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DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11

EXPLORAÇÃO DAS ATIVIDADES LABORATORIAIS

ATIVIDADE LABORATORIAL PÁG. 129 DO MANUAL

VELOCIDADE E DESLOCAMENTO NUM MOVIMENTO UNIFORMEMENTE VARIADO

APRENDIZAGEM ESSENCIAL

Relacionar, experimentalmente, a velocidade e o deslocamento num movimento uniformemente


variado, determinando a aceleração e a resultante das forças, avaliando procedimentos, interpretando
os resultados e comunicando as conclusões.

SUGESTÕES METODOLÓGICAS
Sugere-se que o professor faça uma abordagem prévia ao documento “10. ° Ano Em Revista” (manual)
ou à secção “Rumo ao Exame” (do Dossiê do Professor), de forma a abordar os assuntos “Medição em
física” e “Utilização da calculadora gráfica” que serão necessários para a análise de resultados obtidos
na atividade laboratorial.

Deve sensibilizar-se os alunos para o facto de a incerteza nas medições diretas se transmitir às
medições indiretas, mas não se exige o respetivo cálculo. Assim sendo, é importante apresentar os
resultados com o número correto de algarismos significativos.

Um bloco, com forma de um paralelepípedo terá a geometria mais apropriada para evitar o movimento
de rotação em simultâneo com o movimento de translação durante a descida deste no plano inclinado.

A calha deve apresentar uma curva suave, para evitar que o corpo salte e mude de direção, e deve
possuir proteções laterais para impedir que o corpo se desvie da trajetória pretendida.

A medição do deslocamento do bloco deve ser feita do sensor ao centro do bloco uma vez que a
velocidade inicial, determinada a partir do tempo de passagem do bloco na célula fotoelétrica, será a
velocidade média do bloco.

Se o comprimento do bloco não for exagerado pode medir-se o tempo de passagem do próprio bloco
na célula fotoelétrica.

QUESTÕES PRÉ-LABORATORIAIS
Para melhor se compreender esta a atividade laboratorial, convém fazer uma análise prévia, dando
resposta a um conjunto de questões pré-laboratoriais.

1. O que se entende por movimento uniformemente variado?

Um corpo apresenta um movimento uniformemente variado quando está sujeito a uma


aceleração constante num dado intervalo de tempo e, portanto, o módulo da velocidade varia
linearmente com o tempo.

De acordo com a Segunda Lei de Newton, a resultante de forças que atuam num corpo é igual
ao produto da massa do corpo pela aceleração adquirida:

Assim, estas grandezas têm a mesma direção e o mesmo sentido em cada instante e variam de
forma proporcional. Se a intensidade da resultante das forças for constante, então a componente
escalar da aceleração adquirida pelo corpo é também constante, o que significa que o
movimento é uniformemente variado, podendo ser acelerado, se estas grandezas têm o mesmo
sentido da velocidade, ou retardado, se têm sentido oposto.

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2. Existem procedimentos experimentais simples para analisar movimentos uniformemente


variados?

Movimentos uniformemente variados podem ser obtidos e analisados, por exemplo, em calhas
com planos vertical e horizontal onde a força de atrito normalmente não é significativa, no
primeiro caso, e é considerável, no segundo. Um corpo abandonado no topo do plano inclinado
estará sujeito a uma resultante das forças constante no sentido do movimento pelo que
apresentará um movimento retilíneo uniformemente variado, neste caso acelerado, mas, na
parte horizontal, o atrito entre as superfícies implicará uma resultante das forças constante no
sentido contrário ao movimento, logo apresentará também um movimento retilíneo
uniformemente variado, porém, retardado.

3. Como se pode proceder para relacionar, experimentalmente, as componentes escalares da


velocidade e do deslocamento num movimento uniformemente variado?

Um corpo abandonado no topo do plano inclinado atingirá a parte horizontal com uma
determinada velocidade cuja componente escalar pode ser determinada com a utilização de uma
célula fotoelétrica associada a um marcador de tempo digital. A existência de atrito entre o corpo
e a superfície da calha horizontal faz com que exista uma resultante das forças constante no
sentido contrário ao movimento, logo o corpo estará sujeito a uma aceleração contrária ao
movimento que conduzirá à diminuição linear da velocidade ao longo do tempo, até parar.
Assim, pode determinar-se o módulo da velocidade do corpo no início do plano horizontal e o
deslocamento efetuado até parar. Largando o corpo de diferentes alturas no plano inclinado,
este atinge a base com diferentes valores de velocidade permitindo posteriormente relacionar
estatisticamente as componentes escalares da velocidade e do deslocamento, por exemplo,
através de regressão linear.

4. Que relação matemática existe entre a velocidade e o deslocamento num movimento


uniformemente variado?

De acordo com a lei das velocidades para um movimento retilíneo uniformemente variado:

Substituindo t na equação das posições obtém-se:

Ou seja:
5. Em que medida é possível determinar a componente escalar da aceleração e da resultante das
forças com base na relação obtida experimentalmente?

De acordo com a expressão anterior, e no caso particular do movimento do corpo no plano


horizontal da calha anteriormente referida, tendo em conta que a velocidade final é nula:

Ou seja, num gráfico o declive corresponde a , pelo que a componente escalar

da aceleração será:
A componente escalar da resultante das forças a que o corpo se encontra sujeito pode, então,
ser obtida de acordo com a Segunda Lei de Newton: .

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A. REGISTO DE DADOS
Exemplos de valores obtidos na realização da atividade.
TABELA I – Registo de medidas em diferentes posições.
m: (100,88 ± 0,01) g d: (6,20 ± 0,01) mm
Posição Ensaio Δx / cm ± 0,05 cm Δt / ms ± 0,001 ms
1 42,25 3,394
A 2 41,30 3,371
3 42,60 3,391
1 36,60 3,628
B 2 37,50 3,584
3 37,25 3,587
1 29,50 4,018
C 2 29,20 4,112
3 30,20 4,012
1 25,60 4,389
D 2 25,05 4,422
3 25,40 4,412
1 21,60 4,781
E 2 21,70 4,761
3 21,65 4,770
1 17,80 5,226
F 2 17,90 5,230
3 17,20 5,300

B. TRATAMENTO DE RESULTADOS
1. Exemplo de tratamento de resultados para completar a tabela do registo das medidas da
atividade:
TABELA II – Tratamento de dados / resultados da atividade.
Posição Resultado da medida de Δx Resultado da medida de Δt v0 / m s– 1 v02 / m2 s– 2
Δx = (0,421   0,008) m Δt = (3,39 ± 0,01)   10–3 s
A Ou Ou 1,83 3,35
Δx = 0,421 m   2 % Δt = 3,39  10–3 s ± 0,3 %
Δx = (0,371   0,005) m Δt = (3,60 ± 0,03)   10–3 s
B Ou Ou 1,72 2,96
Δx = 0,371 m   1 % Δt = 3,60  10–3 s ± 1 %
Δx = (0,296   0,006) m Δt = (4,05 ± 0,07)   10–3 s
C Ou Ou 1,53 2,34
Δx = 0,296 m   2 % Δt = 4,05  10–3 s   2 %
Δx = (0,254    0,003) m Δt = (4,41   0,02)   10–3 s
D Ou Ou 1,41 1,99
Δx = 0,254 m   1 % Δt = 4,41  10–3 s   0,5 %
Δx = (0,2165   0,0005) m Δt = (4,77   0,01)   10–3 s
E Ou Ou 1,30 1,69
Δx = 0,2165 m   0,2 % Δt = 4,77  10–3 s   0,2 %
Δx = (0,176   0,004) m Δt = (5,25   0,05)   10–3 s
F Ou Ou 1,18 1,39
Δx = 0,176 m   2 % Δt = 5,25  10–3 s   1 %
Exemplo para determinar, para cada posição:
✓ o valor mais provável para a distância percorrida pelo bloco de madeira;

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✓ o valor mais provável para o intervalo de tempo de passagem do pino pela célula fotoelétrica;

✓ os valores absolutos dos desvios (|di|) de cada um dos valores da distância percorrida pelo
bloco de madeira e do intervalo de tempo de passagem do pino pela célula fotoelétrica em
relação ao respetivo valor mais provável;

✓ a incerteza absoluta (Ia) associada aos valores mais prováveis da distância percorrida pelo
bloco de madeira e do intervalo de tempo de passagem do pino pela célula fotoelétrica;
A incerteza absoluta corresponderá ao valor absoluto do desvio máximo ou ao valor da
incerteza absoluta de leitura, quando este valor é superior. No entanto, as incertezas só
devem ser apresentadas com um algarismo significativo, então:

✓ a incerteza relativa (Ir), em percentagem, associada aos valores mais prováveis da distância
percorrida pelo bloco de madeira e do intervalo de tempo de passagem do pino pela célula
fotoelétrica;

 o valor da velocidade bloco de madeira ao atravessar a célula fotoelétrica;

 o valor do quadrado da velocidade bloco de madeira ao atravessar a célula fotoelétrica.

2. Utilizando a calculadora gráfica ou uma folha de cálculo, trace o gráfico do módulo do


deslocamento em função do quadrado do módulo da velocidade do bloco de madeira e
determine a equação da reta que melhor se ajusta ao conjunto de pontos experimentais.

Para realizar esta tarefa deve introduzir-se, na calculadora gráfica ou na folha de cálculo, os
valores do quadrado do módulo da velocidade bloco de madeira ao atravessar a célula
fotoelétrica e do respetivo módulo do deslocamento do bloco de madeira, em duas colunas

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distintas, depois construir o gráfico de dispersão com esses pontos e, posteriormente, adicionar
a reta de ajuste ao conjunto dos pontos experimentais.

Atendendo ao gráfico para o movimento do bloco de madeira no plano horizontal a


equação da reta é:

3. Com base na equação da reta obtida, determine a componente escalar da aceleração e da


resultante das forças durante o movimento do bloco de madeira no plano horizontal.

De acordo com o que consta na parte das questões pré-laboratoriais, no caso particular do
movimento do bloco de madeira no plano horizontal da calha, tendo em conta que a velocidade
final é nula:

Ou seja, num gráfico o declive corresponde a , pelo que a componente escalar


da aceleração será:

A componente escalar da resultante das forças a que o bloco de madeira se encontra sujeito
pode, então, ser obtida de acordo com a Segunda Lei de Newton:

C. ANÁLISE DE RESULTADOS E CONCLUSÃO


Comunique ao professor os resultados obtidos, destacando, entre outros aspetos:
✓a qualidade da reta de ajuste ao conjunto de pontos experimentais;
✓ a relação entre a velocidade e o deslocamento num movimento uniformemente variado;
✓ os valores obtidos para a componente escalar da aceleração e da resultante das forças
durante o movimento do bloco de madeira no plano horizontal;
✓ a adequação dos procedimentos efetuados aos objetivos a alcançar nesta atividade.

O módulo da velocidade do bloco de madeira diminui ao longo do tempo até se anular, o que
está de acordo com o facto de o conjunto, no plano horizontal, estar sujeito a uma resultante de
forças constante na mesma direção, mas no sentido contrário ao movimento, o que origina uma
aceleração também no sentido oposto ao da velocidade. Assim, o conjunto adquire movimento
retilíneo uniformemente retardado.

Analisando o gráfico do módulo do deslocamento em função do quadrado do módulo da


velocidade do bloco de madeira, na parte do movimento do bloco de madeira no plano
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horizontal, verifica-se que o conjunto dos pontos experimentais estão bastante alinhados numa
orientação oblíqua, alinhamento esse que se aproxima a uma reta oblíqua. O coeficiente de
correlação é próximo de 1 o que indica que a reta de ajuste obtida é muito provavelmente a
melhor curva que representa os pontos experimentais.

Assim, a reta de ajuste obtida para o conjunto dos pontos experimentais, atendendo às variáveis
independente e dependente presentes no gráfico, Δx = 0,124 v02 + 0,006, corresponde a uma
linha reta com ordenada na origem praticamente nula. Pode, então, concluir-se que, num
movimento retilíneo uniformemente retardado, o módulo do deslocamento é diretamente
proporcional ao quadrado do módulo da velocidade inicial do bloco de madeira ao longo do plano
horizontal.

Com base no tratamento estatístico e aplicando as expressões matemáticas associadas ao


movimento em análise e a Segunda Lei de Newton, foi possível determinar os valores da
componente escalar da aceleração e da resultante das forças aplicadas no bloco de madeira,
que apresentam sinal negativo pelo facto de terem um sentido oposto ao movimento do corpo.

O procedimento experimental que foi seguido possibilitou a realização de medições, diretas e


indiretas, de várias grandezas físicas que conduziram à obtenção de um conjunto de dados
experimentais para a realização do tratamento estatístico previsto que, além de permitir a
determinação da componente escalar da aceleração e da resultante das forças, permitiu
estabelecer, experimentalmente, uma relação de proporcionalidade direta entre o módulo do
deslocamento e o quadrado do módulo da velocidade do bloco de madeira quando entra no
plano horizontal, com um grau de confiança considerável.

Portanto, tendo possibilitado o cumprimento integral das aprendizagens previstas para a


atividade, pode considerar-se adequado o procedimento realizado.

Colocando-se uma célula fotoelétrica próxima da base do plano inclinado, de modo a determinar
a velocidade nessa posição, e medindo o deslocamento efetuado pelo bloco de madeira, largado
de diferentes posições no plano, desde a posição de largada até passar na posição onde se
encontra a célula fotoelétrica, também seria possível fazer uma análise semelhante para um
movimento retilíneo uniformemente acelerado.

QUESTÕES PÓS-LABORATORIAIS
1. Recorrendo aos dados experimentais obtidos para a posição A, calcule o trabalho da resultante
das forças aplicando o Teorema da Energia Cinética. Considere desprezável a resistência do ar.

De acordo com o Teorema da Energia Cinética:

2. Indique, justificando, o que aconteceria ao declive da curva do gráfico se a rugosidade da


superfície horizontal aumentasse.

Como num gráfico o declive corresponde a , o módulo do declive é

inversamente proporcional ao módulo da aceleração.

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Se a rugosidade da superfície horizontal aumentar, a intensidade da força de atrito aumenta.


Sendo a resultante das forças igual à força de atrito e, de acordo com a Segunda Lei de Newton,
FR = m a, então o valor absoluto da componente escalar da aceleração aumenta e o declive
diminui.

Além disso, sendo a superfície horizontal mais rugosa o deslocamento sofrido pelo bloco de
madeira para cada módulo de velocidade inicial será inferior o que se traduz numa reta com
declive inferior.

3. Considere que se coloca uma célula fotoelétrica próxima da base do plano inclinado de modo a
determinar a velocidade nessa posição e analisar a sua relação com o deslocamento efetuado
desde que o bloco de madeira é largado, das diferentes posições, até passar na fotocélula.
3.1. Classifique o movimento do bloco de madeira no movimento descrito.

O bloco de madeira adquire movimento retilíneo uniformemente acelerado uma vez que o
módulo da velocidade aumenta de forma constante durante a descida no plano inclinado.

3.2. A que corresponderia o declive do gráfico ?

De acordo com a equação de Torricelli . Como o bloco de madeira é largado

logo pelo que num gráfico o declive corresponde a .


3.3. Largando da mesma posição, mas aumentando a inclinação do plano indique, justificando, o que
acontece ao declive do gráfico referido na alínea anterior?

No plano inclinado as forças que atuam no bloco são a força gravítica, a força normal e
possivelmente a força de atrito:

Assim, considerando o sentido positivo o sentido do movimento:

Aplicando a Segunda Lei de Newton e sendo :

De acordo com a expressão anterior, sendo a força de atrito desprezável ou não, o módulo da
aceleração aumenta com o aumento da inclinação do plano  e, como declive = 2a, também o
declive do gráfico v2 = f (Δx) aumenta com o aumento da inclinação.

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