeitos aos impedimentos e suspei
em diante CCP) atribui ao Júri do esclarecimentos sobre as propostas ções dos art. os 44.º e 48.º do CPA.
Procedimento. (72.º/1) e candidaturas (183.º/1); pro Também por isso, a identificação dos
O Júri é um órgão colegial, hierarqui ceder ao convite para a fase de nego membros do júri deve ser logo efec
camente não subordinado, no plano ciações do ajuste directo e para con tuada nos convites ou programas de
técnico da avaliação e ordenação de vidar os concorrentes a apresentar as procedimento, para exercício tem
candidaturas e propostas, ao órgão versões finais das respectivas pro pestivo, pelos interessados, dos direi
adjudicante. Compete-lhe elaborar pa postas (118.º e 121.º); a publicitação tos de requerer a declaração dos res
receres técnicos sob a “forma” de pro das listas de concorrentes e candida pectivos impedimentos, escusas ou
postas de decisão para o órgão adju tos (138.º/1 e 177.º/1); a convocató suspeições.
dicante, as quais podem ou não por ria e realização das sessões de diálo
aquele ser adoptadas (124.º/4, 148.º/4, go no procedimento de diálogo con
212.º/5 e 6, 215.º/3), salvo no caso da correncial (213.º e 21.º); convidar os
exclusão, avaliação e ordenação dos candidatos qualificados a apresentar A. JAIME MARTINS,
trabalhos do concurso de concepção os trabalhos de concepção do con Advogado-sócio da ATMJ – Sociedade
em que o parecer técnico é vinculati curso de concepção (232.º/5); con de Advogados, RL
vo para o órgão decisor (227.º/4 e duzir as sessões de negociação no a.jaimemartins@atmj.pt
233.º/1). ajuste directo e no concurso públi
Resolução sobre riscos sísmicos
é publicada em Diário da República
Foi publicada em Diário da República, devem ser apresentados nos planos de património histórico e zonas his
no dia 11 de Agosto de 2010, a Re de ordenamento municipal, de forma tóricas dos núcleos urbanos”.
solução n.º 102, intitulada “Adopção a orientar os usos do solo. O docu No que diz respeito às infra-estrutu
de medidas para reduzir os riscos mento aconselha também que se pro ras tuteladas pelo Estado e ao Patri
sísmicos”. O documento foi aprova ceda a um levantamento da vulnera mónio histórico-cultural, chama-se a
do em Assembleia da República no bilidade sísmica do edificado público, atenção para que sejam realizados
dia 22 de Julho de 2010. que deve gerar um plano de avaliação programas específicos de interven
Dentre os pontos apresentados, des e hierarquização das prioridades. ção, visando a diminuição da vulne
tacamos a recomendação de promo A recomendação refere, também, a rabilidade sísmica. O documento men
ver junto das autarquias, e com o elaboração de “um plano nacional de ciona ainda que seja assegurada a
apoio dos serviços do Estado, a ela redução da vulnerabilidade sísmica “obrigatoriedade de segurança estru
boração de Cartas de Risco Sísmico, das redes de infra-estruturas indus tural anti-sísmica nos programas de
com o intuito de identificar as zonas triais, hospitalares, escolares, gover reabilitação urbana”.
mais vulneráveis, assim como as namentais, das infra-estruturas de Para descarregar o documento aceda
tipologias de edificado mais propí transportes, energia, telecomunica ao sítio de internet do “Diário da Re
cias a danos desta natureza e sua ções, gás, água e saneamento e de pública electrónico”, em www.dre.pt.
respectiva localização. Os resultados outros pontos críticos, bem como as RSB
Linha do Tua permanece com destino incerto
Após a decisão do IGESPAR de ar mento do processo saiu no Diário o que irá inviabilizar qualquer reto
quivar o processo de classificação, da República em menos de 10 dias. ma da sua funcionalidade. Inaugura
o movimento em defesa da linha Vale a pena lembrar que o parecer da em 27 de Outubro de 1887, a Li
do Tua apresentou uma providên emitido no dia 3 de Novembro pela nha do Tua ligava o Tua a Mirandela,
cia cautelar no Tribunal Adminis Secção do Património Arquitectónico tendo posteriormente sido ampliada
trativo e Fiscal do Porto com o e Arqueológico do Conselho Nacio até Bragança (1906). A obra teve
intuito de suspender o parecer. A nal de Cultura concluiu que a Linha como responsável o engenheiro Dinis
alegação dos proponentes da can do Tua não tem interesse do ponto de da Mota, um dos grandes engenhei
didatura é a de que uma série de vista arqueológico, arquitectónico, ros portugueses do século XIX, que
ilegalidades ocorreram no proces artístico, etnográfico, científico, técni conseguiu vencer as diversas dificul
so, destacando-se a inexistência de co e industrial que justificasse a dades impostas pelo terreno. A linha
audiência prévia. Referem também requerida classificação. Mesm o o férrea também serviu de inspiração
que houve um grande contraste na património imaterial associado à para diversas obras artísticas, das
forma como o IGESPAR tratou a linha férrea não daria razões para quais uma das mais recentes é o pre
abertura e o encerramento do pro uma classificação, podendo ser salva miado documentário “Pare, escute,
cesso. Enquanto o procedimento guardado através de um núcleo olhe”, de Jorge Pelicano.
de abertura demorou três meses museológico, segundo o documento.
até ser publicado em Diário da Re A construção da barragem na foz do
pública, o despacho do arquiva Tua vai submergir 16km de ferrovia, RSB
GECoRPA: 1997-2010
O GECoRPA completou, no passado • A alteração dos Estatutos do trução, das opções estratégicas com ela
mês de Outubro, o seu 13.º aniversá GECoRPA que passaram a permitir a relacionadas e dos sectores de actividade a
rio. São treze anos ininterruptos de integração de sócios individuais que montante e a jusante, sobre o património
promoção da excelência na conserva desenvolvam actividade no âmbito da natural e o património cultural, em par-
ção dos monumentos e na reabilita conservação e restauro do patrimó ticular na sua vertente património cons-
ção do edificado e, também, de acção nio, abrindo, portanto, a associação à truído a proteger; (2) demonstrar que as
cívica em prol da salvaguarda do pa participação activa de singulares; estratégias tendentes a conservar o patri-
trimónio cultural do Pais. • O contributo para o Plano de Por mónio natural e a reabilitar e valorizar o
Ao longo deste último ano de activi menor de Salvaguarda da Baixa Pom património construído contribuem, si-
dade o GECoRPA tomou várias ini balina de Lisboa, que mereceu uma multaneamente, para a sustentabilidade
ciativas na linha destes grandes ob análise cuidada por parte da Di do sector da construção e para o desenvol-
jectivos, entre as quais se destacam: recção do GECoRPA, no sentido de vimento sustentável do País.
• A exposição feita ao Sr. Ministro da alertar para a importância e para as Estes exemplos demonstram bem o
Obras Públicas, Transportes e Comu consequências das medidas a adop empenhamento do Grémio em pros
nicações, no sentido de se promover tar nesta zona histórica lisboeta (vide seguir a sua acção na promoção dos
uma completa revisão do enquadra Pedra&Cal n.º 47, p. 47); grandes objectivos que se propôs: (1)
mento legislativo do sector da constru • A organização do Encontro “Patri promover a cooperação na defesa de
ção, no sentido de ter em conta a nova mónio Natural e Cultural: Construção interesses comuns das empresas, de
realidade deste sector, que se deseja e Sustentabilidade!”, que teve lugar na um melhor ordenamento do sector e
cada vez mais centrada na reabilitação Fundação Calouste Gulbenkian no de uma adequada regulação do mer
do edificado e da infra-estrutura; passado dia 18 de Outubro, promovi cado; (2) disponibilizar formação e in
• Os contactos com o IGESPAR tendo do em colaboração com a Quercus e o formação especializadas e a promoção
em vista promover uma maior exi ICOMOS Portugal. A forte adesão do de boas práticas; (3) dar um contributo
gência de qualificação das empresas público corroborou a premência dos cívico para o progresso do País, em de
que se pretendem dedicarem à conser objectivos centrais do Encontro: (1) fesa do património cultural e natural.
vação do património arquitectónico; evidenciar os múltiplos impactos da cons- EGC
GECoRPA, Quercus
e Icomos-Portugal promoveram
encontro sobre Património
e Sustentabilidade
Sistema de Informação da Biodiver
sidade na Europa (http://biodiversi
ty.europa.eu). Também abordando a
biodiversidade, José Lima dos Santos,
do Instituto Superior de Agronomia,
centrou a sua participação no valor
económico dos ecossistemas. Ainda
durante a manhã, iniciou-se o segun
do tema do encontro: “Regresso às
cidades – Construir com o construí
do”, que teve como oradores Joan
Busquets, da Faculdade de Urbanis
mo e Arquitectura de Barcelona, Ál
varo Domingues, da Faculdade de
Arquitectura da Universidade do
Porto e Helena Roseta, da Câmara
Municipal de Lisboa. Enquanto Joan
Mesa da Sessão de Abertura: Vítor Cóias, Presidente do GECoRPA; Dulce Pássaro, Ministra do Ambiente e do Busquets expôs a problemática da re
Ordenamento do Território; e Viriato Soromenho-Marques, Coordenador do Programa Gulbenkian Ambiente. novação das cidades na sua apresen
tação intitulada “Retro-fitting the ci
No dia 18 de Outubro o GECoRPA – tural e da Natureza, ambos ameaça ty: Theory and Practice”, Álvaro Do
Grémio das Empresas de Conservação dos por um modelo de construção mingues reflectiu sobre a descaracte
e Restauro do Património Arquitec calcado na criação de novos equipa rização do campo. Por fim, Helena
tónico, a Quercus – Associação Na mentos. Além disto, constituem um Roseta traçou um quadro da questão
cional de Conservação da Natureza, importante vector para o desenvolvi urbanística em Lisboa, focando as
e o ICOMOS Portugal – Comissão Na mento de uma economia sustentável. zonas prioritárias de intervenção.
cional Portuguesa do Conselho Inter Estiveram presentes diversas perso Depois do almoço, inaugurou-se o
nacional dos Monumentos e dos Sí nalidades envolvidas na problemáti tema “Conciliar construção com sal
tios, realizaram na Fundação Ca ca tratada no encontro, desde acadé vaguarda – Estratégias para a susten
louste Gulbenkian o Encontro “Patri micos até dirigentes associativos, in tabilidade na construção”. Kaarin
mónio Natural e Cultural: Constru cluindo também autoridades como a Taipale demonstrou o impacto da
ção e Sustentabilidade!”, que teve o Ministra do Ambiente e Ordenamento construção nova tanto no que diz res
apoio do Programa Gulbenkian Am do Território, Dulce Pássaro, e o Se peito ao consumo de energia quanto
biente e o patrocínio da Stap – Reabi cretário de Estado da Cultura, Elísio às emissões de dióxido de carbono. Já
litação, Consolidação e Modificação Sumavielle. Deste modo, foi possível Alexandra Gesta partilhou a experi
de Estruturas, S. A.. realizar um debate que abarcasse va ência de 25 anos de reabilitação em
O evento pretendeu reflectir e deba riados aspectos. Guimarães, processo que culminou
ter a importância da salvaguarda do Após a abertura do evento, fez uso com a classificação do centro históri
património natural e cultural como da palavra Ronan Uhel, da Agência co como património mundial. A ideia
via para a sustentabilidade no orde Europeia do Ambiente, que apresen de direito à cidade perpassou esta
namento do território, na gestão do tou um balanço do estado da biodi sessão, que contou ainda com uma
edificado e no sector da construção. versidade na Europa, chamando a activa participação da assistência. O
A abordagem feita reitera a impor atenção para o valor dos bens e servi clima de debate permaneceu na ses
tância da fusão entre os movimentos ços oriundos dos ecossistemas. Deu são seguinte, que foi moderada por
de salvaguarda do Património Cul ainda conhecimento da existência do Luísa Schmidt e contou com os con
Debate com moderação de Luísa Schmidt (Instituto de Ciências Sociais da Universidade Mesa redonda com Francisco Ferreira da Quercus, José Aguiar do ICOMOS-
de Lisboa), em que participaram João Ferrão (Instituto de Ciências Sociais da Univer -Portugal, Vítor Cóias do GECoRPA e Elísio Summavielle, Secretário de Estado
sidade de Lisboa), Pedro Bingre (Instituto Politécnico de Coimbra), Manuela Raposo da Cultura.
Magalhães (Instituto Superior de Agronomia) e Helena Cluny (Procuradoria Geral da
República).
vidados João Ferrão, Pedro Bingre, nas, referiu os problemas inerentes à líderes políticos e por quem os elege.
Manuela Raposos Magalhães e Hele qualidade do ambiente, nomeada Neste sentido, considera falacioso ar
na Cluny. De entre os assuntos trata mente aos níveis de ruído e qualida gumentar que é através da constru
dos destacaram-se as questões rela de do ar, frutos, em grande medida, ção que o País se desenvolve. Con
cionadas com o direito do Urbanismo. de uma forma equivocada de conce cluiu que a reabilitação do edificado e
Finalmente, as conclusões do encon ber a mobilidade. José Aguiar citou a da infra-estrutura e a conservação do
tro foram apresentadas numa sessão crise actual que o país vive como uma património cultural construído po
que reuniu Vítor Cóias, presidente do oportunidade de mudança: é possível dem ser importantes catalisadores
GECoRPA, Francisco Ferreira, vice- utilizar menos recursos para atingir das mudanças necessárias para a sus
presidente da Quercus, José Aguiar, bons resultados. Também atentou à tentabilidade do País. Por último,
presidente do ICOMOS-Portugal e necessidade de uma nova lei dos so Elísio Sumavielle elogiou o encontro,
Elísio Sumavielle, Secretário de Esta los, que impeça a lógica do “crime que expressando o avanço representado
do da Cultura. Francisco Ferreira res compensa”. Já Vítor Cóias defendeu pela abordagem transversal que une
saltou a importância dos ecossistemas que a reabilitação, como alternativa à os Patrimónios Cultural e Natural.
e da necessidade de se conferir valor construção nova, tem sido travada por RSB
aos mesmos, de modo semelhante ao vários obstáculos, como um sector da
que ocorre hoje com o mercado do car construção demasiado influente e
bono. Neste âmbito chamou a atenção cioso dos seus interesses corporativos Para mais informações, aceda ao sítio de
para os riscos inerentes à perda da e uma cultura em que as expressões internet do encontro em http://construcao-
biodiversidade da Península Ibérica. “deixar obra feita” e “construir o País” sustentavel.gecorpa.pt), onde pode ser fei
to o download das apresentações.
No que diz respeito às questões urba são geralmente tomadas à letra pelos
Destaques
Viver e saber fazer
Tecnologias tradicionais na região do Douro – estudos preliminares Edição: Fundação
Autor: Vários Autores
Museu do Douro
Preço: € 47.50
Viver e saber fazer: tecnologias tradicionais na região do Douro é um projecto experimental co-financiado pelo FEDER – Programa Ope
Código: FMD.E.1
racional de Cultura, que tem por objectivo identificar, estudar, preservar e divulgar a memória das tecnologias tradicionais utilizadas na
Região do Douro para dar resposta às exigências colocadas no quotidiano pelas actividades produtivas e de subsistência (Da Apresentação).
O presente volume publica os resultados desta primeira experiência.
Terra incognita
Discovering and preserving European Earthen Architecture
Autor: Vários Autores Edição:
Argumentum
Trata-se de uma publicação inédita onde se encontram reunidas cerca de uma centena de artigos escritos por especialistas e investiga- Preço: € 33.25
dores de história, antropologia, arqueologia, engenharia, arquitectura e construção em terra. Código: AR.E.8
Produto de uma parceria entre cinco universidades europeias e apoiado pelo Programa Europeu “Cultura 2000”, este conjunto de dois
livros apresenta um vasto panorama da Arquitectura de Terra na Europa e das suas técnicas de construção e manutenção, num apelo
ao seu reconhecimento e preservação.
Para saber mais sobre estes e outros livros, consulte a Livraria Virtual em www.gecorpa.pt.
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Ano XI – N.º 44 Outubro/Novembro/Dezembro 2009 – Publicação trimestral – Preço € 5,00 (IVA incluí-
Ano XII – N.º 46 Abril/Maio/Junho 2010 – Publicação trimestral – Preço € 5.00 (IVA incluído)
As Crianças
e o Património
REFLEXÕES
Património
Hospitalar
20.º aniversário da Convenção das
Nações Unidas sobre os Direitos da Criança
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PREVENÇÃO & SEGURANÇA
607727 077237
As crianças e o parque edificado
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JOGO CAÇA AO TESOURO PARA OS MAIS PEQUENOS Património em risco - Hospital do Desterro
Assinaturas
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