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18-GuilhardiJ H 2006 SobreComportamentoeCognioVol 18 ExpondoaVariabilidade PDF
18-GuilhardiJ H 2006 SobreComportamentoeCognioVol 18 ExpondoaVariabilidade PDF
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Capacitação de Estagiários de Psicologia para o Ensino de Habilidades em Crianças com TEA View project
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ESETèc
Sobre
Comportamento e
Cognição
Associação Brasileira dc Psicotcrapia e
Medicina Comportamental
Volume 18
ESETec
Editores Associados
2006
Copyright O desta edição:
ESETec Editores Associados, Santo André, 2006.
Todos os direitos reservados
450 p. 23cm
CDD 155.2
CDU 159.9.019.4
ISBN-85-88303-74-6
5
A compreensão do paciente sobre a expectativa da terapia : relações
com a construção do contrato terapêutico...........................................174
Maria Júlia Ferreira Xavier Ribeiro
Variáveis significativas ao comportamento pró-ambiental...................... 180
Maria Julia Ferreira Xavier Riboiro, Ana Carla Barreto de Oliveira, Ana Beatriz Garcia
Costa Rodrigues
Relações entre comportamento verbal e não verbal: ilustrações a partir
de situações empíricas.......................................................................... 191
Maria Martha Costa Hübnor, Paola Espósito de Almeida, Pedro Bordini Faleiros
Intervenções preventivas no transtorno de estresse pós-traumático e sua
eficácia................................................................................................... 220
Felipe Corchs, Mariângola Gentil Savoia
O stress emocional: prevalência eimplicações.........................................229
Marilda Emmanuol Novaes Lipp
^•icoterapia no tratamento da Fibromialgia: Mesclando FAP e ACT.......238
Marilene de A. Martins, Luc Vandenberghe
Clinica Integrada - A Psicologia e a Fisioterapia em trabalho
interdisciplinar desaúde comunitária....................................................249
Marilza Mestre, Simone Murara, Rosana Portes, Janine Antonio, Adriana Paredes,
Ariana Mamcarz, Eduardo Andrade, Izabel Silva, Juliane Ulbrich, Mariana Monteiro,
Micheli Meira, Raphael Amaral, Rodrigo Ribeiro, Tânia Voss
Behaviorismo Sklnnerlano em Contraponto à Psicanálise e à Ciência
Cognitiva................................................................................................ 261
Rodrigo Cruvinel Salgado, Maura Alves Nunes Gongora
O Show de Truman - A escolha por um “ controle mais livre"1 .............280
Michela Rodriguos Ribeiro
Imobilidade no Teste do Nado Forçado: depressão ou estratégia de sobre
vivência? .............................................................................................. 286
......................................................... Mônica Geraldi Valentim, Katsumasa Hoshino
Psicoterapia Comportamental: Análise de questões teóricas relevantes ao
desenvolvimento da tecnologia..........................................................292
Naione dos Santos Pimentel
Estresse Ocupacional................................................................................297
Nancy Julieta Inocente, Clara Odilia Inocente, Janine Julieta Inocente, Rubens
Reimâo
Formação de classes de estímulos equivalentes e as operações de soma e
subtração............................................................................................. 300
Rafaella Donini, Daniel Del Roy, Nilza Micheletto
O desenvolvimento sócio-emocional nos primeiros anos de vida e as
contingências em operação na interação pais-criança......................315
Patrícia Alvarenga
Imagem Corporal e Transtornos Alimentares..........................................325
Patrícia Guillon Riboiro, Eliane Padilha da Silva , Glauce Costa, Denise Cerqueira
Leite Holler
6
A prática do analista do comportamento: contribuições passadas e recentes para
a educação.......................................................................................................................... 331
Paulo André Barbosa Panotta, Maria Auxiliadora de Lima Wang, Lígia Valladares
Oda Kurokawa , Roberto Alves Banaco
Comportamento criativo & Análise do Comportamento I: Insight............. 345
Paulo Elias Gotardolo Delago, Marcus Bontos do Carvalho Neto
Urgôncia e emergência com crianças em UTI NEONATAL: Contingências
atuais e futuras. É possível uma intervenção?..................................... 352
Queila Piorro Fernandes, Diana Tosello Laloni
Controle e autocontrole, seu papel na cooperação social........................ 359
Rachel Rodrigues Kerbauy*
Registros esparsos de uma supervisora para terapeutas em formação:
intervenção sobre fatores de estresse na terapia..................................366
Regina Christina Wielenska
Proposta de práticas clinicas: um estudo exploratório.............................. 371
Roberto Alves Banaco, Luciana Roberta Donola Cardoso, Daniel Carvalho de
Matos, Mariana São Thiago Bezerra do Menezes, Mariana Ribeiro de Souza.Renata
Huallem Pasquinelli
Lista de Desempenhos: um possível primeiro passo para uma sistematiza
ção do ensino da Análise do Comportamento na graduação...............382
Roosevelt R. Starling
Urgência e emergência com crianças em UTI Pediátrica: Contingências
de avaliação e intervenção.....................................................................401
Rosana Righetto Dias, Diana Tosello Lalon, Makilim Nunes Baptista
Uma história da História Comportamental................................................. 409
Carlos Renato Xavier Cançado, Paulo Guerra Soares, Sérgio Dias Cirino, André
Luiz Freitas Dias
Queixas......e queixas! Como focalizá-las na Terapia Comportamental 417
Sônia dos S. Castanheira
A relação entre comportamento alimentar, auto-imagem e personalidade:
que variáveis podem predispor uma pessoa aos transtornos alimenta
res? .........................................................................................................431-
Talita Lopes Marques, Denise Corqueira Loito Heller
Avaliação de fontes de stress em pacientes esquizofrênicos: percepção de
familiares................................................................................................438
Thania Mello Gomes de Matos
Teoria do Conhecimento:Epistemologiae Behaviorismo RadicaM............447*
Tiago Alfredo da Silva Ferreira
Novas Diretrizes Curriculares,Metacontingências e o Plano K eller....... 456
João Claudio Todorov, Ricardo Corrôa Martone, Márcio Borgos Moreira
Comportamento criativo & análise do comportamento III: Comportamento
Verbal......................................................................................................465
7
Tony Nelson
A tomada de decisões nas intervenções psicoterápicas: da teoria à prática
472
Vera Regina Lignelll Otoro, Heloisa Helena Ferreira da Rosa
Psicologia do Desenvolvimento, Análise do Comportamento e a Clínica
Psicológica............................................................................................. 479
Yara Kuperstoin Ingberman, Roseli Hauer
Terapia familiar: um enfoque de vanguarda?........................................... 490
Vara Kuperstein Ingberman
intervenção de acompanhantes terapêuticos em caso de transtorno
bipolar e comportamentos evitativos no trabalho e perante outras
responsabilidades................................................................................. 496
Maria Zilah da Silva Brandão,Camila Carmo de Menezes, Fernanda Marques
Jacovozzi, Jóferson Simomura, Ligia Betencurt, Renata Cristina Alves da Rocha ,
Maria Gabriela Santana
Comportamento de esquiva nocontexto clinico........................................509
Maria Zilah da Silva Brandão,Camila Carmo de Menezes, Fernanda Marques
Jacovozzi, Jóferson Simomura, Ligia Bitencourt, Renata Cristina Alves da Rocha ,
Maria Gabriela Santana
8
Apresentação
O Modelo Cognitivo
A teoria cognitiva é baseada na idéia que nossos sentimentos têm, em parto,
grando relação com as avaliações que fazemos dos eventos a nossa volta, podendo estes
serem interpretados de diversas maneiras. Vários acontecimentos podem gerar emoções
negativas, mas poucas vezes há reações oxageradas que nos conduzem a um funcionamento
emocional inadequado. No caso do TEPT, as pessoas teriam seus pensamentos
dominados pela idéia do porigo o culpa, intorpretando acontecimontos, antoriormonte tidos
como inofensivos o aleatórios, como ameaçadores e auto-reforenciados.
De acordo com Caminha (2004), aparece na metade dos anos 70 um modelo
cognitivo criado por Horowitz para explicar a formação das respostas automáticas em
pacientos com TEPT. Segundo ele, o sujeito se torna incapaz de processar as informações
Avaliação e tratamento
Os dois objetivos principais da avaliação são o diagnóstico e o planejamento
terapêutico. A Entrevista Clinica Estruturada para Transtornos de Ansiedade IV (ADIS-IV)
é melhor instrumento para o diagnóstico, e também para identificar as co-morbídades
ligadas ao transtorno. Para medir o impacto da experiência traumática ó indicada a
escala do Impacto de Evontos de Horowitz, Wilnes e Alvarez feita em 1979.
Outros instrumentos tambóm são amplamente utilizados para o diagnóstico,
Calhoun e Resick (1999) destacam a Escala Clínica Administrada ao TEPT (Blake, 1990), a
Entrevista Diagnostica Planejada (Robbins, Helzer, Crougham o Ratcliff, 1981) e a Entrevista
Planejada para Transtornos de Ansiedade (Di Nardo e Barlow, 1988). Em termos de
instrumentos psicométricos além da Escala do Impacto de Eventos, oles destacam a Lista
do Sintomas 90-R (Derogatis, 1977), a Escala para o TEPT Relacionado ao Crime SLC-90-
R (Saundersa, Mandoki e Kilpatrick, 1990), o Teste de Sintomas Rosultantes de Estupro
(Kílpatríck, 1988) e a Escala de Sintomas do TEPT (Foa, Ríggs, Dancu e Rothbaum, 1991).
De acordo com Margis e Kapczinski (2004) o tratamento do TEPT objetiva reduzir
sintomas, melhorar a qualidade de vida, aumentar a capacidade de lidar com o estresse
e diminuir a co-morbidade. Já Rangó e Masci (2001) e Calhoun e Resick (1999) colocam
como principal finalidado do tratamento a recuperação do senso pessoal de controle e
estabilidade, movendo o paciente do papel de dominado e controlado para o de detentor
pleno de suas capacidades.
Segundo Blako (1993), o tratamento do TEPT começa apenas depois que a
pessoa já foi removida da situação de crise. Se um sobrevivonte ainda está sendo
exposto ao trauma, está severamonte deprimido ou suicida, está experimentando pânico
e pensamento desorganizado, ou está precisando de desintoxicação de álcool ou drogas,
ó importante que se dê atenção a esses problemas na primoira fase do tratamento.
Vários tipos de tratamentos são sugeridos por diversos autores, o variam de
acordo com a intensidade e o tipo de transtorno:
• Psicoterapia
a) Exposição Prolongada
Margis e Kapczinski (2004) explicam a terapia de exposição de acordo com o
modelo de aprendizagem, onde qualquer estimulo associado ao evento traumático pode
criar uma resposta semelhante á do trauma original. Essa terapia consiste em diferentes
formas de ajudar o paciente a enfrentar situações, memórias e imagens temidas. Com a
exposição a "memória do medo é ativada e a incorporação de uma nova informação
incompatível com a estrutura do medo atual permite que novas memórias se formem"
(p.324). Assim, a terapia consiste em pedir que o paciente fale de forma detalhada do
evento traumático, para depois ajudá-lo a processar a lembrança até que esta não seja
mais dolorosa.
Referências
Depressão X EQIF:
Pesquisa realizada com 178 adolescentes de escola particular e estadual de Curitiba,
com idade entre 14 e 16 anos. Foi aplicado o teste de correlação de Pearson, e a análise
dos dados demonstrou haver correlação negativa significativa entre o escore de depressão
e todas as escalas positivas do EQIF (relacionamento afetivo r=-0,337*, envolvimento r=>
0,393*, regras e monitoria r— 0,259*, comunicação positiva dos filhos r=-0,308\ modelo
r=-0,358*, sentimento dos filhos r=-0,402#, clima conjugal positivo r=-0,272*), e correlação
positiva significativa entre o escore de depressão e todas as escalas negativas do EQIF
(comunicação nogativa r=0,346*, punições inadoquadas r=0,346*, clima conjugal nogativo
r=0,176*). Além disso, foi observado que entre todos os adolescentes considerados em
situação de proteção, nenhum apresentou indícios de depressão (c2=5,230; gl=1; p <
0,05). Estes dados demonstraram que quanto maior a presença de aspectos positivos o
menor a presença de aspectos negativos na interação familiar menores foram os indícios
de depressão. (Weber, Bilobran, Dück, Hassumi, Moura, & Viezzer, 2005).
Stress X EQIF:
Pesqujsa realizada com 125 crianças e adolescentes de escola municipal e estadual
de Curitiba, com idade entre 9 e 16 anos. Os dados foram analisados através do teste qui-
quadrado, que demonstrou haver relação significativa entre o stress e metade das escalas
do EQIF (relacionamento afetivo x^’5,445*, envolvimento x*"4,769*, regras e monitoria x*'2,970,
comunicação positiva dos filhos x?‘2,205, modelo x2*3,291, sentimento dos filhos x*'2,546,
clima conjugal positivo x^õ.õlS*, comunicação negativa x^’6,989*, punições inadequadas
xa*0,440, clima conjugal negativo x2*5,333*). Estes dados, mesmo aqueles que não
apresentaram significáncia estatística, demonstraram haver relação entre os maiores índices
de stress com menor presença de aspectos positivos e maior presença de aspectos
negativos na interação familiar. (Weber, Biscaia, Pavei & Brandenburg, 2003).
Auto-efícácía X EQIF:
Pesquisa realizada com 112 adolescentes de escola estadual de Curitiba e
124 de Paranaguá, com idade entre 14 e 20 anos. Foi aplicado o teste Anova, e a análise
dos dados revelou a existência de uma relação significativa positiva entre auto-eficácia
e quase todas as escalas positivas do EQIF (relacionamento afetivo F=9,610*,
envolvimento F=9,516*, regras e monitoria Fs3,779*( comunicação positiva dos filhos
F=8,120\ modelo F=10,162*. sentimento dos filhos F=6,619\ clima conjugal positivo
F=2,020), e relação negativa entre auto»eficácia e as escalas negativas do EQIF
1Todo« o* vakxtM cotn * aprowmUwn p<0,06
Auto-estima X EQIF:
Pesquisa realizada com 111 adolescentes de escolas particulares de Porto
União (SC), com idade entre 13 o 14 anos. Foi aplicado o teste Anova, o a análise dos
dados revelou a existência de uma relação significativa positiva entre auto-estima e
todas as escalas positivas do EQIF (relacionamento afotivo F= 16,092*, envolvimonto
F=8,938*, regras e monitoria F=8,938\ comunicação positiva dos filhos F=6,848\ modolo
F=9,243*( sentimento dos filhos F=6,172*, clima conjugal positivo Fs3,432*), e relação
nogativa entro auto-eficácia e as escalas negativas do EQIF (comunicação negativa
F=6,664*t punições inadequadas F=9,938\ clima conjugal negativo F=3,107). Estes
dados demonstraram que quanto maior a presença de aspectos positivos e menor a
presença de aspectos nogativos na Interação familiar maiores foram os oscores do
auto-estima. (Wober, Stasiack & Brandenburg, 2003).
Tabela 2: Relatos dos pais que demonstram mudança nos seus comportamentos
• Expressão do afeio • “Mudei Agora digo 'eu te amo' com mais facilidade Mudei até com h niposn
Relaclo- No começo me sentia melo constrangido Agora está fluindo"
namento ■ Interesse • "Estou prestando mais atençAo no que eles gostam Procuro fazer um agrado’
Afetivo e • Disponibilidade - "Conversar * algo agradável Eu sento agora para falar com ele Antes eu ia
Envolvi- conversar e jà brigava com ele*
menlo • Dar atençío de qualidade - *A gente procura aplicar o que aprende aqui com eles Dedicar um
tempo para eles Eu nâo fazia Isso Eu tinha que fa /er tudo em casa e n to dava ale nçio Agora
eu estou mudando Isso"
- Autonomia - "Aprendi a respeitar a vontade dele, mesmo nâo concordando Claro se n lo for algo
ruim para ele"
• ImplementaçAo de regras na casa - ‘As regras lá em casa foram aplicadas, agora cnda um tem
suas regras, tem horário para brincar, para estudar, para fa/er suas obrlgaçAes "
- Clareza - "Percebi o quanto estar no lugar do filho é dlflcll, por que n lo pode Isso, n to pode aquilo,
n lo A fácil, néo pode nada e n lo tem porquê Passei a explicar para a minha filha o porquê das
coisas, por que ela tem que arrumar suas bonecas ou brinquedos"
- Consistência • "Cumprir o que prometeu. Isso eu nâo fa /la Eu percebi que se eu cumprir o que
falei, as coisas dâo certo’
- Observar comportamentos positivos do filho • "Eu sempre fazia errado, antes do curso, era só
observar os erros das minhas filhas e n io as coisas certas Sempre acabava indo pelo lado
negativo, agora, de pota do curso, me seguro’
- Uso do elogio - "Eu a elogio, e ela me elogia Pus em prática os elogios"
• Técnica de pontuação ou tabela - "Eu só punia e nunca elogiava, depois da aula sobre o cartaz eu
aprendi a fazer Isso, ele desenha aa estrelinhas e fica todo faceiro*.
Tabela 3: Apresentação das médias dos escores de cada escala do EQIF obtidos no
primeiro e último encontro do programa, valor do Mann-Whitney U e índice de significância
Referências
1Maitlra a Doutora am Piteoloala Expartmartfal pata USP, profeaaom da graduaçAo em Pnootogla • (ta pô*graduaçAo am EducaçAo da LM-PR
Coordenadora do Núdeo da AnáNee do Comportamento
1Psicóloga pala UFPR; aluua do Programa da pôe graduaçAo em fcducaçAo (Maatrario) da UFPR
Método
3.1 Participantes
A amostra consistiu em 128 estudantes do ensino médio (72 sexo feminino, 56
sexo masculino) com idade média de 16,09 anos. Os adolescentes foram recrutados
em aleatoriamente em uma escola pública de Campina Grande do Sul, na Região
Metropolitana de Curitiba - PR.
Os dados coletados indicam que os adolescentes eram predominantemente
da classe social média. O relacionamento conjugal dos pais tem uma duração média
de 17,36 anos, O tipo de família predominante foi o biparental (78,1 %), sendo 17,2 %
tipo monoparental e 4,2 % outros.
3.2 Instrumentos
Para a coleta de dados foram utilizados quatro instrumentos: as Escalas de
Qualidade de Interação Familiar (EQIF) de Weber & cols. (2003); um questionário de
avaliação da interação em conflitos3elaborado para essa pesquisa a partir do questionário
de conflitos de Weber & cols. (2005b) incluindo uma adaptação do instrumento usado por
Verhofstadt & cols. (2005) para medir o nível de suporte percebido pelos participantes; e
um questionário de mensuração do nlvel socioeconômico desenvolvido pelo IBOPE.
3.3 Procedimento
O contato com a escola selecionada foi feito através de telefone e uma carta de
autorização para realização da pesquisa foi entregue. Com a autorização concedida,
realizou-se a seleção da amostra de acordo com critérios já estabelecidos, sendo a
participação voluntária e anônima. Os participantes responderam os questionários (1o
EQIF; 2o Interação em Conflitos e 3o IBOPE) na própria escola durante um tempo de aula.
Resultados e discussão
A relação entro o motivo do conflito e o gênero do adoloscente foi significativa
nas categorias tarefas (t = -2,782; p < 0,05) e outros (t = -2,508; p < 0,05). Nessas duas
catogorias a média dos participantes do sexo feminino foi maior que a dos de soxo
masculino, confirmando nos conflitos relacionados às tarefas uma tendência apontada
por Weber & cols. (2005b), tondo em vista que as mulheres estão mais propensas a so
envolver em conflitos relacionados a tarefas por serem responsáveis pela maior parto
das atividades domésticas, além de experimentarem maiores restrições em relação
aos rapazes (Oliveira & cols., 1997).
Foi observada uma relação significativa ontre os membros quo contribuem
financoiramonto para a família o os conflitos motivados por dinheiro e contas da casa (F
= 3,712; p < 0,05) sendo com mais conflitos dessa categoria nas famílias em que
somente a mão foi citada como mantenedora financeira.
Su po rte
A m iz a d e e A m o r •,2 4 0 **
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* p < 0,05
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Envolvimanlo -.316** -.319** -.332" -.479" -.524" -.115 -.47 6"
Ragra» a monitoria -.224* -.090 -.155 -.343" -.356" -.125 -.30 6"
PmiçAo corporal -,037 -,061 ,034 -.109 -.058 -.142 ,00«
ComunicaçAo ixmitN« -,158 -.115 -.104 -.208* -.235* -.107 -.270**
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Modalo -.424" -,20 1 " -.438" -.455” -.332" -.228* -.30 8"
Santlmanto (los fllhos -.432“ -.372** -.571" -.480" -.403” -.253* -.45 4"
Clima con|ugd positivo -,283** -.128 -.213* -,488” -.284" -.123 -.311”
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Punição cofpofiil -.131 -.159 .017 -.058
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Morta lo -,451** -.445** -,5ie** -.505“
SnnVmflnto rios fHhos -.502** -.590“ -.805** -,564“
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* p <0.06
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* p < 0 ,0 5
4.2.1 Tarefas
"Quando minha màe chega no meu quarto e está tudo bagunçado, ela começa a
brigar o meu pai se mete no meio e o 'bicho pega'...“
Observaram-se relações significativas entre a definição das tarefas e diversas
dimensões da EQIF (Tabela 9), sendo que curiosamente não se observou relação
significativa entre essa variável e a dimensão de regras e monitoria. Já a participação
dos adolescentes na tarefa tem uma relação significativa justamente com a dimensão
de regras e monitoria. Entretanto, não foram observadas relações significativas entre a
freqüência dos conflitos com definição (F = 1.538; p > 0,05) e participação do adolescente
nas tarefas (F = 0,424; p > 0,655). Também não foram significativas as relações da
intensidade dos conflitos com definição (F = 1,029; p > 0,05) e participação do adolescente
nas tarefas (F = 2,194; p > 0,05). Sobre essas variáveis seria esperada uma relação
significativa, com base no estudo de Eberly & col. (1999) que propõe esses fatores
como Influentes na intensidade e freqüência dos conflitos familiares.
** p«0,01
* p < 0,06
■ ■ - -J&L
**. p < 0,01
* p < 0.05
4.3 Conclusoes
Referências
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Adolescence, 24(2), 85-112
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on Adolescence, 5. 55-70
Laursen, B., Coy, K., and Collins, W A. (1998). Reconsidering changes In parent-child conflict
2. Relacionamentos amorosos
Estudos realizados no Brasil e também presentes na literatura estrangeira
demonstram uma variedade de pesquisas que enfatizam diversos aspectos das relações
amorosas e que buscam compreender melhor este componente da vida humana
(Cordova e Jacobson, 1999; Amélio, 2001; Ayala, 2001; Kiecolt-Glaser & Newton, 2001;
Rochlen e Mahalik, 2004; Kenrich, Sadalla, Groth e Trost, 1990; Sternberg, 1991, 1998;
Otero e Ingberman, 2004).
Algumas pesquisas, ao abordarem a questão da oscolha do parceiro, reportam
que tanto homens como mulheres têm preferências claras sobre certas características
físicas do parceiro que os atraem para um relacionamento casual, sem muito
comprometimento (Buss & Schmitt, 1993). Para relacionamentos mais sérios, com
maior comprometimento e envolvimento das partes, as mulheres tendem a considerar
em menor intensidade os atributos físicos que as atraem. Kenrich, Sadalla, Groth e
Trost (1990) concluem que as mulheres são mais criteriosas ao escolherem parceiros
para qualquer nível de envolvimento, enquanto os homens o são apenas quando
escolhem parceiras para fins de casamento. Neste caso, os homens procuram em
suas parceiras características como bondade, entendimento e habilidades para cuidar
de filhos, mas diferentemente das mulheres a atratividade da parceira tem uma
importância desproporcionalmente maior do que as outras qualidades (Buss, 1999).
A escolha do parceiro é também o foco de muitos estudos baseados em teorias
evolucionistas, que propõem que a atração física tem um papel muito importante na
escolha de um par romântico, pois Indicaria qualidades genotípicas e fenotlpicas de
fertilidade e potencial reprodutivo (Morris, 1996).
Um outro olhar para o evento de escolha do parceiro amoroso é feito por Otero e
Ingberman (2004), que indicam que as afinidades e diferenças existentes entre as pessoas
podem ser consideradas critérios de escolha. As semelhanças existentes entre os
parceiros levam a interações reforçadoras, auxiliando na escolha do parceiro. Os fatores
mais freqüentes são: tipo de educação, valores de vida, projetos para o futuro, escolha de
atividades e interesses parecidos. As afinidades os atraem e são vistas como elementos
de atratividade facilitadores para uma convivência futura. Por outro lado, as diferenças
existentes podem também funcionar como critérios de escolha, e serem vistas como
3. Método
Participantos
Participaram desta pesquisa duas mulheres com diferentes níveis de formação
o com experiências variadas em relacionamentos amorosos. Para preservar a identidado
das participantes, optou-se em chamá-las por um nome fictício. A seguir segue a
identificação e breve descrição das participantes:
Maria: 27 anos, solteira, terceiro grau completo. Pedagoga om uma escola, mora com a
irmã e não tem filhos. No momento da entrevista estava namorando havia seis meses,
a relação mais longa depois do primeiro namoro de dois anos (aos 15 anos do idade).
Ana: 30 anos, casada, segundo grau completo. Manicure, mora com o marido do 33
anos e o filho de 12 anos. Casou grávida há 13 anos.
Procedimentos
Esta pesquisa foi dividida em duas etapas: contato próvio com as provávois
participantes o postorior realização das entrevistas. No primeiro contato foi esclarecido
o procodimonto, o objetivo e a importância da posquisa. Após assentirom a colaboração
para o estudo as participantes assinaram o Termo de Consentimonto Livro e Esclarecido.
A sogunda etapa consistiu na realização de entrevistas semi-ostruturadas. Foi realizada
urna ontrovista com cada participante.
Análise dü dados
Os dados foram analisados e codificados através do mótodo da análiso de
contoúdo, segundo a perspectiva de Bardin (1977). A análise de conteúdo foi realizada
em três fases: pró-análise, exploração do material e tratamento dos rosultados e
interpretação. O conteúdo das entrevistas foi agrupado por tomas, sondo eles: escolha
do parceiro, exposição dos sentimentos e comunicação, fidelidade, expectativas do
papel da mulher e percepção do próprio papel no relacionamonto amoroso.
4. Resultados e Discussão
Escolha do parceiro
O comportamento diante da escolha do parceiro pode ser influenciado por três
fatores: universais (relativos á espécie humana), culturais, e individuais (Amólio, 2001).
Sendo assim, ainda que muitos dos comportamentos de atração sejam regidos pelos
princípios evolucionistas de preservação e aprimoramento da espécie, a história de
aprendizagem irá delimitar as características que cada um considera no momento da
escolha e idealiza no parceiro.
Na tabela seguinte, é possível observar na fala de Maria acerca de alguns
aspectos importantes na seleção de parceiro amoroso.
Tabela 1: Apresentação das frases rolatadas por Maria e Ana sobro as caractoristicas do parcoiro.
MARIA
“Eu queria um cara bonito, e ele è feio, è japonAs. E me surpreendi, porque eu
nunca achei que fosse gostar de um cara que eu nflo acho bonito"
"E tambAm me Implico com homem meloso, grudento, nflo dá certo comigo"
ANA
"... para mim o mais importante 6 alguém que mande om mim, que me dé uns
empurrâo. (sicï. Senôo nôo vou para frente".
MARIA
1 "Geralm ente aquele que m ostra o que sente, que deixa o outro m uito
confiante bô bg ferra".
2. "Sou um a petisoa por n a tu re /a m uilo fechada, ao m enos em aspecios sérios
e pessoais Náo consigo nem contar pra ele a história com meu» pais. tipo até
hoje ele náo sabe por q u * eu nâo falo com m au pai... Im agina se eu tiver que
falar com ele dos m eus d e leito * simplesm ente nAo consigo".
3. "Sei lá, eu lento m anter uma postura de forte, te nho receio de falar para ele
colBas importantes sobre m im '
Tabola 4: Apresentação das frases relatadas por Ana em relação à exposição dos
sentimentos e comunicação.
ANA
1. “Olha, tem dias que nAo dA nem para falar com «lei Vai falar alguma coim |A
leva grosseria. Oal eu lenho que ficar quieta'.
2. "E «ii sinto muita lalla, de ter alguém (Mira convarsar"
.1. "Mas Iam cotsas que au nâo posso conversar com ele Por exemplo, isso da nu
sentir falta de ter amiga. Sei que se eu falar para ale, ele vai ficar louco)".
Fidelidade
Embora muitas civilizações humanas sejam poligâmicas, (Morris, 1996) na
cultura ocidental a fidelidade ó um aspecto bastante considerado nos relacionamentos
amorosos. A fala de Maria sobre fidelidade e traição pode ser observada na Tabela 5.
Tabela 5: Apresentação das frases relatadas por Maria em relação ao tema fidelidade.
MARIA
1 "É uma crença muito forte, de que não existe fidelidade de que não podo
haver uma rolação perfeita Continuo acreditando nisso! Nâo existe monogamia
absoluta, fidelidade incondicional. É minha concepção da coisal Senão porquo
todos os relacionamentos fracassariam?".
2 “Aprondi que nas relações sempre vai ter alguém que explora o alguóm se ó
oxplorado Alguém que engana e alguém que ó enganado... o quo trai e o que
é traldo. Se vocè não é um, é outro. Vocé escolhe o papel que vai assumir! Isso
foi em todas as minhas relaçõesl E eu vejo isso no namoro e casamonto de
todas as minhas amigas. Geralmente aquele quo mostra o que sente, que deixa
o outro muito conflanto só se forra."
3. "... as pessoas se perdem com o passar do tempo! Não existe amor, paixão
que supere Tenho certeza disso! Dai rola traição, essas coisas... Eu sou bom
radical om rolação a isso! E profiro ficar solteira a ter que superar uma traição".
Tabela 6: Apresentação das frases relatadas por Maria sobre expectativas do papel da
mulher.
MARIA
1. “Eu acho que a mulher precisa ser protegida, paparicada, mas tem que ser
independente. Se acontecer qualquer coisa ela toca a vida sozinha"
2. “... ela (a mâe) dizia que eu tinha que estudar, ter uma profissão, para não
depender de homem nenhum E eu acho que esse foi o conselho que eu mais
segui".
ANA
1 O homem tem que proteger a mulher, a mulher lem que cuidar do homem,
da casa. Por mais que o homem ajude na casa, e a mulher a|ude no sustento,
Isso nunca vai mudar O meu marido limpa a casa, lava roupa Mas quando ele
faz falta um loque de mulher sabe? Al quando eu cuido, fica tudo bonito,
cheirosinho Na minha casa tem um jardim de flores. Se não fosse por mim ia
ser só grama E do homem a mesma coisa As vezes eu faço umas comldlnhas
que ele gosta, para agradar E o homem protege a mulher, faz o serviço
pesado Pelo menos lá em casa é assim, e dá certo!
5. Considerações Finais
Considerando os princípios da Análise do Comportamento muitas seriam as
possibilidades de foco na compreensão dos relacionamentos amorosos. Restringlr-se
as regras e auto-regras implica em aprofundar a análise no comportamento verbal, e á
característica exclusivamente humana de descrever contingências e submeter o controle
de comportamento a essa descrição. Diante da realização deste trabalho, algumas
considerações merecem ser feitas.
A primeira constatação está no fato de que as regras e auto-regras são fortemente
controladoras dos comportamentos das entrevistadas nos seus relacionamentos. As
contingências descritas pelas regras, bem como os comportamentos controlados são
distintos, mas a presença de tais comportamentos ê bastante significativa, Não se
Referências
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140). Santo André: ESETec.
Améllo, A. (2001). O mapa do amor: Tudo o que você queria saber sobre o amor e ninguém sabia
responder. Sflo Paulo: Editora Gente.
3. Pesquisa aplicada
A ciência aplicada envolve a produção de novos conhecimentos na medida
em que estes se relacionam a problemas práticos (Lattal, 2005). Baer e cols.
(1968, citado por Lattal 2005) afirmam que a pesquisa aplicada está interessada
em como conseguir com que um indivíduo faça algo de maneira eficaz. A partir dos
inúmeros aspectos funcionais da variabilidade comportamental, evidenciados pela
pesquisa básica, alguns estudos buscaram verificar os seus efeitos em condições
aplicadas (Abreu-Rodrigues, 2004; Neuringer, 2004).
Dukere Van Lent(1991) aumentaram a proporção de gestos espontâneos
em indivíduos com retardo mental com procedimentos que envolviam o reforço
seguido de extinção.
Saldana o Neuringer (1998), compararam a variabilidade entre crianças com e
som TDAH, tanto antes como depois da variabilidade tor sido reforçada. A variabilidade
de crianças com TDAH não diferiram das outras crianças ao longo das fases o nem foi
mais prontamente reforçada. Todos as crianças variaram quando osta foi roquerida e
esta pormanocia após o treino em variação mesmo quando não era mais requerida. Os
autores concluíram que a variabilidade porsiste após uma história de reforçamento.
Num ostudo com um possivol modolo animal de TDAH - Transtorno de déficit do atenção
e hiporatividade - os chamados ratos SHR - spontaneous hiportensive rat - Mook,
Referências
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Avaliação
Após a ontrevista inicial com a mâe, e o pai (separados há alguns anos), contato
com a avó, iniciou-se a avaliação do M. que constou de sessões individuais e de grupo
(corca do oito sessões), onde seus comportamentos eram observados em diversas
situações espontâneas o planejados.
M. apresentou um nível do loitura bom abaixo do osperado para a sórie em questão,
tendo om vista o tipo de atividades a quo foi exposto desde o pró nesta escola. M. reconhecia
todas as letras do alfabeto e númoros do 0 a 9. Fazia inversões nas lotras S, E, F, e com
alguns números, como o 4,3, ou na loitura de numerais que envolvom dois dígitos (confundia
o 12 com o 21), principalmente em situações de escrita espontânea ou com limites de
tempo ou para a qualidade da execução.
Apesar de mostrar um raciocínio lógico adequado, fazendo perguntas interessantos o
comentários intoligentes om várias situações, resolvendo situaçõos-problema quo oram
relatadas e não envolviam leitura, tinha dificuldados significativas em situações quo envolvessem
cálculos com operações básicas e em reconhocer números com mais de dois dígitos.
Sua linguagom oral era adequada em termos dos vocábulos quo utilizava, no
entanto tinha dificuldades em relatar eventos do modo claro, não tinha noção do tempo om
termos de passado, presente e futuro, não sabia os dias da somana ou meses do ano.
Nas sessões em grupo apresentou os problemas de relacionamento relatados
pelos pais o pola escola: agitação constante, recusas claras om realizar atividades que
envolvessem leitura, escrita ou qualquer organização e verbalizações de autoconceito
negativo. Quando as situações envolviam tarofas om que estas habilidades eram requeridas,
M. iniciava comportamentos como cair da cadeira, falar alto, provocar verbal e fisicamonte
algumas das crianças prosentes (cutucar, colocar apelidos, imitar pejorativamente). Quando
todos ostavam realizando uma atividado om que seu desempenho não ora o mesmo, M.
dizia quo não iria mais brincar, que tudo estava muito chato. Levantava -se da mesa e ficava
andando pelo consultório. Na sala do espera sua mãe começava a conversar com ele, num
tom do voz e utilizando palavras somelhantes ás usadas popularmonte com bebês. Sua
agitação e engajamento om atividades fora da tarefa oram excessivos e incomodavam
muito as outras crianças, que passavam a não querer ficar porto dolo, respondiam às suas
provocações e chegavam a se rocusar a tê-lo no grupo. Mesmo para o terapeuta, sou nívol
de comportamontos inadequados e agressivos ora aversivo. Quando fracassava om
atividades, dizia que "não conseguiria porque ele ora burro mesmo".
Uma característica importante e que agravava toda a situação ora a dificuldado da
mãe em administrar seu tempo de trabalho e os cuidados com M. Sua carga do trabalho ora
intonsa e envolvia trabalhos tambóm aos finais de somana. Estava passando por momentos
difíceis e tinha todas as características de depressão.
Hipóteses explicativas
A suposição inicial foi a de que a agitação e recusas om realizar atividades, bem
como o autoconceito negativo, estavam relacionados funcionalmente com o reportório
inadequado de loitura, escrita e cálculo frente às oxigências de sala de aula, onde todos
os outros alunos já apresentavam uma leitura adequada em velocidade, sem muitos
erros e acompanhavam as instruções orais e escritas dadas pela professora. Ao
apresentar dóficits significativos destas habilidades nas situações de realizar tarefas
Intervenção
A intervenção planejada para este caso envolveu os seguintes objetivos:
1. Com relação à criança: Optou-se por uma intervenção em grupo, quo permitiria
atuar diretamente nos comportamentos inadequados om relação às outras crianças,
através de RDO e modelagem. O grupo escolhido inicialmente era composto por
elementos que tinham dificuldades mais graves que M. em termos de leitura e
escrita, mas com habilidades de relacionamento mais adequadas e numa série
abaixo da sua. Esta configuração aumenta a probabilidade de M. em itir
comportamentos mais adequados às exigências das atividades, tanto em termos
de tempo quanto de desempenho e conseqüentemente obter reforçamento para os
mesmos. Ao mesmo tempo, a terapeuta tambóm se tornaria uma figura quo não
representasse as críticas e punições às quais estava constantemente exposto,
principalmente na escola, ou seja, estabeleceria um modelo adequado de interação
com os adultos. A situação de grupo ó semolhante á situação que ocorre na oscola
ou em outras situaçõos fora da clínica, o que favorece a ocorrência de comportamontos
inadequados e garante a possibilidade de manejo direto das conseqüências por
parte do terapeuta e das crianças do próprio grupo. Quando uma criança se apresonta
com problemas de leitura, suas habilidades são observadas, geralmente, primoiro
pela psicóloga da clínica. Numa primeira etapa da intervenção gorai quo ó foita com
a criança, atividades são programadas com o objetivo do avaliar e dosenvolver os
comportamentos doficitários. Após algumas semanas, se as dificuldades porsistirom
aposar do todo "pacote" de intervenção, outros encaminhamentos são foitos. Uma
forma de lidar com estes comportamentos é a realização de jogos, com diferentes
nívois do dificuldade, cujas regras pormitam estabelecer uma situação em que os
comportamentos inadequados sejam incompatíveis com as regras estabelecidas
para a situação. Cada atividade realizada em situação de grupo possibilita ao
terapeuta atingir vários objetivos ao mesmo tempo. Um exemplo ó o desenvolvimento
de habilidades de leitura a partir da adaptação de um jogo existente no mercado cujo
Resultados
Após os encaminhamentos feitos e com a continuidade do acompanhamento
pela psicóloga, M. desenvolveu habilidades complexas de leitura e escrita, conseguia
ler os textos utilizados em sala de aula, numa velocidade adequada e com compreensão
de conteúdo.
Adquiriu também habilidades de cálculo para operações do adição e subtração
simples e com números que exigiam reservas. Apresentou progressos em cálculo
mental (sem utilizar lápis e caderno para sua realização). Apresentou a aquisição
adequada da tabuada.
Os excessos e inadequações comportamentais diminuíram significativamente
durante o tempo de terapia, M. permanecia o tempo todo da sessão dentro da sala de
terapia, realizando as atividades solicitadas e enfrentando desafios de atividades cada
vez mais complexas. Seu raciocínio lógico era excelente: conseguia desenvolver
estratégias para resolver problemas de matemática apresentados em séries mais
avançadas que a sua.
Os comportamentos de engajamento em atividades fora da tarefa diminuíram
de freqüência, conseguia realizar todas as tarefas dentro de sala de aula, passou a
atender mais às solicitações de tarefas em casa, executando-as sozinho em boa parte
do tempo.
Seu relacionamento com outras crianças ficou significativamente melhor:
conseguiu conversar adequadamente com as crianças da sessão, esperar sua vez na
realização de atividades: na escola as agressões praticamente desapareceram,
conseguindo desenvolver relacionamentos de amizade, melhorando sua cooperação
com as outras crianças e atendendo às solicitações da professora.
Referências
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MACACO
ALGODÁO
FARMÁCIA
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PSICOTERAPIA
CATASTROFIZAÇÃO
DESCATRACALIZAÇÃO
SONOCOTOMENANO
GRATOFOLOGRAMO
MUNGANGUENTO
ICTIOPSOFOSE
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Sidman, M. (1989). Coerção e suas Implicações. Campinas Editora Livro Pleno, 2003.
Apresentação geral
Analistas do comportamento procuram identificar e descrever relações
funcionais de que o comportamento do um organismo é função, tanto no contexto do
pesquisa quanto de aplicação (Meyer, 2001; Sturmey, 1996; Skinner, 1953). Normalmente,
isto é feito por meio da língua falada pelo analista, em sua comunidade verbal. Por
exemplo, diz-se que o comportamento de pressionar a barra por um rato sedento ó
reforçado pela apresentação de uma gota d’água; dessa forma, afirma-se que o
comportamento do rato e a gota d'água mantém uma relação de dependência entre si,
ou seja, uma relação funcional descrita por uma contingência operante. Um terapeuta
verifica que sempre que é deixada sozinha no quarto escuro, a criança começa a chorar
e, ao ouvir o choro, a sua mãe acende imediatamente o abajur; nesse caso, parece
haver uma relação de dependência (funcional) entre o choro da criança o o acender do
abajur pola mão (v. Guilhardi e Queiroz, 2001, para a ilustração de uma análise funcional
minuciosa em contexto clinico; v. Andery, Micheletto e Sério, 2001, acerca dos diferentes
usos da expressão "análise funcional" pelos analistas de comportamento).
Apesar da eficiência com que relações funcionais são descritas por meio da
nossa língua falada, essa não é a única forma de fazê-lo. Quando descrevem-se os
resultados de uma pesquisa, muito freqüentemente figuras e gráficos são utilizados
para atingir uma eficácia de comunicação que dificilmente seria conseguida somente
com palavras (Machado e Silva, 2004). Nos exemplos acima, curvas negativamente
aceleradas representariam o número de pressões à barra do rato ou o número de
iniciativas de choro da criança (variáveis dependentes) em função do número de
exposição às contingências (variável independente). Seria uma forma visualmente clara
e direta de representar tais relações funcionais.
Assim como as relações funcionais são representadas por meio da linguagem
falada ou de recursos gráficos, pode-se também fazer uso da linguagem matemática,
Tal como qualquer outro tipo de linguagem, a descrição matemática, na forma de uma
Funções matemáticas
Para explicar dotalhadamonte o significado que as funções matemáticas podem
assumir na psicologia, será discutida inicialmonte a sua utilização clássica em sistemas
físicos. As equações de movimonto são exemplos dessa natureza. Não é possível, num
dado momento, que um objoto esteja em dois locais ao mesmo tempo, mas é possível,
e bastante comum, que um objoto ocupe o mesmo local em momentos distintos - por
exemplo, quando o objoto está imóvol, ele ocupa o mesmo local durante todos os
momentos quo se passam enquanto ole permanece imóvel Isto exemplifica o conceito
1Uma dHV;uWade muno discutida na áma da modelagem matoméb<.a (la fenômenoe oomportamartal», axpoata em outra» partes deste capitulo,
diz raapeto à proposiçãode equaçAes (1) com base am oorhecknenlos prtwtna «abi» a realdade (o comportamento) ani estudo ou (2) exduelvamonte
base na ^n e # w iç a da funçáoe da reaklade (do comportamento) Esta equação Ineartoi proposta oom base em conhedmentaneórlcos"
do como uma lata da maçt se comporta porque, caeo contrário, seriam necessárias mais da três meòtçOes para propor uma (unçéo, IIrMiar ou nâo
Nosso cato. a* tatieles d« cálculo Mflam mal* complexas, o que deixaria de cumprir os flns didáticos a que nos propomos
1Podo m (llzor que uma equaçAo è Mnear em um pwlimrtru (n, nu cato) m . mantendo »a o« demata parAmatro* conatanto* (no caao, L a
M), a aquaçAo m toma uma aquaçAo d« prirnotrograu. como por oxompto, y - a x + b. a aquaçAo da rata Realmente, «a L a M aAo
conatante», T - L ♦ n M * equivalente a y • a x ♦ b, com a ■ M, b ■ L, a lun\£o y »atido o paao total T a a variável x »ando o número da
maçAa n Da meama forma, pode «a Oi/ar qua a furçAo T é Hnear em L (mantando aa M a n amatantM) aatnM (inartando «a L a N
Pela equação da reta continua (quando há oito maçãs na lata), T = 300 + n . 125,
tem-se, com n = 8:
Note-se (ver Tabela 3) que o e.q.m. da reta continua foi calculado com os
parâmetros L = 300 e M = 125. Da mesma forma, o o.q.m. da reta pontilhada foi calculado
com os parâmetros L = 1000 e M = 50. Os parâmetros da reta contínua L = 300 e M = 125
resultaram em menor orro quadrático. Com base neste critério, portanto, entre ostas
duas possibilidades (rota contínua e pontilhada), seriam estes os parâmetros adotados,
por se aproximarem mais das pesagens empíricas. Neste procedimento, adota-se
sempre como critério a escolha de parâmetros que resultem em menor erro quadrático
médio, ainda que os procedimentos de cálculo aqui apresentados também possam -
mediante adaptações - operar com outros critérios.
Heaayan» experlmaulala H»»i» calculado* (Mira M ■ 12». vanwtdu L «*m loto» da 300
' Eata vmloçAo do pai Afimlm mn 1% Iam como otyellvo nvahnr de que tmxk) iitim | mk|uih\m mudança rto fxtrAnintru rtfoluoa q m Podtiri* Mr
uIM/míh vurirtvAo do pnrAnwtro. d«0.1 %, 0,5% ele , axn lyoiil roíuiltndo
triângulos), é possível, conformo 296 207 29« 2»9 300 301 302 303 304
e.q.m. « k * ♦ k / ♦ - 2 . k, . L - 2 . k , . I. - 2 . k , . L ♦ L> ♦ V * U
e.q.m. - l k / - 2 1
k, l + 1 LJ
e.q.m. ■ £ (Tr n ,. M )' - 2 . 1 (T, - n, M) L ♦ 3 . L'
Trata-se de uma equaçAo d« segunda gmu do tipo « q m. ■ A + 0 . 1 + C , U , onde A, B e C sào canatanlfit», com
A » I (T, - n, MP, B ■ - 2 . I (T, - n, M) e C - 3.
'P a ra que o erro se|a representado por uma parábola de segundo grau em x, A necessArio que (1) a lunçflo que ne
utiliza para aproximar o * dado» empíricos seja linear e que (2) o critòrlo de erro seja o e.q.m. Em condições diferentes
dessas, cafio o mátodo genérico ora apresentado nào sirva apropriadamente, outros métodos ter Ao de ser analisados
e testados, multo provavelmente com a ajuda de um especialista nas áreas de matemática/estatística
x - 298,333... - 298,3
100 551 99 91
200 601 94 31
300 610 93 29
900 612 93 29
' O» vatom» d«t L • M para o* gualt m ftantçAm oonvergam »*n 92,5 b fi 12,5 TaMvakvaapnriamaaniMfcluapotragnNaâoInaarporquaahjnvA»
r ■ L ♦ n MéurTWh)nçâolnn«r,oqueparnrirteadotaromé*xV>doamlnirnoaqiJ*1rii<1oa,umc«aopartk)utof(1oprocedlmento(|iiralaquldeaorito,
quarwurfta noa partmotra» detajadoa com oa Muuintoa cátcutoa wnptaa, Mm a necesaidíHJe da KornvOoa, Mindo | o número total do pesagem
I n « 8 * 10* 11 «29
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£ n T -B 1355♦ 10 1530♦ 11 1035- 10040* 15300* 17906-44125
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L» (1200200-1279026): 14-0575:14-012.5
M ■ ( j. I n T - I n I T) D»( 3 44125 - 29 4520) 14 «(132375-131000) 14-92.5
Ou seja, com trôs maçás, a lata deve pesar 888 g. Com quinze maçãs, deve
posar pouco mais do dois quilogramas.
‘ Aporia» p w IKntraçâo, ta w i caluiado» ■ màdla f t n létka « o dtwvto do» fc ml w n nnnhurna oorraçAn Cunludo, par «atalarrie um ano rotativo
qu» é urrm propixváo do vak» absoluto da n wdida. »«gundo Shul (1BU1) aerta mato praciao o cálculo da média • do daavfcj do« lagartlmo» do»
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SJ = [ Ix J- ( I x ) 2: j ] : ( j - 1 )
S o V3016 : 9 ~ 18,3
lfl Embora m|m *kii|>kt» do utlctilur u lácJt do af*»M»itNr, a nubmatrvn <|« médta » do dfiivtn da pmvkuko |kjt moio de dtatftlxjlvAo normal com média
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da um kilervnlo dtt conflança innoor qmt o nacMiaArío |*ra obtnr o conlk tanta do MgurançM donjado Como aaarnpk), m o krtarvak) 2011 >2071 g
M calculado com oitn mAlodo |>ara contar o (uno rnal d« um ufrik) com um (xwfk^tnUt d« coriflanva do 90%. I»k> dovorta «gnUcar quo a|wriai
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99 2,5 7 5 8
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11 Oi i Iiii forma do calcular o* dol» limllmi Hirl* consktnrnr o urro rnfctto E kju»I n im o * calcular <>• cl«»vto»|>a<lrAo D com m tòumila 0 ■
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Considerações finais
O que uma lata de maçàs tem a ver com análise do comportamento?
Uma lata de maçãs é um sistema físico bastante simples, mas quo pode servir a
uma metáfora didática com relação ao comploxo objeto de estudo dos analistas do
comportamento (i.e., as relações funcionais organismo-ambionte). Obviamente, portanto, a
analogia ô aponas matemática e não comportarnental. Tornados dossa forma, o númoro do
maçãs adicionadas á lata podo representar qualquer variávol indopondonto que ostoja sob
estudo, o o poso total da lata com maçãs pode ser interpretado como um aspocto monsurável
do comportamento, a variável dependente
Apenas para ilustração, cada maçã adicionada poderia representar uma sessão de
troino om que comportamentos específicos são reforçados. Nosto caso, a modificação do
comportamento resultante seria análoga ao peso total da lata porque, a cada sessão de
troino, a freqüência do comportamento om quostão se fortalece de forma semelhante ao
aumento do peso total da lata quando se acrescentam maçãs. Raciocínio semelhante poderia
sor feito a comportamontos sob punição ou extinção, om que a freqüência de um
comportamento seria reduzida; neste caso, por analogia, maçãs estariam sendo retiradas da
lata e o peso do conjunto diminuiria. Alguns aspoctos dosta analogia podem ser comentados
com o objetivo de contribuir para a compreonsão da análise quantitativa que expomos, bem
como, eventualmente, permitir aos analistas do comportamonto realizar as modificações
necessárias para quo este método seja útil e adequado às suas nocessidades específicas.
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1F»Ib tiMbultio lo» elHbofBdo durant« vtuétvdn do Bote« Pnx1utMd«du wn Po»qum« do CNPQ umcttdklH (is autora»
124 Mdri.i Am.ilia Plc Abib Amlcry, Tcrc/d M.irid ilc A/rvcdo Pires Sério
seus padrões de beleza e arte, de boa ou má conduta; cotoca diante dele um
quadro da personalidade ideal que deve imitar e procurar ser. Em tudo isso estão
presentes as leis fundamentais do comportamento, (pp. 380-382)
Assim como a relação indivíduo - ambiente conduziu os analistas do
comportamento á definição de comportamento (operante e respondente) ó exatamente
a rolação entre indivíduos e ambionte social que conduz à definição de comportamento
social, tal como proposta por Keller e Schoenfeld (1950) já em sou capitulo 8, sobre
Reforço Condicionado:
o comportamento social pode ser descrito como aquele para o qual estímulos
reforçadores ou discriminativos sâo, ou foram, mediados p«Jo comportamento de outro
organismo Por mediado' quer se dizer originando-se de' ou ’em conexão com' e nàô
há nenhuma intenção de forçar a conotação da palavra. Não se pretende nem (1)
incluir a entrega pelo experimentador de um bocado de alimento ao rato que pressiona
a barra - pode ser uma situação sodal para o experimentador, mas não o è pam o rato;
nem (2) excluir o comportamento do náufrago que fala consigo mesmo ou faz roupas
de peles, pois ambas as atividades foram socialmente adquiridas (pp 271-272)
Para os autores, então, chamamos do comportamento social os
comportamentos - as relações sujeito ambionte - nas quais os estímulos que constituem
a relação comportamental se originam de outros indivíduos. É comportamento social
uma relação social e o que ó característico desta relação é o ambionte - são os estímulos.
Os comentários dos autores sobre o termo mediação são osclarecedores e merecem
ser explorados. As razões da exclusão, enquanto comportamento social, do comportamento
do rato de pressionar a barra produzindo alimento parecem bastante claras no toxto: o
comportamento do animal ó afetado polo alimento e o papel do oxperimentador ó simplesmente
operar um comedouro. As relações entre a resposta de pressionar a barra e a produção do
alimento são, em principio, regidas por regras que indopendem da situação em que se
encontra o oxperimentador ou de suas características particulares. Em outras palavras, a
relação entre as características críticas da resposta e o aparedmonto do alimento pode ser
descrita completamente recorrondo-se às leis da física. Já a inclusão dos comportamentos
do náufrago - que fala consigo mesmo ou costura suas roupas com materiais disponíveis *
onfatiza que a caracterização de um dado comportamento como social não depende da
presença, no momento da emissão da resposta, do outro organismo. Tal inclusão onfatiza
que se uma dada relação sujeito-ambiente for impossívol sem uma história anterior que
envolveu um sujoito que participou de um ambiento social, então seu comportamento, ainda
que sem a presença de outro como mediador, é comportamento social.
Então, ó crítico para a caracterização de comportamento social a participação
de estímulos sociais na constituição do comportamento. Cabo, assim, a pergunta: o
que caracteriza um estímulo como estimulo social?
Os estímulos sociais não diferem nas suas dimensões de outros estímulos. Ao
contrário, a diferença ó só de origem provém de outro organismo, do seu
comportamento, ou de produtos de seu comportamento. E, ainda mais, os estimulos
sociais não diferem quanto á função daqueles de origem inanimada; atuam como
ellciadores, reforçadores, discriminativos etc A vida social surge porque os estímulos
sociais passam a exercer essas funções. (Keller e Schoenfeld, 1950, pp. 369-370)
Segundo Keller e Schoenfeld, estímulos sociais e estímulos não sociais são
todos de dimensão material, tôm a mosma natureza. Mais ainda, as possíveis funções
comportamentais dos estímulos sociais e não sociais são as mesmas o as funções
destacadas poios autores são: os estímulos que antecedem a resposta podem ter
função do ostímulo eliciador ou do ostímulo discriminativo e os ostímulos que seguem
a rosposta podem ter função de estímulo reforçador. Assim, na análise do comportamento
1Ê |>nanlvt<l <|ii<>Hlilalrmxilt' uilnis mriortm armwxtfiümwHii outra« lniçAm (xxnporlMiiMMiM* |>Mfuos esllmtA» iwtwomiítnin*, tnh corno a<|iiHui
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H(|ul (tiilH(Ktr Kultar o SUiounluIri
126 M.tri.i Am.ili.i IV Abib Amlcry, fere/it M jriii do A/cvcdo Pires Sório
definido como social para Skinner (1953/1965) - "duas ou mais pessoas se comportam
uma em relação á outra” - podemos supor a possibilidade de pelo menos três
possibilidades diferentes nas quais o comportamento ocorreria, como diagramado na
Figura 1
Sd -» Sr Sd — R -» Sr
Sd — H Sr Sd — R -TSr W
Sd-~'R '-TSr .
Indivíduo B Indivíduo B Indivíduo B
IndM diio A |
3d/8f i
I Sd ~ RA ♦ RB -* Sr
^ Sd/Sr
IndivkJuo B I
128 M.iri.i Am.iliii IV Ablb Aiulcry, lere/<i M.iri.i ile Azevedo Pire« Sírio
o que só ocorre raramente na natureza inorgânica, e o que sugere que “o agente reforçador
que modifica a contingência em termos do comportamento deve ser sensível e complexo"
(p. 301). Se, de um lado, esta característica do reforço social imprime flexibilidade e
extensão ao comportamento social, de outro, pode ser origem de problemas
comportamentais, como esclarece Skinner (1953/ 1965):
Isto pode explicar porque as contingências reforçadoras da sociedade causam
comportamento Indesejável muito mais freqüentemente do que as contingências
aparentemente comparáveis na natureza inanimada, (p.301)
Já a caracterização que Skinner (1953/ 1965) faz dos estímulos antecedentes
sociais envolve, em primeiro lugar, o destaque da semelhança destes estímulos com
qualquer outro estimulo antecedente que tenha algum controle sobre comportamento
operante: o estimulo antecedente social “como qualquer outro estimulo, torna-se
Importante no controle do comportamento por causa das contingências de que participa",
(pp. 301, 302)
No caso dos estímulos antecedentes sociais, as contingências de reforçamento
que atribuem a tais estímulos função comportamental “são determinados pela cultura e
por uma história particular" (p. 302). É implicação desta posição que para se identificar
estímulos antecedentes sociais e os processos que os constituem é preciso algum
conhecimento da cultura, do grupo social de que participa o indivíduo para o qual o
estimulo é significativo.
Finalmonto, Skinnor (1953/ 1965) rossalta quo a sonsibilidado a roforçadoros
sociais altera a sensibilidade a estímulos antecedentes sociais e como conseqüência
a sensibilidade a tais reforçadores sociais pode colocar o comportamento dos indivíduos
sob controle de aspectos extremamente sutis do ambiente - ou seja, do outro.
Estímulos sociais »ào importantes porque os reforçadores sociais com os quais
estâo correlacionados sâo importantes... Estímulos sociais são importantes para
aqueles para quem reforçamento social è importante (pp. 302, 303).
As proposições de Koller e Schoenfeld (1950) e de Skinner (1953/ 1965) sobre
comportamento social sugerem três conclusões. A análise do comportamento social
não exige nenhum novo principio / conceito alóm daqueles já estabelecidos
experimentalmente a partir do estudo de animais infra-humanos. Assim, não há
necessidade de um novo modelo causal, distinto do modelo de seleção por
conseqüências no estudo do comportamento social. No entanto, há sim que se
reconhecer as propriedades especiais do ambiente social (e, por conseqüência do
comportamento social) quando do estudo deste fenômeno.
Esta última conclusão conduz às proposições de Guerin (1992, 1994) para o
estudo do comportamento social. O autor inicia sua discussão de comportamento social
fazendo uma distinção entre princípios que regem o comportamento e propriedades do
comportamento social. Para Guerin, o reconhecimento desta distinção ó essencial
para que a análise do comportamento possa estudar e compreender o comportamento
social. São as propriedades especiais do comportamento social - que é regido pelos
mesmos princípios que o comportamento em geral - que o destacam.
Tal como no caso dos autores já discutidos, para Guerin (1994) as propriedades
especiais do comportamento social são encontradas no ambiente que chamamos de
ambiente social:
Parece que outras pessoas são tipos especiais de objetos no ambiente ... Elas
têm propriedades não partilhadas por outros objetos, embora a análise de
130 M.m.i Atmiliii Pie Abib Andcry, fmv.i M.iri.i dc A/cvedo Pirrs Sério
Guerin (1994) entäo sugere que a alternativa mais heurística quando se discute
comportamento social seria falar de contingências com propriedades sociais... "que
incluirão quaisquer contingências nas quais outra pessoa está envolvida como estímulo
de contexto, ou como determinante de conseqüências, ou como parte do próprio
comportamento (do grupo)" (p. 78) e sugere, o que é mais peculiar de sua proposição, que
talvez a mais importante distinção quando se discute comportamento social seja a distinção
entre comportamento social que não envolve a comunidade verbal e comportamento
social que envolve a comunidade verbal. As contingências com propriedades sociais que
envolvem a comunidade verbal abrem a possibilidade de contingências com propriedades
sociais que, diretamente, envolvem apenas um indivíduo; são contingências que têm
propriedades sociais, mas que descrevem o comportamento de um indivíduo "sozinho"4.
Indivíduo A
Sd — R — l h + Sr
\\ /
comunidade verbal
' KiiHor o Schoonfokl. oiti 1950. uljordani o inowno |>rt>t>t*wTmn parecem auunWr ■ puaiçjko tio i|0« à (xxnfxxlntTinnto »<x:lal toda interação rw
qual o mntHofrto lo) cnnatttuldo puta av&> <)o outro
‘ Dovo ao dn tw m que a doflrwvAo da comportamento »odel ofcweckia por Kefc* • SchoenMri (18M)) antecipava esta [xwntbMdade. como
Ata cliim na sua (.«racteflZHçflo de comportamento mediado, dMtacada no Inido detta artlyo
Referência
132 Miiri.i Am,ilúi l’ic Abib Andrry, Tcrr/.» M.iri.i dc A/cvcilo Pires Sério
Capítulo 10
Prevenção primária de abuso sexual em
ambiente escolar
M aria da C/raça Saldanha Padilha'
Lúcia Cavalcanti de Albuquerque W illiam s1'
1 DoulofWKtn do Programa <ki P6»-gr«1uaçáo mn EiJucaçAo Eapadal dü Univaraidada Fadarat da SAo Cario* Docsnln da IJnlvnraldadn Tulutl
òoPitninA
* Docnnln <1h Unlvwnldadn Fodnrnl do Sâo Cario* rio «ir»o d** Piicotogla a no Programa da Pfa-gmduavâo mn EdiKwtçâo E«f>fl<:jal
Método
Os participantos foram 59 estudantes de uma escola pública da Rogião Metropolitana
de Curitiba, Pr., com idades entre 11 e 15 anos, sendo 31 do sexo masculino e 28 do sexo
fominino, residentes com suas famílias, cuja renda ora baixa.
Para a avaliação da intervenção, foi utilizado um questionário auto-rospondido
intitulado Questionário para Avaliação de Conhecimento sobre Abuso Sexual, elaborado
polas autoras especialmente para este trabalho. A primeira parte do questionário tom 18
afirmações sobre características do abuso sexual, com trôs alternativas cada (verdadoiro,
falso e não sei). Na segunda parte há 15 afirmações que descrevem situações quo podom ou
não ser consideradas abuso sexual, com a instrução de assinalar aquelas quo são abuso
sexual na opinião do respondente.
Após ser assinado pelos pais o Termo do Consontimento Livro o Esclarecido para a
participação na pesquisa, foram realizados 12 encontros com os participantos dontro da
própria escola em horário de aula. O primeiro e o último encontro foram dedicados á avaliação
e os 10 encontros intermediários à intervenção propriamento dita. Foram feitos quatro grupos
do Í4 a 15 estudantes em sessões de uma hora e meia cada. conduzidas pola primeira
autora e por seis estudantos do graduação om Psicologia.
As sessõos uram estruturadas de maneira a atingir objetivos previamonto dofinidos.
A primoira sossão visou a doscontraçào do grupo, com uma técnica de apresontação e a
134 M<irlii (lii ^./f.iç.i S.ilil.inh.i Piiilillni, I úciii ('.iv.ilc.inli ilc Allnu|urri|uc Willi.ims
atividade "Jogo dos direitos © das responsabilidades" (Goicoechea. Nafíez e Alonso, 2001). A
segunda e torcoira sessões visaram trabalhar o repertório de habilidades sociais, com a
identificação dos diroitos das pessoas, conceitos de ompatia e assortividade. As atividados
propostas foram "Direitos humanos e interpossoais" e "Nem passivo, nem agressivo: assertivo",
ambas desonvolvidas por Do! Protto e Del Protte (2001). Na terceira e na quarta sessões foi
desenvolvido o tema sexualidade, com o objetivo do identificar as partes privadas do corpo o
os contatos considerados apropriados e inapropriados. Foi utilizado o filme "O quo está
acontecendo comigo" (Smalwood e Walsh, 1986) e a atividado "História colotiva oral" (DoIPrette
e Del Pretto, 2001). Nas sessões seis e sote foram discutidas situações abusivas com o
objetivo do kiontificar situaçõos potoncialmonte perigosas, atravòs das atividados "Pensar o
decidir" e "Bons e maus segredos", ambas propostas por Goicoechea et al. (2001). As trôs
últimas sessões foram dedicadas ás habilidades de auto-protoção, com os objetivos:
discriminar nuances das situações potencialmente perigosas, aprender a rosponder
assertivamento ao possível agressor, deixar a situação, pedir ajuda o apoiar cologas que
precisam de ajuda. As atividades utilizadas foram “Jogo da auto-estima" (Goicoochoa et al.,
2001) e dramatizações, induindo a "história de Rosinha" (Padilha, 2001).
O propósito do se adotar a soqüência de temas abordados - habilidades sociais,
sexualidade, situaçõos abusivas, habilidades de auto-proteçâo - foi lovar ao tema "abuso
sexual" por aproximações, já que habilidades sociais e conhecimento sobro sexualidade sáo
pró-roquisitos para o entendimento do situações potencialmente abusivas e para a aquisição
de habilidades de auto-proteçâo (Fryer et al.,1987; Gordon o Schroeder, 1995; Robert, 2003).
As técnicas utilizadas tiveram a função de contemplar osta seqüência de temas.
Resultados e Discussão
A análise dos resultados do Questionário para Avaliação de Conhecimento
sobre Abuso Sexual mostrou que 53 estudantes (89,8%) melhoraram seu desempenho
na segunda aplicação do questionário; os escores de dois participantes (3,3%)
permaneceram iguais e quatro estudantes tiveram rosultado pior na segunda avaliação
(6,7%).
As questões do quostionário nas quais foram obsorvadas as maiores mudanças
(acima de 25 pontos percontuais) entro a primeira aplicação e a segunda foram: em um
abuso sexual o agressor usa sempre a força o a violência; as pessoas quo cometem
abuso sexual sáo sempre dosconhocidas daquele que sofreu abuso sexual; aponas
homens abusam sexualmonte; apenas crianças do sexo feminino são vitimas de abuso
sexual; adolescentes (soxo masculino ou feminino) também podem ser agressores
sexuais; uma criança ou adolescento pode ser abusado por um adulto de quem gosta
muito. Nestas mesmas questões também foram observadas as maiores reduções no
número de respostas "nâo soi" (acima do 15 pontos percentuais), á exceção da primeira
questão.
A Tabola 1 mostra os resultados das quostões da primeira parte do quostionário
nas quais foram observadas as mudanças mais significativas.
Todas as questões nas quais ocorreram mudanças significativas, entre a
primeira e a segunda aplicação do Questionário, são da categoria "discriminar sinais",
ou seja, onvolvem conhecimento sobro os riscos de abuso sexual ou reconhecimento
do comportamento inapropriado do adulto. Foi também nestas questões que se observou
a diminuição expressiva do número de respostas "não sei" na segunda aplicação. De
acordo com estes resultados, esta foi a categoria sobro a qual os participantes mudaram
mais seu desempenho da primeira para a sogunda aplicação do questionário.
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“...Cronos, o mais jovem filho de Gea, de mente tortuosa e o mais terrivel de seus
filhos". (Heslodo, Teogonia, 1978, p.5)
"...Quando percebemos um ‘antes' e um 'depois', então dizemos que houve tempo.
Tempo seria slmplosmonte Isto: o númoro do movimentos conformo o 'antes' o o
'depois'." (Aristóteles, Physics, 1952, p.299)
O tempo aparece como objeto de especulação em todas as civilizações,
povoando o imaginário humano como na figura de Cronos, o terrivel filho de Gea. Ao
examinarmos a história do pensamento metafísico ocidental, vemos que tentativas de
sistematização deste conceito tem tido lugar por aproximadamente 2500 anos.
Naturalmente, não faz parte deste trabalho recuperar todo o contexto da discussão
sobre o tempo, em toda sua complexa extensão. Entretanto, começaremos apresentando
algumas questões filosóficas que foram (e ainda são), sistematicamente, objeto de
especulação por estudiosos interessados no que tem sido denominado Teoria Filosófica
do Tempo. Examinaremos, então, à luz destas questões, como o conceito de tempo tem
sido tratado no interior de algumas obras do B. F. Skinner. Concluiremos discutindo
algumas das implicações decorrentes do conceito de tempo no contexto do uma ciência
do comportamento.
Filosofia e tempo
Algumas questões têm sido tradicionalmente abordadas, dentro do escopo da
filosofia, quando tentativas são feitas para tratar, de forma mais sistemática, do conceito
de tempo-, as questões mais freqüentes dizem respeito à natureza do tempo, as formas
mais adequadas de medi-lo, a existência hipotética de uma direção identificável do mesmo,
a distinção da natureza temporal dos eventos e dos seres, a definição do finito e do infinito,
entre outras. Um problema importante, com desdobramentos essenciais para uma ciência
da psicologia, seria aquele que tenta tratar da natureza do tempo, ou seja, questões mais
diretamente relacionadas com o que podemos denominar sua natureza ontológica.
138 Maria 1'ertlia tie Abreu c Silva , I uii.i Natalia Dobrianskyj Weber
A dofinição de um conceito de tempo aparece fundamentalmente como corolário
do conceito de espaço, no contexto das teorias metafísicas e/ou físicas mais tradicionais
da filosofia clássica e escolástica ocidental. O movimento do ser em um determinado
espaço normalmente conduz à definição do conceito de tempo; na grande maioria dos
textos filosóficos o conceito de tempo deriva diretamente da noção de movimento. A
discussão sobre a natureza do tempo aparece sistematicamente desenvolvida, ou pelo
menos indicada, em trôs diferentes contextos da filosofia clássica; (1) quando os autores
tentam identificar a natureza da permanência dos seres, em detrimento de sua constante
mudança; (2) na intuição de uma temporalidade que definiria um ‘antes’ e 'depois', um
'passado', 'presente' e 'futuro' que, usualmente, conduz a discussões sobre (3) as
bases ontológicas que fundamentaria os atributos dos seres perfeitos (ex., imortal,
absoluto, onisciente e onipresente) e imperfeitos (ex., mortal, relativo).
Numa sistematização grosseira e simplificada de uma perspectiva da natureza
ontológica do tempo, podemos identificar polo menos dois grandes conjuntos de
tentativas teóricas para solução deste probloma; (1) o tempo como parte mensurável do
movimento e (2) o tempo como movimento intuído.
O primeiro grande conjunto de teorias tenta solucionar o problema da natureza
do tempo identificando o mesmo como uma dimensão ontológica do ser, inerente á sua
natureza; uma propriedade intrínseca ao objeto observado e externa à natureza do sujeito
da observação, derivada diretamente do movimento dos seres numa dimensão do espaço.
Podemos encontrar este tipo de definição em textos diversos, tais como na física
de Aristóteles, na física clássica de Newton ou no tratado do teoria relativa de Einstein. Um
elemento aparentemente comum que podemos identificar neste tipo de resolução conceituai
ó que o tempo seria uma dimensão derivada do movimento no espaço. De forma simplificada
podemos sumarizar que a definição de Aristóteles (1952) apresenta, por exemplo, o tempo
como uma dimensão do movimento das formas existentes no mundo.
Newton, em sua obra mais conhecida, Philosophiae Naturalis Principia
Mathematics - no corpo do escólio, apresentado ao final do capitulo onde organiza sua
Dofinição VIII - sistematiza o que ele definiria como espaço, absoluto e relativo, dos
quais deriva, respectivamente, as noções de tempo,_abso/ufo e re/at/vo; a distinção
entre estes conceitos estaria fundamentada no movimento dos corpos, chegando a
utilizar a famosa metáfora do movimento em um navio para enfatizar a distinção entre os
diferentes conceitos (Mach, 1953; Newton, 1687/1987). De fato, a forma como
tradicionalmente mensuramos fisicamente o tempo, considera o movimento da terra
quando examinada da perspectiva de sua relação com o que denominou-se estrelas
fixas; estas estrelas seriam corpos celestes tão distantes que poderiam ser considerados
pontos astronomicamente fixos com relação ao nosso planeta,
Da mesma forma, no coração da teoria relativa de Einstein, as equações sobre o
tempo são desenvolvidas considerando o movimento das partículas á velocidade da luz.
A presença de grandes massas produziria distorções na curvatura espaço-temporal;
estas distorções podem ser observadas através das alterações no movimento das
partículas de luz. Esta forma de tratar o conceito torna possível prever o comportamento
das partículas em sua relação com fenômenos astronômicos, tais como os buracos
negros; nestas estruturas do espaço o tempo literalmente não existiria (uma vez que na
proximidado destes a luz seria desviada e absorvida, produzindo mudanças de aceleração
e a eventual ausência total de movimento). É possível prever ainda fenômenos tais como
o paradoxo dos gémeos e/ou dos relógios (Einstein, 1953; Reichenbach, 1953).
Ao circunscrevermos o tempo como um fenômeno da natureza, questões
importantes devem ser respondidas, tais como: (1) qual a propriedade do mundo que
1Ao fu/orim» roforofxiiw u o»üu otxas, no rmlMiilu do texto, uttK/afwnou ■ nK)Ui iiNlk^Klu pura cart* um* dota»
140 M.iri.i Ccclliii ilc Abreu t Silv«i , I uli.) N.itiili.i Pobrltinskyj Wcbcr
uma ciência do comportamento. O conceito ó tratado, ainda, na mesma obra, no interior
do capítulo 9, onde se discute o papel da privação e da saciação para a descrição de
contingências. Ele começa afirmando que um comportamento que não foi diretamente
suprimido, e que tenha a sua possibilidade de ocorrência a qualquer tempo, usualmente
mostra algum tipo de periodicidade identificável. Ele afirma que:
" When th« behavior is possible at all times, it shows periodicity When the period
can be established, we may use time as an independent variable In predicting the
behavior. (SHB, p 155) 2
O autor discute neste momento a periodicidado envolvendo fenômenos
regulares e periódicos na espécie, tais como o sono o a menstruação, afirmando que:
"Time appears to be the principal experimental variable In certain slower periodic
changes Time as a variable cannot be manipulated experimentally Many behavioral
changes, especially In the instinctive behavior of lower organisms, follow an annual
cycle Migratory patterns, for example, coincide fairly accurately with the seasons
of the year Some conditions varying with the time may be more important than time
Itself (BHS, 155-156) 3
Volta-se a tratar explicitamente do tompo, como uma variávol, no capitulo 4,
denominado The Experimental Analysis of Behavior, da coletânea apresentada na obra
Contingencies of Reinforcement (CR). O conteúdo deste capitulo foi originalmente
publicado como What is the Experimental Analysis of BehaviorZ no Journal of
Experimental Analysis of Behavior (1966). Nesta obra o tempo foi examinado no contexto
da discussão sobre variáveis independentes incontroláveis, onde declara;
“ Cycles are another kind of temporal patterning... autocorrelation techniques can
be used to clarify cycles and trends, but unless we know that a cycle will maintain
Its period or a trend continue, we cannot use the results for purposes of prediction.
Nor of course, can time be manipulated as an independent variable" (p 89). 4
Do forma geral, as referências mais diretas sobro o conceito do tempo parece
estar circunscritas à análise da periodicidade e regularidade de padrões de
comportamonto, particularmente por uma história da seleção filogenótica. A etologia e a
análise do comportamento têm tentado determinar mais sistematicamente estas
relações complexas e periódicas, como, por exemplo, nos estudos quo tentam descrever
o que tem sido denominado cronobiologia (Lejeune, 1990).
5 Trad IJm (tack) natural mima oêrida do cotM[x>rtaiiMnU> A(pai unia dada porçAo do ounipwlNnmnl» provHvHmnrili» IfAcxxirmr ran imm |x>rvAo
•M|xx:llkui (In tomi[x >
0 Trad No Eaqunma da Rafotvo atn Intorvak) Flxo (FI) a primeHa rna(x>*la nmlUda npô» um Intorvak) (Ip lom|x> dnaignado imrA utiguldn [miIh
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7 Trad Um nm|in*nia da rwlorço am Intarvak) flxo normalmnritti prtxki/ urn anbido nalAvtil no qiial uma pauta no mafxmdar »**()(ta cad« um (km
rtiforçt«, dnpoti daata (>au*a a tax* no mufxxKlnr amima |>ara um vakx tmminai (i*uaknmiln modorado)
fl Trad NAo A nacaMArki qua haja uma GonoxAopnmianantatinini rn»(xnta n mkxvo No qua (1/ mtjxtiloaon orgHnlamo* a link» |KK*f>n«xImki
Irnixirtanln da contlngAnda A a lnm|xxal O raforçador ulmfitmutNini« aucadu A n»{xiata Como laao aconloc« nAu Imjxjrtfi *
142 M.triit t'cclliu »lc Abrcu c Silvu , I iilhi N.it.ilt«i l>obri<mskyj Weber
Desta forma, a relação temporal seria um olomento crucial a sor considerado
como uma propriedade da contingência. Os estudos que usualmente estão preocupados
com as variáveis envolvidas no que tem sido denominado controle temporal poderiam
ser considerados exemplos importantes, na descrição deste tipo de relação (Skinner,
1948; Staddon & Simmelhang, 1971; Staddon & Frank, 1975). Uma questão teórica
legitimamente iovantada neste contexto diz respeito aos desdobramentos previsíveis
ao discutirmos a rolação de contigüidade e contingência. A apresentação sucessiva e
persistente entre oventos seria suficiente para manter o responder, independente das
contingências funcionalmente em vigor? Como trataríamos, neste contexto, a noção de
causa ou do relação funcional? (Killeen, 1981; Moore, 1984; Staddon, 1973).
O oxame das dimensões temporais parece importante não somente quando
consideramos os esquemas temporais contingentes e não contingentes, mas, tambóm,
quando examinamos outros elementos das contingências. Por exomplo, vemos que a
taxa de resposta tem sido utilizada como uma medida fundamental na descrição do
comportamento; sabemos, entretanto, que a taxa nada mais é do que a distribuição do
responder em um detorminado tempo. O exame, mesmo que rápido da análise do
comportamento revela ao investigador que a duração (enquanto uma medida da
permanência e ocorrência de eventos num intervalo de tempo) è considerada tanto
como uma propriedade das condições antecedentos (ox., tempo de apresentação do
ostimulo antecedente) e conseqüentes (ex., tempo do apresentação do reforço), quanto
da própria resposta (ex., tempo de apresentação de uma determinada resposta).
Sendo assim, este segundo uso de conceitos temporais parece ser entendido
em sua relação intrínseca com a contingência, como uma propriedade da mesma; a
propriedade temporal das contingências apareceria como um elemento fundamental
em sua constituição.
Como um corolário desta forma de tratar a relação de contingência em seu
continuum temporal, o papel da história passada segue-se como uma discussão natural;
entendemos que considorar a história passada significa examinar a ocorrência de uma
resposta num momento temporal selecionado como atual, à luz das relações de
contingências envolvidas na emissão de respostas similares em uma unidade espaço-
temporal anterior. Tratar do comportamento dentro do sua unidade histórica parece ser
uma variávol importante para a previsão da probabilidade do comportamento presento
e a possibilidade do inferência da emissão do comportamento no futuro. O autor chega
a afirmar que uma análiso do comportamento seria necessariamente histórica:
“Something is done today which affects the behavior of an organism tomorroWi (AB,
1974, p. 215).° Hayes (1992) apresonta algumas das questões e implicações conceituais
envolvidas no conceito de história passada e de dimensões da temporalidade para a
análise do comportamento.
É interessante observarmos que, intuitivamente, ostos elementos da dimensão
temporal das contingências aparecem desdo os primeiros estudos do autor,
particularmente quando consideramos o responder na sua forma mais tradicional de
descrição: o registro cumulativo;
A Figura 1 apresenta um segmento de registro cumulativo roforente aos
responder de um pombo, em sua segunda sessão sob Esquema de Reforço em Intervalo
Fixo de 3 minutos, onde o reforço era a apresentação do comedouro por um tempo igual
a 5 segundos. Esta figura foi produzida por um registrador cumulativo, aparato de forma
cilíndrica, no qual foram afixados um rolo de papol e uma pena com tinta. Este ap arato
fl írml Alyunm coimn A loitn hojn (|mi nkilit o «xxnpurtMmoiilo <lo um orynnlMtto nmnrihA
10 rrw í fVoixtedHílMií tempofHHt o tfe krinnnklmtn do uomfxrtnmnnto |xxktnt tambóni w tonçudu*. lunlo em mjuh urfgen» fltuu<irWítl(:u)M|iu>n<fc)
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MMÕeS
Figura 1 Niveis de variabilidade (índices U) apresentados por ratos
submetidos ao reforçamento de seqüôncias de quatro respostas de
pressão a duas barras. No grupo LAG 4 a liberação do reforço foi
contingente à diferença da seqüência em relação às quatro anteriores;
no grupo ACO o reforçamento foi Independente da variação dessas
seqüências. O índice U Indica grau de variabilidade ê tanto maior quanto
mais próximo ele for de 1,0 (adaptado de Barba & Hunziker, 2000)
Outra contingência que vem sendo utilizada em estudos sobre a variabilidade
operante estabelece a probabilidade de liberação do reforço inversamente proporcional
à freqüência da seqüência ("reforço dependente da freqüência" ou RDF). Sob osso
arranjo oxporimental, a probabilidade de reforçamento se torna tanto maior quanto mais
eqüitativa for a omissão de todas as seqüências possíveis (Hunziker & cols., 2002;
Machado, 1992; Donney & Neuringer, 1998). Por exemplo, no estudo de Hunzikor o cols,
estudantes universitários foram alocados fronte à tela de um computador onde aparecia
um triângulo vazio, sendo que a tarefa que lhes cabia era encher esse triângulo com 15
desenhos estilizados da face humana ("carinhas"). Para produzir o aparecimento das
carínhas, o sujeito rocebia instruções solicitando que apertasse as tecias Q eP, formando
seqüôncias de quatro respostas. Após cada seqüência, poderia ocorrer uma dontre
duas conseqüências: (1) um som agudo (3.000 Hz) seguido da adição do uma carinha
dentro do triângulo (reforço positivo), ou (2) um som gravo (500 Hz) seguido do
escurecimento da tela por 2 s, durante o qual nenhuma contingência estava om vigor
(liim m it). A probabilidade de reforço para cada seqüência era de 1/16 (ou seja, freqüência
relativa de omissão não superior a 0,0625). Ao longo da sessão, cada seqüência omitida
/vy
J o jjo t
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166 M.irl.i lúli.i Icrrcira Xavifr Ribeiro, IIvlr.i A|nin*tlil,i SlmtV* ilc Ar.iú|o, P.ilrlií.i Rlvoll Rossl
A ospecificidade dos eventos privados consiste na inacessibilidado à observação
pública, quo pode ser momentânea e circunstancial. Tourinho (1999) discute a expressão
"sob a pele”, que podo sor entendida de diferentes modos, ora significa interno, ora significa
inacessívol à obsorvação pública. Quando privado significa interno, a intenção ó discriminar
em quais circunstâncias os eventos do próprio organismo afetam seu comportamento
subseqüente. Em se tratando de privado como inacessível á obsorvação pública, pretendo-se
destacar um aspecto especial desse tipo de ocorrôncia que ó a impossibilidade de ser
observado diretamonte por outros indivíduos. Portanto, 'interno" não coincide com "inacessível
à observação". Tourinho (1999) ainda conclui afirmando que nem tudo quo ó inacessível a
uma observação pública ó interno; o nem tudo que é interno é inacessível á observação
pública direta.
Os ostlmulos privados podem ser originalmente inacessíveis a uma observação
pública direta, porém, om rolação aos comportamentos privados, a origom nunca ó encoberta.
"Todo comportamento ó inicialmente aprendido em sua forma aborta, e só passa a uma
condição oncoberta quando contingências (sodais) apropriadas produzem isso" (Símonassi,
Tourinho & Silva, 2001, p. 134). Finalmento, o comportamonto encoberto ó circunstancialmonto
oncoberto, pois sua acessibilidado varia om função das contingências sociais.
É importante destacar quo os eventos privados não possuem papol causal em um
episódio comportamental, isto ó, não são causa dos oventos públicos (Sério, 2000). As
respostas encobertas não são causas de respostas abertas, ambas são produtos de variáveis
em comum. Atribuir causalidade aos eventos privados é mentalizar contingências
comportamentais.
Para os propósitos psicoterápicos, os eventos privados possuem duas funções
principais; a investigação e a intorvonção. Tais funções foram detalhadas por Dolitti e Meyor
(1995, p. 271-272) e Martins e Tourinho (2000, p. 42).
Na função de investigação, o comportamento do terapeuta assumo função de
antecedente para o rolato de eventos privados quo fomoça ou refira-se a informações que
auxiliarão a análise funcional, o entendimento da quoixa o da história comportamental. Na
função de intervonção, o comportamento do torapouta visará à modelagem ou a extinção de
doterminados eventos privados, sendo o principal alvo o autoconhecimento do paciente -
instalação e ampliação de ropertório discriminado de análise de contingências atuantes om
sua vida.
Quando o sujoito quo produz o conhecimento é também o objoto do estudo, o
autoconhecimento ocorro (Sério, 2000). O autoconhedmonto ó sompro mediado por outros
indivíduos. Uma pessoa saberá mais de si mesma na medida om quo os intoressos quo o
grupo social tem nela sejam mantidos.
O autoconhocimento é um aspecto relevante do ropertório individual, na modida em
que coopera para que o indivíduo faça análise do contingências, sondo osso um poderoso
instrumonto do controle sobre outros repertórios, dontro esses últimos, os que são da vida
social, como a assertividade.
Para Ribeiro (1990, p. 74), a assertividade é uma classo multidimonsional de
oporantos Esta classe envolvo comportamentos vorbais o não vertais o sua omissão tom a
função de criar, manter ou aumentar roforçamonto, om uma situação sodal. Essa dasse do
rospostas consiste na oxpressão do ponsamentos, sentimentos ou desejos, de uma forma
socialmente acoita, quando tal omissão cria o risco de perda de reforçamento ou punição.
Ao considerar a assertividade uma classo de comportamentos. Ribeiro (1990,
p. 74) estabelece como podo sor analisada funcionalmente:
168 lúllci ferrotr.i X.ivlcr Ribeiro, HvImApiirccíd.i Simdcs ilc Ar.iújo, f\itrfclii Rlvoll Rt>s*i
diversas, mas o critério básico para verificar se um determinado tratamento é um
treinamento assertivo é a observação do comportamento alvo: assertividade.
Para Lange e Jakubowski (1977), o treinamento assertivo pode ser definido
como um tipo de treino semi-estruturado, onde a aquisição de habilidades assertivas
ocorre por meio de práticas diretas (por exemplo, exercícios de papel) ou indiretas
(aquisição dada através da observação do modelo).
O treino assertivo ó composto por sessões nas quais são propostas atividades
com o objotivo do favorecer a ocorrência de dotorminados comportamentos,
classificáveis como assertivos, e esses comportamentos constituem-se metas de
aprendizagem. As atividades propostas levam á interação verbal, que pode ser
classificada como referente, ou não, a eventos privados.
O presente trabalho teve por objetivo descrever e analisar, no contoxto do
treinamento assertivo do grupo, interações verbais referentes a eventos privados. Essa
análise levou em conta as categorias de conteúdo, os emissores (facilitadores e
participantes), e a natureza da atividade da sessão.
Os sujeitos deste trabalho foram 6 universitárias ingressantes em curso de
psicologia (participantes), e duas universitárias que freqüentavam a quinta série do mesmo
curso (facilitadoras). O contexto de realização do trabalho foi um Treinamento de Assertividade
proposto como tarefa de ostágio supervisionado, conduzido polas facilitadoras.
Foram analisadas gravações e respectivas transcrições das seqüências de
interação ocorridas em sete de treze sessões de treinamento assertivo. A análise de
apenas sete sessões se deu pelo estado inaudível de seis gravações. Tais gravações
fazem parte do arquivo do Grupo de Pesquisa em Psicologia, na linha de pesquisa
Desenvolvimento de Habilidades Sociais.
As falas dos participantes foram classificadas primeiramente como referentes,
ou não, a eventos privados.
As falas referentes a eventos privados foram classificadas de acordo com o
conteúdo (organizado em categorias verbais). Essas categorias para classificação do
conteúdo foram empregadas por Ribeiro (1990, pp. 104-108). Tais categorias são Inicia
(expressão de opiniões ou informações independentes de solicitação ou sugestão
imediata), Dirige (apresentação de instruções sobre a execução de comportamentos),
Informa (afirmações que expandem tópico anterior, ampliando contribuições de outro
membro), Aceita (afirmação que expressa concordância, satisfação ou prazer com
comportamento do outro), Discorda (afirmação que expressa discordância, irritação ou
desagrado com comportamento do outro), Pergunta (intervenção interrogativa pedindo
informação sobre comportamento, assunto ou procedimento), Responde (afirmação
ligada a pergunta ou instrução feita anteriormente), Corrige (afirmação que indique ao
outro que seu comportamento está incorreto ou inadequado).
Também foram registrados: a) o emissor das falas classificadas como referentes
a eventos privados, b) o emissor da fala que lhe é antecedente e c) o emissor da fala que
lhe é conseqüente. Os emissores foram classificados quanto à sua condição de
participantes (chamados P1 a P6) ou de facilitadores (chamados A e B).
Com tais observações, foi possível verificar freqüências de comportamentos
verbais referentes a eventos privados; a) por emissor, por sessão; b) por categoria de
conteúdo, por sessão; c) categoria do antecedente / categoria do comportamento;
d) categoria do comportamento categoria do conseqüente; e) emissor do antecedente
/ emissor do comportamento; f) emissor do comportamento / emissor do conseqüente;
g) comparadas ao total geral de emissões verbais; h) relacionadas à tarefa da sessão.
10
170 M .iiia lúliti f erreira Xavier Ribeiro, Mvira Aparecida Simões de Araú)o, Patricia Rivoli Ro*si
tnMjiD
*o«»io 10 IMÜ011 m i t o I?
172 M.fr/.i lúliti fenvir.i Xavier Ribeiro, I Ivim Ap.irecúfa Simdes ifi* Araújo, f’.iftfd.i Rivoli Rossf
evento privado pode ser antecedente da assertividade, é preciso que no treinamento
assertivo sejam incluídas situações que aumentem a probabilidado de ocorrência dos
relatos verbais de eventos privados e do reforçamonto destes relatos. Pode ser considerada
meta terapêutica aumentar a freqüência de emissão de relatos verbais de eventos privados.
Dovo-so considorar algumas limitações inorentes à análise ora roalizada. O
fato de se extrair do uma intoração verbal continua recortes reforentos a um tipo do
manifestação - eventos privados, pode sugerir artificialmente maior freqüência de
emissões vorbais do um participante relativamente a outro, que não seria assim
considerada se todo o comportamento verbal nas sossões fosse considerado. A própria
forma original de registro dos dados (gravações de áudio) negligoncia aspectos
rolovantes da interação social, que podem ser os antecedentes ou conseqüentes eficazes
presentes na situação real, como sorrisos, troca de olhares, acenos.
Ainda assim, a análise das interações verbais roferontes a rolatos de eventos
privados mostrou-se relevante ao entendimonto do processo do treinamento assortivo,
e assim pode fornecer elementos para melhoria do treinamonto. Novos estudos devem
considerar a natureza da atividade proposta como condição antecodonto para a emissão
do relato verbal referente a eventos privados o para o fortalecimento de comportarnontos
dos membros do grupo que podem funcionar como conseqüentos para o relato verbal
referente a eventos privados.
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da reflexão teòrlca à diversidade da aolicacâo (pp 13-25) Santo André: ESETec
Tenho certeza que vindo à terapia você me ajudará a lidar melhor com meu filho,
que ostó tão nervoso (Mulher de 32 anos. separando-se do marido e com dois
filhos o “nervoso", de 3 anos, e um bebê de dois mesos, que fica aos cuidados de
uma babá permanentemente.)
Nào acho que (a terapia) resolva, mas o que eu gostaria è que parasse esse
aperto que sinto todo o tempo, e as crises de choro. (Mulher de 33 anos, que
procura terapia, vem à primeira sessão, desmarca a próxima e remarca)
Espero me sentir melhor. Vivo com esse mal-estar hà tantos anos, que tudo que eu
queria era poder sentar-me para Jantar com outras pessoas e não ficar sentindo
que tudo que se fala ó indireta para mim (Homem, 38 anos, diagnosticado pela
famiiia desde os 18 anos como depressivo.)
A pessoa que busca por terapia está sempro rospondondo à presença de
condições avorsivas. Ela detecta que algo está errado, está ruim, e busca no repertório
do terapeuta o "alivio para seus problemas". Portanto, a primeira expectativa sobro
possíveis ganhos terapêuticos está sempre ligada a uma contingência de reforçamento
negativo: esta terapia e este terapeuta podem diminuir ou fazer cessar a aversividade
prosonto om meu cotidiano.
Nesse sentido, queixa e expectativas são apresentadas como uma
continuidade, que deve ser considerada com vistas à investigação torapêutica
subseqüente (César, 2001).
O seguinte excerto de uma primeira sessão torapêutica ilustra este ponto:
Meu marido e eu vivemos em briuas desde auo casamos. Ê verdade, há as
criancas. aue são o lado bom do casamento. Mas iá pensei muito. iá chorei, tá
nedi. iá briguei. Ele nào muda. Vivemos de modo bem independente Quando
vamos sair, cada um vai no seu carro. Assim, p o s s o ficar quanto eu ouiser. passar
onde eu ouiser. Quando bnoamos. falamos em seoarar. Deoois eu üonso: primeiro
qiqqsq ma oroanuar. ü m com minha Lâüauà malhar. Qãnhar malhar, ora entâo
ancarar a vida de mulher seoarada Mas minha cabeca nem semore à boa. Por
i&to aue Ytm aqui.
Que contingências está a Cliente doscrevendo?
Nesto caso, a situação pode sor interpretada da seguinto forma:
Nota
Atendi durante 3 anos uma mulher, que ao me procurar, queixava-se de que não sentia
proximidade afetiva. Apresentava episódios depressivos freqüentes. Ao longo do
processo, esperou ter mais amigos, esperou encontrar um parceiro mais caloroso,
esperou mudar seus irmãos e a relação com a família. Ocorreram vicissitudes, de
ordem material, o ela esperou resolvê-las. Vivenciou a doença e a morte de uma irmã,
e esperou superá-la. Junto com ela, eu também esperei. Esperei principalmente que
ela discriminasse os elementos de seu repertório que favorecessem relacionamentos
calorosos.
A interrupção do processo se deu por motivos financeiros, em um momento em que seu
repertório de intimidade se consolidava.
Aproximadamente um ano depois, recebi dela a poesia cujos fragmentos ilustram este
texto, que ela denominou A uma amiga.
180 Maria lulia f . Xavier Ribeiro, Ana Carla H. iie Oliveira, Ana Realri/ C/. Cosia Rodrigues
problemas suscitados pela alta sensibilidade do ser humano a determinados
reforçadores pode ser a sua indisponibilidade, como ocorre quando alguém se afasta
do uma mesa de comida para não comer em demasia. Outro modo ainda ó tornar o
reforçador tão disponível que ocorra saciação, como se dá em uma fábrica de chocolates
que pormite aos funcionários comerem quanto chocolate desejarem, e isso reduz a
ingestão de chocolate. Mas nem todos os casos permitem ossos arranjos ambientais,
pela remoção física dos reforçadores ou pela saciação. Muitos reforçadores são úteis
ou até indispensáveis á vida humana, outros não são disponíveis de modo a gerar
saciação em todos os organismos para os quais tôm poder reforçador.
Deve-se então agir para modorar seus efeitos. Em suma, pode-se "lidar com
os problemas gerados por um reforçador poderoso simplesmente trocando as
contingências de reforço” (Skinner, 1969/1980, p. 215). Para isso, é necessário que se
conheça as variáveis das quais o comportamento, neste caso, comportamento pró-
ambiontal, ó função.
A rápida modificação do mundo a que se referiu Skinner (1969/1980) ó muitas
vezes, conseqüência da própria atuação do homem. Como afirmam Lehman e Gellor
(2004), se o comportamento humano ó o problema, a Análise do Comportamento pode
oferecer soluções tecnológicas que façam diferença.
Comportamentos pró-ambientais
Comportamonto pró-ambiontal foi definido (Corral-Verdugo & Pinheiro, 1999) como
cuidado e proteção ao meio ambionte, ou seja, comportamentos considerados responsáveis
para a conservação dos recursos naturais e para a manutenção da vida humana. No estudo
do Comportamento Pró-ambiental o principal interesse ó "descobrir quais características
pessoais e quais condições estão associadas a um indivíduo que se mostra responsável
em relação ao meio ambionte" (Corral-Vordugo & Pinheiro, 1999, p. 8). Exige conhecer
variáveis significativas que levom o indivíduo a adotar comportamento pró-ambiental.
Rodrigues (2006) questiona esse modo de definir comportamento pró-
arnb/enfal, que assume como critério o fato de este comportamento gerar conseqüências
relacionadas à preservação ambiental, independente de ser a preservação integrante
das contingências que mantém o comportamento. A autora posquisou os
comportamentos pró-ambientais em um Projeto do Triagem do Lixo. No Projoto, homens
e mulheres desenvolviam atividades durante oito horas por dia, seis dias por somana,
separando resíduos sólidos em categorias para posterior comercialização. Esse
comportamonto contribui, é claro, para a preservação do Meio Ambiento, á medida que
oportuniza reaproveitamento de recursos naturais.
Rodrigues (2006) verificou, entretanto, quo os comportamentos de triar resíduos
sólidos emitidos pelos indivíduos que participavam do projeto eram mantidos pelas
rofeições, salários o cestas básicas fornecidas por esse projeto aos participantes, como
ocorre em qualquor organização de trabalho. Não eram ligados à conservação ambiontal.
Dessa forma sugere-se um segundo critério, mais restritivo que o anterior, no
qual para quo um comportamento seja categorizado como pró-ambiental, além de ter
conseqüências favoráveis à conservação do ambionte, ele deve ser mantido por essas
mesmas conseqüências (Rodrigues, p. 83).
Se, do ponto do vista da análise funcional, essa distinção faz diferença, do
ponto de vista da proteção e conservação ambiental considera-se relevante que
comportamentos que levem à preservação ambiental tenham sua freqüôncia aumentada,
ainda que por conseqüências arbitrárias, e que aqueles que sejam danosos ao ambiente
182 M.irlii lull.i I. Xavier Ribeiro, Ana t'arla U ile Oliveira, Ana Heatrl; (./. Costa Rodrigues
Uma posquisa divulgada em maio do 2006 polo Ministério do Moio Ambionto
(Brasil, 2006) rovolou que ó crescente o número de brasileiros que considoram que
problemas ambientais merecem preocupação. De acordo com essa pesquisa, a
“consciência ambiental" no Brasil cresceu no período entre 1992 e 2006, e essa conclusão
ó basoada om dois resultados encontrados. Primeiro, houve um decréscimo considerável
no número do pessoas que negam a existência de problemas ambientais no seu pais,
cidado, bairro ou rua. Um outro dado om que se baseia ossa conclusão é que o número
do pessoas que roconhocem e citam problomas ambiontais cresceu considoravelmonto.
Porém, osses problomas apontados não são roforidos como ambientais.
Apesar de o desemprego ser apontado como o principal problema do pais,
mais de 60% da amostra acredita que não vale a pena conviver com mais poluição,
mesmo que soja para gorar mais emprego, e que o conforto trazido polo progresso não
é justificativa para a devastação da natureza.
Quando se porgunta sobro quais são os problemas do bairro, entro os dez
maiores problomas, quatro são ambiontais. E dos quatro, três se rolacionam à água: a
falta de rede de esgoto e de saneamento básico, a falta de água e de tratamento de
água, as enchentes, ruas alagadas e inundações. Obsorva-se, então, o roconhocimonto
da relevância da água como elemento ambiental.
Mas o que se está disposto a fazer para ajudar? Ou perguntando de outra
maneira, há disposição para comportar-se de maneira pró-ambiental? Enquanto 65%
das pessoas diz estar dispostas a reduzir o desperdício no consumo de água, o número
roduz-se para 17% quando se trata de participar de um domingo por mês de um mutirão
de limpeza de rios e córregos e cai mais ainda - para 7% - quando a proposta seria
pagar um imposto a ser usado para despoluir rios e córregos.
Isto significa que, embora o resultado final das três propostas implique melhoria
para os recursos hídricos, há muita disposição quando o comportamento pró-ambiental
traz uma vantagem mais próxima ao indivíduo, ou seja, quando a contingência é de curto
prazo. Reduzir o despordício de água, que diminui o custo da conta, tem muito mais aceitação
do que dispor de horas de lazer para melhorar as condições de um curso d'água ou, pior
ainda, de dinheiro extra além do que se gasta para ter a vantagem do consumo.
Baum (1999) destaca o conflito ontre conseqüências de respostas em curto e
em longo prazo. Lembrou o exemplo das sacolas plásticas, quo om curto prazo fizeram
muito sucesso ontre a comunidade americana, por serem adequadas e mais baratas.
Porém a conseqüência de sua disseminação, em longo prazo, foi a poluição do ambionto,
e seu custo real tornou-se muito mais alto porque demandam um sistema próprio para
eliminá-las com oficácia.
Usar sacolas plásticas por sua adequação e preço é ter o comportamento
controlado pelas conseqüências de curto prazo, é ser reforçado de maneira imediata.
Deixar de usá-las, levando para o mercado sacolas reutilizáveis, porque isso é bonéfico
à conservação do rocursos naturais, é ser controlado pela contingência última. O controlo
pelas conseqüências de longo prazo apresenta dificuldados, por sorem postorgadas e
nem sempre definidas com precisão Assim, aumentar a precisão das contingências,
por meio de reforçadores freqüentes e imediatos (contingência próxima) é necessário
para estabelecer a resposta.
Isso nos remeto ao problema levantado por Skinner (1969/1980) e a uma
questão relevante das leis que regem o comportamonto humano, já extensamonto
demonstrada (Skinner, 1953/1970). Nosso comportamento é controlado polas
conseqüências, e somos mais sensíveis às conseqüências quanto mais próximas
elas estão do momento em que nos comportamos.
184 M ariii lullii h X.ivler Ribeira, An<i ('.irl.i B. de Ollvelr.t, A m i lUMlrl? (/. l ‘ost«i Roilrl#ues
seu envolvimento com comportamentos pró-ambientais e 3* quando eles já dispõem
de aspirações ambientais voltadas para problemas de sua comunidade local.
Observa-se, nos trôs casos descritos acima, a importância de reforçadores sociais
para essa classe de comportamento. A aprovação social tem uma função reforçadora em
curto prazo e pode preencher a distância entre a contingência de curto prazo e a contingência
última, para a instalação e manutenção de comportamento pró-ambiental.
Outros aspectos referentes ao comportamento social são relevantes, como a
cooperação e a competição. Uma discussão sobre eles pode ser vista em Ribeiro,
Carvalho e Oliveira (2004).
As dimensões culturais e sociais influenciam os comportamentos quo o indivíduo
emite frente ao ambiente, configurando assim uma reciprocidade dinâmica entre pessoa e
ambiente. Nesse sentido, segundo Skinner (1970), o comportamento do ser humano ó moldado
de acordo com os padrões de um determinado grupo social, quando certos comportamentos
são reforçados ou recompensados e outros são punidos ou extintos. Esses padrões do
grupo, aliados a políticas públicas e econômicas, determinam o repertório comportamontal
de um grupo social, e definindo a ação do homem em relação ao moio ambiento.
186 M uri.i luliii K X*ivicr Ribeiro, An.» t\ir l.i H. de Oliveira, A iw He.ttri/ (./. Cosl.i Roilriflue*
2006b). Instituído por resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente - Conama, o
Proconve teve como principal objetivo reduzir a emissão de poluentes dos veículos
automotores, Para tanto, o programa alia legislação que proibe certas práticas, ao
mesmo tempo que incentiva outras.
Embora a frota de veículos no pais tenha aumentado de 10 milhões para 24
milhões em duas décadas, houve significativa melhoria na qualidade do ar. Em 1986,
quando o programa foi instituído, um carro lançava no ar atmosférico 54 gramas de
monóxido de carbono a cada quilômetro rodado. Hoje, essa quantidade ó de 0,3 gramas,
redução de 99%.
O Proconve impulsionou, por meio de normas de controle do emissão, o
desenvolvimento tecnológico da indústria automotiva, que teve que evoluir e incluir, na
fabricação dos veículos brasileiros, tecnologias que controlassem a emissão de
poluentes. Como conseqüência, o carro brasileiro se tornou mais competitivo em
morcados com legislações ambientais mais rígidas.
Uma conseqüência importante estimada é a economia de US$ 1, 32 bilhão em
gastos com doenças pulmonares, cardíacas e câncer de pulmão. O estudo, que engloba
o período de 1996 a 2005, também mostra quo foram evitadas 14.495 mortes na grande
São Paulo com a implementação do programa, dado que representa um acréscimo
médio de treze anos no tempo de vida da população.
Esses exemplos mostram que comportamentos pró-ambientais, valorizados
culturalmente, geram maior impacto na conservação dos recursos naturais. Ilustram
também que a valorização cultural é de fato controle por contingências, ainda que possa
ser oxprossa por regras. "Compro o produto da empresa X, uma empresa quo respoita
a natureza", diz um anunciante. Tenta assim vender mais, é claro, para indivíduos quo se
comportam, comprando, em uma cultura pró-ambiontal, e assim obter reforçadores. O
princípio do poluidor pagador institui conseqüências aversivas para quem se comporta
contrariamente à prescrição da cultura pró-ambiontal: "se você contaminar o solo, você
deverá fazor ações do reparação e pagar por elas". O consumidor que adquire um
produto avaliado como ambientalmente responsável está fortalecendo classes e cadeias
de comportamentos implicadas nesse modo de produção.
Outro aspecto mostrado pelos exemplos é que as contingências operam,
independente de que o indivíduo cujo comportamento está sendo controlado por ela
tenha disso conhecimento. Até que ponto um comprador de automóveis sabe que
características tecnológicas que uma campanha publicitária descreve como "avançadas"
são de fato resultados de determinações legais? A determinação legal descreve
contingências que controlam o comportamento dos fabricantes de carros, e por isso
tem eficácia sobro o comportamento deles. Já os compradores de carros têm seu
comportamento controlado por outro conjunto de eventos: o preço, características
estéticas e funcionais, publicidade. Ao substituírem um carro de modelo anterior por
outro, amblentalmente correto (em virtude das contingências que operaram sobre o
comportamento dos fabricantes), cooperam com a proteção ambiental. Nesse sentido,
tanto fabricantes quanto consumidores podem ter seu comportamento classificado
como pró-ambiental. O caso do Proconve pode ter passado despercebido à maioria
dos compradores, mas seus comportamentos foram também controlados e parte
dessas contingências.
Finalmente, esses exemplos mostram que os benefícios são compartilhados
pela parcela da sociedade que, muitas vezes sem participar da determinação dos modos
de produção, por estar à margem da cadeia de consumo, é a principal prejudicada
188 M .iriii luli.i h X .iv irr Ribeiro, Ana C.irl.i H. ilo Olivoir.i An«i Hc.itii/ (). Costa Kotingurs
Ao evidenciar as conseqüências do consumo para o repertório individual, para
o ambiente natural e para a vida social, esses autores enfatizam (p.221) a necessidade
de alteração dessa classo de respostas:
Para os indivíduos, c? escolha genuína provavelmente incluiria a escolha do nào
consumir. Todos pracisarào tormr-se exímios em lidar com uma questào-chave.
quanto é demais? As respostas serào diferentes de pessoa a pessoa, porém uma
diretriz que vale a pena considerar ô uma do filósofo chinês Lau Tzu‘ "Saber
quando se tem o suficiente é ser rico".
Vê-se, então que sua proposta prescreve a moderação dos efeitos roforçadores
do comportamonto de consumo, como postula Skinner, e implica a disponibilização do
outros reforçadoros:
Ao cultivar relacionamentos, facilitar escolhas sadias, aprender a viver em harmonia
com a natureza e atender às necessidades básicas de todos, as sociedades
podem mudar de uma ênfase no consumo para uma ônfase no bem-estar. Isso
poderá ser uma tamanha conquista no século XXI, como os tremendos avanços
om oportunidade, conveniência e conforto foram no século XX.
Já houve òpocas na história da humanidade em que a medida do tempo era
feita pelos ciclos biológicos e geológicos, e não por artefatos, mecânicos ou digitais. O
distanciamento das contingências naturais, ao mesmo tempo em que representou
conquistas, trouxe também graves riscos. A tarefa agora ó descobrir como mantor as
conquistas, roduzir os danos já produzidos e evitar novos danos. Ou, na linguagem da
análise do comportamento, como moderar os efeitos reforçadores das conquistas,
para evitar os eventos aversivos ulteriores, e para que os reforçadores sejam disponíveis
aos comportamentos de mais indivíduos, os que se comportam hoje, e os que virão a
se comportar depois de nós, em gerações futuras. Essa é a tarefa da humanidade, o
nola se inscreve a tarefa dos analistas do comportamento.
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190 M.iri,) U/liti Í. Xdvlcr Uibciro, Aiut L\trl,i H. dc Ollveirit, A rut Hc.itru ConUi llodrtftues
Capítulo 17
Relações entre comportamento verbal e
não verbal: ilustrações a partir
de situações empíricas
1A HDloiH Huradntai A» tilunai Remata Codho « FaWmwi Fonaeca ( USP) ■ colaboraç*“ <>* cotola (1b dado» u hMxjtnvAo da» flguraN do
EitiKk) 3
ESTUDO 1
MÉTODO
PARTICIPANTES:
Foram selocionados quatro participantes de nível universitário, de idade entre
27 o 34 anos, moradores da cidade de São Paulo.
Os participantes foram agrupados om duplas, a fim de favorecer a omissão de
respostas verbais públicas durante o jogo que, de outra forma, poderiam manter-se
privadas.
192 M.iri.i M.irth.i Cosl.i I liibner, P.iol.i f ípósito de Almeid.i, IVdro Hordinl I .ilelros
Uma das duplas (AB) foi submetida à condição experimental, enquanto a outra
(CD) foi submetida à condição controle.
LOCAL
Sala confortável e silenciosa, com trôs cadeiras o uma mesa, onde foi disposto
o tabuleiro do jogo.
MATERIAL
Jogo de Senha Mastermino, (Grow).
Gravador de fita cassete, para registro e reprodução das respostas verbais dos
participantes.
Máquina digital Mavica (Sony), para registrar o tabuleiro de jogo após a conclusão
das partidas.
Folha de respostas, onde foram registradas as respostas verbais dos
participantes das duplas às perguntas formuladas pelo pesquisador.
PROCEDIMENTO
Em uma única sessão, o experimentador e uma dupla do participantes se
encontraram para jogar seis partidas de Senha, com intervalos de até cinco minutos
entre cada partida.
Durante o jogo, os participantes deveriam completar uma seqüência do pinos
idêntica à seqüência oculta arranjada pelo experimentador. Para isto, deveriam selecionar
quatro pinos, entre sete diferentes cores, e colocá-los no tabuleiro. Ao final de cada
tentativa arranjada pelos participantes, o pesquisador apresentava até quatro peças
brancas ou pretas, que descreviam o desempenho da dupla naquela tentativa. Para
cada cor que os participantes acertavam sobre a seqüência oculta, uma peça branca
era colocada no tabuleiro A cada vez que os participantes acertavam a cor e a posição
de um pino, uma peça preta era colocada. Quando nenhum pino era colocado, os
participantes não haviam acertado nem a cor nem a posição do nenhuma das peças.
Não existia ordem para a colocação dos pinos brancos e pretos. A presença ou a
ausência dos pinos podia, então, funcionar como dica verbal, ou descrições de
contingências de reforço mantidas no jogo, do tipo "SE... você repetir uma das cores (ou
posições) desta seqüência..., ENTÂO poderá ganhar o jogo". Pode-se dizer ainda que
os pinos poderiam funcionar também como estímulos reforçadores condicionados,
que aumentavam a probabilidade das respostas dos participantes que os produzissem.
A fim do garantir o mesmo grau de dificuldade no inicio das partidas, em todas
as fases, o experimentador arranjava não apenas a seqüência-oculta, mas produzia
também um primeiro arranjo de seqüências a ser seguido pelos participantes. Assim,
todas as partidas da dupla de participantes eram iniciadas após uma primeira
combinação de cores arranjada pelo experimentador, que produzia sempre um pino
branco e um pino preto como dicas sobre a seqüência oculta. O participante passava,
então, a ter nove tentativas para chegar à seqüência oculta e não mais dez como nas
regras originais do jogo.
Em todas as partidas, uma cor (AZUL) foi eleita pelo experimentador para estar
presente tanto na seqüência oculta, como na primeira seqüência de tentativas entregue aos
participantes. Ainda que o pesquisador pudesse alterar, a cada partida, a posição da peça
azul na seqüência oculta, a peça sempre aparecia em posição idêntica na primeira tentativa
arranjada pelo experimentador, produzindo o pino preto da primeira sinalização disponível
194 M aria M iiitlk i Costa I lübner, Paola Cspósilo de Alm eida, IVdro Hordini Caleiros
de uma comparação do número de tentativas para completar a tarefa nesta e nas outras
fases do experimento. Continuaram sendo registradas as seqüências não verbais e as
respostas verbais espontaneamente declaradas pela dupla durante a partida.
Fase Experimental III - Formulação de dicas verbais sobre a função da cor azul.
Antes do inicio da sexta sessão, o experimentador entregava aos participantes
uma folha contendo a seguinte pergunta "O que se mantevo igual om todas as partidas
do jogo?" Os jogadores deveriam responder a pergunta antes do início da sexta partida.
Novamente, as tentativas necessárias para completar o jogo durante a partida foram
registradas, assim como as seqüências não verbais e as respostas verbais
espontaneamente declaradas pelos participantes durante o jogo. A manipulação
pretendia avaliar se a dica verbal fornecida polo experimentador poderia favorecer a
formulação da regra sobre a peça azul, que se mantinha sempre na posição correta em
Iodas as partidas - o que poderia facilitar a conclusão do jogo.
Fase controle
Durante as três últimas partidas da dupla CD, nenhuma descrição verbal
sobre as contingências do jogo foi solicitada ao participante ou vocalmente fornecida
pelo experimentador. A condição controle pretendia avaliar se eventuais melhoras no
desempenho dos participantes durante as partidas poderiam dever-se ao efeito do
treino e exposição dirota às contingências do jogo, o não à solicitação direta de dicas
verbais durante as fases experimentais. Após as três últimas partidas, o experimentador
fazia aos participantes da dupla CD as mesmas perguntas respondidas pelos
participantes AB durante a condição experimental, descritas acima.
Tentativas do participante
O o O < Seqüôncia-oculta
(azul, verde, rosa, laranja)
Figura 1. Exemplo do tabuleiro apresentado ao participante no inicio do jogo
— Dupla AB
Dupla CD
1 2 3 4 5 6
Figura 2. Número de tentativas da dupla de participantes AB e CD durante a Linha de Base (partidas
1-3) e Fase Experimental (partidas 4-6, dupla AB ) ou Controle (Partidas 4-6, dupla CD). No eixo X
estâo as partidas realizadas e no eixo Y estão os números de tentativas para a solução ou término
da partida.
196 M .iri.i M .irtlni Costii I lübner, P.iol.i íspósito ile Almeida, Pedro Rordim hileiros
Os demais resultados das duplas do participantes AB e CD serão descritos
separadamente. Uma seleção do trechos do algumas partidas pretende elucidar a
discussão sobre o controle das respostas verbais sobre as não verbais, e vice-versa.
Corno dito antes, uma análise das respostas vorbais dos participantes indica
que as contingências mantidas no jogo estariam sendo descritas já nas três primeiras
partidas, antes da apresentação das solicitações do experimentador.
Na primeira partida da dupla, por exemplo, um dos participantes declara a
necessidade de formular uma estratégia sobro como selecionar as peças do jogo:
Participante B - Ai, nâo vai na louca. Vamos criar uma tose.
Participante A - Que tese o escambau Agora è fácil A gonte já sabe que sáo
ossas cores.
Participante B - S e você for repetindo essas cores até o final, tôm n possibilidades.
Participante A - Nem tanto. Entâo tá, qual está certa?
Participante B - Assume uma certa.
I98 Murki M.irtl),i Cosl.i I lülmer, l\iol.t Ispóslto de Almeid.i, Pedro Rordlni I .ileiros
PB - Entào qual que a gente errou aqui? Vamos pensar de uma outra visão. Qual
a gente errou?
200 M.iri.i Miiitlhi (,'ost.i I lübncr, l\it>l«i I spósilo tlc Almciil.i, IVdro Hordini I dlciros
Em síntese, o desempenho dos participantes parece sugerir que o controle de
respostas verbais sobre não verbais, e vice-versa, ocorre gradualmente, sofrendo a
interferência de diferentes fatores, como a história prévia dos participantes em situações
semelhantes, a presença e as características do agente Instrucional (no caso, a
pesquisadora), ou a presença de outros fatores que possam punir a formulação da regras.
( í sinalização)
PD- Então o verde...
PC- Mas por que você acha que é o verde? Pode ser o azul e o vermelho.
PD- Não, porque não tem duas cores aqui? A gente acertou duas cores de novo.
PC- Tira uma de lugar. A gente sabe que o lugar nâo è esse, porque senão ele
seria repetido aqui... Vai na sua intuição. Você acha que é verde?
Sexta partida
(Primeira sinalização)
PD -Amarelo.
PC- Verde? Não sei se essa ó uma estratégia inteligente. A gente troca metade do
jogo de uma vez. Precisa de mais uma pra saber qual 6 de verdade. Mais duas, na
verdade.
M .ir iii M .ir th .i C'osl,i I lü bn cr, l\io lii f spósllo tie A lm e id .i, Pedro Ilo rd in i K ileim s
Como indica a resposta à última pergunta (Fase III) a função da peça azul como
peça na posição correta não foi, em nonhum momento, descrita pelos participantes.
Uma análise das verbalizações espontâneas emitidas por eles durante as seis partidas
indica a ausência do controle da condição programada pelo experimentador (peça azul
sompre na mesma posição) sobre o comportamento vorbal e não verbal dos participantes.
Tal como para os participantes da dupla AB, a presença de uma rogra anterior
sobre a situação de jogos fica evidente na segunda partida:
PC - Temos um lugar e uma cor
PD - Vamos chutar aleatório... Verde
PC - Ela nâo iria repetir a mesma cor, a nfío ser que ela quisesse enganar muito a
gente
O dado permite supor que, novamente, a presença de uma regra prévia sobre
as contingências mantidas em outros jogos, poderia ter dificultado a descrição de uma
nova contingência, em que uma cor se repete propositadamente na mesma posição.
ESTUDO 2
Pesquisas experimentais baseadas no jogo dilema do prisioneiro (Prisoner's
Dilemma) têm sido alvo de investigação desde a década de 60 (ex. Rapoport e Chammah,
1965). Para Reboreda e Kacelnik (1993), este esquema é interessante devido ao conflito
entre o comportamento que leva a uma média máxima no reforçador a longo prazo
("cooperação mútua") e o comportamento que dá a possibilidade do reforçamento máximo
a curto prazo ("delatar" dá um ganho Imediato maior se o parceiro “cooperar" ou "delatar").2
Em uma simples tentativa no Dilema do Prisioneiro, "delatar" sempre é uma
estratégia que pode produzir maior ganho do que cooperar, além de evitar obter um
número reduzido de ganhos. No entanto, os mesmos dois indivíduos podem se encontrar
mais do que uma vez. Então, a situação estratégica torna-se um dilema do prisioneiro
repetido (Interated Pisioners Dilemma Game - IPD).
Uma estratégia estudada no jogo dilema do prisioneiro repetido é a TIT-FOR-
TAT (TFT). Esta expressão pode ser traduzida como "toma lá e da cá" ou "pagar na
10 tornio "cooperar a 'dalatar" M rio uMIzado* aqui com baaa na tamilnoíogla «ntpf»Qada no |ogo riitana do priaJonutro o nflo com b«wt
noa princípios do comportamonto opefanlu
204 M.iria Miirth.i Co*l.i I lübner, Puola Kspóslío tic Almeida, 1’cdro Uimlml l.ileiros
mesma moeda". Na estratégia TFT, em uma tentativa se o jogador “A" optar por cooperar,
om uma tontativa, na próxima tontativa o jogador HBMemitirá uma reposta reciproca
também cooperativa. Se o jogador "A" delatar em uma tentativa, o jogador “B" também
emitirá uma resposta reciproca de delação na próxima tentativa.
JOGADOR A
COOPERAÇÃO TRAIÇÃO
COOPERAÇÃO
TRAIÇÃO
Figura 3. Escolhas e resultados do jogo do Dilema do Prisioneiro Cada jogador tem duas alternativas
("cooperação" e “delação") Quando A e B cooperaram, ambos ganham 3 pontos cada A ganha 4
pontos quando "delata” e B "coopera", não recebendo nenhum ponto Esta relaçáo de pontos se
reverte quando B “delata" e A "coopera" Quando os dois escolhem delatar ambos recebem um ponto.
MÉTODO
PARTICIPANTE
Uma estudante universitária, com 21 anos do idade, foi submetida ao jogo diloma
do prisioneiro. A participante estava no último poríodo do curso do letras com ênfase na
língua inglesa. O conhecimento om lingua inglesa ora um critério do inclusão na pesquisa,
pois as informações contidas no momento do jogo estavam programadas na língua inglesa.
EQUIPAMENTO E MATERIAL:
O equipamento utilizado foi um microcomputador AMD-ATHLON com monitor
Sansung com 17 polegadas e um teclado. Uma cartolina preta cobria as teclas do
computador, deixando visível para a participante, somonte as que ela usaria para o jogo.
( "barra de espaço”, “enter" e "Q").
O software utilizado foi o PSYCHOLOGY ON A DISK: Interactive Actvities for
Psychology 4.0®. Há neste software 14 tipos de atividades voltadas à aprendizagem do
conceitos básicos om Psicologia. A atividade utilizada no presente experimento foi o
programa donominado Cooporação o Competição (Cooperation and Competition).
Figura 4 Répttca traduzida para o português das tnformaçOes apresentadas na teta para a participante
experimental, antes do inicio do jogo.
206 M.iri.i M.irlli.i C'ost.i \ lübner, P.iol.i |-sp4*ito de Almeld.i, Pedro Hordinl I .ilelros
A tentativa torminava quando no quadro no alto e ao centro da tola indicava o
número de tentativas restantes. No inicio da sessão o número 12 era apresentado
neste quadro, indicando o número de tentativas que a participante teria para obter a
meta de 30 pontos. Na medida em que as tentativas iam ocorrondo o número decrescia
até chagar a zoro. Acima do contador da participante, havia ainda o número do pontos
(META=30) que ela tinha quo obtor nas 12 tentativas.
A participanto poderia cancelar a sessão a qualquer momento, clicando a tecla
"Q" Esta opção foi considerada no presente exporimento, pois a participante poderia no
decorror da sessão cornotor algum tipo de erro ou discriminar a estratégia do jogo no
meio da sessão o optar por cancelar a sessão. Caso ela abortasse a sessão, a pontuação
seria aquela obtida ató a última tentativa antes da sessão ser cancelada.
Após a exposição às 12 tontativas de cada sessão ora apresentada á participante
uma informação na tola indicando término da sessão. As sessões duravam em média
de um a dois minutos. Este tempo foi diminuindo no docorrer do experimonto, devido à
familiaridade da participante com o jogo. Ao fim de cada sessão era entregue a
participante uma folha que solicitava que ele respondesso qual tinha sido a estratégia
utilizada para que ela obtivesse o maior número de pontos.
A participante foi submetida a duas fases experimetais: linha do baso (3 sessões)
e instrução em prol da cooperação (9 sessões). Cabe salientar, que na segunda fase
houve très tipos de instrução pró cooperação, devido ao padrão de respostas verbais e
não verbais da participante por escolher mais por "delatar" do que “cooporar"
Resultados e discussão
Os resultados serão apresentados em gráficos e serão apresentados os
dados obtidos durante as sessões da primeira e segunda fase para a
participante e para M.W.
No gráfico estão apresentadas as porcentagens do escolhas "cooperativas"
feitas pela participanto, nas sessões a que foi submotida durante o exporimonto. As trôs
primeiras sossões referem-se á linha de base. As sessões de 4 a 9 roforem-se a
sogunda fase na qual foram dadas instruções om prol da cooperação. As linhas
tracejadas indicam o momento em que as instruções foram dadas. Ao todo trôs tipos
diferentes de instrução em prol da "cooperação" foram disponibilizadas à participante.
A porcentagem de escolhas por “cooperação" variou ontro as sessões. Nas
trôs primeiras sossões (linha de base) não houve um padrão estável na porcentagem
do oscolhas cooperativas. Na segunda fase do experimento (instruçâo-cooporação),
quando houve instruções prol da "cooperação", a variação dependeu do tipo do instrução,
nâo havendo também um padrão estável na porcentagem das escolhas.
A variação das ocolhas "cooperativas", segunda faso, podo ter ocorrido polo fato
de sorom diforentos uma das outras. Entretanto, o acesso à própria pontuação e a
pontuação do outro teve um papol fundamental nas escolhas envolvendo instrução.
Para atingir 100% de escolhas "cooperativas" era necessário fazer 12 oscolhas
em DAR 3 PARA O OUTRO Se a participante escolhesse nas 12 tentativas por "cooporar",
208 M.iri.i M.irth.i f lülmcr, l\tol<i I spmjto do Almoid.i, 1'cilro Rordlnl I .ilelros
ela obteria 36 pontos. Cabe ressaltar, que a meta a ser atingida em cada sessão era de
30 pontos. Para atingir esta meta bastaria a participante escolher 8 de 12 tentativas, a
opção DAR 3 PARA O OUTRO, que ela obteria 31 pontos (66.6% de escolhas
''cooperativas"). (Ver tabela 3)
SESSÕES
Figura 5 - porcentagem das escolhas “cooperativas" feitas pela participante em cada
uma das sessões realizadas.
O númoro máximo possivel de ser obtido em cada uma das sessões era de 37
pontos Caso a participante escolhesse nas 11 tentativas por “cooperar" e na última por
"delatar" (DAR 1 PONTO PARA MIM), ela poderia obtor 37 pontos no final da sessão. Na
última tentativa o computador faria a escolha conforme a escolha da participante na
penúltima tentativa (N+1). A escolha da participante por "cooperar” na 11a tentativa,
produziria uma escolha “cooperativa" do computador na 12* tentativa. Portanto, na 12“
tentativa a participante poderia ganhar 4 pontos. No ontanto em nenhuma das 9 sessões
em que a participante foi submetida, a quantidade de pontos chegou a 37.
A obtenção de 37 pontos em uma sessão produzia um valor máximo de ganhos
à participante. Porém esta pontuação máxima nâo significava 100% de cooperação.
Escolhas por sempre cooperar produziria no máximo 36 pontos. A tabela 3 mostra o
número de tentativas escolhidas de "cooperação" e “delação" e o número máximo de
pontos obtidos em cada uma das 9 sessões que a participante foi submetida.
N
°DÈTEN
T
o' C
OOPERAÇÃO'p W PONTOS
sessA j OBTIDOS
I 1* 5 7 25
f *j 2« 7 5 29
3* 1 11 17
4" 8 4 31
5" 0 12 15
il e* 1 11 17
11 - 7* 4 8 23
2* 8* 3 9 21
9* 12 0 38
210 M.iriit Miirthii Coshi I lübncr, P.iol.i tspósito ilc Almeidu, Pedro Rordini hilelros
Analistas do comportamento (Reboreda e Kacelnik, 1993; Green, Price e
Hamburger, 1995; Silverstein, Brown e Rachlin, 1998; .Baker e Rachlin 2001; Stephens,
Mclinn e Stevens, 2002; Vi e Rachlin, 2004) têm demonstrado o efeito de estímulos
antecedentes e conseqüências na promoção da cooperação no jogo dilema do
prisioneiro repetido, quando a estratégia jogada ó TIT-FOR-TAT.
A quarta sessão foi a primeira da 2" fase a ser realizada, a participante obteve
31pontos, "cooperando em 8 tentativas (66.6%), atingindo pela primeira vez a meta que
era de 30 pontos.
Provavelmente a instrução em prol da cooperação, apresentada antes da
sessão teve efeito sobre a escolha da participante. Nesto caso poderíamos dizer que a
instrução teve uma função discriminativa sobre o comportamento de escolha pela
“cooperação" da participante. Ela passou a optar mais por dar pontos a M.W. que dar
pontos a ela. Porém, novamente a participante estava sob controlo de ganhar mais
pontos que M.W. O relato da participante após a sessão, ao responder a pergunta foi:
"Primeiro eu teclei DAR 3 PARA O OUTRO, porque eu achei que dando três pontos, eu
iria ganhar mais pontos do que M.W. Mas eu vi que estava empatando o jogo, então só
teclei na opção DAR 1 PARA MIM, pois só assim eu acumulava pontos."
No relato acima, a participante mostrou qual foi a sua estratégia para obter
pontos, porém ela estava esquivando do empate com M.W. O importante ainda era obter
mais pontos que M.W. A participante estava mais sob controle desta auto-regra e é claro
das conseqüências imediatas em dar pontos a ela e obter mais pontos que M.W, do que
a regra proposta pelo experimentador, mesmo alcançando a meta proposta.
Torgrud e Holbom (1990) e Amorin (2001) afirmaram que o comportamento
verbal tem efeito sobre o não verbal quando as conseqüências que controlam o não
verbal são fracas ou não discriminadas. Quando as conseqüências do comportamonto
não verbal são opostas às conseqüências descritas pelo comportamento verbal o as
conseqüências do comportamento não verbal são fortes e discrimináveis, o
comportamento verbal não tem efeito sobre o não verbal.
Em uma revisão considerando os estudos realizados com objetivo de investigar
o efeito do comportamento verbal sobre o não verbal correlacionado, Amorin e Andery
(2002) fizoram a seguinte afirmação:
Maria Marlha C\wta I lübner, P.10I.1 tspósito tic Almeida, Pedro Bordini hilriros
vorbal sobre o não verbal podem ocorrer dependendo da forma om que a instrução é
dada e do efeito de outros estímulos discriminativos que ocorrem concomitante a esta
instrução, além do efeito das conseqüências.
Os estudos realizados por analistas do comportamento têm enfocado ou
caractoristicas dos eventos antocedontos ou dos eventos conseqüentes. Novas
pesquisas podoriam investigar os efeitos de ambos ao mosmo tempo, alterando valores
das consoqüências e as formas das instruções. Este estudo também apresenta
contribuições para o estudo dos efeitos do comportamento vorbal nos padrões do
escolha no jogo dilema do prisioneiro, revelando o poder da instrução clava e precisa,
quo doscreve o desempenho esperado.
Os estudos envolvendo o jogo do diloma do prisioneiro, realizados por analistas
do comportamonto, não têm focado no efoito de instruções ou regras sobre as escolhas
entro 'cooporar o "delatar",Perguntas ainda restam, com base nos dados obtidos no
Estudo 2, como por exemplo: Qual seria o padrão de respostas da participante caso
houvesse um número maior do tentativas nas sessões? O quo ocorreria se o aceso a
pontuação do outro fosse retirada no decorrer das sessões? o estudo 2 possibilita uma
discussão para que novas pesquisas nesta área possam ser realizadas.
ESTUDO 3
Instigadas pelas descobertas rolativas aos efeitos de comportamonto verbal
sobro o não-verbal, Hübnor o Dias (2002) realizaram um estudo om que pretendiam
vorificar, om uma situação considerada mais "natural" (uma conversa fluonte entre duas
pessoas), as possibilidades de mudança no hábito de ler de algumas crianças que
apresentavam baixo interesse pela leitura. Para tanto, empregaram o reforçamento
diferencial (aceno de cabeça, sorriso, elogio) de falas com autocllticos qualificadoros
positivos sobre a leitura ( falas pró- leitura ). Os resultados obtidos indicaram que, após
as sessões de reforçamento diferencial das falas pró- leitura, os participantes
aprosentaram aumento no tempo de dedicação à leitura. As autoras concluíram quo o
comportamento não verbal pôde ser modificado em sua freqüência pelo reforçamento
do comportamento verbal favorável a ele.
Neste sentido, o Estudo 3 tem como base o experimonto de Dias & Hübner
(2002), Hübnor (2003), verificando o efeito do comportamonto verbal sobre o não-verbal.
O comportamonto a ser modelado no prosente oxporimento, entretanto, diferentemente
do de Hübner e Dias, ó a prática de exercícios físicos. Nas sessões de reforçamento
diferencial foram reforçados tacUfc^ualificadores positivos sobro exercício físico,
enquanto nas sessões do oscolha de afividades foi observada a froqüôncia com quo a
prática de exercício físico foi escolhida em relação a outras atividades, observando-se,
assim, o ofeito do comportamento verbal sobre o não-verbal.
A pergunta que direcionou o experimonto foi se o procodimonto de reforçar
diforencialmente a fala na direção de obter verbalizações que descrevam as
conseqüências positivas do se fazer exercícios físicos possuem ofeitos semelhantes
àquolos observados na pesquisa de Hübner e Dias (2002), ou seja, se o dizer tom
conseqüências diretas sobre o fazer.
LOCAL
A colota do dados ocorreu em dois ambientes: em uma sala semelhanto a uma
sala do estar, com duas poltronas, em que o experimentador e o participante sentavam-
se fronte à fronte, e orn uma sala adjacente a um espelho unidirecional, especialmente
montada para as sossõos experimentais.
ESQUIPAMENTO E MATERIAL
Os participantos foram observados em ambos os ambientes através de uma
máquina filmadora VHS.
Na sala do ospolhos, havia um sofá, uma bicicleta orgométrica, colchões para
a prática do exercícios, halteres, uma televisão, um videocassete, um vídeo foito por
uma professora de Educação Física e revistas.
PROCEDIMENTO
Os participantes foram selecionados segundo o critério anteriormente descrito,
o convidados a participar da pesquisa o solicitados a lorom a Carta do Informação e
preencherem o Termo de Consentimento Livre e Estabelecido segundo determinação
do Ministério da Saúde, resolução 198/96.
O procedimento foi composto pelas seguintes fases:
Fase I- Linha de Base
Esta etapa tovo como objotivo obsorvar a escolha dos participantos por atividades
relacionadas à prática de exercício físico em rolação a outras atividados. Consistia na aprosontação
de trôs situações de escolha, sendo duas delas práticas sedentárias e uma, não.
As atividades que podiam ser executadas pelo participante nas sessõos
exporimentais eram : 1) ler revistas sobre assuntos diversos que não estivessem
rolacionados a atividades físicas; 2) assistir a urn vídeo sobre oxercicios físicos; 3)
roalizar atividade física; 4) assistir vídeos de entretenimento; 5) ler apostilas instrucionais
sobre origami; 6) fazer origami; 7) combinar quaisquor destas atividados.
Os pesquisadores iniciavam a sessão dizendo ao participanto:
"Aqui você tem a possibilidade de fasor algumas atividades. Aqui, nossa estante, há
várias revistas Se você quiser ler, pode ler Aqui tem vários videos (ler o nome dos
videos). Tem musical, seriados, desenhos... Se você quiser, vocô pode assisti-los
Há também fitas sobro exercício físico. Se você quiser, você pode fazer os exercidos
aqui (aponta os colchões e a bicicleta) E também há revistas do origami. Têm
papéis aqui (aponta a mesa) se você quiser fa/er origami Você também pode
combinar quaisquer destas atividades ou mudar de uma para outra. Vocô vai ficar 10
minutos aqui Durante esse tempo, você pode fa/er o que você quiser"
Os comportamentos dos participantos eram registrados por uma câmora de
vídoo o também havia experimentadores registrando as oscolhas "atrás do espolho",
bom como sua ordem de escolha, caso mais de uma atividade fosso executada.
214 M .ul .1 M.irtlhi ('ost.i I lübncr, hiol.i I spóslto ile AlmcliLi, lYdro Horillnl I .ilolrus
Cada sessão durava aproximadamento 10 minutos, existindo tolerância de um
tempo extra, caso os participantes ainda estivessem realizando alguma atividade. As
sessões eram individuais e ocorriam tantas vezes quanto fossom necessárias, de
forma que se verificasse uma estabilidade na Linha de Base. Por estabilidade, nesse
caso, definiu-se que o participante apresentasse, em trôs sessões consecutivas, a
oscolha de quaisquor atividades excetuando-se a atividade física, ou que nessas três
sessões o participante ficasse apenas 20 sogundos realizando exercício físico.
Era registrado om cada sessão o tempo em quo os participantes
permaneciam ongajados em cada atividade .
Resultados e discussão
Ambos os sujoitos (P1 e P2) não omitiram o comportamento de fazer exercícios
físicos, soja na Linha de Base, soja após as sessões do reforçamento diforencial das
falas positivas sobe as atividades físicas.
Podo-se considerar, observando as Figura 5 o 6, quo não houve 100% do
reforçamento das falas positivas nas sessões de reforçamento diferencial, o que pode
ter influenciado na não emergência de atividade fisica na Fase de Pós Testo 1. Em
outras palavras, para algumas falas positivas sobre o exercício físico não houve
reforçamento por parte do experimentador. Para P1 isto ocorreu 40% das vezes na
primeira sessão e 20% das vezes na terceira sessão. Para P2 o não roforçamento das
falas positivas sobre exercícios físicos ocorreu, em média, 50% das vezes.
Na etapa de Instrução Completa, notou-se um aumento da freqüência de
exercícios fisicos, para os dois participantes ( P1 passou a sentar na bicicleta ergométrica,
assistir videos de ginástica e P2 já permaneceu 100% do tempo alongando-se).
Na etapa de Instrução com anúncio de contingência não verbal, ambos os
participantes permaneceram 100% do tempo realizando atividados físicas.
Os resultados indicaram que o reforçamento diferencial do comportamento
verbal não foi suficíonte para que o comportamonto não verbal relacionado omorgísse.
Foi aponas após a fase de instrução completa e da que anunciava a liberação do
roforçadores não verbais generalizados contingontes ao fazer exercício físico quo este
comportamento ocorrou.
O controle discriminativo o contingências não verbais oxistontes em relação à
atividade física (por exemplo, o alto custo da respostas de so exorcitar em uma sala
poquena, com baixa ventilação o pessoas obsorvando) pode ter predominado sobre o
controle verbal que 3e esporava conseguir com o reforçamento diforoncial dos autoclíticos
qualificadores positivos. A instrução, ontretanto, mostrou-se condição suficiente para
que o comportamento não verbal emorgisse, sendo mais poderosa quando anunciou
conseqüências com roforçadores generalizados poderosos.
216 M ari.i M .irfh .i Cost.i I lübucr, l\io l.i I spóslfo ilc A lm elil.i, IVtlro Honlini I .iloiros
120,0%
| 40,0%
f 20,0%
|§ 0 ,0%
Sessão 1 Sessão 2 Sessão 3 Sessão 4
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Intervenções preventivas
Tendo om vista que dos transtornos montais o TEPT é o que mais claramente
se identifica o fator desencadeante da primeira manifestação, pode-so pensar em
intervenções preventivas, ou seja, após a exposição a um trauma as pessoas passariam
por um procedimento de intorvenção para quo não desenvolvessem a patologia.
Antes de iniciarmos a discussão sobre o quo existo na literatura sobre intervençõos
provontivas psicossociais para o TEPT, achamos prudente esclarecer o conceito de
provonção focado no toma om quostão. O fato de intorvenções voltadas a indivíduos já
expostos ao trauma e muitas vezes sintomáticos pode deixar algumas pessoas confusas
sobre o por quo isso está sondo chamado de prevenção e não de tratamento. Realmente,
a forma mais eficaz de prevenção é aquela que chamamos de provonção primária e neste
caso consistiria om modidas quo diminuíssem as chances dos indivíduos ontrarem om
contato com situações traumáticas como, por exemplo, oducação de motoristas,
campanhas do direção provontiva e modidas para diminuição da violência.
Dentro da torminologia médica, uma voz que a exposição ao trauma ocorrou, já
não podemos falar em prevenção primária. Por outro lado, o tratamento só seria um
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Conseqüências Psicológicas
O sor humano, cronicamento estrossado, aprosenta cansaço montai, dificuldade
do concontração, perda do memória imediata, apatia o indiferença emocional. Sua
produtividade sofre quedas e a criatividade fica prejudicada. Auto-dúvidas começam a
surgir devido à percepção do desempenho insatisfatório. Crises do ansiedade o humor
depressivo se seguem. A libido fica reduzida e os problemas de ordem fisica se fazom
presentes. Nestas condições, a qualidade de vida sofre um dano bastante pronunciado
e o ser humano so questiona se algum dia será de novo foliz.
Conseqüências Sociais
Uma sociedade saudável e desenvolvida requer a somatória das habilidades
dos seus cidadãos. Se o stress está muito alto no pais, ou na comunidade, os adultos
podem se tornar frágeis, som resistência aos embatos o dificuldades da vida. A possoa
estressada lida mal com as mudanças porque sua habilidade de adaptação está
envolvida inteiramente no combate ao stress. Em um pais em desenvolvimento como o
nosso, onde as mudanças ocorrem em todas as áreas com uma rapidez surpreendente,
aqueles que estiverem incapacitados para lidar com mudanças, certamente não poderão
fazer uma contribuição para o sucesso do país e o bem estar de sua população. Adultos
rosistentes, capazes de pronta adaptação, quo possam pensar do modo lógico e não
estressanto nos momentos mais difíceis de modificações sociais, econômicas, óticas,
políticas e filosóficas são do importância impar no âmbito da sociodade no geral.
Pelas suas conseqüências sociais, a importância que o combate ao stress
assume é de grande relevância em nível de campanhas educativas o preventivas no
âmbito nacional. Reconhecendo esta relevância, foi que a Câmera Municipal de
Campinas através da Lei N° 12.369, publicada no Diário Oficial em 23/09/2005, instituiu
o dia 23 do setombro como Dia Municipal do Combate ao Stress. Existom projetos om
andamonto que pretendem instituir o Dia Estadual e o Dia Nacional de Combate ao
Stress no Brasil.
Tipos de stress
A roação do stress pode ter sua ontogênese em uma série de estímulos, eventos
ou situações do naturoza muito diferonciada, dosignadas de estressores. Um modo de
classificar os estressores ó ontre extornos e internos. Os primeiros são ovontos ou
condições externas que afetam o organismo. Eles indepondom, muitas vezos, das
características ou comportamento da pessoa, como, por exemplo, mudança do chofia,
mudanças políticas no país, acidentes o qualquer outra situação quo ocorra fora do
corpo e da mente da pessoa. Já os estressores intomos são doterminados
completamente pelo próprio individuo. Eles se constituem do modo do sor da possoa,
so ola ó ansiosa, se ela ó tímida ou depressiva ou se tem distúrbios psicológicos.
Outros oxomplos de estressores internos são: crenças irracionais (Ellis, 1973), Padrão
Tipo A de Comportamento (Hilton & Rotheilor,1991), falta de assertividade e dificuldade
Stress ocupacional:
Várias profissões já foram pesquisadas o foi identificado quo diferentes
ocupações goram níveis de stress diferenciados chogando até a 70% de pessoas
estrossadas em amostras, por exemplo, do juizes do trabalho (Lipp & Tanganelli, 2002).
Verificou-se tambóm quo o índice de stress entro pessoas quo ocupam cargo de chofia
em São Paulo subiu de 40%, om 1996, para 49% om 2004 dontro os 95 indivíduos que
foram avaliados (69 homens e 26 mulheres). Analisando por gènoro, verificou-se quo
32% dos homens e 46% das mulheres da amostra possuía sintomas do stress. No
que se reforo a estudantes, na época do vestibular o índice de stress chega a 45%
entre mulheres e 38% nos homens (Calais, Andrade & Lipp, 2002) e (Lipp, Arantes,
Buriti & Witzig, 2003) verificaram que dentro 255 escolares avaliados, com idados variando
de 7 a 14 anos, 23% das crianças da primeira sério tinham sintomas gravos de stross.
Com relação a professores, Rossa (2004) relata quo em uma amostra do 62
profossores, 58% tinha stress. Uma pesquisa com 13 modolos profissionais (Lipp &
Allegretti, 2004) rovolou que 85% delas tinham sintomas da fase intermediária do stress.
Várias outras pesquisas tom sido publicadas sobre stress ocupacional mostrando a
preocupação atual com a influencia das contingências de trabalho na saúde e bom
estar das pessoas.
Stress agudo se rofore à reação com sintomas específicos, que ocorre logo
após um ovento traumático, por um período limitado de tempo. Evonto traumático é aquele
que soria considorado altamonte perturbador pola maioria das possoas. É necessário
Stress Crônico:
Refere-se a um estado de tensão prolongado que podo lovar ao desenvolvimonto
de varias doenças o prejuízos para a qualidado do vida do sor humano. Em gorai, o
stress crônico evolui para fases mais graves do processo do stross (Lipp, 2005). Elo
podo ocorror devido a permanecia do um estressor na história e vida da possoa, dovido
ao acúmulo de estressores ou ainda devido ao stross recorrente.
Stress Rocorrente:
Temos observado ao longo de nossas pesquisas o tratamento clinico do stress,
em um número grande de pacientes, a presença recorrente do quo designamos como
Stress e Doenças
A área em que o stress emocional tem sido mais estudado no Brasil 6 a que
tenta averiguar a contribuição do fator stress para o adoecer, buscando alternativas para
o tratamento e prevenção do stress excessivo como uma estratégia para redução do
risco envolvido om uma série de doenças (Lipp,2004). Novaes Malagris (2004),
posquisando stress e hipertensão, verificou que ao introduzir o fator stress em sou
estudo, se produziu uma redução no transporte de L-arginina através dos sistemas y* e
y+L em pacientes hipertensas estressadas quando comparadas com normotensas
estressadas. Estes achados sugerem que a associação de stress com hipertensão,
afeta mecanismos celulares e abre novos rumos para os estudos do stress emocional.
Os efeitos do TCS nas manifestações clinicas do stress e das doenças, no
contexto das quais foi testado, já eram bastante encorajadores até o presente, mas o
estudo de Novaes Malagris (2004) deu nova dimensão a esta área de pesquisa, pois ,
no contexto de sua tese de doutorado, foi verificado que quando o TCS foi testado em
pacientes hipertensas, nào só houve uma redução do stress em 71,4% da amostra
após o TCS, mas verificou-se também que a redução do stress, pelo treinamento do
controle de stress em pacientes hipertensas estressadas, restaurou os níveis de
transporte de L-arginina através do sistoma y* a níveis obsorvados em pacientes
hipertensas não-estressadas. Assim, o estudo mostrou que o transporte de L-arginina
é altorado tanto pela hipertensão como pelo stress. Como a L-arginina é um aminoácido
procursor do óxido nítrico, é possível que a redução do stress aumente a produção do
óxido nítrico trazendo benefícios para o hipertenso devido aos seus efeitos vasodilatores.
O interesse pela área do stress emocional, no entanto, não se restringe somente
ao âmbito da posquisa ou da clinica. Há um grande interesse atualmente com a
provenção e medidas educativas que possam contribuir para a existência do um ser
humano menos estressado, e, conseqüentemente, uma sociedade mais ajustada e
com melhor qualidade do vida. Embora o estudo do stress esteja recebendo em nosso
meio uma atenção marcante, ainda muito há a se estudar e pesquisar para so
compreender exatamente o mecanismo de ação e de tratamento do stress emocional.
Referências
Marilene de A . Martins
Consultório Particular, Universidade Católica de C/oiás, I lospilal das Clínicas da
Universidade f ederal de C/oiás.
l.uc Vandenberphe
Consultório particular, C/oiânia/ Universidade Católica de C/oiás.
Fibromialgia
A Fibromialgia é uma síndrome dolorosa complexa, so caracteriza pela
variodade de sintomas que aumentam e diminuem som a presença de um dano
Procedimentos
Os trechos apresentados foram colhidos durante as sessões de psicoterapia
individual. Foi utilizado o método de análise qualitativa, segundo o modelo conceituai da
Grounded Theory que explica um fenômeno através da análise dos dados colhidos pelo
pesquisador a partir de situações concretas (Charmaz, 2003).
A coleta de dados aconteceu num sistema de co-terapia em que as duas
terapeutas faziam papel de observador-participante. Os papéis de primeiro terapeuta e
co-terapeuta eram alternados, enquanto o primeiro terapeuta conduzia a sessão, o co-
terapeuta observava e anotava os dados para serem discutidos durante as supervisões
semanais, e nas intervisões antes e depois dos atendimentos. De acordo com a
Grounded Theory, os trechos foram codificados linha por linha, com o intuito de construir
categorias que captaram as variáveis relevantes nas sessões, o que possibilitou
posteriormente a identificação de trechos relevantes para exemplificar o trabalho
psicoterápico.
1o sessão
Cliente: Eu trouxe aqui vários atestados médicos [...]
Terapeuta: Por que você os trouxe?
Cliente: Faço cópias, porque geralmente preciso, eles comprovam que tenho realmente
Fibromialgia.
Terapeuta: Não vamos precisar deles, eu acredito no seu sofrimento (...)
2o Sessão
Cliente: Dói multo, às vozes acho que é punição, penso tambóm que a dor é emocional
[...]
Terapeuta: O que faz você pensar isso?
Cliente: Quando fico chateada sinto dor [...]
A cliento faz uma relação causal para a dor (CCR3). A terapouta pede a ela
evidência para a interpretação. A cliente oferece um argumento consistindo de uma
relação temporal interessante.
Cliente: O psiquiatra pediu para acelerar o processo [...]
Terapeuta; Por quê?
Cliente: Eu quero parar de tomar os remédios, ó aqui no processo que vou consoguir
isso [...]
Percebe que a cliente tenta controlar a terapeuta através da autoridade módica
(CCR1). A dor é operante neste contexto. É utilizada para obter controlo interpessoal. O
questionamento da terapeuta leva à descrição de um desejo pessoal (CCR2) da cliento.
[...]
Cliente: A minha mãe não acreditava em mim [...] Tive quo arrumar uma prova concreta
para ela acreditar no que eu falava [...J
Terapeuta; Ela acreditou?
Cliente: Não teve outro jeito, mas toda vez que eu falava, ela achava ruim [...]
A cliente relata uma contingência de reforço em que a relação de confiança fora
estabelecida a partir de prova concreta (01).
4o Sessão
Cliente: Quero fazer uma regressão com meu psiquiatra para ver se alcanço rosultados
mais rápidos e queria saber o que você acha.
Terapouta: Não posso interferir em procedimentos de outros profissionais, você fica a
vontade para decidir o que julgar melhor.
Ê possível que a cliente tenta mais uma vez controlar a terapeuta e relaciona a
possibilidade de melhora à atuação de um outro profissional (CCR1). A terapeuta não
reforça esto comportamento e direciona a responsabilidade a cliente na tentativa de
favorecer controle privado (Interno) com relação as suas escolhas, possibilitando a
escolha em função das próprias necessidades da cliente.
Cliente: Eu estava deitada e a minha mãe falou: Filha! Eu pensei, tom tanto tempo que
ola não me chama assim [...]
Terapouta: O que você fez?
Cliente: Fiquei deitada olhando para ela, normal
A cliente tem consciência (03) que a condição de estar doente ó reforçada pela
atenção e carinho da mãe.
7o Sessão
Cliente: O módico me encaminhou para um roumatologista, e quando cheguoi lá, ele
disse que não entendia nada sobre Fibromialgia. Então fui encaminhada para outro que
já fiz tratamento com ele, mas não deu certo.
Terapeuta: Por que não deu corto?
Cliento: Eu precisei de um atestado e ele não quis me dar (...) (01).
Ao final da sessão:
Cliente: Vou ao médico, o quero conseguir uma cortesia para o atendimento. Será que
você poderia me dar uma doclaração como sou isenta de payamonto?
Terapeuta: Talvez você não precise desta declaração. Basta falar com o médico. Penso
que ele não terá motivos para não acreditar em você, porquê você estará falando a
verdade... Tente!
No trecho acima a cliente faz um podido à terapeuta no sentido do rosolver
problemas para ela. Foi importante a terapouta não reforçar este CCR1.
10° Sessão
Cliente: Depois do exarno elos vão ficar mais próximos de mim (...)
Terapouta: Por que mais próximos?
Cliento: Eles são muito distantes (...)
Terapouta: Então eu espero que na próxima sessão você venha com o resultado do
exame e mais tranqüila (...)
Cliente: Quo ridículo!
Terapeuta: O que é ridículo?
Clionto: Porquê eu não tenho dúvidas disso (...)
Terapeuta: Eu também não, e acredito em você, mas procisa provar para as possoas
que olas podom confiar em você?
Cliento: Nunca parei para pensar sobro isso (...)
A cliente relata buscar recursos materiais para validar as suas relações (01),
comportamento governado por rogras quo fora reforçado pela comunidade verbal. Nesto
11° Sessão
Cliente: Este exame foi a molhor coisa que já fiz na minha vida [...]
Torapouta: Por quê?
Cliento: Agora olos sabom que falo a verdade (...)
Terapouta: Para mim este exame não significa nada, eu sempre acreditoi em você, mas
fico pensando, o que vocô pretende com isso? Sempre foi assim, na sua infância, nas
suas rolaçõos com as pessoas. Vocô ostá sompro quorondo provar alguma coisal
Cliente: Será que vou ter que provar a vida toda para as pessoas que elas devem confiar
em mim? E quando ou não tivor provas?
A torapouta tonta quebrar o contexto verbal (que favoroce o 01) o levar a cliente
a um contato direto com as contingências.
14° Sessão
Clionto: Estou tomando remédio natural, o módico pediu para ou fazer outro tratamonto
(...)
22° Sessão
"Estou mais resolvida hoje. Posso viver e usufruir as coisas como antes sem sentimontos
de pordas [...]"
"Eu me beneficiei muito com o probloma da Fibromialgia, isso foi errado [...] Vou fazer
tudo diferente não quero mais ser vista como a coitadinha [...]"
Nestas falas da cliente da 15° a 22° sessão, ela oxplicitou uma nova filosofia
em que abrir mão da dor possibilitou ganhos suporiores na qualidado do vida
Conclusão
O ser humano ó um organismo que está em constanto interação com o sou
ambiente No que so rofero ao comportamento de dor, o ambiento ó social, e a relação se
dá a partir do significado dado ao mundo e a si mesmo. No início do tratamento, a dor ora
uma estratégia de relacionar-se com os outros e para dar sentido a sua vida, para se
sentir aceita, obter carinho, resolver problemas, além do se oximir de várias
responsabilidades nos estudos, na vida social, no trabalho, nos compromissos diários.
A dor tinha se tornada um agente possibilitador, e ao mesmo toinpo alienante.
Gradualmente a dor tinha adquirido força e espaço, absorvendo recursos psicológicos,
financeiros e sociais que podoriam ter sido usados para o crescimento pessoal da cliente.
No ambiente terapêutico a cliente so relacionou com as terapeutas (CCR1)
conformo as táticas do seu cotidiano. A torapouta pôde usar, assim, o rolacionamonto
com ela para transformar o comportamonto problema da cliente, e permitir a emergência
de estratégias mais saudáveis para a resolução de problemas. No docorrer da terapia,
a dor deixou de ser o foco da atenção, em sessões mais avançadas os exemplos com
relatos de dor se tornaram mais escassos, o que explica os trechos apresentados
acima. A cliente se voltou para os problomas interpossoais e para as dificuldades no
cotidiano, possibilitando novas experiências. Sugerimos que as oportunidades de
aprondizagem ao vivo, num rolacionamonto íntimo com alguém (a terapeuta) que não
ajudou a manter o comportamonto do dor, teve um papol fundamental nesta mudança.
Encarar plenamente a catástrofe da sua vida e seus próprios sentimentos
aversivos (modo da dor, raiva, rejeição o a própria dor) e abrir mão da esquiva (doixar do
trabalhar, estudar, buscar evitar rejeição, controlar a dor) permitiram a cliente fazer
escolhas coerentes, e configurou num contexto de mudança profundo. O trabalho
possibilitou à cliente fazer uma leitura diforento da dor. Ela deixou do vor a experiência
dolorosa como algo que impossibilitava a sua vida, e se abriu para novas oportunidados
molhorando sua qualidade de vida.
Referências
Alvarez, M P (1996a) Tratiimiantos Psicülóuicus Madrid: Editorial Universitas
Alvarez, M P (1996b) Lfl PsiüQtttíüma ÜHtaUü ttl UUíHQ dfl ViSUl mndUülIStfl, Madrid: Biblioteca
Nueva
Introdução
M etodologia
O método usado foi o de pesquísa-partícípante, om quo os alunos e o professor
do psicologia foram os pesquisadores em situação do atividade de extensão de ensino
com atendimento comunitário (Gil, 2002).
Participantes
N= 96
Alunos e professores do curso de fisioterapia e psicologia; (n= 46);
Pacientes, e familiares, usuários dos serviços da Clinica, (n-47);
Funcionários da clinica (n=3);
Local
Cl - Clinica Evangélica de Atendimento Integrado - campus I
Rua Padre Anchieta, 2770, CEP 60.730-000 - Curitiba/PR,
E-mail: foparffifepar.odu.br Site: www.fopar.edu.br
Material
Humano: alunos e professor de psicologia e dos demais cursos
integrados à equipe;
Material: papel, caneta, lápis, computador, gravador de fitas - VHS e
áudio, outros.
Instrumentos
Técnica de observação de comportamentos e atividades adaptadas á realidade
vivida e criadas a partir das observações e, entrevista clinica.
Procedimento
A professora de psicologia, após realizar entrevistas individuais com professores
e alunos de fisioterapia, fez o levantamento das necessidades da comunidade de
fisioterapeutas em relação ao serviço de psicologia. De posse desses dados foi feito
252 M .iril/,i Mestre, S. Mur.iru, R. Portes, I. A ntonio A . P.tretle*, A . M .im c.ir/, J . Amlr.ule, I. Silvü, J.
W lb riil), M . M onteiro/ M . M eir.i, R. Am<ir<il* R. Ribeiro, f. Voss
orientação aos alunos do psicologia (leitura do toxtos e supervisão de seus
questionamentos) de modo a que esses pudessem compreendê-las e se preparar a
atender aos imperativos daquelos profissionais, dentro do possível.
Os alunos procedoram, também, a entrovistas com os profissionais citados,
com os usuários da clínica o também com sous familiaros. De acordo com a domanda
ostabolocida, os alunos de psicologia prepararam atividades na tentativa de supri-las.
A demanda dos alunos do fisioterapia foi orn relação à adesão ao tratamonto
proscrito e que, no entondor dosses profissionais, poderia estar ocorrendo resistência
por parte do paciento e do seus familiares e eles - discentes do fisioterapia - não so
julgavam preparados a lidar com osso empecilho.
Os alunos da psicologia - sob supervisão - atonderam aos paciontes om
conjunto com os alunos de fisioterapia o ou individualmente e ou, ainda, em grupos de
familiaros. Durante a semana, cada aluno roalizava atendimento individualizado a seus
pacientose em sub-grupos participavam de suporvisão voltada ao aspecto toórico da
clinica ambulatorial. A supervisão focal aos seus casos do atendimento ocorria via o-
mail, Quor dizer, o aluno enviava - ao suporvisor - um relato completo, do forma cursiva
- sobro tudo que ocorrera durante seu atondimonto (modelo em anexo - 1). O supervisor,
ontão, corrigia insorindo suas obsorvações em cor vermelha e em lotra maiúscula no
corpo do próprio relatório, devolvendo ao aluno emissor Dosta forma, antes do próximo
atondimonto o aluno sempre tinha suas dúvidas imediatas sanadas. Do acordo com as
demandas surgidas o supervisor selecionava os temas de aula toórica quo ocorriam
om rnornontos das horas de atividade da pesquisa. Além disto, como o supervisor
sompro esteve presente durante as atividades dos alunos sempre que alguma dificuldade
surgia o aluno tinha como orientação chamar o professor imediatamente. Nestes casos
este assumia a sessão terápica, ampliando, diminuindo ou mudando o foco de apoio
omergencial.
Os atondimontos aos alunos de fisioterapia foram realizados pelo professor
de psicologia.
O objetivo do projeto inicial sofrou alterações para atender a demanda das
necessidades específicas da comunidade da clinica integrada. O foco controu-se, ontão,
na descoberta de motodologia de atendimento possível, bem como na descrição
operacional deste, quo ficou constatado, faz falta na literatura existente.
Do maneira a so adoquar às necessidades peculiares de cada intogranto da
oquipo de saúde, O que viabilizou o atendimento clínico, o grupo optou om modificar o
setting torapêutico, ou seja, utilizar locais alternativos, como por exemplo à sala de
espora, box de atendimento do fisiotorapouta, corredor, jardim externo da C.I., banheiro
ou qualquer outro espaço.
Resultados e discussão
O trabalho da psicologia junto a clinica6 integrada, teve inicio no ano de 2004,
sob a orientação da professora Ms. Giovana Munhoz da Rocha sendo que, naquele
poríodo, os alunos - então no primeiro ano da faculdade procediam aponas à
obsorvação do funcionamento da clinica e de alguns de seus pacientes. Por isso, o
tk u lM
lUtIUUiUIUil
ii ULlluLuuIíxu
lasáo doa
mambrrm Dasamparo por haixx 2004 (02
2. CowicmntizaçAo do
»ujjartoras a pravisitxlidada • sassôas) «i
V. Maso. 1« / 3 capacidada da controla na
mfarloraa, do lado oonlrolabtlidada da 2005 (46
60 ariON mttlhorA da saúda
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3.
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M. Fam. 14 111
causado por na cura da laaAo dor
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acktanla «aportivo.
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mamhros Malhorar a auto astima a
4, Batxa adasfto ao
inlartora», por aulooortcaito promovancio
J. Fam, 63 Iralamanto, davtdo a 24 24/ 1
acidant» da coluna uma motivação para o
ano» dwprassAo lava.
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S. Trabalhar *<mj auto-concalto
carvical. ombro a
Jrt.Fam Dafirassiva 3 2 5 /6 « ANtima, trabalhar
darto rnlnimo
26 anoa habíldadas sociais
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dlraita/oompromati
L M * »c. 77 manto da» cordas ImstraçAo jwntomanta com
IrntaçAo 1 2 0 /7
vocais, causado »« hatxiidadas soaals (tara
axprasaar asta santlmanto
por AVC
254 /,1
M.irll Mestre, S. Mur.ira, R. Portes, I Antonio A l\irciles, A. M.imc.ir/, I . Amlnule, I Silv.iy I
Wlbrich, M . Monteiro, M Meir.i, R. Am.ir.il, R. Ribeiro, I. Voss
I
AVC,
7.
comprometimento Mutismo d ralação á Trabalhar altamatlvas de
Sa. Masc. 50 um
inotor total, sonda a»po*a comunicação possível
73 ano*
veste «I
M l Trabatiar a m»utén<jrt «
4 pcciant«« frustraçAo |untamanla com
Maslectomia total a 2 «nos « 1
com C.A. d« OapressAo, irntabilidada 25/9 habilidades social« para
ou parcial ano
numa axprasnnr asta sentimento «
lutar por saus direitos
12-17.
Hipertensão Trabalhar a reslstAnciH k
1* grupo d* IrrllaMkleòa, baixa
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déficit* compraansAo da seu i Maaes 1(V1
cardlopatias, asma luibllidades sociais para
respirai •atado
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(5 pacienta»)
18-23.
HIpartensAo Tralwlhiir h rasIslAnda rt
2* gru|x> d« Imtabtlidade, baixa
arterial, fmstraçAo |untnmanla co»n
dAflcit* compreenaAo d*i sau 6/1
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W lbriil), M . M onteiro, M , M eir.i/ R. A m .itiil, R. Ribeiro, I. Voss
fatores de estresse social e ou comportamental desencadeiam e ou mantém a doença,
como seu relacionamento familiar, entre muitas outras. (Guimarães, 1996).
A familia e seu relacionamento costumam sofrer desequilíbrio em um processo
em que seus membros se vejam sofrendo tratamento de saúde. A ansiedade perpassa o
diálogo, mesmo quando esse ainda ó possível, e o pode ser uma das causas de seu
bloqueio e impedimento (Enuno e Kerbauy, 1994).
Ao se analisar estatisticamente os dados encontrados, se percebe que o setor
de neurologia e de queimados sâo aqueles que mais apresentam pacientes com
necessidade de acompanhamento familiar. Em ambos os sotores ó freqüento a presença
do crianças, dal tal urgência. No primeiro setor se percebe também que as causas físicas
que trazem o paciente a clinica são de impossibilitação, ou diminuição, de autonomia. O
que, também, justifica a necessidade de trabalho com familiares. Os dados confirmam a
literatura (Enumo, 1994) de que o familiar, um cuidador por função, acaba desenvolvendo
comportamentos compatíveis com estresse. Ao cuidar acaba descuidando-se de si mesmo
e gerando problemas ao tratamento. Quanto mais tempo de cuidados maior o déficit de
adesão a fisioterapia do paciento em questão (p, 0,001, teste de XJ). São duas as queixas
maiores; baixa adesão por falha no cumprimento das recomendações ou excesso de
fazeres no lugar do paciente. Quer dizer, o cuidador impedo o paciente de tentar e assim
se exercitar. Ao interagir, o psicólogo acaba por quebrar estas relações e possibilitar que
um novo tipo de relacionamento venha a ocorrer.
A equipe de saúde, em certo sentido, também funciona aos moldes das relações
familiares Com conflitos o afastamentos e aproximações sociais que variam ao sabor de
variáveis intervenientes.
E, nem sempre a boa comunicação pôde ser travada entre os vários personagens
desta dinâmica social desenrolada na Clinica Integrada. Por motivos didáticos, de facilitação
de análise, sub-dividiu-se em 7 categorias de atendimento psicológico: cinco da classificação
de atividades de fisioterapia: 1.neurologia; 2. ortopedia; 3. dermatologia-queimados; 4.C.A-
câncer de mama e õ.pneumologia. Criaram-se mais duas pela demanda de pedido de
ajuda ao psicólogo, chamadas de acadêmicos, quando a ajuda foi direta a estes e suas
demandas pessoais e psicologia quando o pedido veio de fora da atividade de fisioterapia,
mas por encaminhamento de pacientes. Os resultados intercruzados mostram que a
primeira solicitação do atendimento ocorreu do setor de queimados e esta demanda acabou
trazendo resultados chamados aqui de flutuantes. Quando a psicologia pôde atuar, logo
em duas a três sessões se verificou maior adesão ao tratamento fisioterápico, contudo
assim que esta se afastava o comportamento queixa retornava.
A apresentação de um caso clinico talvez lance luz sobre tal situação e,
simultaneamente, possa demonstrar como a psicologia adaptou-se as necessidades
de alteração do setting terapêutico.
Este relato de caso, ilustra como a psicologia vem passando por metamorfoses
que visam acompanhar as mudanças sociais e melhor atender as demandas que vão
sendo construidas pela comunidade humana. A atuação psícoterápica vem sendo, cada
vez mais, requisitada nas mais diversas modalidades e o modelo clínico permanente por
quase cem anos não atende mais ao que se pede do profissional psicólogo
(Guimarães,1996).
A criatividade, então, vem sendo um dos instrumentos de maior valia, para todos
os profissionais cuidadores de saúde e ou educação. Exemplo disso são as alterações
que dizem respeito ao setting clinico. Se num tempo recente o ideal era proceder ao
atendimento em salas com privacidade e num colóquio entre cliente e terapeuta, hoje
isso não se faz mais possível e nem mesmo necessário. O psicólogo atua quase sempre
R ELA TO DE CASQ.
METODOLOGIA
Participante?;
U ma criança (1 ano e 8 mesas), que havia sofrido queim aduras graves no pescoço, peito e braços e a
mAe desta (aproximadamente 30 anos. vendedora autônoma, casada em segundas núpcias e, com um
filho de 15 anos da primeira união).
L&âL
Clinica Integrada da FBculdnde Evangélica do Pnraná -Curitiba, PR. E-mail; paicoloaiaffifeDar,edu.br
Instrumentos.
Observação e registro de comportamento, entrevista clinica, terapia d e apoio e ou breve
Procedimento.
Atendimentos integrado» com a fisioterapia, a uma criança que havia sofrido queim aduras graves e
apresentava resistência ao tratamento quando na situação de atendimento de fisioterapia. Esse tipo de
acidente vem acompanhado de muitas dores físicas e acarreta seqüelas comportamentais, indicativos de
"memória da dor" No caso, havia uma situação agravante de insegurança e culpa materna em relação às
dores do filho. Já haviam ocorrido oito sessões de fisioterapia, anterior à entrada dn psicologia, e a cada
vez, a criança chorava e apresentava tentativas de fuga das mãos dos atendentes de fisioterapia No
primeiro atendimento de psicologia, foram realizadas observação e intervenção pela professora e uma
das estagiárias desse curso. Concomitantemente, a m ãe foi entrevistada, em outro local, por outra
aalagiária. A c ria n ça foi lava da p a ra a s ala d a psico log ia e là b rinco u com alu n o a d e ps ico lo g ia b a aluna-
atendente de fisioterapia, para depois fazer a sessão indicada para suas seqüelas de queim adura
No segundo atendimento repetiu-se o procedimento anterior e ao final dessa, a criança retornou aos
cuidados da psicologia
A partir da terceira sessão a criança passou a apresentar tranqüilidade e não precisou mais ser
acompanhada, pelos psicólogos, na sessão de fisioterapia, passando a dormir durante as sessões
Contudo, continuou a ir para a sala de psicologia apôs o atendimento
A m âe permaneceu em atendimento e por Intervenção da aluna mudou algum as posturas em relação a,
por exemplo, fazer uso da malha elástica própria ao tratamento de queim ados, fazer exercícios em casa e
colocar a criança em pré-escola. Aos poucos essa criança não mais precisou de acompanhamento de
psicologia e aderiu ao trabalho de fisioterapia.
No entanto, apareceu, dois meses depois, uma recidiva e que coincidiu quando houve(retirar) (a qual
coincidiu com a) troca da aluna de fisioterapia (prática comum nessa m odalidade de atendimento) e a
criança reagiu com estranheza à nova fisioterapeuta. Infelizmente a Inter-disclplinariedade foi
interrompida e, não foi mais permltklo a presença da psicologia junto a sessão de fisioterapia A aluna e a
professora de psicologia passaram, então, a dar orientação apenas à mãe
A parlir da 5* sessão com a nova aluna de fisioterapia, a professora de psicologia interviu novamente,
junto ã criança, levando-a a brincar com a aluna-(académ ica) fisioterapeuta, na sala de psicologia e
pedindo à criança que a chamasse para brincarem apóe a sessão de fisioterapia
Adesão da m ãe ao processo fisioterápico, com compra e uso da malha especial para queim aduras; relato
de que o pai está fazendo exercícios de massagem no corpo da criança - como requerido, mas de forma
lúdica, durante o banho A m ãe se mostra mais tranqüila em sala de espera, entregando a criança para a
fisioterapeuta e conversando com a aluna de psicologia enquanto espera, assim como com outras mães.
Relata ter posto a criança em escollnha e vem demonstrando preocupação com o filho mais velho, que
havia "abandonado" (S IC ) na casa da própria mãe, desde que se casou em segundas núpcias com o pai
do mais novo. Tem se dedicado ãs suas atividades de vendedora no período em que a criança fica na
escollnha. E, a criança apresenta melhoras em sua sociabilidade, bem como na recuperação de suas
seqüelas.
Conclusão
O trabalho realizado se mostrou eficaz, no que tange aos resultados encontr&dos.
A analise qualitativa e estatistica demonstraram que quando o tratamento ocorre de
forma - realmente integrado - a adesão ao tratamento e a reinserção social se faz mais
prontamente, alem de melhorar a qualidade de vida do pacionte e de seus familiares e
da equipe cuidadora.
Percebeu-se, outrossim, que o próximo projeto deveria ocorrer em conjunto
entre os profissionais envolvidos. Ou seja, a fisioterapia e a psicologia, no presente
caso. Há demanda de ampliação de serviços para o ano de 2006, como por exemplo,
grupos de 3“ idade, específicos para as queixas de fisioterapia, necessidade de
ampliação dos grupos de DPOC e C A. e de atendimento aos pais de crianças com
necessidades especiais (queimados, Sindrome de Down, paralisia cerebral, etc).
Alem disto, se faz importante repensar a entrada do aluno de fisioterapia no
primeiro setor de estagio, ao inicio do ano. O psicólogo poderia estar mais atento ao
stress que representa o dosafio de pela primeira vez ser responsável por pacientes e
mais ainda o momento da quebra do vinculo quando - por imposição da realidade do
curso de fisioterapia - há troca de grupo de estagiários. Tanto os pacientes sofrem com
a ruptura do vinculo como o aluno-atendente de fisioterapia se vê cobrado pelo paciente
ou seu familiar. E uma época propicia a conflitos e problemas - intra e interdisciplinar,
como da equipe com os pacientes.
Enfim, o saldo da pesquisa e de que houve maior adesão e menor stress da
equipe de fisioterapeutas e de seus pacientes quanto mais cedo houve a entrada da
psicologia na equipe profissional. Que as áreas que mais solicitam ajuda são aquelas
que precisam de maior adesão familiar ao tratamento - neurologia e queimados.
Referências
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Santo André/SP: ARBytes.
Esto ensaio procura reunir algumas das mais significativas diferenças que o
Behaviorismo Radical mantém com a Psicanálise e com a Ciência Cognitiva. Pretende-se,
assim, tornar mais claras importantes questões com as quais o analista do comportamento
se vê onvolvido e, com isso, ampliar suas possibilidades de dialogar com outros sistemas
teóricos da Psicologia. Na medida em que estas diferenças possam tornar-se mais
evidentes, espera-se contribuir para que a adoção ou rejeição da tradição behaviorista seja
mais fundamentada e menos dogmática. Assume-se ao leitor que as outras abordagens
em foco ganham algum significado sob um ponto de vista parcial, qual seja, o do
Behaviorismo Radical, mas quo isso não torna a argumentação menos proveitosa.
Iniciamos reconhecendo que om Psicologia, nenhum modelo teórico ó de fácil
compreensão. Uma visão global de determinado sistema, ou de seus pormenores, ou
de possíveis influências que tenha recebido, pode demandar anos de estudo e
amadurecimento pessoal. Em se tratando do Behaviorismo Radical, o leitor iniciante,
não raro, desconhece suas premissas e objetivos. Por motivos que não cabo aqui
discutir, o ensino do sistema skinneriano, às vozes, apresenta dificuldades maiores
que o ensino de quaisquer outros sistemas. Em geral, o estudante aprende a condicionar
ratos a apertar barras, mas falta-lho o ensino de outra etapa do caminho.
Pormanece, por vezes, uma importante parto da história que so passa fora do
laboratório e que precisa ser contada, è pretensão deste ensaio recontar parto dessa
história. Não ó demais lembrar que o substancial interesse de B. F. Skinnor não era o
rato. Entre seus interesses finais, dois merecem destaque: um deles, explicar o
comportamento humano, um intoresse que apareço, insistentemente, em diversas obras
suas com a mesma frase "Porque as possoas se comportam da maneira como o
fazem?” (Skinnor, 1974, p. 9). O segundo o talvez mais importante interesse era o
desenvolvimento de uma ferramenta ou tecnologia que pudesso tnzer bem-estar à vida
das pessoas. Em outros termos, seu interesse último não só não era o rato, como
264 Ivoilrifl» 1'iuvinel S.i Ir.h Io, M .iur.i Alves Nunes í/oiiRur.i
medidos em dimensões físicas. Com isso, permanece para a Psicanálise a questão
da impossibilidade lógica de um constructo, sem dimensões físicas, causar o
comportamento potencialmente descrito em termos físicos. Mas esse problema se
complica ainda mais, porque permanece também com ele outro problema logicamente
insolúvel, o de explicar a relação mente-corpo.
Modelo de ciência e contexto om quo S. Freud produziu sua obra - Cabem, nesta altura
do debate, algumas considerações a respeito do contexto no qual S. Freud produziu sua
obra o sua visão do ciôncia. Inicialmonto, o aparolho psíquico talvoz tivosso pouco a
contribuir na cadeia causal, mas, levando-se em consideração os contextos científico e
profissional com os quais estava em contato, talvez seu trabalho não pudesse mesmo
ser diferente, e a mente inventada por ele passou a adquirir dimensões cada vez maiores,
segundo Skinnor (1972; 1974). Deve-se lembrar que S. Freud era médico. Como tal, e
principalmente segundo a medicina da época, havia uma necessidade lógica em se
encontrar, no corpo, uma causa localizável e imediata de qualquer problema ou sintoma.
Um evento ou sintoma sem uma causa palpável dificilmente poderia ser imaginado.
Somado a isso, considore que no contexto médico-cientlfico da época concebiam-se as
relações entre os fenômenos com causalidade linear e, temporalmente, próximas.
Levando-se em consideração estas observações, provavelmente o trabalho de S. Freud
tenha sido profundamente influenciado, de um lado, por sua formação médica,
substancialista; de outro, por uma visão de ciência que ainda aderia ao modelo causal
de explicação, ou seja, um modelo predominantemente mecanicista. Era um contexto
que, provavelmente, não permitiria uma explicação histórica do comportamento. No
caso, seria difícil que as contingências nas quais se deram as experiências infantis,
distantes no tempo e no espaço, adquirissem em sua teoria o papel central de explicar
os comportamontos (sintomas) atuais. Nas palavras do próprio Skinner (1972):
(...) Ele [Freud] nâo apelou para o elo do melo para explicar osponlaneidado ou
capricho Ao invés, ele utilizou-o para preencher lacunas no tempo e no espaço
entre os eventos que mantinham comprovada relação de causalidade (p. 241,
tiüduGãú nüütità).
Em contraponto a essas possiveis limitações do modelo freudiano, ao
Behaviorismo Radical, desenvolvido em outro contexto científico, foi possível admitir
que variáveis independentes entram no processo de modelagem do comportamento,
ao longo do tempo, sem requerer para isto uma relação temporal ou espacial imediata
com o comportamento de interesse (Chiesa, 1994; Smith, 1986). Em outros termos,
eventos do ambiente que explicam o comportamento atual, nào necessariamente
encontram-se próximos no tempo. Portanto, não há razão alguma para se atribuir a
relação entre eles a alguma entidade mental, apenas para que esta faça a ligação entre
as duas ocorrências. Desse modo, o elo do meio da explicação freudiana poderia ser
dispensado se fosse revisto por um modelo de ciência não causal, mas apenas relacional
(de análise funcional) e histórico (de seleção pelas conseqüências) nos moldes
defendidos por Skinner (1972; 1974; 1987; 1990).
Conhecer e comportar-se
Nos contrapontos skinnerianos com a ciência cognitiva não poderia faltar um último
tema: como as "regras" participam da explicação comportamental e da explicação cognitiva?
Há quem diga que ambas as explicações "dizem a mesma coisa". Veja, na Ciência Cognitiva
a explicação do comportamento se inicia com a descrição dos conteúdos da consciência,
em especial, as cognições que são sinônimas de conhecimento. Nela, além disso, o
conhecimento (comportamento verbal) explica diretamente o comportamento e o sentimento,
e, neste sentido, o conhecimento dirige as ações e tambóm os sentimentos. Em outras
palavras, as cognições orientam as pessoas para se comportarem de uma ou de outra
maneira, atuando como regras. A análise comportamental também reconhece o controle do
comportamonto por regras, consideradas um tipo especial de comportamento verbal. Para
o Behaviorismo Radical, regras sâo as descrições das contingências, ou seja, são descrições
do modo como as coisas em geral se relacionam. As regras sobre comportamento
descrevem como as pessoas agem e as variáveis que controlam sua açáo. Entre outras
coisas, as regras podem funcionar como instruções. Comparando o sentido de regra nas
duas posições, poder-se-ia dizer que o sentido comportamental o cognitivo é semelhante,
dirigir a ação. Mas a pergunta inicial não era relativa ao sentido do que sejam as regras,
mas, como elas participam da explicação do comportamento. Assim, Skinner (1957; 1987;
Considerações Finais
Este ensaio pretendeu oferecer subsídios para a compreensão de alguns dos
principais argumentos do Behaviorismo Radical, quando om contraponto à Psicanálise
freudiana e á Ciência Cognitiva. Essas pontuações caracterizaram-se como uma
roloitura do que diversos textos de B. F. Skinner já mostraram. Pretendeu-se, com isso,
tornar claras importantes questões com as quais o behaviorista contemporâneo se vê
envolvido, e que estão para além do laboratório de análise experimental do
comportamonto.
Como visto, observam-se certos pontos de contato entro Behaviorismo Radical e
Psicanálise freudiana, levando-se om conta a inovação psicanalítica quo, embora
mentalista, admite relações entre ocorrências ambientais o problemas de comportamento
humano. Sua posição a esse respeito evidencia-se nas consideraçõos sobre as causas
inconscientes para explicar o comportamento e os afetos. Ficou patente, ontrotanto, que a
interprotação behaviorista de processos inconscientes sugere maior vantagem, pelas
razõos apontadas ao longo do texto. A incompatibilidade entro os modelos, contudo,
aumenta á medida que o aparelho psíquico, como um constructo hipotético, ganha
importância om detrimento da possibilidade de uma acurada descrição ontre ovontos do
ambionto e comportamento (Skinner, 1972). Corn relação ao Cognitivismo, podo-so dizer
que os contrapontos skinnerianos não deixam espaços para confluências. Dentre os
problemas apontados, encontra-se a fragilidade teórica do modelo: por manter-se muito
próximo da linguagem o das explicações do senso comum, ele não trouxe avanços para
a Psicologia. Além disso, uma contundente critica de Skinner (1987) é que, a Ciência
Cognitiva não dá nonhum passo sistemático na direção de qualquer forma de
roconhecimento dos processos ambientais seletivos do comportamento.
Na apresentação dos contrapontos skinnorianos aos outros sistomas teóricos,
procurou-se demonstrar como o Behaviorismo Radical se articula e se distingue desses
sistemas em suas posições epistemológicas. A amplitude do assunto não pormitiu,
naturalmonto, tratá-lo em profundidade. Contudo, espora-se que a argumentação
apresentada tenha produzido razões suficientes para que o loitor continuo no ostudo
desse modo particular de havor-se com os assuntos humanos - o Behaviorismo Radical.
1 TmtMttioN{inMM«rtari»n<> XIV Encontro Branllnlrodo PskoW h|Mr n Moduiim Coin|K>(ttimentHl. rcHllíHdooni ngo*l<> de 20OT om CumpinH»-
SP, runiuimrto lnl«>gímitt> <Ih imtswi ukIoikIh A uUllztfçAoil(i ftllmiHnomiMiod»i (xhmxiHoh brtSKX)*(!h Aii AUmi do0<Hii|X)MMin<mlo
' PKifn*m>rM Doutor« do Do|>HfUimnnlo<!«• PnlcologlH dn lJnlv*rnldnd»i ('«Irtllr.n do Goiá« E iiihiI tnlcholHrUxtlroQiiol rami lir
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2 - ProliiMWjr lilulrir dii Fm.oldntki do ModkJrw d* Bolucalu (SP) ti da Fitcukiadfi do CMocInh da UNESP Bauru (SP) - Curvo» do Pnk:ologla fl
BlokKJki Conluio tinshinniijlf.. muimi lir
II ■ ■ ■ I
II ■ ■ ■ ■
37-38 51-52 67-68 83-84 165-166
dias dias dias dias dias
Figura 1: comparação das módias de teste e reteste pnra grupos de ratos de diferentes
faixas etárias. A MANOVA apontou aumento de imobilidade significante somente para os
dois grupos mais velhos (p< 0,05 e p< 0,01 respectivamente).
Referências
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Introdução
O objetivo do presente trabalho ó avaliar como a compreensão do duas
questões teóricas na obra de Skinner pode ser útil ao desenvolvimento de uma tecnologia
comportamental mais eficaz no contexto clínico. A primeira delas diz respeito ao próprio
conceito de tecnologia comportamontal, que ó apresentado polo autor em contraposição
às teorias mentalistas tradicionais, principalmente no que diz respeito ao objeto de
estudo considerado. A segunda questão ó acerca do conceito de estado, que nos textos
analisados pode ser identificado com o conceito de probabilidade de respostas.
Tecnologia Comportamontal
Ao longo de sua obra, fica claro o objetivo de B. F. Skinner em rejeitar teorias
mentalistas de explicação do comportamento. Ao rejoitar essas teorias, ele enfatiza a
impossibilidade de os estados mentais serem diretamente manipulados, impossibilitando
conseqüentemente o controle eficaz do comportamento. Temos então que para Skinner a
possibilidade de previsão e controle ó crucial ao desenvolvimento de uma tecnologia do
comportamento. O autor contrapõe, então, a ineficácia prática das teorias mentalistas aos
avanços alcançados pela Análise Experimental do Comportamento. Ao propor um modelo
eficaz de intervenção baseado na análise e manipulação das contingôncias de reforço e
aplicável a diversos contextos, a Análise Experimental do Comportamonto tom domonstrado
que uma tecnologia do comportamento deve desenvolver-se com o objetivo de adquirir um
maior grau de controle sobre o comportamonto humano.
Um primeiro passo a ser tomado para desenvolver a tecnologia comportamental
é reconhecer o comportamento como o objeto de estudo a ser investigado pela Ciôncia
do comportamento. Como as teorias mentalistas consideram o comportamento um
sintoma de processos mentais subjacentes, esses processos são tomados como
objeto de ostudo e o comportamento, conseqüentemente, é negligenciado. Disso
decorre que as condições ambientais das quais o comportamento ó função não são
consideradas e a investigação acerca das causas do comportamento encerra-se no
nível mental (Skinner, 1971).
' Agradeço ao Hnif Dr JuHo César Coalho da Noa« pala leitura cukJaòoaa a colaboraçAo na radaçAo da vormftn Anal do texto
1Doutoranda em F-Hosofla - Unlvernklado Federal de Sâo Cario« e-mal nalene plmentaltfftj com br
Conclusão
Com base nos textos utilizados é possível concluir que Skinner considera
que, ao assumir o comportamento como o objeto de estudo a ser investigado, a
tecnologia comportamental deu um grande passo em direção ao desenvolvimento
de técnicas eficazes de previsào e controle do comportamento humano. No contexto
clínico o dado fundamental a ser explorado é o estado ou probabilidade de
comportamentos. Através da análise funcional é possível inferir a probabilidade de
emissão de comportamentos do cliente. A partir disso, manipulando adequadamente
as contingências no contexto clínico, torna-se possível aumentar o alcance da
psicoterapia, uma vez que novos comportamentos poderão surgir em outros
contextos. Ou seja, cria-se um estado mais favorável ao desenvolvimento de
comportamentos alternativos ao chamado "comportamento-problema”.
Referências Bibliográficas
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Skinner, B F. (1974) About behaviorism New York' Alfred A Knopf
Skinner, B F (1989). Recent issues in the analysis of behavior Columbus' Merrill Publishing Company.
O estresse causado pelo trabalho representa una ameaça para a saúda dos
trabalhadores e, como conseqüência, a saúde das organizações (NIOSH).
O estresse no trabalho ó definido como um conjunto do reações emocionais,
cognitivas, fisiológicas e comportamentais a certos aspectos adversos ou nocivos,
relacionados as condições e as organizações do trabalho (MONCADA, LLORENS E
SÁNCHES, 2006).
Trata-se de um estado que se caracteriza por altos níveis de tensão, com a
freqüente sensação de não poder fazer nada frente a situação, Diante de certas
circunstâncias e da intensidade, freqüência e duração de estímulos negativos, o
estresse pode ser precursor de diversas enfermidades, principalmente as
cardiovasculares (Niedhammer e Siegrist, 1998; SIEGRIST, 2003).
Nos últimos anos, os efeitos dos fatores psicossociais do trabalho na saúde,
especialmente na saúde cardiovascular, têm causado um interesse crescente em
estudos epidemiológicos.
O estresse ocupacional resulta da interação do trabalhador e as condições de
trabalho. As opiniões diferem sobre a importância das características do trabalhador
frente as condições do trabalho como a causa primeira do estresse no trabalho. No
entanto, estas opiniões distintas são importantes porque sugerem modelos diferentes
de prevenir o estresse no trabalho.
Modelo Demanda/Controle
No Modelo Demanda/Controlo o estresse ó desenvolvido em ambientes de
trabalho nos quais estão presentes estressores crônicos. O modelo mede trôs fatores:
demanda psicológica, tomada de decisão e apoio social no trabalho.
As demandas psicológicas do trabalho, constiiiiom om: trabalho em ritmo rápido:
quantidade excessiva; imposição de prazos; ordens contraditórias; intorrupções; conflitos
pessoais, modo de perder o emprego; receio de ficar desatualizado.
A latitude ou tomada de decisões possui dois componentes:
a) Controle ou autonomia de decisão: consiste na possibilidade de controle e
participação no trabalho do trabalho;
b) Uso de competências: possibilidade de utilizar suas competências e
qualificações no desenvolvimento das atividades.
O apoio social no trabalho, refere-se ao apoio e reconhecimento dos colegas e
superiores hierárquicos. O apoio social tende a diminuir a tensào psicológica, quando
existe a integração sócio-emocional e uma relação de confiança entre os colegas de
trabalho o supervisores.
A hipótese de Karasek (1998) consiste na combinação de urna forte demanda,
de um baixo controle e uma falta de apoio, tornando o trabalhador vulnerável à doenças.
O Modelo Demanda/Controle classificam algumas profissões em:
a) Trabalhos ativos (alta demanda e alto controle), contigencia controle sobre o trabalho.
Os efeitos sobre o comportamonto são a aprendizagem e o crescimento. Exemplos:
advogados, juizes, módicos, professores, engenheiros, executivos;
b) Trabalhos passivos (baixa demanda e baixo controle), contigencia um ambiente de
trabalho pouco motivador e passivo. O trabalhador desenvolve uma aprendizagem
negativa ou uma perda gradual de capacidade adquirida e perda de iniciativa. Exemplos:
trabalhadores administrativos, operacionais, burocráticos e porteiros;
c) Trabalhos de alta tensão (alta demanda e baixo controle), produzem reações
psicológicas negativas como fadiga, ansiedade, depressão e doença fisica. Exemplos:
oporários de fábrica, trabalhador da linha de montagem, funcionário do restaurante,
camareiros, cozinheiros, telefonistas;
d) Trabalhos de pouca tensão (baixa demanda e alto controlo) como: vendedores,
eletrecistas, profissionais autônomos).
298 N .in c y luliet.i Inocente, CKir.i CXtilí.i Inocente, )<inine lulieta Inocente,Rubens Reinnlo
a) Mudar a organização para prevenir o estresse no trabalho;
b) Assegurar que o volume de trabalho seja coordenado com as habilidades e os
recursos dos trabalhadores;
c)Desenhar os trabalhos para prover significado, estimulo e oportunidades para que os
trabalhadores usem suas habilidades;
d) Definir claramento os papéis e responsabilidades dos trabalhadores;
e) Oferecer oportunidades aos trabalhadores de participar nas decislões e ações que
afetam seus trabalhos;
f) Melhorar as comunicações na organização;
g) Reduzir a incerteza sobre o desenvolvimento de carreira e as possibilidades de
trabalho no futuro;
h) Prover oportunidades para a interação social entro os trabalhadores;
i) Estabelecer os calendários de trabalho que sejam compatíveis com as demandas e
responsabilidades fora do âmbito do trabalho.
Referências
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Siegrist, J. Épidamtologie et determinants soclaux des Inegalités de santé. Revue d' Êpidemtologie et
de Santé Publique, vol.51, 4, 2003.
MÉTODO
Participantes
Foram avaliadas vinte e três crianças de baixa renda, moradoras de um conjunto
Singapura ou uma favela, com idades variando entre sete e doze anos, que estudavam
em escolas públicas o que estavam cursando entre a primeira e a quarta séries do
ensino fundamental. As crianças foram selecionadas como participantes da pesquisa
por apresentarem erros na avaliação inicial de habilidades de resolução de adições e
subtrações e por mostrarem interesse em participar das atividades. O número de
participantes variou de fase para fase.
Local
Esta investigação foi conduzida em um ateliê de ensino, no qual ocorrem
atividades variadas, tais como: marcenaria, culinária, pintura, capoeira, teatro e atividades
de leitura, escrita ou relativas a habilidades matemáticas básicas. As crianças
permanecem no ateliê durante o turno oposto àquele que freqüentam a escola, e podem
escolher a atividade da qual irão participar. As atividades de matemática conduzidas
pelo experimentador na biblioteca do ateliê foram, portanto, uma das atividades entre as
quais as crianças poderiam escolher para fazer.
Material
Foram empregadas folhas sulfite brancas de tamanho A4, nas quais foram
impressos conjuntos de figuras, algarismos, sinais gráficos de operações “+", e
sentenças impressas de adição e de subtração em forma de conjuntos e sentenças
impressas em forma de algarismos. Ao longo das fases, foram usadas diferentes
figuras, tais como as de carrinhos, piões, etc. Nas tarefas de nomeação, o estimulo a
ser nomeado pela criança foi impresso no centro da folha. Já nas tarefas de
Procedimento
As atividades propostas foram conduzidas individualmonte com cada criança,
em sessões quo tiveram a duração de cerca de uma hora e foram feitas semanalmente
com cada participante.
Em cada tentativa de teste e de treino, após a apresentação do estimulo modelo
(quando falado este era apresentado pelo experimentador) a criança passava o dedo
embaixo do estímulo-modelo e dos estímulos-comparação, como uma resposta de
observação.
A seguir, são descritas características de cada fase.
Nesta fase, foi inicialmente aplicado o pré-teste das habilidades de: emparelhar
o conjunto de figuras que era o resultado de uma sentença impressa em forma de
conjuntos de figuras (GC): identificar a sentença impressa em forma de conjuntos de
figuras cujo resultado era a quantidade de figuras apresentada no conjunto modelo
(CG), idontificar o algarismo que era o resultado de uma sentença impressa em forma
do conjuntos (GB), o identificar a sentença impressa em forma de conjuntos cujo
resultado era o algarismo apresentado como ostlmulo-modelo (BG). As crianças que
apresentaram erros durante esse toste passaram para o treino direto da habilidade do
identificar o conjunto do figuras que era o resultado de uma sentença impressa em
forma de conjuntos (GC). A Figura 1 apresenta as relações que foram treinadas e testadas
durante esta fase.
Figura 1: Relações envolvendo adiçào e subtração que foram treinadas e testadas. As linhas
pontilhadas Indicam relações que foram testadas. As linhas contínuas indicam relações que foram,
além de testadas, treinadas. A ordem do treino está Indicada pelos numerais 1e 2. Cada flecha
aponta do estlmulo-modelo em direção ao estímulo-comparaçáo
O treino teve duas etapas, sendo que o procedimento nas duas foi idêntico: o
experimentador indicava à criança que ela poderia contar recitando os números ou
poderia riscar as figuras dos conjuntos, antes de indicar com o dedo o resultado correto.
Foram treinadas doze sentenças, divididas em quatro blocos. Os blocos foram
organizados por nível de dificuldade. Nos dois primeiros blocos, o segundo termo de
cada sentença foi um; o primeiro bloco abarcou apenas os valores de um a cinco; o a
partir do segundo bloco foram incluídos valores de seis a nove. As trôs sentenças
componentes de cada bloco foram randomizadas. Quando uma criança acertava as
trôs tentativas consecutivas envolvendo as trôs sentenças diferentes, ela passava para
o próximo bloco. Quando uma criança errava, o experimentador aplicava a tentativa de
retreino, que consistia na reapresentação da sentença e no fornecimento de um modelo
de resolução dado pelo pesquisador. A diferença entre as duas etapas do treino foi a de
que, na primeira, havia uma seta apontando para o estimulo comparação correto,
enquanto que, na segunda etapa, essa dica não foi apresentada.
Resultados
Vinte e três crianças participaram da primeira fase, na qual foram propostas
atividades para avaliar as habilidades de realizar operações do soma e subtração e
habilidades de estabelecer relações que Prado e de Rose (1999) conceberam como
componentes do conceito de número.
Na Figura 2, é apresentado o número de acertos nas tarefas de adição e
subtração aplicadas durante a avaliação inicial do repertório de crianças froqúentadoras
n r lm r t l i ''! o n i n r t l p / i f l n r
Adição
Subtração
IfiJ
I ff títíí! Í I II 2 11 I I I ts 6 g s
Parttclpantai
Figura l\ Numero de acertos nas operaçoes ae aaiçao e suotraçao, durante a avaliação
inicial, dos participantes de primeira a quarta séries do ensino fundamental.
Como é possível observar nas Figuras 2, o maior número de erros ocorreu com
nn
n n
DISCUSSÃO
Referências
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Caso 3
Lucas tem 8 anos. Sua mãe o descreve como um menino temperamental, de
personalidade forte, birrento e agressivo. Ela queixa-se que todo dia quando ela chega
em casa do trabalho é a mesma cena: "Emburrado, sai batendo porta, e diz que não
agüenta mais essa casa."
Terapeuta: Quando você chega em casa, o que costuma fazer? Como é a rotina
de vocês nesse horário?
Mãe: Mas eu não faço nada. Eu chego e elo já tá assim, de mal com a vida. Ai eu
nem chego perto.
A mãe trabalhava o dia todo. Ao chegar em casa, fazia tarefas domésticas, para
as quais solicitava a ajuda do menino (ex. comprar pão) e cobrava a lição de casa
(contexto aversívo para o menino). Lucas costumava reagir com resmungos e palavrões
ou ficando emburrado ou irritado (fuga). A mãe, então, optava por fazer as tarofas sozinha
o susponder as cobranças sobro a oscola (roforçamonto nogativo). A oxposição a osso
tipo de contingência diariamente, fez com que Lucas desenvolvesse respostas de
Caso 4
Gabriela tom 2 anos e meio. Está sentada à mesa o sua mãe serve o seu
prato:
Gabriela: "Bota batata, bota carne. Não quero beterraba."
Mãe: "Então escolhe cenoura ou alface..."
Gabriela: “A cenoura tá estragada. Me dá alface."
Mãe: (sorve alface)
Gabriela se comporta de forma assertiva ao dizer à mãe o que quer o o que não
quor comer. A máe reforça o comportamento assortivo, oferecondo à filha outras alternativas.
Gabriela entáo escolhe a alface (novo comportamento assertivo) e novamente ó reforçada
pela mãe. Au reforçar as respostas de escolher os alimentos, a mãe de Gabriela não está
fortalecendo apenas essas respostas específicas, ela está fortalecendo uma classe do
respostas: escolher, decidir, expressar suas preferências e opiniões.
Caso 5
Pedro tem 2 anos e meio. Está sentado à mosa e sua mão servo seu prato.
Pedro: "Não quero salada!"
Mãe (colocando a salada no prato): Tem que comer, (em tom hostil)
Pedro (empurra o prato com força): Não vou comer." (em tom agressivo)
Mãe: "Então vai pro teu quarto."
Pedro apresenta um comportamento assertivo ao dizer que não quer salada. A
mãe não reforça o comportamento assertivo, ela pune positivamente o comportamento da
criança. Diante da situação aversiva, Pedro emite uma resposta agressiva de fuga, e ó
reforçado negativamente pela mãe. Ao punir a resposta assertiva e reforçar negativamente
a resposta agressiva de Pedro, a mãe não está fortalecendo apenas essa resposta específica,
ela está fortalecendo uma classe de respostas: agredir para evitar situações aversivas.
A literatura mostra que este tipo de contingência, em que um comportamonto
assertivo da criança ó conseqüenciado pelos pais com punição ou colocado em extinção,
costuma ser seguido por um comportamento desafiador ou oposicionista da criança.
De acordo com Crockenberg e Littman (1990) o comportamento desafiador da criança
fica relacionado ao uso de comandos ou outras estratégias maternas assertivas de
controle quando estas ocorrem após uma recusa assertiva da criança (ex. dizer não a
uma solicitação materna). Por exemplo, a mãe insiste em um comando direto ("tem que
comer"), mesmo após a criança ter manifestado assertivamente a sua recusa em
Caso 6
Os pais de Rodrigo conversam entusiasmados durante o almoço. A mãe conta
ao marido uma história engraçada. Os dois falam, dão risadas, se olham. Rodrigo, que
tambóm está sentado á mesa, conhece a história que a mãe está contando e tenta contar
o que ele viu. Os pais parecem não ouvir o menino. Continuam conversando. Após trôs ou
quatro tentativas de participar da conversa. Rodrigo começa a puxar a blusa para cima,
depois morde as mangas, faz barulhos, mexe nos objetos que estão sobre a mesa, se
sacode na cadeira, e finalmente derruba um copo com suco. Nesse momento os pais
intorrompem a conversa e repreendem o menino, perguntam por que ele fez aquilo, etc.
Nesta situação, as tentativas de Rodrigo de participar assertivamonte da interação foram
colocadas em extinção pelos pais. A variabilidade comportamental do menino, que
provavelmente já deveria ter sido exposta a contingências semelhantes, permitiu quo ole
emitisse respostas alternativas, no caso, comportamentos inadequados. Alguns deles
não foram reforçados, mas quando ele finalmente sujou a toalha, conseguiu obter reforço.
O próximo exemplo traz o relato de uma observação da Interação mãe-pai-
criança, realizada em um laboratório mobiliado com duas cadeiras um tapete, almofadas
o alguns brinquedos. Os pais eram solicitados a brincar com a criança da forma como
costumavam fazer em seu cotidiano. Este procedimento também fez parte do estudo
longitudinal anteriormente mencionado (Piccinini, Tudge, Lopes & Sperb, 1998).
Caso 7
Julia ó descrita por sua mãe como uma criança medrosa,
Mãe: “Ela tem medo de tudo. Não quer ficar sozinha. Fica agarrada com a gente
em qualquer lugar. A noite quer dormir na cama conosco"
Durante a interação foi possível notar que diante de vários comportamentos
exploratórios de Julia (mexer nos objetos, tentar subir na cadeira), os pais verbalizavam:
"Olha que a Malvina Cruela vai te pegar." (Malvina Cruela ó a vilà do filme infantil “Os
Dálmatas"). Diante da verbalização dos pais, Julia corria em direção a eles, que abraçavam
e afagavam a menina. Para os pais, o comportamento da menina de se afastar e
explorar o ambiente era aversivo (possivelmente por estar associado a perigo). As
respostas de fuga-esquiva dos pais, de assustá-la, eram reforçadas negativamento por
seu retorno. A menina era reforçada, tanto negativamente por evitar um suposto perigo,
como positivamente, pela reação calorosa dos pais. Nesta situação Julia não está
apenas aprendendo a correr para os pais quando “a Malvina Cruela está por perto". Ela
está aprendendo que o mundo é ameaçador e cruel, e que apenas perto de seus pais
ela estará em segurança.
O último caso relatado a seguir mostra uma situação extrema, de uma criança
que estava apresentando comportamentos auto-lesivos:
Caso 8
A mãe rolata não compreender a conduta do filho, Fabio, de cinco anos, com graves
problemas de externalização, que segundo a mãe, além das travessuras habituais,
3 n Patrício Alviircntfii
ultimamente vinha se envolvendo em situações perigosas (mexer na tomada, jogar-se na
fronte de um carro em movimento e tomar um vidro de remédio). A observação da interação
da mãe com a criança durante o brinquedo livre e em uma situação estruturada, e os dados
de entrevistas com a mãe, deram indícios de que ela costumava ignorar os comportamentos
adequados do menino (extinção) e eventualmente reforçar seus comportamentos
Inadequados. É importante salientar que a avaliação do quoeficiente intelectual da criança
através do teste WPPSI nâo revelou nenhum comprometimento cognitivo.
Mãe: Ele perdeu os dois dedos (mexendo na tomada). Mexeu, que ele perdeu
os dois dedos na tomada. Ai esses dias, faz pouco isso aí. Acho que não faz nem um
môs, ele mexeu de novo na tomada, E até se queimou aqui na ponta da mão.
Entrevistadora: E o que você fez quando isso aconteceu?
Mãe: Fiquei desesperada (...). Saí correndo desesperada com ele no colo (...).
Dei umas palmadas, nó (...). Porque ele tem 5 anos, ele entende.
A privação do reforço em que a criança se encontrava habitualmente, já que a
mãe não costuma ser responsiva, fez com que as repreensões e castigos fossem,
possivelmente, reforçadores para os comportamentos inadequados. Poderíamos então,
levantar a hipótese de que em alguma dessas travessuras a criança tenha
acidentalmente se machucado ou se arriscado de alguma forma e quo, em função
disso, tenha recebido da mãe não só a atenção usual na forma de repreensões ou
castigos, mas também consolo, carinho, preocupação. Isso explicaria o aumento na
freqüência de comportamentos de envolver-se em situações perigosas ou ferir-so.
Os casos descritos ilustram a importância das contingências em operação na
intoração pais-criança para o desenvolvimento sócio-emocional dos filhos. Em situações
simples e sutis do cotidiano das famílias, as crianças estão se comportando e sofrendo a
açáo das conseqüências produzidas polo seu comportamento, no comportamento dos
seus pais ou cuidadores (babás, avós, etc.). Da mesma forma, as estratégias utilizadas
pelos pais para lidar com conflitos do dia-a-dia estão ao mesmo tempo ensinando às
crianças, e sondo modeladas pelas conseqüências geradas no comportamento dos filhos.
Assim, é fundamental que sejam desenvolvidas estratégias de intervenção
direcionadas para o desenvolvimento do repertório parental para compreender e lidar
com o comportamento dos filhos nesses contextos do cotidiano. A base dessas
estratégias deve ser a análise funcional, que junto a outras tócnicas e procedimentos
terapêuticos, deverá tornar os pais mais sensíveis aos estímulos discriminativos
fornecidos pelo comportamento dos filhos que indicam necessidade de mais carinho e
atenção, medo, fantasias ou conflitos típicos da infância; tornar os pais mais sensíveis
a comportamentos dos filhos indicadores de assertividade, empatia, cooperação, etc. e
da importância de reforçar esses comportamentos; ampliar o repertório de práticas
parentais para lidar com situações de conflito do dia-a-dia; apontar vantagens e
desvantagens de diferentes tipos de práticas educativas; estimular a descrição de
contingências naturais para as crianças, favorecendo assim, a auto-regulação; resgatar
as trocas afetivas e a importância de momentos de prazer e diversão com os filhos; e
ampliar o conhecimento dos pais sobre o desenvolvimento infantil.
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Imagem corporal
A percepção de quo o homem estabelece uma relação própria com a sua
Imagem Corporal vom desde a Antigüidade, quando um módico francês, Ambroise
Paré, obsorvou a existência do mombro fantasma em seus paciontes vítimas de
amputação do membros. Desde então, a relação do homom com o próprio corpo o
como essa relação pode interferir em seu comportamento, vem sendo observada por
diferentos pesquisadoros (Barros, 2005).
A construção da Imagem Corporal envolve a interação entre fatores emocionais,
atitudes e percepções na relação que o indivíduo estabelece com a sua aparência
física:"(...) não se podo deixar de levar em consideração os aspectos socioculturais que
podem influir no desenvolvimento da auto-imagem corporal e dos transtornos a ela
associados" (Almeida, Santos, Pasian e Loureiro, 2005). A insatisfação das pessoas
com o próprio corpo tem sido vinculada à distorção da porcepção corporal o ao desejo
do alcançar um detorminado tamanho e peso que aumentem a possibilidade de obter
a aprovação social.
O desenvolvimento da Imagem Corporal aconteco do forma gradual desde a
infância. Desde muito pequenos, quando o corpo comoça a ganhar caractorísticas
próprias do cada indivíduo, a criança começa a perceber a forma como ola mesma e os
outros porcobem a sua aparência. “A imagem corporal ó como uma impressão digital,
ou seja, cada indivíduo possui uma experiência corporal que é única (...) (Castilhos,
2004 p. 35). As crianças aprondom como a sociodado porcobo o valoriza determinadas
características físicas e como desqualifica e rejoita outras. Elas aprondom a discriminar
326 P.itrki.i O tilHon Ribeiro, lli.in c |\u lilh ,i il.i Silv.i, l/l.u iie C o*t.i, Ponki* tYri|ik-ir,i I dto I (cllor
os sinais emitidos pelo ambionte e buscam adequar sua aparôncia corporal ao modelo
que lhes é transmitido (Castilhos, 2004).
Conformo Briggs (2000), a construção da imagem corporal, bom como da auto-
estirna, se dá através da forma como a criança interage como ser social om sua família
e com o moio à sua volta. A partir dessas intoraçõos, ola adquire intormaçõos a sou
rospoito e constrói, aos poucos, a porcepção de si mosma. Antos do aprendizado da
linguagem, a criança aprendo a linguagem corporal transmitida pelos outros, através
dela, a criança capta o rogistra impressões sobro si mosmo e o mundo a partir da
maneira como é tratada. É o outro quo a principio vai aprovar ou não a atitude ou o
comportamento omitido, e só então poderá ser construída uma relação de respeito
consigo mosmo. Nesse processo, o meio social em que a criança está insorida
transmite constantomonto informações a respeito dela mesma, ou soja, à medida quo
a criança desenvolve uma vida social ela vai adquirindo mais informaçõos a sou respeito.
Do acordo com Briggs (2000) a imagem corporal quo cada pessoa tom do si
mosma tem a ver com o que a pessoa selocionou durante sua vida intoira a rospoito
daquilo que falaram sobro sou corpo. É durante os anos pró-oscolaros que a criança
desenvolve de forma acentuada o seu conceito a respeito da imagem corporal Com um
pensamonto o uma linguagom mais abrangentes, começa a reconhecer quo a aparência
das pessoas pode sor mais ou monos desejável. Ela aprende a respeito do significado
das palavras "bonito” e "feio" e reflete a opinião que os outros têm quanto à sua aparôncia.
A auto-estima não ó um conceito de caráter definitivo, assim como os
autoconceitos, que a formam, são aprendidos e não hordados. A visão que a criança
tem de si mesma geralmente muda com o sou crescimento e com suas novas
exporiõncias. O processo de formação da auto-imagem se faz da seguinte maneira: um
novo reflexo uma nova experiência, ou o crescimento, leva a um novo êxito ou fracasso,
que por sua voz leva a uma nova concepção de si mesmo. Dessa maneira, o autoconceito
de cada pessoa evolui, em geral, durante toda a sua vida. Conforme Castilhos (2004) as
concepções e atitudes relacionadas com os concoitos de ostótica e beleza, influenciam
de maneira determinante a forma como as pessoas se caracterizam e se relacionam
com seus pares.
Uma das grandes dificuldades percebidas por aqueles que nâo se julgam
atraentes fisicamente, é o receio de serem rejeitados no meio social As pessoas têm a
tondôncia a acreditar que pessoas esteticamente bonitas têm status socialmente olovado
o uma probabilidade maior de alcançarem o sucesso em qualquer projeto que so
engajem. Essas pessoas têm a tendência de “(...) se preocuparem mais com a
aparência, bem como se auto-avaliam em função da mesma" (Castilhos, 2004 p. 19).
Em um estudo roalizado com mulheres, Almeida e col. (2005) identificaram quo
a maioria dessas participantes do estudo relacionou o tamanho e a forma corporal com
figuras quo roprosentavam baixo peso. Quando as mesmas foram solicitadas a indicar
o tamanho quo gostariam de ter, observou-se que grande parte do grupo apontou para
figuras do baixo peso corporal. De acordo com Almeida e col (2005), a exigência de
corpos magros é grando ontro ossas mulheros o quo aponta om direção ao "(...)
estereotipo que associa o corpo magro da mulhor a atributos positivos, à normalidado,
e à capacidade de se tornarom atraontos o bonitas" (Almeida o col., 2005).
Em pesquisa recente, Marques (no prelo) verificou que om um grupo de
universitárias, aquelas quo aprosontaram prodisposiçâo ao distúrbio da imagem corporal,
indicaram a presença de comportamentos como preocupação excessiva em chamar a
atenção e com a aparência do forma excessiva, patológica. Conforme Castilhos (2004),
Transtornos alimentares
Os transtornos alimentares costumam afetar mulhoros jovens o tor um curso
crônico, apresentando alto grau do morbidade e mortalidade (Pinzon & Noguoira, 2004).
Caracterizam-se por severas perturbações no comportamento alimentar.
A anorexia norvosa é mais comum em mulheres que em homens, o do inicio
mais freqüonte entre 13 e 18 anos e mulheres após os 40 anos. De acordo com o CID
- 10, a anoroxia nervosa ó um transtorno caracterizado por perda de peso intencional,
induzida e mantida pelo paciento. O transtorno ocorre comumente em mulheres
adolescentes ou jovens, mas pode igualmente ocorrer num homem adolescente ou
jovem, como numa criança próxima à puberdade ou numa mulher de mais idade ató na
menopausa. A doonça está associada a uma psicopatologia ospoclfica, compreendendo
um medo de engordar e de ter uma silhueta arredondada, intrusão porsistente de uma
idóia supervalorizada. Os paciontes se impõem um baixo peso como determinante de
sucesso. Existe comumente desnutrição de grau variável quo se acompanha de
modificações ondócrinas e metabólicas socundárias e de perturbações das funçõos
fisiológicas. Os sintomas compreendem uma restrição das escolhas alimentares, a
prática excessiva do oxorcícios físicos, vômitos provocados o a utilização de laxantes,
anorexígoros e de diuréticos. O DSM IV(2000) complomonta: a) recusa em manter o
peso no minimo normal adequado à idade e à altura, ou acima deste. Por exemplo,
perda de poso lovando à manutenção do poso corporal num nlvel menor que 85% do
esperado; ou fracasso em ter o ganho do peso esperado durante o periodo de
crescimento, levando a um peso corporal menor do que 85% do esperado; b) medo
intenso do ganho de peso ou de se tornar gordo, mesmo com peso inferior; c) perturbação
no modo de vivenciar o poso corporal, tamanho ou forma.
O peso ou formato corporal exercem influência indevida na auto-avaliação ou
há negação da seriedade do baixo peso corrente; d) nas mulheres pós menarca, a
amenorréia, isto ó, a ausência de pelo menos três ciclos mentruais consecutivos, quanto
ó esperado ocorrer o contrário. Há um distúrbio da imagem corporal, sendo assim se
vêem mais gordos do que realmente são e permanecem insatisfeitos com seu corpo
mesmo estando extremamente magros.
Segundo Hollor (2003), a anorética apresonta auto-ostima rebaixada,
porfoccionisrno, falta do habilidado social, repertório comportamental limitado e tendência
a se auto-avaliar a partir da opinião dos outros. Nas diferentes áreas de sua vida, tende
a atribuir sou insucesso ao seu corpo, sendo incapaz de discriminar seu limitado
repertório om habilidado sociais Apresonta falta de controle de sua vida e o controle do
comer parece sor o único possível, sendo, portanto muito reforçador para ela.
A bulimia de acordo com o CID-10 (1993), uma preocupação excessiva com
rolação ao controle do poso corporal conduzindo a uma alternância ontre hiporfagia e
vômitos ou uso do purgativos. Este transtorno partilha diversas características
psicológicas com a anorexia nervosa, dentre as quais uma preocupação oxagerada
com a forma o poso corporal. Conforme os critérios descritos do DSM IV (2000), a
bulimia norvosa caracteriza-se por: a) opisódios de bingo-oating recorrentes, b) empenho
recorrente om comportamento compensatórios inadequados a fim do provonir o ganho
de peso, tais como: vômitos auto-induzidos, uso inadequado de laxantes, diuróticos
enomas ou outros medicamentos, dieta restritiva, jejum ou exercícios excessivos; c)os
328 P.ilrki.i (./iiilloi) Ribeiro, lli<inc I\hIiIIm il.i Sj|v«i, C/I<iui'c tosl.i, l>euise (.'erquelrii l.elle I leller
episódios de binge-eating e comportamentos compensatórios inadequados devem
ambos ocorrer, em média, pelo menos duas vezes por semana durante trôs meses; d)
a auto avaliação ó inadequadamente influenciada pelo peso e formato corporal; e) o
distúrbio não ocorre exclusivamente durante episódios de anorexia nervosa.
Um episódio de binge-eating caracteriza-se por: comer em um período limitado
de tompo, uma quantidade do alimento que ó claramente maior do que a maioria das
pessoas comeria durante um período de tempo semelhante, em circunstâncias
semelhantes, e também, sentimento de falta de controlo sobre o comportamento
alimontar durante tais episódios.
O estudo
O estudo a ser apresentado a seguir teve por objetivo verificar a relação entre o
transtorno de imagem corporal e os transtornos alimentares entre 100 alunas de uma
Universidade particular de Curitiba, na faixa etária entre 18 e 25 anos. Para tanto, foram
utilizados dois instrumentos, o Body Shape Questinaire - BSQ (Cooper in Pietro, 2002)
e o BITE (Henderson & Freeman, 1987) a fim de observar o padrão de comportamento
das alunas quanto à imagem corporal própria e identificar a incidência de transtornos
alimentares entro as mesmas. O BITE ó indicado para identificação do quadro de bulimia
nervosa (ainda em discussão) e/ou classificação dos transtornos afetivos alimentares
da alimontação (o que inclui obesidade e a anorexia).
A partir da avaliação dos resultados obtidos, observou-se que 53% das
universitárias entrevistadas responderam quo possuem uma incontrolável vontnde de
comer sem parar, 57% indicaram consumir grandes quantidades de comida muito
rapidamente e 72% responderam que apresentam episódios exagerados de
alimentação. Com relação às conseqüências do padrão alimentar; 83% se apavoram
ao pensar em tornar-se gorda; 59% em episódios de super alimontação sentem-se
mal e sentem-se culpadas ao comer demais Situações que desencadeiam uma super
alimontação, as trôs respostas que tiveram maior freqüência: 43% apresentam
momentos em quo só conseguem pensar em comida; 79% ao sentirem-se ansiosas,
tendem a comer muito e 47% voltam-se para a comida buscando aliviar algum tipo de
desconforto. Os presentes resultados apontam para a possibilidade da influência de
fatores emocionais como desencadeadores do comportamento alimentar alterado.
Relacionando os resultados do BITE e da avaliação da Imagem corporal,
observou-se que: 17 pessoas não apresentaram dados que apontassem para a
possibilidade de transtorno alimentar e transtorno de Imagem corporal; 13 pessoas
apresentaram possível comportamento alimentar não usual e sem transtorno de imagom
corporal; 5 pessoas apresentaram respostas indicativas de possibilidade de
comportamento alimentar não usual com transtorno de imagem corporal leve e 8
pessoas com possível comportamento alimentar não usual e transtorno de imagem
corporal moderado. Ainda em relação aos resultados do BITE, 28 alunas apresentaram
forte possibilidade do transtorno alimentar, sem transtorno de imagem corporal e 13
obtiveram forte possibilidade do transtorno alimentar com o de imagem corporal
moderado, Aquelas pessoas que apresentaram respostas relacionadas ao
comportamento alimentar compulsivo, tiveram associado o transtorno de imagem, sendo
5, transtorno leve, 1 moderado e 3 grave.
Ao se fazer referência à imagem que uma pessoa tem de si mesma, nem
sempre se refere a uma imagem real e objetiva. Esta pode estar deformada por uma
confusão com relação à realidade psíquica do indivíduo, de modo que este estado
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Capítulo 29
A prática do analista do comportamento:
contribuições passadas e
recentes para a educação.
PUC SP
332 l\iulo Andrí P.inotl.i, M.irl.i AuxiImiIomdo Iim.i W.in#, l.iglii V.ill.ul.irrs Od.i Kumk.iwd
RoIhtIo Alvos R.i » iKO
A lg u m a s c o n trib u iç õ e s da a n á lise do c o m p o rta m e n to no
planejamento do ensino.
Um dos grandes problemas da educação escolar é o fato do que os roforçadoros
positivos serem muito remotos. Aquilo quo é ensinado em sala de aula não é
imediatamente roforçado. Quaso sempro um aluno aprendo através de descrições de
contingôncias, raramente seu aprendizado ó modelado por contingôncias do reforço
planejadas. Um queixa, bastante difundida entre os alunos, ó quo a educação, om
gorai, ó difícil do sor obtida e irrelevante para a vida prática. Quostionamontos quanto à
dificuldade e relevância da educação ó um dos ofeitos da aprendizagem por descrições
do contingôncias com entrega atrasada o intermitonto do reforçadores. Mas, afinal, qual
ó a relovância e os objetivos da educação?
Os objetivos da educação são de mudanças comportamontais obsorváveis, ou
dito de outra forma, aquisição de novas rospostas polo aluno (Skinner, 1972). A relevância
desta aquisição resido no aumento do repertório comportamontal do aluno. Porém, manter
esta aquisição do novas rospostas não ó uma tarefa fácil. Um dos principais problemas
enfrentados pelos profissionais da educação são as notas o concoitos, utilizados como
reforçadores condicionados, em todos os níveis da oducação, para a aquisição de
respostas noviças pelos alunos. Obviamente, assim como dinhoiro, prêmios e promoções,
notas são roforçadoros arbitrários que, se apresentados contingonto ao comportamento
desejável emitido pelo aluno, poderão manter a aprendizagem do mosmo. É sabido que
alunos quo rocobem notas excelentes, de um modo gorai, estudam mais do que aqueles
quo recobem notas menores. Mas, por causa do esquoma de reforçamento intermitonto
utilizado, a manutenção do hábito de estudo pelos alunos quo demonstram um
dosompenho académico eficiente poderá tornar-se difícil o ingrato. Muitos, incfusive, acabam
desmotivados. Com os profissionais da educação, o processo também não é muito
diferente. Skinner (1972) afirma que são muitos os professores que: Iperdem de vista o
significado do que estão ensinando e, para os que mantêm a educação, perdem contato
com o que está sendo realmente ensinado." (p. 219). As causas desso processo são
conhecidas. Devem-se ás contingências de reforço que, mal planejadas, não se
relacionam com as vantagens imediatas da profissão: ensinar outros como aprender.
Para obtermos um ensino e profissão eficiente é necessário um molhor planejamento do
ambiente modelador do comportamento, com um maior controle o ontroga do roforçadores
positivos imediatos. A prática do analista do comportamonto envolve o planejamento do
ambiente de ensino com a apresentação de reforçadores contingontos ao comportamento
desejável do aluno o do profossor. Skinner (1972) comenta quo ensinar urri aluno a
ostudar ó: lensinar-lhe técnicas de auto-governo que aumentem a probabilidade daquilo
o que foi visto ou ouvido seja lembrado" (p. 122). Com a passagem do tempo, o aluno
deveria ficar menos sob o controle da descrição fornecida: o comportamento aprendido
deve sor modelado pelas contingências de roforço às quais foi programado. Porém, om
muitos momentos, na prática, a modelação é inexistente.
Descrições de contingências sem relação direta com comportamentos futuros
onde tais contingências ostarão om ação ó um problema global Ernest Vargas (1996),
descrevendo um possívol novo modelo para as universidades amoricanas. aponta que o
paradigma tradicional da educação, neste país, está baseado na percepção do aluno. O
modelo assumido nas instituições americanas ó caracterizado pela apresentação do
instruções, ao aluno, com a finalidade de melhoria no desemponho deste, onde ó assumido
quo a instrução é igual para todos o todos estão motivados a apronder e onde o aluno não
controla o que ó apresentado para ele, assim como não controla o ritmo do quo é ensinado.
Como consoqüôncia, temos uma padronização de instruções e de ambientes do ensino,
334 l\iulo Amlró R.irl)o*«i P.mdt.i, M.iri.i Auxiliadora de Iim.i W.mq, Iífll.i Valladarv* Oda Kumkawa
Rolicrto Alves Hanaio
Uma política educacional proocupa-se com três questões básicas: quem devo
ser ensinado, quanto e a respeito de que? Deverá ser ensinado todos os membros
participantes de uma cultura, com um quantidade de ensino que amplifique o reportório
comportamontal do indivíduo. Já as conseqüências de àquilo que ó ensinado, (e quo
diferencia o conteúdo do ensino) dopondem da área em quo ocorro o ensino, mas, de
qualquer forma, poucas vezes sâo especificadas estas conseqüências. Grando parte
do onsino atual nâo decorro de uma política explícita e acabam fracassando por que
repetem erros cometidos no passado. Segundo Skinnor (1972):
"Os formuladores de uma política educacional empenham-se em criar estudantes
à sua própria imagem ou, na melhor das hipóteses, a trabalharem na direção de
arquòtlpos generalizados pelo conjunto de homens bem-sucedidos no passado.
Mas uma cultura, como uma espécie, nào evolui de uma simples réplica dos
sucessos anteriores Os homens distintos do passado foram produzidos em grande
parto por contingências acidentais, o nào nos dão nenhuma indicação a respeito
do quo pode ser feito do homem com um plano mais hábil." (p. 226)
Para produzir um homem mais hábil é necessária uma política educacional que
favoreça a divorsidade e variabilidade de seus membros. Skinner (1972) aponta quo: "uma
política concebida para maximizar a força de uma cultura deverá encorajar a novidade e a
diversidade, "(p. 224) É somente com o uso conjunto de um planejamento o do uma tecnologia
do onsino eficaz que poderemos abordar e solucionar os problomas da educação quanto as
suas políticas. Infelizmente, estas soluções estâo muito longos do serem lealizadas.
I - Instrução programada
Para falar sobro a Instrução programada proposta por Skinnor, voltemo-nos
para a definição sobro o ensinar: "um arranjo de contingências de reforço, sob as quais
o aluno aprende" (p. 4). Essas contingências devem ser planejadas considerando-se a
ocasião om que o comportamento ocorre, o comportamento em si e suas conseqüências.
O seguinte trecho ilustra as idóias de Skinnor a esse respeito:
“Entregue a si mesmo, em um dado ambiento, um estudante aprenderá, mas nem por
isso terá sido ensinado A escola da vida náo é bem uma escola, não porque ninguém
nela aprende, mas porque ninguém ensina. Ensinar é um ato de facilitara aprendizagem,
quem é ensinado aprende mais rapidamente do que quem não é." (p 4)
A programação do ensino proposta por Skinner pode ser assim caracterizada:
1) Os objetivos finais da aprendizagom dovom ser claramonte ospocificados;
II - Maquinas de ensino
Skinnor (1972) rolata quo a criação das primeiras máquinas de onsino ó atribuída
a Sidney Pressoy quo, na década de 20, projetou equipamontos buscando especialmente
facilitar tostes educacionais. Mais tardo, Prossey observou quo o aluno aprendia onquanto
roalizava os testes, pois rocebia feedback imediato. Ou soja, segundo o autor, o aluno sabia
so suas rospostas estavam cortas ou erradas. O reforço imodiato das respostas, fornecido
por meio da máquina, oferecia vantagens adicionais comparando-se à prática tradicional
do corrigir exames e devolvô-los uma semana ou até mais tempo depois de eles tor sido
roalizados. Outra vantagem da máquina de ensino era a possibilidade de cada aluno participar
ativamente do processo e seguir o programa do estudos no próprio ritmo. Aposar dessas
vantagens, as máquinas de ensino não obtiveram a esperada popularidado quo Pressey
vislumbrava. Para Skinner (1972), polo menos dois motivos contribuíram para o fracasso
das máquinas de onsino propostas por Pressey; falta de uma real comproonsão do processo
de ensino-aprondizagem e a inércia cultural. Sogundo Skinner (1972):
Pressiív trabiilhavd contra um sedimonto da teoria psicológica. aue ainda nào
tinha c/waadü uma concifíacâo com o processo de aprendizagem. Ü estuda da
aprendizagem humana era dominado pelos ‘tambores de momóri*" e artefatos
sinularas originalmente cpncebidas para estudar o osaueamenlo. Observava-se
o ritmo da aprendizagem, mas quüsq nada era feito oura m udá-lo(p 30)
Levando-se em conta o conceito de ensino, de Skinnor, para que haja aprendizagem,
è necessário ao aluno algo mais do que simplesmento comportar-se ativamente e saber
se suas respostas estão cortas ou erradas. Por isso, ornbora Skinner reconhoça as
contribuições de Pressoy para muitas das concepções que lovaram ao aprimoramento dos
equipamentos de onsino, reserva o termo "máquinas de onsino" para aquolas aporfoiçoadas
a partir das descobertas da análise experimental do comportamento Ele acreditava que a
aplicação das descobertas da análise do comportamento na oducação exige
necessariamente algum tipo de equipamonto. Porque se contingôncias do roforço que
modificam o comportamento de organismos inferiores não podem ser arranjadas
manualmente, muito menos contingôncias que modificam o organismo humano podem
sor arranjadas sem o planejamento que onvolvem instrumentos desenvolvidos para tal.
Note-se quo por máquina de ensino, Skinner (1972) ontondia: "qualquer artefato
que disponha contingôncias de reforço.” (p.63). O papol da máquina era o de dispor
conteúdo para o aluno, de forma a oferecer retorno imediato sobre o desempenho do
estudante. Com isso, o professor toria mais tempo para o atendimento individual o para
atividades interativas gorais com o aluno. As máquinas de onsino, assim como a
programação do conteúdo, devem ter garantir requisitos como:
a) O aluno dove compor a resposta - em vez de escolhô-la entre alternativas.
b) O conteúdo deve ser apresentado om pequenos passos. Cada passo dove ser dado
sem grandes esforços, o, ao mesmo tempo, ao avançar, o estudante se aproxime cada
voz mais do comportarriento-alvo.
336 Paulo Amlró H.irbos.i l\mclt.i, M.iri.i AuxIIi.kIomde Iim.i W.mfl, Il«i.i Vtill.id.irvs Od.i KumkdWii
Koberto Alves R.in.uo
c) As possibilidades de erros devem ser reduzidas ao mínimo possível.
d) O material a ser apresentado pela máquina deve estar de acordo com a análise dos
processos comportamentais verbais e nào-verbais, considerando-se que formas
especificas do comportamento devem ser evocadas e, por meio do reforço diferencial,
ser colocadas sob o controle de diferentes estímulos.
e) O material deve ser programado de forma a oferecer feedback imediato, a fim do
modelar e fortalecer o comportamento na direção do comportamento-alvo.
Para Skinner (1953), com a instrução programada o máquinas de ensino, seria
possível ensinar duas vezes mais do que se ensina com o sistema tradicional,
dispensado o mesmo tempo e esforço. Outro fator importante destacado tanto por
Skinner (1972), quanto por Sidman (2003), ó que a programação do ensino efetiva
possibilita a aprendizagem sem erro, ou pelos menos com o mínimo de erros possível.
IV - Ensino Preciso
O ensino preciso, ou ensino de precisão (Erecision teaching - PT) ó considerado
uma variante do ensino programado. Sua criação ó atribuída a Ogden Lindsley, como
resultado de pesquisas realizadas por ele e Skinner na Universidade de Harvard, na
década de 50. Fundamenta-se no modelo operante livre e tem por objetivo tornar o estudante
exímio na habilidade que estiver sendo ensinada. O método dispensa exposições em
sala de aula. As decisões educacionais baseiam-se nas mudanças contínuas de
freqüência de desempenho, que são automonitoradas e registradas em um quadro
padronizado, no qual o progresso do estudante é avaliado diariamente. O seguinte trecho
de Lindsley (1992) dá uma idéia de como ó uma classe operando com onsino preciso:
"O único adulto na classe parece estar matando o tempo. Ela se move ao longo da
classe, de estudante para estudante, respondendo a questões com um sussurro
aqui, oferecendo uma sugestão silenciosa ali, ajudando uma decisão sobre o
gráfico aqui, dando uma taplnha e um sorriso de apreciação lá. Agora o depois ela
convoca a classe para um minuto de prática. Os estudantes estào ocupados em
suas carteiras, em equipe de dois, pulando para pegar o quadro na parede ou para
colocar mais dados nele. Os estudantes sâo barulhentos em suas carteiras,
gritando respostas corretas tão rápido o quanto podem a 200 palavras por minuto,
vários gritos ao mesmo tempo nas carteiras vizinhas. Parece mais um coquetel
numa festa de adultos, ou um recesso escolar do que uma sala de aula Não è uma
classe ordenada como aqueles estudantes que a professora foi ensinada a
administrar, com um do 30 estudantes respondendo de cada vez, e apenas quando
foi chamado a fazô-lo.“ (p. 51).
As primeiras aplicações de ensino preciso em sala de aula, de acordo com o autor,
ocorrem no Canadá e foram feitas com crianças excepcionais. Ele relata um caso de aplicação
das tócnicas de PT, combinadas com PSI, na Academia Morningside (em Seatle, E.U.A.). A
instituição se propôs a reembolsar o dinheiro pago pelos estudantes se o nivel de escolaridade
deles não aumentasse pelo menos dois graus ao ano. Por sete anos os alunos nunca foram
reembolsados e evoluíram, em uma média, dois a três graus por ano. (p.55).
338 Piiulo Antlré P.incll.i, Miirwi AuxiIi.hIomdo Iima Wiin#, I.íhi.i V.ill.uJ.ucs Oil.i Kurok.iw<i
Kobcrto Alvos H.m.ico
afirmando que: "a modificação do comportamento, como prática corrente, fez muito pouco
para mudar o deplorável estado das escolas e aparentemente tem sido apenas um
instrumento para manter o status qud'_. (p. 499). E mais: acusam os modificadores do
comportamento do subserviência, de não questionar "um sistema que prospera sobre um
insignificante reino da lei e da ordem, em detrimento do processo educacional" (p. 501).
Para Winett e Winkler, (1972) uma classe quieta, controlada, obediente, além
de ser desnecessária, pode ser destrutiva. Eles supõem que a aprendizagem pode ser
mais efetiva se for acompanhada por canto, risada, assobio, como ocorre no ensino
informal, em que a criança pode escolher o quo estudar, quando estudar e por quanto
tempo. Os autores relatam que ao contrário disso, quase todos os estudos analisados
por eles indicam o silôncio, a quietude e obediência como comportamentos-alvo em
classe. Dizem que: “não foram bem-sucedidos em encontrar estudos (exceto um) que
de alguma forma se desviou da norma silôncio e falta de movimento ou que tenha
ousado questionar o currículo” (p.501),
Winett e Winkler (1972) observam ainda que os modificadores do comportamento
não controlam as próprias escolas, portanto, não poderiam discordar dos objetivos e
valores das práticas correntes, pois, divergir deles implicaria a perda de oportunidade
para realizar pesquisas. Ou seja, eles alertam para o fato de que as contingências do
sistoma também controlam os pesquisadores, como fica claro nesta declaração:
Nflo è surpreendente, portanto, que os modificadores do comportamento tenham
usado seus processos a serviço dos objetivos e valores do sistema escolar existente
Se o sistema escolar existente tiver objetivos e valores adequados, isso seria
admirável, mas se ds criticas citadas acima forem pelo menos parcialmente
corretas, então os modificadores do comportamento estao prestando considerável
desserviço à educação' (p 501)
As criticas de Winett e Winkler (1972) foram rebatidas por Oleary (1972), que
os acusou de fazer uma incorreta supergeneralizaçáo dos estudos avaliados. Entre
as limitações do estudo de Winett e Winkler (1972), O’Leary (1972) aponta:
• “Considera incorreta e supergeneralizada a afirmação de quo "a modificação no
comportamento fez muito pouco para mudar o deplorável estado da educação".
•Indica que Winett e Winkler (1972) basearam-se principalmente no livro de Silberman
(1970), que O'Leary (1972) classifica como provocativo.
•Observa que os autores não mencionam estudos que utilizam processos da
modificação do comportamento para mudar classes complexas - do ensino elementar
ao nlvel médio.
•Alega que, embora os autores restrinjam a análise a classes ditas normais, extrapolam
a avaliação para todas as classes", (p.506)
O'Leary (1972) acredita que ficar quieto, em silôncio, é uma habilidade importante,
não apenas para algumas atividades em classe, como também para o ambiente
profissional Ele diz duvidar que essa habilidade possa ser ensinada em uma classe
informal, onde a criança é autorizada a trabalhar em material da própria escolha, durante
o tempo que desejar. O autor descreve alguns avanços da modificação do comportamento
na educação nâo mencionados pelos autores, como por exemplo, o Sistema Personalizado
de Ensino, desenvolvido por Keller e seus colaboradores no inicio dos anos 60, Defende
1HoHarxl (19/0) levantou (JteamaAo aemeltiaiite ao ((ueattunar aa n im f* * entre oa anaMaa do aomporUmooto e m ui empreutidortm Pondwou
quo roprosontantim dai liwtKulçOM que empregam oa anabatai do comportamento, aaaim como oa próprio* anaUitai, podem <xx»klor«r o
controle (|ue propõe benevoletrte Aaaeguram que o contrata de GunNnuAndaa de rwkryo *ar* tavortvel paia o contrulado, maa, rnuKa» vwea nâo
eapedflcam quem mhé o mator benefldedo: oa repreaenlantea daa InatttirtçAe« (a indiretamente o anatata do comportamento) ou o mdlvlduo
340 P<»ulo A m J if JliiboM P jn e tU Auxill<itlor<i iJr I )m<i W .w # , I írj.j V<iJI<«J<trrs Od«i KurokàWâ
Roberto Alvos Kan.ico
que acabam virando fetiches. A questão è que, para corrigir esta distorção, ò
necessário nâo apenas conhecer bem a teoria, como ter uma visào ciara do que
ensinar, como ensinar e para quem ensinar" (p 289).
Se uma ciência do comportamonto e a tecnologia dela derivada se propõem a
resolver os problomas da cultura através do planojamento e identificação dos problemas,
apontando quais comportamontos humanos contribuirão para tais soluções o quais
tócnicas manterão estes comportamentos, então, a análise do comportamento e os
cientistas pertencentes á comunidade têm fracassado om seus objetivos mais básicos
por quo sequer consegue apontar os problemas. As possíveis soluções, então,
imaginem, quanta distância!
342 P.iulo Aiuiro K.irbosii P.mell.i, M.irlii AuxIII.iiIomtle Iim.i W.m#, IItfi.i V.ill.ul.irvs Od<i Kurx>k<iw<i
Roberto Alves H.in.uo
nos quais a mudança do comportamento é válidosa, o ambientes nos quais as
mudanças náo são bem vindas. Mas, se a freqüência de mudanças decorridas de
técnicas oducacionais, baseados em princípios da Análise do Comportamento, forem
decorrências do uso de tais técnicas pelas instituições, ontão a seleção será favorável
para as práticas do analista do comportamonto. Infolizmente, não ó isto que ocorre e as
atuais contribuições ao futuro da educação por ostes profissionais tom sido poucas.
Referências
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1, Wright State University Press
Greer, R D (1996) Acting to save our schools (1984-1994) In' Cautela, J R e Ishaq, W (Eds ),
Contemporary Issues in behavior therapy, (pp 137-158) New York- Plenum Press
Greer, R D. (2002). The education crisis In: Morris, T (Edr), Finding solutions to social problem -
Behavioral strategies for change, (pp 113-146) Washington, D C.: American Psychological
Association
Holland, J, G (1978) Behaviorism: part of the problem or part of the solution? Journal of Applied
344 r.iulo Amiri H.irlxK.i r.mctt.i, Miiri.i Auxili.nlor.i tic Ilin.i W.int?, l itfld V.illiidiirvs Od.i Kumk«iw<i
Ivohcrlo Alves H.iiiiito
Capítulo 30
Comportamento criativo & Análise do
Comportamento I: Insight'
Paulo Flicis C/otardelo Delage
Marcus Bentes de Carvalho Neto
Universidade Federal do Pará
Figura 3: llustraçáo da situação-problema do experimento com "bastões T" em Birch (1948). O sujeito
deveria puxar o bastão em forma de T e assim arrastar para si o pedaço de comida.
Assim, Birch (1948) concluiu que apesar de algumas soluções não poderem
ser explicadas de maneira direta e simples pelo paradigma da "tentativa e erro", elas
não estariam desvinculadas da história prévia dos sujeitos. O fenômeno do insight não
ocorreria na ausência de certos comportamentos pré-requisitos. A resolução súbita de
alguma forma dependeria da existência, no repertório dos sujeitos, das habilidades
que comporiam a resposta final nova. Sem tais componentes o fenômeno não ocorreria
Cerca de 40 anos após a publicação do trabalho de Birch (1948), Epstein (1985a,
1987) e Epstein, Kirshnit & Lanza (1984) deram um passo adicional ao demonstrarem
em detalhes que padrões comportamentais do tipo insight poderiam ser explicados
como uma interconexão espontânea de repertórios previamente aprendidos. No primeiro
trabalho abordando o tema, Epstein, Kirshnit & Lanza (1984) replicaram um dos
experimentos do Kõhler (1917/1957) sobre resolução de problemas, mas utilizaram
pombos ao invés de chimpanzés como sujeitos. O experimento em questão envolvia o
empurrar um caixote, que serviria como plataforma, para se alcançar um pedaço de
fruta que estava fora do alcance direto do animal.
Nesse estudo, os pombos eram treinados em dois repertórios distintos
separada mento: (a) empurrar uma caixa em direção a um spot projetado nas paredes
do uma câmara oxperimental e (b) subir em uma caixa e bicar uma réplica de uma
banana feita de plástico1. Após passar por cada uma dessas etapas, os animais oram
submetidos a uma situação na qual a "banana" ficava fora do seu alcance e nenhuma
caixa estava presente, sendo que nesta ocasião nenhuma resposta era reforçada. Essas
sessões, chamadas de extinção das respostas de força bruta, tinham como objetivo
eliminar respostas de alcançar diretamente a réplica por meio de saltos e vôos.
* A* uitiut» oxcoçflo» foram um« fftmea, quo |A havtu ckxnonstrado mk capaz (ia uHuar um baotâo #tn contaxto» rtAn oxpoflmental» 0 um
macho, qua rosolvou o prubloma a partir do movírnwitoi exploratório* mtUaM a rio uao ria uma habNdada functonalmanta «Imitar prevlamantt
aprondkla pagar objato» com uma corda Noa doU cato» oa reaultadoa powttvo* poriam *m atribuído» i exiatónda do corto» ixíHoqutolto»
comportamantata nâo controlado» ou/o pravMo» paio axpatlmontador
1Foi utiluwla uma rrtpllt» do uma tianana como forma da MMra ao» trabalho» rio Kòhlor
Flcjura 4' SeqüAncia resumida do teste no qual um pombo soluciona o problema "por insight' em
Epstein, Klrshnlt & Lan/a (1984) (Fonte http //www pigeon psy tufts edu/psych26/epstein.htm).
Referências
Caso Clinico:
Apresenta-se a seguir o relato de um caso clínico para exemplificar o
atendimento.
Inicialmente houve uma solicitação da equipo módica e de enfermagem de
acompanhamento psicológico para o caso com as seguintes queixas da equipe:
• "A mãe de RN (LH) tem alguns vícios (cigarro e bebida) os quais são incompatíveis
com a necessidade do RN sor amamentado. E precisamos iniciar a amamentação o
quanto antes, para que ele comece a ganho de peso, mas ainda não foi discutido isso
com a mãe..." (queixa da equipe médica).
• "A mãe do RN ó alcoólatra e tem vindo visitá-lo embriagada!!" (queixa da equipe de
enfermagem).
Dados do prontuário:
Identificação do RN'
• sexo feminino
• 3 dias de vida
• Nascido de Parto Normal
• Idade Gestacional; 36s3d
• Peso: 1550g
Conduta Médica:
• Avaliação clínica e Tratamento clínico-medicamentoso
Alguns Antecedentes Maternos importantes (fatores de risco):
• Um dos filhos falecido aos 4 meses do gravidez, em acidente (atropelamento ??)
• Gravidez não-planejada: resultado de relações com companheiro, em visita intima no
presídio, onde se encontra detido.
• Mãe - tabagista e etilista
Referências
Contra controle
As relações coercitivas ou exploradoras sâo condições para desencadear a
busca de relações melhores. Ameaças de greve, de revolução, de divorcio podem coagir
o parceiro que ofende. Promessas e ameaças podem mudar a relação. O controlador
infringir dor ou perda de recursos, são instrumentos de coerção, mas podem induzir
agressão e ressentimentos, tornando as pessoas infelizes. Ainda é lembrado com
freqüência aqui no Brasil, que Collor confiscou a poupança, tirou a fonte de renda,
guardada com sacrificios para comprar algo ou melhorar a aposentadoria. Isto após a
ministra Zélia dizer na TV que a poupança não seria alterada. Pessoas acreditaram e
depositaram nela suas economias. Os efeitos respondentes permanecem para muitas
pessoas, ainda, apesar do dinheiro ter sido devolvido após processos de requisição.
Portanto, o autocontrole, que chamei de comportamento básico é fundamental
para o contracontrole e cooperação social. É através desse comportamento que trocamos
os reforçadores e esperamos por conseqüências tardias. Ter autocontrole é fazer opções
entre alternativas conhecidas É possível escolher e analisar se aquele comportamento
de contracontrole trará benefícios ou se a perda resultante dele será maior A cooperação
social implica nos dois comportamentos, pois há sempre escolhas, analise da situação
e perdas que precisam ser dimensionadas. Teoricamente na cooperação social cada
um tem um papel a desempenhar e pode até precisar aprender a ceder a vez ou examinar
em detalhes os benefícios para um maior numero de pessoas.
Como já foi salientando, essa conferência apresentada na ABPMC, em 2005,
ao ser revista para publicação, mostrou-se atual. Os fatos políticos se destacam no
Referências
Qaum, (1994/ 1999) Compreender o behaviorismo Trad. Teresa Araújo e Silva, M.Amélia matos,
Gerson Y. Tomanari © Emanuel Z Tourinho) Porto Alegre Artmed
Keller F S e Schoenfeld. (1950/1966) Princípios de Psicologia, Trad (Carolina M Bori e Rodolpho
Azzi) São Paulo: Editora herder
Gonzaga L. e Zé Dantas. (1981) Vozes da Seca. CD A viagem de Gon/agão e Gonzagulnha
Sklnner< B F (1953/) Ciência e comportamento humano Trad (João Cláudio Todorov e Rodolpho
Azzi) Brasília' Editora Universidade de Brasília
Skinner, B,F. (1971/1972) O mito da liberdade, (Tradução de Leonardo e Maria Lucia Goular1)Rlo de
janeiro: Edições Block.
coimulttato pHrllciilHi
370 .1
Ri’Hin ClirisMnu Widensk«!
Capítulo 33
Proposta de práticas clínicas: um estudo
exploratório
Roberto Alves Banaco
PUC-SP, Núcleo Paradigma
Luciana Robcrta Donola Cardoso PUC-SP
Daniel Carvalho de Matos PUC-SP
M ariana Selo ihiag o Me/erra de Mene/es PUC-SP, ITCR
M ariana Ribeiro de Sou/a PUC-SP
Renata I luallem Pasijuinelli PUC-SP
372 Roberto A. R.in.ico, Iucl.in.i R. P. C.irdoso, P.inicl C de M.itos , M.m.m.i S<lo Ihi.iflo Hcwr.i df
Memves, M.iriitn.i R. tio Sou/.t , Rrn.il.i I I.P.isquinelii
terapeuta é promover mudanças no comportamento através de mudanças nas
contingências, tornando a análise funcional essencial corno um meio de obter predição
o controlo do comportamento (Kerbauy, 2001; Meyer, 2001).
Na relação do terapeuta com sou cliente, o primeiro devo se comportar como
uma audiência não punitiva, como lembra Skinnor "a audiência não punitiva cria condições
para quo o comportamento outrora punido volto a aparecer no roportório do cliente"
(Skinner, 2000, p. 403). E assim, ser considerado no procosso terapêutico.
Apesar da análise funcional ser o meio para uma descrição efetiva do
comportamento, algumas dificuldades são enfrentadas em sua roalização no trabalho
clinico. Como apontado por Meyer (2001), as dificuldades se concentram om identificar a
unidade de análise ou em definir uma classe do respostas, visto que o comportamento nào
podo ser isolado para observação, nem tampouco uma resposta do um organismo sorá
igual a outra. A própria definição de resposta operante ameniza, em parte, esta dificuldade;
já que uma classe de respostas operantes não soria limitada em termos do quantidade,
mas á sensibilidade das respostas da classe a um reforçador especifico. Entretanto, não
há, na prática clinica, instrumentação, a priori, que forneça uma classe de respostas com a
qual trabalhar. Do contrário, ‘‘o principal instrumento para isto é a inferência e verificação das
rogularidados quo surgem nas relações entre respostas e o ambionto, o que ó obtido tanto
através de relatos do cliente quanto pela observação direta" (Moyor, 2001, p,31).
De maneira semelhante à definição de classe do respostas, uma outra
dificuldade diz respeito á definição de uma classe de eventos antecedentes e de evontos
conseqüentes. Isto porque, no ambiente natural, diferentes conseqüências ou eventos
antecedentes podem estar seguindo uma mesma rosposta, sendo necessário verificar
quais eventos estabolecem o controle sobre ela.
Mesmo que tudo isso seja feito, ainda assim não ó suficionto para abranger
todas as informações necessárias para o terapeuta que pretende predição e controle
do comportamento do seu cliente. Nestes casos, o foco de análise deve envolver a
história de reforçamento do indivíduo. Em contrapartida, não existe, na descrição da
contingência, um lugar para o papel dessa historia de aprendizagem, enquanto
influenciadora do comportamento atual. Isto também se dá quando tratamos das
condições sócio-econômicas e dos estados fisiológicos.
Longe de desprezar a importância da análise funcional como caracterizadora
da especificidade do olhar do terapeuta comportamental, é possível reivindicar a
necessidade de desenvolver modelos mais satisfatórios que se aproximem das
situações fora do laboratório, como no caso da prática clinica.
Na tentativa de buscar respostas a essas dificuldades e de criar um repertório
para o terapeuta comportamental, diferentes práticas clinicas são construídas, ainda
que todas tenham como instrumento básico a análise funcional do comportamento.
Nesta direção a FAP tom como base a análise funcional proposta por Skinnor, e
de acordo com seus autores suas técnicas são concordantos com as expectativas dos
clientes, que buscam vivenciar um processo terapêutico profundo o intenso. Além disto,
elas também são dirigidas àqueles que não atingiram resultados satisfatórios com
torapias comportamentais convencionais, a clientes com dificuldades em estabelecer
relações do intimidado e com problemas interpessoais difusos, pervasivos.
O profissional que atua a partir das técnicas da FAP está sempro om busca de
uma observação direta do comportamonto, como um método do rounir dados relevantes
para o estabelecimento de uma rolação entre o comportamento o as variávois do controlo
- declaração de uma relação funcional - , e como uma tontativa sistemática do descrever
374 Robnlo A. Hiin.ito, Ia r m im R. I) . ('<irilu$o, IXinirl tio Maio* , Maiiana Slo I liíago He/erra dç
M em ves, li tlc S o i/ai , Hcn.il,i i l l\isq tiiiiclll
trabalho da FAP ó a especificação do comportamento clinicamente relevante (CRB), que
inclui tanto os comportamentos "problema" como os comportamentos finais desejados.
Para esta detecção é fundamental o trabalho de observação. No setting
terapêutico ó importante que o comportamento ocorra e que o profissional tenha, em
seu reportório, os comportamentos finais desejados para o cliente. Essas premissas
são imprescindíveis para detectar o comportamento “problema", identificar a emissão
dos comportamontos desejáveis e dispor conseqüências para instalação e manutenção.
Além deste trabalho do dotecção dos CRBs problemas o do consoquenciação dos
CRBs finais desejados, os autores afirmam que a terapia seria ineficaz caso o cliente
molhorasse no ambiento clinico, mas seus avanços não se transferissem para a vida
cotidiana, por isso, a generalização tem sido uma preocupação fundamental para os analistas
do comportamento. A melhor maneira para preparar a generalização é conduzir a terapia no
mesmo ambiente no qual o problema ocorre. Para isto, deveria ser realizada uma análiso
funcional dos ambientes clínicos e cotidianos, com base nos comportamentos que cada
um evoca, e buscar arranjar o ambiente para quo sejam funcionalmento similares.
Na aplicação clinica dos procedimentos da FAP, os comportamontos do cliente
são seus problemas, progressos e interpretações e os comportamontos do terapeuta
são procedimentos de ovocar, notar, reforçar e interpretar o comportamento do cliente.
Durante a sessão, as respostas do terapeuta ao cliente podorn ter trôs funções
de estimulo: 1) discriminativa, 2) eliciadora e 3) reforçadora. Os autores destacam o
papel de cada função:
"Um astimulo discriminativa refere-se às circunstâncias externas nas quais certos
comportamentos foram reforçados e onde, conseqüentemente, tornam-se mais
prováveis de ocorrer. A maior parte de nosso comportamento está sob controle
discriminativo e é usualmente conhecido como comportamento voluntário
(comportamento operante). Um comportamento oliciado (comportamento
respondente) é produzido de modo reflexo e é costumeiramente denominado
involuntário A funcáo rcforcadom refere-se às conseqüências que afetam o
comportamento. Cada ação terapeuta possui um ou mais destes trôs efeitos"
(Kohlenberg e Tsai, 2001, p. 19-20).
Pela afirmação de que o terapeuta só pode atuar com seu cliente através destas
trôs funçõos, e do quo estas funções afetarão o comportamonto do clionte durante esta
intoração, a principal característica do um probloma que poderia ser alvo da FAP ó que
ele ocorra duranto a sessão, sendo que, nesta, os avanços tambóm deverão acontecer
e sorom naturalmente conseqüenciados pelos reforçadores que ocorram no
atendimonto. O mais importante ó que os roforçadores sejam as ações o reações do
torapouta om relação ao clionte.
São três os tipos de comportamontos clinicamonte rolevantes (CRB): o CRB 1
, problemas aprosentados pelo clionte e que devoriam ter sua freqüência reduzida ao
longo do tratamento - tipicamente respostas do osquiva; CRB2, progressos do cliente
que ocorrerem ao longo da sessão; CRB3, intorprotaçõos do comportamento pelo cliente
- podo envolver relações funcionais ostabolocidas pelo clionte entre seus
comportamentos e o ambiento, interprotações e descrições de seus comportamentos,
bem como de equivalência funcional quo indica semolhanças entro o que ocorre na
sossão o na vida diária.
No sentido de melhorar a desomponho do terapeuta, a FAP propõe cinco regras
que na realidade funcionariam como sugestões de trabalho, e que resultariam om
efeitos roforçadores para o profissional quando aplicadas.
37« Kobrrlo A. |{.in<ico, Iucwn.i R. D. Ciuloso, Pumcl C. ile M.ilos , M.iri.m.i S.lo flmi#« lUvcrrddf
Mrmvcs, M.iri.in.t R. ile Sou/.t , Rcn.tl.i I l.P.isquinclli
sentiu naquele determinado momento?" As respostas a tais questões não são
necessariamente confiáveis;
f) Aos comportamentos operantes públicos correlatos, que são igualmente produzidos
pelas contingências de reforçamento e que acompanham comportamentos privados.
Tais comportamentos correlatos podem fornecer informações sobre os comportamentos
ou estados corporais.
Ao relacionar todas essas informações o terapeuta está, então, em condições
do atribuir ao conjunto um tormo - arbitrário, convoncionado pola comunidade verbal -
, qual seja, o "sentimento” da pessoa. Mesmo assim, o nome do sentimento (ansiedade,
angústia, fobia etc.) não acrescenta nenhuma informação adicional que possa ajudar
no processo terapêutico. Talvez a função de usar tais palavras seja a de facilitar a
comunicação entre terapeuta-cliente (desde que fique claro para ambos o que elas
descrevem) e a de manter uma tradição no relacionamento cliente-terapouta, no qual se
fala o tempo todo do sentimentos (mesmo não se tendo claro sobro o que se está
falando). A mudança nessa tradição deve ocorrer, mas gradualmente. O terapeuta deve
ensinar seu cliente a descrever contingências e nào manter as verbalizações com termos
do vernáculo cotidiano dos sentimentos (Guilhardi, 2004b).
Guilhardi (2005) propõe procedimentos que instalam comportamentos no clionte
capazes de reduzir, da forma mais eficaz possivel, sentimentos aversivos. Assim instalar
comportamentos do fuga-esquiva quo removem ou pospõem um ovonto aversivo ó
menos eficaz que instalar um comportamento de contracontrole da agência coercitiva,
que altera tal agência controladora e remove a fonte do controle coercitivo. Não basta
responder às coniingências coercitivas, deve-se procurar eliminá-las.
A TCR utiliza, basicamente, procedimentos verbais para manejar os
comportamontos do clionte, produzindo novos comportamentos governados por rogras
expostas pelo terapeuta e auto-regras desenvolvidas durante o processo terapêutico;
por outro lado, faz uso também de procedimentos de manejo direto das conseqüências
e dos antecedentes dos comportamentos dos clientes, na interação entre terapeuta e
cliente, usando procedimentos de modelagem, "fading”, punição etc, procurando manejar
contingências amenas e priorizando técnicas de mudanças graduais.
A Terapia por Contingências procura tornar o cliente ciente de todas as etapas do
processo terapêutico, de tal maneira que ele saiba descrever as contingências de
roforçamento que estão atuando e saiba alterá-las de forma funcionalmente útil. O cliente
torna-se, assim, sujeito ativo das mudanças nas contingências e torna-se capaz de produzir
alterações no ambiente, que atuarão sobre ele e selecionarão seus comportamentos.
Guilhardi (2004a) propõe que o adequado ajustamento da pessoa está
diretamente ligado à capacidade que ela tem do so comportar e do sentir sob controle
máximo de contingências reforçadoras positivas e minimo de contingências reforçadoras
negativas. Assim sendo, o terapeuta deve levar seu cliente a adquirir repertório
comportamental apto para maximizar conseqüências reforçadoras positivas e minimizar
conseqüências negativas, para si mesmo e para as pessoas que lhe são socialmente
relevantes, a curto e a longo prazo.
A Terapia por Contingências caracteriza-se por trabalhar com contingências
comportamentais, ser tecnológica, produzir resultados socialmente relevantes, ter uma
atuação conceitualmente sistemática, programar a generalização dos seus ganhos
para outras classes comportamentais, outros contextos e no tempo e preocupar-se em
ser analítico, isto é, sempre que possivel demonstrar experimentalmente as relações
funcionais que se propõe estar estudando.
380 Roberto A. Uan.iio, l uci.ma R. I). C«irdoso, l>.iniel de M.ilo* , M.in.m.» S«lo TIiuiro Re/errudc
Mene/es, M.iri.m,i R. de Sou/ii , Rrn.it,i I l.l\m|iiinelli
Referências
1E*t*fU txmi KictkjMta nnaltt |x>nln tio Iratxilio a dtottJMAo dt) urna <xxn|HfHK!ii*<> analitlco-ctxiifxxljiMMintal do vurtxi "M b «' ou “cofihiMaif", mn
lurtiw» do* pnxxMKM«xtifxmImimtiMi IiAikxm0nvoMrto» EntfwUwiU), oolijnttvo tbmln caplli*) Aookon (mIh dtotuuAo |xxto mh lida uxn |xuvMlo
m(tn MiHtiedMnuHk) mui* pmdm *1 nteiganto SkKHifw(1192/ 10V) "Wrtxil Bwlmvior' rio Cn(>0ulo M/CMnpoiiUxiMnditanlted»“ rui Miçâo
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' Emboi» o tnrmo Taiik I.IrIh poaim l»r 11111« Irmltiçâo IIIcimI por IIiIn (hi li*l«gnn< df» tnrnfM», o Inrrno IhhiIm Iihii uru u»o Mcnlco rw AnAlinn do
ComfxrtinNHrin. rwMnrio-*« ao proovMu chamado Encadnafnmik) Oponait» (Mdtmi>t>*>ro»r, 2001) NAoltA M huçAo MlguriM d« (jtm ■ nWmmçto)
original daalacoUUngn |t«thu tkto fundamarrtada numa Miáfan dn ürobai (ta«k analyita) mlriüi Eritmlanki mIn (xxMh *nrm iiwiKhk hindwnanU*-*)
puni um wtAIngo dtmlA nahirtti*
ÁREA DE COMPETÊNCIAS # 3
PRINCÍPIOS, PROCESSOS E CONCEITOS BÁSICOS.
DESEMPENHOS ENT SAI
3-1 Definir a unidade de análise do
comportamento e declarar sua importância para N C
uma ciência natural do comportamento.
3-2 Definir, identificar e dar exemplos de
C C
estímulos.
3-3 Definir, identificar e dar exemplos de
C C
respostas.
3-4 Definir, identificar e dar exemplos de
C C
ambiente.
Nesto exomplo, o desempenho 3-1 nâo havia sido treinado antos o, portanto,
está classificado como N, Nulo, no repertório do ontrada do aluno (ver "Legenda" no
quadro acima) Entretanto, consiste num desemponho que será treinado no curso e
deverá ocorrer de maneira C, Completa, no ropertório de salda. O desempenho 3-13 já
toria sido adquirido anteriormente e de maneira complota. O desempenho 3-14, que
havia sido adquirido parcialmente, não será trabalhado no curso, mantendo, portanto, o
mesmo status nos repertórios de ontrada e de saída. Evidentemente, ao fim de um
período formativo mais especializado, espora-se que um aluno possua todos estes
itens em sou ropertório profissional.
O roportório de entrada estabelecido como necessário ó objoto do avaliação
pró-curso (antes ou logo nas aulas iniciais). Supostamente adquiridos em outras
disciplinas, com outros professores (e não todos eles declarando-se analistas do
comportamento), o professor não supõe que o aluno domina os pró-requisitos: ele
verifica isso. Alunos com deficiência em desempenhos do repertório de entrada são
então encaminhados à monitoria para um estudo de recuperação paralelo ao curso,
pois este domínio ó suposto necessário para a consecução do repertório de saída.
Trabalhando-se com objetivos de ensino, a avaliação é simplos e direta: o
aluno deverá, sob as condições estimuladoras apropriadas, emitir o dosomponho pedido.
Uma "prova", portanto, consiste simplesmente em, do posso da Lista de Desempenhos
e dos parâmetros do repertório de saída, pedir ao aluno que produza o desempenho
provisto, oferecendo-lhe diretamente o estímulo discriminativo para tal ou, no caso de
um desempenho Completo, estabolecondo um contexto estimulador ao qual ele deverá
responder emitindo o desempenho. Ele o fará ou não o fará, ou seja, demonstrará a
ocorrência ou não da aquisição daquele itom de roportório.
Na primeira aula, o aluno recebe uma cópia dos roportórios de ontrada e saída
oxigidos. Dosta maneira ele poderá identificar, por ele mesmo, que dosomponhos ainda
não domina - e, portanto, pode, por si mesmo, buscar suprir o repertório faltante - o
saborá também que desempenhos precisará ainda adquirir para “passar". Em outras
palavras, o aluno poderá ter uma medida precisa do seu roportório presente com relação
ao roportório exigido pelo curso, pois sabe exatamente o que se espera que ele "já
saiba" e o que precisará "saber" para ser bem sucedido no curso.
Uma das vantagens dosta sistematização é que primeiro o profossor detorminará
o que ensinar. Este o que, por sua vez, oriontará depois a seleção dos rocursos para a
aprondizagem: o como ensinar. Um conteúdo, um o que ensinar minimamente
sistematizado o quanfrficável tambórn estabelecem ocasião para estudos mais robustos
Referências
Amorim, C e Andery, M A (2002) Quando esperar (ou não) pela correspondência entre comportamento
verbal e comportamento não-verbal Em Gullhardl, H e col (orgs.) Sobre comportamento e
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Ramalho, O A (2006) Medir, avaliar, decidir Em Starting e Alves (org) Cléncla do Comportamento
conhecer e avançar. V 5, (pp Xx - xx) Santo André: Esetec
APÊNDICE 1
Elftbomda para fins didáticos a partir ria Iraduçào e adaplaçflo das "Tnsk Lisls"
preparada* pelos FLORID A B FHA VIOH A N A IY S IS C E R TIFIC A TIO N PR OG RA M a
BEHAVIORAL ANALYST C E R TIFIC A TIO N BOARD, IN C. [lexlos originais
recuperados na World W ide W eb em março de 2004]
ÁREA DE COMPETÊNCIAS # 1
__________________ CONSIDERAÇÕES ÉTICAS_____________
_______________________ DESEMPENHOS___________________
1-1 Somente mobilizar ou por qualquer maneira influenciar o cliente
I através do uso de informações fidedignas e precisas da eficácia da intervenção e
j da competência daquele profissional no emprego da Análise do Comportamento
Aplicada.
1-2 Exercer a prática analitico-comportamental somente nos limites da
própria competência profissional em Análiso do Comportamento Aplicada e
procurar supervisão, interconsulta ou treinamento e/ou fazer encaminhamentos
conforme necessário.__________ ________________ ____________________
1-3 Desenvolver competência através do engajamento ativo em pelo
menos uma atividades profissional de educação continuada a cada ano.
1-4 Obter o consentimento informado escrito do cliente dentro dos limites
dos padrões éticos e legais aplicáveis. Um consontimento informado implica a
presença clara e inequívoca dos seguintes elementos:
a. capacidade, capaadado legal e psicológica para tomar decisões;
b. informação completa, a informação explicita de que (1) a pessoa
tem o direito de recusar qualquer procedimento naquele momento ou em
qualquer momento futuro sem qualquer constrangimento ou punição, (2) a exata
natureza do procedimento envolvido, (3) os benefícios esperados e os riscos
potenciais do procedimento e (4) a relação risco/ benefício do abordagens
altornativas, incluindo nada fazer,
c. aceitacào voluntária: nào houve coerçáo, pressão ou sedução para
Knotcvrlt R. St.irlhitf
— “ AREA DE COMPETÊNCIAS #“2
FILOSOFIA, EPISTEMOLOGIA, DEFINIÇÃO E
CARACTERÍSTICAS DA a n A l is e DO COMPORTAMENTO
______________ DESEMPENHOS ________ _____ _
2-1 Declarar e comportar-se quando em açâo profissional de acordo com
os pressupostos filosóficos da Análise do Comportamento, tais como o caráter
ordenado do comportamento, exigência de validação empírica, de análise
oxperimental e o princípio da parcimônia.
2-2 Declarar e exemplificar os pressupostos subjacentes das ciências
naturais e da Análise do Comportamento, tais como a natureza verbal do
conhecimento, o princípio da uniformidade, validação empírica, manipulação
experimental, critério de verdade e de certeza, pragmatismo, modelo de
causalidade, etc._____________ _________________________ __________
2-3 Distinguir entre evidências de natureza especulativa, inferenclal e
experimental, declarando suas características definidoras, implicações lógicas e
valor-verdade._________ _________________________ ________________
2-4 Distinguir entre indução e dedução na produção do conhecimento,
declarando suas características definidoras, implicações lógicas e valor-verdado.
2-5 Dtifinir, identificar e exemplificar construtos teóricos (e construtos
hipotéticos) e construtos empíricos (e variáveis intervenientes), declarando suas
características definidoras, implicações lógicas e valor-verdade.
2-6 Identificar a natureza das evidências apresentadas para uma
asserçáo, declarando suas qualificações frente aos critérios de fidedignidade,
validade, generalidade e parcimônia.__________________ _______________
2-7 Definir, identificar e exemplificar os conceitos de mentalismo,
fisicalismo, determinismo, mecaniclsmo, criacionismo, voluntarismo e teorias
homunculares. ________________ ______________________
2-8 Declarar as diferenças entre o dualismo mentalista ou fisicalista com
relação ao monismo naturalista.________ __________
2-9 Distinguir entre explicações mentalistas/ internalistas e ambientais/
externalistas dos fenômenos comportamentais. _____
2-10 Definir, identificar, exemplificar e distinguir entre análises estruturais
e análises funcionais dos fenômenos comportamentais.________________
2-11 Declarar as características e pressupostos definidores e distinguir
entre Behaviorismo Primitivo (S-R), Behaviorismo Mediacional, Behaviorismo
Metodológico, Cognitivismo e Behaviorismo RadicaL
______2-12 Definir e exemplificar selecionismo e contextualismo.
2-13 Definir, identificar instâncias e dar exemplos da relevância das
histórias filogenétlca, cultural e ontogenétíca (história comportamentaf) para uma
explicaçflo selecionista do comportamento.______________ ________________
2-14 Declarar o racional e os propósitos de uma ciência natural do
comportamento._______________ ________________________
2-15 Definir, distinguir e relacionar Behaviorismo Radical, Análise
Experimental do Comportamento, Análise do Comportamento, Análise do
Comportamento Aplicada e Tecnologias Comportamentais.
2-16 Descrever e explicar o comportamento, incluindo eventos privados,
em termos analltico-comportamentais (náo-mentalistas e não-flsicalistas)._______
2-17 Usar as dimensões da Análise do Comportamento Aplicada para
avaliar intervenções a fim de determinar se elas são analftico-comportamentais:
a. Aplicacõo: são aplicados os princípios básicos da Análise do
Comportamento (Área de Competências # 3);
b. Comportamental: está demonstrada a natureza inequivocamente
comportamental das VI e VD consideradas; ____________ _
ÁREA DE COMPETÊNCIAS # 3
p r in c íp io s , p r o c e s s o s e c o n c e it o s b á s ic o s .
DESEMPENHOS
3-1 Definir a unidade de análise do comportamento e declarar sua
importância para uma ciência natural do comportamento.
3JMDeíinir, identificar e dar exemplos de estímulos.
3-3 Definir, identificar e dar exemplos de respostas.
3-4 Definir, identificar e dar exemplos de ambiente.
3-5 Definir, identificar e dar exemplos de comportamento.
3-6 Definir, identificar e dar exemplos de classes de respostas e classes
i
de estímulos.
3-7 Definir, identificar e dar exemplos do repertório comportamental.
3-8 DefinirLidentificar e dar exemplos de contingência^
3-9 Definir, identificar e dar exemplos de relações funcionais.
3-10 Definir, identificar e dar exemplos de análises moleculares e
molares.
3-11 Definir, identificar e dar exemplos de operações e procedimentos de
apresentação de estimulo e de conseqüenciamento de respostas, distinguindo
entre operação, procedimento e resultado.
3-12 Definir, identificar e relacionar funcionalmente US, CS e CR.
3-13 Definir, identificar e relacionar funcionalmente os três termos da
contingência (S . R -> Sr)
3-14 Definir, identificar e dar exemplos do modelo respondente de
condicionamento, incluindo CER’s.
3-15 Definir, identificar e dar exemplos de sombreamento, bloqueio, pré-
condicionamento sensorial e condicionamento de segunda ordem.
3-16 Definir, identificar e dar exemplos do modelo operante de
condicionamento.
3-17 Definir, identificar e dar exemplos de operantes.
3-18 beflnír, identificar e dar exemplos da interação operante-
respondente (emoção), incluindo CER's, supressão condicional e estímulos pré-
aversivos e pré-apetitivos.
3-10 Definir, identificar e dar exemplos de comportamentos encobertos,
incluindo o papel das CER's.
ÂREA DE COMPETÊNCIAS # 5
AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO
_____________ [MÉTODOS DE ANALISE DESCRITIVA]_________
_______________________ DESEMPENHOS___________ ~_______
5-1 Coletar dados descritivos.
a. selecionando e justificando a seleção de vários métodos;
_________ b. utilizando e justificando a utilização de vários métodos._____________
5-2 Utilizar vários métodos para organizar e interpretar dados descritivos,
justificando a utilização. ___________
ÁREA DE COMPETÊNCIAS # 6
AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO
________ [AVALIAÇÃO EXPERIMENTAL DA INTERVENÇÃO!
'___________ DESEMPENHOS _________
6-1 Utilizar várias metodologias para demonstrar relações funcionais e para
determinar a sua fidedignidade e generalidade, através da replicação direta e da
repllcação sistemática, respectivamente. ______________________ ______
6-2 Manipular sistematicamente variáveis independentes para analisar seus
efeitos no tratamento,
a. Utilizando delineamentos A-B, A-B-A ou A-B-A-B, justificando seu uso
fócnlco e ótico e interpretando as evidências obtidas.
6-3 Utilizar delineamentos terapêuticos alternados (multi-elemento, tratamento
simultâneo, esquemas múltiplos ou concorrentes, condições alternadas e ensaio
randômico). ___________ _________ _ _ _ _ _ _
_____ 6-4 Utilizar delineamento de critérios móveis.__________________________
6-5 Utilizar delineamentos de base múltipla.
6-6 Identificar variáveis particulares aos contextos aplicados que precisam ser
gerencjadasjjuando da utilização de manipulações sistemáticas.
6-7 Completar uma análise de componentes.
6-8 Completar uma análjse paramétrica. __
AREA d e COMPETÊNCIAS # 8
APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE DADOS
_____________________DESEMPENHOS___________________
8-1 Selecionar métodos de apresentação de dados que assegurem a
discriminação precisa de relações quantitativas.
8-2 Usar gráficos de intervalo fixo.
a. titulando e calibrando os eixos horizontal e vertical;
b. plotando os dados,
c. mostrando linha de base, mudanças em funçáo de intervenções,
mudanças ambientais potencialmente significativas e interrupções na coleta de
dados,
________d. determinando o nivel, tendência e variação dos dados.___________
_____ 8-3 Usar Celeratlon Chart padrão.______________________________
_____ 8-4 Usar um Registro Cumulativo para apresentar dados_____________
8-5 Usar representações de dados que evidenciem padrões de
comportamento (por ex., gráfico de dispersão)
8-6 Determinar discrepâncias entre o nível atual e padrões de
desempenho, onde aplicável. ______________ _____
8-7 Decidir e justificar a decisão de continuidade/ mudança da intervenção
atual com base em alterações no nível, tendência e variação apresentados._____
8-8 Interpretar dados apresentados em vários formatos de acordo com os
princípios básicos da Análise do Comportamento.________________________
8-9 Fundamentar decisões de ação clinica com base em dados
apresentados em vários formatos.__________________________________ _
ÁREA DE COMPETÊNCIAS # 10
PROCEDIMENTOS DE MUDANÇA DE COMPORTAMENTO
___ DESEMPENHOS ___
10-1 Definir, identificar, exemplificar e utilizar intervenções baseadas em
operações do apresentação de estímulo, tais como variávei9 contextuais ou
ecológicas, operações estabelecedoras e estímulos discnminativos,_____________
10-2 Definir funcionalmente, identificar, exemplificar e utilizar reforçamento
positivo e negativo:
a. Identificando e utilizando reforçadores,
b. Usando modelos apropriados e osquemas de reforçamento,
c. Usando procedimentos de privação de resposta (por ex., principio
de Premack);
d. Discriminando possíveis efeitos indesojáveis do uso do
reforçamento o preparando planos contingnnciais para manejar esta
possibilidade._________________________________________________ _
10-3 Definir funcionalmente, identificar, exemplificar o utilizar punição
positiva e negativa;
ÁREA DE COMPETÊNCIAS # 11
MANEJO DE EMERGÊNCIAS
________ DESEMPENHOS................................. ...........
11-1 Definir situação de emergência.
11-2 Declarar o papel e a função dos procedimentos do emergência.
11-3 Declarar os componentes essenciais e as precauções para o
manejo de procedimentos de emergência e implementar um plano de ação
eficaz.
~~ÃREÃ DE COMPETÊNCIAS # 12
DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS DE APOIO _
_____ _________________ DESEMPENHOS___________
12-1 Selecionar, desenvolver e utilizar programas de tremamonto de
competências para pessoas que seiam responsáveis por conduzir avaliação
funcional e procedimentos de mudança de comportamento.
12-2 Selecionar, desenvolver e utilizar sistemas eficazes de monitoração
de desempenho (performance appraiaal) e sistemas de reforçamento._________
12-3 Selecionar, desenvolver e utütsar sistemas para monitorar a
integridade dos procedimentos.____________________________________________
12-4 Implantar sistemas de apoio para serviços analltico-
comportamentais com pessoas direta ou Indirelamonte envolvidas com estes
serviços.__________ __________________________ ___________ __________ ____
_
400 Rotina Rlfllictlo Pliit, Di.in,i losrllo I .iloni, M.iklllm Nunes H.ipttsl.i
Capítulo 35
l/rgência c emergência com crianças em
UTI Pediátrica: Contingências
de avaliação e intervenção.
Kosana Kighetto Dias*
Diana losello Laloni**
M akitim Nunes Baptista***
Fundamentação Teórica
Para Wong (1999), a hospitalização infantil representa uma modificação do
estado usual de saúde e da rotina ambiental, pois as crianças possuem um número
limitado de mecanismos de enfrentamento para resolver os eventos que produzem
estresse ou risco psicológico frente às mudanças ambientais. As respostas das crianças
‘ ProfoMora ti Coordenadora do Cureo d* P«kx*>gla do Cantro Untvomttârto Hormlnío Ornatto - Uniaran» Doutora om Saúda da Criança o
do Aríotawcantai - Clpad, Unfcamp
**Prt)h»Mxa do Curvo da Palcotoflta da PUCCampIna», Dooanta do Programa da Póa Graduaçío Strlctu Sanau om P»k:ologia, Clénda o
PrnftaaAnda PUCCampIna«
‘ “ Dooanta do Programa da Póa-GraduaçAo Strlctu Sanau am Psicologia da UnivarakJada 8*0 Frandaoo (USF). Campua Itatlba
402 Ros.mii Ritihctto Di.is, l>i.in.i loscllo I .ilonl, M.ikilim Nunes H.iplisl.i
do hospital (Corrêa, Sales e Soares, 2002). A propósito, ressalta-se que esta localidade
apresenta uma rotina de 24 horas de assistência contínua e de atendimento
praticamente individualizado, porém, cercada de constantes situações de urgências e
emergências que podem trazer toda uma gama de situações ou contingências
ambientais que podem atuar como desestabilizadoras para o equilíbrio psicológico.
Cabe ainda, ressaltar que ao ingressar em uma UTI, o indivíduo ó totalmente deslocado
da própria rotina, de seus hábitos diários e privacidade, além disto, sua autonomia ê
restrita passando a maior parte do tempo no leito. Considerar-se ainda que as suas
solicitações são avaliadas em alguns locais, pela triagem da equipe quanto à
conveniência dos atendimentos destas, para a sua saúde física.
Novaes, Romano e Lage (2000) afirmam ainda que o intensivlsmo corresponde
a uma especialidade voltada completamonte ao paciente critico, que muitas vezes não
está internado somente por um comprometimento específico, mas por um
comprometimento em todo o seu organismo. Diante destes aspectos, a UTI pode
caracterizar-se como:
"(...) um local que abrange diagnósticos de diversas especialidades, como:
politraumas, traumatismos cranianos de níveis leve, moderado e grave, insuficiência
respiratória aguda; mfarto do miocárdio; angina instável, insuficiência renal aguda;
recuperação pós-cirúrgica; sepse (infecção localizada); septicemia (infecção
generalizada), ferimentos por arma de fogo; acidente vascular hemorrágico ou
nào, parada cardiorespiratória, entre outros" (Pregnolatto e Agostinho, 2003, p.93).
404 Ros.mii Riflhctto Pius, Plan,* To«!lo I aloni, M.ikilim Nunes H.ipIlsUi
Pesquisa na Área e Estudo de Caso
Com o objetivo do invostigar a relação entre a saúdo mental de mâes de crianças
hospitalizadas em UTI o a percepção do suporto familiar, Dias (2005), em sua pesquisa de
doutorado, por meio de estudo longitudinal avaliou ostes aspectos em quatro momentos:
segundo dia de hospitalização, quinto dia ainda de internação na UTI, uma semana (seto
dias) após a alta da UTI e um môs após alta hospitalar da unidade de terapia intensiva. Foram
investigadas 14 mâes em um poriodo de seis meses de cotetas de dados e dentre resultados
encontrados, foram observadas as seguintes ocorrências: não correlação entre o
compromotimonto da saúdo mental das participantes e a percepção do suporte familiar pelas
mesmas, uma vez quo não houve diferença significativa para indicação de alterações desta
última medida nos momentos do avaliação e, observaram-so indicativos do comprometimento
da saúde mental, especialmente nas três medidas do estudo. Estes últimos dados chamaram
a atenção, por corresponderom aos períodos de avaliação, nos quais as participantes
encontravam-se ainda hospitalizadas junto às suas crianças, ocorrendo uma variação
acontuada entre o sogundo e o terceiro momonto, período este que corrospondou à saída do
ambiento da UTI. O Quostionário de Saúde Geral - QSG que discrimina a sovoridado do
distúrbios psiquiátricos, adaptado e validado para a população brasileira por Pasquali et al
(1996) e o Inventário do Percepção de Suporte Familiar - IPSF elaborado por Baptista (2005),
corresponderam aos principais instrumentos de coleta dados utilizados nesta pesquisa.
Do acordo com estes dados parciais, pôdo-se levantar como hipótose, de que
variáveis ambientais prosentes do contexto da UTI Pediátrica puderam contribuir tanto
nos indicativos do compromotimento da saúde mental das mães, assim como para a
não variação da porcepção do suporto familiar percebidos. Dentre estas possibilidades
sugere-se a probabilidade dos escores que indicavam o comprometimento da saúde
mental terem diminuído, em função da discriminação deste momento de crise estar
associada aos outros estímulos estressores relacionados à doença e/ou hospitalização
ou mesmo à ausência ou rodução da gravidade do quadro clínico após a alta do setor.
Deve-se levar ainda atentar para a estimulação aversiva presente na UTI
Pediátrica, como um local restrito para casos críticos, geralmente pautados como riscos
de vida, com aparelhagem diversa, equipada de sons ameaçadores, entre outros,
estivessem também relacionadas aos indicativos no comprometimento da saúde mental.
Estes apontamentos podem ser observados (Youngblut e Shiao, 1993; Baldini et al,
1998; Washington, 2001; Board e Ryan-Wenger, 2003).
No tocante à não variação na percepção do suporte familiar, levantou-se como
hipótese o fato, dentre outras possibilidades, da equipe do saúde, bem avaliada pelas
participantes nos cuidados e atenção para com elas e seus filhos, ter oferecido cuidados
o suporte sociais. Levou-se em consideração para tanto, o alojamento conjunto destas
mães o o tempo longo de hospitalização na UTI (média de dez dias) ou mesmo a
permanência no hospital, após a alta do setor.
Faz-se importante esclarecer, que diante da complexidade desto estudo, objotivou-
se trazer para os leitores alguns dados que propiciassem a reflexão de que sem uma
análise apurada das contingências ambientais oporantes sobro o comportamento dos
indivíduos o destes sobre os contextos que estão inseridos, tem-so pouca possibilidade
de intervenção. Passa-se neste momonto á exposição de um estudo do caso para a
olucídação desta discussão e metodologia comportamental proposta.
Estudo de Caso
C., nove anos, sexo masculino após ser hospitalizado na UTI Pediátrica por um
quadro de infecção gonoralizada, apresentava pouca estabilidado de seu quadro clínico, no
ontanto, som a apresentação de respostas de interação com familiares e equipo de saúdo.
Dontro as queixas apresentadas pela equipe e familiares, a resposta de não falar e cooperar
£ £
Mãe e enfermeiras CQmpQrtafnentu apático, Mãe e enfermeiras
estimulam por meio de som reauüstaa varbais. desistem do contato.
contato verbal. DQuca. intor acâfl_Yisufll
Após jas.intofvençõos
ãQ S £
Considerações Finais
Diante das inúmeras situações de hospitalização e doença om contextos do
urgência e emergência como a UTI, torna-se um grande desafio para a atuação do
analista do comportamento:
- manter sua autonomia e poder de decisão frente aos aspectos psicológicos e de
saúde mental envolvidos om cada paciento:
- saber prever (baseado em dados coletados e observações), avaliar comportamontos-
problema que possam comprometer a boa evolução do quadro clinico por meio da
análise funcional das contingências que operam sobre estes comportamontos o
- propor instrumentos e procedimentos eficazes e capazes de identificá-los no ambiente
Referências
B ald lnl S M ; K reb s , V. L J.; C e e c o n , M E J R e Vaz. F A C (1 9 9 8 ) R e a c c io n e a d e los padres
fren te a la in tern a ció n d ei n lflo e n fe rm o en un ce n tro d e te ra p ia in ten s iva A rq u ivo Ped iatria
U r n u u a lü . 6 9 (4 ): 7 1 -7 7
408 .1
Kos.m Ri#lictto Dm*, Di.m.i losello I .iltirii. M.iklllin Nunes Raplist.i
Capítulo 35
Uma história da História
Comportamental
Carlos Renato Xavier Cançado*
Paulo Querra Soares**
Sórfiio Pias Cirino***
Arnlró l ui/ Freitas Dias****
“Logo, pássaros e morcegos voam movendo suas asas, mas as mesmas condições
ambientais presentes podem afetar seus vôos de forma diferente, devido a suas
diferentes histórias evolucionarias. Similarmente, um dado evento pode ter a função
de reforçador em um momento mas nâo em outro, para o mesmo organismo"
(Donahoe 1993, p. 453; trecho traduzido pelos autores).
'Unlver*ld ada Fodeml d« M m * Gerat*, Faculdade da hlosofla • CtAncun Humana», Departamgntu da P*kx>logla, LabAC - Laboratório da
Anàll*« do Comportamento
“ Univeniklaòe F.itadual da l ondrlna; Departamento de Pslcntogla Geral a Anál»e do Comportamanto; Centro da Cténcfai Biológica*
“ ‘ Unlvaraldade FedamI da Mlnaa Geral*, Faculdade de Educoçlo; Departamento da Método* a Técnica* d» Enalno; lAPf-D -laboratóriode
Palcologla da Educaçlo
“ “ Univertldade Federal da Mlnaa Gerala, Faculdade de FKoeoAa e CMnda* Humana*. Departamento de Patcotogla; LabAC - 1aboratório dn
AnúNae do Comportamento
10 termo "I (litórta Compodamentar, ao longo do praaenta artigo, refedr *•-« à érea de paaqulaa aqui anaUsada Em contrapartida,
"hlatórlu comportamental", escrito com letrua mlnúaujUis, refwlr-ae-á ao fenómeno comportamental propriamente dito
410 Ros.in.i Ritfhdlo Pi.is, Di.m.i Foscllo I .iloni, M.iklllm Nunes H.iptisl.i
Em 1990 surge a primeira proposta sistemática de definição de história comportamental
(Wanchisen, 1990). Somente a partir desta data verificam-se outras propostas de definição do
fenômeno e observa-se a consolidação de uma área de pesquisa. O período quo tom inicio no
ano de 1990 será denominado, portanto, "história" da História Comportamental. Nos ateremos,
nessa sessão, a aspectos relativos aos anos anteriores a 1990.
No final da década de 1950, Azrln conduziu alguns experimentos, tendo seres
humanos como participantes, para investigar o desempenho destes organismos sob
controle de esquemas de Fl2. Segundo este autor os padrões comportamentais
observados em sujeitos não-humanos expostos a condições análogas raramente oram
observados em sujeitos humanos3.
No entanto, após a manipulação da variável custo da resposta, Azrln observou
que o "padrão típico" do esquema de Fl poderia ser encontrado em seres humanos. O
autor apontou para a possibilidade de outras variáveis interferirem na obtenção dos
padrões típicos do desempenho de sujeitos humanos em esquemas de reforçamento.
Incentivado pelos resultados obtidos por Azrin, Weiner realizou estudos, no final
da década de 1960, que apontaram para uma outra variável importante na determinação
do padrão de comportamento de seres humanos expostos a esquemas de reforçamento:
a história comportamental*. Em um de seus estudos (Weiner, 1969), grupos de homens
adultos foram submetidos a valores específicos do esquema de FFT ou do esquema de
DRL8 e, numa condição subseqüente, aos mesmos valores do esquema do Fl. Nesta
condição, Weiner observou que os sujeitos anteriormente expostos á contingência de FR
apresentavam uma taxa de resposta alta e constante; da mesma forma, observou, para
os sujeitos expostos anteriormente à contingência de DRL, uma baixa taxa de respostas,
com longas e poucas pausas durante o intervalo. A partir desses resultados, Weiner
aponta para a importância da consideração da variável história comportamental quando
da análise do comportamento dos organismos. Da mesma forma aponta para o fato de
esta variável ser muitas vezes negligenciada quando do estudo do desempenho do sujeitos
humanos e não humanos sob esquemas de reforçamento.
Alguns autores também utilizavam sujeitos não-humanos para tentar verificar
os efeitos de contingências passadas sobre o comportamento atual, como é o caso de
Terrace (1963 a). No estudo deste autor, pombos foram submetidos a procedimentos
de discriminação simples ou sem erro, até que se observasse uma estabilidade no
responder dos sujeitos de ambos os grupos. Na fase de teste os sujeitos foram expostos
a doses de imipramina o_clorpromazina. Em seguida, foi observado o efeito dessas
drogas sobre o responder dos sujeitos, dadas as diferentes manipulações experimentais
prévias. Terrace observou que, para aqueles sujeitos que haviam sido expostos ao
* Fl é • abreviação do inglé* 1lx*1mtervml. ou sofa, Intervalo fixo Num esquema (to 11 u pnmoUH resposlH quo ocorrer dnpom do passado o
Intervalo determinado pelo eequama é retorçada
’ Os padrfrt* *c*Abpe bmkti ãnri-nn) sâo comumente observados qoart<Jo do dneomfHinUi do nu|elt<it» nAo humanou sol) contato da
(xmtlngAncla d» Fl O padrão
arjtopcaracteriza-se por uma puusa pôs reforçamento. seguida por um aumento gradativo <Imfreq06nda do losjxindor tilí) m ptrtxlm«
libar av*11'1° ratorço O pedráo de respostas
brakm wKi ntn caracterUa-se por urna pauta após o responder a pala Identificação da “jorroe" da respostas prôxlnio ao (Vml do Intervalo
4Wafrmr estudou, sistematicamente, oa efeitos da variáveis cai to o custo da resposta, a hmtúria uxnporlamenUil a o aferilo da Instruções *ob o
desempenho de seroe humanoa em esquemaa de reforçamento (Orlno, 1W9)
* f H è a abrevtaçAo am IngMs para fíxml ratto. Mo é. raiâo flxa Nesse esquema do refwçamonto cada roftxçmlof 0 WxhhiJo apôs um dndo
núnwm da respostas wnNklaa polo su|aNoe experimental. Independente do tempo gasto |>ara tanto
* DRl é a abravlaçâo da sigla Inglesa para (tifhtreniutl mlntorcwrmit ofkrw nHm, mto è. reforçamento diferencial de baixas taxas da resposta»
Num esquema de DHL é reforçada a prtmmra reepoata que ocorrer depois da pasaado o intervalo detennirwdo pelo esquema desde que nfto
tenha havkio nenhuma reepoata durante o Intervalo Se ocorrer alguma resposta durante o Intervalo, o mesmo èreiniciado Mats recentemente
o esquema de DHl tem aldo chamado de IRT >t que 6 a sigla mglesa par» nbnm poin* tkm gnmtm th*n f(em português: tetnpo antro
respostas maior do que um tempo I) O termo IR I >t é mala descritivo do que o termo DRl por onfati/ati que nesse esquema de reforçamento
a unidade comportamental reforçada é uma pausa acompanhada de uma reepoata Contudo, optou se |iela uti/açâo do termo DRl., por ser
esse um jargAoque |á é parte da cultua behaviorlsta
' VR 6 u utxtivinçflo ckt vn/rnléi mtin patovn» ngloM* para n u lo varMvet Nmm oaquam«, o ratorçad™ AHborado «pôs n wntssAo (tfl um numoro
módk> do roR[xmittn. msmclficmk) polo Mquorna Num a«|<M(na do VR5, pot oxwnpk), 6 r«forçada mn rnódi« n quicilH rosposta a ooormr
412 Rotina Ritfhcllo Pi.is, |>i,inu Tosrllo l .ilonl, M.ikilim Nunrs H.iptisl.i
O controlo do variávois históricas poderia levar a uma maior confiabilidado dos resultados
rolativos á manipulação de variáveis atuais, assim como o estudo sistemático do variáveis
históricas aumontaria o escopo da análise do comportamento dos organismos.
No entanto, embora as considerações do Sidrnan (1960) sejam relativas ao controla
axporimontal num dado delinoamento, elas podem tor dado origem a duas "vortontos" do
ostudo na Analiso do Comportamento: uma que onfatiza o estudo das variávois históricas, outra
quo enfatiza o ostudo de variáveis atuais ás quais um organismo ostá exposto. No primoiro
caso, a história comportamental seria uma variável a ser analisada, sendo, muitas vezes, o
objoto do ostudo do pesquisador. No sogundo, a história comportamontal soria uma variável a
sor controlada, o os efeitos do história poderiam indicar "falhas” no controlo oxporimontal.
Mas ó o próprio Sidrnan quem responde a tal "controvérsia", quando diz que
"controlo por avaliação ó sempre mais efetivo que controlo por exclusão" (1960, pág
387). O ostudo de contingências passadas ou prosentes é uma questão de ônfase, e
in fo rm a ç õ G S sobre a história, assim como sobre as c o n d iç õ e s atuais são
complemontares, não opostas.
Da mesma forma, ao afirmar que a determinarão do comportamento dos
organismos so dá pola exposição a contingências passadas assim como polo contato
com contingências atuais, o analista de comportamonto ostá, necessariamente
considerando a análise histórica do comportamento do um dado organismo.
De maneira geral, a "pré-história" da História Comportamental so refere a um
período de dosonvolvimento assistemático de uma área de estudos. O quo havia, como
rossaltado anteriormente, ora a consideração da noção de determinação do
comportamento por contingências presentes e passadas. No entanto, nenhuma
definição para o fenômeno havia sido proposta ató o ano de 1990.
" V I6 « HbrevlHyAorto lnrriK) inyW» vnritibl»i n t m v f chii (xwUiyiifl» inUirvnki vmiAvol Num (hk|uomih ilu VI umih nir.|>o»Ui 6
lufofçjKlMyurHlmttfîle de fomtn rmutAink* em k*nn do um vxktr |x<i tntHl*ikx:kk>
4. Possibilidades futuras
As transformações metodológicas o conceituais apresentadas ao longo do
presento trabalho têm implicações diretas sobre a configuração de uma área de
posquisas em Análise do Comportamento: a História Comportamental. Porém é ainda
nocessário um maior esforço por parto dos posquisadores no sontido de buscar um
consenso, tanto no que diz respeito a uma definição do fenômeno, assim como em
relação a um delineamento experimental ospecífico para seu estudo.
lendo em vista que a noção de determinação do comportamento dos
organismos por contingências presentes e passadas é um consenso entre
pesquisadores analistas de comportamento, as variáveis históricas não podem sor
negligenciadas num estudo analítico-comportamental. A esse respeito podo-se recorrer
a Skinnor (1974), quando afirma que uma análise do comportamento deve ser,
nocessariamente, histórica.
Uma alternativa válida para ovitar tal "nogligência", ou seja, o enfoque nos
determinantes atuais do comportamento em detrimento do estudo dos efeitos de
contingências passadas sobre o comportamento atual, pode ser o intercâmbio dos
resultados obtidos pela História Comportamontal com outras áreas de pesquisa em
Análise do Comportamento. Santos (2005) reitera essa questão quando trata da
semelhança entre as áreas da História Comportamental, da Sensibilidade
Comportamontal e Resistência a Mudanças. Para esse autor, "embora a nomenclatura
soja diferonte, essas três ároas compartilham do um mesmo interesse: a persistência
de padrões de comportamento antoriormento reforçados quando mudanças nas
contingências são realizadas” (2005, pág 71).
Da mesma forma, pesquisas nas áreas de Desamparo Aprendido, Variabilidade
Comportamontal, Correspondência entre Comportamento Vorbal e Não-Verbal,
Comportamento Governado por Regras, bom como outras áreas de pesquisa aplicada
(como a clinica) poderiam tor seus rosultados integrados àqueles produzidos por
posquisadores interessados no estudo sistemático dos ofoitos de variáveis históricas.
A Análise do Comportamento, enquanto uma disciplina histórica, não podo abrir
mão de tal integração, uma vez que a explicação para as ações dos organismos
fundamenta-se em três histórias de variação e seloção: filoçjenétíca, ontogenética e
cultural (Skinnor, 1981; Donahoe, 1993).
Aló, R.M (2005) História de reforçarnento Irr Abreu-Rodrigues J ., Ribeiro, M R (org ) Análise do
Comportamento: peaauisa teoria a aplicacâo Artmed, Porto Alegre
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416 K»s.in,i Rl«hcllo Di.i«, Piiin.i losello I .iloni, M.ikillm Nunes H.iptlsl.i
Capítulo 36
Queixas.......e queixas! Como focalizá-las
na Terapia Comportamental
Sõnia ilos S. Castanheira'
U FM O
O tema deste trabalho foi-me sugerido por uma colega de faculdade*, hoje
voltada para o estudo de planejamento ambiental, após leitura de um texto sobre
"felicidade", na Internet. Dizia-me ola: As pessoas se queixam tanto que bem daria
para se fazer uma análise funcional deste comportamento".
Resolvi aceitar o desafio e procurar descobrir o que determina e mantém o
comportamento de queixar-se - tão freqüente em algumas pessoas - e qual seria papel
da queixa na manutenção de alguns reforçadores, na prática clínica comportamental e
fora dela.
Tenho uma amiga que há muitos anos, responde assim ao meu cumprimento
sobre sua saúde: "- Se quer uma" resposta social'’, vou bem, obrigada; se prefere uma
resposta verdadeira, estou péssima!; quero que o mundo pare para eu descer. "
Para Rocha (2004), queixar-se deveria ser apenas a "expressão de um mal
estar, ou de uma dor, ou de um sofrimento, ou de uma reivindicação justa. A todo momento
nos deparamos com acontecimentos inesperados e situações novas que temos que
enfrentar com criatividade e esta queixa deveria constituir-se em oportunidade para
questionamento de nossos problemas, medos, frustrações e dificuldades".
Infelizmente, inúmeras pessoas não se sentem bem a maior parte do tempo e
reclamam ató de suas realizações. Não são capazes de comunicar sua felicidade, não
pulam de alegria quando vencem e
"escondem o sucesso como se quisessem se proteger da Inveja alheia. Desistem
facilmente e acreditam que a causa dos maus eventos em seu ambiente sâo
permanentes - os problemas vieram para ficar e vão estar sempre ali para afetar
sua vida. Com suas queixas, parecem sinalizar vontade de culpar alguém por
suas dificuldades, uma certa preguiça de viver e crenças arraigadas de que as
circunstâncias da vida sâo irreversíveis e nada pode mudar" (Rocha, 2004).
Felizmente, na clínica, o terapeuta entra também em contato com alguns
indivíduos que possuem uma forma de comportar-se positiva, traduzida por bom humor
e alegria, que se mantém estável pela vida toda. Skinner (1991) afirma que
"Estes indivíduos estão bem consiao mesmos, se sentem átimos a maior
parta do tamoo. oomue sentem o corno positivamente reforçado. Os reforçadores
positivos (as coisas boas da vida) lhas dão multo prazer e aleana. mesmo guando
acidentais. Esta "estadomparece ser uma forte probabilidade de acào e da se estar
' Pmcôkifl« clinica,Mmtru om P*k;oloyi«i • ProfoMora da UFMO • a-mai: •onJac«»©»«™ oom br
1Agradoço 6 dra Adrtlin Maria dot Santo* Toixotra pala sugmlio d<Mt« lama inatiganta
Mas, na prática clínica, ó bastante difícil saber o que está controlando a queixa
(tato/relato-verbal) do cliente: se são, pura e simplesmente, "os eventos antecedentes e o
cliente está emitindo um tato preciso e verdadeiro quando se queixa ou, se existem outras
fontes de controle as quais estão levando a uma não-correspondôncia entre determinados
comportamentos e sentimentos e a maneira com que são relatados" (Pergher, 2002).
Sob a perspectiva da Análise do Comportamento, o que uma pessoa fala não
condiz, necessariamente, com os eventos que (supostamente) estão sendo descritos,
isto ó, pode ou não ser coerente com os referidos eventos (Pergher e Sadi, 2003). Então,
como o controle de estímulos sobre o comportamento verbal não é sempre perfeito, o
relato de uma queixa pode também ou ser exagerado ou os sujeitos modificarem suas
queixas, dependendo do reforçarnento que tôm da audiência (mesmo quando estes
relatos não revelam o que de fato ocorreu).
•eu &au uim matiunüa. uma uiranha...su me suiía cama a a&üúria da hunmiúaúa'.
“sou Infantil uma droaa. Todas as pessoas sabem sbrelacionar e eu não“.
Queixa e sentimentos
Sentimentos como medo, ansiedade, culpa e raiva indicam a presença de
contingências aversivas na história de vida atual ou passada do cliente e suas
dificuldades para lidar com elas.
Guilhardi (2004) afirma que as contingências de reforçarnento positivo,
fundamentais para promover sentimentos de auto-estima, autoconfiança o facilitar a
auto-observação, também aparecem nas queixas mas, são escassas nas relações do
individuo com seu ambiente. Geralmente, quando aparecem, estão nos relatos de
sentimentos de angústia ou depressão, sugerindo diminuição ou perda de reforçadores
positivos (punição negativa) ou extinção.
Para o analista comportamental, isso parece dizer que as pessoas que se queixam
"olham somente para um dos aspectos das contingências, para dentro delas mesmas mas,
enquanto isso, as contingências continuam operando e o individuo permanece passivo,
caminhando sem saber para onde está sendo conduzido" (Oliveira, 2001). Segundo este
autor, isto é produto de uma cultura intemalista, e pode produzir uma pessoa individualista
e preocupada apenas com o que ocorre em seu interior (tristeza, pânico, depressão),
alienada, passiva, paralisada e sob controle de contingências coercitivas - doente.
Queixa suicida
"Quero morrer, sinto um vazio dentro do peito; nada mais na vida tom sentido para mim''
"Como sou lésbica e negra, sinto que nào tenho direito de existir; è como se eu nào
devesse viver, comigo tudo dá problema";
"Tenho certeza que se morrer ninguém sentirá minha falta, porque nào valho nada
mesmo".
"...estou sem qualquer motivação para viver"',
Nos casos extremos, uma pessoa literalmente desiste da vida. Suicídio é a
fuga última de uma vida dominada por reforçamento negativo e punição. Sidman (1995)
pontua que
"a análise do comportamento nâo pode, naturalmente, explicar a autodestruição
de um indivíduo apelando para uma história de reforçamento para o ato: voei só
pode se matar uma vez. Se os elementos finais do ato são reforçadores, isto nào
Considerações finais
Pelo exposto e como bem o afirmou Cesar (2001), há uma longa cadeia de
respostas, desde os relatos iniciais da queixa (relevante ou habitual), até a descrição e
análise das contingências que os mantém.
Infelizmente, estes relatos não definem completamente a problemática do cliente
mas, para o terapeuta, eles são dados Importantes que devem ser relacionados com
outras observações. Como parte do ambiente do cliente, o terapeuta tem condições de
observar suas queixas e contingenciá-las de forma a desenvolver em seu cotidiano
Interações menos aversivas que as pré-existentes nos episódios relatados.
O terapeuta comportamental sabe que a queixa do cliente tem uma função no
ambiente e que só alterando as interações entre conduta e contexto por meio das quais
as leis comportamentals operam, começará a ver um comportamento adequado
substituir a queixa de seu cliente.
O objetivo deste tipo de terapia é mostrar ao cliente que seus problemas podem
ter relação com as contingências de reforçarnento sob as quais vive e levá-lo a discriminar
que, mudando de vida, há possibilidade de sentir-se melhor. Se ele aprende a discriminar
Referências
AyrH(lm:!(iM>nto Dr" *" Plínio Mtircn |Ko(en»o» da Unlvoraklnde Tiiliiti do Paraná por Wh rtwIlMdo h hiiANao fmUillitlcH dailo oaludo
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Dl Pletro, M. (2004). Validade interna, dimenslonalldade e desempenho da escala BSQ - "Body Shape
0 stross ó um tema muito discutido não só pola psicologia, mas tambóm pola
medicina, oducação e por outras ároas do saber quo se preocupam com o sor humano e
sua qualidade de vida. A palavra stress foi primoiramonto utilizada na área da saúde om
1936 por Hans Selye, médico endocrinologista, quo em um breve artigo doscrove a
"Síndromo Geral de Adaptação”. A partir daí, diversos autores passaram a estudar esto
fonômeno e criaram suas próprias definições.
O concoito de stress, atualmente, tem apresentado uma divorgôncia conceituai,
porque a palavra ó ao mesmo tempo usada referindo-se a uma condição, causa ou
estimulo desencadeante de uma reação do organismo e para doscrovor, tambóm, o seu
efeito (Jewell & Mylandor 1988). Lipp o Malagris (1995) apontam ainda para um outro
problema quanto ao uso do tormo, quo ó o fato da palavra stress ser referonto a qualquer
etapa ou grau de severidade que a reação possa ter. ou seja, diz-se quo uma pessoa está
estressada independontomente da fase em que se encontra. Assim, faz-se necessário
realçar a definição que serviu de sustentação teórica para esto trabalho, que foi a
aprosontada por Lipp o Malagris (1995) que ó a seguinte: o stross ó uma reação
psicofisiológica do organismo, conseqüente de mudanças psicológicas, que ocorrem
quando o indivíduo está frente à uma situação que o irrite, cause modo. o excite, o
confunda, ou quo o deixe, até mesmo, extremamente contonte.
Lipp (2001) divide os agontes causadoros de stress em dois grupos: as fontos
internas e as externas. O primeiro grupo ó composto por todo acontecimento que ocorra
fora do organismo da pessoa e que gere uma ruptura na homoostaso dosto indivíduo.
Estes acontecimentos independem, na maioria das vezos, das características e dos
comportamentos do indivíduo. Desta maneira, como fontes extornas de stross, enquadram-
se, por oxomplo, mudança do chefia, mudanças políticas no país, a morte do alguém,
conflitos familiaros, acidontos, dentre outros. Quanto ao grupo dos fatores internos de
stross ostão aqueles determinados polo próprio indivíduo. Elos roprosontam o modo de
sor da possoa, ou seja, tudo aquilo quo faz parto do mundo intorno, das suas cognições,
sou modo do intorpretar o mundo à sua volta, seu nível do assortividado, suas crenças,
valoros, caractorísticas pessoais, vulnerabilidades, ansiedado o sua forma de lidar com a
vida (Lipp & Malagris, 1995).
Um outro ostrossor consiste na manoira como a possoa interpreta os ovontos do
dia-a-dia. Ellis (1973) menciona que o evento, em si, não torna o indivíduo irritado ou
Esta tabela mostra quo o número total de fontes de stress mencionadas pelos
13 participantes ó 41 e, a módia de fontes de stress por cada participante é de 3,15.
A análise dos dados coletados demonstrou que a categoria 4 - Ameaça à
Integridade - foi a mais freqüente entre homens e mulheres quanto ao número de
respondentes e na quantidade de fontes de stress, mencionadas por categoria.
A categoria 2 - Mudanças - foi a que exibiu o menor número de pacientes e
fontes de stross, sendo maior entre as mulheres do quo nos homens.
A partir destes dados foram feitas, pela autora e a orientadora dotrabalho,
análises estatísticas utilizando-se o teste do Fisher com o nível de significância do 0,05
entre todas as variáveis analisadas, que foi a relação entre:
• Número de homens e mulheres solteiros e não solteiros (p=0,59).
• Número de fontes de stress mencionadas por homens e mulheres solteiros o não
solteiro (p=1,00).
• Número de homens e mulheres com e sem religião (p=0,4432).
• Número de fontes de stress mencionados por homens e mulheres com o sem religião
(p=0,4477).
• Número do homens e mulheres que trabalham e que não trabalham (p=0,5921).
• Número de fontes de stress em homens e mulheres que trabalham e quo não
trabalham (p=0,530).
• Número de homens e mulheres com ensino fundamental e ensino médio (p=1,00).
• Número de fontes de stress entre homens e mulheres com ensino fundamontal e
ensino médio (p=0,4).
Estes resultados indicam que em nenhuma das variáveis houve significância
estatística.
O stress desencadeia diversos quadros psiquiátricos, como a depressão,
transtornos ansiosos e somatoformes, que são relatados espontaneamente pelos
Referência
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Epistemologia
Pensar Epistemologia implica em questionar, dado o conceito de conhecimento
como “uma crença verdadeira justificada" (DAVIDSON, 1991), se é possível conhecer e,
se adotamos uma resposta positiva, quais os fundamentos que justificam essa crença.
A investigação de aspectos do horizonte epistemológico atual, portanto, não ó um esforço
necessariamente histórico, pelo menos não no sentido mais geral da história. É cumprir
tarefas obrigatórias ao epistemólogo fundadas no debate atual, mesmo que este, por
vezes, necessite de um interlocutor que escreveu no sóculo passado.
Como afirma Williams (2001), dentre as tarefas obrigatórias ao epistemólogo
quando discute, em qualquer perspectiva, a natureza do conhecimento - tem-se como
a principal delas o confronto necessário com o cepticismo:
“O cepticismo tem sido o problema epistemológico dominante na idade moderna
nâo porque "refutar o céptico" seja sempre o objectivo da reflexào epistomolôgica
mas porque eliminar a argumentação céptica ó quase invariavelmente uma das
suas tarefas fundamentais“ (Williams, 2001:3)
Tem-se, portanto, o Cético como principal interlocutor que a investigação atual
construirá para o texto skinneriano. Pelo título de cético entende-se uma postura que
apresenta bons motivos para duvidar da possibilidade de existir algo que transcenda as
1Ayrurittcliminloti h Hnlori Co)X)(X) t>Tingo (lo Mmmpalox (ximoiitArio» crlllnoii ao loxio
' O que lovarla írlptochK) & TripKxhio (2004) a «flrmurqua ■ FKoaofla da mente behaviorttta é expressa na propoelçAo: "Te conheço". Que
oAo detxa de mmMTMxJmnUtdoru
• O UmiK) “imlocKHmr" rijoí «wtik mtrxlo uwKtooin mhi Mtntkto *cntoo NAoconio um« m*ivAc> |>nrn um «mpfttgo, pof exempla <ji#>é Intmidorml
d HiKUtmHÜ/rtdii, rim* iniui MitoçAo (xtatt mfuri^KtuH» (V>unM (M a oomunklndo vnrtiwl <tmmm rol»»çAocxxii u miHih* m i (ixftrdck)
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456 loilo Cl.iudlo foilorov KJciinlo (.‘orriSi M.irtoDr M.inio Horgr.« Moiwr.i
"As Diretrizes Curriculares para os cursos de graduação em Psicologia constituem
as orientações sobre princípios, fundamentos, condições de oferecimento e
procedimentos para o planejamento, a implementação e a avaliação deste curso"
(PP- 205).
As NDC constituem, portanto, orientações gerais que visam garantir uma formação
mais homogenia para os alunos do Psicologia do pais. A formação do aluno deixa do estar
basoada om um currículo mínimo e passa a ser orientada por habilidades e competências
que devem estar presentes em seu repertório comportamental ao final do curso.
Todos os cursos de Psicologia do pais devem se adequar a estas novas diretrizes.
Tal adequação envolve profundas mudanças relativas aos comportamentos de
administradores, coordenadores, diretores, professores e alunos.
Para o analista do comportamento que participa deste processo de mudança,
seja como professor seja como administrador de um curso de Psicologia, o momento
mostra-se interessante para a compreensão de comportamentos de indivíduos quando
estes se comportam em grupo. É um momento interessante para a análise do surgimonto
e manutenção de metacontingôncias.
Indivíduo 1 Sd - R —►Srl
Indivíduo 2 - R — * S1^
Aluno 1 Sd - R —►Sri
Contingências
entrelaçadas
Aluno 2 S'* -
Contingência
de suporte
Professor:
458 ioJo Cliiudio I odorov Rk.inlo Corri.» Marione M.inio Borcos Moreira
as razões que levaram o Indivíduo I a apresentar um melhor desempenho em Processos
Básicos de Aprendizagem, deveríamos ser capazes de descrever: os comportamentos
emitidos por ele responsáveis pela mudança, assim como as variáveis ambientais
relevantes que adquiriram alguma funçôo seletiva sobre seu repertório comportamentai.
Entre as variáveis ambientais que afetaram seu comportamento poderíamos identificar
tanto o comportamento do Indivíduo II como o comportamento do professor, sem
precisarmos fazer menção a um "processo cooperativo".
Entretanto, nossa meta agora é compreender o processo de cooperação entre
os dois indivíduos reprosentados nas Figuras 01 e 02, e o papel fundamental que o
professor desempenha na manutenção do sistema como um todo Neste caso, não
poderíamos explicar o processo cooperativo se nào identificássemos todos os
participantes envolvidos e as formas pelas quais eles se relacionam. Se o processo
cooperativo envolve a troca ou o compartilhamento de respostas e reforços (Hake &
Vukelich, 1972), e, além disso, necessita de contingências que o suportam (Andery,
Micheletto & Sério, 2005), o nosso nível de análise parece ser outro. A identificação do
contingências entrelaçadas, as quais se constituem de contingências tríplices, parece
ser nesse caso, a unidade de análise que melhor descreveria o sistema representado
na Figura 02 (Andery, Micheletto & Sério, 2005; Glenn, 1988, 1991; Glenn & Malott, 2004;
Todorov, Moreira & Moreira, 2005; Vichi, 2005).
Ainda poderíamos adicionar mais alguns elementos ao sistema descrito na
Figura 02. Imaginemos agora que a cooperação entre os dois alunos, reforçada
efusivamente pelo professor por intermédio de incentivos verbais o das reuniões semanais,
foi tão produtiva em termos da recuperação da nota para cada um deles, que o professor,
ao perceber quo estava diante de alunos que trabalhavam muito bom juntos sob sua
supervisão, decidiu propor uma pesquisa de iniciação científica na qual todos pudessem
trabalhar juntos. O grupo permaneceu trabalhando tão bem, de forma tão articulada, que
a pesquisa foi um sucesso. A avaliação da comunidade científica não poderia ter sido
melhor. Os três, então, decidiram continuar trabalhando em conjunto em uma segunda
pesquisa de iniciação científica. A Figura 03 é uma representação das contingências
entrelaçadas observadas nos repetidos episódios de cooperação entre os estudantes e
o professor, um efeito produzido por uma configuração específica de entrelaçamento, e
um sistema receptor. Temos nessa representação uma outra unidade de análise que
parece melhor descrover fenômenos que não poderiam ser descritos somente com a
contingência tríplice, a metacontingência (Andery, Micheletto & Sério, 2005; Glenn, 1988,
1991; Glenn & Malott, 2004; Todorov, Moreira & Moreira, 2005; Vichi, 2005).
A metacontingência descreve uma relação entre um conjunto específico de
contingências comportamentais entrelaçadas e seus ambientes selecionadores (Glenn
& Malott, 2004). Utilizando ainda o exemplo de nosso dedicado professor e seus brilhantes
alunos, o excelente entrelaçamento observado durante o processo de pesquisa (B),
culminou com uma pesquisa (produto do entrelaçamento), avaliada de forma excelente
pela comunidade científica (sistema receptor). Essa avaliação retroagiu às contingências
entrelaçadas (B), selecionando-as. Assim, os estudantes e o professor engajaram-se
numa nova pesquisa de iniciação cientifica, demonstrando um efeito selecionador do
Sistema receptor sobre as contingências comportamentais entrelaçadas.
Devemos ressaltar aqui, no entanto, uma característica fundamental da
motacontingência. Glenn (1986) afirma que: "a metacontingência é a unidade de análise
que descreve a relação funcional entre uma classe de operantes, cada operante
possuindo sua conseqüência imediata e única, e uma conseqüência a longo prazo
comum a todos os operantes que pertencem à metacontingência" (p.02) (Grifo nosso).
4
Al S - R - $
X\
P: Sd- R —i
460 JiWio Cláudio todorov Rie.irdo Corrf.i M.irlonc Márcio Borges Morriw
Por sor uma forma de ensinar centrada no trabalho (no comportamento) do
aluno, o PSI parece ser uma estratégia interessante para auxiliar o ensino não só de
conhocimonto doclarativos (saber sobre), mas também para ensinar ao aluno as
habilidades e competências que ele deve possuir ao final do curso. No entanto, mesmo
com vantagens óbvias para o processo educacional (Fox, 2004; Kulik, 1976), nossa
experiência utilizando o PSI em três disciplinas do curso de Psicologia do Instituto de
Educação Suporior de Brasília tem mostrado que a implementação e condução de
uma, ou mais disciplinas, nos moldes do PSI não è algo fácil; ô uma tarefa que envolve
mudança cultural. Neste sentido, uma análise em termos de metacontingências também
podo ajudar a compreonder melhor como essa mudança se dá e, talvez, otimizar o
processo de mudança.
462 loilo (l.iuilio ludorov l\.ic<irilo Corróii M.irlom’ Miirvio Horpc* Moivlni
tom um contato maior com os professores, o atondimento ao aluno o individual. Tabela
01: Descrição geral dos agentes e de seus comportamentos no PSI.
464 lo.li) CI.iihIio loilorov Ric.irdo Corrê.i M.irtoi)c M.írcio Rorftrs Mordr.
Capítulo 41
Comportamento criativo & análise do
comportamento III:
Comportamento Verbal1
Tony Nelson
Universidade Federal do Maranhão
' O píOMfito (*pltuk> é porta do projrto de pMqutea intHutodo "A produgAo d* novo* goniport«m»nlo« vmboi«: Uni» pompectlva analltloo-
(XMnportJKTMMilar, pítx»*#o n* 2517/2004, «provado pai« R»*otuç*o n* 006 - CONSEPE • Uf-MA
' Uma upru«un(Mv4k> mtrodulònu notxo o (:<*Tt»>art»»iHin»u vtwbaf nto é otofato texto, ma» po<fe m i wHxmft mia « ti Banos (2003)« ocn
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Artmed
472 Ver.i Rcfllii.i l.ignclli Otero, Mcloiíii Mcloiiii f-erreir.i d<i Ro*.i
Desse modo as intervenções clínicas são conduzidas sob controle de quatro
variáveis: a) variáveis teóricas; b) variáveis do cliente; c) variáveis do terapeuta; d) variável da
interação terapeuta-cliente.
Variáveis teóricas
Variáveis do cliente
O caminho a ser percorrido na psicoterapia ó doterminado sobremaneira pelo
quo chamamos de variáveis do cliente. Ao lado de suas características pessoais, histórico
de vida e natureza do problema precisamos considerar como muito importante sua
motivação para mudança e as expectativas em relação á ajuda que está procurando.
Cabe ao terapeuta, numa rolação pautada pela clareza e honestidade, considerar as
variáveis do cliente ao definir direções, técnicas e procedimentos,
Caso clínico 1
474 Veni Reflin.i l.ignrlii Otero, I IcIoIsj I Iclcn.i ferreira iti Ros.»
Foi dito claramente que se entendia que ele estava sentindo-se mal,
desesperançado e sofrendo. Segundo seu relato elo sentia um mal estar físico e emocional
que realmente deveriam impedi-lo de viver de uma maneira agradável, com uma boa
qualidade de vida. Foi dito também que para poder ajudá-lo precisaríamos obter e dar-lhe
uma série de informações.
Deveríamos definir melhor cada uma das queixas apresentadas especificando
em detalhes o que acontecia com ele quando se descrevia daquela maneira.
Precisaríamos lovantar o histórico do cada uma das queixas tentando identificar
desde quando aconteciam, em que situações, em quais atividades, na presença de quem,
em quais contextos e o que ocorria dentro e fora dele, (Comportamentos públicos e
encobertos)
Foram explicados, em linguagem leiga, de maneira simples e coloquial, alguns
dos pressupostos da terapia comportamental: aprendemos a ser o que e o como somos;
nossos comportamentos influenciam o 'mundo' e este nos influencia*
Foi informado também que o terapeuta comportamental tom um papol ativo e faz
perguntas freqüentemente, sempre com o objetivo de obtor dados para entender o que se
passa com ele e assim promover mudanças. Ensinamos o cliente a perceber a diferença
ontre ‘descrever’ e ’interpretar’ para que ele aprimore constantemente suas habilidades de
auto-observação e de relatos de fatos.
Essas ponderações do terapeuta devem ser feitas de forma intercalada com as
falas do dionte durante todo o atendimento Aproveitam-se os relatos para exomplificar o
’conceito’ a ser transmitido, com o objetivo de proporcionar meios para que a pessoa possa
tomar consciência do que ocorre com ela. Este conhecimento permite melhorar as auto-
observações e os auto-relatos e, por conseguinte, aceleram o processo psicoterápico.
Desse modo promove-se a reformulação do entendimento que o cliente tem sobre suas
queixas levando-o a engajar-se em comportamentos alternativos.
Desde as primeiras sessões o cliente expressou preocupações e medos, alguns
dos quais serão relatados a seguir:
Preocupação com saúde: pressão alta, dores no peito, dores musculares,
problemas cardíacos e circulatórios, impotência sexual e dificuldade de manter ereção.
Medos: ficar doente e morrer, ser rejeitado ou abandonado, ser incapaz pessoal e
profissionalmente, perder o emprego, alguém brigar com ele, humilhá-lo ou ofendê-lo, não
saber se defender do afirmações inverldicas feitas sobro ele, não conseguir lutar pelo que quer.
Sentimentos negativos constantes de: incapacidade, acomodação, passividade,
submissão, dependência e fragilidade física e emocional.
A história de um processo terapêutico é sempre escrita a quatro mãos: cliente e
terapeuta. Cabe ao terapeuta, usando seu conhecimento teórico e sensibilidade, fazer
escolhas importantes que definirão o desfecho dessa história, Neste caso havia a
possibilidade de usar procedimentos específicos para as queixas do cliente ou optar pela
’reconstrução’ de sua história de vida e análise de como aqueles comportamentos-problema
foram instalados e estavam sendo mantidos.
A opção feita foi prioritariamente ’reconstruir a história de vida’ para levantarmos os
dados e realizar análises funcionais.
O cliente tinha medos difusos e generalizados desde sua infância: separar-se da
mãe, ser repreendido, receber ameaças ou criticas do pai, ser mau aluno, ser rejeitado
pelos pais, desentender-se com colegas, apanhar ou ser agredido verbalmente, sentir
dores físicas, 'passar mal’, vomitar, dentre outros.
476 Vem Regina l.ignflli Otcro, I leloiw í ldrn,i f rrrrirti iLi Row
errado. Após algumas análises dos relatos das interações do seu cotidiano fazíamos treinos
de assertividade, 'representando' as situações descritas e considerando outras alternativas
de respostas. Partia-se de simulações mais fáceis e gradativamento aumentava-se o grau
de dificuldade. Dessa forma ele foi aprendendo a nomear e recategorizar as suas atitudes
e dos outros reformulando seus concertos e valores. Exemplo: muitos dos comentários da
namorada que ele inicialmente compreendia como brincadeiras, na verdade eram
desrespeitosos e tinham a função de manté-lo inseguro e dependente.
A opção por essa forma de trabalho atravós da reconstrução da história de vida
possibilitou uma compreensão funcional das queixas e capacitou-o para lidar com
seus dóficits e excessos comportamentais: aprendeu que ó possível se comportar de
outro jeito e produzir novas conseqüências; aprendeu a observar a realidade e fazer
análises funcionais de seu comportamento e dos outros; reavaliou conceitos. Mudou
sua auto imagem, aumentou auto estima e auto-confiança.
Esto caso foi atendido durante trôs anos com uma sessão semanal.
Caso clínico 2
Considerações finais
O relato da maneira como foram conduzidos esses dois casos clínicos nos
remete á citação de Skinner colocada no inicio desse texto. A tarefa do terapeuta, de
"completar uma história pessoal" de modo que o comportamento não tenha mais
características "desvantajosas ou perigosas" foi feita de forma diferente pra clientes
com dificuldades diferentes. A condução dos processos terapêuticos e as decisões
tomadas no seu curso foram função de variáveis teóricas, do terapeuta, do cliente e da
relação terapeuta-cliente.
A natureza do problema e o grau de limitações e prejuízos foram determinantes
na escolha dos procedimentos utilizados. Em ambos os casos observamos que a
história de aquisição dos comportamentos-problema teve início na infância, mas a
extensão dos prejuízos na vida adulta era bastante diferente para cada um deles.
No caso 1 os prejuízos decorrentes das dificuldades afetavam sua vida social,
ocupacional, sexual e afetiva. Foi necessário, e isto se mostrou adequado e efetivo,
investir na reconstrução da história de desenvolvimento de seus medos, auto-imagem
e autoconceito e cada situação ser revista e reavaliada passo a passo.
No caso 2 uma fobia especifica trazia prejuízos também específicos, embora
relevantes em sua vida. Uma variável da cliente determinante nas tomadas de docisão
sobre os caminhos a serem percorridos foi a solicitação clara e objetiva de ser ajudada
a superar aquele medo. Ela não tinha queixas em relação a outros aspectos de sua
vida. Neste caso um atendimento direcionado e de curta duração foi suficiente e
satisfatório.
As docisões tomadas nos atendimentos clínicos tornam cada experiência
terapeuta-cliente única e particular. O velho jargão "cada caso ó um caso" confirma-se
no dia-a-dia do fazer terapêutico.
Referências
Referências
Este trabalho se propõe a um levantamento do quo vem sendo feito sob o nome de
Terapia Familiar de Abordagem Comportamental, assim como os direcionamentos que
vem sendo dados ao atendimento terapêutico com famílias.
A terapia comportamental de famílias desenvolveu-se da aplicação dos princípios
da teoria da aprendizagem em diferentes grupos de clientes em ambientes diferentes.
(Fallon e Lillie, 1988).
Não se pode dizer que haja uma teoria de terapia familiar, assim como não há uma
de terapia infantil ou de adultos. A intervenção comportamental com famílias está,
historicamente, diretamente ligada com a história da modificação do comportamento. A
visão de como são adquiridos, modificados e mantidos os comportamentos para o
behaviorismo levou à ênfase na importância de envolver os pais, professores e outras
pessoas significativas como mediadores ou agentes de mudanças terapêuticas (Sanders
& Dadds, 1993).
Fallon (1988) cita, como exemplo de proposta inicial de trabalho com famílias no
início da terapia comportamental, intervenções com crianças: Williams (1959), Lovibond
(1963), Boardman (1962), Risley e Wolf (1962): técnicas de terapia conjugal, Liberman
(1970); contrato de contingências, Stuart (1959); terapia sexual Masters e Johnson ( 1958)
; ênfase no treinamento de pais, Becker (1974) os pais também são professores, e Patterson
com (1974).
Atualmento, a maior influência, ó de autores como Jacobson (1985), Patterson
(1992), Sanders e Dadds (1993), Sanders (1996), Webstor-Stratton e Horbert (1994), Mattaini
(1999).
Cita ainda, quo Liberman (1970) considera que as famílias que vem para tratamento
conviveram com o comportamento mal adaptado de um de seus membros respondendo a
ele através dos anos com raiva, reclamações, cuidados, conciliação, irritação ou simpatia.
Estas respostas, mesmo punitivas como parecem superficialmente, tem o efeito de reforçar
o desvio, isto ó, aumentar a freqüência ou a intensidade do comportamento desviante no
futuro. Para ele, em várias famílias com membros desviantes, há pouca interação social e
os membros tendem a levar vidas relativamente isoladas uns dos outros. Por causa desta
lacuna de interação, quando a interação ocorre em resposta ao comportamento anormal de
um membro, este comportamento é poderosamente reforçado. Como proposta de
intervenção o autor, propõe que mudar as contingências pelas quais o paciente obtém
aprovação e cuidado de outros membros de sua família é o princípio básico da aprendizagem
que da base à terapia. O reforçamento social é tornado, na terapia, contingente ao
comportamento desejável (adaptativo), ao invés do indesejável (mal adaptativo). Propunha
técnica em três passos para o terapeuta: criar e manter uma aliança terapêutica positiva;
fazer uma análise comportamental do problema; o diagnóstico se constitui de uma análise
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houve um retorno desses às práticas de acompanhamento terapêutico, devido aos "bons
resultados da aplicação de técnicas comportamentais no tratamento de diversos transtornos"
(Zamignani e Wielenska, 1999, p. 159).
Para Vianna e Sampaio (2003), todo Analista do Comportamento busca acesso
fidedigno às contingências mantenedoras de comportamentos disfuncionais do cliente.
Atravós do relato do cliente, bem como de outros instrumentos, tais como escalas, testes
padronizados e entrevistas com os familiares, obtém-se dados para Análise Funcional, a
qual aponta caminhos para um projeto terapêutico. Porém, nem sempre se obtém na
clinica uma garantia total de que os objetivos definidos entre cliente e terapeuta se concretizem
e o comportamento problema seja modificado.
Algumas dificuldades, como casos graves e crônicos, impossibilidade de lidar
com o conteúdo verbal e dificuldade de acesso à dinâmica familiar do indivíduo, levam os
profissionais a buscarem o AT para concretizar modificações, acelerando o processo
terapêutico e facilitando a manutenção dos ganhos. Segundo Balvodi (2003), diversos
transtornos podem ser acompanhados terapeuticamente: alimentares, do humor,
obsessivos compulsivos, ansiosos e fóbico-ansiosos, somatoformes, etc. Também casos
psiquiátricos e/ou neurológicos, psicoses, autismo, paralisia cerebral, dependências
químicas, dentro outros, podem se beneficiar dessa forma de intervenção.
O trabalho no ambiente natural propicia condições para a conseqüenciação imediata
do comportamento, o que gera um maior poder de controle sobre a situação em questão. O
ambiento natural do cliente oferece uma rica variedade de estímulos que permite maior
variabilidade de comportamentos e, assim, maiores oportunidades do novas rospostas
serem emitidas, reforçadas e generalizadas.
Além disso, o AT serve de elo entre o cliente, a equipe terapêutica responsável e a
família. Segundo Oliveira (2000), o acompanhante terapêutico podo reforçar adequadamente
os esforços tanto do cliente quanto de sua família, orientar o cliente em suas tarefas diárias,
garantindo o exercício das atividades programadas; realizar o levantamento de dados da
relação familiar e de contingências da vida do cliente, atravós da observação participanto;
repassar os dados novos, levantados atravós da observação ao profissional ou equipe
responsável polo caso, para a análise das novas contingências percebidas e assim traçar
novos procedimentos e técnicas cabíveis ao caso.
O acompanhante terapêutico (AT) pode ser um profissional ou um estudante
treinado e supervisionado que acompanha o cliente em suas atividades diárias, enfocando
a queixa/dificuldade do cliente, auxiliando-o a fazer os exercícios e atuando como modelo
reforçador. Para Balvedi (2003), o AT deve ter as seguintes características: interesse e
possibilidade de trabalhar em equipe; maturidade que lhe traga segurança; alto grau de
compromisso, visto que tem responsabilidade sobre seu cliente; iniciativa em tomar
decisões diante de quadros que se apresentem, bem como em situações inesperadas; e
atitudes firmes e flexíveis. "O AT terá de aprender a ajudar sem sofrer e amar sem paixão.
Deverá observar com cuidado, trabalhar com empenho e fazer com que seu cliente aflore de
si mesmo suas potencialidades, jamais tentando molda-lo às suas conveniências" (BALVEDI,
2003, p.298-299).
498 M«irui Zll.it» il.i Silvu C.irmo ilc Mcnc/e», f cm.mil.i M.irques lacovo/zi, Jóíerson
Slmomur.i, Iír í.i Rctencurt, Rcn.il.i (.'rislm.i Alves <l,i Rwki , Marl.t C/.ibriel.i S.inl.m.i.
por pessoas importantes, receber dinheiro e poder pagar contas, etc. Com o passar do
tempo, começa-se a gostar de executar as tarefas, sentindo-se bem durante sua execução
e também após sua realização, mesmo não sendo sempre elogiado.
Assim, pode-se procrastinar ou por não ter conseqüências positivas quando realiza
a tarefa, ou por não ter conseqüências negativas caso não a reaiize.
Relata-se a seguir análises, procedimentos e resultados, ató o presente momento,
de um caso onde se utilizou essa forma de intervenção.
500 M.irui Zil.il) il,i Silv.i Mr.iml.lo,Citmil.i C.irmo dc Mcruves, Icm.irulii Marques |a«>vo//l, lófcrson
Simomur.j, l/fjí.i Retcrnurt, kcn.if.t Cristin.i Alve* <l.i S
confiaram tais tarefas. Outra possível regra formulada por ela, era a de que não conseguia
realizar suas atividades por causa da doença, ou seja, considerava seu desempenho bom,
achava-se capaz de realizar as atividades, no ontanto, o que a impodia, segundo ela, ora a
doença. Assim, quando se expunha à realização das atividades o, conseqüentemente, não
conseguia cumpri-las, atribuía como causa o seu diagnóstico de transtorno bipolar o não
ao seu real desernponho quo ora deficitário, por ter passado por oxporiéncias próvias
mínimas de trabalho ou mesmo por nõo ter passado por multas delas. Dossa forma,
quando a regra era confrontada com a contingência e confirmada, as probabilidades da
cliente se expor a novas contingências, modificar a regra e ter um novo comportamento
mantido por estas novas contingências, eram diminuídas.
Pelo exposto, tentamos responder porquê ela não trabalhava. Como coloca
Skinner (1998), o comportamento é multidetorminado, assim, todas as contingências
atuantes resultam no padrão comportamental apresentado pela cliente, não havendo
apenas uma responsável, ou verdadeira.
Diante de tais constatações, tentamos responder uma outra questão: "Como
fazer para ela trabalhar?".
Primeiramente, precisávamos observar quais eram os comportamentos que
estavam aparecendo com maior freqüência em seu ambiente de trabalho e, para tanto,
foram necessárias observações diárias. Essas confirmaram a hipótese de que a cliento
estava engajada om comportamentos de fuga/esquiva e assim não entrava em contato
com a tarefa proposta, não conseguindo, portanto, interagir de forma diforente com o
meio, para provor a conseqüência natural positiva de ter terminado algum trabalho.
Em um segundo momento, era necessário saber se a cliente sabia o quo fazer,
ou seja, tinha o repertório para desempenhar adequadamento o trabalho. Por meio das
observações e da divisão do trabalho em passos menores (feitas com o auxílio do pai
da cliente), percebeu-se que a cliente sabia como fazer.
No próximo momento, tentou-se criar novos estímulos antecedentes para que
a resposta (trabalhar) aparecesse: tornar o ambiente de trabalho propiciador ou mais
reforçador para o trabalho, não punir os comportamentos de fuga/esquiva da cliente,
reforçar a emissão de respostas relacionadas ao trabalho do escritório, ajudar a cliente
a cumprir um esquema de horários para a realização do trabalho, com intervalos para
descanso e inseri-la no contexto de decisão sobre o trabalho desenvolvido.
Com o esquema de horários, pretendia-se que o comportamento da cliente trabalhar
fosse reforçado em menor intervalo de tempo. Alóm disso, esperava-se reduzir a
probabilidade de a cliente engajar-se em períodos de trabalho muito longos (comportamento
de esquiva às sensações corporais de ansiedade apresentadas a cada início de trabalho),
seguidos de queda abrupta de desempenho (ficar dias sem trabalhar). Segundo Catania
(1999), quando uma razão toma-se muito, a taxa de respostas decresce: isso acontece não
tanto porque a taxa de respostas diminui no seu total, mas muito mais porque a taxa de
rospostas alta e contínua é freqüentemente interrompida por pausas pós-refòrço.
Tambóm foi necessário não conversar com a cliente sobre assuntos não
relacionados ao trabalho, pois a proposta era reforçar positivamente e diferencialmente
todas as aproximações desta com o trabalho e não punir, ou reforçar, qualquer
comportamento seu de protelação. Considerou-se, por meio das observações, que
conversas sobre outros assuntos somente iriam reforçar a esquiva da cliente, diminuindo
a probabilidade deste começar a trabalhar, por isso a necessidade de extingui-las.
Por fim, percebeu-se que a cliente se sentia bem quando ouvia feedback sobre
sou dosomponho o com isso tontava molhorar ainda mais sua rolação com o trabalho.
Então foi inserida tambóm no ambiente de trabalho, no fim de cada dia e tambóm no fim
502 M.iri.i /ll.ih (l.i Nllv.i lUtimiilo.Ciimilii l .irmo «Ic Mcnc/c», |-rm<iml<i Miirqucs l<icovo//j, jéfcrson
Slmomur.i, I.írI.i Hrlrnuirt, licn.iKi Crktln.i Alves «l.i Rotlm , Miirl.i l/iibriciti Santami.
atividades, o pai, freqüentemente, acabava fazendo ou arrumando alguma alternativa,
para quo a filha não sofresse as conseqüências do não fazer. Por exemplo:
primeiramente, o pai a incentivou a dar aulas na faculdade (mesmo em oposição á
opinião da terapeuta), vendo que a filha nào era capaz do realizar as atividades de dar
aula e trabalhar no escritório ao mesmo tompo, acabou pormitindo quo ola deixosso
suas atividades do escritório para outro funcionário e continuasse rocebondo seu salário.
Segundo Guilhardi (2002), comportamontos de responsabilidade podem ocorror
om conseqüência tanto de contingências coercitivas, bom como por contingências
reforçadoras positivas. A diferença das duas formas de se instalar tal comportamento é
que a primeira está associada a sentimentos de responsabilidade, os quais são
produtos de comportamento fuga/esquiva de prováveis punições que apareceriam por
não se comportar de maneira adequada para o grupo ao qual pertence. Já
comportamentos responsáveis instalados a partir de contingências de reforçamento
positivo geram, da mesma forma, comportamentos responsáveis (adequados para o
grupo), no entanto, esta contingência não está associada a "sentimentos de
responsabilidade”, que são experencíados por comportamento de fuga/esquiva do
contingências, mas sim a sentimentos de satisfação e liberdade.
“Ê fundamental destacar que as contingências coercitivas, sociais e naturais
produzem e mantêm repertórios de comportamentos e sentimentos de
responsabilidade. Os pais como membros de uma comunidade social, empregam
largamente contingências aversivas, como parte das práticas culturais do grupo a
que pertencem" (GUILHARDI, 2002, p 90).
No entanto, o autor propõe que comportamentos chamados responsáveis deveriam
ser instalados não por contingências coercitivas, mas sim por contingências reforçadoras
positivas, já que a esta estão associados os sentimentos de satisfação e liberdade.
Pode-se porceber, desta forma, que, na historia de vida da cliente, o pai não contribuiu
para que comportamentos responsáveis fossem instalados tanto no que se diz respeito a
fazê-lo empregando contingências coercitivas ou por contingências reforçadoras positivas.
De acordo com a cliente, o pai sempre a superprotegia, e ainda hoje o faz. O pai evitou e evita
que a filha sofra as conseqüências de seus comportamentos, impossibilitando desta forma
quo a mesmo desenvolva comportamentos dito responsáveis. Não punia e não reforçava
seus comportamentos adequados de trabalho, independência e resolução de problomas, do
maneira contingencial.
Entretanto, após, aproximadamento, um mês e meio de acompanhamento terapêutico,
a cliente comoçou a apresentar certos comportamontos quo indicavam melhoras, como
quando esta relatou colocar para o pai (do forma não agressiva) aquilo que a incomodava,
como, por oxemplo, o fato do pai não respeitar seu tempo do trabalho e sugerir quo a cliente
trabalhasse ultrapassando o tempo limite estipulado pelo procedimento terapêutico, ou quando
reclamava diretamente ao pai a falta de trabalho suficiente para a semana A quantidade de
trabalho passado pelo pai para a cliente, foi um aspecto importanto, pois como a cliente
realizava trabalhos programados polo pai, ola dependia do mosmo para continuar a trabalhar,
ou seja, o pai passava, por exemplo, um rolatório para a filha fazer, esta o roalizava e ficava
dependente do um horário que o pai pudesse atendê-la para corrigir o rolatório, para assim,
a diento podor dar continuidade ao seu trabalho. Deve-se ressaltar, que esses comportamentos
estavam ocorrendo antes da cliente iniciar suas aulas na faculdade.
A cliente também passou a pedir mais explicações para o pai, quando não entendia
algo que oste lhe pedi? para fazer, evitando dessa forma quo o trabalho se tomasse penoso
por falta de explicações e conseqüentemente diminuindo a probabilidade da cliente esquivar-
se de realizá-lo.
504 M a n a Z ila li il.i Sllv.i Hrandtlo,C amila C'.irmo do M c n c/cs , I crnanda M arq u e* lacovo/7Í, Jflerson
Simoim ir.i, I igi.i R d en iu rt, Renata 1'rú fin a A lv e * da Rocha , M a ria ( '/«ihricla Sanfana.
somente os comportamentos da cliente relacionados ao trabalho publicitário, no
escritório. Esse reforço é dito natural, pois nào era disponibilizado ao clionte prémios,
como doces, cigarros, dinheiro ou outras coisas que, possivelmente, aumentariam a
probabilidade da cliente trabalhar, mas sim elogios ou correspondentes (sorriso, por
oxemplo), que tinham a mesma função, ou soja, fazor com quo so aumentasse a
probabilidade da clionte trabalhar. Esse tipo de roforço utilizado, também, ó dito difoioncial,
pois somente os comportamentos relacionados ao trabalho do escritório eram roforçados
(qualquor outro comportamento não condizonte com esse trabalho, não ora reforçado).
Outro principio, também utilizado o intimamonto relacionado com o roforço ó a
modelagom;
"a modelagem è baseada no roforço diferencial em estágios sucessivos, algumas
respostas sào reforçadas e outras nào Além disso, á medida que o responder se
altera, os critárlos para o reforço diferencial também mudam, cm aproximações
sucessivas da resposta a ser modelada" (CATANIA. 1999,p 131).
No caso da cliente om questão, a modelagem só cotrioçou a ocorror quando o
mesmo apresentou comportamentos de trabalhar, pois segundo Catania (1999), a
propriedade do comportamento que torna a modolagem efetiva é a variabilidade do
comportamento. Cabe, aqui, notificar que, no inicio da intorvonção, a cliento esquivava-
se tanto de trabalhar que não conseguia trabalhar nem 30 minutos por dia.
Diante disso, o procedimento foi dividido, didaticamente, em quatro etapas que
compreendiam, respectivamente a descrição, a obsorvação, execução o a avaliação.
Quando o AT chegava ao escritório, pedia que a cliento descrevesso as atividados
que haviam sido realizadas naquele dia e o quo ela havia programado para fazor duranto
o momento que o AT estivesse lá. Pedia-se, também, que ela descrevosso a sua
programação com os respectivos intervalos de 10 minutos, e até que horas pretendia
trabalhar (lembrando sempre que ela não devia ultrapassar 4 horas de trabalho por dia).
O AT, então, observava o trabalho da cliente: se ela estava cumprindo com a
programação (inicialmente a programação era: trabalhar 20 minutos e parar 10 minutos
para descansar, após algumas semanas, a programação passou a ser de 50 minutos
de trabalho e 10 do descanso), se estava realmente trabalhando ou estava protelando,
se estava se sobrecarregando (trabalhando mais do que o programado - 4 horas por
dia), se estava conseguindo terminar o trabalho no prazo de entrega, se tirava dúvidas
com outras pessoas (pai, irmão, outro funcionário, etc) quando não sabia realizar uma
determinada tarefa o se escutava música enquanto trabalha, etc.
No final do tompo provisto para a permanência do AT no oscritório, esto podia
que a clionte fizesse uma avaliação de seu próprio desempenho; como so sentiu
realizando o trabalho, como foi realizar esse trabalho, como se sentiu seguindo
corretamente a programação, quais eram as dificuldades quo tevo para a realização do
trabalho, etc. Além disso, o AT dava um feodback do quo observou, ou seja, fazia também
uma avaliação do dosempenho da cliente. Para isso, utilizou-se de uma tabela (ver
anexo) quo ora preenchida conjuntamento com a clionte, no final da permanência do AT
(diariamente) no escritório. No final de cada semana era realizada, também, uma
avaliação semanal do desempenho da cliente.
É importante ressaltar que o AT, nesta primeira fase, devia reforçar a cliente toda
vez que este apresentasse comportamentos relativos ao seu trabalho no oscritório, e
que isso devia ser feito independente da etapa (descrição, observação, oxocução ou
avaliação) “Urna das características bem conhecidas do reforçamento é quo quanto
mais próximo das suas conseqüências (no tempo e no espaço) um comportamento
506 Miirid /il.il) (lii Sllvii Krtimliio,C'iimilii (\mm> ile Mene/os, Icm.iinl.i Murqucs liicovorzi, Icfcrsoi)
Simoimir.i, Iírí.i Hetcmurt, Uon.it.i 1'rislln.i Alvos il.i Uoili.i , M.in.i C/.ibriol.i S.inl.tn.i.
5. Resultados e Considerações finais:
D cto m pe nh o apr«*ontado d u ra n t* 32 M m a n a t d * AT
|
?
8
508 M.iriii 7il.il) (iii Silv«i Hriim l.lo,t'iim il,i (.\irmo tle Mene/es, l em.inil.i Miirques liiiovo/zi, líforson
SimomuM, l ltfi.i Hctcnairt, Rcm.iI.i t'rj<;lin,i Alves d.i kotl),i , M.in.i 1 /<ihriel<i SiintiiM.i.
Capítulo 44
Comportamento de esquiva
no contexto clínico
"Nenhum ato particular define a esquiva, todos femos muitos fipos de barras para
prevenir diferentes tipos de choques. Ainda assim, algumas formas de esquiva
sâo mais problemáticas que outras, se quisermos entender e, talvez, fazer algo a
respeito da esquiva, primeiro temos que reconhecê la". (Sldman,2003,p. 165)
Inicialmente, para falarmos do comportamento de esquiva dentro do contexto clínico,
faz-se necessário uma definição deste comportamento e diferenciação do comportamento
de fuga.
O comportamento de esquiva pode ser definido, segundo Catânia (1999), como
aquele que previne ou evita um estímulo aversivo pela apresentação de uma resposta. Já o
comportamento de fuga suspende o estímulo aversivo, ou seja. o indivíduo entra em contato
com a contingência aversiva e posteriormente tenta eliminá-la. Este contato não ocorre no
comportamento de esquiva, já que neste, o indivíduo responde no sentido de evitar a
contingência aversiva, desta forma, no momento em que a resposta ocorre o estímulo
aversivo não está presente. Assim, “fugimos de circunstancias aversivas presentes, mas
nos esquivamos de circunstancias potencialmente aversivas que ainda não
ocorreram".(Catânia, 1999, p. 117). Segundo este mesmo autor os procedimentos de fuga/
esquiva sâo exemplos de reforço negativo, já que são reforçados por eliminarem ou evitarem
determinadas situações aversivas. Uma conseqüência importante da resposta de esquiva
é que ela é mantida "porque o organismo está fugindo de algumas propriedades da situação
que acompanharam os estímulos aversivos passados" (Catânia, 1999,p. 123).
Um outro aspecto relevante apontado por Catânia, diz respeito à extinção do
comportamento de esquiva, de acordo com suas pesquisas experimentais, se a história de
esquiva for longa, de modo que a presença dos estímulos aversivos é rara, a ausência
destes, durante a extinção, farão pouca diferença, e o responder continuará por um longo
poríodo.
Segundo Garcia (2004) "o processo de instalação de um comportamento de esquiva
ocorrerá de maneira que um estímulo neutro quando emparelhado a um estimulo aversivo
510 M .irlii 7ll.il) il.i Silv.i Rr.uul.lo,C\imilti C .im io de M cnc/es, I ern.mil.1 M.irqucs l.iiovo/7Í,
Jòforson Simomur.i, I l«U Hltentourl, Ren.it.i t ristin.i A lve * d i Ri k I m , M .irl.i C/iibrlcIu S.uil.in.i,
do afogamento ou sufocamento, sudorese, dores e tremores. Estas respostas, muitas
vezes funcionam como estímulos discriminativos para o comportamento de esquiva, e os
clientes buscam livrar-se destas sensações e utilizá-las como explicações para seu
comportamento. ' Pedro" por oxemplo, relatava nào conseguir realizar um teste devido a sua
ansiodado, sendo assim a situação aversiva do testo ora evitada e sua causa ura atribuída
ao sontimento a ela relacionado. Podomos dizer então que, "Pedro” justificava sua esquiva
utilizando sentimentos (ansiedade) e com isso conseguia obter ganhos secundários que
provavelmente reforçavam sou comportamento de esquiva. Por oxemplo, nâo realizando o
testo proposto na universidade "Pedro" se esquivava tanto de um provável julgamento negativo
por parto do professor quanto das reações de ansiedade associadas a esta situação.
Também, "Pedro" conseguia de seus pais algumas recomponsas materiais e atenção
quando se mostrava ansioso o que possivolmente também mantinha sou comportamento.
Diante do exposto, podemos dizer que, como parto do uma contingência de fuga/
esquiva, a resposta classificada como ansiosa seria mantida pela retirada ou adiamento
da apresentação do evento aversivo (estímulo público ou privado). Desse ponto de vista, as
rospostas ansiosas que compõem diferentes transtornos de ansiedado (fobia social, pânico
e agorofobia, por exomplo) seriam funcionalmente semelhantes, o que permitiria análises
e propostas de intervenção comuns (Zamignani e Banaco,2004).
Além disso, é imprescindível colocar, como relacionou Brandão (1999) as principais
conseqüências da esquiva, quais sejam:
»Perda de contato com reforçadores positivos, acarretando om déficits
comportamentaís. Como "Pedro" passou a restringir o contato com indivíduos que poderiam,
segundo ele, julga-lo negativamente, ole também nâo entrava om contato com contingôncias
positivas e saudáveis destes relacionamentos, não sabendo responder de outra forma a
não ser se esquivando ou fugindo da situaçáo.
»Recorrência do respostas emocionais ou sentimentos negativos. "Pedro" sentia-
se “doprossivo" quando pormanocia om casa, ao invos do onfrontar determinadas situaçõos.
»Falta dos sentimentos positivos decorrentes do contato com novas situações.
Como "Podro" evitava o estudo, todas as sensações que podoriam resultar do uma boa
nota ou aprovação não se fazia prosonte.
»Aumento do potencial aversivo da situaçáo evitada. Quando "Pedro" deixava de
onfrontar sous estudos, por exemplo, ele perdia a oportunidade de permanecer na situação
contracondicionando aspoctos aversivos da mesma e assim poderia extinguir os
sentimentos negativos a ela associados.
»Generalização de respostas emocionais para outras situações, objetos ou
pessoas. Com o tempo, a faculdade e outros tipos do situações de avaliação passaram a
ser evitadas por “Pedro" através da generalização de estímulos, já que todos estavam
associados, om última instância, com compromissos, cobrança, etc.
O comportamonto de esquiva, segundo o Garcia (2004), não pode estar voltado
para o futuro. Suas causas estão no passado e no presente Uma possibilidade de mudança
da rosposta de osquiva pode ser encontrada ao mudarmos a probabilidado dos eventos
ambientais quo passam a ser indicadores de uma situação aversiva.
É necessário colocarmos também a importância da relação terapêutica om casos
em quo o comportamonto de osquiva emocional é visto como um comportamento problema
e ocorre na sessão. A osquiva emocional podo sor observada e sinalizada polo terapeuta
que então coloca o cliento em contato com a situação avorsiva e com o sentimento que ola
produz. É nesse momento então, que se considera de extrema relevância, que o clionte
sem poder so esquivar da situação e do sentimento, possa apronder a tolerar suas próprias
Referências
Banaco, R A A Zamignanl, D R.(2004). Analytical-behavioral panorama on the anxiety disorders In
T C C Grassi (Org ), Contemporary challenges In the behavioral approach. A Brazilian overview.
Santo André, Esetec
Brandão, M Z. S (1999) Terapia Comportamental e Análise Funcional da relação terapêutica:
estratégias clinicas para lidar com o comportamento de esquiva Revista Brasileira de Terapia
Comportamental e Cognitiva, 1,179-188.
CATANIA, A C. (1999) Aprendizagem: Comportamento, Linguagem e Cognição, Porto Alegre, Artmed
Cordova, J & Kohlenberg, R (1994). Acceptance and the therapeutic relationship. In S Hayes, N
Jacobson, V. Follette & M Dougher (Orgs ), Acceptance and change: Content and context In
psychotherapy. Reno, NV: Context Press
Kohlenberg, J.R & Tsai, M. (2001). Psicoterapia analitica funcional. Criando relações terapêuticas
intensas e curativas Santo André, ESETec Editores Associados.
Garcia,M.R (2001) Uma tentativa de identificação de respostas de esquiva e da utilização do
procedimento de bloqueio de esquiva através da análise de uma relação terapêutica (Tese
de Mestrado, Universidade Católica de São Paulo,2001) SN.55.2QQ1.
Sídman, Murray (2003). Coerção e suas implicações. São Paulo, Parma
Skinner, B. F. (1991). Ciência e comportamento humano. São Paulo, Martins Fontes
ESETec
www.e5elec.com.br