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Educação Matemática com as Escolas da Educação Básica: interfaces entre pesquisas e salas de aula

ESTUDANDO FRAÇÕES NAS RELAÇÕES ENTRE A MÚSICA E A


MATEMÁTICA
Enoque da Silva Reis1
Hemerson Milani Mendes2
Samanta Margarida Milani3
Resumo
O objetivo deste artigo é divulgar um estudo que buscou analisar a relação entre a
música e a matemática e em particular propor algumas atividades que possam auxiliar
no processo de ensino e aprendizagem de frações. No referencial teórico, nos baseamos
nos conceitos fundamentais da música, como o som, melodia, intensidade e a própria
concepção de música, juntamente, com a definição de frações e as operações de adição e
subtração no conjunto dos Números Racionais. Como referencial metodológico,
optamos em descrever o processo de construção deste trabalho, em outras palavras,
nosso referencial está ligado a descrição do caminhar na construção deste. Notamos,
temos que a presença da matemática na música é intensa e aprender música consiste em
aprender também elementos matemáticos, aqui em particular, frações e operações como
adição e subtração no conjunto dos números Racionais.

Palavras-chave: Música; Matemática; Fração.

1. Introdução

Daremos início a esta introdução expondo dois jargões que acreditamos serem
de conhecimento comum, o primeiro deles é o dito popular expresso da seguinte forma
“a matemática é difícil” e o segundo “a matemática está em tudo”. Diante destes dois
fatores, procuramos expor algumas considerações, de um lado, ao nos referirmos ao
primeiro deles que talvez, seu dito, não seja tão assertivo, e o segundo, que mesmo em
elementos que ao senso comum não estaria a matemática fortemente presente.

Queremos com este artigo, mostrar que é possível e oportuno trabalhar de forma
fácil alguns elementos matemáticos utilizando conceitos musicais, ou seja, a matemática
está presente também na música, e sua presença ali pode ser um potencializador para o
processo de ensino e aprendizagem deste conteúdo que conforme o dito supracitado é
considerado uma matéria difícil.

1
Professor Universidade Federal de Rondônia –UNIR Ji-Paraná. Lider do Grupo de Estudo e Pesquisa em
História da Educação Matemática Escolar (GEPHEME RO). Doutorando em Educação Matemática pela
Universidade Federal do Mato Grosso do Sul – UFMS. E-mail: enoque.reis@unir.br
2
Pós-graduando em Educação Matemática – UNIR. E-mail.hemersonviolino@gmail.com
3
Mestra em Matemática em Rede Nacional – PROFMAT/RO, (2016). Professora do Instituto Federal de
Educação Ciências e Tecnologia de Rondônia – IFRO. E-mail: samanta.milani@ifro.edu.br

XIII Encontro Nacional de Educação Matemática ISSN 2178-034X


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Dessa forma, propomos um trabalho que inicialmente discutimos numa visão


histórica sucinta algumas considerações entre a matemática e a música, em seguida,
como nossa intenção é trabalhar o conteúdo de frações utilizando a música, discutimos
teoricamente alguns conceitos específicos deste elemento matemático e por fim
propomos e analisamos algumas atividades que trabalham em conjunto elementos
musicais e matemática, em particular as frações.

2. Fundamentação Teórica

Por entendermos ser este tópico a base para nossa análise, o descrevemos em
três pontos distintos. O primeiro para esclarecer ao leitor algumas considerações
históricas da relação existente entre a música e a matemática, em seguida, buscamos
discutir alguns conceitos inerentes a parte específica da música, como o som, melodia,
intensidade e a própria concepção de música, e por fim, um estudo de frações, elemento
específico da matemática.

2.1 Considerações Históricas entre Matemática e Música

A música sempre foi conhecida por ser a arte de manifestar e organizar os sons
e, através dela, muitos acontecimentos históricos e culturais foram registrados e
chegaram até os dias atuais. Entretanto, a matemática é conhecida como a arte dos
números, portanto, ambas são consideradas de grande aporte para a sociedade, com
habilidades diferentes e supostamente, para os leigos, sem nenhuma ligação.

A matemática é substancial para a compreensão da música na humanidade, vale


ressaltar que foi a partir dessa ciência, que na Grécia Antiga, Pitágoras fez a descoberta
da ligação entre matemática e música, de onde se tem o primeiro registro corroborado
entre essas duas áreas, com o experimento do monocórdio, citado por Granja (2006).

Foi desse modo, unindo percepção e razão, que Pitágoras relacionou a


música com a matemática. Segundo conta a lenda, Pitágoras estava
determinado a achar uma medida para a percepção sonora. Usando um
monocórdio, instrumento de uma corda semelhante à lira, Pitágoras
investigou o que acontecia com a percepção dos sons ao variar o
comprimento da Corda (GRANJA, 2006, p. 31).

Pitágoras fez a importante descoberta de que as notas musicais eram alcançadas


através de um sistema fracionário. Através dos testes realizados com o monocórdio,

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ilustrado pela Figura 1, Pitágoras percebeu que ao minimizar o tamanho da corda, eram
produzidos novos sons, e as vibrações aconteciam com uma frequência maior do que a
anterior.

Figura 1 - Monocórdio elaborado por Pitágoras

Fonte:Mingatos (2006, p.25).


A partir de experimentos realizados com esse objeto, foi possível estabelecer
cientificamente as distâncias de razão e proporção dos sons musicais. Após estabelecida
uma escala musical (sequência de sons), através dos estudos com o monocórdio, vários
outros pesquisadores, matemáticos e músicos, principalmente, discutiram de forma
ampla o experimento de Pitágoras ao longo da história, reafirmando as concepções
pitagóricas.

2.2 Música

A música sempre esteve inserida na cultura da humanidade, sendo responsável a


milhares de anos, por propagar a história de sua época. Até mesmo antes da escrita, a
música foi uma das principais formas de registro das sociedades.

Existem inúmeras definições para a música postas pelos estudiosos da área,


Cheadiak (1986) evidencia como sendo a arte de combinar os sons, e executar de acordo
com os afetos de nossa alma, e ainda apresenta que é composta por três propriedades
básicas: melodia, harmonia e ritmo.

Conforme Med(1996), a melodia é o conjunto de sons dispostos em ordem


sucessiva, isto é, executados um após o outro. Porém, harmonia é a combinação de sons
simultâneos, ou seja, vários tocados ao mesmo tempo e ritmo é a duração e acentuação
dos sons e das pausas, provendo a forma que toma a música.

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A música é composta por vários elementos físicos onde a principal matéria


prima é o som, o que segundo Borges (2009) “O som são as ondas mecânicas que
sensibilizam nossa audição, e onda é o movimento provocado pela perturbação que se
propaga em um meio”. As ondas propagam somente energia, que é transferida através
de átomos e moléculas das diferentes espécies da matéria.

Uma onda possui uma frequência e um comprimento, onde Borges (2009) relata
que “É o número de ciclos por segundo, ou o número de cristas por segundo, um ciclo é
também denominado por 1 Hertz = 1 Hz, medida visual de frequência”. A figura 2
mostra os principais elementos de uma onda, neste caso, de forma senoidal.

Figura 2- Representação das Principais Características de uma Onda sonora.

Fonte: Santos (2006, p.2)


Além disso, o som possui algumas características de suma importância, em que
se sobressaem três: intensidade, altura e timbre. Desse modo, altura é a qualidade que
permite ao ouvido diferenciar sons graves (de baixa frequência) de sons agudos (de alta
frequência), cabe lembrar que a altura depende apenas da frequência do som.

Intensidade é a qualidade que nos permite diferenciar os sons fortes dos sons
fracos, e timbre é a qualidade que permite ao ouvido humano diferenciar sons de mesma
altura e intensidade, emitidos por fontes diferentes. Para esclarecimentos ao decorrer
desse estudo, é valido expor que existem sete notas musicais, e são representas por um
sistema denominado cifras, onde cada nota é simbolizada da seguinte forma: A= LÁ,
B= SI, C= DÓ, D= RÉ, E= MI, F= FÁ, G= SOL.

De acordo com Duarte (2008), a definição de música não está ligada apenas na
combinação e organização de sons, mas na consequência de várias experiências
coletivas das civilizações humanas ao decorrer da história. E nesse sentido, se torna

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viável interpretar sentidos presentes em obras musicais, fazendo relação com contextos
das épocas vivenciadas pelos autores, obtendo como resultado, a fomentação do
conhecimento.

Em um contexto menos difundido, Weber (1911) escreve sobre os fundamentos


racionais e sociológicos da música e procura ser técnico e claro. É confirmado, por ele,
que a arte musical se relaciona, em ligações de menor ou maior tensão, com outras
dimensões da vida social contribuindo intensamente para o desenvolvimento cognitivo.
As oscilações promovidas pelo desenvolvimento da música em seu curso despertam
sensações nos sujeitos que movimentam naturalmente o processo cognitivo.

2.3 Adição e Subtração de Frações

No contexto matemático existem várias definições sobre frações, que são


utilizadas conforme as necessidades didáticas de um público-alvo. Dessa forma, de
𝑎
acordo com Sodré (2010) “fração 𝑏 é a representação genérica do valor a que é dividido

por b partes iguais, sendo b ≠ 0. Em toda fração, o termo superior é chamado de


𝑎
numerador e o termo inferior é chamado de denominador”. Assim na fração genérica 𝑏

temos que o termo a é o numerador e o termo b é o seu denominador.

Cabe ainda ressaltar, sobre as operações de que serão usadas mais adiante na
resolução de algumas atividades propostas nessa pesquisa. Assim sendo, a operação de
adição ou soma de frações requer que todas as frações envolvidas possuam o mesmo
denominador. Se inicialmente todas as frações já possuírem um denominador comum,
basta que realizemos a soma de todos os numeradores e mantenhamos este denominador
comum. Analisemos o exemplo a seguir:

1 3 5
+ + =
2 2 2

É fácil ver, que todas elas possuem o denominador 2, assim a fração final terá
como numerador a adição dos números 1, 3 e 5, assim como terá o mesmo denominador
2:
1+3+5 9
=2
2

Agora iremos analisar outro exemplo:

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3 2 1
+ + =
13 5 3

De acordo com exemplo acima, não podemos realizar a soma dos numeradores,
ou seja, devemos converter todas as frações ao mesmo denominador. Dessa forma o
denominador deve ser o Mínimo Múltiplo Comum dos denominadores (MMC) dos
números (13, 5, 3), que resulta em 195. Dessa forma, o novo numerador de cada será
apurado, sendo divido por 195 pelo seu denominador atual e após multiplicando-se o
produto encontrado pelo numerador original, de modo que:
3 3 45
- Para13 temos (195/13) x3=45, assim 13 = 195;
2 2 78
- Para 5 temos (195/5) x2=78, assim 5 = 195;
1 1 65
- Para 3 temos (195/3) x1=65, assim 3 = 195;

Assim sendo, obtemos três frações equivalentes às frações originais sendo que
todas possuem o denominador 195 em comum, basta agora proceder de acordo com o
primeiro exemplo:

45 78 65 45 + 78 + 65 188
+ + = =
195 195 195 195 195

Já na subtração ou diferença de frações, da mesma forma que a adição, também


é necessário que todas as frações possuam um denominador comum, assim basta
subtrair um numerador do outro, mantendo-se este denominador comum.

Exemplo:
1 3 5 1 − 3 − 5 −7
− − = =
2 2 2 2 2

Em casos que o denominador não é comum, basta encontrarmos o MMC e


proceder os mesmos procedimentos da adição, apenas se atentando com as operações da
diferença.

Exemplo:
3 2 1 45 − 78 − 65 −98
− − = =
13 5 3 195 195
2.3.2 Razão e Proporção

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A razão é utilizada para fazer comparação entre duas grandezas, de uma forma
geral, podemos dizer que a razão do número a para o número b (diferente de zero) é o
quociente de a por b.
𝑎
A razão entre a e b, escrita através de notação matemática, é 𝑏, onde 𝑏 ≠ 0.

2
Exemplo: A razão de 2 para 5 é 5 .

Já proporção pode ser definida como a igualdade entre duas razões


(equivalências entre razões):
𝑎 𝑐
=
𝑏 𝑑

Assim sendo, se afirmarmos que as razões são iguais, é o mesmo que expor que
formam uma proporção. Para verificar essa propriedade, devemos realizar algumas
operações. Na proporção
𝑎 𝑐
=
𝑏 𝑑

podemos multiplicar os dois lados da igualdade pelo produto dos consequentes das

razões que a formam (𝑏 · 𝑑 𝑜𝑢 𝑏𝑑). Assim: 𝑎/𝑏 · 𝑏𝑑 = 𝑐 𝑑 · 𝑏𝑑. Ou seja,

simplificando, temos: 𝒂 . 𝒅 = 𝒄 · 𝒃 ou 𝒂 · 𝒅 = 𝒃 · 𝒄.

3. Metodologia

Como nossa opção metodológica foi descrever ao leitor nosso caminhar no


desenvolvimento deste trabalho, iniciamos lembrando que o objetivo foi, analisar a
relação entre a música e a matemática, em particular propor algumas atividades que
possam auxiliar no processo de ensino e aprendizagem de frações.

Diante disto, como a formação de um dos componentes deste artigo é a música,


e com experiência nesta área por mais de 10 anos, inclusive em ministrar aula
demusicalização. Identificamos de imediato a existência da relação entre essas duas
áreas a música e a matemática. A partir dessa constatação buscamos construir atividades

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que pudessem ser utilizadas tanto para explicitar a relação das áreas como em
proporcionar o aprendizado delas em conjunto.

Para dar início observamos a tabela composta por quatro colunas, em que a
primeira coluna identifica o nome de cada um dos símbolos utilizados, a segunda coluna
a representação simbólica dos som, a terceira coluna a representação simbólica dos
silêncios e por fim o valor numérico de cada uma delas. Podemos observar de imediato
um conjunto formado por sete nomes e quatorze símbolos.

Tabela 01: Símbolos musicais

Fonte:https://www.researchgate.net/figure/Figura-1-Figuras-musicais-representativas-das-duracoes-
temporais-relativas_fig1_326568523
Como nosso pensamento inicial era socializar os conhecimentos musicais em
conjunto com a matemática, a tabela 01 oportunizou a apresentação nominal, simbólica
e numérica dos elementos.

Diante desta exposição acreditamos na necessidade de propor atividade que


possibilitem o trabalho de relação e proporção, inicialmente entre os símbolos de som
juntamente com sua nomenclatura. Desse modo a atividade a seguir foi pensada.

Atividade 01:Considerando o quadro de figuras musicais acima, complete as lacunas:

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Ao observar a consistência dos alunos nas relações desenvolvidas na atividade


01. Notamos a possibilidade de problematizar tal atividade, neste caso, mudando o valor
inicial da semibreve que é a base e vale 1. Passando esse valor para 1 para semínima.
Ou seja a atividade 02 seria escrita da seguinte forma:

Atividade 02: A atividade 01 apresenta a semibreve representando 1 tempo.


Considerando que em uma nova situação um tempo seja representado pela semínima,
complete a tabela abaixo:

Após este trabalho que consiste em relações envolvendo os símbolos e suas


representações. Acreditamos na abertura para assim começar a trabalhar com valores
numéricos juntamente com operações. Para isso propomos a atividade 03 descrita a
seguir.

Atividade 03: Considerando a figura musical semínima valendo 1, que figura ou


conjunto de figuras corresponde às operações abaixo?
1 1
a) +2=
2

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1 1
b) 4 + 4 =
1 1 1
c) +4+4=
2

Após a atividade três temos a possibilidade de propor aos alunos algo que
envolva um desfio um pouco maior pois entram outros elementos simbólicos no
contexto musical mas que aqui não influência as relações. Em particular a representação
desses elementos em uma escrita musical, ou seja, no pentagrama, que, a grosso modo,
tem seu significado de acordo como a posição de cada símbolo, no entanto, seu valor
numérico não se altera.

Atividade 04: Levando em consideração apenas as figuras musicais e a figura


semínima valendo 1, determine quantos tempos há em cada trecho musical abaixo:

a) Total de tempos:___

b) Total de tempos:___

c) Total de tempos:___

Para finalizar o conjunto de atividade, a atividade 05 foi idealizada pensando


no sentido oposto da atividade 04, ou seja, a primeira tem por finalidade levar o aluno a
calcular o valor a partir da simbologia, e a segunda, a partir da soma dos símbolos
solicitar que o aluno desenhe o símbolo que complete corretamente essa operação.

Atividade 05: Na música existem os compassos, que são trechos musicais que possuem
uma determinada quantidade de tempo, sendo estes, representados pelo numerador de
uma fração, basicamente existem 3 tipos simples:

-Binário, com dois tempos; -Ternário, com três tempos; -Quaternário, com quatro
tempos.

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Sabendo que o tipo de compasso utilizado na questão abaixo é o quaternário, e a


semínima vale 1, complete-os com figuras musicais, os valores que faltam.

4. Análise

Nosso movimento de análise, foi composto na busca de esclarecer as


potencialidades matemáticas assim como musicais em cada um dos exercícios propostos
na metodologia. Dessa forma temos que:

Ao observarmos a atividade 01 é possível identificar que seu objetivo é


proporcionar ao educando o desafio de compor a combinação dos símbolos musicais,
tendo como principal elemento matemático os conceitos de proporção e operações no
conjunto dos números Racionais. Isso pode ser observado nos dez itens que compõe a
atividade, para exemplificar melhor nossas palavras, o item (a) da atividade que solicita
que seja completada a seguinte situação: ♩ = _____ colcheias. Neste caso a atividade

pede para que o aluno identifique o símbolo (♩) como sendo uma semínima, e faça a
relação com a tabela inicialmente enunciada, mostrando que uma semínima (♩) tem o
1
valor numérico igual a , então basta observar quantas colcheias representadas pela
4
1
simbologia (♪) que possui valor numérico igual 8 se iguala a uma semínima (♩). Ou seja,
1 1
como cada semínima (♩) = 4, e cada colcheias (♪) = . Basta observar que tal
8

questionamento poderia ser escrito na linguagem matemática da seguinte forma: Qual


1 1
valor de x para que a expressão = 𝑥. 8 , seja uma proporção? Na sua resolução
4

teríamos x = 2, ou seja, a solução correta para o exercício seria: Uma semínima (♩)
equivale a 2 colcheias (♪).

Usando somente simbologias poderíamos escrever a questão da seguinte forma:



Calcule o valor de x na seguinte situação ♩ = x ♪ teríamos como resolução x =♪
1
1 1
substituindoos valores de ♩ = 4 e ♪=8, teríamos 𝑥 = , logo x = 2.
4
1
8

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No que tange a atividade 02, consiste em reorganizar proporcionalmente os


valores numéricos dos sons. Para isso basta observar que temos a seguinte situação:

Quadro inicial Quadro após a realização das proporções

Como o valor base 1 mudou da semibreve para a Semínima ♩ e a reordenação


deve seguir os padrões proporcionais, temos a partir do quadro inicial que uma
1
semibreve equivale a 4 semínimas, ou seja = 4 ♩ , isso se justifica pois = 1 e ♩=4,
1
logo =x ♩, só será uma proporção se x =4, pois teríamos 1 = 4. 4, ou seja 1 = 1.

Logo basta observar que inicialmente uma Semibreve que possui valor igual
1
a 1 equivale a 4 de Semínima ♩, então na mudança do valor inicial 1 para Semínima ♩,

temos agora que a Semibreve equivale a 4 Semínima ♩. Analogamente a Mínima


1
equivale a 2 Semínima ♩, a colcheia equivale a 2Semínima ♩ e assim por diante.
Note que no desenvolver desta atividade, o educando tem como desafio
reorganizar a tabela, e para isso deve compor um quadro que trabalha diretamente com
relações proporcionais entre mais de um valor, por exemplo como inicialmente a
1 1
Semibreve =1ea de Semínima ♩ = e a colcheia = , agora tem-se que a
4 8

Semínima ♩ = 1 e a Semibreve = 4 então qual o valor da colcheia ?

1 1 1
Neste caso temos que se de 1 = 4 então basta calcular qual o valor de de
4 4 8
1
que é 2, ou seja estamos calculando quantas colcheia cabem em uma Semínima ♩.

Operando analogamente se completa todo quadro da questão.

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Voltando nosso olhares a atividade 03, a mesma foi estruturada pesando


inicialmente na aplicação da tabela já adaptadas proporcionalmente na atividade 02 em
que o educando transferiu o valor inicial 1 da Semibreve para a Semínima. E agora irá
trabalhar de forma oposto das atividades 1 e 2 que apresentavam inicialmente a
simbologia do som e ele deveria operar com os tempos de duração para responder.
Nesta atividade acontece justamente o oposto, inicialmente ele possui os tempos de
duração e terá que relacioná-los com suas simbologias para encontrar a resposta correta.

Observe que no primeiro elemento aparece uma adição de frações, ou seja, qual
simbologia de som cada fração representa? E a soma desse símbolos gera uma nova
representação de som? Respondendo a questão temos que operar com adição de frações.

1 1
a) + 2 =1 na simbologia do som temos que + =
2

1 1 2 1
b) + 4 = 4 = 2 na simbologia do som temos que + =
4

1 1 1 2+1+1
c) +4+4= = 1 na simbologia do som temos que + + =
2 4

Neste caso teríamos de acordo com Yves Chevallard (1999), idealizador da


Teoria Antropológica do Didático (TAD) o trabalho com diversos ostensivos, neste caso
ostensivos musicais acoplados com ostensivos matemáticos.

A atividade 04, traz em seu escopo o elemento musical chamado de Pauta ou


Pentagrama, que consiste do conjunto de 5 linhas paralelas que são utilizadas para
escrever as notas musicais de uma partitura, no sistema de notações musicais. No
entanto, sua aplicação nesta atividade é somente para o educando se familiarizar com a
existência da escrita das notas e não identificar cada nota, e sim se concentrar na
duração de cada uma, ou seja no item (a) se levarmos em consideração a escrita na
Pauta teríamos as seguintes notas: FA, SOL, RÉ, MI, LA, FÁ. Fazendo a relação com o
1
tempo musical teremos (sabemos que a semibreve = 1) FA =1, SOL = 1, RÉ = 2, MI =
1
, LA = 2, FÁ =4.
2

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No entanto, basta observar que neste caso não deve ser considerado a Pauta, ou
seja, aqui não se tem a necessidade de identificar o nome de cada nota e sim identificar
a duração de cada som, assim a solução seria composta da seguinte forma:

+ + + + + , ou seja,

1
2. +2. + + =2× 1+2×2+2+4=9
Operando analogamente nos itens b) tem se o resultado de 25/2 e em c) o valor
de 6.

Para finalizar, propomos a atividade 05, que descreve mais um conceito musical
que está diretamente ligado a duração de cada compasso, e para isso propomos ao
educando que complete, utilizando símbolos musicais. Destaca nesta ação a necessidade
de mudar de simbologia musical para elementos numéricos afim de encontrar qual valor
necessário para obter o número desejado, neste caso o compasso quaternário, ou seja, 4
tempos e em seguida retornar do valor encontrado para a simbologia musical.

Observe no primeiro compasso tem-se

𝟏 𝟕
Neste caso uma Colcheia + Semínima + Mínima, ou seja, + 𝟏 + 𝟐 = 𝟐 como
𝟐

espera-se que este compasso seja quaternário, ele precisa totalizar 4 tempos, então
teríamos que acrescentar uma Colcheia pois assim teríamos Colcheia + Semínima +
𝟏 𝟏
Mínima + Colcheia, tendo então, 𝟐 + 𝟏 + 𝟐 + 𝟐 = 𝟒.

Operando analogamente nos demais compassos, encontramos os valores que os


tornariam quaternários.

5. Considerações Finais

Diante do exposto neste artigo, podemos observar na potencialidade de se


utilizar elementos da música para o processo do ensino de matemática, ou melhor,
utilizarmos elementos da matemática para o ensino de música. Aqui em particular

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propomos a realização de um trabalho com proporções e operações no conjunto dos


números Racionais.

Destacamos que o trabalho consiste em um elemento inicial teórico da utilização


desta ferramenta em sala de aula, e que foi organizado para utilizarmos efetivamente no
processo de ensino em uma turma do sexto ano do ensino fundamental, assim como em
uma turma do primeiro ano do ensino médio. Pois acreditamos que tais atividades
podem compor tanto um primeiro momento com os conteúdos, ou mesmo um panorama
musical e matemático, mas também podemos utilizá-lo como um reencontro afim de
proporcionar melhor um aprendizado dos conteúdos.

Para finalizar destacamos que em nossa busca de elementos que tivessem ligados
a esta temática, nos deparamos com uma atividade proposta no Exame Nacional do
Ensino Médio (ENEM) de 2009 uma questão que envolvia justamente a junção da
música com a matemática, o que faz fortalecer ainda mais nossas considerações quanto
a importância de mostrar aos educandos as diversas interconexões da matemática fora
da sala de aula, aqui em particular com a música.

6. Referências

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XIII Encontro Nacional de Educação Matemática ISSN 2178-034X

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