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CONTABILIDADE

DE CUSTOS

Hamilton Cesar Moura

E-book 4
Neste E-Book:
INTRODUÇÃO���������������������������������������������� 3
Três problemas básicos de materiais ou
produtos em estoque�����������������������������������������������3

AVALIAÇÃO DE ESTOQUES��������������������� 6
Sistemas de estoques����������������������������������������������7
Cadeia de suprimentos��������������������������������������������8

MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE
ESTOQUES���������������������������������������������������12
Método PEPS – Primeiro a Entrar, Primeiro a
Sair������������������������������������������������������������������������� 12
Método UEPS – Último a Entrar, Primeiro a Sair� 15
Método da Média Ponderada������������������������������� 19
Método do Custo Específico�������������������������������� 23
Comparação entre os métodos���������������������������� 25

CONSIDERAÇÕES FINAIS���������������������� 27
SÍNTESE�������������������������������������������������������29

2
INTRODUÇÃO
Preparado para continuar nossos estudos de con-
tabilidade de custos? Neste módulo vamos abordar
uma área muito importante para qualquer empresa,
comercial ou industrial, a Gestão de Estoques. Os
materiais ou os estoques, normalmente, representam
um dos maiores gastos tanto em indústrias como
em empresas de varejo. Os contadores gerenciais
fornecem aos gestores as informações necessárias
para gerir eficazmente os custos de estoque.

Três problemas básicos de


materiais ou produtos em
estoque

● Avaliação: qual o montante a atribuir quando várias


unidades são adquiridas por preços diferentes;
● Controle: como distribuir as funções de compra,
pedido, recepção e uso, como organizar o “kardex”
de controle, como inspecionar para verificar o efetivo
consumo;
● Programação: quanto comprar, como comprar,
fixação de lotes econômicos de aquisição, definição
de estoques mínimos de segurança, etc.

Ao longo dos estudos deste módulo, vamos tratar


mais detalhadamente da avaliação dos estoques,
fazendo uma rápida análise dos sistemas de estoque.

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As cinco categorias de custos associados com os
estoques são: compras, pedidos, transporte, estoque
externos, e os custos de qualidade. O modelo de deci-
são Lote Econômico de Compras (L.E.C.) permite que
os gerentes determinem uma quantidade de compra
que equilibra custos de pedidos com os custos de
transporte, embora possam surgir conflitos entre o
modelo L.E.C. e outros modelos utilizados para a
avaliação de desempenho.

Muitas empresas mudaram para um sistema de com-


pras Just-in-Time (J.I.T.). A principal característica
dos sistemas J.I.T. de compras é a compra de ma-
teriais ou bens apenas a tempo para a sua utilização
no processo de produção ou para venda aos clien-
tes. Sistemas J.I.T. podem reduzir significativamente
os custos de estoque, mas também exigem que as
empresas façam um planejamento de forma eficaz
e eficiente; e administrem a produção, distribuição
ou processos de estoques porque há pouca margem
para erro.

A avaliação do estoque é importante pelos seguintes


motivos:

● Impacto no custo dos produtos vendidos

Se você avaliar o estoque com valor mais alto no


fim do exercício, isso reduzirá o custo dos produtos
vendidos e, se avaliar com um valor baixo, aumentará
o custo dos produtos vendidos. Assim, a avaliação
de estoque tem um grande impacto nos níveis de
lucro das demonstrações contábeis.

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● Imposto de renda

A escolha do método de avaliação de estoque que


será usado pode aumentar ou reduzir o valor do
imposto de renda a ser pago. O método UEPS, em
períodos de aumento de preços, poderia reduzir dras-
ticamente o imposto de renda a ser pago, por esse
motivo não é permitido no Brasil.

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AVALIAÇÃO DE ESTOQUES
A gestão de estoques é um componente do gerencia-
mento da cadeia de suprimentos que envolve a super-
visão dos ativos não circulantes. Especificamente, a
gestão de estoques supervisiona o fluxo de merca-
dorias dos fabricantes para os depósitos e, dessas
instalações, para o ponto de venda.

A gestão de estoques depende de registros detalha-


dos dos produtos ou peças, à medida que entram e
saem de depósitos e pontos de venda. É fundamental
para os resultados, pois o estoque é um ativo impor-
tante que permanece em investimento até que os
produtos sejam vendidos. Vários custos estão as-
sociados à gestão de estoques, já que as empresas
precisam armazenar, rastrear e garantir o inventário.

Em geral, as práticas recomendadas para a gestão de


estoques envolvem planos sólidos de compra, para
garantir que os itens estejam disponíveis e também
as ferramentas necessárias para rastrear os itens
existentes.

Logicamente, a eficiência da gestão de estoques de-


pende do porte da empresa, dos recursos disponíveis
e dos sistemas e métodos utilizados para avaliar e
controlar os estoques.

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Sistemas de estoques
● Sistema de inventário periódico: quando a empresa
não mantém um controle contínuo dos estoques.

O sistema periódico envolve o registro apenas das


compras de estoque e devolução das compras de
estoque assim que acontecem. As vendas não são
baixadas na conta de estoque no momento em que
ocorrem. Em vez disso, no final do mês, uma con-
tagem do estoque restante é usada para calcular o
custo das mercadorias vendidas. A ideia básica é:
estoque inicial mais as compras é igual ao estoque
disponível para venda; estoque disponível para venda
menos o saldo do estoque final é igual ao custo das
mercadorias vendidas.

O sistema periódico foi usado predominantemente


em épocas anteriores, quando os dados de custo
eram difíceis de controlar para as lojas com muitos
itens de baixo preço de venda. O sistema periódico
facilita o cálculo do custo das mercadorias vendidas.
No entanto, se há falta de alguns itens de estoques
devido a roubo, ou se há erros nas operações de
registro dos estoques, não é detectável por meio
da contagem do estoque, porque não há saldo para
comparar, o roubo e/ou erros serão incluídos no cus-
to das mercadorias vendidas do período.

Custo dos Materiais = Estoque Inicial + Compras –


Estoque Final

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● Sistema de inventário permanente: existe o con-
trole contínuo da movimentação do estoque.

O sistema permanente envolve o registro de cada


transação comercial que afeta a conta de estoque no
momento da transação. Quando o estoque é compra-
do, devolvido ao vendedor, vendido, ou devolvido ao
comprador, a transação é registrada imediatamente.
Isso resulta em um saldo preciso na conta de esto-
que em todos os momentos.

O sistema permanente é mais usado com a dispo-


nibilidade de tecnologia. Os sistemas de ponto de
venda informatizados e os códigos de barras têm au-
mentado a sua utilização, e facilitam a implantação.

Cadeia de suprimentos

A cadeia de suprimentos descreve o fluxo de pro-


dutos, serviços e informações de fontes iniciais de
materiais e serviços, até a entrega dos produtos aos
consumidores, independentemente dessas atividades
ocorrerem na mesma empresa ou em outras. Vamos
verificar como a análise da cadeia de suprimentos
permite à empresa coordenar atividades e reduzir
estoques, ao longo da cadeia de suprimentos.

Sistemas tradicionais de PRM – Partner Relationship


Management (Gerenciamento de Relacionamentos
com Parceiros) projetam compras e níveis de estoque
com base em previsões de demanda de produtos

8
acabados, por meio de sua procura, para calcular a
demanda para cada um dos componentes necessá-
rios para produzir o produto acabado.

Essa abordagem, muitas vezes, leva a reservas de


estoque de um departamento de produção, ou es-
tação de trabalho que recebe materiais ou compo-
nentes que ainda não estão prontos para começar a
processar ou utilizar. Contadores gerenciais podem
ajudar na gestão eficaz de estoque, fornecendo aos
gestores informações precisas e oportunas sobre os
níveis de estoque e o custo de estocagem.

Em contraste, os sistemas de produção J.I.T. são


projetados de modo que cada componente seja pro-
duzido just in time para que possa ser utilizado pelo
próximo departamento de produção ou estação de
trabalho. Um sistema de produção J.I.T. ideal fabri-
caria o produto apenas a tempo de ele ser compra-
do pelo cliente, com o estoque recebido em cada
departamento de produção, ou estação de trabalho,
bem a tempo de ser usado. Sistemas eficazes J.I.T.
suavizam o fluxo de materiais e reduzem os custos
de estoque e, simultaneamente, melhoram a quali-
dade do produto, reduzindo custos de produção e
aumentando a eficiência da produção – resultados
indiretos ditados pela reduzida margem para erro
que resulta de menores níveis de estoque.

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Algumas indústrias automobilísticas japonesas só
começam a produzir um veículo após a emissão do
pedido de compra, feito pelo cliente, em uma de suas
concessionárias. Esse pedido desencadeia todo o
processo de compras da empresa para que o veículo
seja produzido com as especificações e no prazo
exigido pelo cliente.

FIQUE ATENTO
Para aprofundar esses conceitos, assista ao ví-
deo “Estoques – Métodos de Valoração”, do Prof.
Mário Jorge, disponível em:
https://profmariojorge.com.br/exame-de-suficien-
cia/estoques-criterios-de-valoracao

O gerenciamento de estoque melhorado e técnicas


como a produção J.I.T. podem resultar em reduções
significativas no tempo de fabricação e níveis de es-
toque. Níveis de estoque reduzidos decidem sobre:
fluxo de custo do estoque – média ponderada, PEPS,
por exemplo; ou método de custeio – absorção ou
custeio variável, por exemplo, serão utilizados. As
empresas que implementaram sistemas J.I.T. ou
níveis de estoque reduzidos e prazos de entrega,
muitas vezes, afastam-se dos tradicionais sistemas
de custeio para simplificados métodos de custeio.

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Figura 1: Estoque de pneus Fonte: Pixabay

Acesse o Podcast 1 em Módulos

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MÉTODOS DE AVALIAÇÃO
DE ESTOQUES
O método de custeio escolhido para determinar o
custo atribuído ao estoque é muito importante por-
que impacta diretamente o balanço patrimonial, a
demonstração de resultados e a demonstração dos
fluxos de caixa. Infelizmente, o custo (preço pago
pela empresa) tende a aumentar ao longo do tempo,
devido à inflação.

Estudaremos os seguintes métodos de avaliação


de estoque:

● UEPS: último a entrar, primeiro a sair ou, em inglês,


LIFO, last in, first out. (não permitido pela legislação).
● PEPS: primeiro a entrar, primeiro a sair ou, em in-
glês, FIFO, first in, first out.
● Custo Médio Ponderado: o custo a ser contabiliza-
do representa uma média dos custos de aquisição.
● Custo Específico: é um método usado para rastrear
itens individuais do inventário.

Método PEPS – Primeiro a


Entrar, Primeiro a Sair

O método PEPS – Primeiro a Entrar, Primeiro a


Sair é uma suposição de que, no fluxo de custo, os
primeiros produtos comprados também seriam os

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primeiros a serem vendidos. Na maioria das empre-
sas, essa suposição corresponde ao fluxo real de
mercadorias e, portanto, é considerado o método
de avaliação de estoque teoricamente mais correto,
pois é lógico, uma vez que a venda dos produtos mais
antigos reduz o risco de obsolescência do estoque.

Sob o método PEPS, os primeiros produtos compra-


dos são os primeiros removidos da conta do estoque.
Isso faz com que os demais itens do estoque sejam
contabilizados pelos custos incorridos mais recente-
mente, de modo que a conta de estoque registrada
no balanço patrimonial contenha custos bastante
próximos dos preços mais recentes que poderiam
ser obtidos no mercado. Por outro lado, esse método
também resulta em custos históricos mais antigos,
sendo confrontados com as receitas atuais e regis-
trados no custo dos produtos vendidos; isso significa
que a margem bruta não reflete necessariamente
uma correspondência adequada entre receitas e cus-
tos. Por exemplo, em um ambiente inflacionário, os
valores da receita atual serão comparados aos itens
de estoque mais antigos e de custo mais baixo, o que
gera a maior margem bruta possível.

O método PEPS é permitido sob os Princípios


Contábeis e as Normas Internacionais de
Contabilidade. O método PEPS fornece os resulta-
dos semelhantes no sistema de estoque periódico
ou permanente.

O material direto é formado pelas matérias-primas,


embalagens, componentes adquiridos prontos e ou-

13
tros materiais utilizados no processo de fabricação.
Todos esses materiais precisam ser avaliados, assim
como o estoque de produtos acabados.

Exemplo do método PEPS

A empresa Comercial Maringá Ltda. decide usar o


método PEPS para o mês de janeiro. Durante esse
mês, ela registra as seguintes transações:

Variação da Custo Custo total


Quantidade unitário
Estoque Inicial +100 R$ 210 R$ 21.000

1a Venda - 75

1a compra (lote) + 150 R$ 280 R$ 42.000

2a Venda -100

2a compra (lote) +50 R$ 300 R$ 15.000

Estoque final =125

O custo dos produtos vendidos em unidades é cal-


culado como:

CMV = Estoque inicial + Compras – Estoque final

CMV = 100 unid. + 200 unid. – 125 unid. = 175


Unidades

O contador da Maringá usa as informações da tabela


anterior para calcular o custo dos produtos vendidos
para janeiro, bem como o custo do estoque no final
de janeiro.

14
Unidades Custo Custo
Unitário total
Custos das Mercadorias
Vendidas – CMV

Estoque Inicial 100 R$ 210 R$ 21.000

1a compra 150 R$ 280 R$ 42.000

2a compra 50 R$ 300 R$ 15.000

1a venda (75) R$ 210 (R$ 15.750)

2a venda (25) R$ 210 (R$ 5.250)

(75) R$ 280 (R$ 21.000)

Estoque final 125 R$ 36.000

Dessa forma, o estoque inicial é completamente


utilizado durante o mês, assim como a metade da
primeira compra. Ficando o estoque final composto
por 75 unidades da primeira compra a R$ 280 e 50
unidades da segunda compra a R$ 300.

CMV = R$ 21.000 + R$ 42.000 + R$ 15.000 – R$


36.000 = R$ 42.000

Método UEPS – Último a Entrar,


Primeiro a Sair

O método UEPS Último a Entrar, Primeiro a Sair opera


sob o pressuposto de que o último item do estoque
comprado é o primeiro a ser vendido. Imagine uma
prateleira de loja em que um funcionário adiciona
itens na parte da frente e os clientes vão retirando-os

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simultaneamente; os itens que ficam no estoque –
localizados na parte de trás da prateleira – raramente
são vendidos e permanecem na prateleira.

O problema com o cenário UEPS é que ele não é


encontrado na prática. Se uma empresa usasse o
fluxo do processo incorporado pelo UEPS, uma par-
te significativa de seu estoque seria muito antiga e,
provavelmente, obsoleta ou com prazo de validade
vencido. Mas a empresa não precisaria seguir o fluxo
do processo UEPS para usar o método de avaliação
de seus estoques.

Efeitos da contabilidade de estoque UEPS

A razão pela qual as empresas usariam o UEPS é a


suposição de que o custo do estoque aumenta com
o tempo, o que é uma conjectura razoável, em época
de inflação de preços. Se você usasse o UEPS nessa
situação, o custo do estoque adquirido mais recen-
temente seria sempre superior ao custo de compras
anteriores; portanto, o saldo final do estoque seria
avaliado pelos custos anteriores, enquanto os custos
mais recentes apareceriam no custo dos produtos
vendidos. Ao transferir o estoque de alto custo para
o custo dos produtos vendidos, uma empresa po-
deria reduzir seu nível de lucro na demonstração do
resultado e, assim, adiar o pagamento do imposto
de renda. Como o diferimento do imposto de renda
é a única justificativa para o UEPS, na maioria das
situações, ele é proibido pelas normas internacionais
de contabilidade (CPC 16 R1, 2009, p. 7).

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Exemplo do método UEPS
Suponha que a Comercial Maringá decide usar o
método UEPS para o mês de abril. A tabela abaixo
mostra as várias transações de compra de um pro-
duto da empresa.

Com- Custo Ven- Custo Custo Custo


pras un. das camada 1 cama- total
da 2

Saldo 150 R$ R$
Inicial 210 31.500

05/04 95 (95 x R$ R$
210) 11.550

07/04 100 R$ 100 x R$ R$


235 235 35.050

09/04 110 (100 x R$ (10 x R$ R$


235) 210) 9.450

11/04 200 R$ (200 x R$ R$


250 250) 59.450

15/04 180 (180 x R$ R$


250) 14.450

17/04 125 R$ 125 x R$ R$


240 240 44.450

20/04 125 (125 x R$ R$


240) 14.450

25/03 80 R$ 80 x R$ 260 R$
260 35.250

28/04 120 (80 x R$ (20 x R$ R$


260) 250) 5.250

(20 x R$
210)

Os seguintes tópicos descrevem as transações ob-


servadas na tabela anterior:

17
● A Comercial Maringá possui um saldo inicial de es-
toque de 150 unidades a um custo unitário de R$ 210.
● 05 de abril: vende 95 dessas unidades. Isso deixa
um saldo de estoque de 55 unidades a um custo de
R$ 210 cada = R$ 11.550.
● 7 de abril. A Maringá compra 100 unidades adicio-
nais a R$ 235, ficando com um saldo de 95 unidades
a R$ 210 e 100 unidades a R$ 235.
● 9 de abril: vende 110 unidades. No UEPS, assu-
mimos que a última compra foi vendida primeiro,
então o estoque fica reduzido a 45 unidades a R$
210 = R$ 9.450.
● 11 de abril. A Maringá compra 200 unidades adicio-
nais a R$ 250, ficando com estoque de 45 unidades
a R$ 210 e 200 unidades a R$ 250.
● 15 de abril: vende 180 unidades, assim, o estoque
fica com as 45 unidades a R$ 210 e 20 unidades a
R$ 250 = R$ 14.450.
● 17 de abril. A Maringá compra 125 unidades adi-
cionais a R$ 240, ficando seu estoque formado por
45 unidades a R$ 210; 20 unidades a R$ 250 e 125
unidades a R$ 240.
● 20 de abril: vende 125 unidades, ficando no estoque
45 unidades a R$ 210 e 20 unidades a R$ 250.
● 25 de abril. Maringá compra 80 unidades adicionais
a R$ 260.
● 28 de abril: vende 120 unidades. As vendas excedem
as compras durante esse período, portanto, o estoque
fica com apenas 25 unidades a R$ 210 = R$ 5.250.

18
Método da Média Ponderada
O método da média ponderada é usado para atribuir
o custo médio de um produto. O custo médio pon-
derado é comumente usado em situações em que:

● Os itens de estoque são tão entrelaçados que é


impossível atribuir um custo específico a uma uni-
dade individual.
● O sistema de contabilidade não é suficientemente
sofisticado para rastrear os itens de estoque pelo
método PEPS ou UEPS.
● Os itens de estoque são tão idênticos um ao outro
que não há como atribuir um custo a uma unidade
individual.

Média Pondera Fixa

Os estoques consumidos são baixados ao custo mé-


dio do final do mês, mesmo que tenham sido consu-
midos em várias datas diferentes durante o mês; o
lançamento de baixa nos estoques é feito somente
no final do mês.

Ao usar o método da média ponderada, divida o custo


dos produtos disponíveis para venda pelo número de
unidades disponíveis para venda, o que gera o custo
médio ponderado por unidade. Nesse cálculo, o custo
dos produtos disponíveis para venda é a soma do
estoque inicial e das compras líquidas. Em seguida,
você usa esse valor da média ponderada para atribuir

19
um custo ao estoque final e ao custo dos produtos
vendidos.

Média Ponderada Móvel

É assim chamada por atualizar o custo médio após


cada aquisição, de forma que as baixas resultantes
das vendas são feitas sempre pelo custo médio ime-
diatamente anterior.

O resultado líquido do uso do custo médio ponderado


é que a quantidade registrada de estoque disponível
representa um valor entre as unidades mais antigas e
as mais recentes compradas em estoque. Da mesma
forma, o custo dos produtos vendidos refletirá um
custo entre o das unidades mais antigas e as mais
novas que foram vendidas durante o período.

O método da média ponderada é permitido, de acordo


com os princípios contábeis geralmente aceitos e
com os padrões internacionais (CPC 16 R1, 2009, p.7).

Exemplo do método da média pondera fixa

A Comercial Maringá Ltda. escolhe usar o método da


média ponderada para o mês de maio. Durante esse
mês, ela registra as seguintes transações:

Variação Real custo Real custo


unitário total
Estoque inicial +150 R$ 220 R$ 33.000

Venda -125 - -

Compra +200 R$ 270 R$ 54.000

20
Variação Real custo Real custo
unitário total
Venda -150 - -

Compra +100 R$ 290 R$ 29.000

Estoque final =175

Se a empresa utilizar o sistema de inventário perió-


dico, poderá fazer o cálculo da seguinte forma:

O custo total de todas as unidades de inventário com-


pradas ou iniciais da tabela anterior é de R$ 116.000
(R$ 33.000 + R$ 54.000 + R$ 29.000). O total de to-
das as unidades de estoque compradas ou iniciais
é de 450 (150 (estoque inicial) + 300 (compras). O
custo médio ponderado por unidade é, portanto, R$
116.000/ 450 unidades = R$ 257,78.

A avaliação final do estoque é de R$ 45.112 (custo


unitário ponderado de 175 unidades x R$ 257,78),
enquanto a avaliação do custo das mercadorias ven-
didas é de R$ 70.890 (275 unidades x custo médio
ponderado de R$ 257,78). A soma desses dois va-
lores (salvo diferenças de arredondamento) é igual
ao custo total de R$ 116.000 de todas as compras
e o estoque inicial.

Exemplo do método da média ponderada


móvel

No exemplo anterior, se a Comercial Maringá usasse


um sistema de inventário permanente para registrar
suas transações de estoque, teria de recalcular a
média ponderada após cada compra. A tabela abaixo

21
usa as mesmas informações do exemplo anterior
para mostrar as diferenças:

Unid. Com- Custo Esto- Custo


pras das que médio
vendas unitário
Estoque 150 R$ R$
inicial 33.000 220,00

Venda (125 25 R$ R$ R$
u a R$ 220) 27.500 5.500 220,00

Compra (200 225 R$ R$ R$


u a R$ 270) 54.000 59.500 264,44

Venda 75 R$ R$ R$
(150 u a R$ 39.666 19.834 264,44
264,44)

Compra (100 175 R$ R$ R$


u a R$ 290) 29.000 48.834 279,05

Observe que o custo dos produtos vendidos de R$


67.166 e o saldo final do estoque de R$ 48.834 é
igual a R$ 116.000, o que corresponde ao total dos
custos no exemplo anterior. Assim, os totais são os
mesmos, mas o cálculo da média móvel ponderada
resulta em pequenas diferenças na repartição dos
custos entre o custo dos produtos vendidos e o es-
toque final.

Acesse o Podcast 2 em Módulos

22
Método do Custo Específico
O método de identificação específico é usado para
rastrear itens individuais do estoque. Esse método é
aplicável quando itens individuais podem ser clara-
mente identificados, com um número de série, data
de recebimento carimbada, ou código de barras.

De acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 16


R1 (2009, p. 7), os estoques que se enquadrem como
itens de difícil intercâmbio e bens ou serviços pro-
duzidos com fins predeterminados devem ter seu
custo atribuído pelo uso do critério da identificação
específica.

Figura 2: Código de barras. Fonte: Pixabay

23
Requisitos específicos do método de
identificação

Os principais requisitos de um sistema de rastrea-


mento de identificação específico são:

● Ser capaz de rastrear cada item do estoque indi-


vidualmente. O método mais fácil é uma etiqueta
durável de metal ou papel que contém um número
de série. Como alternativa, uma etiqueta de identifi-
cação por radiofrequência pode conter um número
único que identifica o produto.
● Ser capaz de acompanhar o custo de cada item
individualmente. O sistema contábil deve identifi-
car claramente o custo de cada item comprado e
associá-lo a um número de identificação exclusivo.
● Consiga liberar estoque para o custo específico
associado a um item de estoque, quando ele for
vendido.

Esses requisitos podem ser alcançados com um sis-


tema contábil simples, possivelmente apenas uma
planilha eletrônica, que torna o método de identifica-
ção específico aplicável a empresas menores (espe-
cialmente quando os volumes unitários são baixos).

Método de identificação específico


Vantagens e Desvantagens

O método de identificação específico apresenta um


alto grau de precisão ao custo do estoque, uma vez
que o custo exato pelo qual algo foi comprado pode
ser anotado nos registros do estoque e cobrado pelo

24
custo dos produtos vendidos, quando o item relacio-
nado é vendido.

No entanto, esse método raramente é usado porque


existem poucos produtos comprados que são clara-
mente identificados nos registros contábeis de uma
empresa com um código de identificação exclusivo.
Portanto, normalmente é restrito a itens específicos
e de alto valor, para os quais essa diferenciação é
necessária. A maioria das organizações vende pro-
dutos que são essencialmente intercambiáveis e,
portanto, são mais propensos a usar um sistema
PEPS, UEPS, média ponderada ou similar.

Também é muito demorado rastrear o estoque indi-


vidualmente, o que restringe seu uso a quantidades
menores de estoque.

Comparação entre os métodos

Comparação entre os métodos de avalia-


ção de estoques

O PEPS apresenta os menores custos dos materiais uti-


lizados, o UEPS, os maiores e o Preço Médio fica entre
os extremos. É claro que essas situações diferenciadas
são compensadas período após período. Quando todo
o estoque de materiais tiver sido utilizado, a soma dos
custos dos materiais aplicados pelos diversos exercí-
cios será igual; quando aplicamos um valor maior, é
porque o estoque remanescente ficou por importância

25
menor, e quando este for utilizado provocará o apa-
recimento de um custo aplicado também menor. As
diferenças existem enquanto existirem os estoques
de materiais. (MARTINS, 2018, p. 109)

O quadro abaixo resume a comparação entre os


três principais métodos de avaliação de estoques,
em relação ao valor do estoque, lucro e imposto de
renda. O custo específico deixou de ser menciona-
do por tratar-se de um método pouco utilizado, no
entanto, como já discutimos, seria o método ideal,
pois independe de saber qual item teria prioridade,
ou de cálculo de média, o produto que for vendido
terá seu custo específico.

Método Estoque Lucro Imposto de Renda


UEPS Menos Menos Menos I.R.
estoque lucro

Média Equilíbrio Equilíbrio Equilíbrio entre UEPS


ponderada entre UEPS e entre UEPS e PEPS
PEPS e PEPS

PEPS Mais estoque Mais lucro Mais I.R.

26
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste último módulo nos dedicamos a estudar os
principais métodos de avaliação de estoques, que
é importante para as empresas comerciais e indus-
triais. Empresas de serviços geralmente trabalham
com estoques menores, fazendo com que a preocu-
pação com esse item do capital de giro não seja tão
grande. No entanto, os conceitos valem também para
a prestação de serviços, se os estoques representa-
rem um item significativo de investimento.

O primeiro método que analisamos foi o PEPS, que


significa que as primeiras unidades a entrarem no
estoque serão as primeiras a sair, não necessaria-
mente as unidades físicas, mas em termos de cus-
to; se a empresa compra um lote de mercadorias a
R$ 10,00, em seguida compra outro lote a R$ 11,00.
Quando fizer a primeira venda, deverá dar baixa em
seu estoque, prioritariamente, aos itens que foram
comprados a R$ 10,00 até esgotar esse lote.

O segundo método foi o UEPS, em que as últimas


unidades a entrar no estoque serão as primeiras a
sair. No exemplo anterior, as primeiras vendas se-
riam baixadas no estoque ao custo de R$ 11,00 até
esgotar esse lote, para depois começar a dar baixa
ao custo de R$ 10,00.

No método da média ponderada, nem os primeiros,


nem os últimos; calcula-se o custo médio para dar
baixa das mercadorias que saem do estoque. Esse

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método é bastante utilizado pelas empresas em
função de sua praticidade. Outro motivo é que não
penaliza o valor dos estoques nem o valor do custo
dos produtos vendidos, ficando na média entre os
dois primeiros métodos.

Falamos também do método do custo específico,


muito pouco utilizado pelas empresas, pois depende
da identificação do produto. Somente empresas que
trabalham com produtos de alto valor agregado e
que permite sua identificação utilizam esse método.

No final do módulo, fizemos uma comparação entre


os três principais métodos de avaliação de estoques,
concluindo que o método PEPS subavalia o custo dos
produtos vendidos, aumentando o lucro e fazendo
com que a empresa pague mais imposto de renda;
e deixa os estoques com custos mais próximos ao
preço de reposição. O método UEPS deixa o custo
dos produtos vendidos com valor mais alto, fazendo
com que a empresa pague menos imposto de renda;
e os estoques ficam subavaliados. E, por último, o
método da média ponderada deixa tanto o custo dos
produtos vendidos como o valor dos estoques entre
os dois primeiros métodos.

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SÍNTESE

CONTABILIDADE DE CUSTOS

 PEPS – Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair

 UEPS – Último a Entrar, Primeiro a Sair

 Média Ponderada

 Fixa
 Móvel

 Custo específico
Referências Bibliográficas
& Consultadas
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enfoque direto e objetivo. 11. ed. São Paulo: Saraiva,
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