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___________________________________Luis Fernando do Nascimento CREA/SP.

5062287600

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. JUIZ DA VARA DO


TRABALHO DE MOGI GUAÇU – SP

PROCESSO: 0001215-33.2012.5.15.0071

RECLAMANTE: José Carlos de Moraes

RECLAMADA: International Paper do Brasil Ltda

Luís Fernando do Nascimento, Engenheiro de


Segurança do Trabalho, registrado no CREA-SP sob o nº 5062287600, assistente
técnico do reclamante, respeitosamente vem perante V. Exa. apresentar seu
parecer técnico, composto por 30 páginas.

P. Deferimento

São João da Boa Vista. 23 de setembro de 2021

_____________________________________
Luis Fernando do Nascimento
Engenheiro de Segurança do Trabalho
CREA: 5062287600
____________________________________________________________________________________ 1
Rua: Abrahão Goulardins nº 354, Jd. São Salvador, São João da Boa vista/SP, fones (19)97122-8650
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PARECER TÉCNICO PERICIAL

Insalubridade

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Sumário
1. OBJETIVO DO PARECER TÉCNICO .........................................................................................4

2. IDENTIFICAÇÃO DA RECLAMANTE.......................................................................................4

3. IDENTIFICAÇÃO DA RECLAMADA.........................................................................................4

4. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ......................................................................................................5

5. OBJETIVO E METODOLOGIA ...................................................................................................6

6. DILIGÊNCIAS ...............................................................................................................................8

7. CRITÉRIO DAS AVALIAÇÕES...................................................................................................8

8. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE TRABALHO ................................................................................9

9. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES ................................................................................................9

9.1. TESTADOR DE CELULOSE – RECLAMANTE.......................................................................10

9.2. TESTADOR DE CELULOSE – RECLAMADA.........................................................................11

10. PESQUISA DE INSALUBRIDADE ............................................................................................15

10.1. AGENTES FÍSICOS ....................................................................................................................15

10.1.1. RUÍDO CONTÍNUO – ANEXO 1 ...............................................................................................15

10.1.2. EXPOSIÇÃO AO CALOR – ANEXO 3 ......................................................................................23

10.2. OUTROS AGENTES FÍSICOS ...................................................................................................26

10.3. AGENTES QUÍMICOS CUJA INSALUBRIDADE É CARACTERIZADA POR LIMITE DE

TOLERÂNCIA E INSPEÇÃO NO LOCAL DE TRABALHO - ANEXO 11.........................................26

10.4. LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA POEIRAS MINERAIS – ANEXO 12 .............................27

10.5. AGENTES QUÍMICOS – ANEXO 13.........................................................................................27

11. CONCLUSÃO ..............................................................................................................................29

12. ENCERRAMENTO......................................................................................................................30

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1. OBJETIVO DO PARECER TÉCNICO

Este Parecer Técnico tem por objetivo a Produção de


Prova Técnica na apuração da existência de Condições insalubres nos locais de
trabalho da reclamante em Processo de Reclamação Trabalhista registrado sob o
nº 0001215-33.2012.5.15.0071 na Única Vara de Trabalho de Mogi Guaçu – SP,
movida pelo Reclamante José Carlos de Moraes contra a Reclamada International
Paper do Brasil Ltda.

2. IDENTIFICAÇÃO DA RECLAMANTE

Nome: José Carlos de Moraes


Admitido em: 18/12/1986
Desligado em: 07/06/2010
Período de avaliação: 05/07/2007 a 07/06/2010
Setor: Branqueamento
Cargo: Testador de Celulose

3. IDENTIFICAÇÃO DA RECLAMADA

Nome: International Paper do Brasil Ltda


Cnpj: 52.736.949/0001-58
Endereço: Rodovia SP 340, Km 171
Birro: Vila Champion
Cidade: Mogi Guaçu – SP
Cep: 13845-901

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4. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Conforme consta na petição Inicial:


Alega o reclamante que foi contratado pela reclamada
no dia 18/12/1986, com anotação do contrato de trabalho em CTPS, para exercer
o cargo de ajudante prático, sendo promovido em 01/05/1989 para o cargo de
embalador de celulose, em 01/08/1994 para ajudante de celulose, em 01/10/1994
para testador de branqueamento e em 01/01/1997 para testador de celulose, cargo
este que exerceu até a data de sua dispensa injustificada no dia 07/06/2010.
O reclamante pleiteia o adicional de insalubridade pelo
período imprescrito de 05/07/2007 a 07/06/2010 em decorrência das atividades
exercidas no cargo de testador de celulose, por se ativar exposto aos agentes de
risco físico ruído e calor, e os agentes de risco químico dióxido de cloro e soda
cáustica.
Informa o reclamante que sempre laborou no setor de
branqueamento onde suas atividades basicamente consistiam em coletar amostras
do digestor, e nesse ponto fazia a coleta de licor negro, quando realizava um
exame residual nesse licor para verificar a quantidade de soda que havia nele,
realizava teste de PH para a verificação se era alcalino ou ácido, coletava
amostras de cavacos para leva-los até o laboratório central.
Informa que que na parte de lavagem realizava a
condutividade, verificava a cor que se encontrava a massa, sendo certo que tinha
que subir até o lavador, coletar amostras e realizar os testes.
Informa que trabalhava também no setor de
deslignificação (processo para melhorar o branqueamento da celulose), onde

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realizava o teste chamado kapa, quando era coletada a amostra, ou seja, um


líquido para testar o PH.
Informa ainda que trabalhava também no
branqueamento da celulose, onde coletava um pedaço de amostra de cada lavador,
fazia folhinha para alvura para verificar viscosidade, e realizava também teste de
por cento seco, bem como realizava outras atividades do gênero, ou seja, fazia
teste de produtos onde se fizesse necessários na produção de celulose.

5. OBJETIVO E METODOLOGIA

O objetivo deste Parecer Técnico Pericial é concluir com


base na verificação e análise das atividades e condições de trabalho do
Reclamante, se este trabalhava em atividades e operações insalubres enquanto
laborava para a Reclamada.
A metodologia utilizada segue impreterivelmente o que
estabelecem as Normas Regulamentadoras de n° 15 e 16, aprovada pela Portaria
3.214 de 12/04/78, baseando-se em todos os seus anexos, como:
INSALUBRIDADE

São consideradas insalubres as atividades e operações


que se desenvolvem:
• Anexo 01 – ruído contínuo ou intermitente;
• Anexo 02 - ruído de impacto;
• Anexo 03 – calor;
•Anexo 04 – Iluminação (revogado pela portaria
3571/1990);

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• Anexo 05 – radiações ionizantes;


• Anexo 06 – trabalhos sob pressões hiperbáricas;
• Anexo 07 – radiações não ionizantes;
• Anexo 08 – vibrações;
• Anexo 09 – frio;
• Anexo 10 – umidade.
• Anexo 11 – agentes químicos;
• Anexo 12 – poeiras minerais.
• Anexo 13 – atividades com agentes químicos;
• Anexo 14 – agentes biológicos.
Caso haja o exercício de trabalhos em condições de
insalubridade, de acordo com os itens acima os trabalhadores têm o direito ao
adicional de insalubridade, incidente sobre o salário mínimo da região como
segue:
• 40% para insalubridade de grau máximo;
• 20% para insalubridade de grau médio;
• 10% para insalubridade de grau mínimo.
Só tem direito sobre o grau mais elevado em caso de
incidência de mais de um fator, ou seja, é vedada a percepção cumulativa.
A eliminação ou neutralização da insalubridade se dá
caso, nos termos da NR –15, ocorrer às diretrizes constantes no item 15.4.1:
a) Adoção de medidas de ordem geral; que conservem o
ambiente de trabalho dentro dos padrões de limite de tolerância.
b) Utilização de Equipamento de proteção Individual.
Da mesma forma foram obedecidas todas as disposições
contidas nos artigos 429 e seguintes do CPC para a produção dessa prova técnica.

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6. DILIGÊNCIAS

Dia: 13/09/2021
Hora: 08h00min
Local: Sede da Reclamada – Unidade – Mogi Guaçu - SP

Participantes:

Sr. José Carlos de Moraes – Reclamante


Sr. José Henrique Manzoli Sassaron – Advogada Reclamante
Sr. Antônio Carlos Dante Junior – Perito Judicial
Sr. Paulo Henrique Maciel Bailly – Assistente Técnico Reclamada
Sr. Wilson José Dorta de Oliveira - Advogado da Reclamada
Sr. Ricardo Alexandre Bino – Supervisor de Produção Reclamada
Sr. Leandro Carlos Rezende – Técnico de Segurança Reclamada
Sra. Maria Jacira Cardoso – Operador de Campo Planta Química

7. CRITÉRIO DAS AVALIAÇÕES

-Análise criteriosa de todas as atividades realizadas pela Reclamante


-Análise de todas as documentações apresentadas aos autos
-Análise e visita ao local do pacto laboral
-Informações apresentadas em diligência
-Utilizou-se das faculdades que lhe conferem o Artigo 429 do CPC
-Ouviu a todos presentes

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8. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE TRABALHO

Todas as atividades e operações do reclamante foram


devolvidas nas dependências da Reclamada em barracão tipo industrial,
fechamentos laterais em alvenaria, piso de concreto, com iluminação e ventilação
natural e artificial.

9. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES

Período de trabalho – 18/12/1986 a 07/06/2010


Período Imprescrito – 05/07/2007 a 07/06/2010
Setor – Branqueamento
Função – Testador de Celulose

Observações:
O laboratório onde o reclamante ativava-se não existe
mais e foi realocado para outro departamento.
A função do reclamante não existe mais.
O ponto de coleta onde o reclamante afirma haver
contato com o agente químico dióxido de cloro foi desativado.
Conforme relato da reclamante e sem controvérsia da
parte reclamada, expõe-se as atividades do reclamante
O reclamante durante todo o período imprescrito,
executou suas funções como testador de celulose onde eram realizadas as
seguintes atividades:

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Realização de análises físico químicas em amostras de


licor e massas no laboratório;
Realização de coleta de licor e massar em pontos pré
determinados nos setores de branqueamento, lavagem, deslignificação e digestor.

9.1. TESTADOR DE CELULOSE – RECLAMANTE

Durante o seu labor o reclamante sempre atuou em


turnos de revezamento no formato de 6x2 e 6x4.
Fazia parte das suas funções a realização em laboratório
dos testes de condutividade, alvura, % seco, grau baumé (densidade), gramatura,
ph e teste Kappa. Todos os testes ocorriam por várias vezes durante o turno de
trabalho do reclamante de acordo com a necessidade do processo produtivo.
A duração dos testes varia de acordo com a
complexidade de cada um, e o procedimento a ser seguido, com uma duração de 5
a 30 minutos entre o teste mais rápido (ph) e o mais demorado (teste Kappa),
onde para a realização dos testes supra mencionados fazia-se o uso dos reagentes
químicos Ácido Sulfúrico, Tiossulfato de Sódio, Cloreto de Bário, Ácido
Clorídrico e Permanganato de Potássio, todos utilizados em concentrações
diluídas.
Os pontos de coletas das amostras eram pré-
determinados nos setores do digestor, deslignificação, lavagem e branqueamento,
onde uma das funções do reclamante era deslocar-se até esses pontos de coleta em
campo, realizava a coleta e voltava para o laboratório para realização dos testes,
após a finalização dos mesmos emitia e lançava em sistema os resultados, e ou
passava para seu superior, e novamente voltava a campo nova rodada de coleta de
amostras e posteriormente a realização de novos testes.
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Segundo o reclamante os tempos de coleta varia de


acordo com o local, onde a coleta mais rápida dura cerca de 3 minutos e as coletas
que demandam mais tempo são feitas nos lavadores que duram cerca de 12 a 15
minutos.
Afirma o mesmo que durante a execução das coletas
mantinha contato permanente com os agentes de risco calor, ruído, dióxido de
cloro e soda cáustica, e que o local com maior sobrecarga térmica (calor) era as
coletas nos lavadores, que eram aproximadamente 6 pontos com uma duração
média de 12 a 15 minutos.
Informou o reclamante que durante sua jornada de
trabalho entre laboratório e coletas em campo, o tempo de permanência era de
aproximadamente 40% em laboratório e 60% em campo entre coletas e
deslocamento, totalizando 3,2hs em laboratório e 4,8hs em campo.
Segundo o reclamante só foram fornecidos os EPI’s que
estavam anotados em fichas e acostados nos autos pela reclamada.

9.2. TESTADOR DE CELULOSE – RECLAMADA

Afirma que forneceu os equipamentos de proteção


necessários.
Concorda que a duração dos testes varia de acordo com
a complexidade de cada um, e o procedimento a ser seguido, com uma duração de
5 a 30 minutos entre o teste mais rápido (ph) e o mais demorado (teste Kappa), e
que os tempos de coleta varia de acordo com o local, onde a coleta mais rápida
dura cerca de 3 minutos e as coletas que demandam mais tempo são feitas nos
lavadores que duram cerca de 12 a 15 minutos.

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Concorda que durante sua jornada de trabalho entre


laboratório e coletas em campo, o tempo de permanência era de aproximadamente
40% em laboratório e 60% em campo entre coletas e deslocamento, totalizando
3,2hs em laboratório e 4,8hs em campo.
Informou que não possui avaliação ambiental dos riscos
químicos mencionados pelo reclamante a época que o mesmo laborava na
reclamada em relação aos agentes dióxido de cloro e soda cáustica.

Abaixo os registros fotográficos.

Local onde era o laboratório que o reclamante desenvolvia suas atividades.


Atualmente de tornou um escritório.

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Pontos de Coletas

Pontos de Coleta

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Pontos de Coleta

Reagentes Químicos
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10.PESQUISA DE INSALUBRIDADE

10.1. AGENTES FÍSICOS

10.1.1. RUÍDO CONTÍNUO – ANEXO 1

Para as medições de Ruído Continuo foi utilizado um


instrumento de medição do nível de pressão sonora em decibéis (dBA) o
Dosímetro da marca Instrutherm, modelo DOS 500 com N° de série 070614055
com certificado de calibração N° 200959/2021, onde as leituras foram feitas em
decibéis (dB) com instrumento de nível de pressão sonora operando no circuito de
compensação "A" e circuito de resposta lenta (SLOW). As leituras foram feitas
próximas ao ouvido.
A Portaria MTb n.º 3.214, de 08 de junho de 1978, NR
15 em seu Anexo 01, estabelece os limites de tolerância para ruído contínuo e
intermitente.
1. Entende-se por Ruído Contínuo ou Intermitente, para os fins de aplicação de
Limites de Tolerância, o ruído que não seja ruído de impacto.
2. Os níveis de ruído contínuo ou intermitente devem ser medidos em decibéis
(dB) com instrumento de nível de pressão sonora operando no circuito de
compensação "A" e circuito de resposta lenta (SLOW). As leituras devem ser
feitas próximas ao ouvido do trabalhador.
3. Os tempos de exposição aos níveis de ruído não devem exceder os limites de
tolerância fixados no Quadro deste anexo.
4. Para os valores encontrados de nível de ruído intermediário será considerada a
máxima exposição diária permissível relativa ao nível imediatamente mais
elevado.
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5. Não é permitida exposição a níveis de ruído acima de 115 dB(A) para


indivíduos que não estejam adequadamente protegidos.
6. Se durante a jornada de trabalho ocorrerem dois ou mais períodos de exposição
a ruído de diferentes níveis, devem ser considerados os seus efeitos combinados,
de forma que, se a soma das seguintes frações:
C1/T1 + C2/T2 + C3/T3 +.......+ Cn/Tn > 1, a exposição estará acima do limite
de tolerância
Cn = indica o tempo total que o trabalhador fica exposto a um nível de ruído
específico.
Tn = indica a máxima exposição diária permissível a este nível, segundo o
Quadro deste Anexo.
7. As atividades ou operações que exponham os trabalhadores a níveis de ruído,
contínuo ou intermitente, superiores a 115 dB(A), sem proteção adequada,
oferecerão risco grave e iminente.
LT = Limite de Tolerância é a concentração ou intensidade máxima ou mínima,
relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará
danos à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral.
Abaixo a tabela de limites de tolerância para
permanência em áreas cujo nível de pressão sonora é elevado, a tabela abaixo
demonstra os limites de tolerância para o agente ruído.

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Anexo n°1 da NR 15 (Portaria MTb 3214/78)


NÍVEL DE RUÍDO MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIA
DB (A) PERMISSÍVEL
85 8 horas
86 7 horas
87 6 horas
88 5 horas
89 4 horas e 30 minutos
90 4 horas
91 3 horas e 30 minutos
92 3 horas
93 2 horas e 40 minutos
94 2 horas e 15 minutos
95 2 horas
96 1 hora e 45 minutos
98 1 hora e 15 minutos
100 1 hora
102 45 minutos
104 35 minutos
105 30 minutos
106 25 minutos
108 20 minutos
110 15 minutos
112 10 minutos
114 8 minutos
115 7 minutos

A dosimetria de ruido realizada na época que o


reclamante exerceu suas funções, apresentada pela reclamada (ID.bb2ab55 – Pág.
27), obteve um resultado de 85,4 dB(A) para 8 horas de exposição, e, portanto,
demonstrou que esse valor está acima do limite de tolerância para a jornada de
trabalho do reclamante e consequentemente faz se necessário o uso de protetor
auditivo.
Para efeito de prova no dia de diligência foi realizado
medições no campo que serão apresentados abaixo.

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O nível de ruído apurado no dia da perícia no antigo


laboratório que foi desativado foi de 74,3 dB(A) e a média de ruído apurado em
campo, onde permanecia para efetuar as coletas foi de 92,5 dB(A)

Gráfico nível de ruído em dB(A)


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Resultados obtidos durante a diligência

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Dosimetria: Média de todas as leituras


Nível de Ruído: 92,5 dB(A)
LT: 85 dB
Foi concluído no ato da perícia que o reclamante durante
sua jornada de trabalho permanecia cerca de 40% do tempo em laboratório
realizando análises e teste e 60% em campo efetuando coletas e em deslocamento
pelas áreas.
Conforme asseverado pela metodologia da NR 15 em
seu Anexo 1:
“Se durante a jornada de trabalho ocorrerem dois ou
mais períodos de exposição a ruídos de diferentes
níveis, devem ser considerados os seus efeitos
combinados de forma que , se a soma da seguintes
frações – C1/T1 + C2/T2 + C3/T3 + .......+ Cn/Tn > 1,
a exposição estará acima do limite de tolerância”.

Valores abaixo de 80 dB(A) não serão considerados em


função do limiar de integração para cálculo de dose.
Consoante a tabela N° 1 do Anexo 1 da NR 15, o tempo
máximo de exposição para o nível de ruído de 92,5 dB(A) é de 2 horas e 40
minutos ou 180 minutos.
O tempo de permanência do reclamante em campo era
de 60% de sua jornada, que corresponde 4horas e 48 minutos ou 288 minutos.
Calculando C1/T1 (288/180) temos uma dose de 1,6, e consequentemente a
exposição está acima do limite de tolerância conforme asseverado pela
metodologia e legislação vigente.

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Com os resultados apurados tanto na perícia, quanto nos


documentos acostados nos autos pela reclamada fica cristalino que o ambiente em
que laborou o reclamante era insalubre e, portanto, tinha a necessidade do
fornecimento de EPI para a atenuação do agente de risco ruído, e com isso
eliminar a exposição do reclamante a tal a agente insalubre.
No entanto afirmou o reclamante no dia das diligências
que nunca foi fornecido pela reclamada protetores auditivos para sua proteção
contra o agente de risco ruído, fato esse que pode ser observando na ficha de
EPI’s do reclamante, acostado nos autos pela reclamada nas Fls.: 437
(ID.bb2ab55 – Pag. 29), Fls.: 443 (ID.bb2ab55 – Pag. 35), Fls.: 445 (ID.bb2ab55
– Pag. 37), Fls.: 447 (ID.bb2ab55 – Pag. 39), Fls.: 449 (ID.bb2ab55 – Pag. 41),
que não apresenta qualquer evidência do fornecimento de protetor auditivo pela
reclamada como preconiza a NR 6 em sua redação:

6.3 A empresa é obrigada a fornecer aos empregados,


gratuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito
estado de conservação e funcionamento, nas
seguintes circunstâncias:
a) sempre que as medidas de ordem geral não
ofereçam completa proteção contra os riscos de
acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e
do trabalho;
b) enquanto as medidas de proteção coletiva
estiverem sendo implantadas; e,
c) para atender a situações de emergência.

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Capítulo 6.6.1 - Cabe ao empregador quanto ao EPI:


alínea d, “orientar e treinar o trabalhador sobre o
uso adequado, guarda e conservação”.

Foram anexadas a fichas de entregas EPI’s


demonstrados abaixo:
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
DATA EPI CA QUANTIDADE
LUVA LATEX
18/05/2009 1555 5
AMARELA
SAPATO DE
27/07/2009 13625 1
SEGURANÇA
LUVA LATEX
13/10/2009 1555 3
AMARELA
22/10/2009 JALECO BRANCO 2
LUVA LATEX 5
11/11/2009 1555
AMARELA
LUVA LATEX
13/01/2010 1555 1
AMARELA
SAPATO DE 1
13/01/2010 13625
SEGURANÇA

Portanto, por não haver comprovação do fornecimento


regular, troca habitual, treinamento quanto ao uso de EPI’s fica evidente que o
reclamante por todo o período laborou em ambiente insalubre por exposição ao
agente de risco ruído.

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10.1.2. EXPOSIÇÃO AO CALOR – ANEXO 3

A avaliação calor foi feito através do Medidor de Stress


Térmico da marca Instrutherm, modelo TGD-200.
Para a verificação ou não de ambiente insalubre por
exposição ao calor do reclamante, o local com maior sobrecarga térmica (calor)
evidenciado, foi a coleta de amostras do lavador onde a amostragem dos pontos
tinha uma duração média aproximada de 15 minutos em função do número de
coletas.
O restante do tempo do ciclo (60 minutos) é
compreendido entre deslocamento e testes no antigo laboratório que possuem
IBUTG ameno.
O valor obtido foi de 31,5 IBUTG.
O procedimento de coleta nesses lavadores consiste em
subir pelas escadas ate a porta de visitas de cada lavador, abri-las, e com auxílio
de uma mini pá retirar um pedaço da massa com cerca de 15 a 20 cm, e
posteriormente efetuar as analises protocolares das mesmas. Esta atividade
conforme Quadro 3 do Anexo 3 da NR 15 esta atividade é considerada moderada.

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QUADRO N.º 3
TAXAS DE METABOLISMO POR TIPO DE ATIVIDADE
Kcal/h
TIPO DE ATIVIDADE
SENTADO EM REPOUSO 100
TRABALHO LEVE
Sentado, movimentos moderados com braços e tronco (ex.: datilografia). 125
Sentado, movimentos moderados com braços e pernas (ex.: dirigir). 150
De pé, trabalho leve, em máquina ou bancada, principalmente com os braços. 150
TRABALHO MODERADO
Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas. 180
De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma movimentação. 175
De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma movimentação. 220
Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar. 300
TRABALHO PESADO
Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos (ex.: remoção com pá). 440
Trabalho fatigante 550

Para a avaliação no ambiente mais crítico do reclamante


quanto ao agente de risco físico calor o valor obtido de 31,5 IBUTG está acima
do limite de tolerância preconizado no Quadro N° 1 do Anexo 3 da NR 15 onde
o intervalo de limite é de 29,5 a 31,1 IBUTG como mostra o quadro abaixo, e,
portanto, caracterizando atividade de testador de celulose como insalubre.

QUADRO N.º 1
TIPO DE ATIVIDADE

REGIME DE TRABALHO INTERMITENTE


LEVE MODERADA PESADA
COM DESCANSO NO PRÓPRIO LOCAL
DE TRABALHO (por hora)
Trabalho contínuo até 30,0 até 26,7 até 25,0
45 minutos trabalho
30,1 a 30,5 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9
15 minutos descanso
30 minutos trabalho
30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9
30 minutos descanso
15 minutos trabalho
31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0
45 minutos descanso
Não é permitido o trabalho, sem a adoção de
acima de 32,2 acima de 31,1 acima de 30,0
medidas adequadas de controle
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Registro fotográfico:

Pontos de coleta lavadores

Avaliação de calor

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10.2. OUTROS AGENTES FÍSICOS

Não foi verificado a exposição do reclamante a outros


agentes físicos insalubres constantes da NR 15.

Não havia exposição a:


✓ Ruído de Impacto – Anexo 2
✓ Exposição ao Calor – Anexo 3
✓ Radiações ionizantes – Anexo 5
✓ Trabalho sob pressões hiperbáricas – Anexo 6
✓ Radiações não ionizantes – Anexo 7
✓ Vibrações – Anexo 8
✓ Frio – Anexo 9
✓ Umidade – Anexo 10

10.3. AGENTES QUÍMICOS CUJA INSALUBRIDADE É


CARACTERIZADA POR LIMITE DE TOLERÂNCIA E INSPEÇÃO
NO LOCAL DE TRABALHO - ANEXO 11

O reclamante alega na petição inicial e foi confirmado


no dia das diligências que a época que o mesmo laborava para a reclamada, tinha
contato habitual com o agente químico dióxido de cloro.
Esse agente consta no Quadro nº 1 do Anexo 11 da NR
15 como insalubre, e também possui limites de tolerância para que seja verificado
se o ambiente onde existe a exposição ao mesmo é insalubre ou não.

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No entanto o ponto de coleta onde o reclamante tinha


contato com tal agente não existe mais, ficando assim impossibilitado a
verificação da existência ou não do contato com tal agente.
Questionado a reclamada, a mesma afirmou que não
possui nenhum laudo ambiental de levantamento de agentes químicos para o setor
ou ponto de coletas onde o reclamante laborava na época, documento esse que
pela legislação deveria constar no PPRA da empresa.
A reclamada também não apresentou o PPRA do
período imprescrito como condicionada pelo Exmo. Sr. Juiz em seu despacho
(ID. b1eb807 - Pág. 3), documento esse que contem informações importantes a
respeito da função do reclamante e os agentes ao qual o mesmo esteve exposto,
considerando a impossibilidade de uma avaliação in loco da exposição ou não do
dióxido de cloro.
Portanto fica prejudicado a avaliação ao agente
químico dióxido de cloro.

10.4. LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA POEIRAS MINERAIS –


ANEXO 12

Riscos inexistentes nas áreas periciadas.

10.5. AGENTES QUÍMICOS – ANEXO 13

Afirma o reclamante que durante toda sua jornada


mantinha contato com o agente de risco hidróxido de sódio (soda cáustica) no
momento das coletas, e ou manuseio das amostras coletadas.

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Realmente quase que em sua totalidade o processo


produtivo de papel e celulose faz-se o uso do referido produto químico, mas o
mesmo ocorre de forma diluída durante todo o processo ou mesmo é consumido
ou transformado, e por esta razão em alguns pontos de coleta há o
desprendimento de grande quantidade de vapores de água, e que pela sua baixa
concentração não se enquadra como álcali cáustico.
Durante os testes químicos em laboratório o reclamante
fazia uso de diversos produtos químicos, em destaque o Ácido Sulfúrico que
ensejaria o direito ao adicional de insalubridade por sua exposição, mas o mesmo
era utilizado em uma concentração muito baixa e portanto com baixo grau de
risco ao colaborador, e além disso não havia contato direto com o agente pois o
mesmo é manuseado através de uma pipeta eletrônica (vide foto), e o reclamante
também fazia uso de luvas de látex para tal atividade, e portanto fica
descaracterizado a insalubridade por exposição a agentes químicos.

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11.CONCLUSÃO

Por todo o exposto nos itens anteriores, nas análises


quantitativas e qualitativas das atividades e dos locais de trabalho do reclamante,
conclui-se pelo que segue:

EXPOSIÇÃO A AGENTES INSALUBRES – NR 15

Em meu entendimento fica caracterizado que por todo o


período laborativo imprescrito o reclamante esteve exposto ao agente de risco
físico ruído, e ao agente de risco físico calor, portanto, caracterizando a
atividade em condições de insalubridade em grau médio, em conformidade
com os Anexos 1 e 3 da NR 15, Portaria 3.214 de 08 de junho de 1978.
.

Diante disso:
Cabe ao magistrado, após o depoimento das partes, oitiva das
testemunhas e análise dos documentos juntados nos autos, com
fundamento na legislação, na doutrina e na jurisprudência, prolatar
sentença segundo suas convicções.

É o que tinha para dizer.

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12.ENCERRAMENTO

Certo de que foram providenciados todos os elementos


imprescindíveis ao correto desempenho da honrosa função, dá esse Assistente
Técnico por encerrado o seu trabalho cujo laudo é composto por 30 (trinta)
folhas.

São João da Boa Vista, 23 de setembro de 2021

__________________________________
Luis Fernando do Nascimento
Eng. de Segurança do Trabalho
CREA - 5062287600

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