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AO JUÍZO DA DÉCIMA SÉTIMA VARA DO TRABALHO DE BRASILIA,

DISTRITO FEDERAL.

Processo nº. 0000316-10.2021.5.08.0105

PARECER TÉCNICO EMITIDO PELO ENGENHEIRO RUBENS MOREIRA


PAIXÃO e anexo aos autos.
(fundamentação técnica e quesitos complementares)

PROCESSO Nº.: 0000316-10.2021.5.08.0105


RECLAMANTE: FERNANDO ANTONIO MIRANDA DE
VASCONCELOS
RECLAMADA: CONSTRUTORA MEIRELLES MASCARENHAS
LTDA

Rubens Moreira Paixão Engenheiro de Segurança do Trabalho e assistente técnico da


Reclamada, compromissada com a verdade, vem através dessa apresentar seu Laudo
Pericial de Periculosidade.
Agradecendo a honrosa indicação, coloco-me ao inteiro dispor de V. Exa. e das partes
para outros esclarecimentos que se fizerem necessários,
Respeitosamente,
Brasília, 14 de outubro de 2022

Rubens Moreira Paixão


Engenheiro de Segurança do Trabalho
Supervisor de Bombeiro Civil
Assistente Técnico da Reclamada
CREA 27012/D-DF
Preâmbulo:
A. Identificação Responsável e Assistente Técnica

Nome: Rubens Moreira Paixão


Pós-graduado Lato Sensu em Engenharia de Segurança do Trabalho – Universidade
Cruzeiro do Sul – DF, Pós-graduado Lato Sensu Higiene Ocupacional - FACULDADE
UNYLEYA, Pós-graduada Lato Sensu Contra Incêndio e Panico - INSTITUTO PRO
MINAS, Graduado em Engenharia Civil – UNIPLAN-DF, Supervisor de Bombeiro Civil
– CBM/DF, Técnico em Segurança do Trabalho – IFMA – MA.

Identidade: CREA 27012/D-DF, PRO-S/216-21 -DF.


B. Identificação da Pericianda:
Nome: FERNANDO ANTONIO MIRANDA DE VASCONCELOS
CPF: 799.830.651-34
Profissão: Piloto de Aeronaves

D. Da Perícia
Data e hora da perícia:
A perícia realizou-se no dia 19/09/2022
Local da Perícia:
Endereço: Lago Sul, Brasília - DF.
CEP: 71.608-900

Objetivo da Perícia:
Trata-se de Laudo Pericial de Periculosidade de Assistente Técnico Oficial de Engenharia,
Sr. Rubens Moreira Paixão, por meio da qual apresenta os critérios técnicos utilizados,
para apuração de indevido direito de concessão de benefício de adicional de
periculosidade durante o contrato laborativo do Reclamante com a Reclamada.

Metodologia:
Os trabalhos aqui apresentados basearam se em levantamento e inspeção técnica, in loco,
em local de trabalho onde a Reclamante laborava. As análises qualitativas foram
realizadas de acordo com as legislações e normas técnicas vigentes para a Segurança e
Medicina do Trabalho.

Histórico
A. Dados Documentais:
Da documentação que nos foi facultada e é pertinente à perícia de periculosidade
constam:
Conforme está na inicial do processo o reclamante foi admitido pela primeira vez em
26/12/2016 dispensado sem aviso prévio em 24/08/2021 na função de comandante de
aeronave, rescisão indireta do contrato 30/06/2017. Relata que trabalhou em condições
perigosas percebendo adicional de periculosidade.
B. Das atividades da Reclamada:
A Reclamada tem sua atividade reconhecida como enquadramento de CONSTRUTORA,
atendendo pela Razão Social CONSTRUTORA MEIRELLES.

Da Perícia de Local

A perícia de local ocorreu sem nenhum conflito. O RECLAMANTE compareceu ao local


com seu advogado, e o perito acompanhado de assistente técnico.
O primeiro momento da perícia ocorreu na sala do Hangar Vip do Aeroporto Internacional
de Brasília, onde foram feitos alguns questionamentos pelo Perito Oficial, sobre a rotina
de trabalho.
Quando satisfeito com as perguntas, seguimos para o a área de estacionamento das
aeronaves, onde o Perito Oficial e Assistente Técnico realizaram algumas fotografias das
aeronaves e local de entrada de combustível das aeronaves, enfatizo que em nenhum
momento o Perito Oficial solicitou simulação das atividades do piloto, para assim ser
confrontado visualmente as ações com a descrição de atividade do reclamante, restando,
portanto, somente a descrição apresentada pelo RECLAMANTE.

Descrição das atividades da Reclamante:

Segundo a descrição de cargo apresentada, pelo Reclamante durante a perícia, o


mesmo realizava rotineiramente as atividades laborais:
1) Manutenção preventiva e corretiva de pequeno porte nas aeronaves;
2) Acompanhava outras manutenções de caráter mecânico;
3) Acompanhava o abastecimento de combustível das aeronaves próximo ao local,
caracterizando assim como dentro de zona de risco;
4) Atividade de pilotagem de aeronave.

Introdução

A Constituição Federal de 1988, nos termos do seu artigo 7º, caput e inciso XXII,
assegurou, definitivamente, aos trabalhadores urbanos e rurais, o direito a um ambiente
de trabalho mais saudável e mais seguro e o fez determinando a publicação de normas de
saúde, higiene e segurança. O objeto de proteção da norma constitucional é a saúde do
trabalhador na sua forma mais ampla, é a busca do completo “bem-estar físico, mental e
social”.
Da mesma forma, em seu inciso XXIII, garantiu a todos os trabalhadores, o direito à
percepção de adicionais de remuneração, diante da impossibilidade de oferta de um
ambiente livre de agentes nocivos e diante do exercício de atividades classificadas como
penosas, insalubres ou perigosas.
A legislação define as atividades ou operações perigosas como todas aquelas que, pela
natureza ou métodos de trabalho, coloquem o trabalhador em contato permanente com
explosivos, eletricidade, materiais que dispersem radiações ionizantes, substâncias
radioativas ou materiais inflamáveis em condições de risco acentuado, ou ainda, que
envolvam a necessidade de utilização de motocicleta como meio de transporte. As
atividades laborais insalubres são aquelas que expõem os empregados a agentes nocivos
à saúde, acima dos limites legais permitidos, são classificados como de grau máximo,
médio ou mínimo e o conferem adicionais é de 40%, 20% e 10%, respectivamente, sobre
o salário mínimo.
Qualquer dessas exposições pode determinar agravos à saúde do trabalhador. Para efeito
jurídico uma atividade somente é reconhecida como insalubre ou perigosa quando
incluída no rol editado pelo Ministério do Trabalho e Emprego - MTE.
A CLT, através dos artigos 189 a 192 e 193 a 197, assim disciplina questões relacionadas
à insalubridade e periculosidade:
Art. 189 - Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua
natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos
à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do
agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. (Redação dada pela Lei nº 6.514, de
22.12.1977).
....................................................................................................................
Art. 190 - O Ministério do Trabalho aprovará o quadro das atividades e operações
insalubres e adotará normas sobre os critérios de caracterização da insalubridade, os
limites de tolerância aos agentes agressivos, meios de proteção e o tempo máximo de
exposição do empregado a esses agentes. (Redação dada pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977)
Parágrafo único - As normas referidas neste artigo incluirão medidas de proteção do
organismo do trabalhador nas operações que produzem aerodispersóides tóxicos,
irritantes, alérgicos ou incômodos. (Redação dada pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977).
Art. 191. A eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá: (Redação dada pela
Lei nº 6.514, de 22.12.1977).

I - com a adoção de medidas que conservem o ambiente do trabalho dentro dos limites de
tolerância; (Incluído pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977)

II - com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador, que diminuam


a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância.

Art. 192 - O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de tolerância
estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de adicional respectiva-
mente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário-
mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo. (Redação
dada pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977)

Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação


aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou méto-
dos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do tra-
balhador a: Redação dada pela Lei nº 12.740, de 2012)

I - inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; (Incluído pela Lei nº 12.740, de 2012)


II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança
pessoal ou patrimonial. (Incluído pela Lei nº 12.740, de 2012)

§ 1º - O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um adicional de


30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prê-
mios ou participações nos lucros da empresa. (Incluído pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977)

§ 2º - O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja
devido. (Incluído pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977)

§ 3º Serão descontados ou compensados do adicional outros da mesma natureza eventu-


almente já concedidos ao vigilante por meio de acordo coletivo. (Incluído pela Lei nº 12.740,
de 2012) .

§ 4o São também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em motocicleta. (In-


cluído pela Lei nº 12.997, de 2014)

Art. 194 - O direito do empregado ao adicional de insalubridade ou de periculosidade ces-


sará com a eliminação do risco à sua saúde ou integridade física, nos termos desta Seção e
das normas expedidas pelo Ministério do Trabalho. (Redação dada pela Lei nº 6.514, de
22.12.1977)

Art. 195. A caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade, segundo


as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo do Médico do
Trabalho ou do Engenheiro do trabalho. (Redação dada pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977).

§ 1º - É facultado às empresas e aos sindicatos das categorias profissionais interessadas


requererem ao Ministério do Trabalho a realização de perícia em estabelecimento ou setor
deste, com o objetivo de caracterizar e classificar ou delimitar as atividades insalubres ou
perigosas. (Redação dada pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977).

§ 2º - Arguida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por empregado, seja por Sin-
dicato em favor de grupo de associado, o juiz designará perito habilitado na forma deste
artigo, e, onde não houver, requisitará perícia ao órgão competente do Ministério do Tra-
balho. (Redação dada pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977).

§ 3º - O disposto nos parágrafos anteriores não prejudica a ação fiscalizadora do Ministério


do Trabalho, nem a realização ex officio da perícia. (Redação dada pela Lei nº 6.514, de
22.12.1977)

Art. 196 - Os efeitos pecuniários decorrentes do trabalho em condições de insalubridade


ou periculosidade serão devidos a contar da data da inclusão da respectiva atividade nos
quadros aprovados pelo Ministro do Trabalho, respeitadas as normas do artigo 11. (Reda-
ção dada pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977)

Art. 197 - Os materiais e substâncias empregados, manipulados ou transportados nos locais


de trabalho, quando perigosos ou nocivos à saúde, devem conter, no rótulo, sua composi-
ção, recomendações de socorro imediato e o símbolo de perigo correspondente, segundo
a padronização internacional. (Redação dada pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977) Parágrafo
único - Os estabelecimentos que mantenham as atividades previstas neste artigo afixarão,
nos setores de trabalho atingidas, avisos ou cartazes, com advertência quanto aos materiais
e substâncias perigosos ou nocivos à saúde. (Redação dada pela Lei nº 6.514, de
22.12.1977).

Partindo desse princípio, a Constituição Federal instituiu, como regra, a oferta de ambiente
de trabalho isento de agentes prejudiciais à saúde do trabalhador, devendo ser, os adicio-
nais de insalubridade e periculosidade, compensações pecuniárias reparatórias e temporá-
rias, cuja duração seja mínima e apenas suficiente para a identificação e exclusão dos agen-
tes nocivos físicos, químicos e/ou biológicos ou ainda a associação desses agentes.

A caracterização da insalubridade e da periculosidade é feita por meio de uma inspeção


pericial realizada no posto de trabalho. O procedimento é executado por médico ou enge-
nheiro do trabalho, com fiel observância das normas do Ministério do Trabalho e Emprego
- MTE, (NR’s 15 e 16). O adicional, no entanto, não é cumulativo. Diante de condições de
trabalho, simultaneamente, insalubre e perigosa, o trabalhador não pode receber o valor
correspondente a dois adicionais pecuniários, ele tem que optar por um ou por outro.

Fundamentação Legal

O presente documento – Laudo Técnico de Periculosidade - tem como fundamento,


além dos estudos técnicos da literatura nacional e internacional:

1. Constituição Federal;
2. Consolidação das Leis do Trabalho;
3. Decreto 3.048/99 (RGPS);
4. Decreto Nº 93.412/86;
5. Portaria 3.214/78 MTE – Normas Regulamentadoras 15 e seus anexos e 16;
6. ABNT NBR 5413 – Associação Brasileira de Normas Técnicas;
7. Normas OSHA – Occupational Safety & Health Administration;
8. Normas ANSI – American National Standards Institute;
9. Normas ACGIH – American Conference of Governmental Industrial Hygienists;
10. Resolução OIT – Organização Internacional do Trabalho;
11. Normas NIOSH – National Institute Occupational Safety and Health;
12. Portaria 3.311 de30/09/2009;
13. Portaria 121 de 29/11/1989;
14. ABNT NBR’s - Associação Brasileira de Normas Técnicas.
15. Portaria SIT 371, de 26 de abril de 2013
16. CLT – Consolidação das leis trabalhistas.

Conceitos e Definições

A norma regulamentadora competente para laudo de periculosidade norteia-se


basicamente na NR 16 (Atividades e operações perigosas).
Atividades ou operações periculosas são aquelas que, por natureza ou método de
trabalho, exige contato permanente com eletricidade, substâncias inflamáveis ou com
explosivos em condição de risco acentuado.

Considera-se exposição habitual aquela em que o trabalhador se submete a


circunstâncias ou condições insalubres e perigosas como atribuição legal do seu cargo
por tempo superior à metade da jornada de trabalho semanal. Orientação Normativa nº
02, Art. 5º, § 3º, de 19/02/2010.

Considera-se exposição permanente aquela que é constante, durante toda a jornada


laboral e prescrita como principal atividade do trabalhador. Orientação Normativa nº 02,
Art. 5º, § 4º, de 19/02/2010.

Critério para a caracterização da Periculosidade

Segundo o previsto no Decreto Nº 93.412/86, o trabalhador faz jus ao adicional de


periculosidade se as atividades são realizadas:

• Se as atividades estão elencadas no Quadro anexo ao Decreto


• Se as atividades são executadas nas áreas de risco citadas no Quadro anexo ao
Decreto;
• Se existe risco acentuado capaz de resultar em incapacitação, invalidez
permanente ou morte mesmo com a instituição de uso de equipamentos de proteção
individual e estabelecimento de medidas de proteção coletivas;
• Se o trabalho não é eventual - existe exposição contínua ou habitual e
intermitente.

Metodologia de Avaliação

Para metodologia de avaliação de periculosidade foi usado o critério qualitativo, e o


embasamento legal das obrigações dos pilotos de aeronaves, que segue abaixo:

O abastecimento de aeronaves é atividade especializada, destinada aos opera-


dores respectivos, tanto dos veículos tanque com bomba de combustível, quanto
dos operadores de bombas fixas de combustível.

Nesse sentido há inúmeros normativos legais, especialmente o REGULA-


MENTO BRASILEIRO DA AVIAÇÃO CIVIL RBAC Nº 156, que tem como título
“Segurança Operacional em Aeródromos – Operação, manutenção e resposta à
emergência”. Tal instrumento legal assim capitula no item 156.125, alínea “g”
subitem (1):

“(g) O local pertencente à área de movimento


destinado ao estacionamento de carreta-
hidrante deve ser__organizado sob os
seguintes aspectos:
(1)área livre de obstáculos (equipamentos e
pessoas) para trânsito dos veículos em caso
de emergência;”

E o item 156.129 que trata da Liberação da aeronave, em suas alínea (a) e (b),
pontua que a liberação do desacoplamento da aeronave da ponte de
embarque/desembarque, bem como a retirada da escada de
embarque/desembarque somente podem se dar após a conclusão do
abastecimento, de onde se apreende que o piloto e demais tripulantes,
especialmente o comandante, devem estar na cabine quando do abastecimento.
Vejamos:

“156.129 Liberação da aeronave

(a) O operador de aeródromo deve liberar o


desacoplamento da ponte de embarque e desem-
barque somente após o fechamento das portas
e conclusão de seu abastecimento.
(b) O operador de aeródromo deve liberar a
retirada da escada de embarque/desembarque
de pessoas somente após a conclusão do abas-
tecimento da aeronave.”

Assim, como dito, além de desnecessário, é proibido ao comandante ou qualquer


outro ficar próximo ao local do abastecimento da aeronave, devendo permanecer
fora desta e distante se possível ou no seu interior, jamais com ficou o ora Re-
clamante posando para fotos nos documentos de Fls. 630/645, muitas fotogra-
fias repetidas inclusive.

A rigor, o Reclamante não ficava no local de abastecimento ou mesmo próximo


a este.Ademais, o Reclamante, como comandante deveria permanecer na
aeronave, até para conferência do nível de combustível inserido, verificável pelos
indicativos nos instrumentos do avião.

Outrossim, a Súmula 447 do C. TST assevera que os tripu-


lantes ainda que embarcados quando do abastecimento da aeronave não têm
direito ao adicional em tela:

Súmula nº 447 do TST


SÚMULA Nº 447 ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.
PERMANÊNCIA A BORDO DURANTE O ABASTECIMENTO
DA AERONAVE. INDEVIDO. Res. 193/2013, DEJT
divulgado em 13, 16 e 17.12.2013
Os tripulantes e demais empregados em
serviços auxiliares de transporte aéreo que,
no momento do abastecimento da aeronave,
permanecem a bordo não têm direito ao
adicional de periculosidade a que aludem o
art. 193 da CLT e o Anexo 2, item 1, "c", da
NR 16 do MTE.

Ainda, nobre julgador, o Anexo 2, da Norma Regulamentar 16, da Portaria


3.214/78, do então Ministério do Trabalho, cuida de Atividades e operações
perigosas com inflamáveis, tipificando, exclusivamente, as atividades geradoras
de periculosidade que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem
contato permanente com inflamáveis.

Cumpre ainda pontuar a redação do artigo 193, cabeça e


inciso I, que estabelece o contato permanente com explosivos, inflamáveis ou
energia elétrica, como pressuposto essencial à caracterização da periculosidade
e logo, do direito ao respectivo adicional.

Art. 193. São consideradas atividades ou


operações perigosas, na forma da
regulamentação aprovada pelo Ministério do
Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua
natureza ou métodos de trabalho, impliquem
risco acentuado em virtude de exposição
permanente do trabalhador a: (Redação dada
pela Lei nº 12.740, de 2012)

I - inflamáveis, explosivos ou energia


elétrica; (Incluído pela Lei nº 12.740, de
2012)(negritado agora)

No arremate a jurisprudência vem no sentido do aqui


argumentado:

PILOTO DE AVIÃO. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.


O fato do reclamante acompanhar o
abastecimento da aeronave, não lhe dá
direito ao recebimento do adicional de
periculosidade, especialmente se o
abastecimento era realizado por terceiros.
Incide, aqui, o teor da Súmula 447 do TST:
"ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. PERMANÊNCIA A
BORDO DURANTE O ABASTECIMENTO DA AERONAVE.
INDEVIDO. Os tripulantes e demais empregados
em serviços auxiliares de transporte aéreo
que, no momento do abastecimento da aeronave,
permanecem a bordo não têm direito ao
adicional de periculosidade a que aludem o
art. 193 da CLT e o Anexo 2, item 1, c, da
NR 16 do MTE". Recurso provido. (TRT-3 - RO:
00116706920175030183 MG 0011670-
69.2017.5.03.0183, Relator: Oswaldo Tadeu
B.Guedes, Data de Julgamento: 24/04/2019,
Quinta Turma, Data de Publicação: 30/04/2019.
DEJT/TRT3/Cad.Jud. Página 652. Boletim: Não.)

Portanto mesmo que de fato acompanhasse o abastecimento da aeronave, tal


seria eventual, não se dando em todos as decolagens e pousos, tampouco todos
os dias, e ainda quando se dessem seriam em pouco tempo, não sendo tido
como contato permanente em quaisquer de suas vertentes e interpretações.

Pelo esposado, por um ou todo os argumentos volvidos, não se expos o Recla-


mante à condição de risco acentuado, e destarte não tem ao recebimento de
qualquer importe sob a rubrica de adicional de periculosidade.

Imagens Realizadas Durante Perícia Oficial

Imagem 1- Hangar de alocação das aeronaves

Imagem 2- Sala de Realização da Perícia


Imagem 3 – Verificação de Combustível Sem Risco

OBSERVAÇÃO: É notório que para verificar abastecimento de combustível na aeronave


não é necessário acompanhar durante o momento de tal procedimento, pois logo após é
possível de modo seguro olhar o nível ao abrir a tampa de entrada de abastecimento.

Quanto as Medidas de Controle

Visando o controle de exposição a riscos de periculosidade, seguindo as


diretrizes da NR 16, é importante manter as seguintes medidas:

• Manter afastamento das aeronaves durante abastecimento;


• Conferir o abastecimento somente após finalizado;
• Realizar qualquer verificação da aeronave durante período próprio
único.

Tais medidas garantem a proteção do colaborador quanto às eventuais


exposições, rechaçando assim qualquer risco de acidente por condição perigosa.

Dos dispositivos legais adotados para a não caracterização de periculosidade

Bases legais utilizadas:

NR 09, Norma Regulamentadora - item 9.3.5.4


“Quando comprovado pelo empregador ou instituição a inviabilidade técnica
da adoção de medidas de proteção coletiva ou quando estas não forem
suficientes ou encontrarem-se em fase de estudo, planejamento ou
implantação, ou ainda em caráter complementar ou emergencial, deverão ser
adotadas outras medidas, obedecendo-se à seguinte hierarquia:
a) medidas de caráter administrativo ou de organização do trabalho;
b) utilização de equipamento de proteção individual – EPI.”

Conclusão:

Com base nos elementos e fatos expostos e analisados, conclui-se:


Pelo que ficou evidenciado neste parecer e considerando o disposto na legislação
vigente, conclui a assistente técnica:

✔As atividades desenvolvidas pela Reclamante enquadram na Norma


Regulamentadora – NR 16 – Atividades e Operações Perigosas.

Após as disposições devidamente feitas e fundamentadas em todo o corpo desse


“Pedido de Esclarecimento” pedimos que seja indeferido o pedido de adicional de
periculosidade.
Explicitamos que já analisamos com cuidado todo o texto apresentado pelo
engenheiro perito e não achamos as informações convictas

Termos em que pede indeferimento,

Brasília, 14 de outubro de 2022

Rubens Moreira Paixão


Engenheiro de Segurança do Trabalho
Assistente Técnico da Reclamada
CREA 27012/D-DF

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