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INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DE RONDÔNIA – IESUR


FACULDADES ASSOCIADAS DE ARIQUEMES – FAAR

Daniela de Souza, Driely Pereira dos Santos, Edson Vieira dos Santos, Kezia Dos Santos
Pereira, Pedro Marcos dos Santos Queiroz Lima

ATIVIDADE AVALIATIVA

ARIQUEMES
2022
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FACULDADES ASSOCIADAS DE ARIQUEMES – FAAR

Daniela de Souza, Driely Pereira dos Santos, Edson Vieira dos Santos, Kezia Dos Santos
Pereira, Pedro Marcos dos Santos Queiroz Lima

RELATÓRIO DE UM FILME
“Cidade de Deus”

ARIQUEMES
2022
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INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DE RONDÔNIA – IESUR
FACULDADES ASSOCIADAS DE ARIQUEMES – FAAR

RELATÓRIO DO FILME: “Cidade de Deus”

Data da exibição do filme: 27 de agosto de 2022


Local: Ariquemes – RO
Razões da exibição do filme: o que nos levou a visionar este filme foram as cenas relatadas
que retrata a violência, crimes, tráficos de drogas e do envolvimento infantil nesse mundo
inescrupuloso. Onde se aproveitam da necessidade econômica e da ignorância dos menos
favorecidos para enganá-los com promessas de bem-aventuranças.

Título de filme: Cidade de Deus


Realizadores: Fernando Meirelles
Ano de lançamento: 30 de agosto de 2002 (Brasil)
Personagens principais: Alexandre Rodrigues (Buscapé), Leandro Firmino (Zé Pequeno),
Jonathan Haagensen (Cabeleira), Matheus Nachtergaele (Cenoura), Seu Jorge (Mané
Galinha), Phelippe Haagensen (Bené), Douglas Silva (Dadinho).
Tema central: Crime organizado e carreira do tráfico

INTRODUÇÃO
A narrativa de Cidade de Deus é contada a partir da visão do narrador personagem
“Buscapé”, interpretado pelo ator Alexandre Rodrigues. A estória se passa entre os anos de
1960 e 1980 e acompanha as vidas em meio a comunidade Carioca nomeada como Cidade de
Deus. O filme retrata a violência diária presente na comunidade, a corrupção policial e bem
como a hipocrisia do sistema que culminam para todos os acontecimentos da trama.

SÍNTESE DA ESTÓRIA
Na estória somos apresentados aos dois personagens principais, Buscapé e Dadinho,
bem como alguns personagens secundários, como, Bené, Mané Galinha, Cenoura e Cabeleira.
Ao início da narrativa o espectador é transportado até a infância dos personagens principais,
amigos de infância, ambos com 11 anos de idade, com o decorrer da trama, passamos a
entender as vidas de cada personagem, bem como seus sonhos e ambições, diante deste
quesito, os dois personagens são extremos opostos, enquanto Buscapé era mais retraído e
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tímido, não apresentava desenvoltura para a criminalidade, mesmo recebendo e estando


rodeado pela mesma, o personagem sonhava em ser fotógrafo.

Do outro lado da história, temos o personagem Dadinho, cujo desde pequeno tinha
aspiração e desenvoltura para a criminalidade, sonhava em se tornar o criminoso mais bem-
sucedido da cidade carioca, com o decorrer da narrativa ambos terão seus sonhos tornados
realidade. Estes por vez eram os motivos pelo qual alguns se justificavam estar no crime, mas
a briga pelo poder, o desejo de ser respeitado, ser porta-voz, ser bem-sucedido e reconhecido,
é o que movia muitos dos indivíduos da comunidade e os faziam permanecer ou entrar na vida
criminal.

No decorrer da trama, Dadinho mudará seu nome para Zé Pequeno, se tornando o mais
temido e respeitado traficante de cocaína do Rio de Janeiro. O sonho de Buscapé torna-se
realidade a partir do momento em que Zé Pequeno, ansiando pela fama devido a um de seus
rivais ter sido preso e entrevistado pela mídia televisiva, Zé Pequeno então convoca Buscapé
para que tire fotos de sua gangue. As fotografias acabam indo parar em uma manchete do
jornal, que logo permite a Buscapé receber uma proposta para trabalhar como fotógrafo do
jornal, caso consiga mais fotos dos criminosos. Levando a cena final, onde a polícia invade a
comunidade em busca de dinheiro com Zé Pequeno, Buscapé consegue fotografar o momento
e decide levar as fotos até o jornal, conseguindo o emprego como fotógrafo.

CRIMES, TRANSTORNOS E IMPUTABILIDADE


O meio social tem uma influência significativa na formação do caráter do indivíduo. O
filme cidade de deus retrata a realidade de uma comunidade que é localizada longe do cartão-
postal do Rio de Janeiro. Um local onde a criminalidade grita cada vez mais alta, perpassa
pelos adultos e atinge as crianças. O comum da comunidade não é ver o cidadão de bem
trabalhar e as crianças irem para a escola, mas o que se faz comum são crianças e adultos
armados, compactuando com crimes, no qual o ramo de trabalho desses indivíduos são os
roubos e a comercialização de drogas dentro da própria comunidade.
É interessante notar, que o filme aponta não só para as lideranças, mas para a
consequência da criminalidade em grupo onde envolve crianças e adolescentes. “Só assim se
pode entender que linguagem, desejo ou sexualidade do adulto violentam o psiquismo
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infantil, que segue um curso supostamente natural, que podem qualificar de violenta a ação do
ambiente ou do mundo externo sobre este psiquismo.” (Costa, 1986, p. 16).
Cidade de Deus foi um filme ideal para ser discutido em uma aula de Psicologia
Jurídica, pois além de tráficos e crimes, também se nota sinais de psicopatia em Zé pequeno.
Com decorrências destrutivas na vida dos habitantes daquela comunidade, esse é, sem dúvida,
o retrato da severidade e da gravidade da violência sobre as crianças encontradas na Cidade de
Deus, em uma a escassez clara à violação dos direitos humanos: fome, desemprego, pobreza,
exclusão social, abandono, privação, habitação precária, ausência de escolas, de saneamento
básico, exposição a doenças infectocontagiosas, descaso social, tráfico de drogas, crime
organizado, marginalidade, agressões físicas e psicológicas, etc. – violência produzida pelo
meio em que vivem, influências essas causadas pelo meio cultural e social.
Havia uma questão que ia além da vulnerabilidade social, a falta de vínculos com
pessoas, o desprezo, o não pertencer, a falta de atenção, não ser correspondido, uso e abuso de
drogas desde a infância, são fatores que geram anseios no indivíduo e que contribuem para o
desenvolvimento de patologias, ou servindo como agravante para quem já tem algum tipo de
patologia como apresenta Zé pequeno, apresentando traços de psicopatia desde a infância.
É preciso pontuar que apesar dos traços de psicopatia presentes em Zé Pequeno, caso o
fim do mesmo na trama fosse diferente, onde sua punição não tivesse sido a morte e sim a
prisão, Zé Pequeno não seria considerado inimputável, pois, um sujeito, para que seja
considerado inimputável perante o Art.26 da lei de n° 2.848 de dezembro de 1940, o mesmo
deve ser portador de doença mental ou apresentar neurodesenvolvimento incompleto ou
atrasado, onde, no momento de sua ação seja inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito
do ato; Em outro caso, o sujeito ser menor de 18 anos, o Art.27 da lei de n° 2.848 de
dezembro de 1940, será penalmente inimputável, recebendo outra forma de julgamento de
acordo com a lei de n° 7.209 de julho de 1984 (TJDFT, 2013). Portanto, este não seria o caso
de Zé Pequeno, pois o mesmo tinha consciência e entendimento absoluto de todos os seus
atos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cidade de deus era desassistida em todos os sentidos, a lei que regia o lugar era a lei
dos traficantes, a justiça, as leis comuns não se cumpriam ali, as autoridades no qual exerce
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uma figura de autoridade e poder, não se valia, pois eram corrompidos e corroboravam para a
prática criminal. Não havia punição para os crimes cometidos, tampouco para os criminosos,
uma população abalada emocionalmente e assustada decorrente da situação que os cercavam,
não tinham amparo.

A estória aqui apresentada demonstra a constituição biopsicossocial de uma


população fragilizada, passa pelos anseios, desejos, medos e ambições de toda aquela
população que ali vivia, bem como também de seus aspectos positivos, onde nem tudo era
tristeza, as pessoas ali tinham seus momentos felizes, diante das festanças, a alegria sempre
estampada em seus rostos, que apesar de todos os pesares, tentavam encontrar significado em
meio a tudo.

Ainda ao final da trama, é possível levantar algumas questões sobre como seria a
continuidade daquela comunidade, questões essas como: Qual seria o rumo que a comunidade
levaria após a morte de Zé Pequeno; Quem seria seu sucessor? A reação da comunidade
perante a notícia da morte de Zé Pequeno; Dentre outras questões que seriam norteadoras para
o futuro daquele local.
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REFERÊNCIAS

BELO, Fábio. Os efeitos da violência na constituição do sujeito psíquico. PEPSIC, 2004, p.


3. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
11382004000200005>. Acesso em: 26/08/2022.

Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios. Imputabilidade Penal. TJDFT,


2016. Disponível em: <https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-
produtos/direito-facil/edicao-semanal/imputabilidade-penal>. Acesso em: 27/08/2022.

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