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INSTITUTO DE QUÍMICA

DISCIPLINA: QUÍMICA ORGÂNICA


EXPERIMENTAL

CURSO: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS - BACHARELADO

Professores: Diego Galvan


Érica L. dos Santos
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Disciplina: Química Orgânica Experimental


Turma: Ciências Biológicas - Bacharelado
Dia: quinta-feira
Total de alunos matriculados: 53 (cinquenta e três)

Datas Horário Assunto


04/08 P1/P2 - 7:15 – 9:15 h Apresentação da disciplina – No Laboratório de
P3/P4 – 9:30 – 11:30 h Química – Todas as turmas
11/08 P1 - 7:15 – 9:15 h Aula nº 1 Técnicas de Separação/Purificação de
P3– 9:30 – 11:30 h substâncias – Cromatografia
18/08 P2- 7:15 – 9:15 h Aula nº 1 Técnicas de Separação/Purificação de
P4– 9:30 – 11:30 h substâncias – Cromatografia
25/08 P1 - 7:15 – 9:15 h Aula nº 2 Técnicas de Separação/Purificação de
P3– 9:30 – 11:30 h substâncias – Destilação por arraste a vapor
01/09 P2- 7:15 – 9:15 h Aula nº 2 Técnicas de Separação/Purificação de
P4– 9:30 – 11:30 h substâncias – Destilação por arraste a vapor
08/09 7:30 – 10:30 h N1 – Prova (Anfiteatro - Todas as turmas)
15/09 P1 - 7:15 – 9:15 h Aula nº 3 – Solubilidade de compostos orgânicos
P3– 9:30 – 11:30 h
22/09 P2- 7:15 – 9:15 h Aula nº 3 – Solubilidade de compostos orgânicos
P4– 9:30 – 11:30 h
29/09 7:15 – 11:30 h (Turma com Aula nº 4 – Técnicas de extração de substâncias –
18 alunos) Extração ácido-base e purificação
06/10 7:15 – 11:30 h (Turma com Aula nº 4 – Técnicas de extração de substâncias –
18 alunos) Extração ácido-base e purificação
13/10 Não haverá aula Semana do saco cheio
20/10 Não haverá aula Semana do Integra
27/10 7:15 – 11:30 h (Turma com Aula nº 4 – Técnicas de extração de substâncias –
17 alunos) Extração ácido-base e purificação
03/11 P1 - 7:15 – 9:15 h Aula nº 5 – Síntese Orgânica e Análise Funcional –
P3– 9:30 – 11:30 h Síntese e caracterização de biodiesel
10/11 P2- 7:15 – 9:15 h Aula nº 5 –Síntese Orgânica e Análise Funcional –
P4– 9:30 – 11:30 h Síntese e caracterização de biodiesel
17/11 7:30 – 10:30 h N2 – Prova (Anfiteatro - Todas as turmas)
24/11 7:30 – 10:30 h Prova Optativa Substitutiva
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Bibliografia Básica:

FURNISS, B.S.; HANNAFORD, A.J.; SMITH,P.W.G., TATCHELL, A.R. Textbook of practical


organic chemistry, 5th Ed., Longman Scientific & Technical, New York, 1989.

SOARES, B.G.; PIRES, D.X.; SOUZA, N.A. Química Orgânica – Teoria e Técnicas de
Preparação, Purificação e Identificação de Compostos Orgânicos, Editora Guanabara Dois, Rio
de Janeiro, 1988.

ZUBRICK, J.W. Manual de Sobrevivência no Laboratório de Química Orgânica, 6ª ed., LTC


Editora, Rio de Janeiro, 2005.

Bibliografia Complementar:

PAVIA, D.L.; LAMPMAN, G.M.; KRIZ, G.S. Introduction to Organic Laboratory Techniques: A
Contemporary Approach, Saunders College Publishing, New York, 1976.

SWINEHART, J.S. Organic Chemistry-An Experimental Approach, Prentice-Hall, Inc., Englewood


Cliffs, 1969.

PASTO, D. J.; PAVIA, L.; LAMPMAN, G. M.; KRIZ, G. S. Jr., Experiments and techniques in
Organic Laboratory, 2nd Ed., Saunders College Publishing, New York, 1982.

ENGEL, R. A.; KRIZ, G. S.; LAMPMAN G. M.; PAVIA, D. Química Orgânica Experimental –
Técnicas de pequena escala, 3ª Ed., Cengage Learning, São Paulo, 2012.

Este material é uma revisão e adaptação de apostilas originalmente elaboradas pelas


professoras Dra. Maria Helena Costa e Dra. Neli K. Honda, do Instituto de Química da
UFMS.
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DISCIPLINA: QUÍMICA ORGÂNICA EXPERIMENTAL

Unidade 1. O Laboratório de Química Orgânica


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1.1 – INTRODUÇÃO AO TRABALHO EM UM LABORATÓRIO DE QUÍMICA ORGÂNICA

O Laboratório Químico é um lugar de experimentação onde os acadêmicos terão a


oportunidade de aprender química de um ponto de vista que nunca poderiam atingir por
intermédio de livros, demonstrações ou filmes; é a possibilidade de alcançar maior compreensão
da Química e a oportunidade de ver e trabalhar com as próprias mãos.
Para atingir esses objetivos, serão necessárias qualidades tais como dedicação,
interesse, curiosidade, pontualidade, disciplina, etc.
Para ajudar o desenvolvimento de boas técnicas, várias sugestões são apresentadas:
- Nunca começar uma experiência sem antes compreendê-la totalmente; isto significa estudar o
experimento antes de entrar no laboratório.
- Esmero é muito importante para uma boa técnica. Descuidar ao manusear compostos químicos
e aparelhos não somente pode levar a maus resultados, como também é perigoso. Há
geralmente uma razão de como e porque cada operação é desenvolvida como descrita na
literatura, embora a razão, a princípio, possa não ser óbvia para o estudante iniciante.
As aulas de laboratório têm por finalidade fazer com que você compreenda os princípios
fundamentais da Química, através de métodos científicos elaborados, habilitando-o no manuseio
correto e cuidadoso de drogas, aparelhos e utensílios.
Aprender o manuseio de compostos e a manipulação de aparelhos é obviamente uma
parte essencial à educação dos profissionais de Química e de áreas correlatas.
A significação dos resultados obtidos dependerá muito do cuidado com que se
desenvolverão as operações de laboratório; boa técnica é mais do que uma questão de
habilidade manual; requer uma atenção total aos propósitos essenciais da experiência.

 TRABALHO EM EQUIPE

Todos os trabalhos serão realizados por equipes de dois ou mais alunos. Compreenda,
pois, o seu papel e colabore para que os trabalhos realizados sejam o resultado de um esforço
conjunto.
Na solução de problemas surgidos, esforce-se ao máximo para resolvê-los, consultando
o professor sempre que for preciso.
Procure estar presente na hora marcada para o início das aulas e evite saídas
desnecessárias durante os trabalhos de laboratório.

 ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO

Noções Gerais

Tão importante quanto realizar o experimento proposto é a apresentação do Relatório


Técnico-Científico, que constitui em um dos principais instrumentos (30%) de avaliação desta
disciplina. Portanto, entre os objetivos dessa disciplina está a introdução à redação do relatório
científico.
O relatório de atividades deve em primeiro lugar, retratar o que foi realmente realizado no
experimento, sendo de fundamental importância a apresentação de um documento bem ordenado
e de fácil manuseio. Além disso, deve ser o mais sucinto possível e descrever as atividades
experimentais realizadas, a base teórica dessas atividades, os resultados obtidos e sua
discussão, além da citação da bibliografia consultada.
O relatório deve ser redigido de uma forma clara, precisa e lógica. Redija sempre de forma
impessoal, utilizando-se a voz passiva no tempo passado. Ex. a massa das amostras sólidas foi
determinada utilizando-se uma balança.
Devem ser evitados expressões informais ou termos que não sejam estritamente técnicos
(Não utilize em hipótese alguma adjetivo possessivo, como por exemplo, minha reação, meu
banho, meu qualquer coisa). É bastante recomendável, efetuar uma revisão do relatório para
retirar termos redundantes, clarificar pontos obscuros e retificar erros no original.
Uma atenção especial deve ser dada aos termos técnicos, resultados, fórmulas e
expressões matemáticas. As ilustrações (tabelas, fórmulas, gráficos) deverão vir na sequência mais
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adequada ao entendimento do texto e seus títulos e legendas devem constar imediatamente abaixo.

Tabela: é composta de título, um cabeçalho, uma coluna indicadora, se necessário, e um corpo:


 Título- deve conter breve descrição do que contém a tabela e as condições nas quais
os dados foram obtidos;
 Cabeçalho- parte superior da tabela contendo as informações sobre o conteúdo da
cada coluna;
 Coluna indicadora- à esquerda da tabela, especifica o conteúdo das linhas;
 Corpo- abaixo do cabeçalho e a direita da coluna indicadora, contém os dados ou
informações que se pretende relatar;
Exemplo
Tabela 1.Algumas características dos estados da matéria
Estado da matéria Compressibilidade Fluidez ou rigidez Densidade relativa
Gasoso Alta fluido baixa
Líquido muito baixa fluido alta
Sólido muito baixa rígido alta

Gráfico: é a maneira de detectar visualmente como varia uma quantidade (y) a medida que uma
segunda quantidade (x) também varia; é imprescindível o uso de papel milimetrado para
construção de um gráfico.
Eixos:
horizontal (abcissa) - representa a variável independente; é aquela cujo valor é
controlado pelo experimentador;
vertical (ordenada)- representa a variável dependente; cujo valor é medido
experimentalmente.
Escolha das escalas - suficientemente expandida de modo a ocupar a maior porção do
papel (não é necessário começar a escala no zero, sim num valor um pouco abaixo do
valor mínimo medido)
Símbolos das grandezas- deve-se indicar junto aos eixos os símbolos das grandezas
correspondentes divididos por suas respectivas unidades;
Título ou legenda- indicam o que representa o gráfico;
Valores das escalas- deve-se marcar os valores da escala em cada eixo de forma clara;
Pontos- deve-se usar círculos, quadrados, etc. para indicar cada ponto de cada curva;
Traço- a curva deve ser traçada de modo a representar a tendência média dos pontos.

Tópicos de Composição:
1. Identificação
2. Resumo
3. Introdução
4. Materiais e Métodos
5. Resultados e Discussão
6. Conclusões
7. Referências

Identificação
Relatório nº.
Título (título da prática executada)
Nome dos autores:

Resumo
Inicialmente, deve ser feito um resumo dos principais aspectos a serem abordados no
relatório, tomando por base, as etapas constantes do procedimento experimental desenvolvido e
dos resultados obtidos. Este item deve ser elaborado de forma clara e sucinta para proporcionar ao
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leitor os tipos de informações fornecidas no documento. Não deve ultrapassar a 100 palavras.

Introdução
Apresentar os pontos básicos do estudo ou atividades desenvolvidas, especificando as
principais aquisições teórico-metodológicas, referentes as técnicas empregadas. Neste item é dado
um embasamento teórico do experimento descrito. para situar o leitor naquilo que se pretendeu
estudar no experimento. A literatura é consultada, apresentando-se uma revisão do assunto.
Normalmente, as citações bibliográficas são feitas por números entre parênteses e listadas no
final do relatório. Lembrar que a introdução não é uma cópia da literatura. Não copie os
textos consultados, para isso basta uma maquina de fotocópias. A introdução deve conter
no máximo 5 parágrafos e não exceder a 400 palavras.

Parte Experimental (ou Materiais e Métodos)


Descrição detalhada do experimento realizado, dos métodos analíticos e técnicas
empregadas, bem como descrição dos instrumentos utilizados. Não é um receituário. Este item
precisa conter elementos suficientes para que qualquer pessoa possa ler e reproduzir o
experimento no laboratório. Utilizam-se desenhos e diagramas para esclarecer sobre a
montagem de aparelhagem. Não deve incluir discussão de resultados.

Resultados e Discussão
Esta é a parte principal do relatório, onde serão mostrados todos os resultados obtidos,
que podem ser numéricos ou não. Deverá ser feita uma análise dos resultados obtidos, com as
observações e comentários pertinentes.
Em um relatório desse tipo espera-se que o aluno discuta os resultados em termos dos
fundamentos estabelecidos na introdução, mas também que os resultados inesperados e
observações sejam relatados, procurando uma justificativa plausível para o fato. Em textos
científicos utilizam-se tabelas, gráficos e figuras como suporte para melhor esclarecer o
leitor do que se pretende dizer.

Conclusões
Neste item deverá ser feita uma avaliação global do experimento realizado, são
apresentados os fatos extraídos do experimento, comentando-se sobre as adaptações ou não,
apontando-se possíveis explicações e fontes de erro experimental. Não é uma síntese do que foi
feito (isso já está no sumário) e também não é a repetição da discussão.

Bibliografia
Listar bibliografia consultada para elaboração do relatório, utilizando-se as normas
recomendadas pela ABNT:
Sobrenome do autor, iniciais do nome completo. Título do livro: subtítulo. Tradutor. Nº da
edição. Local de publicação, casa publicadora, ano de publicação. Páginas consultadas.
Exemplo:

Russel, J.B. Química Geral. Trad. de G. Vicentini et alli. São Paulo, Mc Graw-Hill,
1982.

1.2 – SEGURANÇA NO LABORATÓRIO DE QUÍMICA ORGÂNICA

1.2.1 – Regras gerais de segurança em laboratório para redução de exposição aos


produtos químicos

Conheça todos os procedimentos de emergência e como usar os equipamentos de


segurança. A segurança no laboratório é uma responsabilidade que deve ser assumida pelos
professores, monitores, técnicos e alunos. No recinto do laboratório não é permitido brincadeiras
ou atitudes que possam provocar danos para si ou outras pessoas. Apesar disso, os laboratórios
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de química não são necessariamente lugares perigosos embora muitos dos perigos estejam
associados a eles. Acidentes são na maioria das vezes causados pela falta de cuidado,
ignorância e desinteresse pelo assunto.
Observe que o laboratório químico contém as seguintes características de segurança aos
que nele trabalham:
- Janelas amplas de ambos os lados que possibilitam boa ventilação do ambiente;
- Portas em dois locais distintos, que abram para fora (facilitam a saída em caso de emergência),
sendo uma das portas grande (dupla) para possibilitar, também, a entrada de equipamentos;
- Lava-olhos e chuveiro – dispositivos para uso em emergências;
- Extintores de incêndio próximos ao laboratório;
- Salas anexas para aparelhagem (balanças, aparelhos para ponto de fusão, dentre outros);
- Bancadas revestidas com material que permite fácil limpeza;
- Tubulações externas de água, eletricidade e gás, com cores definidas internacionalmente;
- Pias de aço inoxidável que resistem mais a produtos químicos.

Embora não seja possível enumerar todas as causas de possíveis acidentes num
laboratório, existem alguns cuidados que são básicos e que se observados ajudam a evitá-los.

1. É PROIBIDO comer, beber ou fumar no laboratório;


2. Evite trabalhar sozinho no laboratório, a presença de outras pessoas será sempre uma
valiosa ajuda em caso de acidentes; se precisar trabalhar sozinho, sempre deixe uma pessoa
avisada onde você está, quanto tempo ficará trabalhando e o que estará fazendo;
3. Prepare-se antes de tentar realizar os experimentos. Procure ler e entender os roteiros
experimentais; consulte a literatura especializada e em caso da dúvida persistir discuta o
assunto com o professor antes de tentar realizar o experimento;
4. Utilize, sempre que necessário, materiais que possam garantir maior segurança no trabalho
tais como : luvas, pinça, óculos (obrigatório), jaleco (obrigatório) etc. O uso de lentes de
contato não é permitido em laboratórios;
5. Conserve sempre limpos os equipamentos, vidrarias e sua bancada de trabalho. Evite
derramar líquidos, mas se o fizer, limpe o local imediatamente;
6. Gavetas e portas dos armários devem ser mantidas sempre fechadas quando não estiverem
sendo utilizadas;
7. Ao término do período de laboratório, lave o material utilizado, limpe sua bancada de trabalho,
seu banco, a pia e outras áreas de uso em comum. Verifique se os equipamentos estão
limpos e desligados e os frascos de reagentes fechados;
8. Lave suas mãos frequentemente durante o trabalho prático, especialmente se algum
reagente químico for respingado;
9. Leia com atenção os rótulos dos frascos de reagentes químicos para evitar pegar o frasco
errado. Certifique-se de que o reagente contido no frasco é exatamente o citado no roteiro
experimental;
10. Não coloque objeto algum nos frascos de reagentes, exceto o conta-gotas de que alguns
são providos;
11. Evite contacto físico com qualquer reagente químico. Tenha cuidado ao manusear
substâncias corrosivas como ácidos e bases;
12. A diluição de ácidos concentrados deve ser feita adicionando-se o ácido lentamente, com
agitação constante, sobre a água e NUNCA ao contrário (água sobre o ácido). O ácido deve
ser adicionado lentamente sobre a água e sob constante agitação para permitir que o calor
liberado no processo de mistura seja absorvido e dissipado ao meio;
13. Nunca deixe frascos contendo reagentes químicos inflamáveis próximos da chama;
14. Não deixe nenhuma substância sendo aquecida por longo tempo sem supervisão;
15. Não jogue qualquer material sólido dentro das pias ou ralos. O material inútil (rejeito) deve
ser descartado de maneira apropriada;
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16. Quando for testar um produto químico pelo odor, não coloque o frasco sob o nariz. Desloque
os vapores que se desprendem do frasco com a mão para sua direção. Para maior segurança
evite esse tipo de procedimento.
17. Use a capela para experiências que envolvam o uso ou liberação de gases tóxicos ou
corrosivos;
18. Não aqueça tubos de ensaios com a extremidade aberta voltada para si mesmo ou para
alguém próximo. Sempre que possível o aquecimento deve ser feito na capela;
19. Não deixe recipientes quentes em lugares em que possam ser pegos inadvertidamente.
Lembre-se de que o vidro quente tem a mesma aparência do vidro frio;
20. Não pipete de maneira alguma líquidos corrosivos ou venenosos, por sucção, com a boca.
Procure usar sempre a “pêra de borracha” para pipetar;
21. O bico de Bunsen, num laboratório de Química Orgânica, raramente é aceso; acenda-o
somente quanto solicitado no experimento;
22. Não trabalhe com material imperfeito;
23. Em caso de ACIDENTE comunique o professor imediatamente. Ele deverá decidir sobre a
gravidade do acidente e tomar as atitudes necessárias;
24. Em caso de possuir alguma alergia, estar grávida ou em qualquer outra situação que possa
ser afetado quando exposto a determinados reagentes químicos, comunique o professor logo
no primeiro dia de aula;
25. Em caso de incêndio este deverá ser abafado imediatamente com uma toalha ou se
necessário com auxílio do extintor de incêndio apropriado;
26. Comunique o professor, monitor ou técnico sempre que notar algo anormal no laboratório;
27. Faça apenas as experiências indicadas pelo professor. Trabalhos não relacionados no roteiro
de experiências da disciplina, somente poderão ser realizados sob a supervisão do professor
ou de um técnico designado para tal.
28. No laboratório é OBRIGATÓRIO o uso do jaleco e de óculos de segurança (para quem não
usa óculos de grau) e o porte do roteiro de experimentos.

1.2.2 – Descarte de rejeitos (resíduos)

Até há pouco tempo os laboratórios descartavam seus rejeitos (resíduos) sem os


cuidados necessários, como por exemplo: solventes voláteis eram evaporados (lançados para a
atmosfera); sólidos eram descarregados em lixo comum e líquidos e soluções eram descartados
na pia. Essas práticas não são recomendadas e atualmente existe uma preocupação maior no
descarte de rejeitos químicos. Existem regras estabelecidas para o descarte de rejeitos,
especialmente os perigosos, entretanto, são muitas vezes difíceis e de custo elevado para serem
implementadas. Assim, na prática, procura-se sempre que possível, minimizar a quantidade de
resíduos perigosos gerados nos laboratórios de ensino.
Para que os resíduos de laboratório possam ser eliminados de forma adequada é
necessário ter à disposição recipientes de tipo e tamanho adequado para recolhê-los. Os
recipientes coletores devem ter alta vedação, ser de material estável e em alguns casos, ser
combustível. Deve-se colocar em lugar ventilado e bem fechado, para evitar, ao máximo, danos
à saúde, principalmente quando se tem solvente em processo de evaporação.
Alguns procedimentos são adotados nesse sentido, como por exemplo:

“Era da Química Orgânica” – Lema: RRR = Reduzir, Reutilizar e Reciclar

a. Redução da escala (quantidade de substâncias) de produtos usados nos experimentos;


b. Substituição de reagentes perigosos por outros menos perigosos;
c. Conversão dos resíduos para uma forma menos perigosa através de reação química, antes
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do descarte;
d. Redução dos volumes a serem descartados (concentrando as soluções ou separando os
componentes perigosos por precipitação);
e. Recuperação dos reagentes para novamente serem utilizados;

Instruções para descarte dos resíduos são fornecidas junto com as experiências, mas na
maioria dos casos, os resíduos gerados não são perigosos e podem ser descartados na pia de
acordo com as instruções seguintes:

1. Soluções que podem ser jogadas na pia devem ser antes diluídas com água, ou jogar a
solução vagarosamente acompanhada de água corrente;
2. Sais solúveis podem ser descartados como descrito em 1.
3. Pequenas quantidades de solventes orgânicos solúveis em água (ex: metanol ou acetona)
podem ser diluídos antes de serem jogados na pia. Grandes quantidades desses solventes,
ou outros que sejam voláteis, não devem ser descartados dessa maneira. No caso, tentar
recuperá-los.
4. Soluções ácidas e básicas devem ter seu pH ajustado na faixa de 2 a 11 antes de serem
descartadas na pia. Em caso de pequenos volumes dessas soluções (por exemplo, 10mL ou
pouco mais), essas podem ser diluídas e descartadas.
5. Em caso de dúvida, perguntar ao professor como proceder para o descarte.

Algumas orientações básicas:

1. RESÍDUO INSOLÚVEL NÃO PERIGOSO: papel, cortiça, areia, podem ser descartados em
um cesto de lixo comum do laboratório. Alumina, sílica gel, sulfato de sódio, sulfato de
magnésio e outros, devem ser embalados para evitar a dispersão do pó e descartados em
lixo comum. Se esses materiais estiverem contaminados com resíduos perigosos, deverão
ser manuseados de outra forma.
2. RESÍDUOS SÓLIDOS SOLÚVEIS NÃO PERIGOSOS: Alguns compostos orgânicos
(exemplo o ácido benzoico) podem ser dissolvidos com bastante água e descarregados no
esgoto. Podem também, serem descartados junto com os resíduos insolúveis não perigosos.
Caso estejam contaminados com materiais mais perigosos deverão ser manuseados de outra
forma.
3. RESÍDUOS LÍQUIDOS ORGÂNICOS NÃO PERIGOSOS: Substâncias solúveis em água
podem ser descartadas no esgoto. Por exemplo, etanol pode ser descartado na pia do
laboratório; entretanto, 1-butanol, éter etílico e a maioria dos solventes e compostos que não
são miscíveis com a água, não podem ser descartados dessa maneira. Líquidos não
miscíveis com a água deverão ser colocados em recipiente apropriado para líquidos
orgânicos para posterior tratamento.
4. RESÍDUOS PERIGOSOS GENÉRICOS: Neste grupo estão incluídas substâncias como
hexano, tolueno, aminas (anilina, trietilamina), amidas, ésteres, ácido clorídrico e outros.
Deve-se ter especial atenção para as incompatibilidades, ou seja, algumas substâncias não
podem ser colocadas juntas no mesmo recipiente devido a reação entre elas. Por exemplo,
cloreto de acetila e dietilamina reagem vigorosamente. Ambos são reagentes perigosos e os
rejeitos desses devem ser mantidos em recipientes separados. Compostos halogenados
como 1-bromobutano, cloreto de t-butila e outros, também devem ser guardados em
recipiente separado dos demais compostos.
5. ÁCIDOS E BASES INORGÂNICOS FORTES: Devem ser neutralizados, diluídos e então
descartados.
6. AGENTES OXIDANTES E REDUTORES: Oxidar os redutores e reduzir os oxidantes antes
do descarte. O professor dará informações de como proceder.
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Esses são alguns exemplos de procedimentos de descarte de rejeitos produzidos no
laboratório químico. É prática comum, antes de iniciar um experimento, buscar na literatura
especializada informações sobre os efeitos tóxicos das substâncias que serão utilizadas e os
cuidados necessários para manuseio e descarte das mesmas.

1.2.3 – Manipulação de substâncias químicas

1.2.3.1 – Substâncias tóxicas


Muitos compostos encontrados na Química Orgânica são venenosos (tóxicos). Na
verdade quase todas as substâncias são tóxicas em alguma extensão e a adoção de segurança
e cuidado no trabalho, para evitar a entrada de tais substâncias no corpo, é e de fundamental
importância.

Substâncias tóxicas podem entrar no corpo pelas seguintes rotas:

a) INGESTÃO: Isto, felizmente, não é comum em laboratórios, mas pode ocorrer através da
contaminação acidental de alimentos, bebidas ou cigarros e pelo uso indevido de pipetas. É
recomendado não beber, comer ou fumar no laboratório. A prática de guardar alimentos ou
bebidas em laboratórios é fortemente condenada. Deve-se sempre lavar as mãos antes de deixar
o laboratório e antes de comer. Também é recomendado, sempre que possível, o uso de peras
de sucção para pipetar líquidos.

b) INALAÇÃO: Esse é o caminho mais comum para a absorção de substâncias tóxicas, na forma
de gases, vapor ou pó de névoa; todas as substâncias tóxicas devem ser manuseadas em
capelas eficientes.

c) ABSORÇÃO DIRETA: Esse é, também, uma rota comum de absorção de substâncias tóxicas,
através da pele ou da corrente sanguínea. O perigo pode ser reduzido pelo uso de protetores.
Luvas protetoras são, muitas vezes, permeáveis a solventes orgânicos e são, facilmente,
perfuradas. Se uma substância tóxica entrar em contato com a pele, esta deve ser lavada com
grandes quantidades de água fria com a ajuda de sabão, se necessário. Contatos repetidos de
solventes e de muitas outras substâncias, com a pele, podem levar a dermatites, muitas vezes
difíceis de curar.
Os efeitos tóxicos podem ser classificados como “agudos” ou “crônicos”. Efeitos agudos
são aqueles causados por venenos tais como ácidos cianídrico e clorídrico. Muitas substâncias
químicas, no entanto, exibem efeitos tóxicos crônicos, os quais podem aparecer após longo
tempo de exposição a pequenas quantidades; esse tipo de envenenamento é mais difícil de
evitar e os resultados podem se manifestar após meses ou anos.

1.2.3.2 – Substâncias cancerígenas

Muitos compostos orgânicos têm causado tumores cancerígenos ao homem; a doença,


muitas vezes, só é detectada após alguns anos. Ao se manusear substâncias conhecidas ou
suspeitas de serem cancerígenas, todo esforço deve ser feito para evitar inalação de seus
vapores ou contato com a pele; elas somente devem ser manuseadas em capelas, usando-se
luvas protetoras. A seguir são dados alguns exemplos:

a) Aminas aromáticas e seus derivados – toda essa classe deve ser tratada como potencialmente
cancerígena.
b) Compostos N-nitrosos – todas as nitrosaminas [R-N(NO)R] e nitrosamidas [R-N(NO)COR]
devem ser registradas como potencialmente cancerígenas, umas vez que a maioria desses
compostos têm mostrado possuir alta atividade cancerígena em experiências com animais.
c) Agentes alquilantes – compostos muito utilizados em síntese orgânica.
d) Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos – vários hidrocarbonetos aromáticos policíclicos
(HPAs) são potencialmente cancerígenos.
e) Pó de amianto – inalação de pó ou fibra de amianto (asbesto) pode causar “asbestose”,
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doença fatal para o pulmão a qual torna o pulmão canceroso em estágio posterior.

1.2.3.3. Substâncias com efeitos cumulativos


TLV (Threshold Limit Value – valor limiar de tolerância): Valor aquém do suportável; avaliado
anualmente pela Agência Americana de Proteção Ambiental; corresponde a x partes do
composto por 1 milhão de partes de ar.

a) Benzeno – Inalação de vapores de benzeno (TLV 10 ppm) tem o efeito cumulativo crônico
levando à anemia aguda; para uso geral como solvente, o benzeno pode ser trocado pelo menos
volátil e menos tóxico tolueno (TLV 100 ppm).
b) Compostos de Chumbo – são poderosos venenos cumulativos; compostos orgânicos de
chumbo (tetraetilchumbo) são voláteis e a inalação de seus vapores deve ser evitada, além de
serem, perigosamente, absorvidos pela pele.
c) Mercúrio e seus compostos – Eles variam grandemente em toxicidade; geralmente sais de
mercúrio II são mais tóxicos que sais de mercúrio I. Compostos orgânicos líquidos de mercúrio
são, muitas vezes, altamente venenosos, com absorção através da pele, os sólidos
organomercuriais são menos tóxicos. Todos os compostos de mercúrio devem ser tratados com
cuidado e qualquer exposição a longo tempo, evitada. O mercúrio elementar facilmente libera
vapores que constituem um perigo severo, cumulativo e crônico; a superfície de mercúrio não
deve ser exposta à atmosfera mas sim coberta com água.

1.2.4 – Perigo de fogo e explosão

1.2.4.1 – Compostos explosivos

Os seguintes compostos ou grupo de compostos são potencialmente perigosos e


explosivos; eles podem explodir sob o estímulo do calor, impacto ou fricção ou aparentemente,
de forma espontânea.
a) Gás acetileno e acetiletos de metais pesados (prata e cobre) são sensíveis ao choque.
Poliacetilenos e alguns acetilenos halogenados;
b) Ácido hidrazóico e todas as azidas
c) Sais de diazônio
d) Nitratos inorgânicos, especialmente nitrato de amônio
e) Compostos polinitrados: ácido pícrico (e todos os picratos de metais pesados), trinitrobenzeno
(NTB), trinitrotolueno (TNT), etc
f) Sais metálicos de nitrofenóis
g) Peróxidos
h) Tribrometo, tricloreto e triiodeto de nitrogênio: são sais altamente sensíveis e violentamente
explosivos; nunca devem ser preparados ou usados, a menos que absolutamente necessário.

1.2.4.2 – Misturas potencialmente perigosas


Oxidantes energéticos são particularmente perigosos quando misturados com
substâncias orgânicas facilmente oxidáveis, tais como alcoóis, polialcoóis, carboidratos e
celulose. Eles são também perigosos quando misturados com elementos tais como enxofre e
fósforo e com metais finamente pulverizados tal como magnésio. Exemplos:
a) ácido perclórico, cloratos e percloratos
b) trióxido de cromo (anidrido crômico), cromatos, dicromatos concentrados e nitratos.
c) permanganatos
d) peróxido de hidrogênio concentrado
e) oxigênio líquido (P.E. = -183ºC) e ar líquido.

1.2.4.3 – Perigo de fogo

O perigo de fogo em Laboratório de Química Orgânica é, muitas vezes, considerável,


devido a quantidade de compostos voláteis e inflamáveis, particularmente solventes, que são
13
muito usados.

Solventes inflamáveis: Deve-se tomar cuidado quando se trabalho com solventes inflamáveis. O
vapor pode ser levado para perto da fonte de ignição e incendiar-se, indo a chama para a fonte
de vapor. Devido a isto, nunca permitir que qualquer vapor escape dentro do laboratório.
A medida de inflamabilidade de um dado composto é dado pelo “FLASH POINT”
(temperatura na qual o líquido permite aparecer o vapor inflamável); qualquer líquido com flash
point menor que 15ºC deve ser registrado como perigosamente inflamável (Tabela 1).

Tabela 1: Alguns líquidos inflamáveis e seu ponto de fulgor (ºC).


Acetato de etila -4,4 Etanol 12
Acetona -38 Éter de petróleo -57
Benzeno 11 Éter etílico -45
Cicloexano -20 Hexano 23
1,2-dicloro-etano 13 Metanol 23
Dissulfeto de carbono -30 2-propanol 12
2-butanona 14

1.2.5 – Acidentes comuns em laboratório e primeiros socorros

i. Queimaduras

Queimaduras causadas pelo fogo

No caso de queimaduras leves, pode-se aplicar, nos locais atingidos, qualquer pomada
própria para queimaduras. Nos casos mais graves, em que a pele fica empolada, deve-se aplicar,
sem demora, uma solução de bicarbonato de sódio a 1% e procurar imediatamente um médico.
Devem-se evitar choques térmicos, mantendo o paciente aquecido e quieto.

Queimaduras causadas por reagentes


ÁCIDOS: Deve-se lavar imediatamente com muita água e, depois, com solução de bicarbonato
de sódio a 1% e, novamente, com água. Nos casos mais sérios, deve-se aplicar, após o
tratamento preliminar, um desinfetante (etanol aquoso a 70%), secar o local e aplicar pomada
para queimaduras.
BASES: Deve-se lavar, imediatamente, com bastante água; depois, com solução de ácido
acético a 1% e novamente, com água.
BROMO: Deve-se lavar, imediatamente, com bastante água e, depois, aplicar glicerina. Após
algum tempo, remover a glicerina e aplicar o tratamento para queimaduras.
SÓDIO: Deve-se remover qualquer fragmento de sódio remanescente, lavar com bastante água
e com solução de ácido acético 1%. A seguir, deve-se cobrir a região afetada com gaze embebida
em azeite.
OUTROS: Deve-se lavar com etanol e, depois, com sabão e água morna. Se após a lavagem,
persistir uma sensação de queimadura, deve-se aplicar uma pomada própria para queimaduras.

ii. Cortes

Deve-se retirar, com a pinça, qualquer fragmento de vidro que esteja visível, lavar com
etanol aquoso a 70% e procurar estancar o sangue, fazendo pressão sobre o ferimento com gaze
esterilizada. O sangramento pode também ser interrompido através de aplicação, no corte, de
uma solução de cloreto férrico a 1%. Não empregar cloreto férrico em cortes profundos em que
alguma veia tenha sido atingida.

iii. Reagentes nos olhos

Deve-se lavar os olhos com bastante água, com soro fisiológico e, em seguida, aplicar
gaze esterilizada embebida em soro, mantendo a compressa até consulta a um médico. Faça
14
isto o mais rapidamente possível. Usar sempre o lava-olhos.

iv. Incêndios

Mantenha sempre a calma. O professor deve ser rigorosamente obedecido. O registro


geral de gás deve ser imediatamente fechado e qualquer equipamento elétrico desligado
(recomenda-se desligar a chave geral). Um pequeno incêndio pode ser extinto colocando-se um
pano úmido sobre o recipiente. Nos casos mais graves, utilizar areia seca ou extintores de
incêndio. Nunca usar água em óleo porque ela tende a espalhar o fogo. Neste caso, é
conveniente a utilização de uma mistura de areia e bicarbonato de sódio.

Os incêndios em laboratório podem ser divididos em três classes:

Tipo A. Papel, madeira ou materiais que deixam brasa ou cinza: use um agente que molhe e
esfrie.
Tipo B. Líquidos inflamáveis (óleo, gasolina, etc): ação rápida de resfriamento e abafamento.
Tipo C. Equipamentos elétricos: use agentes não condutores de eletricidade.

A tabela 2 apresenta os vários tipos de extintores e sua relação com as diversas classes
de incêndio.

Tabela 2. Eficiência dos extintores em função das classes de incêndio.


Alcance do jato Classe de incêndio
Extintores
(em metros) A B C
CO2 1a2m ruim Bom Excelente
Pó químico 2a4m Ruim Excelente Bom
Espuma 9 a 18 m Regular Excelente Não
Água 9 a 20 m Excelente Não Não

v. Envenenamentos

Nos casos em que a droga não chegou a ser engolida, deve-se cuspir imediatamente e
lavar a boca com muita água. Caso tenha sido engolida, deve-se chamar imediatamente um
médico. Enquanto isso se deve ministrar um antídoto, de acordo com a natureza do veneno.
Existem tabelas que descrevem as substâncias tóxicas e seus antídotos, fornecidas
comercialmente. Estas tabelas devem ser afixadas no laboratório, em lugar bem visível.
Ácidos e bases devem diluídos com bastante água. Pode-se depois, tomar leite, mas
nenhum vomitório.
No caso de intoxicação com gases, retirar a vítima para um lugar mais arejado e afrouxar
a roupa, se estiver apertada. Inalação de pequenas quantidades de vapor de bromo ou cloro
pode ser neutralizada pela inalação de vapor de amoníaco e subsequente gargarejo com solução
de bicarbonato de sódio a 1%.

vi. Ingestão de substâncias tóxicas

Recomenda-se beber muita água e em seguida beber:


a) Um copo de solução de bicarbonato de sódio 1% ou leite de magnésia, em caso de ingestão
de ácidos;
b) Um copo de solução de ácido cítrico ou ácido acético a 2%, em caso de ingestão de bases.

1.2.6- Utilização de substâncias sensíveis à umidade

Substâncias sensíveis à água são aquelas que se decompõem ao contato, ás vezes de


maneira violenta. O manuseio correto de tais substâncias evita não só a deterioração do reagente
como também sérios acidentes em laboratórios.
15

1.2.7- Utilização de substâncias corrosivas


Os principais agentes corrosivos encontrados nos laboratórios incluem os ácidos, bases
e os halogênios. A maioria deles provoca sérias queimaduras e deve ser manipulada
cuidadosamente, evitando contato com a pele e, principalmente, com os olhos ou boca. Alguns
destes compostos liberam vapores corrosivos às mucosas nasais e causa danos sérios aos
pulmões, se a inalação for contínua.
Ácidos e bases fortes produzem reação bastante exotérmica com a água: soluções
aquosas de tais substâncias são preparadas adicionando-se ácido ou base sobre água,
lentamente, com agitação e resfriamento externo.

1.3 – MATERIAIS USUAIS EMPREGADOS EM LABORATÓRIO DE QUÍMICA ORGÂNICA E


OPERAÇÕES GERAIS DE LABORATÓRIO

Os materiais descritos a seguir são muito empregados em operações triviais na química


orgânica.

1.3.1- Funis utilizados em filtrações à vácuo


O isolamento de material por filtração por sucção (também chamada à vácuo) pode ser
feito com um dos funis mostrados na figura 1. Os funis de porcelana de Buchner e de Hirsch
(Figura 1a e 1b) contêm uma placa perfurada sobre a qual se coloca papel de filtro. Se as
condições de filtração são tais que é melhor evitar papel de filtro, funis contendo placas de vidro
sintetizado de várias porosidades são disponíveis, como mostra a figura 1c.

Figura 1. Tipos de funis usados em filtrações à vácuo: (a) e (b) funis de porcelana; (c) funil com
placa de vidro sintetizado.

O esquema ideal para filtração à vácuo é mostrado na figura 2. O vácuo pode ser feito
por uma bomba de vácuo ou através de uma trompa d’água.

Figura 2. Aparelhagem para filtrações à vácuo com frasco (trap) alternativo de segurança.
16

1.3.2- Condensadores / Aparelhos de destilação e refluxo


Embora uma variedade de condensadores seja disponível (figura 3), os condensadores
do tipo reto como o de Liebig (3a) e o de West (3b), e o condensador de serpentina (3c), são
mais eficientes quando usados em destilações.

Figura 3. Tipos de condensadores para destilações e refluxos: (a) Liebig (condensador reto); (b)
West (condensador a ar); (c) Colle e (d) Friedrichs (condensadores de serpentina); Allihn
(condensador de bolas).

Os condensadores de Friedrichs e de Allihn são utilizados em montagens verticais e,


geralmente, em operações de refluxo. A técnica usual envolve o aquecimento da mistura até a
temperatura de ebulição do solvente, com posterior condensação do vapor de volta ao frasco de
reação.
O condensador de bolas (condensador de Allihn) é o mais indicado para este tipo de
operação por apresentar maior superfície de condensação. Quando há necessidade de
condições anidras, recomenda-se adaptar, à saída do condensador, um tubo contendo agente
dessecante.

1.3.3- Colunas de fracionamento


Uma grande variedade de colunas de fracionamento de uso comum está mostrada na
figura 4.
As colunas de fracionamento mais comuns são as de Vigreux e de Hempel. A primeira é
um tubo de vidro com várias reentrâncias em forma de dentes, distribuídas de modo que as
pontas de um par de dentes quase se toquem. A coluna de Hempel é formada por um tubo de
vidro empacotado com pequenas bolas de vidro ou anéis de vidro, entre outros.

Figura 4. Tipos de colunas de fracionamento para destilações fracionadas: (a) Vigreux; (b)
17
Hempel.

1.3.4- Exigências para destilações especiais


Quando se necessita fazer uma destilação sob condições anidras, um receptor tal como
ilustrado na figura 5a pode ser usado, com um tubo secante ligado a um pequeno tubo de
borracha ao adaptador. Um aparelho simples (figura 5b) usa um kitassato com receptor. A figura
5c mostra uma ligação do receptor com um tubo de vidro dentado que age como um captor para
algum gás tóxico, solúvel em água. A água flui através do tubo com turbulência e, rapidamente,
arrasta vapores da destilação. Um arranjo semelhante é dado na figura 5d, que envolve um funil
invertido sobre uma superfície de ácido ou base aquosa, usando para neutralizar vapores básicos
ou ácidos, respectivamente.

Figura 5. Tipos de receptores ou coletores de destilações: (a) e (b) Condições anidras; (c) e (d)
liberação de gases tóxicos.

1.3.5- Resfriamento
O banho refrigerante mais empregado nos laboratórios utiliza uma mistura de gelo picado
e água. Temperaturas abaixo de 0ºC podem ser obtidas através de adição de sais inorgânicos à
mistura gelo/água. A tabela 3 apresenta uma relação de misturas refrigerantes comuns. É
importante ressaltar a necessidade de agitação durante o uso destas misturas para obtenção de
uma temperatura homogênea. Temperaturas em torno de -70ºC são alcançadas através de
adição de gelo seco em acetona ou etanol.

Tabela 3. Misturas refrigerantes.


Composição Temperatura
1 parte NaCl / 3 partes gelo picado -20ºC
1 parte NH4Cl / 1 parte NaNO3 / 1 parte água gelada -20ºC
3 partes CaCl2 em pó / 2 partes gelo picado -50ºC
Gelo seco (CO2) e acetona ou etanol -70ºC

1.3.6- Aquecimento
Fontes de aquecimento muito usadas em laboratório de química orgânica incluem mantas
de aquecimento, lâmpada infravermelha, banho de óleo e banho de vapor (Figura 6).
18

Figura 6. Tipos de fontes de aquecimento para laboratórios: (a) mantas de aquecimento; (b)
banho-maria; (c) banhos de óleo; (d) lâmpadas; (e) chapas de aquecimento; (f) secadores de
cabelo.

O banho de óleo consiste numa cuba de porcelana (ou pirex) com uma resistência
colocada internamente. O melhor banho de óleo é o de silicone que pode atingir 230ºC,
praticamente, sem decomposição; ele é, no entanto, muito caro. O banho de óleo de algodão é
corriqueiramente usado, devendo ser aquecido em capela, sempre com um termômetro para
evitar aquecimento excessivo.

1.3.7- Agitação
Equipamentos para agitação de misturas de reação, que, muitas vezes, são
heterogêneas ou requerem alta diluição ou mesmo muito aquecimento, são mostrados na figura
7. Os agitadores mostrados em 7a-c são todos mecânicos, e são usados para agitações em
frascos fechados pois possuem boca esmerilada e permitem conexão perfeita com frascos. O
agitador 7d é um agitador magnético de grande utilidade em laboratórios.

Figura 7. Tipos de equipamentos para agitação de misturas reacionais em laboratórios: (a) (b)
(c) agitação mecânica; (d) agitação magnética.

1.3.8- Adição de líquidos a frascos de reação


O balão com três conexões mostrado na figura 8a é comumente usado para muitas
19
reações orgânicas; é equipado com um funil gotejante com equalizador de pressão para adição
de líquidos puros ou soluções. O tubo equalizador de pressão é necessário somente se a adição
precisar ser feita com o funil tampado, que é essencial se a reação for feita na ausência de
oxigênio ou umidade. O funil mostrado na figura 8b é utilizado para adição de líquidos por um
período de muitas horas.

Figura 8. Métodos de adição de líquidos a misturas reacionais: (a) Funil de separação com
equalizador de pressão; (b) funil de adição lenta.

1.3.9- Remoção de solventes


Produtos de reação são frequentemente obtidos como soluções em solvente orgânico.
Embora a destilação seja um método de remover solvente, ela tem a desvantagem de ser lenta
e o resíduo, se sujeito a um período extenso de aquecimento, pode se decompor. Então é
necessário um meio de rapidamente concentrar solventes e que não afete o produto da reação.
Evaporadores rotatórios, como mostrados na figura 9, resolvem o problema.

Figura 9. Evaporador rotatório.

1.3.10- Processos de secagem

Sólidos
Embora seja algumas vezes possível secar alguns compostos adequadamente deixando-
os em frasco aberto, à temperatura ambiente, é algumas vezes, essencial que outros processos
de secagem mais extremos (eficientes) sejam usados, ou devido a algum tipo especial de análise
20
a que o composto será submetido (por exemplo, espectroscopia na região do infravermelho) ou
porque a reação de síntese, que empregará o sólido, é sensível à umidade.
Aparelhos para secagem de sólidos são mostrados na figura 10. A figura 10a mostra uma
pistola de secagem para pequenas quantidades de material; uma certa quantidade de material é
colocada em A sendo que o bulbo B contém um agente dessecante eficiente como P2O5,
Mg(ClO4)2, KOH em lentilhas ou CaSO4 (Drierite). No frasco C vai um solvente que é aquecido
sob refluxo e deve ter ponto de ebulição menor que o ponto de fusão da amostra, a ser seca.
Secagem de maiores quantidades de compostos é feita em dessecador à pressão
atmosférica ou sob vácuo. A eficiência de vários agentes dessecantes é dada na tabela 4.

Figura 10. Métodos de secagem de amostras sólidas: (a) pistola de secagem; (b) dessecador.

Tabela 4. Eficiência relativa de agentes secantes para remoção de água do ar.


Agent (absorption action) Weight (in MG) of water remaining per
liter of air after drying (25-30ºC)
P4O10 1 mg in 40.000 L
Mg(ClO4)2 Unweighable in 210 L (indetectável)
KOH, fused 0.00065
H2SO4 0.003
CaSO4 (Drierite) 0.005
KOH, sticks 0.014
NaOH, fused 0.16
NaOH, sticks 0.80
CaCl2, granular 1.5

Líquidos
A secagem de líquidos orgânicos, incluindo sólidos dissolvidos em solventes, é feita pela
adição de um agente dessecante diretamente no líquido, seguido por filtração, depois de um
período determinado de tempo. Muitas vezes é necessário o refluxo do líquido com o secante
adequado, e posterior destilação na presença ou não do agente secante. É necessário se avaliar
as propriedades do agente secante utilizado, para se optar pela destilação na presença ou
ausência do mesmo.
Alguns aspectos importantes na escolha do agente secante são: ele não deve reagir com
o líquido e é preciso considerar a intensidade, velocidade e capacidade do agente. A tabela 5
mostra a eficiência de alguns agentes secantes para líquidos orgânicos.

Tabela 5. Eficiência de agentes secantes para líquidos orgânicos.


Drying Benzene Diethyl ether Ethyl acetate
Agent Intensity Velocity Intensity Velocity Intensity Velocity
CaCl2 99% Fast 99.3% Fast 89% Fast
CaSO4 68% Fast 80% Fast 62% Fast
Molecular
99% Slow 99.4% Fast 89% Slow
Sieves,
21
4A
MgSO4 17% Fast 86% Slow 30% Very slow
Na2SO4 30% Very slow 22% Very fast 14% Very slow

Principais agentes dessecantes


Para que um agente dessecante seja efetivo, é importante que nem ele nem seu produto
de hidrólise reajam quimicamente com o líquido orgânico a ser purificado. Certos dessecantes
interagem reversivelmente com água (adsorção ou hidratação); outros reagem dando origem a
um novo composto.

* Agentes dessecantes que formam hidratos com a água


Agentes dessecantes que formam hidratos com a água, de maneira reversível, têm sua
eficiência em função da pressão de vapor da água residual em equilíbrio com o agente
dessecante anidro e hidratado, a uma determinada temperatura. Como a pressão de vapor da
maioria dos hidratos aumenta com a temperatura, esses agentes sofrem desidratação abaixo da
temperatura de destilação do líquido anidro de ponto de ebulição elevado. Dessecantes deste
tipo devem ser completamente removidos por filtração ou decantação antes da destilação do
líquido anidro.
Agentes dessecantes que reagem com a água de maneira irreversível, não precisam ser
removidos antes da destilação.
Alguns agentes dessecantes reagem violentamente com a água, como é o caso do sódio,
hidreto de sódio ou pentóxido de fósforo; tais dessecantes só devem ser utilizados na secagem
de solventes, que foram previamente secos com outro agente dessecante menos eficiente.

*Peneira molecular
Peneira molecular é o nome que se dá a silicatos de alumínio cuja estrutura cristalina
contém poros de diâmetro uniforme. Peneira molecular, com poros de diâmetro de 3 a 4A, são
excelentes para absorção de água. Recomenda-se utilizar solvente preliminarmente seco. A
peneira molecular tem a vantagem de poder ser ativada novamente por aquecimento a 300-
350ºC, sob vácuo ou em atmosfera de nitrogênio.

1.3.11- Aparelhagens para absorção gasosa


Várias reações orgânicas produzem vapores tóxicos que não podem ser liberados para
a atmosfera do laboratório. Reações deste tipo devem ser feitas em capelas (compartimento
fechado e envidraçado, equipado com sistema de exaustão). Na ausência de capelas,
recomenda-se usar um dispositivo que, adaptado à aparelhagem de destilação ou refluxo, seja
capaz de reter os vapores nocivos.
Alguns dos dispositivos de absorção gasosos são apresentados na figura 11. Os
dispositivos mostrados na figura 11a e b são usados quando devem ser absorvidas pequenas
porções de gás. Costuma-se colocar, na cuba ou no frasco de kitassato uma solução aquosa a
10% de hidróxido de sódio, já que a maioria dos gases liberados durante as reações têm
características ácidas. Os dispositivos apresentados nas figuras 11c e d, são recomendados em
operações que envolvam liberação de grande quantidade de gás.
22

Figura 11. Dispositivos de absorção gasosa.

1.3.12- Trabalho com gases


Vapor d’água pode ser removido de gases pela passagem dos mesmos sobre agentes
secantes; os agentes secantes podem ser sólidos (figura 12) ou líquidos (figura 13). Como
agentes secantes sólidos usam-se, normalmente, Drierite (CaSO4) ou pastilhas de hidróxido de
potássio, esse último sendo usado especialmente para secar amônia. Gases como HBr, HCl e
Cl2 são, usualmente, deixados borbulhar através de vários frascos de lavagem (figura 13)
contendo ácido sulfúrico concentrado.
Para eliminação de umidade de frascos de reação, utiliza-se o esquema mostrado na
figura 14b, pela utilização dos frascos contendo agentes secantes da figura 14a. Os agentes
secantes mais usados para esse propósito são o Drierite e o sulfato de sódio.

Figura 12. Torre de secagem de gases que utilizam agentes secantes sólidos.

Figura 13. Torre de secagem de gases que utilizam agentes secantes líquidos (por exemplo,
23
H2SO4 concentrado).

Figura 14. Sistemas de eliminação de umidade de frascos de reação: (a) tubos de secagem; (b)
aparelhagem para refluxo dotada de tubo de secagem.
24
1.4 EQUIPAMENTOS BÁSICOS DE LABORATÓRIO

1.4.1 MATERIAIS DE VIDRO E DE PORCELANA


25

I.4.2 MATERIAIS METÁLICOS


26

I.4.3 IDENTIFICAÇÃO DOS MATERIAIS BÁSICOS DE LABORATÓRIO


27
28

ZONAS DA CHAMA DO BICO DE BUNSEN:


29
1.5 – MANUSEIO DO HANDBOOK, DO INDEX MERCK E DO CATÁLOGO DA
ALDRICH

1.5.1- Manuseio do Handbook

O Handbook é um livro para consulta, que congrega uma infinidade de


informações sobre várias áreas da ciência tais como: Matemática, Física, Química,
Astronomia, História da Ciência, dentre outras. Ele é dividido por seções, A, B, C, etc.,
sendo que cada seção tem paginação própria e no início de cada seção há explicações
de como se utilizar o seu conteúdo. Para ilustrar o trabalho com o Handbook escolheu-
se a Seção C do Handbook, que se inicia com regras de nomenclatura dos compostos
orgânicos, uma vez que é necessário saber o nome do composto químico para poder
encontrá-lo. Como todos os dados são tabelados e as informações são muitas, houve a
necessidade de se criar códigos e símbolos para compactar, ao máximo, num espaço
mínimo. Dessa forma, antes de se iniciar as tabelas, sempre já textos explicativos e
tabelas de símbolos e abreviações sendo tudo organizado na ordem alfabética. A
procura no Handbook também pode ser feita através do índice que se encontra no final
31

do livro. Tendo-se a palavra ou nome, o índice o remeterá à seção e páginas corretas.


Existem, também, alguns Handbooks que são especializados para algumas
áreas da ciência, tais como: Handbook de Química Analítica, dentre outros.

Entrada: 1-Bromobutano
1. Nº 3231. Número de referência interna. Outras tabelas do handbook utilizarão mais
este número do que o nome.
2. Nome, ... Butano, 1-bromo. Você tem um nome sistemático.
3. Sinonímia, ... Brometo de butila. Outro nome do composto.
4. Fórmula molecular C4H9Br. A fórmula empírica do 1-bromobutano.
5. Peso molecular 137,03. O peso molecular do 1-bromobutano.
6. CAS RN. 109-65-9. Número de registro do Chemical Abstracts Service. É o
identificador único para o 1-bromobutano.
7. pf/ºC -112,4. O ponto de fusão do 1-bromobutano sólido. Os manuais só fornecem
o MÁXIMO da faixa de ponto de fusão. No entanto, você deve registrar a faixa inteira.
8. Merck Nº 1553. O número monográfico do Índice Merck, 11ª edição, para o 1-
bromobutano.
9. p. eb/ºC 101,6. O ponto de ebulição normal, a 760 torr, é 101,6ºC. Edições anteriores
também mostravam 18,830, que é uma informação adicional para dizer que 18,8ºC
é o ponto de ebulição a 30 torr.
10. Beil. Ref. 4-01-00-00258. Referência à listagem de um conjunto de handbooks
alemães denominado Beilstein. O 1-bromobutano está no quarto suplemento,
Volume 1, Subvolume 0 (não já subvolume), na página 258.
11. den/g cm3 1,275820. A massa específica do 1-bromobutano. O índice, nesse caso
20, é a temperatura (ºC) em que a massa específica foi obtida. Esses números são
massas específicas verdadeiras, nenhum deles é uma densidade.
12. Solubilidade H2O 1; EtOH 5; eth 5; ace 5. Indica a solubilidade do 1-bromobutano
em alguns solventes. Os números associados a cada solvente descrevem as
solubilidades: 1 = insolúvel; 2 = pouco solúvel; 3 = solúvel; 4 = muito solúvel; 5 =
miscível (mistura-se em todas as proporções); 6 = decompõem-se. Os solventes são
apresentados por fórmula ou abreviatura. Existem muitos solventes, e aqui estão as
abreviaturas de alguns deles.

Alguns solventes têm uma longa tradição de uso, são nossos velhos amigos e, para
eles, empregamos nomes muito informais:
álcool: álcool etílico; etanol
éter petr.: éter de petróleo. Não um éter verdadeiro, mas uma fração hidrocarbônica
de baixo ponto de ebulição (30-60ºC), como a gasolina
éter: éter etílico, etoxietano
ligroína: outra mistura de hidrocarbonetos com uma faixa de ponto de ebulição (60-
90ºC) superior ao éter de petróleo

13. nD 1,440120. Este é o índice de refração obtido utilizando-se a luz amarela de uma
lâmpada de sódio (linha D). O índice 20 significa que o índice de refração foi obtido
a 20ºC
32

Figura 15. Exemplo de busca de compostos no CRC Handbook of Chemistry and


Physics (83ª Edição) para o 1-bromobutano e outros compostos.

1.5.2- Manuseio do Merck Index

O Merck Index ou Index Merck, como o Handbook, é um livro para consulta que
possui uma série de informações sobre alguns milhares de compostos, não utilizando
tabelas, mas sim uma sequência de nomes de compostos em ordem alfabética
numerada, que contem as informações, como mostra um exemplo a seguir. Também
aqui, no início do livro, há um texto explicativo e tabela de símbolos e abreviações
utilizadas. Para procurar um determinado composto, pode-se utilizar também, o índicee
de nomes ou de fórmulas que se encontra no final do livro. O Merck Index tem a
vantagem sobre o Handbook pelo fato de ter usos e cuidados das substâncias.
O The Merck Index está mais voltado para medicamentos e seus efeitos
fisiológicos. Porém, existem informações úteis sobre muitos produtos químicos.

Entrada: 1-Bromobutano
1. Topo da página: n-Butil n-Butirato 1555. Como num dicionário, cada página tem
cabeçalhos que orientam para a primeira entrada daquela página. Assim, 1555 não
é o número da página, mas o número do composto para n-butil n-butirato, a última
entrada da página 263. O número real da página fica no lado esquerdo inferior.
2. Brometo de n-Butila. Listado como um butano substituído com o nome sistemático
dado como um sinônimo.
3. [109-65-9]. O número de registro do CAS (Chemical Abstracts Service).
4. C 35,06%,... Dados de análise elementar; a porcentagem de cada elemento do
composto.
5. Preparado a partir de... Uma breve nota sobre como foi preparado o 1-
bromobutano e referências à literatura original (periódicos).
6. d425 1,2686. O índice 25 sobre 4 indica uma densidade (uma medida relativa).
Observe que as temperaturas são dadas com um índice em d.
33

Figura 16. Exemplo de busca de compostos no Index Merck (13ª Edição) para o 1-
bromobutano e outros compostos.
34

DISCIPLINA: QUÍMICA ORGÂNICA EXPERIMENTAL

Unidade 2. Técnicas de Separação/Purificação e


Síntese de Substâncias
35

EXPERIMENTO 1 – EXTRAÇÃO DE PIGMENTOS VEGETAIS E


CROMATOGRAFIA
PRÉ-RELATÓRIO:

A) Faça o levantamento sobre a ficha química, INCLUINDO FÓRMULA


MOLECULAR E FÓRMULA ESTRUTURAL=ESTRUTURA, dos seguintes
reagentes:
-Acetona -Sílica gel
-Hexano -β-caroteno
-Álcool metílico
B) Busque exemplos sobre onde a cromatografia é utilizada no dia-a-dia, e
indique quais os produtos resultantes da utilização desta técnica.

1.1. EXTRAÇÃO DE PIGMENTOS VEGETAIS

Embora a grande maioria de Compostos Orgânicos seja resultante de síntese,


vários deles são extraídos de vegetais e animais. Ex.: amido, glicogênio, celulose,
sacarose, alcaloides, etc. Várias são as operações utilizadas para a extração e
purificação dessas misturas de compostos naturais.
Extração é uma operação que tem por objetivo separar substâncias de um
material sólido ou líquido que os contém. Implica no tratamento do material bruto com
um solvente apropriado que deverá dissolver preferencialmente a substância desejada
em maior proporção.

Alguns tipos de extração:


- a frio: Percolação
- a quente: Decocção
Extração Contínua

Percolação: é uma operação na qual se retira da matéria bruta moída, através de


solvente, os seus componentes solúveis. O Material moído do qual será feita a extração
é geralmente colocado em um recipiente cilíndrico chamado Percolador.

Decocção: consiste em manter a matéria bruta durante certo tempo com um solvente
aquecido à ebulição.

Extração contínua: é o processo, em que uma mesma quantidade de solvente,


entrando em ebulição e pela condensação de seus vapores, atua sucessivamente sobre
a mistura da qual se pretende retirar algum ou alguns de seus componentes. A
substância desejada deverá ser solúvel no solvente usado.
O extrator mais empregado para este fim é o Extrator de Soxhlet, o qual é
composto de 3 partes: balão, cilindro de extração ou extrator e condensador. A grande
vantagem deste aparelho está no fato de poder usar-se pequena quantidade de solvente
que atua, repetidas vezes sobre a substância a ser extraída. E ainda esse solvente atua
sobre a mistura sempre puro ou quase.

1.2. CROMATOGRAFIA

É um método físico-químico de separação dos componentes de uma mistura.


Baseia-se nas diferentes distribuições desses componentes em duas fases: Uma fase
36

estacionária (que permanece parada) e uma fase móvel (que se movimenta no sistema).
Durante a passagem da fase móvel os componentes serão seletivamente arrastados
por ela e ao mesmo tempo retidos pela fase estacionária, ocasionando diferentes
migrações e diferentes posições dos componentes da mistura.

1.2.1. CROMATOGRAFIA DE CAMADA DELGADA (CCD)

Consiste na separação dos componentes de uma mistura através da migração


diferencial desses componentes quando arrastados pela fase móvel (solvente) sobre
uma camada delgada de adsorvente. Oferece separação em breve espaço de tempo, é
versátil, apresenta grande reprodutibilidade, é de fácil execução. Por todas estas
vantagens, é indispensável em laboratórios que realizam análise de substâncias
orgânicas e organometálicas. É mais usada na separação de substâncias hidrofóbicas.
Classificação: de acordo com o mecanismo de separação esta cromatografia é
classificada, de um modo geral, como sendo uma cromatografia de ADSORÇÃO. De
acordo com o estado físico das duas fases é também classificada como uma
cromatografia líquida-sólida.
Mecanismo de separação dos componentes: está fundamentado no
fenômeno de ADSORÇÃO, que é o depósito ou a retenção seletiva de substâncias
sobre a superfície de sólidos finamente divididos, por efeitos de forças eletrostáticas.
Os adsorventes mais usados são: a sílica (SiO2) e a alumina (Al2O3). A sílica é um
sólido, altamente poroso, e é um dos adsorventes mais utilizados em cromatografia.
Existem vários tipos no mercado. Alguns tipos “Merck”: sílica “G” - apresenta em sua
composição substâncias aglutinantes (10 a 15% de gesso ou 1 a 3% de amido) com o
objetivo de fixar o adsorvente sobre a placa de vidro; sílica “H”- não contém aglutinantes.
É usada em cromatografia de coluna; sílica “F”- contém substância fluorescentes; sílica
“P”- para uso em camadas Preparativas.
Preparação das placas: para a preparação das placas deve-se primeiramente
assegurar a completa limpeza das mesmas. A quantidade de adsorvente (espessura da
camada) deve ser de: 0,3 a 0,5mm - qualitativa; 0,6 a 1,0 ou 3,0mm - preparativa. A
relação quantidade de amostra/espessura da camada de adsorvente é importante.
Como suporte para a camada de adsorvente podemos utilizar placas de vidro de
tamanhos variados: 2,5x7,5cm; 10,0x20,0cm; 20,0x20,0cm.
Existem várias formas de se preparar uma placa cromatográfica, sendo a mais
usada a que utiliza espalhadores do adsorvente. Faz-se uma suspensão do adsorvente
com um solvente adequado e mantendo-se a placa na horizontal, transfere-se a
suspensão para a superfície da placa, espalhando-se de maneira bem uniforme. Deixa-
se em repouso por alguns minutos e então faz-se a ativação das placas. A ativação
consiste em deixar a camada de adsorvente seca (livre do solvente usado na
suspensão). O tempo e a temperatura para isso dependem do adsorvente e da atividade
desejada. A camada de sílica é ativada deixando-se as placas na estufa (105 - 110ºC)
por 30 – 60 minutos. Para conservá-las secas, as mesmas devem ser guardadas em
dessecadores.
Fase móvel: o solvente ou mistura de solventes tem papel fundamental na
separação de misturas. Entende-se que existe uma competição entre as moléculas da
fase móvel e da amostra, pela superfície do adsorvente. Portanto, a escolha da fase
móvel tem que considerar a natureza química das substâncias a serem separadas e a
polaridade da fase móvel. Deve-se tomar como base a “série eluotrópica “ dos solventes
(solventes em ordem de polaridade). O poder de eluição está diretamente relacionado
com a polaridade. Série eluotrópica (no final).
Aplicação das amostras na cromatografia: em geral usam-se soluções de 0,1
a 1,0%. Pode-se utilizar micropipetas ou microseringas, que permitem determinar a
quantidade de substâncias colocada nas placas. Quando não é exigida a quantidade de
amostra pode-se usar capilares de vidro. As gotas devem ser aplicadas 1,5 a 1,0cm
37

acima da borda inferior da placa (ponto de partida).

Cromatografia em camada delgada

Reveladores cromatográficos: são agentes físicos (ultravioleta, por exemplo)


ou químicos (vapores de iodo, H2SO4, por exemplo) que tornam visíveis as substâncias
separadas.
Constantes cromatográficas: são características reproduzíveis em um dado
sistema cromatográfico. Por exemplo Rf (Rate of flow) que é a relação de deslocamento
dados pela relação de deslocamento do soluto pelo deslocamento do solvente.

Série eluotrópica:
Pentano, éter de petróleo, cicloexano, benzeno, clorofórmio, éter etílico, acetato de etila,
acetona

aumento da polaridade

1.2.2. CROMATOGRAFIA EM COLUNA


Os métodos cromatográficos líquido-sólido (adsorção) podem ser realizados
numa coluna recheada com um sólido (fase estacionária) e uma fase móvel líquida,
onde a adsorção ocorrerá entre as superfícies das fases móvel e estacionária.
Dependendo do tamanho da coluna usada, é facilmente aplicada para fins preparativos,
devendo ser monitorada, principalmente por cromatografia em camada delgada.
Preparação da coluna: Quanto mais uniforme for o enchimento da coluna maior
será a sua eficiência. Durante o enchimento o ar pode ficar retido entre as partículas,
para evitar que isso ocorra deve-se agitar o adsorvente num frasco, com a fase móvel,
até a constituição de uma pasta, a qual será colocada dentro da coluna, já contendo 1/3
da fase móvel. Nesta operação acompanhada por vibração da coluna e, deixando o
material assentar gradualmente, obtém-se uma razoável homogeneidade no
enchimento. Deve-se evitar deixar a coluna secar durante o enchimento ou a eluição,
porque aparecem rachaduras na coluna, o que prejudicará a separação cromatográfica.
A coluna, de altura de aproximadamente 6 cm, será preenchida com uma
suspensão de alumina 2g em éter de petróleo.
38

Cromatografia em coluna
39

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
1) Extração do material vegetal:
Separar 50g de folhas frescas de espinafre, das quais foram removidas as nervuras
centrais. Corte ou pique as folhas de espinafre em pedaços pequenos e coloque-os em
um almofariz, juntamente com 5 mL de acetona. Amasse-as com um pistilo até que as
folhas de espinafre tenham sido fragmentadas em partículas minúsculas. Caso tenha
evaporado demais, é possível adicionar outra alíquota de 3 mL de acetona, se
necessário. Transfira o conteúdo para um tubo de centrifugação (um tubo de ensaio), e
centrifugue a mistura – NÃO SE ESQUEÇA DE BALANCEAR OS TUBOS ANTES DE
ADICIONÁ-LOS NA CENTRÍGURA!!!!
Com uma pipeta Pasteur, remova a parte superior do extrato sem retirar o material
particulado do fundo tubo de ensaio.

2) Cromatografia em coluna
Separe 5 tubos de ensaio para coletar as frações da coluna.
Como fase estacionária será utilizado 1,5 g de sílica gel (malha de 70-230 mesh),
empacotados em uma coluna de vidro de aproximadamente 0,5 x 15 cm, provida de
torneira. Para montar a coluna, é necessário primeiramente adicionar um pequeno
chumaço de algodão para evitar a saída da fase estacionária pela torneira. Em seguida,
empacotar a fase estacionária na coluna e equilibrar a coluna adicionando com o
solvente inicial do processo cromatográfico (hexano). Utilizar um gradiente de
polaridade crescente para eluição da coluna, com 10 mL de hexano, 10 mL de uma
mistura de hexano:acetona na proporção 1:1 (v/v), 10 mL de acetona e 10 mL de álcool
metílico como fases móveis.
OBS: A adição da amostra na coluna pode ser feita na forma de pastilha, preparada
com uma pequena porção da fase estacionária misturada ao extrato, ou pode-se
adicionar o extrato, dissolvido em uma quantidade de solvente (aproximadamente 0,5
mL de acetona), diretamente no topo da coluna.
Transferir a amostra dissolvida em um pequeno volume de solvente para o topo da
coluna e abrir a torneira até o eluente atingir o nível do recheio. Iniciar a eluição com
hexano. Coletar a banda amarela quando esta começar a sair da coluna. Mudar a fase
móvel para acetona e coletar a banda verde separadamente.
A solução amarelada contém uma mistura de carotenos, enquanto que a solução de
coloração verde contém uma mistura de clorofilas. As soluções assim separadas serão
analisadas por cromatografia em camada delgada.

3) Cromatografia em camada delgada

Aplicar com auxílio de um capilar o extrato e as duas soluções de pigmentos na


extremidade de uma placa de sílica-gel ativada. Repetir o mesmo procedimento em uma
segunda placa. Deixar secar as duas placas e colocar a primeira na cuba A e a segunda
na cuba B, as duas cubas cromatográficas já deverão conter as seguintes fases móveis:
Cuba A – fase móvel: acetona/hexano 1:4
Cuba B – fase móvel: acetona/hexano 1:11
Tampar as cubas e aguardar até o solvente atingir 1 cm antes do topo da placa,
retirar as placas das cubas, deixar secar e revelá-las com luz ultravioleta e com vapores
de iodo.
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EXPERIMENTO 2 – DESTILAÇÃO POR ARRASTE A VAPOR


PRÉ-RELATÓRIO

A) Busque exemplos sobre onde a destilação por arraste a vapor é utilizada no


dia-a-dia, e indique quais os produtos resultantes da utilização desta técnica.

INTRODUÇÃO

A destilação a vapor é, usualmente, empregada na purificação de substâncias


orgânicas voláteis e imiscíveis em água. Esta operação que envolve co-destilação da
substância a ser purificada com a água, tem como principal vantagem o fato de a mistura
entrar em ebulição a uma temperatura inferior ao ponto de ebulição da água.

A destilação a vapor é bastante utilizada para:


 Purificação de substâncias que se decompõe a temperaturas elevadas;
 Separação de um composto, de uma mistura reacional que contém outros
compostos não –voláteis.

Para que uma substância possa ser arrastada por vapor de água, é necessário
que ela possua as seguintes características:
 Seja insolúvel ou pouco solúvel em água;
 Não sofra decomposição em água quente, e;
 Possua apreciável pressão de vapor (maior do que 5 mmHg a 100 ºC).

2.1 – Aparelhagem

Existem dois tipos de aparelhagem para destilação por arraste a vapor.

TIPO A – Figura 27 – Neste procedimento, o vapor é gerado em um frasco (A)


e, em seguida, passado através do material vegetal contido em outro frasco (B). Esse
procedimento é empregado para se extrair substâncias que podem se degradar caso
sejam expostas a um vapor superaquecido. O balão maior (A) contém água e serve
como gerador de vapor; o vapor é introduzido no balão de destilação (B) através de um
tubo de vidro, cuja extremidade está a cerca de 10 mm do fundo do balão. O balão de
destilação é inclinado para minimizar o arraste mecânico do material durante a
operação. O volume do material a destilar deve ser no máximo igual à metade da
capacidade do balão B. Recomenda-se manter sob aquecimento brando o balão de
destilação para evitar condensação excessiva do vapor. Quando terminar a destilação,
é necessário tirar a rolha do frasco gerador de vapor (A), antes de interromper o
aquecimento; se este cuidado não for tomado, pode haver refluxo do material do balão
B para o balão A.
Se o material que está sendo arrastado pelo vapor de água cristalizar no
condensador, recomenda-se retirar temporariamente a água de refrigeração até que o
sólido se funda novamente; com esta operação, evita-se o entupimento do condensador.
41

Figura 27: Aparelhagem para destilação a vapor. (TIPO A)

TIPO B – Figura 28 – Nesse procedimento, o vapor é gerado no mesmo frasco


onde se encontra o material vegetal (vapor gerado in situ); esse procedimento, também
denominado de co-destilação é empregado para substâncias que não se decompõem
quando expostas a vapor superaquecido.
Na aparelhagem apresentada na Figura 28, o funil de adição contém água e o
balão contém a mistura a ser co-destilada; durante a destilação, goteja-se água à
mesma velocidade de destilação do líquido. Esse processo é recomendado quando o
material a ser arrastado é um sólido ou um líquido viscoso e, também, para misturas de
baixa viscosidade ou sólidos não finamente divididos. Durante a co-destilação, caso a
ebulição seja muito vigorosa, substâncias finamente divididas podem sofrer arraste
mecânico.

Figura 28: Aparelhagem para co-destilação (TIPO B)

Destilação simples ou fracionada X Destilação por arraste a vapor

No processo de destilação por arraste a vapor os componentes de mistura são


imiscíveis, ao contrário do processo de destilação fracionada, onde os componentes
da mistura são miscíveis.
42

2.2. - Parte operacional da destilação por arraste a vapor para obtenção de óleos
essenciais

2.2.1- Introdução
O método da extração por arraste a vapor consiste basicamente em passar uma
corrente de vapor de água através do material que contém as substâncias que se deseja
extrair.
A destilação por arraste a vapor é um método muito utilizado para o isolamento
e purificação de substâncias. Ela se aplica a líquidos que são imiscíveis em água ou
com miscibilidade muito pequena nesse solvente.
Os óleos essenciais, na sua grande maioria, são imiscíveis em água; sua
extração envolve o processo de destilação por arraste de vapor que consiste,
essencialmente, na volatização do óleo essencial com uma corrente de água.
No caso específico da extração do óleo essencial de folhas, a temperatura
elevada do vapor auxilia na ruptura das vesículas existentes na folha, liberando uma
maior quantidade de óleo; o vapor de água, ao passar pelas folhas, arrasta o óleo
essencial.
O sistema mais comumente utilizado na destilação por arraste de vapor
encontra-se na figura 29. O frasco A é a fonte geradora de vapor. O vapor produzido é
conduzido através do duto B até o frasco seco C, que contém as partes do vegetal
(folhas, casca, caule, etc). os vapores de água e o óleo essencial são condensados no
condensador D e, finalmente, coletados no frasco E. O tubo F (canal de respiro), no
frasco A, mantém a pressão no aparelho igual à pressão do ambiente.

Figura 29 – sistema utilizado na extração por arraste a vapor. O frasco A é uma fonte
geradora de vapor, o duto B conduz o vapor até o frasco C, que contem o material do
qual se quer extrair substancias. Os vapores são condensados no condensador D e
coletados no balão de fundo redondo E.

Existem duas maneiras possíveis para se realizar a destilação por arraste a


vapor. No procedimento TIPO A, o vapor é gerado em um frasco e, em seguida, passado
através do material vegetal, contido em outro frasco, como mostrado na Figura 29; esse
procedimento é empregado para se extrair substâncias que podem se degradar, caso
sejam expostas a um vapor superaquecido. No procedimento TIPO B, o vapor é gerado
no mesmo frasco onde se encontra o material vegetal; esse método se aplica àquelas
substâncias que, se porventura forem expostas a um vapor superaquecido, não correm
o risco de se degradar. Nesse procedimento há a possibilidade de superaquecimento
do frasco já que o aquecimento é feito diretamente no frasco contendo o material
vegetal; além disso, há a possibilidade de queima do material vegetal em contato com
43

a parede do frasco.

2.2.2- Conceitos Fundamentais


Um grande número de árvores e outras plantas exalam aromas agradáveis, que
resultam de misturas complexas de compostos orgânicos voláteis. Essas misturas de
produtos naturais voláteis constituem o que se denomina de óleos essenciais. Esse
óleo, produzido pela planta, fica geralmente armazenado em pequenas vesículas das
folhas, pétalas e cascas e, devido a sua volatilidade, escapam pelos poros das vesículas
perfumando o ambiente. Dentre os óleos mais importantes podemos destacar os de:
eucalipto, canela, hortelã, jasmim, lavanda, limão, rosa, etc.
A extração e a comercialização desses óleos essenciais são importantes para
as indústrias de perfumes, alimentos, fármacos, materiais de limpeza, dentre outras.
Os métodos mais comuns de extração de óleos essenciais de plantas são: a
prensagem, a destilação por arraste de vapor e a extração por solventes. Nesta
experiência, será feita a extração do óleo essencial de um material vegetal utilizando o
método de destilação por arraste de vapor.

2.2.3- Aplicação de Experimento


Num experimento de destilação por arraste de vapor, para obtenção de óleos
essenciais, podem ser utilizados cravo da índia, erva-doce, cominho, laranja, canela em
pó, dentre outras.
a) Óleo essencial do cravo da H3C O
Índia Eugenol
Óleo volátil, obtido dos botões florais
secos, ainda fechados, de Syzygium HO
aromaticum, constituído por 82-87% de
CH2
eugenol (I), cerca de 10% de
acetileugenol, cariofileno e outras 4-Allil-2-metoxifenol
substâncias.
Usos do óleo essencial do cravo da Índia: Anestésico local (alívio de dor de dente),
fabricação de cremes dentais, perfumaria, microscopia (agente clarificador de
histologia), antisséptico local, tratamento de eczemas, fungos (unhas), dentre outros.
Eugenol: Pressão de vapor: 2 mmHg (a 100ºC); PE = 255ºC; Preço: US$29,10 (100
mL)
b) Óleo essencial de canela O

Óleo obtido da Cinamomum zeylanicum,


constituído por 50-65% de H
cinamaldeído; outros constituintes são: Cinamaldeído
4-8% de eugenol e felandreno (alfa e
beta).
(2E)-3-fenilacrilaldeído
Usos do óleo essencial extraído da canela: indústria de perfumes e aromas;
carminativo (contra gases)
Cinamaldeído: Pressão de vapor: 1 mmHg (a 76,1ºC) e 10 mmHg (a 120ºC); PE =
246ºC, com decomposição; Preço: US$ 32,70 (25 mL)
c) Óleo essencial do cominho
Óleo obtido dos frutos e sementes de
Cuminum cyminum, constituído por 30-
40% de cuminaldeído, além de outros O

componentes: 1,3-mentadien-7-al, p- Cuminaldeído


cimeno, β-pineno, α-terpineno, etc.
4-isopropilbenzaldeído
Usos do óleo essencial extraído do cominho: Indústria de perfumes e aromas
(flavorizante).
Cuminaldeído: Pressão de vapor: 10 mmHg (a 102ºC); PE = 235-236ºC, com
44

decomposição; Preço: US$ 32,70 (25 mL)


d) Óleo essencial da laranja
Óleo obtido dos frutos de Citrus sinesis,
citrus aurantium, etc, constituído por
90% de R (+) Limoneno; outros
constituintes são: citral A, citral B, R (+) Limoneno
linalool, etc.
(4R)-4-isopropenil-1-metilciclohexeno
Usos do óleo essencial extraído da laranja: Indústria de perfumes, aromas,
corretivo de sabor em medicamentos, expectorante.
R (+)-Limoneno: Pressão de vapor: 40 mmHg (a 84,3ºC); PE = 175,5-176,5ºC, com
decomposição; Preço: US$ 10,80 (5 mL)
e) Óleo essencial da erva-doce H3 C
(Anis)
Óleo obtido dos frutos de Pimpinella
anisum, constituído por 85% de trans-
O
anetol; outro constituinte é o cis-anetol (Trans-Anetol)
que é 15 vezes mais tóxico que o trans-
1-metoxi-4-[(1E)-prop-1-en-1-il]benzeno
anetol.
Usos do óleo essencial extraído da erva-doce: Indústria de perfumes, aromas,
corretivo de sabor em medicamentos, expectorante.
Trans-Anetol: Pressão de vapor: 1mmHg (a 63ºC); PE = 243-237ºC; Preço: US$
40,70 (mL)
f) Óleo essencial de erva-cidreira H CH3 CH3
O CH3 CH3
O óleo essencial de Melissa officinalis é
O CH3
constituído por 75-85% de citral A CH3 H
(geranial) e citral B (neral), além de Geranial Neral
(Citral A) (Citral B)
outras substâncias.
(2E)-3,7-dimetilocta-2,6-dienal (2Z)-3,7-dimetilocta-2,6-dienal
Usos do óleo essencial extraído da erva-cidreira: Na síntese da vitamina A, na
fabricação de perfumes e sabonetes.
Geranial: PE20 mmHg= 118-119 ºC
Neral: PE20 mmHg= 120 ºC
Citral (geranial+neral): Pressão de vapor: 0,2 mmHg (a 200 ºC); PE = 229 ºC; Preço:
US$ 14,90 (5mL)
45

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Uso da destilação por arraste a vapor para a obtenção de óleos essenciais

Objetivo: Extração de óleos essenciais pelo método de destilação por arraste a vapor,
utilizando o procedimento Tipo A e a aparelhagem descrita na figura 30.

Procedimento experimental para a destilação por arraste a vapor


*Montar a aparelhagem para a destilação por arraste a vapor, conforme mostrado na
Figura 30.
*Adicionar ao balão gerador de vapor algumas pérolas de ebulição e, em seguida, água
até atingir a metade de seu volume; esse balão será aquecido com o bico de Bunsen.
*Adicionar o material vegetal (mínimo de 20g; ideal seria 50), triturado em almofariz com
pistilo ou picado (de acordo com a parte de plantas utilizada), a um balão de 500 mL,
juntamente com 250 mL de água; Esse balão será aquecido com uma manta de
aquecimento.
*Começar o aquecimento de maneira que se consiga uma velocidade lenta, porém,
contínua, de destilação.
*Durante a destilação, se necessário, adicionar mais água ao balão gerador de vapor,
de modo a manter o nível original de líquido.
*Continuar a destilação a vapor até que se tenha coletado cerca de 100 mL de destilado.
*Aguardar a vidraria esfriar e transferir o óleo essencial para um novo frasco.

ATENÇÃO: Antes de desligar o bico de Bunsen, desconectar o balão gerador de vapor


do restante da aparelhagem.

frasco gerador amostra


de vapor
Figura 30: Aparelhagem para a destilação por arraste a vapor.
46

EXPERIMENTO 3 – SOLUBILIDADE
PRÉ-RELATÓRIO

Ficha química, INCLUINDO FÓRMULA MOLECULAR E FÓRMULA ESTRUTURAL=


ESTRUTURA, dos seguintes reagentes:

-Bromobenzeno -Álcool etílico


-Ácido malônico -Hexano
-Naftaleno -Cloreto de metileno
-1-octanol -Éter dietílico
-1-butanol -Ácido benzoico
-Metanol -benzilamina

INTRODUÇÃO

Conhecer bem o fenômeno da solubilidade é essencial para compreender muitos


procedimentos e técnicas do laboratório de química orgânica.
Nas partes A e B deste experimento, você vai investigar a solubilidade de várias
substâncias em diferentes solventes. Ao fazer estes testes, é útil prestar atenção às
polaridades dos solutos e solventes e até mesmo fazer predições com base nesses
dados. O objetivo da parte C é semelhante ao das partes A e B, você investigará a
solubilidade de ácidos e bases orgânicos.

Eliminação de resíduos
Coloque todos os resíduos que contêm cloreto de metileno (CH2Cl2) no recipiente
reservado a resíduos halogenados. Coloque os demais resíduos orgânicos no recipiente
reservado aos resíduos orgânicos não halogenados.

Nota: É muito importante que você siga estas instruções cuidadosamente e mantenha
a agitação em cada teste de solubilidade.
47

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Parte A: Solubilidade de compostos sólidos


1. Coloque cerca de 40,0 mg (0,040 g) de benzofenona em cada um de quatro tubos de
ensaio secos. Obs.: não precisa ser exato: diferenças até 5mg não impedem que o
experimento funcione.
2. Marque os tubos de ensaio e coloque 1mL de água no primeiro tubo, 1mL de álcool
metílico no segundo tubo e 1 mL de hexano no terceiro tubo. O quarto tubo servirá de
controle 2.
3. Agite a amostra continua e rapidamente por 60 segundos, com auxílio de uma
espátula ou bastão de vidro (CUIDADO PARA NÃO QUEBRAR OS UTENSÍLIOS DE
VIDRO!!!).
4. Se o sólido se dissolver anote o tempo necessário. Após 60 segundos (não ultrapasse
este tempo), observe se o composto é solúvel (dissolve completamente), insolúvel (não
se dissolve) ou parcialmente solúvel. Compare cada tubo com o tubo controle. Você
deve considerar a amostra como sendo parcialmente solúvel somente se uma
quantidade significativa (pelo menos 50%) do sólido se dissolver. Se isto não ficar claro,
considere a amostra insolúvel. Se praticamente todos os grãos se dissolverem,
considere a amostra solúvel.
5. Registre seus resultados no caderno de laboratório na forma de uma tabela, como
mostrado a seguir. No caso das substâncias que se dissolvem completamente, anote o
tempo que o sólido levou para se dissolver.
6. Repita as instruções acima, substituindo a benzofenona por ácido malônico e por
bifenila. Registre os resultados em seu caderno de laboratório.

Tabela de resultados da parte A


Compostos Solubilidade em Solubilidade em Solubilidade em
orgânicos água álcool metílico hexano
(polaridade alta) (polaridade média) (polaridade baixa)
Bromobenzeno

Ácido
malônico

Naftaleno
48

Parte B: Solubilidade de diferentes álcoois


1. Em cada teste de solubilidade (ver tabela – parte B) coloque 1 mL de solvente (água
ou hexano) em um tubo de ensaio.
2. A seguir, adicione um dos álcoois, gota a gota. Observe cuidadosamente o que
acontece quando você adiciona as gotas. Se o soluto líquido for solúvel, você verá
pequenas linhas horizontais no solvente, indicando que a solubilização está ocorrendo.
Essas linhas de mistura indicam que a solubilização está ocorrendo. Agite o tubo após
adicionar cada gota.
3. Ao agitar o tubo, o líquido adicionado pode se quebrar em pequenas esferas que
desaparecem em poucos segundos. Isto indica também que a solubilização está
ocorrendo.
4. Continue adicionando o álcool com agitação até chegar 20 gotas. Se um álcool é
parcialmente solúvel, você verá que inicialmente as gotas se dissolvem, mas,
eventualmente, uma segunda camada de líquido (álcool que não se dissolveu) irá se
formar no tubo de ensaio.
5. Registre seus resultados em seu caderno na forma de tabela.

Tabela de resultados da parte B


Álcoois Água Hexano
1-octanol

1-butanol

Metanol (CH3OH)
49

Parte C: Pares miscíveis ou imiscíveis


1. Para cada um dos pares de compostos a seguir, coloque 1mL de cada líquido no
mesmo tubo.
2. Use um tubo de ensaio diferente para cada par.
3. Agite o tubo por 10 a 20 segundos para determinar se os dois líquidos são miscíveis
(formam uma única camada) ou imiscíveis (formam duas camadas).
4. Registre seus resultados em seu caderno na forma de tabela.

Tabela de resultados da parte C


Par Composto 1 Composto 2 Observações
1 Água (H2O) Álcool etílico
(CH3CH2OH)

2 Água (H2O) Éter dietílico


(CH3CH2OCH2CH3)

3 Água (H2O) Cloreto de metileno


(CH2Cl2)

4 Água (H2O) Hexano


(C6H14)

5 Hexano (C6H14) Cloreto de metileno


(CH2Cl2)
50

Parte D: pares miscíveis ou imiscíveis


1. Coloque cerca de 30 mg (0,030mg) de ácido benzoico em cada um dos três tubos de
ensaio e adicione 1mL de água ao primeiro tubo, 1mL de NaOH 1,0M ao segundo e 1mL
de HCl 1,0 M ao terceiro. Agite a mistura colocada em cada tubo de ensaio com uma
microespátula ou bastão de vidro (CUIDADO!) por 10 a 20 segundos.
2. Observe se o composto é solúvel (dissolve completamente) ou insolúvel (não se
dissolve).
3. Registre seus resultados em seu caderno na forma de tabela.
4. Agora, pegue o tubo que contém ácido benzoico com NaOH 1,0 M e adicione a ele
HCl 6M gota a gota até que a mistura fique ácida.
5. Teste a mistura com papel de tornassol ou papel de pH para determinar quando ela
se torna ácida.
6. Quando ela estiver ácida, agite a mistura por 10 a 20 segundos e registre o resultado
(solúvel ou insolúvel) na tabela.
7. Repita o experimento com a benzilanilina e os mesmos solventes.
8. Registre seus resultados em seu caderno na forma de tabela.
9. Agora, pegue o tubo que contém benzilanilina com HCl 1,0 M e adicione a ele NaOH
6M gota a gota até que a mistura fique básica.
10. Teste a mistura com papel de tornassol ou papel de pH para determinar quando ela
se torna básica.
11. Agite a mistura por 10 a 20 segundos e registre o resultado.

Tabela de resultados da parte D


Compostos Água NaOH NaOH 1,0M HCl 1,0M HCl 1,0M
1,0M +HCl 6M +NaOH 6M
Ácido Benzoico

Benzilamina

RELATÓRIO
Parte A
1. Resuma seus resultados na forma de uma tabela
2. Explique os resultados de todos os testes, levando em conta as polaridades dos
compostos e do solvente, além da possibilidade de ligação de hidrogênio. Considere,
por exemplo, um teste de solubilidade semelhante para o p-dicloro-benzeno em hexano.
O teste indica que o p-dicloro-benzeno é solúvel em hexano. Isto pode ser explicado
pelo fato de que o hexano é apolar e de que o p-dicloro-benzeno é ligeiramente polar.
Como as polaridades do solvente e do soluto são semelhantes, o sólido é solúvel.
3. Deveria haver uma diferença nos resultados obtidos para as solubilidades da bifenila
e da benzofenona em álcool metílico. Por quê?
4. Deveria haver uma diferença nos resultados obtidos para as solubilidades da
benzofenona em álcool metílico e em hexano. Por quê?

Parte B
1. Resuma seus resultados na forma de uma tabela.
2. Explique os testes feitos em água, levando em conta as polaridades dos álcoois e da
51

água.

Parte C
1. Resuma seus resultados na forma de uma tabela.
2. Explique os resultados em termos de polaridades e de ligação de hidrogênio.

Parte D
1. Resuma seus resultados na forma de uma tabela
2. Explique os resultados obtidos para o tubo em que NaOH 1,0 M foi adicionado ao
ácido benzoico. Escreva uma equação para isto. Descreva o que aconteceu quando HCl
6,0 M foi adicionado a este mesmo tubo.
3. Explique os resultados obtidos para o tubo em que HCl 1,0 M foi adicionado à
benzilamina. Escreva uma equação para isto. Descreva o que aconteceu quando NaOH
6,0 M foi adicionado a este mesmo tubo.
52

EXPERIMENTO 4 – EXTRAÇÃO ÁCIDO BASE E PURIFICAÇÃO


PRÉ-RELATÓRIO

Ficha química, INCLUINDO FÓRMULA MOLECULAR E FÓRMULA


ESTRUTURAL=ESTRUTURA, dos seguintes reagentes:

-Ácido benzoico -Éter etílico


-Naftaleno -HCl
-NaOH

4.1 - EXTRAÇÃO COM SOLVENTE INERTES E COM SOLVENTES


REATIVOS

Extração com solventes inertes e com solventes reativos


 Inertes: Água, éter etílico, clorofórmio,
Extração com solventes:
diclorometano, etc.  Processo de
solubilização.

 Reativos: NaOH 5%, HCl 5%, NaHCO3 5%, etc.


 Reação química ácido-base.
A técnica da extração por solvente é utilizada para:
- Isolamento de substâncias dissolvidas, de soluções ou misturas sólidas;
- Remoção de impurezas de uma mistura;
- Extração de produtos naturais em tecidos vegetais que possuem alto teor de água.

4.2. Comparação entre os processos de destilação e de extração com solventes


inertes (Processos Físicos)

 Equilíbrio entre duas fases: líquido


 Equilíbrio entre duas fases:
e vapor;
solvente A (composto X) e
 Componentes mais voláteis solvente B (composto Y);
removidos por evaporação;
 Componentes mais solúveis
 Completa separação de duas removidos por solubilidade;
substâncias com pontos de
 Completa separação de duas
ebulição bem diferentes.
substâncias, com solubilidades
bem diferentes.

4.3. Coeficiente de Partição ou de distribuição


A extração baseia-se no princípio da distribuição de um soluto entre dois
solventes imiscíveis. Esta distribuição é expressa, quantitativamente, em termos de um
coeficiente de partição, K, que indica que um soluto A, em contato com dois líquidos
53

imiscíveis, S e S’, se distribui entre os líquidos de tal forma que, no equilíbrio, a razão
das concentrações de A, em cada fase, será constante, à temperatura constante.

K= CA em S(g/mL) / CA em S’(g/mL)

A distribuição de um soluto X (ou solutos) entre dois solventes imiscíveis (A e


B), no equilíbrio e numa temperatura estabelecida, é dada pelo coeficiente de Partição
ou de Distribuição (K).

K= CX em A / CX em B
Onde CX= Concentração do soluto X no solvente A ou B em g/mL.

4.4. Eficiência da extração

4.4.1. Processo envolvendo uma única extração – Extração Simples


Consideremos, por exemplo, a extração de 6g de um composto orgânico A,
originalmente dissolvido em 100 mL de água, com um volume total de 100 mL de
benzeno. Onde T= 20°C, K= 3, Pa= peso de A em água e Pb= peso de A em benzeno.

3 = (Pb / 100mL) / (Pa / 100mL)

Como Pa= 6g - PB, logo:

3 = (Pb / 100mL) / ((6g - Pb) / 100mL)

Isolando Pb teremos: Pb= 4,5g, como Pa= 6g - Pb  Pa= 1,5g. Dessa forma
concluímos que 4,5g de A (75%) está na fase benzênica e 1,5 de A (25%) está na fase
aquosa.

4.4.2. Processo envolvendo várias extrações com porções menores de solvente –


Extração Múltipla

Façamos agora a extração de 6g de um composto orgânico A, originalmente


dissolvido em 100 mL de água, com duas porções iguais de 50 mL de benzeno. Onde
K=3 novamente.

1° Extração: 3 = (Pb / 50mL) / (Pa / 100mL)

Como Pa= 6g - PB, logo:

3 = (Pb / 50mL) / ((6g - Pb) / 100mL)

Isolando Pb teremos: Pb= 3,6g, como Pa= 6g - Pb  Pa= 2,4g.

2° Extração: 3 = (Pb / 50mL) / (2,4 – Pb / 100mL)

Isolando Pb teremos: Pb= 1,44g, como Pa= 2,4g - Pb  Pa= 0,96g.

Portanto, após as extrações com 50 mL de benzeno cada, se obtém 5,04g de


A (84%) como rendimento da extração, restando apenas 0,96g de A (16%) em fase
aquosa.
É importante salientar que, quanto maior for o coeficiente de partição, menor
54

será o número de extrações sucessivas necessárias para separar o soluto com


eficiência.

4.5. Extração com Solventes Reativos

1° Etapa: Processo Químico – Reação ácido-base.

 Composto Ácido + solução básica  Sal Solúvel em água


 Composto Básico + solução ácida  Sal

Extração de uma substância ácida, contida em uma solução orgânica, utiliza-


se uma solução básica com quatro unidades de pH a mais do que o pKa do acido
extraído.

Exemplo: Ácidos carboxílicos alifáticos de pKa~ 5, são extraídos com uma solução
básica de pH igual ou superior a 9.
No caso de extração de uma substância básica, usa-se solução ácida com pH
de cerca de quatro unidades menor do que o pKa do ácido conjugado da base em
questão.

2° Etapa: Processo Físico – Extração com Solventes Inertes.

3° Etapa: Processo Químico – Reação ácido-base para recuperar a substância original.

Tabela 12. pH necessário para extração de substâncias ácidas e básicas


pH aproximado da solução
Composto pKa aproximado aquosa para extração
Ácidos minerais 1 4
Ácidos aromáticos 4 8
Ácidos alifáticos 5 9
Fenóis 10 14
Aminas aromáticas 5 1
Piridinas 6 2
Aminas alifáticas 11 7

Tabela 13. Valores de pH de algumas soluções aquosas a 5-10% em peso


Composto pH aproximado
HCl / H2SO4 0
Ácido acético 3
NaHCO3 8
Na2CO3 11
NaOH 14

4.5.1. O efeito da dessolubilização

Se o coeficiente de distribuição K for muito menor do que 1, a extração simples


não será eficiente. Pode-se, em alguns casos, aumentar o coeficiente de distribuição
por adição de sais, como cloreto de sódio, sulfato de sódio ou cloreto de amônio, à
solução aquosa. A adição de sais diminui consideravelmente a solubilidade da maior
parte dos compostos orgânicos em água; este fenômeno é conhecido como
dessolubilização ou salting-out.
55

4.6. Parte operacional da Extração Simples

Figura 32. Processo de


Figura 31. Processo de liberação de gases de um Figura 33. Funil de
agitação de um funil de funil de separação separação em repouso
separação

Observação: O funil de separação deve ter apenas ¾ de seu volume ocupado.

4.7. Emulsões

Definições
- Dispersão coloidal de um líquido em outro líquido;
- Gotas de uma fase que permanece em suspensão na outra fase;
- São formadas quando há pequena diferença de densidade entre as fases.

Quebra das Emulsões


- Deixar a mistura em repouso por alguns minutos;
- Adição de agentes antiemulsificantes;
- Adição de uma substância capaz de aumentar a diferença de densidade entre as duas
fases.
Exemplo 1: Adição de pentano ou tetracloreto de carbono para diminuir ou aumentar a
densidade da fase orgânica.
Exemplo 2: Adição de cloreto de sódio para aumentar a densidade da fase aquosa.
Exemplo 3: Adição de etanol (miscível com água) para diminuir sua densidade.

Evitando a formação de Emulsões


- Soluções básicas têm características emulsificantes – adição de gotas de ácido
acético;
- Agitação da mistura com cuidado no funil, durante um tempo maior.
56

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
SEPARAÇÃO DE ÁCIDO BENZOICO E NAFTALENO ATRAVÉS DA TÉCNICA DE
EXTRAÇÃO COM SOLVENTES INERTES E REATIVOS

Quando as substâncias, que se deseja separar pela técnica de extração com


solventes, têm solubilidades semelhantes nesses solventes, porém têm diferente
caráter ácido ou básico, faz-se a extração com a utilização ou de ácidos ou de bases
para “forçar” uma das substâncias a ir para uma das fases. Exemplo: Separação do
naftaleno e ácido benzoico.
Ambos solúveis em álcool, éter, acetona, benzeno, clorofórmio (só o ácido
benzoico). O ácido benzoico, devido ao grupo carboxila, quando tratado com NaOH,
forma o carboxilato de sódio (sal) que vai totalmente para a fase aquosa, permitindo sua
separação.

Experimento Parte I: Utilização do Funil de Separação


Várias operações são empregadas no processo de extração, com a utilização
do funil de separação, que deverão obedecer a seguinte ordem:
1°) Teste o funil com solvente a ser utilizado na extração (água, sempre de preferência),
para assegurar que não haja vazamentos;
2º) Tampe o funil contendo água e treine o movimento giratório descrito na Figura 31,
que é utilizado para iniciar a homogeneização do sistema;
3°) Abra a torneira para que haja a liberação dos gases formados dentro do funil, assim
como na Figura 32;
4°) Coloque o funil em repouso, como mostrado na Figura 33 e abra a torneira para o
escoamento da água.

Experimento Parte II: Separação do naftaleno e do ácido benzoico


Para realizar a extração desses dois compostos, serão utilizados os solventes:
éter etílico e água (extração por solventes inertes) e a base: NaOH (extração ácido-
base), através das seguintes operações:

a) Num béquer, colocar as 2 substâncias (Ácido benzoico e Naftaleno, 1g de cada) e 20


mL de éter etílico; Homogeneizar a solução com um bastão de vidro;

b) Transferir a solução para um funil de separação (Parte I já deve ter sido executada),
com o auxílio de um funil de vidro;

c) Acrescentar, ao funil de separação, 20 mL de NaOH 5% e homogeneizar conforme a


Figura 31;

d) Proceder cuidadosamente a agitação e a liberação dos gases conforme a Figura 32.


Após essa operação, retornar o funil de separação para a posição de repouso (Figura
33). Proceder, então, à separação das fases para 2 Erlenmeyers, devidamente
etiquetados como: Fase aquosa e Fase etérea;

Lembrete: dH2O= 1g/mL; déter etílico= 0,71g/mL

e) Retornar a fase aquosa para o funil de separação e repetir o processo de extração


com 10 mL de éter etílico;
f) Retornar a fase etérea para o funil de extração e extrair com 10 mL de NaOH 5%,
procedendo novamente como descrito em c e d;
g) Reunir as fases obtidas em e e f nos respectivos Erlenmeyers;
57

Operações a serem realizadas com a fase aquosa:


Acidificar a fase aquosa (em béquer) com HCl concentrado (verificar com papel
indicador de pH). Filtrar a vácuo ou em funil de vidro, o precipitado obtido. Lavá-lo com
pequenos volumes de água gelada, até o filtrado não mais apresentar pH ácido.
Transferir o precipitado para um frasco devidamente rotulado.

Operações a serem realizadas com a fase etérea:


Secar a fase etérea com sulfato de sódio anidro. Filtrar e concentrá-la (em
béquer), utilizando banho-maria ou chapa de aquecimento (em capela), até a remoção
de praticamente todo éter. Transferir o precipitado para um frasco devidamente rotulado.

Observação: Na próxima aula experimental, pese os produtos isoladamente e calcule


o rendimento dos processos.
58

UMA INTRODUÇÃO À SÍNTESE ORGÂNICA

A síntese orgânica é o processo de construção de moléculas orgânicas a partir


de precursores mais simples. As sínteses de compostos orgânicos são efetuadas por
vários motivos.
Os químicos que desenvolvem medicamentos novos efetuam as sínteses
orgânicas para descobrir moléculas com atributos estruturais que aumentem certos
efeitos medicinais ou reduzam efeitos colaterais indesejáveis. Em outras situações,
poderá ser necessário sintetizar um composto específico, para testar alguma hipótese
sobre um mecanismo de reação ou sobre como um certo organismo metaboliza um
composto. Em casos como esses, será frequentemente necessário sintetizar um
composto específico “marcado” em alguma posição (por exemplo, com deutério, trítio
ou um isótopo de carbono).
Uma síntese orgânica muito simples pode envolver uma reação química apenas.
Outras podem necessitar de várias, até 20 etapas ou mais. Um exemplo típico é a da
vitamina B12 (I), anunciada em 1972 por R. B. Woodward (Harvard University) e A.
Eschenmoser (Swiss Federal Institute of Technology). A síntese da vitamina B12
levou 11 anos, tendo sido usadas mais de 90 etapas e envolvendo o trabalho de
100 pessoas aproximadamente.

Vitamina B12 (I)

Uma síntese orgânica envolve, normalmente, dois tipos de transformações:


reações que convertem grupos funcionais de um para outro e reações que criam novas
ligações carbono-carbono.

 Breve histórico sobre as Sínteses Orgânicas

 Antiguidade – o homem se preocupava com as transformações da matéria à


procura de aromas agradáveis, corantes fortes para tingimento de tecidos, etc.
muitas transformações empíricas foram efetuadas, utilizando-se matérias-
primas acessíveis. Ex: fabricação de sabões, fermentação de açúcares, etc.

 Preocupação científica com as transformações químicas – somente a partir da


determinação das fórmulas estruturais*.

1807 – J. Berzelius – compostos orgânicos – Teoria da força vital


1828 – H. Wholer – Síntese da uréia em laboratório
59

- J. Liebig – Determinação da fórmula molecular


1845 – Kolbe – Síntese do ácido acético
1859 – A. Kekulé – Ligações Químicas
1875 – Le Bel e Van’t Hoff – Natureza espacial das moléculas – carbono
tetraédrico – fórmulas estruturais.
*Início da preocupação científica com as sínteses.

 Feito histórico – 1856 – Perkin – um estudante do Teal College of Chemistry de


Londres, tentou sintetizar a quinina (droga usada no tratamento da malária, que
era extraída da casca da Chinchona Officinalis) através da oxidação da alil-toluidina.

N
3 K2Cr2O7
NH
HO H

CH3
N

Quinina (C20H24N2O2)

Sabe-se que existiam milhares de isômeros da quinina; sua síntese foi obtida
somente em 1944, por Woodward (Universidade de Harvard – USA).

 Aperfeiçoamento das sínteses orgânicas – necessidade de comprovação de


estrutura das substâncias de origem natural. “O químico sintético assemelha-se a
um carpinteiro.”

Exemplo: Síntese da atropina – alcaloide extraído da Beladona (trombeteira ), usado


na dilatação de pupilas.

1902 – Willstater usou 13 passos para a síntese da atropina;


1917 – Robinson usou 2 passos para a síntese da atropina (pelo processo
denominado de Anelação de Robinson).

 Utilidade das sínteses orgânicas

 Síntese de compostos para comprovação de teorias;


 Síntese de produtos naturais para confirmação de estruturas.

 Consequências das sínteses orgânicas

 Descoberta de muitas reações orgânicas;


 Refinamento e desenvolvimento das teorias químicas

 Tecnologia

 Síntese de medicamentos, plásticos, corantes, detergentes, inseticidas, etc.

 Conhecimentos básicos para a síntese orgânica

 Conhecimento teórico da Química Orgânica (reações e mecanismos);


60

 Técnicas básicas de Laboratório de química orgânica;


 Técnicas espectroscópicas para identificação de compostos.

 Análise Retrossintética – planejando uma síntese orgânica

Às vezes é possível visualizar, logo de início, todas as etapas necessárias para


sintetizar uma molécula desejada (alvo), a partir de precursores óbvios. Muitas vezes,
contudo, a sequência das transformações que iria levar a um composto desejado é
complexa demais para permitir que “vejamos” o caminho do início ao fim. Nesse caso,
como sabemos onde queremos chegar (a molécula-alvo), mas não onde começar,
visualizamos a sequência das etapas necessárias de trás para frente, uma etapa por
vez. Começamos por identificar os precursores imediatos, que poderiam ser provocados
a reagir para formar uma molécula alvo. Uma vez que a escolha foi feita, essas
moléculas, por sua vez, se tornam as novas moléculas-alvo intermediárias e aí
identificamos o próximo conjunto de precursores para reagir e formar outras moléculas
e assim por diante. Esse processo é repetido até que tenhamos retrocedido aos
compostos que sejam suficientemente simples e que podem estar facilmente
disponíveis em um laboratório típico.

Molécula-alvo → Primeiro precursor → Segundo precursor → → Matéria Prima

O processo que acabamos de descrever é chamado de análise retrossintética. Apesar


dos químicos orgânicos terem usado a análise retrossintética intuitivamente por muitos
anos, foi E. J. Corey (Prêmio Nobel de Química em 1990) quem criou o termo análise
retrossintética.

 Compostos Naturais sintetizados em laboratório

HO

H
O
H H
N
H HO
Colesterol
HO (Síntese em 1951)
Morfina - analgésico, narcótico
(Síntese em 1950) H2C
CH3

H3C
N N CH3
Mg
N N
H3C
CH3
H
H3C H3C H
O
CH3
O
O O
CH3
H3C
H3C
Clorifila - pigmento verde das plantas
(Síntese em 1960)
61

EXPERIMENTO 5 – PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE


COMBUSTÍVEL A PARTIR DE ÓLEO VEGETAL
PRÉ-RELATÓRIO

Ficha química, incluindo fórmulas moleculares e estruturais, dos seguintes reagentes:

- KOH - 2-butanol
- Metanol - t-butanol
- CrO3 / H2SO4 - Glicerol
- n-butanol

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos tem havido um crescente interesse em biocombustíveis,


combustíveis que são produzidos a partir de materiais biológicos, como a cana, o milho
ou o óleo vegetal, e são considerados fontes renováveis. A crescente ênfase nos
biocombustíveis se deve principalmente ao aumento no custo e à demanda por
combustíveis líquidos, como gasolina e diesel, e os custos elevados do petróleo,
principal fonte de combustíveis fósseis. Adicionalmente, o petróleo formado pela lenta
decomposição de animais marinhos e organismos vegetais que viveram há milhões de
anos está presente na terra em quantidade finita, sendo cada vez mais importante a
busca por fontes de combustíveis alternativas.
O biodiesel é produzido a partir de gorduras e óleos em uma reação de
transesterificação catalisada por uma base:

Glicerol

Gordura ou óleo Álcool metílico

BIODIESEL

Uma vez que os grupos R podem ter diferentes números de carbonos e ligações
duplas, o biodiesel é uma mistura de diferentes moléculas, sendo todas elas ésteres
metílicos de ácidos gordurosos. A maior parte dos grupos R tem entre 12-18 carbonos
arranjados em cadeias lineares. Qualquer tipo de óleo vegetal pode ser utilizado para
produzir biodiesel, mas os mais comuns utilizados são os óleos de soja, canola e palma.
O biodiesel tem propriedades similares às do combustível diesel que é produzido
a partir do petróleo e pode ser queimado em qualquer veículo com um motor a diesel.
Como o biodiesel se compara ao etanol? Assim como o etanol de milho ou cana,
o cultivo de vegetais exigidos para produzir a matéria-prima do óleo resulta em
direcionar as terras do cultivo de alimentos para a produção de combustíveis. Na
verdade, esse é mais um problema com o biodiesel porque mais terra é necessária para
produzir uma quantidade de combustível equivalente em comparação com o etanol de
milho. Aparentemente, a produção de biodiesel, como o etanol, produz mais gases para
o efeito estufa que os combustíveis fósseis, mais uma vez, porque terras com florestas
devem ser destruídas para cultivar os vegetais exigidos para a produção do biodiesel.
Existem algumas abordagens alternativas para a produção de biodiesel que
podem resolver algumas dessas questões. As algas podem produzir óleos para serem
62

utilizados para a fabricação de biodiesel e também podem ser cultivadas em lagoas ou


mesmo em águas residuais, e não necessitam do uso de terras agrícolas. O óleo de
algas pode ser convertido em biodiesel da mesma maneira que o óleo vegetal é
convertido.
63

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Colocar 50,0 g de óleo de soja em um balão de fundo redondo de 250 mL


contendo pedrinhas de ebulição. Dissolver 0,5 g de KOH em 20 mL de metanol, em um
béquer e transferir o conteúdo para o balão contendo óleo. Conectar um condensador
de refluxo, regular a temperatura e deixar a mistura reagente sob refluxo durante 30
minutos. Esfriar o sistema para a temperatura ambiente e transferir o conteúdo para um
funil de separação deixando a glicerina decantar. Abrir a torneira do funil e transferir a
glicerina e o éster para os dois béqueres distintos e colocá-los sobre uma chapa de
aquecimento dentro da capela para evaporar o excesso de metanol. Pesar para
determinar o resíduo.

Testes de identificação
a) Testar a solubilidade das fases superior e inferior, obtidas na parte experimental,
em água.
b) Testar separadamente o cheiro do óleo, do éster e da glicerina.

5.1 Teste para álcoois

A identificação dos álcoois primários e secundários é feita com o teste de Jones e com
o teste de Lucas.

5.1.1. Oxidação de Jones


Reagente de Jones: CrO3 / H2SO4
Reação:

Procedimento:
Adicionar 5 gotas de cada álcool ao tubo de ensaio e, em seguida, 5 a 6 gotas
da solução de anidrido crômico, sob agitação. Observar a mudança de coloração da
solução e/ou a formação de um precipitado.

Cuidado: O reagente de Jones envolve CrO3 e Ácido Sulfúrico concentrado.

5.1.2. Teste de Lucas


O chamado teste de Lucas é a reação de álcoois com solução de ácido clorídrico
e cloreto de zinco, com a formação de cloreto de alquila.
A reação ocorre com a formação de um carbocátion intermediário. Forma-se
mais rapidamente o carbocátion mais estável e, a reatividade de álcoois aumenta na
seguinte ordem: primário < secundário < terciário < alílico ~ benzílico. Os álcoois alílicos,
benzílicos e terciários reagem imediatamente. Os álcoois secundários demoram cerca
de 5 minutos para reagir.
64

Reação:

Procedimento:

Adicionar 5 gotas de cada álcool ao tubo de ensaio e, em seguida, 1 a 2 mL do reagente


de Lucas.

Resultados práticos obtidos do teste de Jones e Lucas


Amostras Jones Lucas
n-butanol

2-butanol

t-butanol

Glicerol

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