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Proposta de otimização das compras de combustível em transporte ferroviário por meio

de regressão linear simples

1. INTRODUÇÃO

As empresas buscam manter estoques mínimos para evitar incorrer em custos de


estocagem com vista a tentarem obter vantagem competitiva no mercado. Com baixos valores
concentrados em estoques há a possibilidade de investir o capital ao invés de deixar
imobilizado na forma de estoques. No entanto, alguns pontos devem ser analisados como a
variação da demanda por exemplo. Se não houver estoque suficiente para atendimento à
demanda de sua operação estará deixando oportunidade para a entrada de concorrentes e
podendo comprometer o cumprimento de contratos. Desta forma a empresa terá prejuízos
financeiros e à sua imagem. Assim, é premente a necessidade de se desenvolver estudos para
uma melhor adequação de níveis de estocagem, que sejam de materiais diretos, quer sejam de
materiais de consumo.
O estoque deve ser bem administrado pela gestão das empresas e quando não
administrado corretamente pode gerar danos às finanças, colocando em risco a condição
financeira da empresa, com a redução do capital de giro que acaba por afetar o fluxo de caixa,
levando o empresário a usar capital de terceiros para manter compromissos em dia ou fazer
novas captações, assim convertendo o capital que estaria disponível em estoque. Ignorando o
de giro de estoque, o estoque mínimo e o estoque máximo dos produtos, a gestão pode acabar
comprometendo a liquidez da empresa.
Segundo Ballou (2006), dominar e organizar esses processos trás para as empresas
vantagem competitiva, já que fatores internos e os externos estarão influenciando para que se
obtenha maior eficácia. Ballou ainda define que: “nível de serviço logístico é a qualidade com
que o fluxo de bens e serviços é gerenciado, sendo assim resultado dos esforços logístico da
empresa”.
O conhecimento do giro de estoques, estoques mínimos e máximos dos produtos
permite administrar com maior precisão finanças da empresa. De acordo com Ching (2010, p.
17) “O controle de estoque exerce influencia muito grande na rentabilidade da empresa. Os
estoques absorvem capital que poderia estar sendo investido de outras maneiras”.
O principal objetivo das empresas é otimizar a rentabilidade do capital investido. Para
esse objetivo ser alcançado com maior eficiência o capital não poderá ficar imobilizado,
devendo sempre que possível a maximização do lucro.
Dentre os investimentos de recursos realizados pelas empresas estão os investimentos
na obtenção de materiais (matérias primas ou materiais de consumo) que permanecem em
estoque até o momento de uso ou consumo. Algumas empresas necessitam de grande
variedade e quantidade de insumos para comportar sua produtividade, sendo necessário
manter estoques que garantam a segurança da operação. Além disso, é necessário considerar
que para alguns dos itens não possibilidade de previsão da demanda futura ou de garantia de
fornecimento, cabendo à estocagem a garantia da manutenção do funcionamento, reduzindo
efeitos de saídas imprevistas ou anormais ou dificuldades nas entradas para reposição.
Em muitas instituições há negligência na definição da política dos estoques, mas o
impacto desta política poderá ser claramente percebido apenas no final de certos períodos,
quando forem feitas as análises de balanço, quando então seriam evidenciadas perdas ou
baixas performances evidenciadas no aumento do ciclo operacional, originado no prazo médio
da reposição dos estoques por aumento do período da estocagem, o que se reflete diretamente
no fluxo de caixa causando uma privação de caixa, e por consequência exigência de capital de
giro através de medidas corretivas como o financiamento.
Considerando o exposto anteriormente, o objetivo deste estudo é de identificar qual a
necessidade de estoque mínimo a partir da utilização da regressão linear simples. Com isso,
espera-se auxiliar a organização a criar uma Política de Estocagem de Combustível de
maneira que racionalize os estoques e reduza a necessidade de capital de giro.
Neste contexto, este estudo se aplica à definição da melhor quantidade de estoque de
combustível para locomotivas de uma empresa do ramo ferroviário do interior do Paraná. A
empresa que se refere este estudo é uma sociedade de economia mista sendo o seu maior
acionista o Governo do Paraná. Foi criada em 1988, para construir e operar a ferrovia entre
Guarapuava-PR, e Dourados-MS, e atenderia aos produtores do Oeste e extremo Oeste
paranaense, o Mato Grosso do Sul, norte da Argentina e Paraguai.
No trecho entre Cascavel e Guarapuava, com a distância de 248 quilômetros, são
transportados, anualmente, 831 mil toneladas, principalmente grãos, contêineres e farelos,
para exportação pelo Porto de Paranaguá. No sentido importação, a empresa transporta
principalmente insumos como, adubo e fertilizante, também combustíveis e cimento. 
A intenção principal da empresa é reduzir custos logísticos do transporte destes
produtos, podendo assim ofertar tarifas mais baratas para este transporte, sendo uma
alternativa mais econômica para a base da cadeia produtiva. Dos 27.782 km da malha
ferroviária nacional, um terço é produtivo, transportando minério. Os demais trechos são
subutilizados. No Império, a linha férrea tinha um terço da extensão atual, mas sua ocupação
era equivalente. O setor cresceu pouco se comparado com a malha ferroviária americana, que
é dez vezes maior.
Atualmente a empresa consome em sua operação anual o equivalente a 7,2 milhões de
reais em combustível, o que representa um valer importante dentro do custo total de operação
e consequentemente um ponto importante a ser investigado na intenção de reduzir custos.
Desta forma a situação problema que envolve este estudo encontra-se na busca do
estabelecimento adequado de definição de quantidade de estoque mínimo ideal para cada
momento, compreendendo que épocas de safra exigem estoques mais altos e que fora deste
período há maior possibilidade de alongar o tempo ou reduzir quantidades de pedidos para
imobilizar o mínimo de capital em estoques.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O estoque de uma empresa pode ser avaliado através de Controles Permanentes ou


Controles Periódicos. O Controle Permanente realiza monitoramento do estoque
permanentemente, então a qualquer momento que se necessite saber qual o saldo existente de
um item em estoque basta acessar o sistema para se obter a quantidade existente. O Controle
Permanente pode se utilizar tecnologias voltadas para localização, rastreamento e
identificação de entradas e saídas para cada produto. Este sistema não precisa possuir um
operador de estoque para atualizá-lo constantemente, pois o sistema já o faz automaticamente,
contabilizando entradas e saídas de mercadorias, mantendo assim uma posição sempre
atualizada sobre o estoque e também o histórico de movimentações.
Segundo Bowersox (2010, p. 214) “Controlar o nível de estoque é como apostar em
jogo de azar”. , pois o mercado apresenta incertezas geradas pelas leis da oferta e procura, as
quais podem variar em razão de planos econômicos, mudanças políticas ou descobertas de
novas tecnologias.
O controle permanente por alimentação automatizada reduz riscos de erros de
estimativas de duração do estoque de suprimento de diesel podendo acompanhar de forma
instantânea a evolução do consumo. Aliando-se a isto há a necessidade de previsão mais
próxima da realidade de utilização das locomotivas conforme se alteram as ofertas e
demandas de transporte. Esta mescla de sistemas de controle vem afirmar a política de gestão
da empresa, dando segurança da existência no estoque de combustíveis, e permitindo assim a
melhor utilização do tempo em outros controles necessários à administração da empresa.
Outro fator importante na exatidão dos controles se dá pelo fato de a empresa passar
frequentemente por auditorias e vistorias, necessitando de maior margem de confiabilidade
nos métodos de conferência, segurança e garantia de uso adequado do dinheiro público.
Para certificação das medições há a necessidade de verificações manuais, sendo
medições de tanques e aferições das bombas, uma vez há variação devido à dilatação do
produto ocasionado pelas altas temperaturas, distorcendo a medição volumétrica.
Medições periódicas funcionam para contagens do estoque em fechamentos de
períodos, o problema deste controle é que geralmente as empresas só fazem a contagem do
estoque uma vez por ano, mais precisamente no dia 31/12, por obrigação fiscal. Chegado final
do ano, as empresas fazem a contagem do estoque e utilizado a fórmula simples:
CMV = EI + Co – EF.
O CMV, que representa o Custo da Mercadoria Vendida, será encontrado quando
somarmos o Estoque Inicial (EI) de mercadorias com as Compras das mercadorias (Co) e
subtraindo o Estoque Final (EF) das mercadorias. O Controle periódico não nos possibilita
saber as quantidades exatas do estoque como informa o Controle Permanente, pois somente
informa quantidades restantes depois do consumo.
Para se calcular o Estoque Mínimo precisamos calcular qual a demanda existente de
cargas, oferta de vagões, disponibilidade de locomotivas e consumo de diesel por locomotiva
por tonelada útil bruta. Estas variáveis deverão estar programadas em períodos: mensal,
semanal, diário, sofrendo correções diárias nos três tempos.

Modelo de Histórico de Movimentações

Fonte: Ferroeste (2017)


Outro item necessário para o cálculo do Estoque Mínimo é o Tempo de Cobertura. Em
definição é o tempo que se levará para repor o produto no estoque, ou seja, desde que notamos
que o item atingiu o estoque mínimo até sua reposição. O Tempo de Cobertura será uma
variável de relevante importância e responsabilidade, pois, caso contrário, poderá
comprometer a produtividade ocasionando significativo prejuízo.
Outro fator importante que deverá ser levado em conta é o tempo de entrega, que é
atualmente de um dia útil devido à proximidade da distribuidora e considerando que o sistema
logístico tem facilidade neste fornecimento, porém não se distribui combustível em finais de
semana, feriados e em eventos fortuitos que impeçam a entrega, devendo manter mais um dia
de estoque de segurança.
De posse das duas informações, Consumo Médio e Tempo de Cobertura, já seria
possível calcular-se o Estoque Mínimo. Para Neves (2000) o Estoque Mínimo é a quantidade
mínima que uma mercadoria poderá ficar em estoque de acordo com o seu giro e tempo de
reposição, servindo de alerta para o controlador do estoque quanto à necessidade de ser
adquirido novo lote de mercadorias para que não falte.
Uma espécie de gatilho, ou seja, no momento que o nível de estoque do item atingir
aquela quantidade, o controlador do estoque deverá deflagrar, imediatamente um novo pedido
para evitar a falta do produto. Atualmente o estoque mínimo considerado é de 10.000 litros.
Segundo Ballou (2010) o estoque representa de 25% a 40% dos custos totais das
Organizações. Logo para se evitar o descontrole seria necessária a perfeita sincronização entre
a demanda/procura e a oferta de mercadoria/produto o que num mercado competitivo é
impossível, logo se deve formar um estoque básico para atender a demanda/procura,
minimizando seus custos de formação.
Os fatores que limitam o estoque máximo são a capacidade do armazenamento do
combustível nos tanques subterrâneos (60.000 litros) e mais especificamente o quanto
representa como valor imobilizado em estoque que por sua vez acaba por afetar o fluxo de
caixa e disponibilidade de dinheiro para outras aquisições, investimentos e outras
oportunidades do mercado. Historicamente o estoque mínimo na empresa era o limite da
capacidade de seus tanques, porém mais tarde passou-se a reduzir as quantidades adquiridas a
um patamar de necessidades imediatas, tendendo a uma forma mais aproximada de just-in-
time.
Passar da quantidade máxima em estoque seria o mesmo que comprar em excesso,
pois, se historicamente aquele produto gira em torno de uma determinada quantidade não
seria viável adquirir uma quantidade superior.
Este coeficiente nos informa quantas vezes giramos os estoques em função da
produção/transporte. Quanto mais vezes girar o estoque, melhor para a empresa, significando
que o produto está ficando pouco tempo nos estoque.
Informações necessárias
- Estoque Médio
- Volume consumido
- Consumo de Diesel X Produção.
O ciclo de caixa é definido segundo Gitman (2002) como o período de tempo em que
há saída de caixa da empresa para pagamento aos fornecedores por insumos ou mercadorias
até o momento em que há o recebimento do cliente pela venda desse produto industrializado
ou comercializado.
É necessário fazer algum ajuste para a empresa no que se refere à ideia central da
afirmação de Gitman (2002), pois até que chegue o momento do pagamento de cada pedido a
quantidade já girou aproximadamente quatro vezes e a saída deste produto em forma de
insumo poderá ter formas diferentes de recebimentos como, por exemplo: recebimento por
antecipação, pagamentos à vista, permuta de cargas etc.
A Política exercida sobre o estoque estará influenciando diretamente o Prazo Médio de
Reposição de Estoques que também acaba por influenciar também o ciclo de caixa. Quando o
PMRE é muito longo pode influenciar o ciclo financeiro de forma negativa, podendo resultar
em uma necessidade de financiamento para atender ao ciclo operacional.
Segundo Matarazzo (2010, p. 267)
Até o momento do pagamento aos fornecedores, a empresa não
precisa se preocupar com o financiamento, o qual é automático.
Se o Prazo Médio de Pagamento de Compras – PMPC – for
superior ao Prazo Médio de Renovação de Estoques – PMRE,
então os fornecedores financiarão também uma parte das vendas
da empresa. O tempo decorrido entre o momento em que a
empresa coloca o dinheiro (pagamento ao fornecedor) e o
momento em que recebe as vendas (recebimento de cliente) é o
período em que a empresa precisa arrumar financiamento.

A relação entre o PMPC e o PMRE influencia diretamente a necessidade de capital de


giro. Devemos considerar que o prazo que o fornecedor concede à empresa deve ser o maior
possível, e que o prazo médio em que o combustível fica em estoque deve ser a mínima
possível, para que a relação entre este dois seja favorável à empresa.
O reflexo de uma Política de Estoque bem elaborada é uma diminuição do PMRE,
com o consumo acontecendo antes da data de pagamento à distribuidora. Nesse caso o
fornecedor acaba por financiar o período de estocagem e também parte do período após o
consumo e antes do recebimento, que representa o prazo médio de recebimento das vendas ou
consumo, reduzindo o período onde é necessário financiamento, assim reduzindo o ciclo de
caixa.
Ainda se a Política de Estoque da empresa for omissa em suas diretrizes e tomar
posturas que resultam em um aumento no período de estocagem, o prazo concedido pelos
fornecedores só será suficiente até o momento da venda ou menos, não financiando nem ao
menos o PMRE, resultando na necessidade de financiamento por períodos maiores, causando
a redução dos ganhos da empresa por pagamento dos juros desses financiamentos. Na figura 3
vemos um esquema onde o PMRE acaba se ampliando para além do momento do pagamento
da distribuidora, resultando em maior ciclo de caixa maior, sendo mais oneroso para a
empresa.
Nesta situação existe divergência entre entrada e saída de caixa, quando o intervalo é
muito grande entre estes pontos indo além da disponibilidade da empresa, que acaba por
recorrer a instituições financeiras e terceiros para poder cobrir seus compromissos até receber
dos clientes. O reflexo disso será visto diretamente no fluxo de caixa da empresa podendo
ocasionar deficiência de caixa que irá perdurar por tempo maior ou ainda se tornar crônico e
poder comprometer a liquidez da empresa.

2. INTERVENÇÃO PROPOSTA

Variáveis Inseridas/Removidasa
Modelo Variáveis Variáveis Método
inseridas removidas
1 producaob . Inserir
a. Variável dependente: consumo
b. Todas as variáveis solicitadas inseridas.
Resumo do modelo
R Erro
R
Modelo R quadrado padrão da
quadrado
ajustado estimativa
1 0,298a 0,089 0,086 4794,2399
a. Preditores: (Constante), produção
Neste Resumo do Modelo encontramos valores do coeficiente de correlação (R) e da
taxa de determinação (R2), sendo que o R (0,298) representa a correlação simples entre a
quantidade transportada e o consumo de diesel. O valor de R 2 é 0,089, informa que o consumo
implica em 8,9% da variação do consumo de diesel por tonelada útil transportada.

ANOVAa
Soma dos Quadrado
Modelo df F Sig.
Quadrados Médio
Regressão 816853217 1 816853217 35,539 0,000b
1 Resíduos 8,389E+09 365 22984736
Total 9,206E+09 366
a. Variável dependente: consumo
b. Preditores: (Constante), produção

No resumo de Análise de Variância são apresentados várias somas dos quadrados e os


graus de liberdade associados a cada uma. A partir dos dois valores, a soma dos quadrados
média pode ser calculada dividindo as somas dos quadrados pelo grau de liberdade associado.
A razão F é calculada utilizando-se a equação:

Yi=(b0+b1X1+b2X2+...+bnXn)+i

Assim obtemos no SPSS valor F igual a 35,54, que é significativo ao nível de p menor
que 0,001, o que informa que existe uma probabilidade menor que 0,1% de que esse valor F
tenha ocorrido apenas por acaso.
Assim podemos concluir que o modelo de regressão resulta em previsões melhores do
consumo, ou necessidade de aquisição de estoque de diesel, sobre a quantidade transportada.

Coeficientesa
Modelo Coeficientes não padronizados Coeficientes t Sig.
padronizados
B Modelo padrão Beta
(Constante) 5771,689 492,445 11,720 0,000
1
produção 1,170 0,196 0,298 5,961 0,000

a. Variável dependente: consumo

Na tabela de coeficientes obtida com o SPSS obtemos detalhes dos parâmetros do


modelo e da significância destes valores, e podemos dizer b0 é 5.771,69 e significa que com
base nos dados de consumo e produção de 2016 se não for transportado nenhuma tonelada de
produto ainda assim é encontrado um consumo médio de 5.771,69 litros de diesel para
simples movimentação do material rodante (locomotivas e vagões), consumindo assim esta
quantidade no simples movimento sem carga.
Também encontramos o valor de b1 nessa tabela, que representa a gradiente
(inclinação) da linha de regressão, 1,17 que representa a mudança da variável de saída para
cada alteração de uma unidade no previsor. Assim identificamos que há um acréscimo de 1,17
litros para cada tonelada adicionada (carga de produto nos vagões).
Isto ocorre porque o peso total do material rodante é bastante significativo quando
comparado com a carga, consumindo-se assim grande parte do combustível em sua auto-
locomoção.
Desta forma obtemos um dado importante para a previsibilidade de formação de
estoque, devendo considerar um consumo médio diário de 5.771,69 litros e adicionando a
necessidade de mais 1,17 litros por tonelada pela programação de transporte.

O gestor sempre deve estar atento à situação financeira da empresa e a sua projeção. O
fluxo de caixa é uma importante ferramenta de gestão que possibilita o controle das entradas e
saídas de caixa, dando possibilidade de projetar entradas e saídas futuras, antecipando
possíveis situações de sobra ou necessidade de capital.
Para Zdanowicz (2000) O fluxo de caixa é o instrumento que permite demonstrar as
operações financeiras que são realizadas pela empresa, facilitando a análise e decisão, de
comprometer os recursos financeiros, de selecionar o uso das dispõe de capitais próprios, bem
como utilizar as disponibilidades da melhor forma possível.
Segundo Gazzoni (2003, p. 40), fluxo de caixa é “um instrumento do controle
financeiro gerencial, cuja finalidade é a de auxiliar o processo decisório das organizações,
sempre visando atingir objetivos esperados”.
Tófoli (2008 p. 69) afirma:
O fluxo de caixa é um instrumento (planilha) pelo qual são
planejadas as entradas e as saídas de dinheiro do caixa da
empresa. Funciona como uma agenda sofisticada onde são
registrados todos os recebimentos esperados e pagamentos
programados, num certo período.
Utilizando-se da verificação do fluxo de caixa o gestor pode controlar recursos
financeiros e preparar-se para problemas como os recebimentos em atraso de clientes e
possíveis faltas de recursos para saldar dívidas com os fornecedores e empréstimos. Conforme
Yoshitake apud Gazzoni (2003) “o fluxo de caixa é um método que demonstra benefícios e
dispêndios ao longo do tempo. Sua gestão visa principalmente manter um certo nível de
liquidez imediata, para fazer frente à incerteza associada ao fluxo de recebimento e
pagamento”. O fluxo de recebimentos e pagamentos é influenciado pelo período da
estocagem.
Assaf Neto (2012) diz que, decisões financeiras são tomadas com dados e informações
que são disponibilizados na contabilidade, reconhecimento do comportamento do mercado e
do desempenho das empresas. Uma das decisões financeiras se trata de investimentos em
estocagem, que podem ter um grande percentual do ativo da empresa, tendo efeitos diretos
nos resultados financeiros.
Ao adquirir insumos para estoque a empresa assume débito com o fornecedor, ou faz
um pagamento no ato da compra, influenciando assim o fluxo de caixa na empresa. Assim,
cada decisão que o gestor toma sobre o estoque provoca variação em fluxo de caixa, sendo
esse efeito proporcional ao tamanho de estoque e o tempo gasto na armazenagem, e
sistematicamente uma variação no ativo circulante.
Essa movimentação financeira, que é resultado das entradas e saídas dos insumos é
definida por Gitman (2004) como: “fluxos operacionais que captam a demonstração dos
resultados e das modificações nas contas circulantes (excluindo os títulos a pagar) ocorridas
durante o período”.
O gestor da empresa deve estar atento ao definir a política de estoques a ser adotada na
empresa, considerando todos os impactos no fluxo de caixa e no ciclo operacional, uma vez
que a gestão estará influenciando diretamente nos resultados e soluções de problemas na área
financeira. Ao definir a política de estoques o gestor poderá utilizar estratégias que
provocarão impactos positivos no ciclo operacional, no ciclo e fluxo de caixa da empresa.
Segundo Salotti e Yamamoto (2004) o fluxo de caixa de atividades operacionais é
utilizado como uma forma de geração de informações em tomada de decisões gerenciais,
análise de desempenho e avaliação de empresas. A definição da política de estoques da
empresa é influenciada por essas informações e desta forma influenciará os fluxos nos
próximos períodos impactando assim na análise do desempenho e na avaliação da empresa.
Segundo Bowersox, (2010, p226) “Estoque consiste em substancial investimento em
ativos e, portanto, deve proporcionar pelo menos algum retorno de capital”. Assim,
compreende-se que o estoque de uma empresa tem o objetivo de fornecer de suprimentos para
a produção, para que o processo possa ser desenvolvido de forma contínua e com equilíbrio
de custos que possibilite lucratividade. Assim um ponto importante do controle de estoque
está em balancear os custos de manutenção, aquisição e faltas. 

Ainda segundo Bowersox, (2010, p213) Estes custos têm comportamentos conflitantes. Por
exemplo, quanto maiores as quantidades estocadas, maiores serão os custos de manutenção.
Será necessária menor quantidade de pedidos, com lotes maiores, para manter os níveis de
inventário.
Como apresentado no capítulo anterior desse estudo a Política de Estoque na empresa
exerce um forte impacto sobre os resultados nas finanças da empresa. A forma como o
administrador formata as diretrizes referentes aos estoques poderá definir a necessidade de
capital de giro.
Segundo Matarazzo (2010) “Necessidade de Capital de Giro (NCG), não é apenas um
conceito fundamental para o diagnóstico financeiro da empresa, mas também para a definição
de estratégias de financiamentos, lucratividade e crescimento”. Quando a empresa adotar uma
estratégia de ampliação comercial, por exemplo, será necessário mais investimentos em
estoques, e por consequência aumentará também a necessidade de capital de giro, que
comumente e conseguido através de financiamentos.
A própria composição da NCG, conforme Matarazzo (2003) é realizada a partir de
Ativo Circulante Operacional (ACO), que é o investimento que é resultado automático de
funções como: compras, produção, estocagem e vendas, e também do (PCO) Passivo
Circulante Operacional, que vem a ser o financiamento.
Sendo diminuído do Ativo Circulante Operacional, que são os investimentos, os
financiamentos (PCO), se encontraria a NCG – Necessidade de Capital de Giro, conforme
demonstra a fórmula abaixo apresentada por Matarazzo (2003):
NCG = ACO - PCO

Onde: NCG = Necessidade de Capital de Giro


ACO = Ativo Circulante Operacional
PCO = Passivo Circulante Operacional

Se a empresa investe muito em estoque este insumo acaba permanecendo por um


tempo maior em estoque, aumentando assim o “período de estocagem”, e como já foi
explanado anteriormente nessa pesquisa, com o aumento do período de estocagem, resultando
que o prazo para pagamento que foi oferecido pelos fornecedores torna-se insuficiente para
financiamento de insumos ou materiais, tornando-se necessário mais investimento e tendo
necessidade de maior capital de giro.
Se a Política de Estoques na empresa resultar em elevação do PMRE o ativo circulante
aumentará e o passivo circulante operacional diminuirá, então, ACO > PCO. Matarazzo
(2010) mostra que “ACO > PCO” é uma situação normal na maioria das organizações. Se a
empresa conseguir fonte de financiamento com baixos juros e com prazos à altura da
necessidade e realidade. O custo que a NCG causa poderá ser integralizado de forma menos
comprometedora, considerando que no Brasil o custo de capital de giro é alto, questão que
acaba por comprometer de forma mais importante o resultado das empresas, com parte dos
lucros sendo corroídos por esses custos financeiros.

Consumo X Compra Ideal 2016


Diesel Comprado e Toneladas

Compr. ideal
Transportadas

Consumo
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A oportunidade encontrada de contribuir nos controles de custos de uma empresa é


uma matéria para estudo, que neste caso busca aplicar teorias para análise de custos com a
finalidade de extrair dados que podem ser extraídas informações para tomadas de decisões.
Esta pesquisa busca além de identificar falhas, avaliar oportunidades e sugerir meios para
otimização nos processos e/ou produção para a empresa.
Para a classificação desta pesquisa, utiliza-se por base a taxonomia de Vergara (2005)
que se utiliza de dois aspectos: quanto aos fins e quanto aos meios, além de correlacionar
variáveis e definir a natureza. Quanto aos fins, a pesquisa classifica-se como descritiva, pois
visa descrever aspectos de determinada população ou fenômeno ou estabelecer relações entre
variáveis. Utiliza-se de técnicas padronizadas para a coleta dos dados e observação
sistemática. Esta pesquisa, em forma de levantamento, detalha operações de controle de
estoque como, pedidos, recebimentos e conferência. Quanto aos meios trata-se de uma
pesquisa de campo, pois é realizado de maneira direta, junto às próprias fontes de
informação.

Foram analisados relatórios contábeis e realizado o levantamento dos custos da


manutenção em estoque de combustível da empresa, no período de janeiro a dezembro de
2016 e para isso foi utilizado um método de análise de dados históricos, o qual buscou
identificar custo efetivo da manutenção do produto em estoque, identificando a quantidade
necessária e o tempo ideal de aquisição de estoque.

Quanto à natureza este relato técnico baseou-se em uma pesquisa aplicada, pois
visa aplicar teoria ou conhecimento, numa situação problema. Cooper e Schindler (2003 p.
32) afirmam que a “pesquisa aplicada tem ênfase prática na solução de problemas, embora a
solução de problemas nem sempre seja gerada por uma circunstância negativa”.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1. Custos
Um dos maiores interesses das empresas quando realiza o controle de estoques, está
relacionado aos custos. Todo material estocado na empresa gera um custo de estocagem.
Pensado na redução desses custos com intuito de que esta seja viável para a rentabilidade final
da empresa, o gestor de estoque deve ficar atento, a questão dos custos de estoques que são
gerados pela necessidade que a empresa tem de estocar materiais.
Francischini e Gurgel (2013) destaca o custo de aquisição, este que e o valor pago pela
empresa compradora pelo material adquirido. Esse custo esta relacionado com o poder de
negociação da área de compras, cuja busca e minimizar o preço pago por unidade adquirida.
Embora esse custo não seja responsabilidade direta do gestor de estoques, Francischini
e Gurgel (2013), afirmam que ele implica diretamente no valor do produto em estoque.
Quanto maior for valor pago por unidade, maior será o valor de estoque para uma mesma
quantidade estocada.
De acordo com Pozo (2008), junto ao custo de manutenção de estoque, incorporam
também as despesas de armazenamento, tais como: altos volumes, demasiados controles,
enormes espaços físicos, sistemas de armazenagem e movimentação e pessoal alocado,
equipamentos e sistemas de informações específicos.
Pozo (2008) ressalta os custos associados aos impostos, seguros de incêndio e roubo,
decorrentes do material estocado, os itens estão sujeitos a perdas, roubos e obsolescência,
aumentando ainda mais os custos de manter em estoques.
Na visão de Pozo (2008), a empresa precisa dimensionar adequadamente as
necessidades de estoques em relação à demanda as oscilações de mercado, as negociações
com fornecedores e a satisfação do cliente, potencializar os recursos disponíveis e minimizar
os estoques e os custos. E se os estoques forem mínimos, a empresa poderá empregar esse
capital, aprimorando seus recursos nos processos de manufatura, adquirir novos
equipamentos.
Ching (2010) descreve que, a quantidade em estoque e o tempo de permanência do
produto, são as variáveis que ocasionam esses custos para manter o estoque. O custo de
estoque (CE) corresponde à soma do custo de armazenagem

(CA) e custo de pedido (CP), ou seja:


CE = CA+ CP
Segundo Ching (2010), entre os vários custos envolvidos com estoques, tem o custo de
pedido que e o referente à colocação de um pedido, incluem todas as tarefas de preparo do
pedido, toda documentação relacionada a isso ate a entrega, o que gera um custo fixo e
variável.

4.2. Resultados
Os resultados obtidos apontaram não só para a necessidade de informatização do
controle de estoques como especificamente do procedimento de pedidos da empresa, uma vez
que, reduz o capital investido em estoque, permite uma administração mais eficaz do mesmo,
ocasiona uma redução de perdas por falta de materiais, entre outras vantagens.
Dentre as técnicas que envolvem o estudo destaca-se o Estoque Mínimo, o Estoque
Máximo e o Giro do Estoque. Sabendo destas informações fica evidente de que não se
comprometerá o Fluxo de Caixa da empresa com excesso de diesel em estoque, tampouco
faltará o produto.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Traçar a Política de Estoque da empresa, com critérios, observando o mercado,


analisando o histórico de vendas, conhecendo os fornecedores, se posicionando dentro da
cadeia de suprimentos é uma postura que todo gestor deveria adotar, pelos resultados
financeiros que proporciona. Adotando essa postura, o gestor estará promovendo a
racionalização dos recursos em estoque, e diminuindo a propensão a ciclos de caixa
deficitários, controlando o problema pela origem e não controlando efeitos, o que é mais
dispendioso, trabalhoso e menos eficaz.
Após levantamento, estudo e comprovação sobre a movimentação dos 12 meses no
ano de 2016, envolvendo uma movimentação no volume de 3.083.100 de litros de diesel e
envolvendo um montante no valor de R$ 7.245.258,00, ficou evidenciado que o
monitoramento do estoque realizado pelo sistema de Controle Permanente é muito mais
eficiente do que o Controle Periódico.
Referências:

ASSAF NETO, Alexandre. SILVA, César A T. Administração do Capital de Giro. 4ª. ed.
São Paulo: Atlas, 2012.
BALLOU, Ronald H. Logística Empresarial: transportes, administração de materiais e
distribuição física. Trad. Hugo T.Y. Yoshizaki. São Paulo: Atlas, 2010.
BALLOU, Ronald H. - Gerenciamento da cadeia de suprimentos / logística empresarial.
5.ª ed. Porto Alegre, RS: Bookman, 2006.
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