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ILUSTRÍSSIMO PRESIDENTE DA JUNTA DE RECURSOS DA

PREVIDÊNCIA SOCIAL

Benefício n° 42/ xxxxxxxxxxxxx


APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO

xxxxxxxxxxxxx, já qualificado no processo em epígrafe, por sua


Procuradora Administrativa constituída nos termos do incluso instrumento de mandato
Procuração Extrajudicial e ao final assinado, com escritórios profissionais disposto
abaixo, vem respeitosamente à honrosa presença de Vossa Senhoria, interpor o presente

RECURSO ADMINISTRATIVO

contra indeferimento do pedido de benefício previdenciário, pelos motivos de fato e de


direito que abaixo expõe:

I – DA TEMPESTIVIDADE DO RECURSO E DA ADMISSIBILIDADE

O benefício de Aposentadoria Por Tempo de Contribuição,


requerido em 29/04/2014, com o Número de Benefício xxxxxxxxxxx, na Agência de
Guariba, foi indeferido, restando ao segurado recorrer da decisão ante o equivoco
ocorrido.

Destarte, o prazo interposição de recurso em face da decisão


proferida pela agência competente é de 30 dias, sendo que de acordo com os dados
fornecidos pelos correios (doc. j.), o segurado tomou conhecimento da alusiva decisão
em 27/07/2014, sendo agendado seu protocolo em 01/08/2014, logo, o presente recurso
encontra-se tempestivo e, consequentemente, deve ser admitido e julgado.

Ademais, quanto a admissibilidade do presente recurso, em


geral, entende-se que os pressupostos genéricos são: a) intrínsecos (condições
recursais): cabimento (possibilidade recursal), interesse recursal e legitimidade
para recorrer; b) extrínsecos: preparo, tempestividade e regularidade formal, isto
é, exatamente o que se verifica no recurso em destaque, devendo o mesmo ser
recebido e analisado, ressaltando a observância ao Princípio da ampla defesa e do
contraditório, o qual deve ser respeitado.

II - DOS FATOS

Foi requerido o benefício de Aposentadoria Por Tempo de


Contribuição em 29/04/2014, com o Número de Benefício xxxxxxxxxxx, na Agência
citada, tendo sido o mesmo indeferido com a seguinte alegação:

“Em atenção ao seu pedido de Aposentadoria por Tempo de


Contribuição, formulado em 29/04/2014, informamos que, após
análise da documentação apresentada, não foi reconhecido o
direito ao benefício, pois até 16/12/98 foi comprovado apenas
15 anos, 11 meses e 23 dias, ou seja, não foi atingido o tempo
mínimo de contribuição exigida, 30 (trinta) anos se homem e 25
(vinte e cinco) anos se mulher, nem tampouco comprovou na
data do requerimento o período adicional de contribuição
equivalente a, no mínimo, 40% do tempo que, em 16/12/98,
faltava para atingir o tempo mínimo exigível nessa data.

Tempo de contribuição apurado até a DER: 28 anos, 4 meses e


16 dias.
Tempo mínimo necessário até a DER: 35 anos, 0 meses e 0
dias.”

Ocorre que de acordo com a documentação anexa, o recorrente


laborou de 11/05/198 a 29/03/2004 em atividades insalubre, ou seja, exposto
permanente a agentes nocivos a saúde, sendo que em sua maior parte dos períodos
laborados foram em contato com agentes físicos como ruído, frio, calor entre outros, em
que conforme PPP’s anexos, constata-se a exposição a ruído acima do limite
estabelecido pela norma pertinente.

Todavia, verifica-se que no presente caso, a recorrida informa


que o tempo de contribuição apurado até a data de entrada no alusivo benefício
corresponde a 28 anos, 04 meses e 16 dias, porém, tal contagem não prevalece haja vista
que de acordo com a contagem abaixo transcrita, sem considerar os períodos laborados
em condições especiais, o recorrente possui mais de 30 anos de contribuição, senão
vejamos:

Data Início Data Final C/E Ano Mês Dia


           
29/03/1976 29/05/1976   0 2 1
21/06/1976 21/03/1981   4 9 1
11/05/1981 28/02/1989   7 9 18
10/05/1989 20/12/1989   0 7 11
10/04/1990 23/05/1990   0 1 14
24/01/1991 04/03/1993   2 1 11
01/03/1993 06/02/1996   2 11 6
22/07/1996 13/02/1998   1 6 22
16/02/1998 29/03/2004   6 1 14
03/08/2004 06/07/2005   0 11 4
18/11/2005 30/06/2010   4 7 13
15/02/2011 01/08/2012   1 5 17
01/08/2013 29/04/2014   0 8 29
           
Total   33 11 11

Ocorre que, no caso em tela, os períodos laborados em


condições especiais não foram enquadrados pela recorrida, sendo que o recorrente
sempre esteve exposto a agentes físicos nocivos a sua saúde, sendo que em todos os
pactos laborais do mesmo, esteve em contato permanente e integro a ruído acima do
permitido normas pertinentes ao alusivo agente, conforme se verifica nos PPP’s anexos.

Outrossim, valido dispor a contagem com enquadramento dos


períodos laborados em condições insalubres que devem ser considerados como
especiais, vejamos:

Data Início Data Final C/E Ano Mês Dia


           
29/03/1976 29/05/1976   0 2 1
21/06/1976 21/03/1981   4 9 1
11/05/1981 28/02/1989 E 10 11 1
10/05/1989 20/12/1989 E 0 10 9
10/04/1990 23/05/1990   0 1 14
24/01/1991 04/03/1993 E 2 11 15
01/03/1993 06/02/1996 E 4 1 8
22/07/1996 13/02/1998 E 2 2 6
16/02/1998 29/03/2004 E 8 6 25
03/08/2004 06/07/2005   0 11 4
18/11/2005 30/06/2010   4 7 13
15/02/2011 01/08/2012   1 5 17
01/08/2013 29/04/2014   0 8 29
           
Total   42 4 23

Ressalta-se que no período laborado junto a empresa GLOBAL


ALIMENTOS E BEBIDAS, encerrou suas atividades na cidade de Matão/SP, onde o
mesmo laborou, não conseguindo as informações e documentos do alusivo interregno,
porém, neste período o recorrente laborava exposto a agente físicos ruído e frio,
devendo o mesmo ser enquadrado também como especial.

Requer ante ao informado que para o reconhecimento do alusivo


período como especial, o recorrente se compromete a encontrar os meios de prova
cabíveis para comprovação do citado interregno, que por ventura se faço necessário e,
por conseguinte, seja solicitado.

Por oportuno, valido citar que até o Decreto nº 2.172/97


(05.03.1997) a classificação do agente nocivo físico ruído ocorria com uma exposição
permanente a níveis de ruído superior a 80 dB (A) (Decreto nº 53.831/64). Com a
edição do Decreto de 1997, passou a ser previsto que são insalubres as atividades
realizadas com “exposição permanente a níveis de ruído acima de 85 decibéis (NR 15)”.
Outrossim, com o advento do Decreto nº 4.882/03 (18.11.2003) foi confirmada a
classificação do agente nocivo físico ruído nos termos da NR 15, ou seja, de serem
consideradas insalubres as atividades realizadas a “níveis de exposição normalizados
(NEN) superiores a 85 dB (A)”.

Logo, pelo apurado constata-se que o requerente laborou em


condições nocivas a sua saúde haja vista que esteve exposto nos citados períodos em
condições nocivas a sua saúde, inclusive quanto aos níveis de ruído o qual esteve
exposto que ultrapassam no nível compatível para o desempenho salubre da referida
atividade, pelo período de sua jornada de trabalho, devendo tal período ser enquadrado
como especial.

Doravante, oportuno informar que o uso de Equipamento de


Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, não descaracteriza o
tempo de serviço especial prestado.

O fornecimento de equipamento de proteção individual ou


coletiva (EPI/EPC) não exclui a hipótese de exposição do segurado aos agentes nocivos
prejudiciais à sua saúde. Apenas será extinta a situação de reconhecimento de atividade
especial, quando os equipamentos de proteção individual ou coletiva eliminar, de forma
absoluta, a intensidade da exposição do segurado aos agentes prejudiciais à sua saúde ou
à sua integridade física.

Ressalta-se que, no caso específico de exposição ao ruído, o uso


de equipamento individual, mesmo eliminando a insalubridade, não irá descaracterizar o
tempo de serviço prestado pelo segurado como especial, ainda que tal equipamento seja
devidamente utilizado. A exposição habitual e permanente a níveis de ruído acima dos
limites de tolerância sempre caracteriza a atividade como especial, independentemente
da utilização, ou não, de EPI ou de menção, em laudo pericial, acerca da neutralização
de seus efeitos nocivos.

Doravante, salienta-se que o fato de o segurado ser obrigado a


usar equipamento de proteção individual não implica a exclusão do direito à
aposentadoria especial ou à conversão do tempo de serviço, uma vez que inexiste
previsão legal neste sentido.

Cumpre enaltecer que o simples fato do requerente vir a utilizar


equipamentos de proteção individual não descaracteriza a atividade como insalubre ou
perigosa, uma vez que esta proteção é obrigatória no desempenho de tais tarefas
consideradas como tal e as empresas que não os utilizam estariam daí agindo duma
forma ilegal. Logo, caso assim fosse, não haveria mais razão para a legislação vir a
conceder a Aposentadoria Especial ou a “conversão de tempo de serviço especial em
comum” uma vez que todos os trabalhadores estariam protegidos dos agentes agressivos
à sua saúde, no caso.

Portanto, constata-se inúmeros equívocos por parte da autarquia


por não reconhecer os períodos laborados em condição insalubre, logo especial, uma
vez que o período em destaque é nitidamente constatado por meio do conjunto
probatório anexo aos autos, cujo infortúnio impossibilitou a efetiva comprovação do
alusivo período, sendo infrutífera a decisão proferida pela autarquia.

Posto isto, merece a devida apreciação o presente caso, haja


vista a rigidez da documentação anexa, bem como a explícita implementação dos
requisitos exigidos por lei para a concessão do benefício requerido, logo, requer seja
reformada a presente decisão.

II – DO DIREITO

O benefício almejado é regulado pelos artigos 57 e seguintes da


Lei nº 8.213/91, in verbis:

“Art. 57 A aposentadoria especial será devida, uma vez


cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a
condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15
(quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei.

§ 1º A aposentadoria especial, observado o disposto no Art. 33


desta Lei, consistirá numa renda mensal equivalente a 100% (cem por cento) do salário-
de-benefício.

§ 2º A data de início do benefício será fixada da mesma forma


que a da aposentadoria por idade, conforme o disposto no Art. 49.

§ 3º A concessão da aposentadoria especial dependerá de


comprovação pelo segurado, perante o Instituto Nacional do Seguro Social–INSS, do
tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais
que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado.

§ 4º O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho,


exposição aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes
prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para a
concessão do benefício.

§ 5º (...)”
A presente é embasada também pelo artigo 102, inciso I, da
IN/INSS nº 84/2002, publicada no DOU de 23.12.2002 e republicada no DOU de
22.1.2003, in verbis:

“Art. 102. Os segurados inscritos no RGPS até 16 de dezembro


de 1998, data da publicação da Emenda Constitucional (EC) nº 20, inclusive os
oriundos de outro regime de Previdência Social, desde que cumprida a carência exigida,
terão direito à aposentadoria por tempo de contribuição nas seguintes situações:

I – aposentadoria por tempo de contribuição, conforme o caso,


com renda mensal no valor de cem por cento do salário-de-benefício, desde que
cumpridos:

a) 35 anos de contribuição, se homem;

b) 30 anos de contribuição, se mulher;

II – (...) (grifei)

A Instrução Normativa do INSS/PR nº 11/2006, que estabelece


critérios a serem adotados pela área de benefício do INSS, atualmente em vigor, repete as
Instruções Normativas anteriormente vigentes, determinando que:

- Art. 168. Qualquer que seja a data do requerimento dos benefícios


previstos no Regime Geral da Previdência Social - RGPS, as
atividades exercidas deverão ser analisadas, considerando no mínimo
os elementos obrigatórios do art.161 desta IN, conforme quadro a
seguir:
 
Período
Enquadramento
Trabalhado
Quadro Anexo ao Decreto nº 53.831, de 1964. Anexos I e II do RBPS,
aprovado pelo Decreto nº 83.080, de 1979.
Até 28/4/1995
Formulário; CP/CTPS; LTCAT, obrigatoriamente para o agente físico
ruído
Código 1.0.0 do Quadro Anexo ao Decreto nº 53.831, de 1964. Anexo I
De 29/4/1995 a do RBPS, aprovado pelo Decreto nº 83.080, de 1979.
13/10/1996 Formulário; LTCAT ou demais Demonstrações Ambientais,
obrigatoriamente para o agente físico ruído.
Código 1.0.0 do Quadro Anexo ao Decreto nº 53.831, de 1964. Anexo I
De 14/10/1996 do RBPS, aprovado pelo Decreto nº 83.080, de 1979.
a 5/3/1997 Formulário; LTCAT ou demais Demonstrações Ambientais, para todos
os agentes nocivos.
Anexo IV do RBPS, aprovado pelo Decreto nº 2.172, de 1997.
De 6/3/1997 a
Formulário; LTCAT ou demais Demonstrações Ambientais, para todos
31/12/1998
os agentes nocivos.
Anexo IV do RBPS, aprovado pelo Decreto nº 2.172, de 1997.
Formulário; LTCAT ou demais Demonstrações Ambientais, para todos
De 1º/1/1999 a os agentes nocivos, que deverão ser confrontados com as informações
6/5/1999 relativas ao CNIS para homologação da contagem do tempo de serviço
especial, nos termos do art. 19 e § 2º do art. 68 do RPS, com redação
dada pelo Decreto nº 4.079, de 2002.
Anexo IV do RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 1999.
Formulário; LTCAT ou demais Demonstrações Ambientais, para todos
De 7/5/1999 a os agentes nocivos, que deverão ser confrontados com as informações
31/12/2003 relativas ao CNIS para homologação da contagem do tempo de serviço
especial, nos termos do art. 19 e § 2º do art. 68 do RPS, com redação
dada pelo Decreto nº 4.079, de 2002.
Anexo IV do RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 1999.
Formulário, que deverá ser confrontado com as informações relativas ao
A partir de
CNIS para homologação da contagem do tempo de serviço especial, nos
1º/1/2004
termos do art. 19 e § 2º do art. 68 do RPS, com redação dada pelo
Decreto nº 4.079, de 2002.

§ 3º Quando for constatada divergência entre os registros constantes


na CTPS ou CP e no Formulário, esta deverá ser esclarecida, por
diligência prévia na empresa, a fim de verificar a evolução
profissional do segurado, bem como os setores de trabalho, por meio
de documentos contemporâneos aos períodos laborados.

 § 4º Em caso de divergência entre o formulário e o CNIS ou entre


estes e outros documentos ou evidências, o INSS deverá analisar a
questão no processo administrativo, com adoção das medidas
necessárias.

Art. 170. Deverão ser observados os seguintes critérios para o


enquadramento do tempo de serviço como especial nas categorias
profissionais ou nas atividades abaixo relacionadas:
 
§ 1º Também são considerados como tempo de serviço exercido
em condições especiais:
 
I funções de chefe, de gerente, de supervisor ou outra atividade
equivalente;
II os períodos em que o segurado exerceu as funções de servente,
auxiliar ou ajudante, de qualquer das atividades constantes dos
quadros anexos ao Decreto nº 53.831, de 1964, e ao Decreto nº
83.080, de 24 de janeiro de 1979, até 28 de abril de 1995: o
enquadramento será possível desde que o trabalho, nessas
funções, seja exercido nas mesmas condições e no mesmo
ambiente em que trabalha o profissional abrangido por esses
Decretos.
 
§ 2º Existindo dúvidas com relação à atividade exercida ou com
relação à efetiva exposição a agentes nocivos, de modo habitual e
permanente, não ocasional nem intermitente, a partir das
informações contidas no PPP e no LTCAT, quando estes forem
exigidos, e se for o caso nos antigos formulários mencionados no art.
162 desta IN, quando esses forem apresentados pelo segurado, poderá
ser solicitado pelo servidor do INSS esclarecimentos à empresa,
relativos à atividade exercida pelo segurado, bem como solicitar a
apresentação de outros registros existentes na empresa que
venham a convalidar as informações prestadas.

Destarte, pelo exposto, corrobora-se o direito da requerente a


aposentadoria especial ou, por conseguinte, por tempo de contribuição com o
enquadramento dos períodos laborados como especiais, uma vez que possui todos os
requisitos legais para a concessão do alusivo benefício.

III – DO PEDIDO

Diante do exposto, vem à presença de Vossa Senhoria,


encaminhar o presente Recurso Administrativo para que o pedido indeferido seja
novamente analisado e finalmente seja julgado procedente, concedendo o benefício
pleiteado ao requerente.

Nestes temos,
Pede Deferimento.

Local e data

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