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MANUAL DE TERAPIA PARA ATRAÇÕES

HOMOSSEXUAIS INDESEJADAS
Um guia para o tratamento
Traduzido do Original: HANDBOOK OF THERAPY FOR UNWANTED
HOMOSEXUAL ATTRACTIONS: A Guide to Treatment

Tradução, edição e divulgação em língua portuguesa: Equipe Closet Full

Disponibilizamos o arquivo gratuitamente na


internet, pois entendemos sua
importância no momento em que vivemos no
Brasil.
Pedimos gentilmente a todos que divulguem esse
material, em blogs, sites e
redes sociais.
Assim, estaremos empenhados em lutar contra
toda mentira e manipulação
sobre o assunto.

Unam-se a nós nessa batalha!


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ALTERAR ESSE ARQUIVO

2
Colaboradores
Joseph Nicolosi, psicólogo clínico e fundador da Clínica Tomás de Aquino
em Encino (Los Angeles) Califórnia. Junto com mais dois clínicos, ele
fundou a Associação Nacional para Pesquisa e Terapia da
Homossexualidade (NARTH) 1 em 1992, disponível no endereço eletrônico
www.narth.com. Ele publicou os livros: Terapia Reparativa da
Homossexualidade Masculina 2 (Jason Arouson, Inc., 1992); Curando a
Homossexualidade 3 (Jason Arouson, Inc., 1994); Um guia parental para
prevenção da homossexualidade 4 (Intervarsity Press, 2002); Perda da
Vergonha e Apego: Um Trabalho Prático para Teoria Reparativa 5
(Intervarsity Press, 2009). Dr. Nicolosi também publicou três capítulos de
livros e nove artigos, incluindo os seguintes artigos publicados na revista
Relatórios Psicológicos 6: “Auto-relatos Retrospectivos de Mudanças na
Orientação Homossexual: Uma pesquisa de satisfação de clientes da
terapia de conversão,” 7 (Nicolosi, Byrd, & Potts, Junho, 2000); “Revisão
Meta-Analítica do Tratamento da Homossexualidade,” 8 (Nicolosi, Byrd, &
Potts, Junho, 2002); “Percepções de Clientes sobre Como Terapia de
Reorientação e Auto-Ajuda Pode Promover Mudanças na Orientação
Sexual,” 9 (Byrd, Nicolosi, & Potts, Fevereiro, 2008). Dr. Nicolosi têm
oferecido seminários de formação pelo mundo, incluindo Alemanha, Itália,
México e Estados Unidos. Ele também supervisiona terapeutas que
querem desenvolver uma prática que inclua terapia reparativa para
homossexualidade indesejada.

1
National Association for Research and Therapy of Homosexuality
2
Reparative Therapy of Male Homosexuality
3
Healing Homosexuality
4
A Parent’s Guide to Preventing Homosexuality
5
Shame and Attachment Loss: The Practical Work of Reparative Therapy
6
Psychological Reports
7
Retrospective Self-Reports of Changes in Homosexual Orientation: A Consumer Survey of Conversion
Therapy Clients
8
A Meta-Analytic Review of Treatment of Homosexuality
9
Clients Perceptions of How Reorientation Therapy and Self-Help Can Promote Changes in Sexual
Orientation

3
Albert Dean Byrd, Presidente do Fundo de Pesquisas Thrasher 10 e
membro da faculdade Utah School Of Medicine, designado para o
Departamento da Família e Medicina Preventiva e para o Departamento
de Psiquiatria. Ele é Professor Adjunto no Departamento de Estudos da
Família, também na Universidade de Utah. Como um psicólogo clínico
licenciado, Dr. Byrd recebeu seu treino acadêmico no Colégio Metodista
de Spartanburg, Brigham Young University, Medical College of Virginia
(Virginia Commonwealth University), Loyola University e University of
Utah. Ele palestrou em vários países, incluindo Israel, Polônia, República
Democrática do Congo e Costa do Marfim. Dr. Byrd é autor de cinco livros
e mais de 200 artigos revisados (em revistas de saúde mental, bem como
em revistas de direito), capítulos de livros, revisões de livros e opiniões
editoriais no tema da homossexualidade, casamento homossexual, adoção
por duplas homossexuais e outros tópicos relacionados à família. Ele tem
servido como uma testemunha experiente em processos judiciais sobre
assuntos de família, ambos nos Estados Unidos e afora.

Mary Beth Patton, ela recebeu seu diploma em bacharelado e certificado


de Estudos Femininos da Portland State University e um diploma de
mestre das artes em aconselhamento psicológico de Lewis and Clark
College. Mary Beth está na prática particular há 10 anos. Sua
especialidade inclui mulheres e atração pelo mesmo sexo e casais com
dificuldades sexuais, como a atração pelo mesmo sexo, vício sexual e
anorexia sexual. Ela foi um membro da diretoria do Portland Fellowship
(filial local do Ministério Exodus) de 2001 à 2007 e é um membro da
diretoria do NARTH desde 2003. Ela apresenta oficinas, conferências e
treinamento clínico em assuntos terapêuticos relacionados às mulheres e
atração pelo mesmo sexo.

10
Thrasher Research Fund

4
Janelle M. Hallman é uma conselheira profissional licenciada, autora e
oradora popular nacional e internacional em assuntos relacionados ao
quebrantamento humano, relações verdadeiras, sexualidade autêntica e a
maravilhosa graça redentora de Deus. Sua paixão é compartilhar da
Palavra de Deus de maneira que fale no mais profundo das necessidades
de pessoas machucadas. Ela tem falado pelo Focus on the Family, é
professora adjunta no Denver Theological Seminary e foi também ex-
professora adjunta na Colorado Christian University. Ela acabou de lançar
um livro inovador chamado O Coração da Mulher com Atração pelo
Mesmo Sexo: Um Aconselhamento Compreensivo11. Ela é a fundadora e
diretora do Desert Hope Ministries, uma organização não governamental
que provê conferências dinâmicas sobre o desígnio de Deus para
sexualidade e gênero humano. Janelle completou seu mestrado em
Aconselhamento com honras no Denver Theological Seminary. Ela é
casada e tem uma filha.

Esly Regina Carvalho é treinadora de líderes do EMDR12, que significa


Dessensibilização e Reprocessamento por meio dos Movimentos Oculares,
creditada pelo instituto EMDR. Ela foi presidente do EMDR Ibero-America
de 2007 à 2009 e mantém uma prática privada em Brasília, Brasil. Ela
também é ativamente envolvida em treinar psicoterapeutas no seu país
de origem, como também em encorajar os investidores do movimento
EMDR em outros países da América Latina e Ibéria. Esly é uma oradora
internacionalmente conhecida e autora de muitos artigos e livros
especificamente sobre cura emocional. Seus livros estão disponíveis em
Espanhol e Português. Seu livro best-seller em espanhol, Cuando El
homosexual pide ayuda (Quando o homossexual pede ajuda) já está em
sua quinquagésima impressão. Seu livro, Alas de Sanidad (Asas de Cura) é
endereçado especificamente para o quebrantamento sexual e
restauração. Esly é casada e tem uma filha adulta que é envolvida
profissionalmente em psicologia clínica.

11
The Heart of Female Same-Sex Attraction: A Comprehensive Counseling Resource
12
Eye Movement Desensitization and Reprocessing

5
Mike Rosebush é o fundador do Coaching Santificante e autor do livro,
Sanctification Coaching. Um Conselheiro Nacional certificado desde 1984,
ele recebeu seu doutorado em Aconselhamento Psicológico em 1989 da
University of North Carolina (um programa aprovado pela Associação
Americana de Psicologia), e é um profissional licenciado no Colorado,
desde 1990. É ex-presidente do Focus on the Family, e referência em
aconselhamento para muitas organizações cristãs evangélicas. Dr.
Rosebush foi diretor de rede de conselheiros profissionais do Exodus
International, e também um membro clínico do NARTH. Dr. Rosebush vem
ajudando homens com capacidade homoerótica por décadas.

George Albert Rekers é um notável professor emérito de neuropsiquiatria


e ciência comportamental na University of South Carolina School of
Medicine. Professor Rekers foi antes um Research Fellow13 em Psicologia e
Visiting Scholar14 na Universidade de Harvard. Ele é diplomado em
psicologia clínica pela American Board of Professional Psychology e foi
eleito um Fellow da American Academy of Clinical Psychology. Professor
Rekers já publicou mais de cento e vinte artigos acadêmicos e capítulos de
livros, além de dez livros de sua autoria. Seu trabalho é apoiado por
amizades, contratos, fundações privadas e entidades governamentais os
quais, ao todo, os subsídios excedem mais de um milhão de dólares,
incluindo o subsídio do Instituto Nacional de Saúde Mental e a U.S.
Administration for Children , Youth and Families. Ele fez mais de duzentas
palestras solicitadas em sua clinica de pesquisas em universidades e
sociedades acadêmicas de vários países na África, Ásia, Europa, América
Latina e no Oriente Médio. Dr. Rekers fez muitas apresentações às
comissões do Senado dos Estados Unidos, Casa dos Representantes e
serviu como convidado expert para assessorar a Casa Branca e várias
agências de gabinete presidencial como o Departamento de Saúde e
Serviços Humanos. Obteve doutorado em Psicologia pela Universidade da
California, Los Angeles, e doutorado em teologia pela Universidade da
África do Sul. Professor Rekers é licenciado em psicologia clínica e
experimental no estado da Carolina do Sul. É membro do conselho da
Associação Nacional para Pesquisa e terapia da Homossexualidade e um
Editor Associado do Jornal da Sexualidade Humana. Seus websites são
www.professorgeorge.com, www.teensextoday.com e
www.genderidentitytheft.com. É casado, tem seis filhos adultos e uma
neta.

13
Posição acadêmica em uma Universidade
14
Idem

6
Kimberly Barnett Oram, é professora assistente de aconselhamento
psicológico na Graduate School of Trinity International University em
Davie, Florida. Ela é bacharel em bioquímica pela Virginia Tech em 1992 e
tem doutorado em psicologia clínica pela New Southeastern University em
1999. Ela é co-autora em dois capítulos sobre as desordens de sexualidade
e gênero e ética profissional, questões legais e multiculturais em saúde
mental na edição de 2009 do livro de ensino mais usado, Psicopatologia
Essencial e seu Tratamento 15. Dra. Oram é licenciada como psicóloga
clínica nos estados da Florida e Virginia, com uma prática ativa de clínica
privada na área de Florida’s Treasure Coast. É membro da Associação
Americana de Psicologia e da Associação Americana de Conselheiros
Cristãos. É casada e está aguardando seu primeiro filho.

15
Essential Psychopathology and Its Treatment

7
Sobre o Livro

“Este é um recurso prático, único e que foi finalmente publicado sobre um


tópico crítico, o qual os conselheiros cristãos todos os dias precisam estar
atentos. Ao invés de ser um livro impraticável e genérico, ele é um livro
único de oito profissionais, que possui largura e profundidade de caminhos
que já foram provados que são em direção à cura e esperança. Lendo esse
livro, você irá aumentar seus conhecimentos clínicos e ter recursos para
efetivamente servir essa população única. Esse livro é uma mina de ouro
que deve estar em toda prateleira de cada terapeuta.”

- Gary J. Oliver, Diretor Executivo, Professor de


Psicologia e Teologia Prática do Centro para
enriquecimento de relacionamentos, John Brown
University

“Finalmente, um aliado forte foi achado para milhares de homens e


mulheres os quais as atrações sexuais são estranhas para suas visões de
mundo. Em vinte anos de trabalho com tais pessoas, eu nunca vi um
recurso tão compreensivo, amigável, clinicamente viável e realista como
esse. Profissionalmente, conselheiros leigos e pastores não precisam olhar
mais além desse livro para a perfeita aproximação, técnicas de avaliação e
orientação. Graças sejam dadas a Deus por essa contribuição tão
necessária.”
- Joe Dallas, Autor de Desejo em Conflito e co-
autor do Guia Completo do Cristão para Entender
a Homossexualidade.

“Esse livro deve ser lido por qualquer pessoa que queira aprender desse
assunto de uma maneira cuidadosa e coerente.”

-Walter Schumm, Professor de Estudos da


Família, Kansas State University e autor de mais
de duzentas publicações eruditas

8
Este livro é dedicado à memória de Bart
Allen e de muitos outros que se esforçaram
para encontrar ajuda para superar suas
atrações homossexuais indesejadas.

9
Conteúdo

Prefácio............................................................................................12

Agradecimentos...........................................................................14

Introdução......................................................................................15

Capítulo Um
O Significado da Atração Pelo Mesmo Sexo
Joseph Nicolosi.............................................................................18

Capítulo Dois
Cuidados Psicológicos para Homens que Possuem Atrações
Homossexuais Indesejadas: Uma Abordagem Interpessoal
Albert Dean Byrd.........................................................................36

Capítulo Três
Trabalhando com Lésbicas e Mulheres Bissexuais
Mary Beth Patton.........................................................................61

Capítulo Quatro
Conceitos Básicos da Terapia para Mulheres com Atrações
Homossexuais Indesejadas
Janelle Hallman.............................................................................92

10
Capítulo Cinco
Dessensibilização e Reprocessamento por Meio dos
Movimentos Oculares (EMDR) e Atrações Homossexuais
Indesejadas: Um Novo Tratamento para a Mudança
Esly Regina Carvalho...............................................................116

Capítulo Seis
Coaching Santificante: Pureza Sexual e Paz para Homens
Cristãos que Possuem Capacidades Homoeróticas
Mike Rosebush...........................................................................135

Capítulo Sete
Terapia de Crianças e Adolescentes como Prevenção de
Atrações Homossexuais na Maioridade
George A. Rekers e Kimberly Barnett Oram…………...166

Os Editores.................................................................................214

11
Prefácio
A inspiração para esse livro vem primeiramente de várias pessoas que
confiaram a mim suas lutas para encontrar uma assistência profissional
apropriada para diminuir suas atrações homossexuais indesejadas. A
muitos foram ditos que a mudança é impossível, enquanto a outros foram
oferecida uma assistência bem-intencionada (porém ineficaz) de
terapeutas e clero que não foram bem treinados para lidar com esse
assunto. Embora eu tenha ouvido muitas histórias, uma que mais fica em
minha mente é a de Bart Allen, contada pra mim pelos seus pais, Joe e
Marion Allen. Logo após completar o ensino médio, Bart disse a seus pais
que estava com receio de ser gay. Ele disse que queria ajuda, então seus
pais acharam um terapeuta para ele. Infelizmente, o terapeuta disse a
Bart que ele havia nascido gay e que uma mudança não seria possível. O
terapeuta disse que ele deveria abraçar sua identidade homossexual, algo
que claramente ele não queria, pois era algo contrário à suas crenças
religiosas e convicções, e contraditório aos seus objetivos de vida. Seus
pais disseram que Bart deixou o consultório aquele dia parecendo que
havia visto um fantasma. Ele estava chocado e devastado pela
proclamação de seu terapeuta que ele deveria ser algo que ele não queria
ser. Ele disse a seus pais que iria tentar superar a homossexualidade por
ele mesmo. No entanto, sem ajuda ele começou a desenvolver problemas
com o álcool, e eventualmente acabou entrando em um relacionamento
homossexual, o qual foi severamente abusado. Depois de dois anos de
abuso, Bart finalmente acabou com a relação. Nesse tempo ele encontrou
um terapeuta que foi educado e informado sobre o assunto de
reorientação homossexual. Aquele terapeuta deu a ele esperança e
encorajamento. Bart saiu da terapia dizendo que ele estava preparado
para trabalhar o necessário para ir além de suas atrações homossexuais.
No entanto, tragicamente naquela mesma semana, seu ex-namorado
entrou em seu apartamento e o assassinou. Embora o agressor de Bart
seja o único responsável pela sua morte, alguém pode se questionar de
como a vida teria sido diferente se seu primeiro terapeuta tivesse sido
educado para ajudá-lo a atingir seus objetivos. Enquanto aquele terapeuta
bem-intencionado é certamente inocente pelo que aconteceu a Bart, Joe e
Marion provavelmente tenham medido que fim teria se sucedido caso o
terapeuta fosse treinado para lidar melhor com a solicitação de ajuda de
seu filho. Ajudar clientes a realizar seus objetivos pessoais é um objetivo
primário da terapia. Quando terapeutas impõem sua própria agenda por
falta de conhecimento ou preconceitos pessoais, há um potencial para

12
grandes danos. Uma vez que muitos clientes buscam a terapia para
superar suas atrações homossexuais, é importante que terapeutas
entendam que os meios para as mudanças podem ser alcançados. Nossa
esperança para com esse livro é que terapeutas e clero em geral possam
ser bem equipados para ajudar seus clientes e que fiéis consigam alcançar
seus objetivos pessoais relacionados às suas orientações sexuais.

Julie Harren Hamilton

13
Agradecimentos
Quero agradecer aos contribuintes desse livro pelo seu incrível serviço
para uma população que é quase sempre incompreendida e esquecida.
Por mais que esses clínicos são às vezes criticados, e seus trabalhos vêm
sob um grande escrutínio, eles continuam esse importante esforço com
um grande cuidado e preocupação pelos seus clientes. Quero também
agradecer a Dannemart Pierre por sua incrível criatividade em criar a capa,
assim como Celia Henry, Christine Sneeringer, Michael McDonald e Katie
Sharpe pela ajuda editorial. Também, quero agradecer Phil Henry pela
ideia de juntar esse livro. Ele é um grande advogado da causa. Sou
agradecida por todos meus apoiadores, como meus colegas, amigos,
membros da família, e especialmente meu incrível esposo, Tyler. Não só
ele demonstrou grande interesse no meu trabalho com
homossexualidade, mas também deu seu tempo para a edição desse livro,
além de estar sendo muito apoiador nesse período ocupado de minha
vida. Mais importante é que sou grata a Deus pelas suas muitas bênçãos e
por permitir que sejamos usados para tocar na vida daqueles que estão ao
nosso redor.
Julie Harren Hamilton

Primeiramente, gostaria de reconhecer minha família pelo suporte. Paul,


Jessica e minha esposa, Celia, cada um de vocês é um presente precioso
para mim. Muito obrigado! Celia, você é e sempre será o amor da minha
vida. Para meus colegas em Palm Beach Atlantic University: Henry Virkler,
Gene Sale, Judith Casey, Cara Smith, Don McCulloch, Steve Zombory,
David Compton, Claire Wollan-O’Connor, Angie McDonald e Billy Lewter,
obrigado por criarem uma atmosfera onde verdadeiro aprendizado,
compartilhamento e amor podem existir. E obrigado pelos mais de
quinhentos alunos que andaram pelos corredores e graduaram pelo
Programa de Aconselhamento Psicológico. Agradeço especialmente a
Dannermart Pierre pela maravilhosa capa e muito mais; e a Julie Harren
Hamilton, uma professora extraordinária, pelo seu trabalho incansável,
pesquisas e perseverança em completar esse projeto. Finalmente, eu
gostaria de agradecer o Criador Máximo por iniciar e prover o necessário
para completar esse projeto. Não posso ser grato o bastante por Suas
alegrias e presentes que recebi.
Solo Deo Gloria!
Philip J. Henry

14
Introdução
Julie Harren Hamilton e Philip J. Henry

Existe mesmo a coisa chamada atração homossexual “indesejada”


ou pessoas são simplesmente pressionadas para buscar uma mudança?
Alguns podem dizer que seus clientes estão somente insatisfeitos com sua
orientação homossexual por conta de fatores externos, como religião e
discriminação da sociedade ao invés de descontentamento interno. No
entanto, um olhar mais profundo pode revelar que muitas pessoas que
escolhem deixar seus relacionamentos homossexuais o fazem por conta
de fatores internos mais do que pela pressão da sociedade. Se todos os
terapeutas encontraram isso ou não, o fato é que alguns clientes buscam
sim a terapia por atrações homossexuais indesejadas, tanto por conta das
razões já apresentadas quanto por falta de completude em sua identidade
homossexual, incongruência com seus valores pessoais, crenças religiosas
profundamente arraigadas, objetivos pessoais como casamento
heterossexual e filhos, e tantos outros fatores internos.

A realidade é que quando esses clientes buscam a ajuda dos


terapeutas que não estão equipados para ajudá-los, eles deixam a terapia
insatisfeitos, e por vezes desiludidos. Infelizmente, muitos terapeutas são
ensinados de que a mudança não é possível e que o único tipo de terapia
que deve ser oferecida é a terapia afirmativa gay – que tenta persuadir
clientes a abraçar sua identidade homossexual, ignorando o fato de que
eles estão pedindo ajuda para mudar. Essa abordagem terapêutica parece
desinformada e antiética. Primeiro, para aqueles que pensam que uma
mudança é impossível estão desinformados, pois muitos clientes
mostraram mudança em suas orientações, e só é necessária uma pessoa
que tenha mudado para anular a sentença de que mudar é impossível.
Ainda, apesar desse mito popular, pesquisas confirmam de que a mudança
é possível em vários níveis (veja Jones & Yarhouse, 2007; Nicolosi, Byrd e
Potts, 2000; Spitzer, 2003). Para alguns clientes essa mudança inclui
mudança de orientação sexual, e para outros, significa mudança de
comportamento e/ou identidade. Muitos terapeutas estão conscientes de
que pessoas são capazes de qualquer tipo de mudança; de fato, o espírito
humano demonstra essa habilidade para mudar consistentemente. Ainda
quando vem a esse assunto de orientação ou identidade sexual, a

15
possibilidade de mudança é por vezes ignorada e até mesmo deixada de
lado.
Na terapia para atrações homossexuais indesejadas, os níveis
variam entre os clientes, assim como níveis de mudança variam em
qualquer questão terapêutica. Em outras palavras, em qualquer número
de questões, como vícios, distúrbios alimentares, depressão, ansiedade, o
sucesso varia de cliente para cliente, assim como em níveis de sucesso que
um cliente em particular pode experimentar. Ainda assim, a mudança
ocorre mesmo que seja variada ou incompleta. Mudanças na área de
orientação sexual parecem similares a mudanças em muitas outras
questões. De fato, uma recente pesquisa de alto padrão revelou sucesso
na área da orientação sexual que foi comparada ao sucesso em um estudo
similar no tratamento da depressão (Jones e Yarhouse, 2007).

Não é só incorreto dizer a clientes que mudanças são impossíveis,


como também é antiético terapeutas imporem sua própria agenda sobre
clientes. Quando um terapeuta diz a um cliente que está buscando
mudança que ele deve aprender a abraçar sua identidade homossexual,
ele nega o direito do cliente de determinação própria. Clientes tem o
direito de escolher o caminho de suas próprias vidas. Se eles buscam
ajuda profissional para mudar, terapeutas devem tanto acolher suas
solicitações ou referi-los a terapeutas que são adequadamente treinados
para isso. Fazer qualquer coisa abaixo disso viola os direitos do cliente de
conseguir seus próprios objetivos, incluindo o objetivo de buscar uma
homossexualidade alternativa.

É também importante notar que ao trabalhar com atrações


homossexuais indesejadas, terapeutas devem obter um consentimento
informado. Terapeutas devem claramente explicar a possibilidade de
mudança, incluindo limitações, e as muitas dificuldades da terapia.
Terapeutas não devem oferecer aos clientes uma esperança falsa, mas ao
contrário, devem apresentá-los uma expectativa realista: a mudança não é
fácil; é um processo contínuo; e como qualquer outra questão, leva
tempo. Os clientes devem ser informados de que eles podem não
experimentar a mudança em um nível máximo que eles desejam.
Finalmente, clientes não devem ser forçados ou coagidos a mudarem. Eles
devem determinar seus objetivos terapêuticos, e devem ser orientados
com informações completas e precisas para conseguir.

16
Oferecer terapia para atrações homossexuais indesejadas é uma
questão que requer treinamento adequado e compreensivo. Assim como
qualquer dificuldade psicológica, existem vários métodos que são usados
para ajudar pessoas a superarem suas atrações homossexuais. Neste livro,
os especialistas em orientação sexual oferecem descrições de suas
abordagens. Temos procurado trazer uma variedade de abordagens.
Enquanto existem diferenças entre essas abordagens e enquanto elas não
necessariamente refletem nossa visão, nós entendemos que é importante
examinar os vários caminhos que a terapia é oferecida. É nosso desejo que
esse livro revele alguns dos caminhos que tem guiado as pessoas a
experimentarem mudança na orientação sexual e/ou na identidade
sexual.

Referências

Jones, S. L., & Yarhouse, M. A. (2007). Ex-gays: Um estudo longitudinal de religiosidade mediado na mudança da orientação sexual.
Downers Grove, Illinois: InterVarsity Press.

Nicolosi, J., Byrd, A. D., & Potts, R. W. (2000). Auto-relatos Retrospectivos de Mudanças na Orientação Homossexual: Uma
pesquisa de satisfação de clientes da terapia de conversão, Relatos Psicológicos, 86, p. 1071-1088.

Spitzer, R. L. (2003). Pode alguns homens e lésbicas mudar sua orientação sexual? 200 participantes reportando mudanças de
orientação homossexuais para heterossexuais. Arquivos de Comportamento Sexual, 32 , 5, Outubro, p. 403-417.

17
Capítulo Um

O Significado da Atração Pelo


Mesmo Sexo
Joseph Nicolosi

O autor descreve seu conceito de homossexualidade como uma “unidade


reparadora” para compensar uma ferida na identidade de gênero.

Por mais de vinte anos tenho trabalhado com homens com AMS
(Atração pelo mesmo sexo) que acreditam que foram designados pelo seu
Criador para uma união complementar de gênero. Comportamento
homossexual viola o senso de quem eles realmente são, e quem eles
acreditam que deveriam ser. Um estilo de vida gay já provou ser
profundamente insatisfatório para eles. Algo em seus comportamentos e
relacionamentos está “errado” ou “faltando”, aos quais eles são
estranhamente puxados. Estes homens entram na terapia com a
esperança de reduzir suas atrações indesejadas e desenvolver seu
potencial heterossexual.

Neutralidade Terapêutica?

Um psicólogo cristão bem informado me contratou um tempo atrás


para discutir terapia reorientativa para homens com AMS. Na esperança
de encontrar um compromisso político “seguro” com a Associação
Americana de Psicologia (e com isso proteger sua carreira), ele estava
ansioso para evitar julgamentos de valores e permanecer evasivo sobre a
homossexualidade. A solução para seus clientes com AMS que queriam a
mudança, ele pensou, seria um simples programa de modificação de
comportamento. Falando dos meus vinte e cinco anos de experiência

18
nesse campo, eu disse a ele que encontrei esse tipo de aproximação
inocente e extremamente impraticável.

Nossos clientes não vêm a nós somente para mudar seu


comportamento indesejado. Eles vêm a nós para mudar seu senso de si –
para serem mais heterossexuais, não somente para “agir”
heterossexualmente; eles querem se sentir confortáveis em suas relações
com homens heteros, além de aprender a agarrar sua autonomia
masculina com mulheres – resumindo, completar seu potencial
heterossexual latente. Um programa de mudança de comportamento
pode ser politicamente seguro, mas por não se destinar a assuntos mais
profundos, poderia inevitavelmente falhar.

“Além disso,” eu disse, “porque eu deveria ignorar discutir assuntos


filosóficos com clientes, quando terapeutas da agenda gay estão
trabalhando densamente como intensificadores de sua filosofia? Eles
dizem que sentimentos pelo mesmo sexo são ‘sagrados’, incitando os
clientes a revolucionar as atitudes da sociedade e da igreja. Qualquer
convicção de um cliente de que heterossexualidade é uma norma irá ser
redefinida pelo terapeuta como ‘doença psicológica’ – homofobia”.

“O fato é, neutralidade falha para terapeutas nos dois lados desse


assunto,” disse eu ao psicólogo. “Terapeutas como você e eu devemos
falar sobre nossa filosofia. Esses homens com AMS querem material para
trabalhar, aliados, advogados, enquanto eles reivindicam sua identidade
masculina – alguém que acredite neles e permaneça fortemente ao seu
lado.”

Filosoficamente, eu sou essencialista – não um construcionista


social. Eu acredito que nossos corpos dizem o que somos. Identidade de
gênero e orientação sexual estão atreladas em uma realidade biológica:
nós não podemos “construir” – montar ou desmontar – uma realidade
diferente na qual gênero e identidade sexual estão fora de sincronia com
nosso desígnio.

A crença de que a humanidade foi designada para a


heterossexualidade foi moldada pelas antigas religiões e forças culturais,
que devem ser respeitadas como um aspecto que recepcione a
diversidade intelectual. Nossa crença não é uma “fobia” ou medo
patológico.

19
A filosofia da lei natural afirma que essa visão deriva da
humanidade coletiva, conhecimento intuitivo – um tipo natural de
consciência intuitiva. Isso explica porque tantas pessoas, mesmo as que
não têm religião, sentem que a identidade gay é uma construção falsa.

Uma Imagem Clínica é Essencial

O que irá acontecer quando o terapeuta não comprometido


(“neutro”) ouve de seu cliente a revelação de comportamentos
autodestrutivos que estão estaticamente provados serem associados à
AMS? Como ele irá interpretar esses comportamentos? Ficar fora do
terreno filosófico com o cliente requer certa “Neutralidade Rogeriana”
que até mesmo Carl Rogers não conseguiu viver. Eu não consigo imaginar
nenhum psicólogo que atualmente faz essa terapia numa base regular
acreditando que tal abordagem seria bem sucedida.

Durante a caminhada, clientes geralmente informam uma série de


comportamento mal adaptivos e autodestrutivos que restringem sua
maturidade. O terapeuta bem sucedido deve ter um entendimento do
significado desses fatores comuns. Ele também irá observar distorções
fundamentais de identidade própria. Uma vez visto, como esses fatores,
incluindo seus significados e origens, podem ser ignorados?

Como Charles Socarides uma vez me disse, o terapeuta deve ser


neutro ao julgar seu cliente, seu comportamento e suas escolhas; mas ele
não pode ser neutro sobre a condição da homossexualidade. De fato, se o
terapeuta tentou ser neutro, ele poderia ter evitado qualquer tópico que
sugerisse que o homem com AMS seria mal adaptado. Ao ignorar as
distorções de seu cliente e fazendo-as ter sentido conectando-as à suas
experiências passadas, poderia resultar em uma desconexão intelectual.

O homem que fica conosco na terapia acredita, de fato, que


“alguma coisa aconteceu a eles”, as quais, trabalhando em seu
temperamento sensitivo típico, isto é, seu componente biológico julgado
erroneamente pelo público como sendo o “gene gay”, levou à adaptação
que culminou na homossexualidade. Nós os oferecemos um
entendimento dos traumas que eles nos revelam, e que na maioria das
vezes ressoa profundamente com eles como sendo a verdade. Nós
também oferecemos um caminho para fora disso, ainda que bastante
difícil, que tem sido provado que funciona com outros homens.
20
Temas Clínicos Comuns, Não uma Agenda Imposta

Se o modelo de desenvolvimento que sugerimos não ressoa


profundamente com os homens que trabalhamos, eles geralmente irão
deixar a clínica e buscar uma abordagem terapêutica diferenciada. Nós
explicamos que nossa posição difere da Associação Americana de
Psicologia, a qual vê a homossexualidade e heterossexualidade como
equivalentes; e por meio do curso natural da terapia, nós os encorajamos
a clarear e reclarear a direção do compromisso de sua identidade. A
terapia afirmativa gay (isto é, terapia que diz ao cliente que ele é “quem
ele é” e, se é uma pessoa religiosa, que Deus o fez dessa maneira) deve
obviamente estar disponível para o cliente, contudo, explicamos a eles
desde o início que nossa clínica não oferece tal terapia.

Vários clientes que se identificam com gays decidem sim ficar


conosco apesar de nossas diferenças filosóficas. Por respeito à diversidade
e autonomia, eu os afirmo em seu direito de se auto definir como eles
desejarem, e os aceito em seus rótulos gays.

Cliente e Terapeuta Juntos

A mais poderosa dimensão da aliança de trabalho só pode entrar


em jogo quando o terapeuta e o cliente veem a AMS da mesma maneira.
Quando terapeutas tomam uma posição “neutra” do tipo “vejo heteros e
gays como iguais”, isso dilui o poder de transferência e deixa o cliente se
sentindo incompletamente entendidos e apoiados.

O que sustém o cliente durante os períodos difíceis da terapia é a


firme convicção do terapeuta de que ele possui uma natureza
heterossexual latente. Para esses homens, saber que um homem notável
vê esse potencial, porém escondido – mesmo quando eles estão com
dúvidas – é uma inspiração poderosa.

Lembro-me de um cliente que recordava um momento de quando


tinha 15 anos. Ele tinha acabado de ver o conselheiro da escola, e havia
retornado para sua casa chorando de desespero para seu pai, dizendo que
haviam dito que ele era gay. Então seu pai levantou da cadeira e declarou
em uma voz forte e caridosa “Não, Matthew, você não é gay. Você é

21
heterossexual!” Até hoje, esse cliente ainda estima essa memória de
afirmação de seu pai.

Homossexualidade como uma Unidade Reparadora

Vejo a atração e comportamento homossexual como uma tentativa


de “reparação.” O conceito geral de “unidade reparadora” tem ficado bem
estabilizado com a literatura psicanalítica. Em nosso uso, a pessoa com
orientação homossexual está tentando “reparar” o normal, como
necessidades de afetividade do mesmo sexo não atendidas (atenção,
afeição e aprovação), assim como déficits de identidade de gênero
(Nicolosi, 1991, 1993) por meio de uma conexão erótica com outro
homem.

Comportamento homossexual é bem constrangedor para nosso


cliente, porque temporariamente alivia o próprio estado de stress que
repetidamente observamos em homens que vêm a nós, e mais
particularmente, a vergonha, afirmação conflituosa, humor depressivo (o
qual chamo de “Zona Cinza”) e a postura social de uma falsa concepção de
si.

O “sair do armário” homossexual é uma tentativa de restaurar seu


equilíbrio psicológico. Por meio de uma conexão erótica com outro
homem eles inconscientemente buscam atingir um estado próprio
caracterizado pela asserção, autonomia e relativa ao gênero. Mas eles
encontraram eventualmente que não lhes traz nada dessas coisas –
somente um sentimento ranzinza de não autenticidade, e também um
profundo desânimo.

Promulgação Homossexual como uma Reparação do Bloqueio


Afirmativo

O impulso homossexual é também uma tentativa de redescobrir a


liberdade, expressiva, aberta e forte do próprio gênero que cada homem
foi criado para buscar. A intenção do impulso é “reparativa” no qual seu
objetivo é a firmação do gênero; o homem se esforça para ser “visto” pelo
outro homem como um homem atrativo.

A satisfação dos atos transgressivos, a breve, falsa vitalidade que


nossos clientes sentem quando se envolvem com outros homens, esses
22
clientes intuitivamente sentem como uma má adaptação. Sua “saída do
armário” sexualmente falando não é satisfatória por muito tempo; de fato
é compulsiva, estereotipada e repetitiva. Representa uma tentativa
improdutiva para resolver um conflito traumático do passado;
particularmente, o centro do conflito entre amor e medo, geralmente
relacionado às memórias da figura do pai. De qualquer forma, sexo com
outro homem nunca resolve o conflito original.

Comportamento homossexual é também uma forma de rebelião


contra o restritivo, papel falso do “bom garoto” os quais muitos homens
homossexuais facilmente contraem para si mesmos. Sexo com outros
homens prometem a libertação e a satisfação de rebelião. Nenhum
homem pode viver perpetuamente na falsa concepção de si do “pequeno
garoto” e “bom garoto”. Esses papéis são repreensivos, não autênticos e
apresentações inibidas de si ao mundo. Então, em um esforço para a
reparação, eles tomam o papel oposto – talvez em uma secreta segunda
vida – como rebeldes, chocantes, ofensivos, “bad boys” e “sexualmente
foras da lei”.

A percepção do perigo pode ser adicionada a excitação. Isso


representa por vezes que o homem permite a si próprio ser exposto ao
vírus da AIDS, ou até mesmo a buscar sexo em um espaço público como
banheiros e parques onde há o risco de ser pego. Um cliente descreve a
emoção como:

A possibilidade de ser pego, fazendo algo arriscado e ilícito. Naquele


momento sinto a adrenalina correr... “Exploda-se o mundo!” Me dá
energia, propósito... Sinto-me vivo. É poderoso, é forte. “Agora
estou no comando da minha vida.” É... é uma birra.

Um rapaz de 21 anos tentou explicar sua busca por sexo anônimo:

Minhas façanhas sexuais são como, “Sabe, posso ser mau como
vocês.” Posso ter cicatrizes de batalha... “Eu estive lá, posso te
contar histórias.” É como mostrar aos meus amigos, “Eu fiz isso, isso
e aquilo. Tenho algo para falar a respeito,” como, “Aqui estou!”.

Vivendo em um estado de espírito verdadeiro e autêntico, no


entanto, traz uma liberdade pessoal, autodomínio, assertividade e
relações sociais sadias com receptividade aos outros, embora,

23
primeiramente, nossos clientes possam confundir asserção com
infantilidade. Sair do armário é um comportamento problemático, um
velho caminho mal adaptativo de existir no mundo. Uma saudável
asserção é bem diferente; Forma o fundamento da autêntica relação e da
direta comunicação. Envolve intenção e responsabilidade.
Comportamentos assertivos ajudam a completar as necessidades
masculinas de um cliente e o impulsiona ao domínio de conflitos
interpessoais, especialmente aqueles que repetidamente aparecem em
suas relações com outros homens.

Crescer em asserção representa que um cliente irá começar a


experimentar novos comportamentos (algumas vezes, paradoxalmente,
até mesmo comportamentos homossexuais). De outra maneira, asserção
pode tomar a forma oposta, significando uma resposta inibitória
deliberada ou a escolha obstinada de evitar sair com outros homens.

Promulgação Homossexual: Reações às necessidades da “Zona


Cinza”

Se sentir vivo, animado, conectado, excitado – a atividade


homossexual promete essa carga visceral, esse “zap” da excitação
primitiva que salva o homem da impotência, o “desligamento”, esse
humor depressivo que cai naquilo que chamamos de “Zona Cinza”:

Estou tão acostumado a cobrir minha tristeza com excitação sexual


que, quando me sinto triste, eu sei que a excitação está por perto.
Acostumei a me masturbar desde que era criança. Eu faria (isso) três
vezes por dia, assim não me sentia um perdedor... um fraco, triste.

Tentando explicar a atração constrangedora dos contatos sexuais


anônimos que ele achou pela Internet, outro cliente explicou na sua
primeira sessão:

Quando faço isso, me faz sentir um tipo de “vida” dentro de meu


corpo. Eu me sinto estabilizado, em toque comigo mesmo.
Usualmente esqueço-me do meu corpo; Eu passo os dias nesse
modo “hiper” de auto piloto; Eu não como ou durmo direito.

A “Zona Cinza” em que nossos clientes estão geralmente presos tem


uma associação afetiva com um verdadeiro e profundo desespero. Um

24
homem disse um dia, “Se eu agarrar minha tristeza e puxá-la próxima ao
meu peito, eu acredito que ela irá me absorver, me consumir.”
Antecipação inconsciente desse profundo desespero muitas vezes pede
por defesas maníacas, incluindo o decreto homossexual.

O homem homossexual tipicamente carrega um profundo senso de


vergonha por suas lutas para fazer uma conexão com o masculino. Em
algum nível, ele acredita ser defeituoso, insignificante e esgotado na sua
masculinidade. O agir homossexual parece prometer reparação desses
sentimentos negativos, prometendo atenção, admiração e reafirmação
masculina, adicionado com a reafirmação de que ele verdadeiramente
possui um corpo que vale a pena.

Dilema e a Criação da Vergonha

Um número significante de nossos clientes falam de um background


familiar que poderia ser definido como narcisista. Em uma família
narcisista, a criança é colocada na estrutura de comunicação chamado de
dilema, ou a “situação de nenhuma vitória”. Se ele assume
responsabilidade pelo fato de que ele não se sente amado por quem ele
realmente é, a criança é recompensada com amor e atenção dos pais (mas
de uma forma mal sintonizada). Essa é a fonte da vergonha – sua
responsabilidade assumida para aparentemente “não ter sido amável”. De
qualquer forma, se ele mantém uma estância assertiva, segurando na
integridade de sua própria percepção e de seu próprio estado interno, ele
é punido com a desatenção e afastamento por parte de seus pais.

Para entender a gravidade profunda de sua escolha, precisamos


entender o que queremos dizer com um amor dos pais que é bem
intencionado, mas é mal sintonizado. Quando a criança é bem pequena,
essa má sintonia por parte dos pais parece uma expulsão profundamente
dolorosa, um “ostracismo” que é experimentado como nada mais que um
abandono sem esperança. O preço da escolha em manter sua própria
percepção significa, à pequena criança, ter que confrontar o medo
primitivo desse abandono-aniquilação.

Essencialmente, vergonha significa não ter sido visto se tornando


inexistente, invisível. Como um cliente já disse, “Naquele momento, eu
poderia desaparecer, me esconder embaixo de uma pedra”. A palavra

25
vergonha, do dialeto sul italiano, “scompaire”, significa literalmente
“desaparecer”.

Vergonha é a morte afetiva do eu, e encontra suas raízes no instinto


de sobrevivência. Observações de nossa “relação emocional”, o lobo
revela a função dessa postura de vergonha. Cada aceitação de um lobo
pela matilha é essencial para sua sobrevivência, pois a expulsão do grupo
quase inevitavelmente significa morte. O lobo fora do grupo se mostra
silencioso, com atitudes covardes em um esforço para ser readmitido à
matilha, e esse comportamento é extremamente reminiscente da
experiência embutida da vergonha em nossos clientes: afundamento do
peito, ombros encolhidos, um colapso físico com as costas arqueadas, em
um esforço para aplacar o membro dominante da matilha que ameaça o
expulsar.

A consequência do dilema para a criança é uma divisão de seu


verdadeiro eu. Esse repúdio do próprio eu é, para nossos clientes, um
repúdio da sua primeira ambição masculina. Assim nasce o falso (e sem
gênero) eu do pequeno bom menino ou bom garoto. Na fase adulta,
homossexualidade aparenta ser uma tentativa narcisista para ligar essa
vergonha induzida, essa auto divisão que separa o homem de suas
ambições masculinas. Atrações pelo mesmo sexo irá então substituir a
masculinidade perdida.

A vergonha implica que uma pessoa culpa a si mesmo pela perda de


ligação. O cliente pode identificar com a figura dos pais dor e tristeza;
como uma pequena criança, ele pensa que causou a dor dos pais, por
conta disso ele sente raiva. A vergonha “troca de lugar” com sua tristeza e
raiva e inibe sua livre expressão.

A vergonha tem outra importante função para a criança que foi o


produto de uma família narcisista. Preserva o relacionamento com o
progenitor. Vergonha também preserva uma falsa esperança que se ele
continuar tentando, algum dia aquele pai/mãe irá vê-lo genuinamente e
entrar em sintonia com quem ele realmente é.

Terapia reparativa efetiva geralmente requer revisitar a profunda


dor e desespero enterrado. Um homem sentado no meio de sua grande
dor disse, “existe um vazio por dentro que eu costumava a encher com
vergonha”. A frase tão comumente ouvida “eu estou cheio de vergonha”

26
sugere sua função atual. Quando ele abandona a defesa da vergonha, o
cliente sente um impacto total da dessintonia pelos pais como um sólido
vazio.

Nós vemos essa inundação de sentimentos de vergonha quando o


cliente expressa sua ambição masculina ao terapeuta. Ele expressa seu
desejo, como um adulto, para atrair atenção, afeição e aprovação
masculina, enquanto ele admite ao terapeuta que ele atualmente se sente
“fraco”, “falho”, “bobo”, “estúpido” ou simplesmente “mau”. Um cliente
disse, “Eu reconheço minha necessidade de ser reconhecido por um
homem; mas me sinto realmente fraco para buscá-la”. Como uma
formação de compromisso, suas atrações homossexuais surgem do
conflito entre querer a identidade masculina, e sentir vergonha de buscá-
la.

A postura da vergonha é uma posição em relação ao mundo no qual


a pessoa é “preparada” para a próxima colisão entre asserção e vergonha.
Vivendo no seu falso si, a pessoa está em um estado de contínua vigilância
para não se tornar o objeto de desprezo repentino e inesperado enquanto
estando em um ato de expressão de si mesma inocente e espontânea.
Assim ele toma a “postura da vergonha” antecipada ao próximo momento
de vergonha.

Um Estilo de Vida de Ocultação

Essa presente vigilância da vergonha antecipada cria um estilo de


vida de ocultação, esquiva, retirada e passividade. Em situações clínicas
temos visto que a vergonha antecipada pode se tornar tão intensa que
pode aproximar a paranoia, com a assustadora convicção de que a outra
pessoa tem o poder de tornar tudo contra ele. A hipótese de tal cliente é
de que ele é impotente em relação a calúnias. Sua onipotência projetada
da outra pessoa (uma distorção baseada na vergonha) elimina qualquer
crença de que ele pode ter um impacto direto em relação aos outros. O
“outro ofendido” tem todo poder, enquanto ele mesmo é ainda uma
pessoa no mundo dos adultos, sem poder para diretamente influenciar a
opinião dos outros em relação a ele.

Associações passadas a essa assustadora antecipação por vezes vão


de volta à tenra adolescência, quando um valentão colocou os outros
garotos contra ele. De fato, bullying por parte de seus iguais existe no

27
background de quase todo homem com AMS. Ainda lá trás em suas
memórias, nós podemos revelar medos da mãe “onipotente” que pôde
colocar os membros familiares contra ele.

Enquanto crianças podem experimentar vergonha por um largo


repertório de comportamentos, o garoto pré-homossexual de alguma
forma se sentiu envergonhado por desejar tal sintonia com seu pai, de
expor suas ambições masculinas. Se (como é frequentemente o caso) ele
foi uma criança particularmente sensível, ele sentiu vergonha por desejar
necessidade emocional associada com a ligação masculina – ele se sentiu
sem valor para atenção, afeição e aprovação masculina. Talvez sua
asserção de gênero também violou sua estabilidade na relação mãe-filho.
Qualquer que seja sua fonte, o resultado foi a vergonha, e o mais alto grau
de abandono de seu próprio eu em relação ao gênero.

O que é central à terapia reparativa é auxiliar a transição do cliente


entre seu próprio eu para o verdadeiro eu do gênero. Aqui estão algumas
diretrizes:

VERDADEIRO EU FALSO EU

Individualmente

Se sente masculino Não se sente masculino


Adequado, em igualdade Inadequado, se sente inferior
Seguro, confiante, capaz Inseguro, falta de confiança, incapaz
Experimenta emoções autênticas Emocionalmente morto ou
alternadamente hiperativo
Energizado Esgotado
Consciente em relação ao corpo Corpo é objeto, não a própria
natureza
Confiança física Ansiosa falta de jeito
Se sentindo poderoso, autônomo Se sentindo controlado pelos outros
Aceitando imperfeições Perfeccionista
Ativo, decisivo Passivo
Confiante Postura defensiva

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Interpessoalmente

Conectado Separado
Extrovertido Introvertido
Espontâneo Extremamente inibido, “congelado”
Perdoando, aceitando Retaliatório, ressentido
Genuíno, autêntico Dramático, teatral
Busca os outros Evita os outros
Humildade Própria dramatização
Ciente dos outros Consciência restrita
Assertivo, expressivo Não assertivo, inibido
Maduro nas relações Imaturo nas relações
Respeita o poder dos outros Ressentido em relação ao poder
dos outros
Capacitado Vítima
Integrado; aberto Vida dupla; secreto
Afinidade com sexo oposto Má interpretação do gênero oposto
Vê os outros homens como si Atraído pela mística dos outros
mesmo homens
SEM HOMOSSEXUALIDADE HOMOSSEXUALIDADE
“Homossexualidade raramente vem “Estou naquela mentalidade gay.
para mim. Eu posso Atração sexual por homens
intencionalmente visualizá-la, mas preocupa e domina toda minha
ela não tem aquela qualidade visão de vida”.
convincente”.

O Poder de uma Sintonia Terapêutica

O processo de cura central da psicoterapia é a experiência da


sintonia precisa. Essa experiência permite que o cliente ligue os aspectos
emocionais e cognitivos de sua vida íntima. Uma relação altamente
sintonizada com outra pessoa atualmente cria novas conexões
neurológicas no cérebro. Para o homem que lutam contra sua
homossexualidade, a mais profunda necessidade é de ser visto e
profundamente entendido por um homem notável.

Quando o cliente abre sua vida emocional ao terapeuta, ele se


envolveu em um ato de confiança o qual liga ele ao terapeuta em uma
elegante dança íntima. Eles começam a desenvolver uma sincronia sutil

29
onde cada pessoa sente intuitivamente o que o outro está tentando
expressar.

Durante a sessão, o terapeuta deve frequentemente acessar a


receptividade do cliente com questões do tipo “O que está atualmente
acontecendo entre nós neste momento?” Ele está particularmente
interessado em trazer muitos desses “momentos” quando todo quadro da
terapia de repente se altera, se aproximando para puxá-lo junto de si em
um foco intenso na conexão emocional do cliente no tempo presente.
Tanto o cliente como o terapeuta sentem alguma grande ansiedade e
sentem que sua relação pode de repente mudar em algum momento, para
bem ou para mal, naquele momento preciso.

Exposição e vulnerabilidade são partes básicas dessas interações.


Existe uma excitação, um reconhecimento de cada um em um nível mais
profundo. Os inevitáveis mal entendidos, sentimentos machucados e
ressentimentos escondidos entre cliente e terapeuta oferecem ao cliente
uma oportunidade para aprender como readmitir emocionalmente após
uma violação de relação. Negociar seu caminho através de tal experiência
mostra a ele que relacionamentos podem sobreviver ao processo crítico
de sintonia - má sintonia – resintonia, e que a confiança da relação,
quando perdida, pode ser ganha novamente. Ao aprender como regular o
ritmo e a intensidade do vai e volta, ele começa a ver como esse processo
funciona entre duas pessoas, e como a violação é gradualmente reparada.

Momentos de resintonia não somente liga o cliente de volta ao


terapeuta, mas também a si mesmo. Através desse processo, ele
gradualmente aumenta sua capacidade de tolerar sua aflição emocional.

Após a reparação dessa violação, o cliente recebe do terapeuta a


expressão de respeito e apreço, permitindo que ele mesmo saboreie a
experiência de ter sido aberto para honestamente expressar sua dor e
raiva, e ainda assim se sentir entendido. No seu máximo, esse momento
intersubjetivo é reminiscente da primeira sintonia entre mãe e filho.
Sutilmente através comunicação altamente diferenciada, o cliente e
terapeuta dividem muitos momentos de sintonia sublime – aquela
experiência não verbal, pré-explícita que ocorre entre duas pessoas como
a recognição do “Eu sei que você sabe que eu sei”.

30
Reconexão com a Vida Afetiva

Outra lição importante que o cliente aprende na terapia reparativa


é a arte vital de simultaneamente se sentir e descrever. Uma vez que ele
perdeu aspectos de sua vida afetiva (emocional), fazendo conexões entre
sentir e descrever na presença de outra pessoa, quase sempre é algo
angustiante. Quando pais falharam ao precisamente espelhar a
experiência interna da pequena criança, e a modelar a lição de que sentir
e expressar seus sentimentos é de fato seguro, ele vai se tornar
afetivamente desorganizado e emocionalmente isolado. Essa criança
cresce aprendendo a não acreditar em suas percepções interiores, e se
torna propensa a desligamentos infundidos de vergonha de suas relações
emocionais. Suas defesas irão fazer com que ele mude sua atenção
desordenadamente do conteúdo para sentimentos, e de novo para
conteúdo, sempre evitando o link entre os dois.

Em momentos críticos de fortes emoções, eu frequentemente


preciso encorajar o cliente, “Tente ficar em contato comigo e com seus
sentimentos ao mesmo tempo”. Estabelecendo esse link neural entre
pensar e sentir se inicia o processo vital de unificação entre o hemisfério
do lado esquerdo do cérebro e do lado direito, entre cognitivo e afetivo,
entre consciente e inconsciente, através do mediano da interação
humana.

Mudança Somática leva a um Novo Significado

Nós entendemos a mente inconsciente, que ela mantém enterrada


as “memórias do corpo” que opera sem a consciência do cognitivo. A
mente consciente pode nos enganar, mas o corpo não. Freud disse que o
objetivo da análise era substituir impulsos inconscientes, irracionais com a
própria consciência (insight) e racionalidade. Nós podemos propor que
“Onde a mudança somática (corporal) está, um novo significado irá
existir”. A mente pode então conferir um novo entendimento em nossas
experiências corporais.

Por exemplo, o homem gay diz, “Minha homossexualidade inerente


determina minha excitação sexual por um homem atrativo. Tais atrações
são normais e naturais para mim”. Para ele, um homem atrativo é
associado com gratificação sexual, e ele começa a acreditar que tal
sentimento autenticamente o define.

31
No entanto, o “homossexual não gay” (ou seja, nosso cliente) tem a
mesma reação somática ao mesmo homem atrativo, mas sua narrativa
interna é diferente. Ele diz, “Sou atraído para aquele homem porque ele
possui qualidades masculinas que eu sinto que estão faltando para mim
neste momento. Essa atração não define quem eu sou”. Ele então
pergunta, “Como estou me sentindo em relação a mim mesmo agora que
me faz suscetível a essa resposta sexual? E o que posso fazer para mudar
isso?”.

Aprendendo a Reconhecer o Dilema

Nosso cliente geralmente tem uma história de ser confundido pela


comunicação do dilema. Ele deve aprender a reconhecer esse tipo de
comunicação ao reconhecer seu pressentimento de uma imediata
inquieta sensação, cheia de medo. Algo está errado de repente; alguma
injustiça aconteceu, mas ele está confuso sobre o que é. Ele não somente
se sente confuso, mas também bravo, ainda que ele não expresse sua
raiva por conta do medo e da insegurança que o paralisa. Um homem
disse,

Durante esses momentos de comunicação do dilema, eu sinto raiva


e me sinto incerto sobre o que está acontecendo, e eu não sei o que
dizer. Não estou bem certo se o problema está comigo, ou se é algo
que o outro cara fez para mim.

Mas mesmo que sua mente esteja confusa, seu corpo, o qual está
sentindo raiva, “sabe” a verdadeira mensagem da comunicação. Ele sente
que “existe alguma coisa acontecendo que me faz sentir... *triste, bravo,
desapontado, machucado, diminuído, evitado, etc.], mas eu não posso
identificar exatamente porque me sinto daquela forma”.

Pistas que indicam quem está em situações de dilema são as que


seguem:

 Quando você está se sentindo “mal” sobre uma interação,


mas não sabe o motivo;
 Quando você sente alguma forma de injustiça, mas não pode
articulá-la;
 Quando você se sente frustrado, mas não pode atualmente
ver a contradição que está causando a frustração.

32
A Expectativa Habitual sobre Relações Humanas

Uma característica traiçoeira do dilema, o qual é por vezes relevante


para as experiências da infância de nossos clientes, é que quando isso se
repete por longos períodos de tempo, a pessoa desenvolve uma
hipersensibilidade à reestimulação da mesma inibição. Eles aprenderam a
ignorar seus pré-sentimentos para qualquer mensagem (processo) que
está implícita. Eles aprenderam a suspeitar de qualquer coisa que eles
sentem através do tom da outra pessoa, do tempo, postura e expressão
facial (ou seja, “o que realmente está acontecendo”), e ao invés disso, eles
respondem a, e respeitam somente a mensagem (conteúdo) que é
explícito.

Existe uma regra não dita na comunicação do dilema: o recipiente


não pode se separar da comunicação. Seu papel é participar no jogo.
Existe um tabu escondido contra expor o contraditório. Reintegração
saudável de si mesmo requer que o cliente aprenda a recusar participar de
tal comunicação. Sua mente consciente está agora ensinada a se
sintonizar com sua resposta corporal então ele pode acuradamente
acessar o que está realmente acontecendo no momento que está
acontecendo.

É crítico ensinar ao cliente como ele pode sobreviver a esse estilo de


comunicação afetivo-desestabilizador sem comprometer sua verdade
interior, pois se ele compromissar sua atual percepção de tais incidentes,
ele pode ser propulsionado de um estado de asserção saudável para uma
vergonha desestabilizante, e então à promulgação homossexual
indesejada.

Terapia reparativa foca em deslocar o cliente do estado de


vergonha inibitório, “desligado” para dentro do estado vital de asserção.
Para nossos clientes, nós tipicamente vemos uma antecipação da
vergonha para a asserção de gênero. Vergonha antecipatória representa
um “flashback” somático o qual troca o corpo para um modo defensivo,
desligado. O retorno para o estado de asserção se torna possível quando o
cliente supera a postura de vergonha e seu estado de desligamento.

Esse contraste entre vitalidade e afetos inibitórios é ilustrado pelo


que os psicólogos chamam de Fenômeno Pike. Em um experimento, um

33
peixe pike é colocado em um tanque com vairões. O pike imediatamente
começa a comer todos os vairões que vê. Então um cilindro de vidro
invisível é colocado ao redor do pike, o separando dos peixinhos. Qualquer
nova tentativa para comer os vairões resulta no pike batendo o nariz no
cilindro, causando a dor. O cilindro então é removido, mas o pike,
antecipando a dor, não faz mais tentativas para comer os peixes. A
resposta vital foi perdida e a resposta inibitória é substituída.

Memória é um fenômeno psicofisiológico. Sendo assim, não é


somente cognitivo, mas também somático – um trauma que é guardado
no corpo. Uma poderosa experiência terapêutica atualmente recodifica as
conexões sinápticas do sistema de memória.

Nós nunca podemos desfazer o trauma do passado, claro; ainda, um


relacionamento terapêutico com um terapeuta em alta sintonia pode
estabelecer um novo, positivo e neurológico caminho no lugar das velhas
e traumáticas memórias neurológicas.

A configuração terapêutica provê um “ambiente que segura”, uma


oportunidade na qual o cliente pode explorar, re experienciar e assimilar
traumas dolorosos. A experiência corretiva terapêutica permite liberação
dos velhos e repetitivos padrões de própria sabotagem, e estabiliza novos
e autênticos relacionamentos. Ao longo do progresso da terapia, existe
um senso interior de coesão e integridade. Com um alto senso de
intimidade genuína vem uma diminuição do poder ilusório da
homossexualidade.

Liberto do poder medonho do pesar e das defesas que ele evoca,


uma nova identidade gradualmente emerge. O cliente, encarando suas
ilusões e distorções, espontaneamente expressa curiosidade sobre sua
verdadeira identidade: “Quando irei deixar o meu falso eu, quem sou
eu?”. Através do trabalho com a aflição existe uma transformação da
própria identidade a qual simplesmente apresentada, é quieta, porém
convicta de que “Sim, eu sou bom o bastante”.

34
Para Leitura Adicional
Nicolosi, J., & Nicolosi, L. A. (2002). Um guia parental para prevenção da
homossexualidade. Downers Grove, IL: InterVarsity.

Nicolosi, J. (2009). Vergonha e Perda do Anexo: Trabalho prático de terapia


reparativa. Downers Grove, IL: InterVarsity.

Referências
Nicolosi, J. (1991). A terapia reparativa da homossexualidade masculina.
Northvale, NJ: Aronson.

Nicolosi, J. (1993). Cura da homossexualidade: Relatos de casos de terapia


reparativa. Northvale, NJ: Aronson.

35
Capítulo Dois

Cuidados Psicológicos para


Homens que Possuem
Atrações Homossexuais
Indesejadas: Uma Abordagem
Interpessoal
Albert Dean Byrd
Introdução

Alguns duvidarão de que a homossexualidade também é sobre


relacionamentos, não somente sobre atrações. Sendo assim, atrações
homossexuais envolvem outros indivíduos (tanto in vivo ou através da
fantasia indiretamente), e querendo ou não, o relacionamento é
primariamente sexual, emocional ou alguma combinação disso tudo. No
entanto, mesmo poucas pessoas param para considerar que as atrações
homossexuais podem ter seu gênesis no contexto dos primeiros
relacionamentos, e que talvez esteja no contexto dos relacionamentos
que a questão da homossexualidade seja melhor resolvida. A melhor
definição da homossexualidade é: a homossexualidade é simplesmente
um descarrilamento da iniciação biológica causada por traumas nos
primeiros relacionamentos. E é esse descarrilamento que contribui
substancialmente para outros problemas de relacionamento, não
somente com os primeiros cuidadores, mas também com seus colegas.
36
A psicoterapia interpessoal não é uma terapia reorientativa no
sentido de que uma aproximação é limitada para ajudar indivíduos que
são angustiados por uma homossexualidade indesejada. A psicoterapia
interpessoal foca em resolver dificuldades históricas e dificuldades atuais
nos relacionamentos, permitindo que o indivíduo experimente cura
associada ao desenvolvimento saudável de relacionamentos.
Homossexualidade é, então, por definição um problema interpessoal
(Evans, 1996).

Teoria Interpessoal: Pressupostos, Construções e Proposições

Teoria interpessoal tem seu início no trabalho do psiquiatra Harry


Stack Sullivan (Evans, 1996). Essencialmente um neo-Freudiano, que
enfatiza a importância de fatores sociais no desenvolvimento da
personalidade, Sullivan define personalidade como “o relativo padrão
durável de situações recorrentes as quais caracterizam a vida de uma
pessoa” (Carducci, 1998, p. 150). A pedra angular de Sullivan, o
pressuposto, é que uma personalidade saudável é o resultado de
relacionamentos saudáveis. Ele enfatizou o papel das relações
interpessoais, sociedade e cultura como os determinantes primários de
desenvolvimento da personalidade e patologia. Notando o debate entre
modelos interpessoais e intra-psíquicos, Sullivan enfatizou a noção de que
a experiência humana é uma interação dinâmica e reveladora entre
influências interpessoais e ambientais que se conectam com o interno
(intra-psiquico) significado de si e personificações dos outros. As
interpretações individuais modificam a percepção e respostas dessas
experiências externas. Sullivan ficou particularmente interessado no como
os indivíduos interpretam suas experiências e no impacto que tais
interpretações têm em relacionamentos interpessoais.

Sullivan venceu o poder da intimidade para influenciar a natureza


das relações interpessoais. A intimidade é essencialmente não sexual e
motivada pelo desejo humano de aproximação, o que serve
primariamente para validar a autoestima. De acordo com Sullivan, a
necessidade de ternura emocional como o toque físico era o “começo
bem genuíno do puramente interpessoal ou das necessidades humanas”
(Evans, 1996, p. 65). A necessidade de intimidade do indivíduo emerge da
noção que humanos são primariamente orientados para conexões

37
interpessoais. De acordo com Sullivan, a experiência da solidão vem à tona
quando as necessidades de intimidade foram frustradas.

As contribuições em desenvolvimento para essa solidão incluem


experiências da primeira infância ascendendo da falha parental em prover
nutrição e respeito apropriado para a singularidade da criança, assim
como a falha de conexões saudáveis com os colegas. Sullivan colocou uma
ênfase significante nos relacionamentos com seus iguais, particularmente
durante a pré-adolescência. Ele notou que esses relacionamentos
exerceram influências importantes na capacidade para amar.

A necessidade de segurança interpessoal foi também um ponto


crítico da perspectiva de Sullivan. Ele viu os distanciamentos como uma
consequência de inseguranças não resolvidas nas relações interpessoais. A
“tensão da ligação” de Sullivan, traduzida na segurança ou insegurança
interpessoal, depende do impacto e consequência do relacionamento.

Os modos de experiência de Sullivan foram conceitualizados através


de lentes social-cognitivas. O primeiro modo de experiência foi rotulado
prototáxico e a cósmica experiência infante foi caracterizada como fluída e
indiferenciada. Durante esse modo de experiência, o infante tem
consciência limitada de onde ele acaba e de onde o mundo começa.

O modo paratáxico de experiência é a fase desenvolvedora durante


o qual a criança está aberta a fazer conexões entre experiências e
consequências. Embora não sejam reconhecidas ou conectadas em uma
ordem, as experiências “somente acontecem juntas” ou elas não
acontecerão. Não há reflexo ou comparação.

O modo sinático de experiência vem logo após. Durante esse modo


de experiência, as satisfações e seguranças da criança evoluem da
cooperação interpessoal, um processo através do qual a validação ocorre.
Ambos os pais e colegas são cruciais nesse processo de validação
consensual através do qual as conexões interpessoais são feitas. Os
colegas/companheiros, em particular, engajam em atividades de grupo no
qual as mútuas conexões ou mutualidade são destacadas e valorizadas.
Essas conexões encorajam e afirmam identidades de gênero saudáveis. As
atividades de time ou de grupo, especialmente para meninos, provêm
oportunidades para experimentar intimidade, mutualidade, validação e
todos os processos de afirmação do mesmo gênero. E é a identidade de

38
gênero (Evans, 1996) que determina a orientação sexual. Isso é um
entendimento importante considerando a miríade de fatores que
contribuem para o senso de gênero de uma pessoa (definido como o
senso de masculinidade ou feminilidade). A identidade de gênero emerge
de relacionamentos significativos e é primariamente social/emocional por
natureza como oposto ao sexo (referindo-se ao sexo biológico, se é um
macho ou uma fêmea). Relacionamentos interpessoais primários
começam com pais e mais tarde se estendem aos seus iguais, exercendo
um profundo efeito no desenvolvimento de gênero e na subsequente
identidade de gênero.

Homossexualidade: Uma Perspectiva Interpessoal

Sullivan viu a homossexualidade como um “erro em


desenvolvimento, ditado por uma cultura como um comportamento
substitutivo nesses casos nos quais a pessoa não pode fazer o que é a
coisa mais simples a ser feita” (Evans, 1996, p. 118). Essa definição é
similar à definição do processo provida no início desse capítulo, ou seja, a
homossexualidade é um descarrilamento da iniciação biológica.
Interessante o bastante, a visão do gênesis da homossexualidade é
notavelmente similar à visão essencialista filosófica da atualidade, J.
Michael Bailey (1999) teoriza que “...homossexualidade representa um
desvio que pode levar à doença mental... homossexualidade pode
representar um erro de desenvolvimento” (p. 884).

Ao contrário de Bailey, no entanto, Sullivan acreditava que o


processo interpessoal pode até mesmo ter um efeito modificante em
quaisquer contribuições biológicas que possam ser predispostas. Na
essência, não obstante a contribuições biológicas, a homossexualidade é
um processo humano compreensível, surgindo de atitudes sexuais
parentais problemáticas, de práticas de criações de filhos, e de problemas
relacionados aos seus iguais durante o período de desenvolvimento da
pré-adolescência (Evans, 1996).

Especificamente, a homossexualidade é essencialmente um


problema nos relacionamentos interpessoais, tendo seu gênesis nos
primeiros relacionamentos com pais e amigos, o que serve para
interromper ou descarrilar o processo normal. Para Sullivan, amor é o
primeiro sentimento dos membros do mesmo sexo, o qual serve como
base para futuros relacionamentos com o sexo oposto.

39
Sullivan postulou que a obtenção do amor heterossexual tardio foi
severamente impedida sem a experiência do bom relacionamento com o
seus iguais do mesmo sexo durante a pré-adolescência. Ele referiu-se a
essas primeiras experiências do mesmo sexo como “chumships”16 (Evans,
1996). Sullivan percebeu que a falha ao encontrar um chum do mesmo
sexo durante a pré-adolescência contribuiu para um “modo de vida
homossexual”.

Contra um background de necessidades em erupção por satisfações


lascivas, junto com a necessidade interpessoal de segurança pessoal
(liberdade da ansiedade) e segurança interpessoal (colaboração com ao
menos outra pessoa que lidere para a liberdade da solidão), as atrações
homossexuais emergem quando há mudança do isofílico (intimidade com
o mesmo sexo) para heterofilico (intimidade com o sexo oposto), para a
transição de buscar alguém como si mesmo para buscar alguém bem
diferente de si que foi obstruído ou descarrilado. Esse descarrilamento e
obstruções podem tomar a forma de qualquer experiência traumática que
quebra a transição nos processos interpessoais, como pais que confundem
o interesse de intimidade do pré-adolescente com um interesse na
sexualidade genital ou no abuso, tanto abusos sexuais como abusos pelos
colegas, que podem ocorrer durante o período de desenvolvimento.

A rejeição de Sullivan de um simples modelo biológico de causa foi


sustentada pela sua visão de que a homossexualidade não era um único
conceito. Mais que isso, homossexualidade foi um conjunto pobre de
tendências integradas que emergiram de uma variedade de necessidades.
Qualquer que seja o poligênico, etimologia multifatorial, a
homossexualidade desenvolveu-se cedo na vida e levou a inabilidade do
adolescente a se mudar dos relacionamentos com o mesmo sexo para os
relacionamentos com o sexo oposto. Sullivan focou nesse ponto,
sugerindo que essa falha foi um fator no desenvolvimento das atrações
homossexuais. De fato, a homossexualidade resultou de um
descarrilamento tanto de um priming biológico quanto da intimidade
heterossexual. Considerando isso como um erro tanto para focar em um
alopático, um simples modelo causativo ou somente o comportamento
sexual do indivíduo, Sullivan destacou a importância do contexto
interpessoal por dentro de onde a homossexualidade emergiu. Com
qualquer que seja o fator predisposto (provavelmente variado e diferente
entre pessoas), seja um fator biológico, de precocidade entre pais e filhos,

16
Embora não tenha uma tradução coerente, esse termo se refere à camaradagem, um melhor amigo.

40
de tensões entre colegas, ou de alguma combinação destes que possa
fazer um indivíduo vulnerável a homossexualidade, é com o
relacionamento interpessoal nos quais essas atrações emergem e que
proporcionam a grande oportunidade para resolução e remédio.
Desenvolvimento de gênero é essencial para o entendimento e
tratamento de homossexualidade não desejada. Gênero, um senso de
masculinidade ou feminilidade, emerge no contexto dos primeiros
relacionamentos. O que é claro é que a afirmação de gênero começa cedo
e é assunto de descarrilamento quando não reforçada ou avaliada por
relacionamentos significantes, como a família ou amigos. As crianças de
gênero não conforme são vulneráveis a um número de dificuldades,
incluindo aquelas associadas com homossexualidade. De fato, Dean
Hamer, o pesquisador que se auto rotulou gay, notou que a não
conformidade de gênero é o fator único mais comum observado associado
com a homossexualidade e concluído como “De fato, isso pode ser o mais
consistente, bem documentado, e achado significante em todo campo da
pesquisa da orientação sexual e talvez em toda psicologia humana”
(Hamer & Copeland, 1994, p. 166).

O Papel da Vergonha no Desenvolvimento da


Homossexualidade

As primeiras relações interpessoais, especialmente aquelas


caracterizadas pelas repetidas desconexões emocionais, são um papel
fundamental no desenvolvimento da vergonha. Enquanto há alguma
teorização sobre possíveis fundamentos inatos, os quais podem predispor
uma criança a respostas de vergonha, é claro que as primeiras relações
interpessoais com os primeiros cuidadores influenciaram de como tal
predisposição (de fato se há uma predisposição biológica) manifesta a si e
em qual grau ela interpreta um papel nas relações interpessoais e
eventualmente impacta no individuo.

A fim de entender o papel que a vergonha interpreta na vida da


criança em desenvolvimento, é importante explorar um fenômeno
conhecido como uma sintonia afetiva (Shore, 1994). Esse fenômeno é
caracterizado pelas habilidades do cuidador para prover uma tradução dos
pensamentos, sentimentos e atividades do infante. Sintonia afetiva provê
senso de experiências internas. Experiências repetidas de dessintonia
afetiva tem um efeito desorganizador no desenvolvimento cognitivo e

41
emocional (Shore, 1994). Tais dessintonias podem ser indutoras de
vergonha. Elas contribuem significantemente ao sentimento e na própria
avaliação do “ser diferente”, um fenômeno relatado por tantos homens e
mulheres que se auto identificam como homossexuais.

Os homens homossexuais relatam tais dessintonias (desconexões)


em essencialmente duas fases de desenvolvimento. A primeira ocorre no
contexto da relação entre pai e filho (ou mãe e filha) e o segundo em
relações com seus iguais os quais culminam no sentimento de serem
diferentes. Considerando o papel de não conformidade de gênero nos
trechos a seguir das biografias de Richard Chamberlain e Greg Louganis,
ambos se identificam como homossexuais e ambos caracterizaram a si
mesmos como crianças com gênero não conforme. Ambos sentiram que
seu comportamento de gênero não conforme foi em parte responsável
pela dificuldade no relacionamento com seus pais. Chamberlain (2003)
lembra:

Normalmente, dirigir sozinho com papai era extremamente


desconfortável – Eu não poderia nunca pensar em algo para dizer a
esse mítico, homem sombrio, e eu sempre me senti silenciosamente
desaprovado... Papai nunca foi fisicamente violento; ele nunca
bateu ou nos empurrou de lado. Sua violência era psicológica.
Quando ele estava bêbado, ele cambaleava de forma imprudente
pela casa ou se afundava em sua cadeira da sala, emitindo vibrações
de raiva que pareciam para mim como a radiância do puro mal. É
como viver com o demônio. E ele poderia reprimir remotamente
qualquer diversão e brincadeira com seu famoso sarcasmo letal.
Aquele desdém era como ser cortado com uma machete. (pp. 6,12).

Greg Louganis (Louganis & Marcus, 1995) lembra:

Meu pai sempre me fez sentir como se eu estivesse o tirando do


sério, que eu era um peso, que ele poderia estar fazendo outras
coisas ao invés de gastar tempo comigo. A única vez que ele fez
algo... acampar... Guia indiano Y... Foi a primeira e única vez. Ele
deixou claro que estava cumprindo uma obrigação. (p. 21).

Mais tarde, Greg lembrou-se que ele estava apanhando de um


garoto mais velho e que seu pai assistiu dos bastidores,

42
Durante a briga, eu lembro que senti como se fosse meu pai que
estava me dando os socos. Por um ano depois, eu tive esse terrível
sentimento de que papai achava que eu merecia ser vencido, que ele
pensava que eu era uma marica e que ele concordava com todas as coisas
que as crianças na escola falavam de mim. (p. 37).

A vergonha, no seu mais profundo senso, é presa a uma identidade,


particularmente uma identidade de gênero. É o sentimento de que “Eu me
sinto diferente porque eu sou diferente,” e que os pensamentos
acompanhantes eram “há algo de errado comigo”, e “eu não sou
aceitável”. É o tipo de solidão existencial que a criança sente porque há
poucos amigos, poucas conexões reais, e poucos relacionamentos onde
ele ou ela se sente avaliado. A vergonha é tanto afetiva como cognitiva. É
o sentimento de ser diferente, é a subsequente conclusão de que
“portanto, deve ter alguma coisa de errado comigo”.

Tais declarações se encontram nas narrativas de muitos homens


que buscam cuidado psicológico para atrações homossexuais não
desejadas. O senso de diminuição de si mesmo é frequentemente
traduzido em um senso de diminuição da masculinidade o qual busca de
alguma forma se resolver através de relações sexuais com outros homens.
Essa falta de um senso sólido de identidade de gênero é encontrada nas
relações interpessoais onde compensação é procurada através das
relações homossexuais. Traduzindo isso significa que homens
homossexuais buscam relacionamentos com outros homens com o
significado de fortificarem seu próprio senso de identidade de gênero. Eles
sexualizam com o que eles não são familiares como uma forma de
complementar eles mesmos no contexto de outros relacionamentos.
Assim, você encontra muitos relacionamentos homossexuais
caracterizados pelo mesmo sexo, mas de relações opostas. Isso é
particularmente notado em relações homossexuais que duram, mesmo
que por pouco tempo. Por exemplo, a psicóloga lésbica Lisa Diamond
(2008) se refere à sua parceira como sua esposa.

As consequências de experiências da primeira infância com base na


vergonha são por vezes manifestadas na vida adulta: um senso de
impotência, fraqueza e ineficácia. Existe um senso de não ter um lugar no
mundo. Essa solidão dolorida e alienação parecem ser o centro da luta
homossexual. Homossexualidade não causa a solidão. Ao contrário da
solidão, a alienação e a vergonha resultante que emerge das primeiras

43
relações parentais e de amigos parecem ser um estágio para atrações
homossexuais como jovens homens sexualizam com o qual eles não estão
familiarizados. Alguns homens homossexuais buscam uma figura paterna
na qual eles buscam se tornar sexualmente envolvidos; outros buscam
homens com uma juventude adolescente. O que parece estar faltando são
relacionamentos interpessoais o qual mutualidade e intimidade podem
ser achadas. Devido a muitos relacionamentos homossexuais terem sua
base na sexualidade, a intimidade é muitas vezes impedida por conta do
simples número de relacionamentos nos quais homens homossexuais se
engajam.

Um paciente declarou, “O mundo gay é tão selvagem e parece


muito uma cena de festa. Se eu somente pudesse manter o sexo longe, e
mantivesse os rapazes mais próximos de mim, como sempre busquei...”
Outro paciente astutamente notou, “Eu sexualizei minhas necessidades de
intimidade masculina – para atenção, aprovação, carinho e afirmação”.
Essas declarações são reflexos da visão de Sullivan de como atrações
homossexuais se desenvolvem e a importância de chums ou amigos
próximos em relações interpessoais.

Finalmente, pode ser importante incluir uma breve discussão sobre


o papel importante do abuso sexual no desenvolvimento da vergonha
assim como o papel do abuso sexual no desenvolvimento da
homossexualidade. Existe certa evidência que sugere que o abuso sexual é
altamente representado nas histórias dos que se auto identificam como
homossexuais. Shrier e Johnson (1985, 1988) descobriram que homens
que foram sexualmente abusados são sete vezes mais propícios a se
identificarem como homossexuais ou bissexuais na vida adulta. Em uma
população não clínica, Tomeo, Templer, Anderson e Kotler (2001)
descobriram que o abuso sexual é significantemente maior entre os que
se auto identificam homossexuais. Talvez o papel da vergonha emergente
do abuso sexual é melhor ilustrada pelas seguintes narrativas de Greg
Louganis (Louganis & Marcus, 1995) quando ele descreveu ter sido
abusado sexualmente por um homem que tinha a mesma idade de seu
pai:
Ele colocou os braços em volta de mim e me beijou. Eu realmente
gostava de ser segurado, e eu estava entusiasmado que esse
homem tinha me achado atraente... Eu pensei que ao longo do
tempo eu poderia me sentir menos envergonhado sobre o que eu
estava fazendo, mas isso somente se tornou pior. A diferença de

44
idade me incomodou demais, e ele não poderia ser uma parte da
minha vida. Eu me senti estúpido dizendo a ele sobre o que eu
estava fazendo na escola e não poderia apresentá-lo a nenhum dos
meus colegas de classe. Eu odiava a separação e o segredo, mas
continuava voltando pela afeição, o segurar, o afago – mais do que
sexo. Eu estava faminto por afeição, e ele estava feliz por poder me
dar isso. Fiquei chateado ao saber que ele era muito mais velho, não
porque eu me sentia molestado ou algo do gênero. Eu fui mais que
um parceiro disposto, mas a diferença de nossas idades fez essa
experiência ainda mais vergonhosa. (pp. 79-80).

Greg mais para frente escreveu, “Em certo ponto ele me disse que
estava preocupado em me ver, pois eu era menor de idade.
Aparentemente ele já foi preso no passado por sair com menores.” (pp.
79,80). Abuso sexual cria um estrago na vida de crianças por introduzir a
confusão de gênero e a vergonha. Em garotos vulneráveis,
particularmente aqueles que têm comportamentos não em conformidade
com seu gênero, adiciona-se o sentimento de ser diferente, criando
isolações adicionais, alienação e prolonga o processo de descarrilamento.

Terapia Interpessoal e Homossexualidade

O tratamento da homossexualidade não desejada, baseada na


abordagem interpessoal, necessita de uma avaliação completa de
relacionamentos interpessoais não saudáveis nos quais o processo de
desenvolvimento foi frustrado. Quando o sentimento de “ser diferente”
primeiramente foi visto, e no contexto de qual relacionamento? É
importante examinar relacionamentos parentais e de amizades. A rejeição
parental ou de amizades, com falta de chums e de relações saudáveis com
mesmo sexo sempre requer uma total exploração. De fato, qualquer
trauma o qual possui potencial de descarrilar o priming biológico ou o
processo transicional do mesmo sexo/sexo oposto precisa ser examinado.

A abordagem interpessoal para o cuidado psicológico de homens


com atrações homossexuais não desejadas não foca primariamente na
sexualidade, ao invés disso enfatiza a importância da correta experiência
interpessoal – ao desenvolver relacionamentos saudáveis nos quais
incluem relacionamentos sexuais saudáveis no contexto íntimo e seguro.
Homens que procuram cuidados psicológicos para atrações homossexuais
indesejadas frequentemente reportam que o desenvolvimento de

45
relacionamentos não sexuais com pessoas do mesmo sexo, parece
diminuir as atrações homossexuais.

Em sua dissertação de doutorado na Fordham University, Elan


Karten (2005) descobriu que o sucesso do tratamento é mais bem previsto
por uma redução do conflito em relação à expressão da afeição não sexual
nos homens. Esse achado tem fortes implicações interpessoais para
ambas as prevenções e tratamentos. Talvez para alguns garotos, o
desenvolvimento da primeira infância de relações fortes e não sexuais
com outros meninos poderão prevenir o desenvolvimento da
homossexualidade. Além disso, o desenvolvimento de relacionamentos
não sexuais com homens é uma parte importante do cuidado psicológico.

Em síntese, a abordagem interpessoal do cuidado psicológico


daqueles com atrações homossexuais não desejadas foca na natureza
interpessoal de relacionamentos, ambos históricos e atuais. Há uma forte
ênfase em “refazer” relacionamentos históricos e desenvolver saudáveis
relações interpessoais atualmente. Tais relações são caracterizadas por
mutualidade, intimidade não sexual e segurança.

Papel do Terapeuta Interpessoal

Considerando a natureza interpessoal do cuidado psicológico, é


importante entender que o terapeuta não pode ser objetivo e neutro, mas
sim o terapeuta deve ser crítico para a estabilização de uma atmosfera
que promova a segurança interpessoal. O terapeuta simplesmente facilita
o processo de aprendizado interpessoal, e isso é alcançado através de um
diálogo respeitoso e empático enquanto o terapeuta ouve aos detalhes
das experiências do paciente, chamando atenção ao processo de
desenvolvimento e aos processos interpessoais.

É a comunicação interpessoal e a validação consensual que provê a


ponte necessária e a conexão entre experiências do paciente e a
especialidade do clínico. É o aspecto humano do terapeuta que traz
sentido para as lutas do paciente. Essa alta natureza interpessoal do
relacionamento com o terapeuta é que inaugura o processo de cura. O
papel interpessoal do terapeuta é ajudar indivíduos a entenderem o
desenvolvimento de gênero no contexto dessas relações interpessoais, e a
ajudá-los a recuperar e reforçar suas identidades de gênero através do

46
desenvolvimento de relacionamentos interpessoais saudáveis no qual se
encontra segurança, intimidade e necessidades mútuas.

Fases da Assistência Psicológica Interpessoal

Fase Inicial. A experiência humana é uma interação dinâmica que se


desenrola entre os vários fatores que são unicamente humanos: os fatores
interpessoal, ambiental e interno (ou intrapsíquico). A iniciação do
relacionamento terapêutico chama a atenção para as dinâmicas
interpessoais envolvidas com atrações homossexuais indesejadas.
Ajudando pacientes a conceitualizarem a luta homossexual no contexto de
relacionamentos não só os ajuda a entender o desenvolvimento da
natureza homossexual, mas sugere também que as soluções residem nas
relações interpessoais.

Registrar em um diário é uma importante intervenção para se


incorporar bem cedo. Para destacar a natureza interpessoal da assistência
psicológica, é útil para o terapeuta pessoalmente marcar a primeira
consulta com o paciente. Esse contato pessoal por muitas vezes marcam o
estágio prior até a primeira sessão e permite ao terapeuta solicitar um
histórico antes da primeira visita, desse modo a fazer com que o paciente
seja ancorado bem rápido à modalidade interpessoal. Com a narrativa
escrita, o terapeuta pode ficar adequadamente preparado para colocar os
eventos dentro do contexto interpessoal. Essa intervenção ajuda tanto o
paciente quanto o terapeuta a verem claramente o desenvolvimento, a
natureza interpessoal da homossexualidade e gera aumento no contexto
dentro do qual as atrações emergem. Esse é o começo da segurança,
intimidade e mutualidade entre o terapeuta e o paciente, é uma pré-
condição necessária desenvolver tais relacionamentos externos à
definição do tratamento. No começo da intervenção do diário, o paciente
tipicamente provê informações. Mais tarde, registrar em diário se torna
muito interpessoal; afinal, o diário de uma pessoa é intimamente pessoal,
e quando compartilhado, se torna interpessoal.

Frequentemente, pacientes vão notar que esse é a primeira vez em


suas vidas onde eles se sentem seguros e protegidos em explorar os
detalhes íntimos de sua vida pessoal e interpessoal.

Caso Exemplo. James C.* é um homem de 36 anos que tem uma


longa história com atividades homossexuais, começando no início da

47
adolescência. Ele foi casado por um breve período de tempo. Sua esposa
se envolveu com outra mulher, e ela assinou o divórcio. Por
aproximadamente 12 anos depois do divórcio James se envolveu
exclusivamente com relações homossexuais. Por sua estimativa, ele teve 5
ou 6 relacionamentos “sérios” durante esse tempo, em sua maioria com
homens mais velhos (15-20 anos mais velho) e mais encontros
homossexuais do que ele poderia contar. Quando pressionado, ele disse
que foram “muitos”. James me contatou via telefone, sendo referenciado
pela Evergreen International, um grupo de educação e suporte.

Eu conversei com ele no telefone por 20 minutos, tentando


determinar suas motivações por buscar terapia nesse tempo. Suas razões
foram repetidas várias vezes incluindo, “relacionamentos gays não estão
funcionando para mim”, “eu estou cansado de procurar por algo que eu
não sei o que é” e “eu não sou suicida, mas eu não estou certo se quero
continuar nessa vida”. James falou muito sobre relacionamentos que
“falharam” e de não se sentir “autêntico”. Eu disse a ele para me mandar
via e-mail um breve histórico individual e familiar; dei a ele várias dicas e
agendei um horário. Ele pareceu decididamente aliviado e estava bem
acomodado no sentido de definir um horário.

James chegou adiantado em sua consulta e parecia apreensivo,


porém confiante quando o cumprimentei. Ele começou me agradecendo
profusamente por passar tempo comigo no telefone. Eu revi o histórico da
família com ele – o mais novo de 5 crianças, uma casa religiosa, dois
irmãos mais velhos que eram atléticos e de certa forma “abusivos”,
protegido por suas duas irmãs mais velhas e mãe, e um pai resoluto. As
conexões no telefone pareceram fazer de certa forma mais fácil para
James falar. De fato, ele ficou falando “Eu não acredito que estou te
dizendo tudo isso”. Assim que James começou a falar sobre os primeiros
relacionamentos, ele parava e comentava, quase externamente, “Esses
relacionamentos realmente me bagunçaram, não é?”.

Essas sessões iniciantes examinaram algumas dessas primeiras


relações dentro do contexto dos traços de personalidade admitidos por
James. Ele foi um menino extraordinariamente sensível (muito agradável,
mas se sentia realmente mal em desapontar os outros), era bastante
obsessivo (pensava em coisas obsessivamente e não conseguia parar de
pensar nelas, particularmente quando via garotos de sua idade se
divertindo – ele pensava neles em uma distância, sentindo que ele queria

48
ser como eles, mas ele era diferente). Uma vez, durante essas primeiras
sessões, ele notou que “Eu não era uma garota, mas eu não era um garoto
real e era de certa forma perfeccionista”, e “eu pensei que se eu fizesse
tudo certo, Deus faria tudo certo”. Quando questionado para descrever
seus anos de infância, ele respondia com uma palavra: solitário.

Segunda fase. Dirigir a vergonha parece o estágio central da


segunda fase da assistência psicológica para homens com atrações
homossexuais indesejadas. Acompanhado pela desestabilização e
desorganização, a natureza pós-traumática da vergonha entra na vida
adulta, e o caos começa a reinar. O sintomático dessa desorganização
interpessoal é o puro número de parceiros que um significante número de
homens homossexuais relata. Um homem descreveu esse caos como:
“Quanto mais truques eu faço, mais truques eu sou compelido a fazer, e
mais sozinho eu me sinto”.

Para muitos homens, essa solidão os lembra da solidão pré-


adolescente que os levaram a ansiar por uma intimidade pelo mesmo sexo
e a buscar segurança no contexto dos relacionamentos, somente para
descobrir que relacionamentos adultos e relacionamentos pré-
adolescentes diferem. Muitos acham que esse anseio é entendível, sendo
avaliado e amado, ele pode ser achado em relacionamentos saudáveis e
íntimos, e não sexuais com homens.

Intervenções durante essa segunda fase da assistência psicológica


são cuidadosamente adaptadas, há controle de stress e empoderamento,
mas também se enfatiza a natureza interpessoal dessas relações.
Intervenções comportamentais são designadas para fazer melhorias
interpessoais, para experimentar a intimidade não erótica e a segurança
com o mesmo sexo no contexto de tais relacionamentos. O
estabelecimento de controle pessoal no contexto de suporte e
relacionamentos interpessoais e a experiência de sucesso compartilhado
acompanhado por uma estabilidade pessoal e interpessoal cria uma
atmosfera de esperança: não é só falado em progresso, mas se é vivido.
Tais experiências interpessoais não só se ancoram mas sustêm uma
melhoria.

O que segue é um exemplo de atribuição de comportamento que


resulta em uma experiência interpessoal. Muitos homens que lutam com
atrações homossexuais indesejadas afastam-se de homens que eles

49
acham atrativos, por medo de serem notados. Esse frequente
afastamento aumenta sua preocupação e suas atrações. A atribuição
comportamental é isso: encontrar um lugar seguro, talvez a área de um
shopping. Quando você encontrar um homem atrativo, vá em direção a
ele (ao invés de desviar dele). Mas enquanto você se virar em direção a
ele foque nos aspectos não sexuais da pessoa. Foque nas similaridades,
não nas diferenças. Imagine como ele deve ser como um amigo, etc.

Muitas vezes, o paciente relata diminuição ou redução da atração


sexual e começa a pensar se isso é ou não de fato uma atração
homossexual. Um homem relatou, “Eu acho que eu somente queria um
amigo. Isso me lembra de ter sido um jovem adolescente querendo
amigos”.

Caso Exemplo: A introdução de James para a atividade homossexual


ocorreu quando ele tinha mais ou menos 10 ou 11 anos. Um amigo de um
de seus irmãos mais velhos costumava a ficar acordado de madrugada
geralmente. James achava esse amigo de seu irmão “um tanto atrativo”.
Esse amigo, seu nome era Geoff, o provocava e o chamava de “garotinha”.
James não se importava com a provocação porque ele gostava da atenção.
Geoff dormia no mesmo quarto com seus dois irmãos mais velhos, e
James entrava escondido no quarto de manhã somente para olhar
fixamente Geoff. Ele notou que Geoff estava “excitado” em sua bermuda
e disse “eu somente estava curioso”.

Em uma ocasião, por alguma razão que James não poderia lembrar,
Geoff estava no banho no andar de cima, James subiu em direção à porta
do banheiro e Geoff convidou-o para entrar. Geoff encorajou James a
tocar em seu pênis – o que James fez “porque ele não sabia mais o que
fazer”. James lembra se sentir embaraçado e envergonhado, mas nem ele
e nem Geoff disse nada para ninguém.

Houve muitos outros encontros como esse com Geoff, e James se


lembra de uma rica vida de fantasias sobre Geoff que gradualmente deu
espaço para outros garotos/homens mais velhos. Esses garotos e homens
mais velhos pareciam possuir traços que James invejava. Eram traços que
James admirava e/ou sentia falta em si mesmo. Também, esses
garotos/homens mais velhos pareciam representar os papéis de
protetores.

50
James era ou atormentado ou negligenciado pelos seus irmãos mais
velhos, os quais ele via como favoritos por seu pai. Ele se lembrou de uma
ocasião onde “fingiu” ser interessado em carros somente para ficar mais
próximo de seu pai, e isso parecia estar dando certo até que um de seus
irmãos apareceu e seu pai o lembrou, “Vá para lá e deixe que um dos
verdadeiros garotos me ajude”.

Relacionamentos entre colegas do mesmo sexo eram virtualmente


inexistentes. Ele compartilhava mais de interesses com garotas do que
com garotos, e evitava esportes de times como basquete e futebol. Ele
notava “eu não tinha particularmente uma coordenação e tinha muito
medo de ser machucado”. Ele lembrou resistir a muitas provocações e
xingamentos, notando que ele tinha medo de andar em certos corredores
durante o colegial a não ser que houvesse um professor por perto. Discutir
esses momentos de vergonha no contexto desses primeiros
relacionamentos com membros da família e colegas trouxe oportunidades
para James rever esses relacionamentos e para determinar essa potencial
influência em seu desenvolvimento de gênero. Um fenômeno interessante
emergiu durante uma dessas sessões. James começou a falar de como ele
seria se estivesse em uma família diferente, e eu perguntei como ele teria
criado um filho diferentemente. E com um pouco de lágrimas, começou a
falar de como ele teria provido muito mais atenção necessário às
características positivas de seu filho, como ele teria o afirmado como um
garoto aceitável, etc. E no meio de sua discussão epifânica ele disse “o
resultado, meu resultado, poderia ter sido diferente?” James pareceu
estar retrabalhando alguns desses relacionamentos em seu olho da alma.

Terceira Fase. Durante a terceira fase da assistência psicológica


interpessoal, o controle e o empoderamento suficiente preparam o
paciente para considerar os primeiros relacionamentos, o contexto
interpessoal dentro dos quais as atrações homossexuais primeiramente
emergiram. Em um contexto terapêutico e interpessoal com um terapeuta
envolvido, pacientes são capazes de reexperimentar algumas dessas
primeiras e dolorosas experiências, incluindo momentos de vergonha.
Dentro do contexto terapêutico, o foco nessas primeiras experiências traz
muitos desses pacientes de volta para a intersecção do descarrilamento,
permitindo que eles entendam esse processo, assim provendo a atual
direção para cura e relacionamentos saudáveis. Quase sem exceção,
muitos homens encontram conforto em sua própria masculinidade,
desenvolvendo mutualidade nos atuais relacionamentos com o mesmo

51
sexo e desenvolvendo entendimentos interpessoais significantes os quais
eles traduzem para o relacionamento atual. Muitos relatam momentos de
transição. Eles começam a se ver e a ver outros homens como similares,
não somente diferentes. E essas similaridades parecem adicionar
estabilidade de tanto relações imaginárias quanto in vivo.

O que segue é um exemplo de como isso é facilitado. O paciente é


questionado para que busque um tempo difícil na sua vida em que o
trauma contribuiu para a diminuição de seu senso de si ou senso de
masculinidade. Ele é questionado a buscar e reexperimentar esse evento
enquanto permanece conectado ao terapeuta. O paciente é guiado nesse
processo de reexperiência, focando no afeto enquanto ao mesmo tempo
diminui o impacto em seu senso de si e de sua masculinidade. Por
exemplo, enquanto ele descreve a experiência e seu impacto emocional,
dentro do contexto de um relacionamento interpessoal seguro, ele está
apto a reprocessar isto diferentemente, para até mesmo se sentir
empoderado pelo seu novo senso de si.

O que é central nesses primeiros relacionamentos são as


necessidades não atendidas associadas à afeição, atenção, aprovação e
afirmação. Consequentemente às intervenções como as listadas acima, os
homens são instruídos a focar nas similaridades com homens em primeiro
lugar e nas diferenças em segundo lugar. Com esse novo foco, se cria uma
habilidade cognitiva para separar afeição, aprovação, atenção e afirmação
para assuntos sobre sexualidade.

O mais importante é que muitos homens relatam uma diminuição


das atrações homossexuais quando os relacionamentos íntimos e não
eróticos são desenvolvidos com os homens admirados, é como se amigos
ou companheiros que foram visivelmente ausentes durante a pré-
adolescência agora emergissem. Para alguns homens, isso é a primeira vez
para tais relacionamentos. De qualquer forma, há também outra
dimensão: expectativas realistas e higidez acompanhada por um senso de
reciprocidade. Há um senso de “eu posso contribuir bem como receber
contribuições de um relacionamento”.

Um senso de plenitude e integração de si muitas vezes emerge


durante o tratamento, assim enquanto estes homens fazem conexões
cosigo mesmos e com os outros. Eles são capazes de integrar as partes
aparentemente incongruentes de si mesmos e desenvolver

52
relacionamentos saudáveis com os outros, ambos entre homens e
mulheres. Com homens, eles focam primeiro nas similaridades, depois nas
diferenças. Com mulheres, eles focam primeiro nas diferenças, depois nas
semelhanças.

Caso Exemplo. James combateu alguns problemas com relação à


pornografia e “velhos amigos”, assim como problemas de família, mas
começou devagar a desenvolver novos relacionamentos via um grupo de
suporte local. O grupo era para “homens divorciados”. Ele sentiu que
honestamente tinha encontrado um critério, mas inflexivelmente não
queria estar em volta de homens com lutas homossexuais. Ele viu que
esses homens divorciados estavam alimentando dores profundas, muitos
dos quais pareceram estar ligadas à família de questões de origem. Ele
pareceu bem interessado que esses “homens reais” não eram tudo que
ele imaginava que seriam. Existia uma variedade de “masculinidade”. Em
uma ocasião, ele pareceu bem impactado por um dos “atletas” do grupo
que começou a chorar. Ele se sentiu atraído por alguns desses homens,
mas foi encorajado pelo terapeuta a manejar suas atrações (mantê-las em
xeque e em um ambiente seguro), mas para focá-las em conhecer esses
homens – para se tornar familiar com eles. Para sua surpresa, quando ele
se tornou familiar com esses homens, as atrações sumiram e não
pareciam ser “atrações sexuais reais”. James fez um triste comentário
durante uma de nossas sessões, “todos os homens são parecidos – eles
somente não querem admitir isso”.

Foi durante essa fase de assistência psicológica que James relatou


estar mais confortável em sua “própria pele”. Ele começou a desenvolver
amizades no trabalho com homens e mulheres. Interessante o bastante,
ele pareceu confortável com o rótulo de divorciado – para ele era mais
aceitável do que o rótulo “gay”. Ele desenvolveu a seguinte abordagem
para homens e mulheres: quando ele encontrava homens, ele focava nas
similaridades antes de olhar as diferenças; quando ele encontrava
mulheres, ele focava nas diferenças por primeiro e nas similaridades
depois. O que inicialmente pareceu ser um jogo de sorte se produziu
alguns relacionamentos interpessoais muito interessantes. Tanto homens
como mulheres começaram a questioná-lo para ajudá-lo com “coisas de
homem” como mover uma mesa ou balcão. Tais experiências pareceram
se adicionar à solidariedade de seu eu masculino. Ele começou a se sentir
“comum” com homens e a se complementar com as mulheres, e estar
igualmente confortável com ambos.

53
Fase Final. Na fase final da assistência psicológica interpessoal,
questões de intimidade são abertamente discutidas. O terapeuta assume
o papel de um participante-observador. Amizades com homens e
mulheres são encorajadas. O paciente é ajudado para que veja homens
em toda sua diversidade com um foco nos diferentes “tipos” de
diversidade masculina. As mulheres são consideradas de uma perspectiva
de gênero complementar. As atrações homossexuais que previamente
pareceram consertadas entram na característica de fluidez assim como em
amizades. Os relacionamentos históricos são trazidos para frente para um
processo interpessoal e aprendizado. Questões de vergonha, de culpa, de
solidão e abandono são vistos de uma perspectiva diferente e mais
interpessoal. Os significados são atribuídos, ambos historicamente e
atualmente, para relacionamentos que são o estágio central durante essa
fase.

Caso exemplo. James estava na terapia por um total de vinte e um


meses, inicialmente semanalmente e durante os últimos seis meses, duas
vezes por semana. Ele estava bem envolvido com sua terapia, manteve o
diário, e considerava nossas sessões como sendo tanto como sessões de
relatos como de “riscos terapêuticos”. James descobriu sua maior
dificuldade com amigas que queriam movimentar o relacionamento mais
rápido. Ele aprendeu a ser assertivo nesses relacionamentos. Ele
trabalhou alguns dos mais difíceis relacionamentos na família e confiou a
um irmão mais velho que foi de ampla aceitação e prestativo. Ele também
conversou com seu pastor que pareceu igualmente entendedor. Ele não
sentiu a necessidade de confiar sua situação a outros.

James pareceu ter chego a um lugar seguro para si mesmo. Ele


encontrou valor em bons relacionamentos e pareceu contente com sua
carreira. Ele relata, “Eu me sinto um pouco adolescente às vezes, no que
se refere à relacionamentos, mas meu eu adulto diz que existe pouco para
realmente se preocupar e eu aprendi como ser assertivo com homens e
mulheres. Sou homossexual ou heterossexual? Eu não estou certo ao que
esses rótulos realmente significam. Eu acho que eu sempre fui
heterossexual. Eu só não sabia o que significava ser um garoto ou um
homem. Agora eu sei”.

No sexto mês de acompanhamento, James pareceu ter sustentado


as mudanças. Ele reportou o seguinte: “Ocasionalmente, eu sou

54
incomodado por uma memória ou um pensamento, mas isso não
permanece. Eu não estou em um relacionamento com uma mulher agora,
mas estar em um relacionamento com uma mulher não é inimaginável
como era antes. Eu tenho um maior senso sólido do eu, de quem eu sou,
Eu não me vejo invejando outros homens – de fato, houve algumas
ocasiões em que eu me senti melhor que alguns homens – não acontece
muito, mas ainda assim acontece”.

Resultados de Pesquisa e Tratamento

A efetividade da assistência psicológica em geral e a assistência


psicológica para aqueles que têm atrações homossexuais não desejadas
em particular, tem sido o assunto de discussões substanciais e escrutínio.
Talvez uma das melhores revisões nessa área emergiu da pesquisa sobre
neurociência. Em sua análise dos dados neurocientíficos, o prêmio Nobel
de Eric Kandel oferece o seguinte: “Existem agora duas formas de
psicoterapia que são medicamente aprovadas por serem eficazes. Uma é a
terapia cognitiva comportamental... a outra é a terapia interpessoal...”
(Kruglinksi, 2006, pp. 59-61). Adicionalmente, Leichsering e Rabung
(2004), em sua meta-análise encontraram evidência para a efetividade da
psicoterapia psicodinâmica para desordens mentais complexas.

A efetividade da assistência psicológica para aqueles com atrações


homossexuais indesejadas tem sido documentada ambos historicamente
e atualmente. Satinover (1996) revisou um número significante de estudos
e concluiu uma composta taxa de sucesso de mais de 50% (com sucesso
definido como uma mudança “considerável para completa”). Masters e
Johnson, os famosos pesquisadores do sexo, relataram 65% de sucesso
depois de cinco anos de acompanhamento (Schwartz & Masters, 1984);
Elizabeth James (1978) conduziu uma análise de mais de 100 estudos e
concluiu que quando toda pesquisa foi combinada, aproximadamente 35%
daqueles com atrações homossexuais se “recuperaram” e com um
adicional de 27% “melhoraram”. Ela concluiu que melhorias significantes e
até mesmo uma recuperação completa (da homossexualidade) era
inteiramente possível.

Um estudo tendo como coautor o próprio autor desse capítulo


revelou que 68% dos participantes perceberam a si mesmo como
homossexuais exclusivos ou inteiramente, e outros 22% afirmaram que
eram mais homossexuais do que heterossexuais antes da terapia. Depois

55
da terapia, somente 13% perceberam a si mesmos como exclusivamente
ou inteiramente heterossexuais enquanto 33% se autoescreveram como
exclusivamente ou inteiramente heterossexual. 99% dos entrevistados
relataram que eles acreditavam que terapia para mudança da atração
homossexual pode ser efetiva e valiosa (Nicolosi, Byrd & Potts, 2000). Uma
parte de meus pacientes participou tanto no Karten Study (Karten, 2005)
quanto também no Spitzer Study (Spitzer, 2003).

O Spitzer Study foi particularmente significante porque o


pesquisador, Dr. Robert L. Spitzer foi o psiquiatra que liderou a acusação
para remover a homossexualidade do manual de diagnóstico em 1973. Ele
conduziu esse novo estudo para refutar e dar suporte à noção de que
ninguém pode mudar de uma orientação homossexual para a
heterossexual. Para a surpresa de Spitzer, de 200 homens e mulheres em
seu estudo, 66% dos homens e 44% das mulheres conquistaram um
funcionamento heterossexual bom. Ele também concluiu que 89% dos
homens e 95% das mulheres foram levemente ou nada incomodadas por
atrações homossexuais indesejadas.

Spitzer (2003) concluiu que mudanças são feitas de não somente


comportamento, mas também de principais recursos de orientação sexual
incluindo a atração e fantasia. Spitzer concluiu: “Como a maior parte dos
psiquiatras, eu pensava que o comportamento homossexual poderia ser
resistido, mas que a orientação sexual não poderia ser mudada. Agora eu
creio que isso é mentira – algumas pessoas podem e de fato mudam”
(NARTH Press Release, 2001; Nicolosi & Nicolosi, 2002).

Talvez o suporte mais interessante para a efetividade da terapia na


mudança da orientação sexual foi o Guttman Analysis conduzida pelo Dr.
Scott Hershberger. Um ilustre estudioso e estatístico, o Dr. Hershberger,
que é um essencialista (acredita que a homossexualidade é
biologicamente determinada), realizou o Guttman Analysis no Spitzer
Study. Tal análise é usada para determinar se as mudanças relatadas pelos
participantes ocorreram de forma ordenada. Subsequente a essa análise
do Spitzer study, Hershberger (2003) concluiu:

O padrão de mudanças de lei no comportamento homossexual, a


própria identificação homossexual e fantasias observada no Spitzer
study é a forte evidência de que terapia reparativa pode auxiliar
indivíduos a mudar sua orientação homossexual para uma

56
orientação heterossexual. Agora cabe aos céticos em relação à
terapia reparativa prover fortes evidências comparáveis para apoiar
sua posição. Em minha opinião, eles ainda têm que fazê-lo.

Deve ser notado que, nessa instância, na terapia reparativa é


incluída qualquer abordagem que foca ajudar aqueles com atrações
homossexuais não desejadas, incluindo psicoterapia interpessoal.

Conclusão

Existe uma inerente dificuldade em descrever uma abordagem para


assistência psicológica, porque qualquer que seja a abordagem, ela deve
se adaptar para o paciente em particular. No caso desses homens que
lidam com homossexualidade não desejada (muito do meu trabalho foi
focado em homens), o terapeuta começa com os dados (totalmente
reconhecendo que cada indivíduo é diferente) e endereça atrações não
desejadas, junto com qualquer comorbidades. Por conta da terapia
interpessoal não ser primariamente focada nas atrações homossexuais
indesejadas, quaisquer comorbidades são abordadas similarmente –
buscando as soluções para relacionamentos históricos e existentes e
fazendo certo que os relacionamentos com o terapeuta é a pedra de
estepe para endereçar qualquer dificuldade interpessoal.

A homossexualidade, como um fenômeno, não é bem definida e é


claro que há muitas diferenças entre os que lutam com a
homossexualidade não desejada. De muitas maneiras, o prover assistência
psicológica para homens que apresentam homossexualidade não desejada
não é muito diferente do lidar com outros tipos de pacientes: o terapeuta
começa onde o paciente está e demonstra respeito pela autonomia do
paciente, pela sua própria determinação e diversidade.

Os pacientes os quais tenho visto apresentam a si mesmos em uma


de duas categorias. A primeira categoria consiste em homens que estavam
infelizes por conta de suas atrações homossexuais não desejadas. Esses
eram homens casados que tiveram filhos e reclamaram de angústia
causada por essas atrações. Eles professaram amor por suas esposas e
famílias, consideraram se tornar envolvidos sexualmente com outros
homens, mas decidiram que eles queriam ajuda em diminuir as atrações
homossexuais e aumentar as atrações heterossexuais.

57
A outra categoria consiste em homens em seus 30 anos que estão
tanto quanto descontentes com suas lutas homossexuais. Eles viveram
esse “estilo de vida” e descobriram pouca felicidade. Sua queixa é
“homossexualidade não está funcionando para mim” seguida pela questão
“você pode me ajudar a explorar minhas opções?”. Todos esses homens
eram depressivos, muitos tinham vícios de todo tipo, e alguns até eram
suicidas.

A psicoterapia interpessoal poderia ter feito o terapeuta começar


com as intromissões das atrações homossexuais indesejadas e suas
interferências nas atuais relações interpessoais. Qualquer que seja o
problema intrapsíquico apresentado eles são simplesmente encorajados a
emergir no contexto das relações presentes ou passadas. Tais problemas
como aqueles associados com atrações homossexuais não desejadas
servem como uma barreira não para somente ter saudáveis
relacionamentos com o mesmo sexo, mas também com os do sexo
oposto. Essencialmente, a homossexualidade é interpessoal ambos em
seu gênesis e em sua resolução. A conquista de uma relação saudável e
não sexual com o mesmo sexo é um pré-requisito para o desenvolvimento
de atrações heterossexuais e subsequentemente para relacionamentos
heterossexuais. Ainda, o “desenvolvimento errôneo” notado por Sullivan é
corrigido interpessoalmente, permitindo que uma pessoa faça “o que
simplesmente deve ser feito” – para começar a jornada heterossexual à
sua totalidade, permitindo que a complementaridade de gênero emirja e
seja nutrida e sustentada.

* Toda informação de identificação nesse breve estudo foi


disfarçada.

58
Referências
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Psychiatry, 56, 884.

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Descubra, de abril de 59-61.

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59
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60
Capítulo Três

Trabalhando com Lésbicas e


Mulheres Bissexuais
Mary Beth Patton
Introdução

Como uma estudante ainda se graduando em psicologia e se


preparando para se tornar uma terapeuta, decidi adicionar ao meu
currículo um certificado de estudo das mulheres. Em minha mente, foi
uma boa adição, pois me exporia para muitos dos tópicos na vida de
mulheres. Muitos de meus professores que dão aulas sobre estudos das
mulheres sugeriram que cada mulher tivesse sua própria história para
contar e tivesse o direito de ser ouvida com respeito e dignidade,
excluindo o fato de desaprovação pelos outros. O tempo de aula era
atribuído para estudantes “falarem suas verdades”, e nós éramos
encorajados a integrar suas histórias pessoais com o que nós estávamos
aprendendo em classe.

Nessas aulas, ouvi muitas histórias de quebrar o coração, contadas


pelos meus corajosos colegas de classe sobre como eles lutaram para
encontrar cura e sentido em muitas perdas trágicas de suas vidas. Foi aqui
que eu ouvi primeiramente algumas histórias detalhadas de mulheres
lésbicas e comecei a entender os significantes traumas que são frequentes
em suas histórias. Muitas e muitas vezes eu pensei, “Uau, se isso tivesse
acontecido comigo, acho que eu poderia ser lésbica também”. O que eu
vim a entender foi que, embora exista algum tipo de pré-disposição em
direção ao lesbianismo, existe também outro aspecto de suas jornadas,
relacionado a inúmeras lutas e lesões que elas experimentaram.

Quando terminei a faculdade com um diploma em mestrado em


aconselhamento psicológico, eu eventualmente acabei por trabalhar com

61
um supervisor que aconselhava homens homossexuais que gostariam de
superar sua homossexualidade. Ele me introduziu à National Association
for Research and Therapy of Homosexuality (NARTH) e ao conceito de
atrações indesejadas pelo mesmo sexo. Ele expressou uma necessidade de
terapeutas mulheres que poderiam trabalhar nessa área de atrações
homossexuais indesejadas e me encorajou nessa linha de trabalho como
terapeuta. Ao mesmo tempo, por conta do meu escritório estar em
Portland, Oregon, onde há uma grande população homossexual, eu atendi
clientes lésbicas que buscavam e queriam ajuda com a depressão,
ansiedade ou assuntos de relacionamentos, mas não queriam sair do
estilo de vida gay. Então, eu trabalhei com elas do jeito que elas vieram
até mim. Eu não trouxe para elas esse assunto de mudança nem mesmo
questionei suas orientações sexuais. Para mim, poderia ter sido
desrespeitoso e inapropriado. Ao trabalhar com essas mulheres, me tornei
atenta de uma quantidade significativa de aglutinamento de seus
relacionamentos íntimos com suas amizades, e ao trabalhar com elas para
estabilizar um maior senso de individualismo, vi esses relacionamentos
melhorando e mudando.

Uma cliente decidiu por si mesma, que ela estava cansada de


mulheres e queria encontrar um bom homem. Ela estava na vida gay por
mais de vinte anos, mas havia sido casada quando tinha vinte anos, então
eu assumi que ela era mais bissexual do que ela originalmente
apresentou-se. À medida que ganhava exposição sobre esse assunto,
comecei a entender que existe mais fluidez na orientação sexual do que as
pessoas pensam. Isso me levou a acreditar que, como sua fundação, a
atração homossexual é um problema de desenvolvimento. Quanto mais
eu trabalhava com essa população de mulheres, mais eu via que isso era
verdade.

Irei apresentar nas seguintes páginas o que vim a aprender sobre a


atração pelo mesmo sexo, os diferentes estágios da terapia e as tarefas
que devem ser concluídas em cada estágio. Quero deixar claro que as
informações que estou dividindo aqui são relevantes para as mulheres,
que vivi em minha prática privada, e elas são mulheres primariamente
com atrações pelo mesmo sexo. Estou sutilmente consciente da
possibilidade de que tenha outros tipos de lésbicas que não são vistas na
minha prática ou que não estão interessadas em terapia, e que as
informações apresentadas aqui não necessariamente se aplicam a elas.

62
Minha posição como terapeuta é que meu cliente tem o direito da
própria determinação. Como um adulto eu respeito sua habilidade de
fazer decisões por si mesmo. Elas estão machucadas pelo controle
exagerado dos outros e querem ter certeza de não repetir esse padrão. A
teoria feminista irá dizer que um relacionamento hierárquico pode ser
prejudicial. Especificamente com essa população, eu concordo. A
colaboração é o meu objetivo, pois sou expert nesse assunto e ela é
expert sobre si mesma. Nós trabalhamos juntas para ajudá-la a dar passos
para frente, ajudando-a a fazer os ajustes desejados. Nós estamos
construindo confiança no relacionamento terapêutico e em seu eu
emocional. Ela precisa saber e ser assegurada de que eu investi bem nela.
Meu objetivo é a satisfação dela como pessoa e em sua singularidade (não
somente no que ela pode fazer).

Fundamentos da Terapia

Trabalhando através do emocional trazido por mulheres que lidam


com atrações pelo mesmo sexo (AMS), descobri cinco maiores áreas de
preocupação:

1. O terapeuta deve estabelecer uma boa relação de trabalho e ajudar


o cliente a desenvolver um forte senso de confiança no
relacionamento terapêutico. Isso é verdade para qualquer
aconselhamento, mas ainda mais para clientes lésbicas por conta do
nível profundo de trabalho emocional que será feito e a quantidade
significante de trauma que é frequente em suas histórias. Isso pode
ser facilmente realizado de seis meses a um ano antes que se
estabilize.

2. O terapeuta deve ajudar o cliente a identificar e lamentar as perdas


passadas ou abusos em sua família de origem e em qualquer outro
relacionamento ou situação (com colegas e irmãos ou em casos de
estupro). Muitas vezes existe uma grande tristeza e raiva que
precisa ser explorada e validada. Isso necessita do suporte e da
segurança de um ambiente terapêutico que “acolha”, o qual é
aquele espaço psíquico protegido provido pelo terapeuta, como
descrito por Winnicott (1969). Por vezes a depressão e/ou a
ansiedade pode ser tão intensa que o cliente pode experimentar o
que pode ser descrito como um medo da “aniquilação de si

63
próprio”. Medicamentos prescritos podem ser necessários durante
esse tempo para manter um funcionamento diário.

3. O terapeuta deve prover um ambiente onde sentimentos possam


ser explorados, validados e entendidos. Ao mesmo tempo, o
terapeuta ajuda o cliente em uma avaliação realista de si, porém
positiva, incluindo dons, talentos, traços de caráter, habilidades e
técnicas. Isso desenvolve um senso de confiança de si mesmo, a
qual leva a um forte senso de individualidade e ultimamente,
independência e vida adulta. Como terapeuta, a necessidade é de
ser um “espelho” preciso e de prover a empatia e mutualidade
necessária para o crescimento de si na relação.

4. O terapeuta encoraja o cliente a estabelecer modelos positivos e


amizades com ambos os sexos. O cliente tem que fazer a tentativa
genuína de buscar pessoas saudáveis, balanceadas e carinhosas que
possuam limites respeitáveis. Nesse ponto o cliente pode começar a
sentir um aumento da ansiedade de que outras pessoas poderão
perceber que ela é lésbica. O terapeuta deve dar apoio a ela
afirmando seu valor e seu direito de ser amada.

5. O terapeuta apoia o cliente em libertar, usar e conectar com si


mesma a “força da vida” ou libido. As mulheres precisam estar em
toque com seu próprio “querer” ou sua paixão pela vida. Essa força
da vida foi “pisada” ou repreendida enquanto ela estava crescendo.
Agora, ao invés de ser diretamente liberta, ela é controlada e vai
pelas “laterais”. Isso aparece no que chamamos de
comportamentos de agir para fora, como o extremo ódio, a inveja,
os comportamentos viciantes ou compulsivos. Existe uma
necessidade de ficar atento e estar em toque com desejos
verdadeiros, sentimentos, gostos e desgostos.

Estágio Um da Terapia

Construindo Confiança e Entendimento

No primeiro estágio da terapia, estabelecer um forte senso de


confiança entre terapeuta e cliente é o objetivo inicial. Construir essa

64
confiança faz ser possível começar a falar sobre as muitas perdas em
seu passado, enquanto se estabelece uma fundação do entendimento
que irá guiar o processo terapêutico.

Eu deixo isso bem claro aos meus clientes, de que AMS é uma
questão de desenvolvimento e não surgiu de uma natureza espiritual.
A relação do cliente com Deus, sua habilidade de orar, e sua conexão
com uma igreja local são bem importantes para seu desenvolvimento
espiritual e emocional, mas suas atrações não são resultados de
problemas espirituais. Sua caminhada com Deus permitirá que ela
possua a fé e a persistência necessária para trabalhar através desses
assuntos, mas não da maneira que ela trouxe AMS a si mesma. Eu
enfatizo isso, que embora não exista um “gene gay”, ser gay não é algo
que podemos escolher. Ao invés disso, é relacionado a questões de
desenvolvimento e relacionamento.

Tratando a Vergonha

Durante o estágio inicial da terapia, é também importante tratar a


profunda vergonha que vem do lidar com esse assunto da AMS em um
contexto cristão. Muitos de meus clientes afirmaram que se eles
fossem alcoólicos, usuários de drogas, adúlteros, ou até mesmo
assassinos eles receberiam menos condenação ou desprezo de suas
igrejas do que eles imaginam recebendo por causa de sua AMS. Sua
percepção pode estar imprecisa, mas eu acredito que há muitas vezes
uma tendência em igrejas a tratar desse assunto diferentemente de
outras questões, por conta de tantas desinformações. Eu falo aos meus
clientes sobre Romanos 1:26, que fala sobre homossexualidade, mas
digo a eles para continuarem lendo até o fim do capítulo. Ele continua
em uma lista de outros pecados além da homossexualidade, tais como
egoísmo, ódio, inveja, assassinato, brigas, mentira e fofoca. Meu
cliente e eu acabamos de falar sobre fofoca e como é tão excessiva na
Igreja e é muitas vezes escondida debaixo do disfarce da “oração”, o
qual parece fazer legítimo falar livremente sobre os problemas dos
outros. Somos todos pecadores e na necessidade da graça de Deus.
Nossos clientes precisam saber que eles não são diferentes de outras
pessoas quando se fala de ter uma natureza pecaminosa. Vou tratar da
vergonha de novo numa seção posterior.

65
Durante a terapia, junto com a construção da confiança, ouvir a
cliente e ajudá-la a lidar com vergonha, eu a avalio para descobrir
desordens de humor e/ou desordens de personalidade e traços. Eu
também começo a importante tarefa de educá-la nos fatores que
podem ter possivelmente contribuído para sua AMS e começo a
ensinar boas habilidades de enfrentamento. Eu quero que ela
claramente entenda as raízes comuns da AMS. Usei Terapia
Comportamental Dialética17 para ensinar as habilidades de
enfrentamento.

Identificando Fatores Contribuintes

Enquanto as mulheres são complexas em sua individualidade, elas


também têm uma básica necessidade que, quando negligenciadas ou
negadas, causam problemas de desenvolvimento. Essa dinâmica é
muitas vezes muito evidente em mulheres que lutam com AMS.
Grandes perdas de desenvolvimento como um resultado de abuso
e/ou rejeição fazem com que essas mulheres compensem pelas
primeiras perdas emocionais e físicas, fazendo com que elas muitas
vezes sexualizem seu desejo pelo que foi perdido. Isso as permite
enfrentar e de alguma maneira encontrar seus desejos, mas sem curar
a raiz do dano, essas mulheres terminam insatisfeitas, pois elas estão
tentando encontrar necessidades insaciáveis.

Bem (1996), em um esforço para entender o desejo sexual, pôs


adiante uma teoria chamada Teoria do Exótico se torna Erótico18. Suas
ideias podem ser aplicadas a mulheres e dão um bom início para
começar a entender o desenvolvimento do desejo sexual. Teoria de
Bem afirma que o que é exótico, estrangeiro, ou diferente a nós se
torna erótico. Ele explica que nos identificamos com o que nós somos,
e sexualizamos com o que não somos. O homem heterossexual busca
pela mulher, ou com o que ele não experimentou em sua conquista da
masculinidade. O homem que luta com a atração pelo mesmo sexo
nunca se identifica totalmente com sua masculinidade e, portanto
anseia pelo pênis, o qual simboliza para ele a masculinidade que ele
não tem. Para a mulher que luta contra a AMS, ela anseia por uma
conexão com outra mulher, e esse sentimento é tão forte que ela tem
medo de parar de existir sem ele.

17
Dialectic Behavioral Therapy (DBT)
18
Exotic Becomes Erotic Theory (EBE Theory)

66
Os fatores que se acredita contribuir para o desenvolvimento da
AMS em mulheres são: fatores biológicos/genéticos, influências dos
pais, interações com irmãos e colegas, abusos sexuais, escolhas e
influências da sociedade. Algumas mulheres têm somente alguns
desses fatores ao invés de todos eles.

Genética/Biologia: O termo “fatores biológicos” não infere que a


homossexualidade é biologicamente determinada, mas antes aponta
que podem existir fatores biológicos que contribuem para isso. Podem
ser o tipo de corpo, temperamento ou talentos e habilidades. Nesse
ponto do tempo, pesquisadores não encontraram evidência substancial
de que homossexualidade é biologicamente determinada. Estudos que
afirmam ter encontrado tal evidência são tanto anedotas ou
seriamente falhos. Mais informação sobre esses estudos podem ser
encontradas no site www.narth.com.

Depois de revisar todas as maiores explicações biológicas e estudos


sobre homossexualidade, Byne e Parsons (2003) propuseram:

Um modelo interativo no qual os genes ou hormônios não


determinam a orientação sexual por si, mas ao invés disso
desequilibram traços de personalidade e assim influenciam na
maneira na qual um indivíduo e seu ambiente interagem com a
orientação sexual e outras características de personalidade se
desenvolvem... Assume-se que orientação sexual deva ser moldada
e remoldada por uma cascata de escolhas feita no contexto de
mudanças de circunstância na vida e uma enorme pressão social e
cultural. (p. 236-237)

Entendendo a atração pelo mesmo sexo nas mulheres, Hallman


(2004) afirma que é importante olhar sobre como uma pequena garota
percebe e processa os efeitos de seu ambiente ou experiências em
relacionamento. Percepções individuais variam, o qual é o porquê duas
crianças podem crescer na mesma família e ainda descrever sua família
e experiências da infância diferentemente. Hallman diz:

É a interação de suas características e traços (natureza) únicos e


inatos com o ambiente ao seu redor e experiências com
relacionamentos (estímulos), resultando em uma infinidade de

67
percepções, crenças, respostas e internalizações, que forma tudo o
que é humano, incluindo a possibilidade da atração pelo mesmo
sexo. (p. 2)

Algumas das personalidades mais comuns observadas no trabalho


com mulheres que lidam com AMS são: inteligência acima da média, forte
sensibilidade, criatividade, habilidade analítica, curiosidade, um forte
senso de justiça, e habilidades naturais e interesses fora dos interesses e
talentos de estereótipos femininos, como o ser ativa e atlética. Se sentir
diferente de outras garotas pode criar insegurança e inferioridade de
gênero. De acordo com Dr. George Rekers (1995), professor de
neuropsiquiatria na University of South Carolina School of Medicine, “O
gênero não conforme na infância pode ser o único e mais comum fator
observável associado com homossexualidade,” assim como “o senso
retrospectivo de ter sido diferente de outras crianças” (p. 300).

Em mais recentes estudos, a fluidez da atração homossexual em


mulheres tem sido enfatizada, o que refuta ainda mais a
homossexualidade como uma condição fixa, biológica. Dr. Ellen Schecter
do Fielding Graduate Institute apresentou sua pesquisa à Associação de
Psicologia Americana. Seu estudo qualitativo incluiu entrevistas mais
profundas com onze mulheres que se autoidentificam como lésbicas por
mais de dez anos. Todas essas mulheres estavam em relacionamentos
heterossexuais no momento do estudo, os quais permaneceram por mais
de um ano (Greer, 2004). Essas descobertas dão suporte à pesquisa da
Dra. Lisa Diamond (2000) que concluiu, “Identidade sexual estava longe de
ser corrigida em mulheres que não são exclusivamente heterossexuais” (p.
241).

Dra. Kristine Falco (2001), uma terapeuta de afirmação gay, em seu


livro Psichotherapy with the lesbian client, objeta à noção de que a
identidade sexual é uma proposição – ser lésbica ou heterossexual. Ela
acredita que identidade sexual cai ao longo de uma continuidade,
especialmente para mulheres, e nota “Tanto a identidade quanto o
comportamento podem flutuar ao longo do tempo de vida de uma
mulher” (p. 93).

Mãe e Pai. No coração da mulher com atração pelo mesmo sexo há


uma não identificação com a mãe. Nós não queremos culpar os pais, mas
a relação com a mãe é muitas vezes um fator importante no

68
desenvolvimento da AMS. Hallman (2004) diz que o que é típico na
história da mulher com atração pelo mesmo sexo são falhas de conexão
com a mãe, resultando em uma não identificação (rejeição da mãe como
um modelo). Isso pode surgir de:

1. Um déficit real ou fraqueza maternal que surge do histórico de


conexão pessoal da mãe e de dificuldades de desenvolvimento;

2. Rejeição maternal atual, abuso, abandono ou trauma;

3. Separação acidental ou incontrolável, como morte, adoção,


doença grave, ou ausências obrigatórias devido à necessidade de
trabalho;

4. Uma postura defensiva que surge das percepções, sensibilidade


e conclusões imaturas da filha e/ou crenças a respeito da mãe;

5. Dificuldades durante a gravidez, nascimento e pós-parto.

Hallman (2004) afirma, “Um rompimento na conexão significa que


muitas mulheres com atração pelo mesmo sexo muito provavelmente vão
carecer de momentos consistentes de conexões carinhosas. Elas podem
ter perdido experiências significantes de terem sido objeto de atenção
regular, indivisível e envolvida de alguém” (p.2). É interessante notar que
as clientes lésbicas apresentam uma variedade de tons quando descrevem
seu relacionamento com suas mães. Algumas são muito bravas e
descrevem suas mães como abusivas, incapazes ou depressivas. Outras
irão dizer que elas tiveram um relacionamento muito bom com suas mães
e as amam muito. Para esse último grupo eu geralmente pergunto se elas
pensam bem de suas mães, o suficiente para querer ser como elas. A
resposta que eu tipicamente recebo é um bem profundo “Não!”. Penso
que muitas mulheres heterossexuais vão dizer que há algumas coisas que
elas gostam sobre suas mães e outras coisas que elas não gostam, mas a
maioria não irá ter significantemente uma resposta negativa quando se
discute identificação com suas mães. Eu acredito que isso mostra a perda
do núcleo em mulheres com AMS.

A não identificação com suas mães leva a uma não identificação


com sua própria feminilidade, que leva a ansiar por conexões femininas,
que se tornam sexualizadas na adolescência ou na vida adulta. Em outras

69
palavras, mulheres que lidam com atração pelo mesmo sexo estão
ansiando por uma conexão com a feminilidade de si mesmas que foram
negadas a elas ao longo de seu próprio desenvolvimento. Em vez de
encontrar a feminilidade em si mesma, elas olham para outra mulher para
obter a identificação e a conexão que está perdida.

Minha frase favorita nas origens do lesbianismo é do trabalho de


Siegel (1998), Escolha sem vontade. O título já explica o conflito envolvido
na AMS. Esse livro é fortemente psicoanalítico. A não ser que alguém seja
treinado em psicoanálise, é difícil de entender, mas a introdução de Siegel
por si mesma é muito valiosa. Ela descreve como ela conseguiu trabalhar
com um grupo de clientes lésbicas que estavam referenciadas em uma
clínica local de estudantes os quais os números estavam transbordando de
sua capacidade. Enquanto ela trabalhava com o grupo e seus assuntos
presentes, 75% resolveram seus problemas de atração pelo mesmo sexo.
Ela observou:

O narcisismo delas permanece coagulado. Seu dom básico para o


amor-próprio e autoestima nunca floriram. Era de se esperar que
elas preenchessem suas necessidades maternais, não as
necessidades delas. Desde o começo, elas receberam de uma ou
outra maneira a mensagem de que era inaceitável, até mesmo
perigoso, se tornar como suas mães. Claro, estou falando sobre
comunicação inconsciente do pai para o filho, não sobre negligência
manifesta. A mulher que lida com essa falta básica de conexão para
com suas necessidades infantis com grandes adaptáveis forças e
uma impressionante variedade de manobras criativas que, todavia
expressa: mamãe não me ensinou quem eu sou. Portanto, outra
como eu deve mostrar-me que eu tenho um eu sexual. Mas o
espelhamento que elas receberam de suas amantes femininas foi
tão distorcido quanto sua experiência primária maternal foi,
trancando-as no ciclo que nunca se acaba de repetida compulsão.
(Siegel, 1988, p. 22).

Pais são extremamente influenciáveis na vida de seus filhos,


primariamente por causa da dependência dos filhos e o poder que os pais
exercem sobre eles. Psiquiatra e autor, Daniel Siegel (1999), em seu livro,
A Mente em Desenvolvimento, fala sobre a importância da conexão da
criança com o pai. Ele diz:

70
Embora crianças se tornem apegadas com quem cuida delas, sejam
estes sensíveis e responsivos (ou não), o apego cresce na
comunicação previsível, sensível e sincronizada no qual o pai/mãe
mostra interesse e alinha estados de espírito com a criança. Estados
compartilhados permitem a amplificação de estados emocionais
positivos e a redução de estados negativos em conexões seguras. (p.
93).

Por conta disso, a maneira que uma criança é vista pelos pais
influencia grandemente no como a criança virá a entender quem ela é,
quais são suas forças, talentos, esperanças, sonhos, e crenças. Pais não
podem sempre ser responsáveis pelos comportamentos de seus filhos,
mas eles podem ser encarregados de como seus filhos se enxergam. Esse
processo de “espelhamento”, quando feito corretamente pelos pais e
quando é congruente com o como a criança percebe e se sente sobre ela
mesma, cria um forte senso de si na criança. Mulheres que lidam com
atrações pelo mesmo sexo descrevem uma falta de espelhamento próprio.
Isso é muitas vezes o resultado de abuso, negligência, mal-entendidos ou
má interpretação pelos pais ou possivelmente por outros membros
familiares ou autoridades significantes. Enquanto não há nunca uma
desculpa para abuso ou negligência, alguns pais são simplesmente não
atentos à necessidade que seus filhos têm e da importância do papel que
o pai/mãe deve completar. Alguns abusos ou negligência resultam da falta
de educação ou entendimento das necessidades dos filhos, ou porque as
perdas pessoais dos pais os deixaram indisponíveis para seus filhos.

Outro assunto proeminente para mulheres com AMS é a quantidade


de emaranhados em seus relacionamentos, ambos em relacionamentos
atuais e em sua família de origem. Esse emaranhado vem em assuntos
alheios a ponto de ser consumível e ultimamente não saudável por conta
da falta de respeito pela individualidade do outro. Em sua forma extrema
é uma preocupação sufocante com a outra pessoa, onde ambos são
limitados na sua expressão e cuidado de si mesmo.

Muitas vezes problemas conjugais tornam a mãe dependente de


sua filha para encontrar suas necessidades emocionais. Nesse caso, a filha
pode começar a ver a si mesma como uma substituição do homem
“incompetente”. Em outros casos, o pai se torna muito mais um amigo
para a filha em resposta ao conflito no casamento. O pai pode tentar
compensar as perdas na relação conjugal ao depender demais da filha,

71
tanto usando a como uma substituição emocional da mãe ou por negar
sua feminilidade e tratá-la como um filho ou um dos garotos. Em qualquer
situação, a filha sente seu eu verdadeiro abandonado e seus sentimentos
invalidados.

Em muitos casos de AMS, não é um ou outro, mas ambas as


relações com os pais que tiveram falta de uma conexão aconchegante e
segura. Junto com isso há a dor emocional feita à filha pela falta de
modelo positivo de como um esposo e esposa, homem e mulher, devem
se relacionar em um caminho emocional saudável. Isso deixa um vácuo
nas vidas de mulheres que lidam com AMS, pois falta entendimento de
como diferenças podem ser apreciadas e validadas em um relacionamento
mutuamente favorável e carinhoso. Ela vê poder sendo usado
inapropriadamente muitas vezes, como uma defesa ou como uma arma.
Por conta disso a filha não tem conhecimento de como esse poder pode
ser usado de uma forma protetora e de apoio. Isso causa inabilidade para
confiar nos outros ou para acreditar no senso de boa vontade entre
companheiros.

Em suma, para se conectar sexualmente com o “outro gênero”,


deve-se estar claramente identificado com seu próprio gênero. Mulheres
que lidam com AMS são geralmente incertas a respeito de sua
feminilidade por causa de uma inabilidade de conectar-se ou de se
identificar com seu eu próprio e com o principal papel feminino, a mãe.
Isso geralmente acontece por causa da dependência sufocante ou
hostilidade da mãe. O relacionamento com o pai também age aqui tanto
por sexualizar a filha ou por falhar em admirar sua filha como uma mulher.
Mulheres heterossexuais são, para elas mesmas, claramente mulheres,
geralmente se relacionam fácil como outras mulheres e são fascinadas
com os homens. Mulheres que tem AMS são fascinadas por outras
mulheres enquanto elas buscam a validação que lhes fora negada quando
crianças e anseiam estar conectadas com cuidadores amorosos e,
ultimamente, consigo mesmas.

Colegas e Irmãos. Mulheres com AMS quase sempre descrevem


brigas com colegas ou irmãos enquanto cresciam. Elas descrevem como se
sentiam diferentes e sozinhas, não tendo uma melhor amiga, sendo
deixadas de lado nas atividades em grupo, e até mesmo de serem
ridicularizadas. Elas muitas vezes descrevem a história de tentativa de

72
estabelecer um senso de pertencer, sendo rejeitada após grande esforço,
humilhação e ostracismo, tanto real como percebida.

Abuso Sexual. Embora abuso sexual não seja diretamente a causa


da atração pelo mesmo sexo, muitas mulheres que lidam com AMS tem
abuso sexual em sua história. Isso pode ter vindo de um pai, irmão, tio ou
conhecidos. Enquanto o abuso pode ser físico ou emocional, existe
geralmente uma violação das barreiras sexuais também. Ser sexualmente
violada ou objetivada pode acontecer através de comentários sexuais
inapropriados, que negue a privacidade adequada de idade ou que tenha
um pai com tendências voyeuristas. Em cada caso desses exemplos, a
garota é sexualmente violada sem nunca ter sido tocada. Isso pode erodir
futuramente seu senso de autoestima como mulher e pode causar uma
rejeição repulsiva em relação aos homens. Ela protege a si idealizando
mulheres que respondam a ela positivamente, e ela começa a conectar-se
com elas sexualmente enquanto desvaloriza os homens.

Escolha. Eu acredito que ninguém escolhe atrações homossexuais.


As experiências que levaram às atrações homossexuais muitas vezes
ocorreram antes da escolha ser um fator e muitas vezes antes das
memórias dos incidentes serem possíveis. Stern (1985), em seu livro, O
Mundo Interpessoal do Infante, descreve sua pesquisa nos fatores
influenciadores de pais sobre as crianças de seis meses de vida. Stern
descreve em detalhes incríveis a interação normal e apropriada entre mãe
e criança assim no qual a mãe encontra, ou levemente excede, o nível de
expressão da criança.

Um exemplo dos estudos de Stern (1985) que ilustra a influência


prejudicial de pais desde cedo envolve uma mulher o qual esposo foi
declarado emocionalmente retraído. Por ela não gostar do estilo de
relacionamento de seu marido, a mulher determinou interagir com seu
filho de um modo que ela esperava que o impulsionasse a ter mais
iniciativa. Stern documenta a interação dela de um modo
emocionalmente passivo que grandemente combinava com as expressões
de seu filho. Stern identificou comportamentos retraídos nesse infante
que criou distância emocional e relacional indesejada ao interagir com sua
mãe e outros. Influência precoce e profunda modela o desenvolvimento
comportamental do indivíduo. Desde que tais experiências modelam
desenvolvimento, muitas pessoas, quando questionadas sobre
comportamentos contra produtivos, dizem que “sempre foi dessa forma”.

73
Por causa de o padrão ter sido desenvolvido cedo na vida, elas não têm
memória de ter sido de outra maneira.

Nós temos escolhas de como iremos responder às lutas e


dificuldades que experimentamos na vida. Quando temos perdas precoces
em relacionamentos e sofremos por abuso, nós somos geralmente
impactados adversamente. Um efeito adverso é o desenvolvimento de
atrações e ações não desejadas. Quando o abuso ou a negligência
aconteceu, é importante encarar a dor e confusão e buscar suporte para
lidar com essas experiências. Isto é de onde as escolhas vêm. Cada pessoa
deve decidir se negam ou ignoram a dor e conflito, para agir nesses
conflitos internos, ou para buscar ajuda. Buscar psicoterapia é um dos
passos mais corajosos que algumas pessoas tomam. Muitas pessoas
evitam buscar ajuda até que todas as outras opções sejam exploradas e a
dor se torne grande o bastante para superar o medo da terapia e a
confrontação que a terapia necessita. Para a mulher que lida com AMS, o
desejo de encontrar uma resposta e uma solução gratificante rápida a um
problema profundo, doloroso e complexo é um desvio de como a dor
funciona e do doloroso entendimento que irá levá-la à mudança real e
crescimento. Isso é onde a questão de escolha se torna tão importante e
onde há indicação de que essas pessoas de moral forte e convicções
religiosas tem motivação para buscar ajuda e trabalhar no caminho da
maturidade. Tratar dessas questões ajuda a prevenir escolhas indesejadas
em resposta à dor da infância.

Não são todas as mulheres que dividem os traços de serem


emaranhadas em relacionamentos, de terem baixa autoestima, de
brigarem por aceitação dos seus semelhantes, de serem menos femininas,
ou de ter histórias de abuso sexual que irão lutar contra atrações pelo
mesmo sexo. Mas muitas mulheres que lutam atribuíram essas lutas e
dificuldades de serem diferentes ou fora da norma em sua sexualidade e
feminilidade.

Influências da Sociedade. Outro fator que pode contribuir é a


influência da sociedade. Nós vivemos em uma sociedade viciada
sexualmente, onde crianças são expostas a conteúdo sexual e muitas
vezes experimenta o sexo em idades precoces, antes que sua identidade
sexual se solidifique. Encontrar um parceiro sexual certo ou experimentar
uma variedade de situações sexuais fora da norma é uma solução
apresentada como desejável e/ou como uma solução para todos os

74
problemas do dia-a-dia e da insatisfação com a vida. As garotas muitas
vezes poderão entrar em relacionamentos sexuais com outras garotas
numa tentativa de ganhar a atenção dos garotos. Ainda, algumas garotas
exploram sua sexualidade com outras garotas como uma solução segura
para sua curiosidade sexual. Os jovens muitas vezes são encorajados a
reivindicar uma identidade gay antes que a formação da identidade seja
completada, o que pode gerar efeitos negativos prolongados.

Administrando Emoções

As mulheres são conhecidas como criaturas emotivas; elas se


conectam com a vida de uma maneira emotiva que é muitas vezes
diferente das maneiras que os homens se relacionam. Mulheres que lidam
com AMS têm por muitas vezes se negado, reprimido ou se desconectado
de seu próprio processo emocional, fazendo por fim com que certas
partes de si mesma fossem cortadas. Quando começam a se conectar com
suas emoções, muitas vezes elas se veem sobrecarregadas por seus
sentimentos e são incapazes de contê-los e administrá-los. Aí é onde
terapia pode prover a estrutura e assistência nas vidas dessas mulheres.
Frequentemente, é necessário ensinar habilidades de enfrentamento para
os clientes para ajudá-los a lidar com muitas emoções complicadas que
vêm com o processo de crescimento. A Terapia Comportamental Dialética
(TCD) (Linehan, 1993) é um método organizado e conciso que ensina essas
habilidades, que tem se provado muito útil para muitos clientes.
Brevemente falando, as habilidades ensinadas em TCD são a plena
consciência, a efetividade interpessoal, a regulação emocional e a
tolerância ao stress.

A terapia provê um espaço seguro para clientes explorarem e


começarem a entender seus sentimentos. O terapeuta também auxilia
clientes na integração de sentimentos no seu próprio senso de si.
Frequentemente, esses clientes perderam importantes experiências de
desenvolvimento porque o seu tempo, energia e foco estavam divergidos
à sobrevivência emocional e física. As muitas perdas da infância e
adolescência precisam ser identificadas e sofridas. Na época em que eles
deveriam experimentar diferentes interesses e maneiras de ser, foi
necessário proteger e defender o seu próprio núcleo das muitas pessoas
que deveriam estar ajudando sua exploração e descoberta de si mesmo e
da vida. É importante que os terapeutas encorajem o desenvolvimento de
um ego observador. Isto é, a habilidade de voltar atrás e observar a si

75
mesmo em uma variedade de situações e interações. Isso permite uma
monitoração objetiva de comportamento, pensamento e sentimento, o
que é necessário para entender motivações, medos e desejos.

Estágio Dois da Terapia

O segundo estágio da terapia consiste em ajudar o cliente a lidar


com o processo de sofrimento. Isso acontece naturalmente. Eu nunca
posso prever quando isso irá acontecer, mas enquanto eu faço perguntas
para tentar aprender sobre as histórias de meus clientes e encontrar o
como era para eles crescer, aí vem um tempo de tristeza profunda. Eles
irão muitas vezes regressar emocionalmente à idade em que eles
lembram ter começado a estar em contato com as grandes perdas do
passado.

Como uma terapeuta, reconheço que nos termos de Relações


Objetivas, houve um “espelhamento impreciso” e que é o meu trabalho
ajustar isso, para que eu seja um espelho exato para meu cliente. Mas de
onde eu começo quando minha percepção está tão distante da dela? Eu
começo com a vergonha, curiosamente explorando o que significa, como
se sente e de onde veio, quão longe para trás elas podem lembrar ter se
sentido dessa maneira e em quais situações isso é mais provável que
aconteça.

Uma música de Shaina Noll (1992) expressa essa tristeza. Eu irei


tocar essa música em meu consultório ou irei enviar o CD para minha
cliente, assim ela poderá mergulhar nas palavras. Sempre há uma resposta
profunda a essa canção e o meu querer é que ela saiba isso sobre ela. Há
muitas vezes lágrimas de alegria e de tristeza acompanhando a canção. As
palavras são:

Como alguém pode dizer-lhe, você é nada menos que bonita?


Como alguém pode dizer-lhe, você é nada menos que tudo?
Como alguém nunca notou que seu amor é um milagre?
E como você está conectada a minha alma.

A melhor maneira de explicar o que está perdido é ver o que


acontece em relacionamentos saudáveis entre pais e filhos e, mais
especificamente, entre mãe e filha. Em relacionamentos saudáveis, nós

76
vemos uma mãe amavelmente segurando seu bebê em seus braços e
cantando suavemente, dizendo à sua filha o quanto ela a ama, o quanto
ela é maravilhosa e linda e o quanto ela está emocionada por ser sua mãe.
No primário, aquela mesma mãe diz o quão maravilhoso foi assistir ela
cantando com todo seu coração em um evento da escola e que ela era a
mais bonita do palco. Na adolescência, sua mãe pode dizê-la que seu
sorriso é lindo e seus olhos brilham quando ela fala sobre algo que ama.
Essa mãe pode mostrar o quão lindo é quando ela cuida de algo tão
apaixonadamente. Geralmente, quando a criança cresce, ela casualmente
para com esse tipo de comentário sentimental. Ela pode responder
dizendo, “Bom, você deve dizer isso, você é minha mãe,” ou “Você não
pode ser objetiva, sou sua filha”. Embora ela possa dispensar a afirmação,
ela ainda aparece e geralmente muito bem recebida. A casa é o lugar onde
uma criança sabe que é amada, pra melhor ou pior.

Muito frequentemente, os pais são rápidos para corrigir e devagar


para elogiar. No caso de mulheres que lidam com AMS, vejo que há muitas
vezes uma falta de ressonância se o elogio realmente foi dado, e mais
ainda se não há memória de elogios. Isso muitas vezes é devido ao
crescimento em uma atmosfera negligente ou abusiva. É sabido que se
uma pessoa mantém uma autoestima positiva, ela necessita de uma
relação saudável de muitos positivos para todo negativo recebido. Para
mulheres com AMS, o problema vai além da falta de autoestima para um
profundo sentimento de vergonha em relação ao seu senso de si principal.

Brown (2004) procurou extensivamente sobre o assunto da


vergonha na vida de mulheres. Seu trabalho nessa área é especialmente
relevante para mulheres que lidam com AMS. Ela afirma:

A vergonha é o sentimento ou experiência intensamente dolorosa


de acreditar que estamos falhos e, portanto sem valor de aceitação
e amor. Mulheres muitas vezes experimentam vergonha quando
elas estão mergulhadas em uma teia de expectativas conflitantes
entre o social e a comunidade competitiva. A vergonha deixa as
mulheres se sentindo presas, sem força e isoladas. (p. 30).

Brown (2004) diferencia a culpa, o constrangimento e a vergonha.


Ela reporta que, ao contrário do efeito paralisante da vergonha, a culpa
muitas vezes nos leva a fazer emendas ou mudar nosso comportamento.
O constrangimento, ela diz, é muito menos sério do que a culpa ou a

77
vergonha. O constrangimento é passageiro, muitas vezes engraçado e
muito normal. Nós sabemos, ou pelo menos já ouvimos falar sobre o que
acontece a outras pessoas e nós sabemos que isso passa. A vergonha, por
outro lado, é muitas vezes permanente, devastadora, e nos faz sentir
muito anormais e sozinhos.

Brown (2004) diz que a vergonha crava silêncio e sigilo, e que o


verdadeiro poder da vergonha é que ela nos faz sentir mais isolados no
que nós realmente temos em comum – a necessidade de nos sentirmos
afirmados e aceitos e saber que não estamos sozinhos. Ela lista quatro
elementos que foram compartilhados por mulheres que demonstram
altos níveis de resiliência da vergonha. Eles são:

1. A habilidade de reconhecer a vulnerabilidade pessoal;

2. Altos níveis de consciência crítica sobre sua vergonha;

3. A vontade de chegar aos outros e;

4. Um entendimento de como a vergonha funciona (p. 56)

Brown relata que nosso melhor antídoto para a vergonha é a


empatia. Isso é a fundação de nosso trabalho como terapeutas e uma
técnica que é requerida no trabalho com mulheres com AMS. Miller e
Stiver (1997) escrevem:

O fenômeno da empatia é básico para todos os nossos


relacionamentos. Ou nós lidamos com os sentimentos que são
inevitavelmente presentes nas nossas interações ao nos relacionar
uns com os outros – ou nós o evitamos. Se evitarmos os outros sem
transmitirmos reconhecimento da existência de seus sentimentos,
nós inevitavelmente deixaremos a outra pessoa diminuída em
algum grau. Também estamos inevitavelmente evitando se envolver
totalmente com nossa experiência, lidando com ela menos de forma
ideal – isto é, em isolamento (p. 35).

Muitas mulheres que tem atração pelo mesmo sexo relatam sentir
esse isolamento emocional ou experimentar esse “afastamento” da
família de origem. Isso pode ser resultado da depressão da mãe ou
negligência emocional por conta da separação. Isso pode resultar de

78
abuso emocional, físico ou sexual. A revista Parade (Fong-Torres, 2004)
publicou uma entrevista com Ellen DeGeneres, famosa comediante e
lésbica, intitulada Eu Quero Fazer as Pessoas Felizes. Sua história é uma
ilustração dessa dinâmica. Ela descreve crescer em uma casa muito quieta
com muito pouca comunicação em família. Ela diz,

Quando meus pais se separaram, minha mãe passou por um


período muito difícil. Eu a via chorando muito, então eu a fazia rir.
Ela ria tão forte que eu imitava sua risada, e isso fazia com que ela
risse mais ainda. Eu de repente percebi que eu era a cuidadora de
minha mãe de várias maneiras por conta do poder do humor. Então
eu penso, em certo nível, que aquela consciência de que eu podia
fazer outras pessoas felizes deve ter nascido naquele tempo (p. 4).

No meio de sua própria dor, Ellen descobriu uma maneira de lidar,


uma maneira de difundir a vergonha: o riso. O riso, quando usado
propriamente, é uma poderosa ferramenta e deve ser integrada nas
sessões de terapia quando apropriado. McMillam, um pesquisador que
trabalha com Brown, escreve:

O riso é a evidência de que o domínio absoluto da vergonha foi


afrouxado. Conhecer o riso é o momento que sentimos a prova de
que nossa vergonha foi transformada. Como a empatia, ele remove
a vergonha até o osso, rouba seu poder e a obriga a sair do armário.
(Brown, 2004, p. 106).

A falta de empatia em relacionamentos significativos durante os


anos críticos de desenvolvimento é tipicamente uma parte da história de
mulheres com AMS. Em um trabalho feito no Wellesley College’s The
Stone Center, a importância do “si na relação” foi identificada no
desenvolvimento, individualização e no processo de amadurecimento das
mulheres (Jordan, Kaplan, Miller, Stiver & Surrey, 1991). O
desenvolvimento da empatia e mutualidade são vistos como uma
fundação na experiência desse “si na relação”, e acredita-se que ele se
origina no relacionamento ente mãe e filha (Jordan, et al., 1991). Miller
(1976) afirma, “O senso de si das mulheres se tornam muito bem
organizados em torno de serem aptas a fazer e então manter afiliação e
relacionamentos” (p. 83). Através de relacionamentos, as mulheres se
sentem entendidas enquanto tem suas diferenças validadas, resultando
no fortalecimento de si.

79
Estágio Três da Terapia

Ao ter lidado com o processo de aflição, culpa, vergonha e tristeza,


começamos a entrar no terceiro estágio de crescimento, o
reconhecimento de sua força pessoal, talentos e maneiras de estar no
mundo. Surrey (Kaplan, et al., 1991), em seu trabalho do The Stone
Center, diz que o elemento básico do si principal em mulheres pode ser
sumarizado à:

(1) Um interesse em e atenção à(s) outra(s) pessoa(s), o qual


forma a base para a conexão emocional e a habilidade de
empatizar com outros; (2) a expectativa de um processo
empático mútuo onde compartilhar da experiência leva ao
intenso desenvolvimento de si e do outro; e (3) a expectativa
de interação e relacionamento, como um processo de
sensitividade mútua e responsabilidade mútua que provê o
estímulo para o crescimento do fortalecimento e
autoconhecimento. (p. 58).

Isso descreve o desenvolvimento de si no contexto de um


relacionamento mutuamente respeitoso, ou o que Surrey (Kaplan et al.,
1991) refere-se a resposta/ habilidade. Ela diz que em um relacionamento
mãe e filha isso envolve a habilidade de ver o outro enquanto faz-se
conhecido no cuidado mútuo e é um aspecto fundamental do aprender.
Jordan (1991), em seu estudo do “Significado da Mutualidade” sugere,
“Para mulheres a experiência de si é intimamente ligada ao
relacionamento.” Ela continua dizendo que o desenvolvimento de si
“procede através diferenciação relacional e elaboração em vez de ser
através do desengajamento e separação” (p. 87-88).

No relacionamento terapêutico esse desenvolvimento de “si na


relação” requer uma autenticidade emocional do terapeuta enquanto o
cliente está engajado no trabalho da própria descoberta. Embora o
terapeuta necessite ser emocionalmente disponível para prover a empatia
e mutualidade necessária, é absolutamente necessário que laços fortes e
saudáveis sejam mantidos. Nesse processo de crescimento no
relacionamento, clientes muitas vezes experimentam um senso forte de
dependência de seu terapeuta, que pode dar a sensação de estar seguro e
forte e ao mesmo tempo vulnerável e ameaçado. Muitas vezes o que é

80
visto é uma montanha russa de emoções similar aos altos e baixos da
adolescência, mas com mais intensidade e grande frequência de emoções.
Com a intensidade emocional vem outra dinâmica significante chamada
de “desapego defensivo”, descrito em detalhes por Moberly (1993). Ela
afirma,

Um princípio subjacente constante sugere-se a partir do meio de


uma confusão de detalhes: de que o homossexual – seja homem ou
mulher, sofreram de algum déficit no relacionamento com seu pai
do mesmo sexo; e que há um drive correspondente para fazer bem
esse déficit através da média das relações com o mesmo sexo ou
“homossexuais”. (p.2)

Ela teoriza que em algum lugar da história da criança há uma


interrupção do apego ao pai do mesmo sexo e isso interfere com o
processo de identificação de gênero e de modelo que ocorre
naturalmente. Ela diz que a criança defensivamente dá as costas à
dependência dessa fonte de amor e desenvolve uma resistência para
restaurar o apego com o pai/mãe. Ela continua a dizer que esse “desapego
defensivo” leva a um “drive reparativo” o qual é a raiz para a ânsia
homossexual. Ela diz que a tensão resultante entre o desapego defensivo
e a ânsia reparativa leva às dinâmicas de empurra/puxa, ama/odeia que
são vistas em relacionamentos do mesmo sexo (Moberly, 1993, p. 6).

Essa dinâmica de empurra/puxa e ama/odeia é vista nos


relacionamentos terapêuticos quando se trabalha com mulheres com
AMS. O reparo vem devagar, ao longo do tempo, quando o terapeuta
pode consistentemente responder empaticamente enquanto mantém
ligações saudáveis e um forte senso de si. Apoiar o processo de angústia,
junto com o espelhamento preciso de si permite que as mulheres com
AMS comecem a confiar.
Gilligan (1982), um teorista em desenvolvimento, afirma que
homens tipicamente individualizam ao se separar da família e
estabelecem sua independência e identidade adulta através de sua
carreira. Pesquisas indicam que homens passam mais tempos sozinhos na
adolescência do que mulheres e mais tempo sozinhos na adolescência do
que na latência19. Isso é o começo de seus processos de individualização.
Gilligan descreve o processo de individualização da mulher

19
Se trata de um estágio de desenvolvimento descrito por Freud, que se refere ao período de 6 anos de
idade à puberdade.

81
completamente diferente da individualização do homem. Ela afirma que
mulheres individualizam no contexto de relacionamentos. Elas mantêm
conexão com a família enquanto se esforçam em direção ao objetivo de
desenvolver seus talentos e habilidades. Elas encontram seu nicho e são
vistas e tratadas diferentemente (como adultas) pelas mesmas pessoas
com quais elas mantiveram relacionamentos através do seu processo de
individualização. Indiscutivelmente, isso pode parecer tomar mais tempo
do que o processo masculino, mas Gilligan afirma que geralmente homens
e mulheres alcançam o mesmo nível de individualização em seus 30 anos.
De fato, ela afirma que geralmente os homens em seus 30 estão
começando a tarefa de reestabelecer esses laços emocionais que eles se
afastaram quando adolescentes.

O trabalho de Gilligan (1982) foi para pesquisar e mostrar os únicos


processos de mulheres à medida que elas individualizam. Ela contrasta
suas teorias de desenvolvimento em mulheres com a teoria moral de
desenvolvimento tradicionalmente aceita, estabelecida por Kohlberg
(1981). Ela descreve o processo pelo qual mulheres desenvolvem uma
ética de cuidar, vendo a moralidade nos termos de suas responsabilidades
para com outros ao invés dos direitos individuais ou uma moralidade de
justiça, como tipicamente se vê no desenvolvimento masculino. Gilligan
traça o desenvolvimento de mulheres através de três níveis, cada um
refletindo uma diferente resolução ao conflito entre responsabilidade de
si e responsabilidade de outros. Os três níveis são descritos como o
cuidado de si (sobrevivência), o cuidado de outros (bondade) e cuidado de
si e dos outros (verdade). Ela descreve as transições do egoísmo à
responsabilidade e então da conformidade à escolha. Suas conclusões são
relevantes ao emaranhado nas relações de mulheres que lidam com
atrações pelo mesmo sexo. Mulheres que tem AMS, em sua necessidade
de sobrevivência, tem negado sucesso no cuidado com o próximo, e
ultimamente, com elas mesmas. Quando a mulher com AMS segue em
frente à individualização, a escolha antes dela é atender ao cuidado de si,
inicialmente negando-a em seu relacionamento com a mãe, mas
reparando-a com o suporte de seu terapeuta. Isso permite que ela
preencha o vácuo e o vazio que ela procurou preencher em seus
relacionamentos românticos com o mesmo sexo. Em tempo, a conexão
com ela mesma permitiu que a confiança nela mesma e então, nas outras
pessoas em sua vida.

82
Como um terapeuta, somos ensinados a evitar criar dependência
em nossos clientes. Mas ao trabalhar com mulheres AMS, o objetivo é
permitir o crescimento de dependência saudável, dando à mulher AMS
uma experiência de ser vulnerável e segura ao experimentar seu próprio
eu. Isso é o começo; daqui ela pode levar essa experiência com ela, fora
do mundo, procurando por outros relacionamentos saudáveis. Ela está
agora apta a fazê-lo de todo coração, sem o medo que previamente a
manteve longe de admitir suas próprias necessidades. O terapeuta a apoia
e a afirma quando a cliente começar a estabelecer amizades saudáveis
com pessoas atenciosas, de ambos os sexos.

Após ela ter tomado os passos de resolução da aflição, mantendo


um forte senso de si, e desenvolvendo amizades saudáveis do mesmo
sexo e do sexo oposto, ela pode começar a explorar a possibilidade de um
relacionamento íntimo com um homem. Cedo ou tarde isso pode trazer as
velhas perdas, as quais ela deverá também sofrer. Esse processo
necessita de um relacionamento seguro, reafirmador, empático, muitas
vezes com um terapeuta. O relacionamento terapêutico provê apoio
enquanto ela lida com uma nova perspectiva de velhos medos, o qual
parece ser para ela novos medos. O sofrimento muitas vezes é dividido
por camadas, como uma cebola, e é tratada camada por camada
enquanto a vida continua. Enquanto não há atualmente nada diferente,
cada camada em vez disso vai mais profundamente ao centro da
verdadeira questão. Ao começar a contemplar a possibilidade de um novo
tipo de relacionamento ela experimenta algumas inseguranças e tem todo
tipo de questões que precisam ser dirigidas. Ensaiar as questões e
respostas com o terapeuta muitas vezes ajuda a acalmar os medos. Pode
se incluir alguns dos seguintes itens:

Como posso dizer se ele realmente gosta de mim?


Como você pode dizer se qualquer pessoa gosta de você?
O que eu devo dizer se ele falar isso? O que você quer falar?
O que devo fazer?
Seja si mesmo.
O que acontece se ele não gostar de mim.
Isso irá ser decepcionante, mas você ficará bem. Você gosta de todo
mundo que encontrou?

É importante estampar nela a necessidade de diminuir o ritmo, se


divertir, e não se tornar tão intensa rapidamente, o que é muitas vezes o

83
caso de relacionamentos com o mesmo sexo. Eu reafirmo a ela que a
maioria dos homens irá aceitar sua história sexual, mas ela deve ter
certeza de que o relacionamento está forte antes de compartilhar isso,
pois não é todo mundo que tem o direito de saber isso sobre ela. Muitas
mulheres com AMS tem medo de que os homens estão primariamente
focados em sexo. Minha resposta é que um relacionamento íntimo inclui
proximidade emocional, espiritualidade e sexualidade. Se um homem quer
somente sexo, uma prostituta seria mais fácil. Ela pode também
reconhecer que por mais que ela cuide desse homem, ele tem um pênis, o
que é muitas vezes visto como uma arma. Esse medo deve ser orientado,
e pode ser confrontado ao ajudá-la a mover além de sua imagem de um
perigoso pênis sem corpo para algo que é parte do homem que ela ama.

Meu medo como terapeuta é que meu cliente retorne ao vácuo da


desconexão e “objetifique” a si mesma como ela já fez em
relacionamentos anteriores. É importante que ela tenha liberdade para
tratar conflitos no relacionamento e que aquela boa comunicação seja
mantida. A terapia de casais ou os livros sobre casamento podem ser úteis
e importantes. Gottman (1991) e Allender (1995) são dois autores
recomendados nessa área. The Sexual Healing Journey por Maltz (1991) é
também um livro que tem sido bem útil a mulheres enquanto elas se
movem para um relacionamento sexual e descobrem que elas estão
emocionalmente e fisicamente acionadas por relações e abusos passados.

Terapia com Mulheres Bissexuais

O que é a experiência da mulher bissexual? Tenho uma variedade


de mulheres descrevendo isso da seguinte maneira:

 Quando se assiste uma cena de amor em um filme, é difícil


decidir se você quer ser a mulher, ou o homem pegando a
mulher.
 Algumas vezes me sinto masculina, algumas vezes feminina.
 Posso ir por ambos os caminhos.

A mulher bissexual geralmente tem as mesmas questões de


desenvolvimento no qual, como filha, ela não se identificou com sua mãe.
Ela pode ser devota à sua mãe, amá-la muito e achá-la ótima, mas
tipicamente ela não aspira ser como sua mãe. Ao explorar questões de
mãe/filha na terapia, ela pode revelar que ela não gosta tanto de sua mãe,

84
mas ela se sente culpada por dizer isso. Ainda, ela geralmente está ciente
de propositadamente não se identificar com sua mãe. Ela quase sempre
nunca teve amigas próximas enquanto crescia. O relacionamento entre
Anne e Diana no livro, Anne of Green Gables (Montgomery, 1908), é um
bom exemplo do tipo de conexão que estava faltando em suas vidas. Essa
história, que é também um filme, mostra essa amizade adolescente de
coração para coração que era chamada de “amigos íntimos”. Isso é algo
que claramente estava faltando na vida de meus clientes com AMS
enquanto cresciam.

Conexões com homens são geralmente tênues. Ela muitas vezes irá
falar com carinho sobre seu pai, mas o relacionamento é extremamente
fraco por conta da sua falta de iniciativa. Em alguns casos ele foi arrogante
ou ausente. Ela geralmente desenvolve interesse em homens mais tarde
na adolescência ou cedo na vida adulta.

Em minha prática, a maioria das mulheres bissexuais busca


aconselhamento quando suas atrações por mulheres interferem em seu
casamento. Os casamentos estão muitas vezes conturbados, com falta de
habilidades positivas de resolução de conflitos. Eles são geralmente
rígidos nas expectativas de papéis e faltam de intimidade emocional. A
mulher muitas vezes relata ter feito sexo com seus maridos fora do senso
de dever ou enquanto fantasiava estar com uma mulher. Eu geralmente
recomendo um conselho marital durante esse tempo de terapia intensa
para a mulher bissexual. Embora ela não esteja pronta a investir
profundamente em reparar seus casamentos, é importante o casal ter um
lugar seguro para falar sobre o que está acontecendo na vida conjugal
para começar a examinar as várias questões que foram evitadas por tanto
tempo. Eles precisarão de um terapeuta que claramente entenda atrações
pelo mesmo sexo e as questões de desenvolvimento infantil que
acompanham essa situação.

Eu não tenho expectativas de que o relacionamento com a pessoa


do mesmo sexo irá acabar. Estou curiosa sobre a atração, sobre o que ela
vê nas outras mulheres, e porque o relacionamento é tão satisfatório. Eu
também estou curiosa em saber sobre a visão de seu marido a respeito da
relação do mesmo sexo e como isso está afetando seu casamento. Esse
questionamento a faz ir mais fundo e trabalhar para entender a si mesma.

85
Tipicamente, o relacionamento pelo mesmo sexo é emocionalmente
emaranhado e muito sexualmente ativo. Existe um tempo no
relacionamento onde a única coisa que parece importar é o parceiro do
mesmo sexo. Eu muitas vezes descrevo isso como um vício. Duas pessoas
em um relacionamento enredado emocionalmente agem como se eles
não estivessem sóbrios. Seu funcionamento diário e trabalho são
limitados pela obsessão com o parceiro. Nosso objetivo então é manter o
relacionamento apropriado, pois é aparente que esse nível de
engajamento não pode continuar sem gerar uma enorme interrupção em
suas vidas diárias.

Ao trabalharmos para dar suporte à sua individualização, muitas


coisas boas podem vir do relacionamento com o mesmo sexo. Eles muitas
vezes ajudam e apreciam a singularidade de cada um. Eles validam um ao
outro pelo que são e dão suporte uns aos outros em sua feminilidade de
maneiras muito íntimas que eu, como terapeuta, não poderia replicar.

Conforme a individualização progride, há muitas oportunidades de


conflitos entre parceiros do mesmo sexo. Esse é um tempo de instruções e
treinamento para construir resoluções de conflitos e habilidades de
regulação emocional. Este pode ser um tempo muito difícil, mas à medida
que ela trabalha para entender a si mesma e sua parceira, enquanto
trabalha para evitar perder a si mesma em sua parceira e no forte
relacionamento sexual, ela ganha maturidade emocional. Suas perdas
específicas da infância muitas vezes são reparadas, pelo intenso
relacionamento emocional e físico com o mesmo sexo. Eu pontuo isso
dizendo “Deve ser muito bom para ela entender você dessa maneira.
Acredito que você não teve muito isso quando criança”.

Geralmente, na mulher bissexual, há uma capacidade para


gratificação tardia. Ela pode lidar mais facilmente com os altos e baixos do
relacionamento e não é tão ameaçada por maus entendidos. Conforme
um grande respeito pela individualidade de cada pessoa se desenvolve e
um entendimento do seu eu emocional se torna seguro, a obsessão é
substituída por uma forte amizade. Em tempo, ela começa a entender que
a necessidade inicial pelo outro que parecia tão essencial é uma tentativa
desesperada de preencher um vazio que foi baseado em perdas da
infância. Muitas vezes, com o tempo ela começa a acreditar que a
verdadeira amorosa coisa a se fazer é evitar relacionamento sexual com o
parceiro do mesmo sexo.

86
Preocupações Práticas para os Terapeutas

Os terapeutas podem precisar tratar das questões de sintonia, de


desmantelar defesas, do cuidado de si mesmo e das conexões saudáveis.
Mulheres com AMS são muito sensíveis. Haverá provavelmente tempos
que nós não as entenderemos da maneira que elas desejam
entendimento. Eu sou geralmente cuidadosa para ter certeza de que
estou certa em minhas suposições, mas às vezes eu perco isso ou sou
imprecisa. Eu aviso minha cliente sobre essa possibilidade e peço a ela
para me avisar se isso acontecer. Quando um cliente, especialmente uma
mulher com AMS, tem a coragem para falar e me avisar que eu não estava
em sintonia com ela, eu sempre aplaudo sua coragem. Adicionalmente,
sempre digo que é normal no relacionamento humano se enganar ou
perder alguma coisa. Nós todos temos maneiras únicas de percepção, mas
se esforçar para entender a perspectiva do próximo é o melhor que
podemos oferecer.

Na área de desmantelar defesas, precisamos ter certeza de que


nosso cliente tem boas habilidades de enfrentamento enquanto a
desafiamos a expandir sua experiência pessoal de si. Tanto o cliente
quanto o terapeuta precisam ter expectativas realistas, caso isso demore
mais do que esperávamos. Tempo e paciência são necessários para esse
processo.

Conforme nossos clientes trabalham através das dores do passado e


perdas em relacionamentos, é importante que estejamos abertos a nos
relacionar genuinamente com eles. Isso significa que precisamos atender
nossas próprias necessidades e achar completude em nossos próprios
relacionamentos e então não seremos dependentes de nossos clientes
para uma própria gratificação. Eu tive uma supervisora a qual nós a
chamávamos de “rainha do cuidado próprio”. Ela sempre era rápida em
nos lembrar de que tínhamos somente nós mesmas para trabalhar e que
nós precisávamos ser saudáveis enquanto interagíssemos com nossos
clientes. Para mim, cuidado próprio inclui o encontro com meu próprio
terapeuta, ter alegria na minha vida privada, e permanecer balanceada.

É importante entender o conceito de fluidez, o qual se refere à


evolução espontânea ou a transformação da atração sexual, preferências,
comportamentos ou identidade. Esse conceito é diferente do conceito de

87
mudança, o qual envolve esforço intencional direcionado a alterar ou
mudar a atração sexual, preferências, comportamentos ou identidade.
Conforme mencionado, muitos pesquisadores atestam para a realidade da
fluidez sexual feminina (Diamond, 2000; Falco, 2001; Schecter, 2004). Essa
evidência substancial, no entanto, não diretamente traduz-se na prova de
que qualquer mulher com AMS pode facilmente mudar ou alterar suas
atrações pelo mesmo sexo. No entanto, confirma que sentimentos sexuais
e comportamentais não são absolutamente imutáveis ou imudáveis. O
nível o qual uma mulher com AMS pode ou vai experimentar de mudança
irá variar de acordo com sua história, com a natureza de seus sentimentos
pelo mesmo sexo e comportamentos e com as circunstâncias atuais e
motivações para fazê-lo.

Digo aos meus clientes que a mudança é possível, mas que não há
garantia. Mais do que qualquer coisa, eu as encorajo a fazer o trabalho
difícil de individualização, então elas poderão ser claras sobre quem elas
são e o que elas querem da vida. Eu digo a elas que não é possível serem
aptas a verdadeiramente amar ao outro até que elas totalmente amem a
si mesmas. Eu cito Jesus, dizendo “Ame o seu próximo como a si mesmo.”
(Matheus 19:19, Nova Versão Internacional). Essa escritura assume que
somos abertos a nos amar primeiro, o qual é a base para um
relacionamento saudável. Minhas clientes entendem que essa é uma área
difícil e nós muitas vezes falamos de como elas “perdem a si mesmas em
outra mulher”.

Algumas de minhas clientes, as quais os objetivos determinados


estavam para superar a atração pelo mesmo sexo, ao invés disso
concluíram que eram lésbicas e que estavam presentemente confortáveis
em amar uma mulher. Em tais casos, elas muitas vezes pensam se eu irei
ou não continuar a trabalhar com elas. Eu sempre certifico que eu
certamente irei continuar trabalhando com elas. E então pergunto se
realmente elas pensaram que eu iria negar trabalhar com elas.
Geralmente, elas dizem que pensaram que eu ficaria bem com essa
escolha, mas que elas deveriam perguntar de qualquer forma, para deixar
claro. Eu entendo isso, e aplaudo a coragem delas. Minha perspectiva é
que não é meu papel mudar quem quer que seja, mas sim dar suporte em
viver uma vida saudável.

Eu creio que todos merecem o serviço de um bom terapeuta com


saudáveis conexões, e eu acredito que é meu papel aconselhar e dar

88
suporte ao crescimento. Gosto da escritura de I Coríntios 3:6-8, que
explica que uma pessoa pode plantar uma semente e outra pessoa pode
regá-la, mas Deus é quem faz crescer. Esse verso me dá a garantia de que
pessoas estão em processo e que não é minha responsabilidade fazê-las
mudar. Eu também vejo que a mudança é algo que eu não posso prever.
Disse anteriormente sobre um cliente que estava envolvido em
relacionamentos homossexuais por mais de trinta anos, mas no processo
de trabalho de sua individualização ela decidiu querer encontrar um “bom
homem”. Outra cliente via a si mesma como heterossexual até completar
trinta e cinco anos, quando ela teve um romance de duas semanas com
uma mulher e então veio me ver. Depois de trabalharmos juntas por mais
ou menos três anos, ela concluiu que se sentia confortável em ser
homossexual e que queria ficar em um relacionamento lésbico. Eu ainda
trabalho com ela, e nosso foco é manter sua individualidade enquanto ela
fica conectada, para que ela não se perca no seu relacionamento íntimo.

Conforme essas mulheres se esforçam para crescer, a questão da


individualização é crítica. Não há garantia de que um indivíduo que tratou
de suas questões não irá mais lidar com desejos homossexuais ou que ele
será feliz em um relacionamento heterossexual. No entanto, trabalhar a
individualização permitirá que ela seja mais forte e esclarecida sobre
quem ela é, e quais são as suas necessidades para relacionamentos
saudáveis e felizes para que tenha mais satisfação em sua vida.

89
Referências

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91
Capítulo Quatro

Conceitos Básicos da Terapia


para Mulheres com Atrações
Homossexuais Indesejadas
Janelle Hallman
Introdução

Betty, a mais velha de quatro crianças, foi essencialmente criada por


uma mãe solteira nos primeiros quatro anos de sua vida. Seu pai, um
homem militar, estava na estação a meio mundo de distância durante seu
primeiro tempo de formação e somente visitava a sua nova família uma
ou duas vezes no ano. Quando era uma criança muito nova, por alguma
razão Betty muitas vezes chorava. A mãe de Betty, como muitas mulheres
de sua geração, seguiu as sugestões do mais autoritário pediatra de seu
tempo, Dr. Spock. O conselho popular naquele tempo era de que os pais
não deveriam pegar seus filhos no colo enquanto eles choravam, pois isso
poderia estragá-los. Então, quando a mãe de Betty queria confortar sua
filha, tentava seguir as regras daquela época para se tornar uma “boa”
mãe. Ela deixava Betty chorando sozinha até que ela não pudesse mais
chorar.

Uma vez que o pai de Betty retornara de seu serviço militar, a


família mudou-se para uma pequena casa. Os pais de Betty tiveram mais
filhos quase tão frequentemente como mudavam de casa. As mudanças
continuaram durante os anos de escola de Betty, e seu pai continuava
viajando frequentemente, devido a sua nova carreira. Durante esses anos
Betty tinha a necessidade de saber se sua mãe (e provavelmente seu pai)
estava bem. Se sua mãe estava bem então Betty sabia que ela também
estaria bem. Ela fez tudo que pudesse para ajudar sua mãe. Parecia que
92
ela se tornara a protetora e cuidadora de sua mãe. Betty, de fato, era mais
ou menos uma pequena mãe e um pequeno marido.

Enquanto Betty crescia, crescia seu ressentimento em relação ao


seu pai, que não sabia respeitar mulheres, que deixou sozinha sua
pequena garota. Ele muitas vezes bebia muito, e durante seus momentos
de intoxicação ele até tocaria Betty inapropriadamente. A busca de Betty
por seu amor e respeito se tornou em confusão e desgosto. Ela começou a
evitá-lo sempre que fosse possível.

Quando Betty amadureceu e saiu de casa, ela ainda estava


procurando por atenção, cuidado e afirmação para completá-la como
criança. Ela fitaria longamente em outros olhos, tanto masculinos como
femininos, e pensaria “Você me vê? Sou importante para você?” Um dia,
ela viu um olhar de reconhecimento na face de outra mulher. O relance
disse, “Eu vejo você sim. Você é absolutamente linda, e eu amaria
conhecê-la”. O coração de Betty derreteu, e logo que possível, elas se
tornaram amantes.

Betty nem “escolheu” se tornar lésbica nem estava


conscientemente desafiando a Deus, seu coração estava simplesmente
seguindo o que parecia o curso mais natural e normal, o descansar em um
relacionamento tenro e carinhoso que estava finalmente tocando alguns
de seus mais famintos lugares de sua alma. Ela estava meramente
sobrevivendo e fazendo o melhor que podia naquele tempo.

O relacionamento lésbico de Betty terminou mais de quinze anos


atrás. Sua vida está atualmente cheia de significados e propósitos; ela tem
amizades profundas, tanto masculinas como femininas; ela está envolvida
no serviço para os outros; e ela experimenta riquezas na comunidade, e
também na solitude. Betty retornou à sua inocência. Ela sabe com certeza
que ela é amada profundamente.

A história de Betty, enquanto muito única, também carrega temas


que são comuns em muitas das histórias de outras mulheres com atração
pelo mesmo sexo (AMS) e relacionamentos. Deve ser notado aqui,
contudo, que enquanto essas mulheres muitas vezes compartilham temas
comuns em suas histórias, como forças similares e, ainda, estratégias de
sobrevivência similares, as mulheres com atração e dependências pelo
mesmo sexo nunca devem ser estereotipadas ou espremidas em uma

93
“caixa”. Como todos os outros, elas querem ser conhecidas pelo que elas
realmente são fora de sua sexualidade, confusões e conflitos. Toda mulher
que tem ou que teve atrações pelo mesmo sexo é também
maravilhosamente única e especial. Elas têm vários backgrounds, famílias
de origem, experiências, personalidades, traços de caráter, estilos
relacionais, profissões, aparências, status maritais, necessidades de
desenvolvimento, histórias de abusos, religiões, talentos e dons. Elas
foram pequenas garotas em algum ponto. Elas inocentemente olharam
nos olhos de suas mães e pais procurando por amor, conforto, atenção,
abraços, paciência e entendimento. Muitas de suas histórias não são tão
diferentes de muitos de nós.

Essa terapia é diferente

Minha carreira como especialista no campo feminino de atrações


pelo mesmo sexo indesejadas evoluiu ao longo do tempo. Começou com
minhas tentativas de ajudar amigas de um grupo de estudo da Bíblia. Isso
me levou a um ministério, um grupo de suporte em Denver especializado
em ajudar homens e mulheres a direcionar a homossexualidade
indesejada. Minha compaixão cresceu quando eu primeiramente percebi
que as mulheres, no geral, não se saíam tão bem em um grupo quanto os
homens. Quase instintivamente eu sabia que elas precisavam de algo a
mais – um encontro cara a cara que provesse segurança para expressar e
explorar as profundas partes delas mesmas. Eu eventualmente consegui
um diploma em aconselhamento e abri uma prática privada.

Ao longo dos anos eu tratei de muitas clientes com uma variedade


de questões terapêuticas. Baseada nas minhas experiências e experiências
de outros terapeutas é importante notar que a terapia com mulheres com
AMS é diferente (Falco, 1991). A primeira e óbvia diferença é que
mulheres com AMS têm certas qualidades e estilos de relacionamento que
as separam de outros clientes.

Elas são pensadoras profundas; dinâmicas e agradáveis... Elas são


também honestamente refrescantes e diretas... Tenho conversado
com muitos terapeutas que tem secretamente admitido para mim
que seu cliente favorito é uma mulher que trabalha com a AMS... No
entanto, essas mulheres podem ser muito desafiadoras. Elas muitas
vezes mostram mais provocação, atitudes defensivas e
agressividade aberta do que outros clientes. Elas querem ir direto

94
ao ponto... E irão imediatamente reconhecer a não autenticidade
por parte do terapeuta. Elas não têm problemas em confrontar ou
desafiar o conselho ou atitude subjacente de seu terapeuta. Elas
podem ser hipersensíveis e parecem ser resistentes a intervenções
terapêuticas comuns. (Hallman, 2008, pp. 37-38).

Se considerem prevenidos. Mas não permita que isso te assuste.


Esse trabalho não é fácil, mas eu descobri que vale a pena cada desafio.
Mulheres baseadas na fé que lutam contra a atração pelo mesmo sexo
lidam com questões únicas, como a profunda vergonha, senso de
condenação, medo de compartilhar de sua luta com outros (encontrando
mais ajuda da comunidade gay do que em sua igreja) e possivelmente
possuem uma longa linha de quebras de relacionamentos. Portanto,
alguns dos paradigmas e técnicas mais comumente aceitas não são muitas
vezes efetivos com mulheres que tem a atração pelo mesmo sexo.

Felizmente, essas mulheres são muitas vezes extremamente


inteligentes e intuitivas e podem dizer se você está as “vendo” ou
meramente as vendo distantemente através de lentes de um rótulo, de
uma noção preconceituosa ou de um modelo teórico. Como seu
terapeuta, elas podem até mesmo deixar você saber, de uma maneira
incerta, de que você não entendeu, ou que você não tem a menor ideia de
quem elas realmente são. Eu certamente tenho teorias sobre as atrações
e dependências pelo mesmo sexo em mulheres. Quando estou com uma
mulher em meu consultório, eu escolho deixar meus modelos e teorias de
fora para que eu tenha um encontro real e conheça a pessoa especial que
está em minha frente. Não quero “perdê-la”. Por exemplo, uma instância
profissional fria, de duras confrontações de defesas ou resistência, que
espera ou necessita de uma alta motivação para mudar para um precursor
para trabalharmos juntos, ou que desanime a sintonia ou dependência do
cliente, tem um efeito extremamente negativo em mulheres com AMS.

Criando Confiança

Uma das mais importantes tarefas a serem feitas com essas


mulheres é o estabelecimento da confiança. Muitas nunca confiaram em
ninguém, deixaram que um novo terapeuta que cobra dinheiro dos
clientes falasse no próprio território do terapeuta. Algumas atitudes
terapêuticas não geram confiança em uma mulher com AMS, ao invés
disso ameaça, minimiza e, não tão sutil, desrespeita. Construir confiança é

95
uma necessidade tão essencial em muitas dessas mulheres que o objetivo
primário ao começar a trabalhar com uma mulher é criar um “lugar
seguro”, livre de julgamento, preconceito, choque ou surpresa,
moralizando ou coagindo indevidamente (Beckstead & Morrow, 2004). O
terapeuta deve prover um “ambiente que dá ao cliente a máxima
liberdade para expressar, explorar e clarificar seus valores e crenças sobre
a homossexualidade” (Nicolosi, Byrd & Potts, 2000a, p. 1085) e sua vasta
vida.

Para prover esse lugar seguro, vi que ele deve ser caloroso,
autêntico e comprometido, que ofereça ao cliente a experiência de um
relacionamento saudável. Devo lidar com a defesa de uma mulher, ou o
que parece uma resistência terapêutica, com paciência e gentileza,
afirmando a necessidade dela por ainda mais segurança e convidando-a a
explorar seu medo latente ou sua vergonha. Não devo forçar muito, mas
sim honrar sua necessidade de espaço, de ir devagar e de até mesmo
esquivar-se. Não devo fazer promessas ou exagerar reivindicações sobre a
“possibilidade de mudança”. Como, onde e o que a mulher com AMS pode
mudar depende de sua única jornada, sua história, sua personalidade,
seus desejos e sonhos e seus recursos de apoio. Nunca devo também
pressionar meu cliente a fazer um compromisso de mudar ou alterar seu
comportamento homossexual ou identidade. Pode levar um tempo para
que ela chegue a um entendimento de o que pode ou o que precisa
“mudar”.

Eu nunca devo julgar ou envergonhar. Devo ser sensível ao nível de


vergonha que minha cliente vive, sempre sendo cuidadosa em minha fala
e uso de palavras, parando para considerar como um comentário ou até
mesmo uma atitude terapêutica pode ser interpretada e processada pelo
meu cliente. Devo exercitar grande cuidado e respeito ao falar sobre sua
parceira, comunidade de amigos ou pais. E por último, devo oferecer
aceitação incondicional, empatia e sintonia emocional aos seus
sentimentos, necessidades e pessoalidade, independente de onde a
mulher está em seu processo de crescimento e completude.

Sacando Isso (Ou “Entendendo”)

Depois de anos de especialização com mulheres em conflito com


seus sentimentos pelo mesmo sexo, comecei a trabalhar com mulheres
que eram inseguras sobre a tentativa de “mudar” qualquer aspecto de sua

96
homossexualidade. Elas vieram até mim porque elas ouviram que eu era
boa com lésbicas, que eu era segura, e que eu “tinha sacado isso”. Como
foi dito em meu livro, O Coração da Mulher com Atração Pelo Mesmo
Sexo: Um Compreensivo Recurso de Aconselhamento (Hallman, 2008), eu
me comprometi na terapia com essas mulheres aplicando a mesma
atitude que eu tinha em relação a minha clientela existente. Eu
concordava em fazer terapia com cada mulher que vinha me ver, pois:

 Eu respeito sua dignidade como pessoa;


 Eu honro o direito dela de explorar e trabalhar nessas áreas de sua
vida;
 Respeito e valorizo a sua única e difícil jornada nessa vida;
 Quero dar suporte ao crescimento, desenvolvimento, cura e
promover seu bem-estar geral e;
 Eu acredito que Deus orquestra essa temporada na qual essas
mulheres especiais e eu somos destinadas a caminhar juntas,
qualquer que seja o resultado final.

Mulheres são maravilhosamente complexas. A alma feminina contém


alguns dos profundos mistérios relacionados à vida, nascimento,
sensualidade e beleza da conexão humana. Quando uma mulher não está
confortável com seu corpo, ela se perde em termos de sua feminilidade ou
fica em um conflito de interesses e atrações sexuais surpreendentemente
direcionadas à outra mulher, fazendo com que as complexidades de sua
jornada se agravem exponencialmente. Se quisermos clarificar suas
confusões e harmonizar seu design como um ser feminino, precisaremos
exercitar paciência, gentileza, autenticidade e muito respeito, não só para
com a mulher, mas também para conosco. Muitas vezes, não há respostas
fáceis ou soluções. Mas há uma profunda recompensa para aquelas que
continuam a perseverar e alcançar para a vida o que elas acreditam que
Deus as destinou a viverem.

A Avaliação Inicial

No começo da terapia, eu ativamente avalio cada estado psicológico


presente do cliente, de estar tão bem quanto sua capacidade emocional e
de relacionamento. Como sua terapeuta, eu quero abordar todas as
necessidades presentes e lutas versus um estreitamente que foque nas
questões do mesmo sexo, especialmente se ela entrou na terapia com

97
objetivos além do lidar com sua homossexualidade. Inicialmente, quero
abordar e ser sensível a ela:

 Força do Ego. Ela pode se conectar com e articular suas


emoções? Ela pode propriamente se regular? Pode ela lidar e
perseverar de uma maneira saudável através de profunda dor e
ansiedade?
 Habilidades de Relacionamento. Ela mantém contato visual? Ela
está consciente das deixas sociais? Qual é seu estilo de
interação? Qual é seu afeto?
 Nível de Ansiedade. Sua ansiedade meramente reflete seu
nervosismo dentro da forma de aconselhamento ou ela
globaliza todas as formas de relacionamentos? O que sua
linguagem corporal diz? Quais são suas típicas estratégias para
lidar com ansiedade? Sua ansiedade está protegendo-a de
outros sentimentos profundos? Existem outros sintomas
clínicos?
 Mecanismos de Defesa. Quando seu desconforto aumenta, ela
usa de esquiva, intelectualização, dissociação, minimização,
humor, etc.? Como ela se defende contra perigos ou ameaças?
Em qual nível ela se defende contra proximidade e carinho?
Existem algumas de suas defesas que são autodestrutivas?
 Padrões de Caráter. Existe alguma indicação de desordem de
personalidade? Qual é o nível de seu insight? Qual é seu lócus
de controle? Pode ela integrar uma nova informação em um si
estável ainda flexível e em um sistema de crenças?
 Própria Imagem. Como ela se define? Qual é a imagem interna
de si? Que conclusões ela têm desenhado sobre ela mesma?
Será que ainda ela reconhece a si mesma?
 Categorias Diagnósticas. Existe um envolvimento tipo Axis I ou
Axis II?

Existem muitos fatores adicionais importantes que devem ser


considerados nessa avaliação inicial.

1. Se uma mulher entra na terapia em crise de ansiedade excessiva e


depressão, o tratamento deve também inicialmente focar em
estabilização e contenção.

98
2. Se uma mulher está no processo de perder ou terminar uma relação
com o mesmo sexo, ela pode estar experimentando um trauma
interno severo que é excruciantemente doloroso. Isso pode gerar
sintomas de stress pós-traumáticos e até mesmo levar a ideias
suicidas. Nos casos de possíveis autolesões ou danos, intervenções
padrões como contratos de segurança, drogas psicotrópicas,
serviços de ligações 24 horas, aumento de sessões, ou
hospitalização devem ser usadas. As técnicas recomendadas no
capítulo seis do O Coração da Mulher com Atração Pelo Mesmo
Sexo para o propósito de criar segurança irá também ajudar a
estabilizá-la (Hallman, 2008).

3. Se ela está de fato em crise, ela irá necessitar de todos os recursos


disponíveis para ela, incluindo sua companheira lésbica existente ou
amigos. Eu apoio e a encorajo enquanto ela acessar ajuda de sua
comunidade existente e de relacionamentos. Nesse ponto do
tempo, eu nunca confrontei ou requeri que ela reduzisse estratégias
históricas de enfrentamento ou mudasse qualquer parte importante
de sua vida a não ser que elas estivessem ameaçando
imediatamente sua vida.

Amostra de Avaliação Clínica

A seguinte amostra de avaliação clínica oferecida pela Dra. Kristine


Falco (1991) em seu livro intitulado Psicoterapia com Clientes Lésbicas,
inclui muitas das observações comuns que eu muitas vezes faço com meus
novos clientes. Note a quantidade de material inconsciente inferido nessa
avaliação:

Constrita. Temerosa. Aceita a empatia desconfortavelmente. Baixa


expressividade.
Perturbação de limite & contato com caráter passivo-agressivo ou
narcisista.
Nível de dependência alto – bem ativo, mas invisível.
Crise orientada. Falta de autocuidado & planejamento.
Poucas habilidades de relacionamento.
Identidade não sólida: tanto como lésbica e como um guia interior.
Valores em conflito com as necessidades reprimidas.
Alta raiva e decepção, invisíveis [itálicos adicionados]. (p 70.)

99
Na luz do potencial inconsciente ou das emoções reprimidas e
conflitos no começo da terapia, eu meço todas as minhas interações e
intervenções de acordo com as reações imediatas de meus clientes e suas
habilidades abrangentes para entender, processar e lidar. Como
enfatizado por Dr. Daniel Hughes (1997), um especialista em distúrbios de
apego da infância, “são as respostas dos clientes, não os planos dos
terapeutas, que devem ditar a direção da sessão” (p. 43).

Estratégia Clínica

Inicialmente, eu trabalhei em aliança como suas defesas e


estratégias de sobrevivência, permitindo que elas soubessem que eu as
vejo e as respeito. Eu enfatizo a qualidade do “aqui e agora” e da força de
nosso relacionamento que é acima de meus insights ou sugestões de
mudança. Eu não irei empregar qualquer técnica que excederia a
habilidade dela de se auto regular uma vez que ela deixasse meu
consultório.

Em conjunção com minhas observações clínicas, eu apoio em testes


psicológicos para ainda avaliar seu abrangente perfil psicológico. Eu
administro o Millon Clinical Multiaxial Inventory-III (MCMI-IIITM, 1994,
publicado e distribuído por NCS Pearson, Inc.) e os Measures of
Psychological Development (MPD, 1988, Psychological Assesment
Resources, Inc.). Quando relato os resultados de avaliação para meus
clientes, eu nunca uso formato formais de diagnóstico.

Cuidadosamente, eu então sumarizo e explico os conteúdos de


avaliação em linguagem leiga, ligando isso em sua história e sintomas,
como atualmente as compreendo. Normalmente, qualquer teste de
ansiedade ou apreensão sobre o ser “rotulado” é rapidamente aliviado
enquanto se ganha insights valiosos sobre si mesmas. Quanto mais elas
são conhecidas, respeitadas e incondicionalmente aceitas, o mais cedo
elas se sentirão seguras.

Enquanto a terapia procede, eu ajusto minhas técnicas terapêuticas


e intervenções para endereçar aos meus clientes as necessidades
psicológicas legítimas e os objetivos terapêuticos. Eu respeito atitudes
dela diante de seus sentimentos homossexuais, comportamentos, ou

100
identidade. Sua aceitação de sua AMS ou sua dissonância com ela irá
flutuar e mudar completamente o processo de terapia.

Em casos onde eu não acredito que meu treino clínico ou


experiência são completamente adequados para lidar com as questões
terapêuticas de meus clientes, eu irei primeiro explorar a possibilidade de
organizar um time de tratamento composto de um psiquiatra, outro
especialista terapêutico que poderá agir como meu consultor ou ser
trazido em pontos chaves durante o tratamento, e eu mesma como o
terapeuta primário ou “base inicial”. Se eu devo rejeitar tratamento e o
referir em um esforço para assegurar o melhor cuidado possível para um
cliente, eu irei fazê-lo tão sensivelmente e sabiamente, sempre
emoldurando em minha referência no afirmativo, relevando os benefícios
de uma única habilidade do terapeuta referido.

Eu não enfatizo que a diagnose dela é “muito difícil para eu lidar”.


Ela irá simplesmente se sentir rejeitada. E é possível que conselheiros
religiosos ou pastores já tenham a rejeitado. Como explicado no capítulo
treze do meu livro (Hallman, 2008) antes de terminar a terapia, eu sempre
reafirmo ao meu cliente que eu estou disponível caso no futuro uma
necessidade se mostre e eu possa ajudar. Muitas mulheres com atração
pelo mesmo sexo experimentaram de longe muitas “pontes queimadas”.
Elas não precisam de outra para adicionar em sua lista.

Se Libertando da Dependência Emocional

No coração de muitas mulheres em um relacionamento


homossexual há uma profunda ligação emocional. Por conta de essa
ligação ser muitas vezes mais restritiva do que completa em si para cada
mulher individualmente, foi-se referido como fusão, junção e dependência
emocional. Em seu pequeno livro, Dependência Emocional, Lori Rentzel
(1990), descreve melhor, “dependência emocional ocorre quando se
acredita que a presença cessante e carinho do outro seja necessária para a
segurança pessoal” (p. 7). Anne Paulk, (2003) em Restaurando Identidade
Sexual, usa a metáfora de uma represa irrompendo quando a pressão da
necessidade relacional alcança a máxima intensidade, enquanto ao
mesmo tempo uma nova mulher surge sendo compassiva e empática ou
tendo outras qualidades que valem a admiração. “Se a posição defensiva é
a parede da represa, a dependência emocional é a tendência de uma
pessoa abrir as comportas quando nós finalmente encontramos alguém

101
que podemos confiar” (Paulk, p. 173-174). Quando uma mulher se abre
para acreditar nesse novo amigo, uma resposta de apego emocional é
atualmente acionada. “Ao invés de descarregar uma pequena parte de
necessidade relacional, a pessoa na defensiva irá balançar na dependência
emocional, abrindo uma maré de necessidades relacionais” (Paulk, p.
174).

“Embora alguém possa se engajar em dependência emocional e


nunca ter experimentado um pensamento homossexual, dependência
emocional frequentemente precede atividade sexual lésbica” (Howard,
1991, p. 125). Minha amiga Christine Sneeringer admite que isso fora
verdadeiro em todos seus relacionamentos lésbicos. “Eles eram
primeiramente dependentes emocionais antes de evoluírem para um
relacionamento sexual. Uma vez que a pessoa é dependente emocional
ela se torna moralmente comprometida, e não é um grande passo até a
intimidade sexual”. (C. Sneeringer, comunicação pessoal).

O caminho além da dependente relação emocional é difícil de


navegar. Como delineado em grande detalhe em meu livro (Hallman,
2008), um terapeuta precisará dar suporte à uma mulher no momento
que ela sinalizar sua autêntica dependência e necessidade de afeto. Ela
também irá precisar progredir através de estágios de formação e
solidificação do senso de si mesma. Eventualmente, ela pode então ser
guiada a desafiar crenças pessoais como o pressuposto de que sua amiga
especial é a única que realmente “a entende” ou que pode fazê-la se
sentir segura. Ela pode acreditar que ela não pode existir sem uma amiga
especial. Eu gentilmente trabalho com uma cliente para ajudá-la a
reformular verdades objetivas, tais como o fato de que a vida realmente
seguiria sem sua amiga, de que a amiga verdadeiramente não pode
atender todas as suas necessidades, e de que estar constantemente
conectadas não irá ajudá-la a construir sua própria vida ou ensiná-la a
cuidar de si mesma.

Uma mulher terá que aprender sobre e avaliar suas conexões


relacionais. Quando uma mulher não tem um forte senso de si ou um ego
sólido, suas emoções se fundem com as emoções dos outros no
relacionamento. Um cliente precisará constantemente trabalhar em
objetivamente nomear e separar seu estado emocional do estado
emocional de sua amiga. Ela aprenderá a negociar suas próprias emoções
e distinguir entre o que ela sente e o que sua amiga está sentindo. Em

102
tempo, ela descobrirá que ela é separada e é uma entidade especial com o
potencial para experimentar sua própria gama de emoções (e vida)
separada do que sua amiga está sentindo ou experimentando.

Para muitas mulheres, pode ser necessário se tornar deliberado não


se envolver com ninguém em um nível emocional sério por um período de
tempo como uma maneira de se desintoxicar de sua maneira viciosa de se
relacionar. Isso dará espaço para suas fortes emoções aparecerem. No
passado ela muito provavelmente medicou essas emoções através de seus
apegos emocionais. “Há um tempo em nossa cura o qual nos chama para
serem ‘emocionalmente celibatárias’ e nos retirarmos de pesados
envolvimentos emocionais com outros” (Howard, 1991, p. 142).
Obviamente não é saudável para ela fazer isso por um período longo de
tempo, pois ela tem um drive legítimo para conexões relacionais e
intimidade. O desafio é ajudar minha cliente reinar em seu apetite
emocional assim então ela pode se relacionar com outros em doses
limitadas que estão abertas a oferecer. Seu padrão de desenvolver
intimidade imediata deve ser quebrado e recolocado com
relacionamentos – no plural, não só um – que evolui através do tempo.

Terminar um relacionamento emocional existente pode ser tão


doloroso quanto se divorciar (Rentzel, 1990). Meu cliente precisa esperar
e se preparar para a tristeza e a depressão ao se libertar. Eu trabalho com
ela para descobrir o desígnio de Deus para uma intimidade saudável. Eu a
ajudo a cultivar vários relacionamentos com limites saudáveis que são de
graça e são generosos com amplos “dar e receber”. Desenvolver amizades
saudáveis com mulheres é uma peça fundamental e essencial para
quebrar os padrões de dependência emocional; Para isso, convidei
Christine Sneeringer para que compartilhasse um pouco de sua jornada.

Desenvolvendo Amizades com Pessoas do Mesmo Sexo

Quando eu (Christine) comecei minha jornada para sair do


lesbianismo, eu participei do grupo de suporte Exodus para atrações
homossexuais indesejadas. Foi lá que eu continuei ouvindo sobre a
necessidade de desenvolver amizades saudáveis com mulheres. Eu queria
fazer o que eles estavam sugerindo, então eu orei a Deus e pedi a Ele para
me trazer uma amiga próxima. O tempo passou, e Deus não me
respondeu esse pedido. Eu reclamei para um amigo – meus três amigos
mais próximos nesse período eram homens. Meu amigo sugeriu que

103
talvez eu não fosse ainda capaz de lidar com uma amiga íntima. Eu vi que
ele estava certo, porque eu ainda estava propensa à dependência
emocional.

Por causa de minha necessidade desesperada de ser amada, nutrida


e afirmada, eu não sabia como não se apegar e sugar a vida de uma amiga.
Eu tive algumas conhecidas na igreja. Sempre que eu passava um tempo
com elas eu queria consumi-las, porque minha fome de amor era enorme.
Eu queria ser o centro de seus mundos. Felizmente, eu estava na terapia e
estava participando do grupo de apoio. Se eu não o tivesse feito, eu não
teria crescido além desse estágio. Meu terapeuta me ajudou a reconhecer
os vácuos que eu estava tentando completar com essas mulheres. Aprendi
como identificar as raízes e atender essas necessidades básicas de
maneiras certas ao invés de buscar outros para completar os vácuos que
eles nunca pretenderam completar.

Mais tarde eu orei a Deus para que Ele escolhesse a mulher que eu
desenvolveria uma amizade mais próxima. Eu conhecia a mim mesma bem
o bastante para saber que se isso fosse deixado para mim, eu atualmente
a escolheria por razões erradas. Eventualmente – atualmente, dois anos
depois – Deus trouxe Patrícia em minha vida. Eu a conheci na igreja.
Enquanto nós crescíamos próximas emocionalmente eu ficava com medo
e queria sair correndo. Eu estava com medo de arruinar nosso
relacionamento, porque sempre que eu estava tão perto de uma mulher
dessa forma no passado, sempre acabava no romântico e no sexual. Eu
percebi através disso que se eu abandonasse o relacionamento, eu nunca
passaria além desse ponto em quaisquer amizades futuras. Eu sempre
acabaria presa logo após experimentar intimidade não sexual com uma
mulher. E esse ainda era meu objetivo, então eu me pendurei nele mesmo
que eu estivesse com medo. Nosso relacionamento nunca se tornou
sexual. Ao invés disso ele ajudou muito a curar enquanto nós
compartilhávamos partes de nós mesmas. Eu eventualmente abri minha
história lésbica e ela me amou da mesma maneira. Eu estava bem livre por
ter alguém que sabia parte de mim que eu pensava ser a mais vergonhosa
e que não me rejeitara.

Aquela primeira amizade próxima foi a mais estranha porque era


nova, e eu não tinha me exercitado nesses tipos de relacionamento ainda.
Mas se tornou muito mais fácil forjar muitas outras amizades íntimas com
mulheres. No passado, eu me sentia intimidada ao me relacionar com

104
mulheres heterossexuais porque eu acreditava que nós não tínhamos
muito em comum. Elas falavam sobre coisas de meninas as quais eu não
sabia de nada, como maquiagem e moda. Por um longo tempo eu me
senti tremendamente insegura ao redor delas porque eu era muito
desapegada nesse sentido e não me vestia ou parecia como elas. Eu
estava determinada a não deixar meu medo me afastar de experimentar
de amizades piedosas e saudáveis, então eu sai com essas mulheres,
mesmo que eu me sentisse diferente. Por termos uma paixão comum por
Jesus, nós passamos tempo juntas em um grupo pequeno como um grupo
de estudo bíblico caseiro ou um grupo de solteiros da igreja. Nós
realmente aprendemos umas sobre as outras.

Ao começar a me curar, eu comecei devagar a abraçar minha


feminilidade e elas me encorajaram nesse processo. Meu passado lésbico,
o qual é o que me fazia sentir desqualificada em relação a esses
relacionamentos, nunca foi um impedimento para elas. Elas me amavam
de qualquer forma, e elas sabiam que minha caminhada com Deus era
sincera e real. Também ajudou ter vários amigos ao invés de somente um.
Isso me afastou de ser tão emocionalmente intensa, como se minhas
necessidades de amor e de afirmação fossem propagadas através de
grupos de mulheres, e enquanto eu procurava conhecer minhas amigas
heterossexuais, eu eventualmente descobri que elas eram todas
inseguras, como eu. Eu me encaixo perfeitamente afinal de contas!

A Fluidez da Sexualidade Feminina

O fato de que a terapia com clientes AMS é potencialmente única e


diferente da terapia “padrão” é colocado de longe ao teste quando somos
confrontados com nosso atual ambiente cultural em volta da
homossexualidade. Há uma voz alta em certos círculos acadêmicos e
profissionais de que é ameaçador, especialmente para os novos
profissionais de saúde mental. Muitos afirmaram que terapias de suporte
ou “reparativas” para homens e mulheres em conflito com sentimentos
homossexuais ou comportamentos não é somente prejudicial, mas violam
padrões profissionais e éticos.

Os grupos que condenam a terapia “reparativa”, “de conversão” ou


“de reorientação”, como terapias nocivas e prejudiciais, primariamente
dependem da asserção de que orientação sexual é inata, e assim imutável,
um aspecto do núcleo de uma pessoa ou identidade. Eles afirmam “há

105
uma ausência de compilação de evidências empíricas para dar suporte à
prática da terapia de conversão. Não há evidência convincente para
sugerir que é possível reorientar um indivíduo” (Tozer & McClanahan,
1999, p. 730). Eles oferecem relatórios de primeira mão de homens e
mulheres homossexuais que afirmam que a mudança não é somente
impossível, mas também que tentar ajudar clientes a mudarem é
prejudicial à sua própria pessoa e autorrespeito (Beckstead & Morrow,
2004; Shidlo & Schroeder, 2002).

Os grupos que fornecem e endossam terapia de reorientação o


fazem baseado no histórico de sucesso clínico em tratar a
homossexualidade (como Siegel, 1998) e nos estudos científicos que dão
suporte a asserção de que a orientação sexual não é um bem determinado
(puramente genético) do núcleo de uma pessoa (Bailey, Sunne & Martin,
2000; Bearman & Bruckner, 2002), mas surge de uma combinação de
influências inerentes (biológicas), de desenvolvimento e ambiental,
portanto pode evoluir, desenvolver e mudar (Bem, 1996; Byne & Parsons,
1993; Jones & Yarhouse, 2007; Nicolosi, Byrd & Potts, 2000a & 2000b;
Spitzer, 2003; Throckmorton, 2002; Zucker, 2001). Apesar do registro
empírico e científico sobre a mudança da homossexualidade, há outra
faceta da sexualidade feminina que é importante entender.

Muitos pesquisadores nesse campo definem a orientação sexual


como contínua, em vez de uma variável dicotômica. Em outras palavras,
apesar de uma pessoa ser primariamente orientada em direção ao um
sexo particular, ela muitas vezes experimenta a atração sexual ou se
engaja em comportamento sexual com ambos os sexos. Esses praticantes
afirmam que a “atração sexual é mais bem conceituada como sendo
contínua” (Schneider, Brown & Glassgold, 2002, p. 266). Atualmente,

Teóricos e pesquisadores a partir de Freud demonstram que os


limites entre as sexualidades é muito líquido e que muito mais
pessoas do que aquelas que se rotulam bissexuais admitem
experimentar múltiplas formas de expressão sexual com parceiros
de ambos sexos apesar dos ditames culturais e arranjos
institucionais. (Riviera, 2002, p. 41)

Deixando de lado as implicações morais de tais realidades,


sexualidade, atrações sexuais e comportamentos sexuais são muitas vezes
flexíveis ou líquidos, ou em outras palavras podem mudar para muitas

106
pessoas através do tempo. Isso parece especialmente verdadeiro para
mulheres.

Enquanto ambos os homens e mulheres são criados a imagem e


semelhança de Deus e, portanto se orgulham de igual dignidade, valor e
até mesmo propósito com Seu Reino, homens e mulheres são únicos e
diferentes de tantas maneiras. Um desses caminhos é de como homens e
mulheres veem e expressam sua sexualidade. Generalizando, homens
tendem a enfatizar e agir sobre o componente comportamental da
sexualidade muito mais do que mulheres. Isso pode ser visto nas
estatísticas de homens versus mulheres lidando com compulsões sexuais
ou desordens de vícios. Mulheres, no geral, tendem a enfatizar ou agir no
componente emocional ou afetivo da sexualidade focando na qualidade e
natureza da conexão relacional como a base para um envolvimento ou
atividade sexual. É essa ênfase que parece permitir um nível ainda maior
de flexibilidade ou fluidez dentro de seus relacionamentos eróticos.

Jan Clausen (1999), uma ex-lésbica, fala dessa fluidez como uma
“instância de auto realização humana... há uma lógica para minhas
escolhas eróticas que relata bem de perto o que está acontecendo em
outras áreas de minha vida” (p. xxi). Ela acredita que mulheres tem uma
escolha tanto em relação ao individual tanto como em gênero da pessoa
com quem elas estão sexualmente relacionadas. Reconhecido isto, alguns
podem opor-se a facilidade liberal de se mover dentro e fora das atrações
homossexuais e heterossexuais e seus relacionamentos. No entanto,
dentro da experiência de muitas mulheres, religiosas ou não religiosas, há
a habilidade de entender a facilidade com que muitos relacionamentos
mulher-mulher são estabelecidos, assim como seu poder inerente de se
tornarem profundamente e rapidamente satisfeitas e cheias de significado
mesmo fora dos sentimentos sexuais ou afeições.

Muitos pesquisadores também notaram o forte componente


emocional ou psicológico e, portanto, grande tendência de fluidez na
sexualidade feminina no geral. Em sua pesquisa nacional no Sexo na
América, Michael, Gagnon, Laumann & Kolata (1994), nota que mulheres
são mais aptas a identificar a si mesmas como “bissexuais”, ou capazes de
ter um relacionamento romântico com ambos os sexos, depois os
homens. Baseado no seu trabalho clínico com mulheres na idade de
colegial, Henderson (1979) concluiu que “A orientação sexual, como esse
grupo de lésbicas descreve, não é um fato orgânico ou biológico que

107
alguém descobre“, mas, “tem muito haver com o contexto em que uma
pessoa vive”, ocorrendo na “interação da pessoa e cultura” (p. 178). Mais
tarde, ela sugere, “orientação sexual feminina é menos fixada do que a
orientação sexual masculina e suscetível a mudanças posteriores”
(Henderson, 1984, p. 218).

Sexualidade Feminina: Mudanças Individuais

Durante o estudo de Dr. Joan Sophie’s (1986) sobre os estágios que


uma mulher tipicamente atravessa quando ela começa a identificar a si
mesma como lésbica, três mulheres formalmente identificadas ou que
viviam como lésbicas começaram a namorar e se relacionar intimamente
com homens. Ela nota “Nós estamos erradas se interpretamos a noção de
estabilidade [da orientação sexual] no sentido de que mulheres que se
tornaram lésbicas não pode subsequentemente mudar” (Sophie, p. 49).
Ela sugere que os conceitos de estabilidade ou imutabilidade podem não
ter somente um significado para aquelas mulheres que não desejaram
mudar. Em 1990, Maragaret Nichols, uma terapeuta abertamente gay
afirmou:

Claramente, lesbianismo não é meramente um assunto esmagador,


tendo como único foco a atração sexual. Esses fatos a respeito da
bissexualidade *como os de Bell & Weinberg’s (1978) que relatam
que somente metade das mulheres lésbicas reivindica ter uma
exclusiva atração homossexual] fazem os fatores não biológicos
operativos no lesbianismo ainda mais relevante e dá insights à
reivindicação de algumas mulheres gays, de que elas ‘escolhem’ sua
orientação sexual. (p. 355).

Ann Menasche (1998), em seu livro intitulado Deixando a Vida:


Lésbicas, Ex-lésbicas e o Imperativo Heterossexual, explora o tópico
comum para muitas lésbicas (algumas vezes ex-bissexuais, algumas vezes
puramente lésbicas) a deixarem a vida lésbica e buscar relações
heterossexuais. Enquanto ela afirma que muitas dessas mulheres podem
ter deixado essa vida por causa do imperativo heterossexual (pressão
cultural), ela admite que muitas não só mudaram seu comportamento,
mas também suas afeições emocionais.

Em 2004, Dr. Ellen Schecter do Fielding Graduate Institute,


apresentou uma dissertação com o interessante título Mulheres que

108
Amam Mulheres Que Amam Homens: Fluidez Sexual e identidade Sexual
em Lésbicas de Meia Idade. Ela entrevistou “Onze mulheres que se
identificaram como lésbicas por mais de dez anos, mas as quais após a
idade dos trinta estavam agora em relacionamentos íntimos com homens
que duravam ao menos um ano” (Greer, 2004, p. 28). Ao revisar o estudo
de Schecter, Greer (2004) sugeriu que identidade sexual pode mudar e
evoluir à medida que a mulher cresce e assimila o significado de suas
experiências e relacionamentos.

Dr. Lisa Diamond (2000) acompanhou oitenta mulheres jovens não


heterossexuais (lésbicas, bissexuais e não rotuladas) por um período de
dois anos. Ela descobriu que metade das mulheres “relataram mudanças
múltiplas na identidade sexual e quase um quarto das mulheres buscaram
contato sexual com homens” (p. 246). Em 2008, ela publicou os resultados
de pesquisas adicionais em seu livro intitulado Fluidez Sexual: Entendendo
Amor e Desejo das Mulheres. Uma descoberta inesperada foi que cinco
mulheres deixaram seus rótulos lésbicos ou bissexuais em favor de uma
identidade sem rótulos, e mais cinco mulheres começaram a se rotular
como heterossexuais (Diamond, 2008). Das mulheres que descreveram
uma mudança na orientação, cada uma delas ainda continua
reconhecendo algum nível de atração por mulheres. Esses recursos de
mudança são consistentes com o que eu também observo em minha
clientela. Apesar de muitas ex-lésbicas poderem sim desenvolver
relacionamentos heterossexuais significativos e satisfatórios, muitas irão
também continuar experimentando algum nível de interesse pelo mesmo
sexo. A presença da atração pelo mesmo sexo, no entanto, não nega a
mudança ou transição de que uma mulher faz em sua ampla sexualidade e
identidade.

Tendo estabilizado que as preferências sexuais e até mesmo


identidades, especialmente para mulheres, são muitas vezes líquidas e até
mesmo podem mudar, eu quero distinguir entre a evolução espontânea
de interesses sexuais de uma mulher ou comportamentos e a capacidade
de mudança intencional das atrações ou identidades de uma pessoa. Só
porque algumas mulheres parecem flutuar mais fácil e espontaneamente
entre interesses e amizades heterossexuais, isso não significa que será
fácil para uma mulher que não está experimentando uma evolução
espontânea de sua sexualidade. Por conta da moral ou razões éticas,
algumas mulheres irão tentar explorar seu potencial heterossexual, para
fazer a troca ou mudança por escolha ao invés de por sentimentos. Ainda,

109
a fluidez sexual da mulher não prova que toda mulher que se propõe
intencionalmente a mudar aspectos de sua sexualidade irá alcançar o nível
desejado de transição ou mudança.

Liberdade de Escolha na Terapia

Ao discutir seu trabalho com “lésbicas já casadas uma vez”, Bridges


e Croteau (1994) notam que nós como terapeutas precisamos ajudar
nossos clientes,

Para perceber que a orientação sexual, pode, mas não


necessariamente, cair em uma de duas puras categorias que
permanecem estáveis com o tempo... O terapeuta deve ajudar o
cliente a ver que existem muitas opções possíveis para definir e
entender a sexualidade de alguém. O cliente pode então se sentir
livre para descobrir e moldar uma identidade que se ajusta a ela
naquele ponto de tempo. (p. 137)

Isso é uma representação bastante essencial da fluidez da


sexualidade feminina e respeito ao direito do cliente de escolher. No
entanto, a identidade sexual que os clientes de Bridges e Croteau estavam
descobrindo e moldando era a identidade lésbica depois de terem se
casado com homens. Os terapeutas gay-afirmativos iriam obviamente dar
boas vindas e encorajar essas mulheres a explorarem suas inclinações pelo
mesmo sexo, ainda iriam questionar com ceticismo uma mulher que teve
cinco amores lésbicos, mas que agora está em um estágio de sua vida em
que gostaria de submeter-se a uma transição de um padrão de vida
lésbico para heterossexual. Seu ceticismo em relação a isso é de fato uma
inconsistência fatal na base teórica da comunidade terapêutica pró-gay.

Heterossexuais são muitas vezes bem recebidos na comunidade


bissexual e homossexual. No entanto, lésbicas que experimentam ou
intencionalmente se direcionam a heterossexualidade são muitas vezes
advertidas pelo terapeuta gay-afirmativo bem intencionado de que elas
podem ter o risco de danos caso elas tentem mudar. Adicionalmente, elas
são muitas vezes desacreditadas se de fato elas encontram
relacionamento heterossexual satisfatório e significativo, e elas são por
vezes rejeitadas pelos seus amigos gays e lésbicos.

110
Clausen (1999), que acredita que é perfeitamente bom ser ou
heterossexual ou homossexual, reconhece que “os parceiros sexuais de
uma pessoa não pareceriam mais relevantes ao medidor de sua natureza
básica do que seria uma série de outros hábitos, preferências e gostos” (p.
xxv). Portanto, pessoas que se movem com a fluidez da sexualidade e
mudam suas atrações sexuais não devem ser tratadas como
“atravessadores de fronteiras”. “O que é necessário parar é o
aparelhamento da história para ter ou parecer permanentemente e
universal” (p. xxviii).

O que é de fato infeliz é que enquanto a comunidade secular


concorda que sexualidade é fluida e está sujeita a mudança, somente
permite a “mudança” para uma direção. No entanto, eu concordo com as
afirmações de Bridges e Croteau (1994). Eu apoio esses clientes que
querem explorar, descobrir e moldar um futuro relacional e sexual fora
das relações com o mesmo sexo. Eu faço então os ajudando a ver que
existem de fato muitas opções abertas a eles em entendimento, definição
e identificação com seus sentimentos e interesses emocionais, relacionais
e sexuais.

Finalmente, também de interesse na nota do “direito de escolha”


do cliente, Dr. Douglas Haldeman (2002) – um escritor e palestrante
popular no tratamento competente e ético de lésbicas, gays e bissexuais
em psicoterapia – notas que certamente pode ser de real conflito entre a
identidade religiosa de um homem ou mulher e sua orientação sexual fora
do sentimento cultural anti-gay. Ele afirma, “Os direitos de indivíduos para
suas diversas experiências de religião e espiritualidade merece o mesmo
respeito de acordo com a orientação sexual”. Enquanto ele não apoia
particularmente as terapias de conversão, ele nota que pode ser “menos
emocionalmente rompente, para um indivíduo contemplar mudança da
orientação sexual do que se libertar de um estilo de vida religioso que é
visto como o centro completo do senso de si e propósito do indivíduo” (p.
262). Ele conclui:

No entanto essa distinção entre identidade religiosa e orientação


sexual pode ser vista, e a psicologia não tem o direito de interferir
com os direitos dos indivíduos de buscar o tratamento que
querem... O papel da psicologia é informar a profissão e o público,
não de legislar contra os direitos das pessoas à própria
determinação. (Haldeman, p. 263).

111
Respeito: Terapia para o Bem da Mulher – Não ao Contrário

Toda mulher que entra em meu consultório merece meu respeito e


a liberdade de escolher a vida que ela quer. A última coisa que um cliente
necessita, especialmente aquele que está em sofrimento e coberto de
vergonha, é que eu obsessivamente foque em suas atrações pelo mesmo
sexo num esforço para afirmar ou revogar essa atração, além do primeiro
reconhecimento e entendimento de todos os outros aspectos de sua vida,
especialmente as profundas necessidades ou razões que a trouxeram para
meu consultório em primeiro lugar. Mulheres com atrações pelo mesmo
sexo são extremamente perceptíveis e sensíveis. Elas irão provavelmente
sentir se você possuir uma agenda de mudança, de convencimento ou
conserto. Esse tipo de agenda, claro, pode tirá-la de sua dignidade
humana e direito de escolha. Seu amor incondicional, aceitação e desejo
genuíno de entender suas escolhas irá prover a segurança na qual ela pode
explorar, aceitar ou desafiar suas mudanças.

Como mencionado anteriormente, para começar o trabalho da


terapia, eu primeiro faço um esforço genuíno para conhecer, criar
confiança e estabelecer uma autêntica e carinhosa relação com a única
mulher sentada na minha presença. Segundo, eu tentarei ajudá-la a
identificar e resolver suas feridas, trazer claridade às suas confusões
inocentes ou conflitos internos, confrontar falsas crenças, determinar suas
crenças verdadeiras, desvendar padrões relacionais doentios e expor
fundamentos para intimidades significativas. Isso é como procederei na
terapia com qualquer cliente.

Conclusão

Os assuntos discutidos nesse artigo são somente um leve vislumbre


sobre poucos de muitos assuntos complexos e processos que uma mulher
precisará lidar ao exercitar sua escolha e direito de própria determinação
de viver uma vida consistente com seus valores de fé e de buscar seus
desejos de aprovação completa, de relacionamentos saudáveis, de
comunidades de suporte, e de família e sua casa. “O processo de construir
e reconstruir a morada interior de uma mulher é tão especial e importante
que vale cada despesa de tempo, habilidade e carinho” (Hallman, 2008, p.
294) que ambos ela e sua terapeuta investem em direção a esses
objetivos.

112
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115
Capítulo Cinco

Dessensibilização e
Reprocessamento por Meio
dos Movimentos Oculares
(EMDR) e Atrações
Indesejadas pelo Mesmo Sexo:
Um Novo Tratamento para a
Mudança
Esly Regina Carvalho

Os traumas de desenvolvimento são muitas vezes a base de


atrações pelo mesmo sexo (AMS), pois eles podem interromper o
desenvolvimento psicossexual em populações vulneráveis. A
Dessensibilização e Reprocessamento por Meio dos Movimentos Oculares
(EMDR20) é uma abordagem psicoterapêutica que tem a capacidade de
tratar o trauma mudando a interpretação de memórias dolorosas e
traumáticas no cérebro. EMDR pode curar os traumas que contribuíram

20
Do inglês, Eye Movement Desensitization and Reprocessing

116
no desenvolvimento, na manutenção e no reforço da AMS e, ainda, pode
ser uma das formas mais eficientes e promissoras de tratamento. Nesse
capítulo, discutirei as maneiras que o trauma age naqueles com AMS
indesejada. Também apresentarei a EMDR e descreverei como ela
funciona, e finalmente, esse método é exemplificado através de um curto
estudo de caso. Enquanto a EMDR é usada para tratar uma vasta
variedade de questões, esse capítulo particular destaca a efetividade de
tratar AMS indesejada.

O Trauma e a Bíblia

O livro de Gênesis nos diz que fomos criados para um mundo


perfeito. A verdade é que nenhum de nós se recuperou do trauma da
Queda e da subseqüente expulsão do Eden (Genesis 3). A maldade não é
nosso caminho de vida “normal” e, portanto, os relacionamentos
rompidos, as frustrações, a violência, o estupro, a perda e a morte
também não são. Nós nunca realmente superamos qualquer uma dessas
situações, e elas deixam uma marca em todos nós.

Os humanos também foram criados com o livre arbítrio. Foi dada a


nós a habilidade de escolher entre o bem e o mal, mas o pecado e a
presença resultante do trauma no mundo prejudicam essa habilidade.
Como o pecado, o trauma nos escraviza e prejudica nossa capacidade de
escolha, de fazer decisões que nos tragam relacionamentos saudáveis. Ele
também pode nos obrigar a repetir comportamentos que não queremos.
Às vezes nós nos comportamos de acordo com os padrões destrutivos que
estão no nosso inconsciente. Mesmo quando estamos conscientes sobre
esses padrões e desejamos mudar nossas respostas para as pessoas e para
situações que ativam nossos traumas, nós ainda repetimos erroneamente
como um rádio quebrado.

Um dos tristes resultados do trauma é que nós geralmente


acreditamos nas mentiras sobre nós mesmos. Um dos clássicos exemplos
é de uma mulher que foi estuprada a mão armada, e ela ainda acredita
que a culpa foi dela. Embora racionalmente ela esteja consciente de que
resistir poderia tê-la matado, emocionalmente a crença negativa (a
mentira) permanece: “Foi minha culpa. Eu deveria ter feito mais”. A
consequência é que também acreditamos em mentiras sobre os outros e
somos incapazes de acreditar naqueles que poderiam ajudar-nos a
quebrar o ciclo vicioso do comportamento repetitivo.

117
O trauma muitas vezes leva a pensamentos obsessivos. Nós
repetimos o que nós experimentamos no passado: quem disse o quê, a
sequência dos eventos, etc. Mesmo quando nós apertamos o botão
mental de “desligar” e tentamos mudar o assunto das conversas presentes
na nossa mente, em questão de minutos os pensamentos voltam –
estejamos acordados ou dormindo. Pessoas traumatizadas gastam
incontáveis horas obsessivas sobre eventos dolorosos, inutilmente dando
replay nos eventos e o que poderia ter sido feito ou dito diferentemente.

Outro aspecto importante do trauma, talvez o mais característico de


todos, é que somos incapazes de arquivá-lo no passado. Eventos
traumáticos parecem estar sempre no presente ao invés de serem
processados e guardados, como uma memória normal. O passado está no
presente, tateando, influenciando, contaminando, e envenenando tudo
que fazemos.

Outro trauma característico é a esquiva. Nossas mentes fazem tudo


o que elas podem para evitar pensar sobre o que aconteceu, ou sobre
situações nas quais eventos passados podem ser ativados de novo. Nós
evitamos lugares e pessoas que podem ativar sentimentos traumáticos
tudo de novo. Visto que não é sempre possível evitar tais situações, nós
muitas vezes nos encontramos no pêndulo intrusivo/esquiva – os
pensamentos intrusivos nos atormentam e nós nos esquivamos deles o
máximo que podemos, mas eles eventualmente voltam porque a
experiência traumática em si nunca foi resolvida. Algumas pessoas até
mesmo vão ao extremo da dissociação de memórias, reprimindo-as de
uma maneira que elas fiquem bloqueadas da consciência.

Finalmente, o trauma previne a aprendizagem. Somos incapazes de


aprender novos papéis, aptidões e comportamentos, porque a memória
traumática é muitas vezes apresentada de tal forma que a novidade faz
bater o sino do perigo. As pessoas traumatizadas evitam a mudança de
qualquer forma, e o aprendizado se torna parte do que é evitado, uma vez
que muitas vezes necessita mudar a maneira que pensamos ou agimos.

Memórias Traumáticas e Curando O Que Queremos Esquecer

Deus nos criou com uma habilidade inata para cura. Francine
Shapiro (1997) tão aptamente ilustrou em seu workshop de treinamento
que o corpo é capaz de curar a si mesmo de um corte na mão; porque

118
então o cérebro não poderia fazer o mesmo? A verdade é que nós
finalmente estávamos abertos a encontrar a chave que destranca alguns
dos mistérios do cérebro, e uma delas é a habilidade de ajudar o cérebro
curar informações processadas mal adaptadas (Shapiro, 2001).

Tudo que acontece conosco acontece para nossos corpos. Nossos


corpos estiveram sempre presentes em cada evento de nossas vidas, da
concepção até a morte. Eles gravam o que acontece conosco em nossos
cérebros como informações adaptadas e mal adaptadas (Shapiro, 2001).
Nossa memória grava tudo que aconteceu para nós colorirmos nossas
vidas diárias. A informação é que nos ajuda a seguir em frente, aprender
de nossos erros, examinar o que aconteceu e nos segurarmos na parte
boa das coisas é a informação adaptada. Nós até mesmo chamamos de
sabedoria em muitos casos porque nossas memórias nos ajuda sobreviver
e viver vidas mais frutuosas. Mas nós também processamos memórias
más que distorcem nossos pensamentos, que mentem sobre nós sobre o
que está acontecendo, que contaminam nossas decisões, e que
prejudicam nossa habilidade de escolher nossas respostas e
comportamentos. Essa informação mal adaptada e sua dor, irá continuar a
assombrar nossas vidas por muito tempo até que os eventos conectados à
gravação sumam.

Ninguém realmente entende como a psicoterapia funciona no


cérebro. No entanto, nós sim sabemos que quando uma pessoa fica
nervosa, seu cérebro muda a maneira com que ela processa informações.
Não acontece da maneira que o processamento normalmente funciona.
Uma memória ou momento se torna “congelado no tempo”. Para algumas
pessoas, trazer uma memória dolorosa ou evento traumático à tona pode
ser tão mal como se tivesse sido da primeira vez. Isso é porque as
imagens, sons, cheiro, e sentimentos não mudaram (van der Kolk, 1994).
Tais memórias têm um efeito permanente que interfere na percepção da
pessoa sobre o mundo e como ela se relaciona com outras pessoas.

A EMDR parece ter um efeito direto na maneira de como o cérebro


processa a informação. Ela permite que o processamento normal de
informação continue. Depois de uma sessão EMDR bem sucedida, uma
pessoa não mais relembra das imagens, sons, e sentimentos que estavam
atrelados àquela memória quando o evento é trazido à mente. Uma
pessoa ainda lembra o que aconteceu, mas não é mais doloroso como

119
antes. Algumas vezes a memória some, perde sua precisão, ou muda em
uma interpretação mais positiva sobre os eventos.

A EMDR também parece “imitar” até certo ponto o que acontece


naturalmente enquanto as pessoas sonham ou dormem durante o sono
REM21 (Stickgold, 2002). Em certo senso, a EMDR pode ser concebida
como uma “terapia fisiologicamente baseada que ajuda a pessoa a ver o
material perturbador de uma maneira nova e menos estressante”
(EMDRIA, 2008).

Como a EMDR funciona?

O tratamento foi desenvolvido por Francine Shapiron em 1987, e


tem crescido desde então em um movimento de treinamento mundial.
Baseado na teoria de que todas as memórias são guardadas como
informações adaptadas e más adaptadas no cérebro, Shapiro descobriu
que estimulando alternadamente os hemisférios direito e esquerdo do
cérebro enquanto o cliente se lembra da memória traumática, de certa
forma ajuda o cérebro a reprocessar, e finalmente arquivar a memória no
cérebro como uma informação adaptada, onde será útil à pessoa ao invés
de dificultar seu crescimento e desenvolvimento emocional.

Shapiro (2001) desenvolveu um protocolo de oito passos que inclui:


1) Uma minuciosa anamnese; 2) Preparação do cliente para a aplicação da
EMDR (as leituras do cliente devem ser observadas, bem como assegurar
que o cliente tenha recursos pessoais o suficiente para recuar durante
fortes reações que muitas vezes acontecem quando o material
angustiante é acessado); 3) Avaliação e medição da memória do cliente,
onde o “arquivo traumático é aberto” em preparação para o próximo
passo 4) Reprocessar, através do uso da estimulação bilateral (visual,
auditiva ou tátil) até que o nível de angústia alcance zero, ou um nível
baixo aceitável de distúrbio; 5) Instalação de uma crença positiva (que
pode ser referida como a verdade sobre o que aconteceu); 6) Um exame
do corpo para ver se há algum distúrbio deixado no corpo, e 7) Fechar a
sessão de uma maneira que o cliente a possa deixar confortavelmente. O
oitavo passo é a sessão seguinte quando o cliente é avaliado em busca de
resultados.

21
Do inglês, Rapid Eye Movement

120
Shapiro (2001) afirma que, durante a EMDR, o cliente atende em
sequência às experiências do passado e do presente em breves doses,
enquanto simultaneamente ele foca em estímulos externos. Então o
cliente é instruído a permitir que o novo material se torne o foco do
próximo conjunto de dupla atenção. Essa sequência de dupla atenção e
associação pessoal é repetida muitas vezes na sessão (EMDR, 2008).

Parece que a estimulação bilateral auxilia o cérebro a começar o


processamento normal que ocorre durante o sono REM. De certa forma, a
estimulação bilateral é uma maneira de dar ao cérebro um “salto” para
que ele então faça o que ele está aberto a fazer sob circunstâncias
normais (o trauma não é uma circunstância normal), enquanto o cliente
está acordado, completamente consciente e no controle do que está
acontecendo. Colocando de forma simplista, a EMDR imita o que acontece
durante o sono REM, mas o faz enquanto o cliente está acordado. Ainda,
ele permite que o cérebro continue a terminar o que permaneceu não
processado devido ao conteúdo traumático do presente material. Por
alguma razão, o cérebro não está sempre aberto a fazer isso por si
mesmo, talvez porque o material traumático seja sufocante para o cliente,
especialmente na infância. Os pesadelos, maus sonhos, sono irregular, e o
acordar assustado são possíveis sinais de que o cérebro não terminou o
trabalho de processamento. Isso pode ocorrer como resultado de
conteúdo ansiogênico do material do sonho, que acorda o cliente antes
que o trabalho seja terminado.

Uma vez processada, a memória pode ser acessada sem a angústia


que previamente era ativada. Clientes relatam não só que as memórias
não mais os incomodam, mas que eles muitas vezes têm dificuldade de
lembrar detalhes vívidos ou outros aspectos negativos na memória
traumática. O “acabou” é uma das palavras que eu mais amo ouvir dos
meus clientes. O evento finalmente foi arquivado no passado e perdeu seu
poder de devastar o presente e futuro.

Por conta de seu poder de curar – ou machucar – o indivíduo, a


EMDR é ensinada somente a psicoterapeutas licenciados treinados. A
EMDR necessita de um conhecimento específico de psicopatologia e de
como lidar com vítimas altamente traumatizadas que se tornaram frágeis
e vulneráveis devido à suas experiências. O Instituto EMDR
(www.emdr.com) nos Estados Unidos é a maior força de treinamento, e a
EMDRIA (EMDR International Association www.emdria.org) congrega

121
clínicos EMDR treinados e sedia uma conferência anual (para treinamento
em Espanhol e Português, veja www.emdriberoamerica.org).

Atração Pelo Mesmo Sexo Indesejada e seu Histórico de Trauma

Tendo trabalhado desde 1982 com AMS, tenho tido a única


oportunidade de acompanhar clientes que desejaram algum nível de
mudança em sua orientação sexual por um período longo de tempo.
Também me manteve totalmente consciente de como tantos traumas
brincam em suas angústias. Como já escrevi em um livro (Carvalho, 2004),
o trauma interrompe o desenvolvimento psicossexual normal (Nicolosi,
1991) de crianças, fazendo isso mais dificultoso, se não impossível, para
eles atravessarem os estágios normais da vida. Enquanto não são todas as
crianças que são afetadas exatamente do mesmo modo em suas
experiências, alguns dos padrões comuns que encontramos em clientes
com AMS são os seguintes:

Dificuldade de ligação com o genitor do mesmo sexo

Algumas crianças têm dificuldade de ligação com o genitor do


mesmo sexo (Moberley, 1983; Nicolosi, 1991). Isso pode acontecer devido
a várias razões.

Um pai violento. Um pai violento, no caso de um filho, pode


“assustar” a imagem da masculinidade. O pensamento (in)consciente é,
“se ser um homem significa ser igual a meu pai, eu não quero ser um
homem”. De uma maneira similar, as mulheres podem rejeitar a
feminilidade se for apresentadas a elas com violência. Violência de
homens contra mulheres podem ter uma significante parte na rejeição
traumática no gênero de alguém (“Não é seguro ser uma mulher”). Pode
ser também notado que mães violentas (muitas vezes) alcoólicas podem
contribuir para isso quando suas filhas observam o comportamento
violento.

Um pai emocionalmente/fisicamente ausente. Uma criança pode


ter dificuldades de ligação se um pai/mãe ou padrasto/madrasta deixam a
criança com falta de carinho, cuidado, empatia e afirmação necessária
para um desenvolvimento saudável. Ainda, a ausência de carinho pelo
genitor do mesmo sexo pode deixar a criança insegura sobre sua própria
identidade, incluindo sua identidade de gênero. Devido à falta de ligação

122
não é dada à criança uma apropriada oportunidade de aprender como se
tornar um homem ou mulher. Um pai que se esconde por detrás da tela
do computador, que viaja constantemente, ou que está muito ocupado
para gastar tempo com seus filhos, contribui para essa dificuldade uma
vez que o filho não tem acesso a um pai carinhoso que confirma sua
sexualidade/gênero em sua presença afirmadora. Alguns pais podem até
mesmo serem fisicamente presentes, mas emocionalmente muito
distantes de seus filhos. Recentemente, Nicolosi (em publicação) afirmou:

Minha observação clínica de muito tempo sugere uma tendência


repetida na tenra infância: especificamente, uma acumulação inicial
de feridas emocionais no núcleo que levaram a uma lesão de ligação
(ênfase minha). Nós acreditamos que a homossexualidade não é só
uma defesa contra a inferioridade de gênero, mas uma defesa
contra um trauma do núcleo pessoal (ênfase minha). Além das
necessidades previamente reconhecidas de identificação e
afirmação pelo mesmo sexo, nós agora conhecemos melhor a
condição como uma tentativa de curar um trauma de abandono-
aniquilação. Nós vemos a homossexualidade como tipicamente uma
tentativa de “reparar” um anseio vergonhoso e aflito pela
individuação do gênero. Como tal, a homossexualidade pode ser
vista como uma forma patológica de aflição. Adotando conceitos de
literatura de perda e aflição, nós, portanto damos nova atenção às
contribuições de teoria de ligação e ao papel da vergonha.

Abuso Sexual

Abuso sexual na infância e adolescência é quase uma constante na


maioria dos clientes que tem procurado terapia (Byrd, 1998; Dimock,
1988; Lew, 1988). Minha experiência confirma isso, uma vez que quase
todos os meus clientes têm isso em comum. Repetidas vezes, pessoas
como AMS comentam sobre experiências do passado de terem sido
sexualmente abusadas na infância, e os pensamentos básicos para vítimas
masculinas é muitas vezes como “se um homem fez isso comigo, talvez o
tenha feito porque sou realmente homossexual”. Embora o abuso sexual
não signifique automaticamente que a pessoa irá desenvolver alguma
forma de AMS, significa que em algum nível sua sexualidade será
traumaticamente distorcida.

123
Erotização de Necessidades Emocionais

A erotização de necessidades emocionais legítimas na adolescência


somente compõe a história traumática. Jovens que buscam pela legítima
afirmação de um pai são puxados involuntariamente para
relacionamentos destrutivos em uma tentativa de preencher essas
necessidades emocionais que se tornaram não atendidas. Muito têm
experiências prematuras com o mesmo sexo e outros são vitimados por
conta de sua vulnerabilidade e necessidade. Alguns adolescentes ou
jovens adultos entram na vida gay inicialmente por curiosidade, achando
outros que se sentem como eles, não tendo ainda a maturidade para lidar
com a intensidade de seus sentimentos. Além disso, adolescentes podem
experimentar confusão se eles encontrarem parceiros que são mais velhos
e mais experientes do que eles mesmos. Para outros, por terem sido
atraídos por sua necessidade de uma figura paterna, eles se tornam tão
dependentes ao tentar preencher o vácuo emocional que eles terminam
ficando em relacionamentos destrutivos por conta dessas suas
necessidades por amor e aceitação.

Temperamento

Algumas vezes o temperamento de uma criança a coloca no risco de


ser provocada e de sofrer bullying. Crianças que não sabem como se
proteger, que são inerentemente vergonhosas e que evitam contato,
muitas vezes perdem as oportunidades para desenvolver suas habilidades
de gênero, especialmente no recreio. Os insultos constantes e as
observações humilhantes miradas aos garotos de coração tenro e às
meninas duronas abrem a porta a um mundo de críticas que, para alguns,
nunca diminui. Essas experiências traumáticas levam alguns a se tornarem
o que eles foram “ensinados” a ser.

Trauma

Desnecessário dizer, o trauma gera o trauma. Por conta da natureza


de como o trauma trabalha em nossos cérebros, a tendência é muitas
vezes repetidamente atuar, buscar, e viver as histórias traumáticas em
tentativas frustrantes de finalmente resolver essas memórias e a dor que
ela traz. Tristemente, isso somente leva a mais dor e mais trauma.

124
Para algumas pessoas essa repetição eventualmente se torna
intolerável e elas buscam ajuda. Algumas são motivadas porque o trauma
em si mesmo se tornou intolerável, e a vida gay muitas vezes compõe suas
feridas emocionais. Elas buscam alívio para sua dor. Outras são incitadas
por sua religião. Ainda outras gostariam de entrar no mundo
heterossexual, ou até mesmo se tornar mais confortáveis com isso devido
ao prejuízo e discriminação que as pessoas homossexuais sempre lidam. E
alguns gostariam de casar e de ter filhos de uma maneira tradicional.

EMDR e Trauma

EMDR foi desenvolvido, pesquisado e, mais recentemente, validado


e reconhecido como uma das mais poderosas ferramentas no arsenal da
psicoterapia para tratar traumas (EMDRIA, 2008). Um resumo da extensa
pesquisa sobre distúrbios pós-traumáticos está disponível online. A
Administração dos Veteranos e a Associação Americana de Psiquiatria
também recomendam a EMDR para tratamento de traumas,
reconhecendo seus resultados e a manutenção desses resultados ao longo
do tempo.

Shapiro (EMDR, 2008) também nos informa que:

A pesquisa científica estabeleceu a EMDR como uma maneira eficaz


de combater o stress pós-traumático. No entanto, terapeutas
também reportaram sucesso ao usar EMDR no tratamento das
seguintes condições: ataques de pânico, tristeza excessiva,
desordens dissociativas, memórias traumáticas, fobias, desordens
de dor, desordens de alimentação, ansiedade de desempenho,
redução de stress, vícios, abuso físico e/ou sexual, transtornos
dismórficos de corpo e desordens de personalidade.

Obviamente, muitos de nossos clientes com AMS possuem várias


dessas condições bem como questões convencionais do trauma; portanto,
EMDR se tornou a ferramenta de escolha para lidar com muitas das
questões não resolvidas assim como memórias traumáticas. Se
conceituarmos a atração pelo mesmo sexo indesejada, como Nicolosi (em
publicação) também sugere, a EMDR poderá provavelmente fazer uma
intervenção proveitosa.

125
Terapia EMDR e AMS Indesejada

Por a EMDR ser especialmente ligada à cura de memórias dolorosas


e traumáticas, seu uso para curar traumas de pacientes com AMS tem sido
bem útil. O protocolo EMDR diz que os pacientes tentam se lembrar da
primeira experiência traumática, chamada de memória “pedra angular”,
porque é muitas vezes a responsável por estruturar o comportamento
traumático. Por exemplo, podemos pedir ao paciente que identifique a
primeira vez que ele sentiu a AMS e seguir para aquele evento,
estruturando aquele protocolo com a memória principal como o alvo. Ao
reprocessar a memória, e colocá-la no passado, perde-se seu poder de
machucar o presente. A pré-suposição básica é que, enquanto curamos o
trauma que causou a prisão psicossexual no desenvolvimento, o estágio
psicossexual normal de desenvolvimento será desbloqueado e terá a
chance de se desenvolver. Muitas vezes isso traz opções heterossexuais,
permitindo que novas respostas emirjam espontaneamente e abram
possibilidades para ensaios comportamentais, que eram previamente
impensáveis. A AMS por si só pode ser mirada e reprocessada. À medida
que muitas das memórias da tenra infância são processadas, (a dificuldade
de relacionamento com o genitor do mesmo sexo, questões de abuso, e
limitações em aprender comportamento sintônico do gênero apropriado),
mais e mais respostas heterossexuais se tornaram disponíveis ao cliente
como uma opção de vida. Curar restaura a possibilidade de escolha livre, e
clientes agora tem opções e escolhas que podem exercitar em relação a
suas respostas comportamentais e emocionais.

Isso é muitas vezes um processo lento porque alguns clientes foram


severamente traumatizados. Mas os resultados da terapia EMDR nunca
param de me maravilhar. Semanalmente fico profundamente emocionada
pelos resultados que vejo ao tratar todos os tipos de dificuldade incluindo
a AMS. Para muitos clientes, a EMDR começa a lhes dar algum nível de
alívio imediato e uma esperança de longo termo da mudança. A EMDR
tem o poder de curar numa “velocidade máxima” quando comparada a
terapias convencionais (Grand, 2001). De várias maneiras ela representa
uma troca de paradigma na psicoterapia, precisamente por conta de sua
capacidade de processar memórias mal adaptadas onde elas são
guardadas – no cérebro.

Assim que as memórias dolorosas são processadas, clientes


começam a encontrar melhorias em muitos dos correlatos que

126
acompanham o trauma: depressão, pesadelos, ansiedade, ataques de
pânico, etc. Com o tempo, eles começam a perceber que a AMS diminui e
são menos problemáticas. Eles também percebem que eles estão
adquirindo níveis diferentes e diversos de controle sobre o
comportamento de que a AMS muitas vezes desencadeia. Respostas
heterossexuais se tornam uma possibilidade.

Lembro-me de um paciente em particular que rejeitou o


comportamento feminino como o vestido, a maquiagem, lingeries, etc.
Por conta de onde estávamos em seu processo terapêutico, pedi a ela
para comprar um batom e passá-lo por uma vez ao dia por uma semana,
até a próxima sessão (Acho que se eu tivesse pedido a ela para matar um
dragão no inferno ela teria preferido). De certa forma, o uso do batom
tinha uma finalidade diagnóstica. Se ela pudesse fazê-lo, ela estaria se
movendo no caminho de reconexão com seu próprio gênero,
especialmente porque isso era algo que ela rejeitaria totalmente no
começo da terapia. Se ela ainda estava fechada ao uso do batom então as
questões por trás dessa limitação se tornariam forragem para o moinho
terapêutico. Quando ela veio para a sessão seguinte, ela estava com um
batom de cor clara, mas estava obviamente angustiada. Ela comentou que
um amigo próximo que sabia sobre sua situação a ajudara a comprar um
batom porque ela nunca teve nenhuma maquiagem. Ainda, ela somente
tinha conseguido passar o batom duas vezes: uma vez antes do banho, e
outra na porta de meu consultório naquele dia (ela me disse que levou
papel higiênico no bolso para tirar aquilo assim que a sessão terminasse).
Investigando quando foi que ela rejeitou essas “mercadorias femininas”,
ela me disse sobre memórias difíceis em relação a sua mãe na infância e
adolescência, assim como no momento que ela decidiu não querer ser
como sua mãe. Isso se tornou o alvo por muitas sessões subsequentes de
EMDR. Um ano depois ela escreveu que não estava somente com um
batom vermelho, mas também com meia-calça, maquiagem, e que amigos
gostaram de sua nova minissaia, respostas que eram inconcebíveis para
ela (e para mim!) um ano antes.

Estudo de Caso

Mercedes* era uma mulher caucasiana de 28 anos sem filhos


quando primeiramente veio para a terapia. Ela tinha um diploma em
ciências exatas, e tinha feito alguma psicoterapia por algum tempo desde
seus 15 anos. Ela se tornara cristã em sua adolescência, quando seus pais

127
se separaram. Eles estavam prestes a se divorciar quando seu pai se
tornou cristão, e o casamento sobreviveu. Eventualmente, sua mãe se
tornou cristã, e também sua irmã mais nova. Ela se apaixonou e casou-se
com seu marido quando tinha 22 anos. Ela reclamava que ele tinha
vergonha e não tomava muitas iniciativas.

Mercedes disse que ela teve relacionamentos inapropriados com


outras mulheres, incluindo relacionamentos sexuais, e que ela “queria
tirar isso de sua mente”. Ela recentemente terminou um caso com uma
mulher. Seu marido descobriu e ficou profundamente machucado, mas
eles decidiram não terminar o casamento e trabalhar em suas questões.
Isso foi o que a trouxe para a terapia.

Mercedes comentou que ela foi sexualmente abusada por um tio na


idade de 8 a 11 anos, por várias vezes, e que ela muitas vezes sentiu que
sua mãe era verbalmente abusiva para com ela, comparando-a com sua
irmã mais nova que era “mais feminina”. Em muitas ocasiões ao crescer
ela sentia que sua mãe não aceitava seu jeito de expressar a feminilidade
– seu corte de cabelo, sua maneira de se vestir, suas maneiras – por
sempre insinuar e implicar que era muito masculina e precisava ser mais
como sua irmã. Sua primeira atração por uma mulher ocorreu em uma
festa do pijama quando ela tinha 13 anos.

Mercedes começou a terapia dizendo que ela queria “fechar a


porta” da sua AMS. Ela queria ser mais comprometida com seu
casamento, mas ela estava envolvida em um relacionamento com uma
mulher por um ano, e estava tentando se mover para longe dela. Embora
seu marido tenha descoberto isso, ele pensou que estivesse acabado
quando Mercedes começou a terapia. Ele ainda não tinha percebido que
Mercedes ainda via a outra mulher às vezes.

No começo da terapia Mercedes desenhou uma porta, que se


tornou um dos primeiros alvos da EMDR. Ela se descreveu como sendo
fraca. Ela afirmou que a porta estava aberta, ela conseguia ver através do
vidro da janela na porta, e que a porta estava decorada com flores e
detalhes. Ela afirmou que era “bem charmoso” e então riu, dizendo que
era “muito gay!” “É bem atraente para mim, mas mesmo assim me
incomoda”. Sua pontuação, numa escala de um a dez, na Unidade de

128
Escala Subjetiva de Perturbação (SUDS22) foi 8, uma pontuação
razoavelmente alta.

Nos próximos seis meses, trabalhamos com o protocolo clássico de


EMDR em várias questões: 1) Seu relacionamento com sua mãe, a qual
muitas vezes chamou-a por nomes masculinos ou denegriu sua
feminilidade de outras maneiras; 2) O abuso por parte de seu tio; 3) A
memória dolorosa de sua festa de aniversário de 11 anos quando seu pai a
pegou inocentemente beijando seu vizinho, um garoto. Seu pai teve um
ataque e passou um bom tempo sem falar com ela. A mensagem que ela
incorporou foi “Eu não deveria estar com meninos”; 4) As questões da
tentativa de separação de seus pais quando ela tinha 13 anos; e 5) Uma
memória da infância escolar de ter levado uma prova para casa sem
entender que provas deveriam ser feitas na escola e deixadas lá.

No fim de quatro meses, ela desenhou uma nova “porta”. Dessa vez
ela disse, “Eu estou do outro lado da porta, e é grande porque eu já a
atravessei. Não tem nenhuma decoração, e a janela está fechada. A porta
está fechada com cimento”. E de repente ela olhou e comentou “Até
mesmo a maçaneta está do outro lado!” Ao comentar depois, Mercedes
disse,

A porta costumava a ser pequena porque eu estava muito envolvida


no estilo de vida lésbico. Eu não via até mesmo a possibilidade de
uma solução ou mudança. Era minha única realidade (ênfase
minha). Eu acredito que a porta se abriu quando eu tinha 9-12 anos.
Meu pai me pegou beijando um garoto e me disse que eu não
deveria estar com garotos. Hoje eu vejo coisas diferentemente. A
segunda porta não era bonita, mas também não havia vergonha.
Com a primeira porta eu tinha vergonha. Tinha várias flores, uma
porta realmente ‘gay’. Agora porta é grande porque eu estou desse
lado, e irá se tornar menor a partir do momento que eu viva mais e
mais no mundo heterossexual.

22
Do inglês, Subjective Unit of Distress Scale

129
Discussão

Esse estudo de caso exemplifica muito dos aspectos que são


encontrados em pessoas com AMS que vem até mim e que desejam
mudar:

1. Abuso sexual na infância: seu tio abusou dela entre as idades de 8-


11;

2. Dificuldades com a confirmação de gênero com o genitor do mesmo


sexo: sua mãe, que constantemente a comparava com mais
“feminina” irmã mais nova, e reclamava sobre suas maneiras
masculinas, vestimenta, etc., e até mesmo a chamava de nomes
masculinos;

3. Quebra traumática com o pai do sexo oposto: seu pai a pegou


inocentemente beijando um colega de sua idade, e severamente se
afastou dela;

4. Vergonha na escola: sua experiência de ser diferente e imatura.

A sessão EMDR no incidente escolar foi um dos pontos importantes


da terapia. Foi uma das experiências que somente serviram para
confirmar a rejeição de sua mãe e a não aceitação, com o elemento
adicional de que ela foi posteriormente envergonhada na escola. Ela foi
colocada na escola um ano mais cedo e era mais nova e, portanto, mais
imatura de que muitos estudantes. Ela não sabia realmente as “regras do
jogo” e não tinha ninguém que as ensinasse para ela. Quando ela levou a
prova pra casa, o professor a envergonhou na frente de seus colegas de
sala, fazendo-a se sentir mais diferente e inaceitável.

Quando Mercedes terminou a terapia ela afirmou que ela estava


pensando em ficar grávida; que ela havia feito a escolha do casamento; e
que, embora ela soubesse que em alguns momentos ela seria incomodada
por velhas crenças, ela não via razões de voltar para o estilo de vida
lésbico quando seu casamento e sua família davam tanta satisfação a ela.
Ela tinha curado seu relacionamento com sua mãe em um largo nível, e
agora quando sua mãe reclamava sobre seu estilo de cabelo, isso não a
incomodava como antes, ela levava na esportiva. Ela desenvolveu uma
relação próxima e carinhosa com seu pai e está se dando bem com sua

130
irmã e sua família. Adicionalmente, após férias intensas e amorosas com
seu marido, seu casamento foi renovado, e ela muitas vezes sente falta de
seu marido durante o dia quando eles estão separados.

Uma das coisas significantes sobre esse caso particular é a


velocidade de mudança. Mercedes gastou 15 sessões em um período de
nove meses na terapia EMDR, e quase toda sessão foi gasta mirando uma
de suas memórias dolorosas. Mais cedo ela foi capaz de fazer a conexão
sobre a importância de trazer eventos-alvo para as sessões assim
poderíamos fazer o melhor uso do tempo. Ela teve duas sessões de
emergência como resultado de sessões incompletas, onde tempo não nos
permitiu conseguir um nível de stress zerado em relação ao material
pertinente. Essas sessões de emergência nos permitiram terminar
processando o conteúdo perturbador, e em seu retorno dessas sessões ela
ficou maravilhada ao relatar sua enorme melhora.

Conclusão

A EMDR pode ser instrumental como uma modalidade de


tratamento da AMS indesejada. Como uma escolha de tratamento de
trauma, a EMDR pode ser usada para curar os traumas e memórias
dolorosas (especialmente da infância e questões familiares) que tantas
vezes assolam os que desenvolveram AMS indesejadamente. Ao
desbloquear o processo de aprendizado que o trauma fecha, clientes são
aptos a escolher novas respostas de comportamento para velhas situações
e perturbações. Embora não prometa garantia de sucesso para todos os
casos, muitos tem se beneficiado dele, e continuaram a dirigir vidas
heterossexuais satisfatórias e ajustadas.

Limitações

Há certas populações que a EMDR não são indicados. Psicóticos,


esquizofrênicos ou indivíduos com sérias desordens dissociativas são
muitas vezes frágeis para responder bem à EMDR e podem ser tomados
por suas memórias traumáticas. Esses que possuem capacidade
insuficiente para lidar com dor emocional intensa não fazem bem quando
são inundados pelo massacre de relembrar certas memórias. Abuso de
cocaína e uso de benzoadiazepinas podem reduzir ou prejudicar o
processo de informação adaptada que é um aspecto essencial do
reprocesso EMDR. A EMDR deve ser usada somente por terapeutas

131
treinados que podem avaliar a leitura de um cliente (ou falta da mesma)
para esse tipo de tratamento.

Pesquisa

A EMDR é uma das melhores pesquisas sobre trauma disponíveis


atualmente. Mais de 200 artigos foram publicados em revistas e jornais
demonstrando seu uso e eficácia (EMDR, 2008). Há agora um jornal sobre
EMDR (Jornal da Prática EMDR e Pesquisa, Springer Publications) que
publica trimestralmente questões sobre o uso e pesquisa da EMDR
(EMDRIA).

Finalmente, como todas as formas de cura emocional, ela restaura a


possibilidade de escolha livre, aquele presente precioso dado por nosso
Criador que nos permite decidir como iremos nos comportar. A cura ajuda
a quebrar o poder de comportamentos repetitivos muitas vezes impostos
em suas vítimas. É minha oração de que mais e mais pessoas machucadas
tenham acesso a terapeutas treinados para a EMDR com um
entendimento de como ele pode ajudar pessoas com AMS indesejada.

* Todas as informações identificadas foram mudadas para proteger


o anonimato do cliente.

132
Para leitura complementar

Cohen, R. (2000). Saindo do armário heterossexual. Winchester, VA: Oakhill


Press.

Goldberg, A. (2008). Luz no armário: Torah, homossexualidade e o poder de


mudar. Los Angeles, CA: Red Novilha Press.

Nicolisi, J., & Nicolisi, L. A (2002). Guia dos pais para prevenir a
homossexualidade. Downer Grove, NJ: InterVarsity Press.

Schmierer, D. (1998). Uma grama de prevenção. Nashville,


TN: Palavra Publishing.

Shapiro, F., & Silk-Forrest, M. (1996). EMDR: A terapia inovadora para superar a
ansiedade, estresse e trauma. New York, NY: Basic Books.

Referências

Byrd, D. (1998). Compreensão e tratamento da homossexualidade. Seminário


Mórmon.

Carvalho, E. (2004). Cuando el homossexual pide ayuda (Quando o homossexual


pede ajuda). Buenos Aires, Argentina: Ediciones Certeza.

Dimock, P. (1988). Homens adultos abusados sexualmente quando crianças,


Journal of Interpersonal Violence, 2, 203-221.

Instituto EMDR. (2004). Uma breve descrição do EMDR. Consultado em 27 de


setembro de 2008, no site http://www.emdr.com/briefdes.htm

Instituto EMDR. (2008). Relatos de Casos EMDR. Consultado em 27 de


setembro de 2008, no site de http://www.emdr.com/pop.htm

Instituto EMDR. (2008). Estudos de trauma. Consultado em 7 de novembro de


2008, no site http://www.emdr.com/studies.htm

EMDRIA. Definição do EMDRIA sobre a Dessensibilização e Reprocessamento


por Meio dos Movimentos Oculares. Consultado em 23 de agosto de 2008, no site
http://www.emdria.org/displaycommon.cfm?an=1&subarticlenbr=3

EMDRIA. A revista do EMDR prática e pesquisa. Consultado em 07 de novembro


de 2008, no site
http://www.emdria.org/displaycommon.cfm?an=1&subarticlenbr=214

133
EMDRIA. O que é EMDR? Consultado em 23 de agosto de 2008, no site
http://www.emdria.org/display-common.cfm?an=1&subarticlenbr=56

Grand, D. (2001). A cura emocional em velocidade dobrada: O poder da EMDR.


New York, NY: Harmony Books (ou www.biolateral.com).

Lew, M. (1988). Não mais vítimas. Nova Iorque, NY: Nevraumont Publishing.

Moberley, E. (1983). Homossexualidade: Uma nova ética cristã. Cambridge, UK:


James Clarke.

Nicolosi, J. (1991). A terapia reparativa do homossexual masculino. Northvale,


NJ: Jason Aronson.

Nicolosi (em publicação). Vergonha e perda de conexão: O trabalho prático da


terapia reparativa. Downer’s Grove, NJ: InterVarsity Press.

Shapiro, F. (1997). Apresentação pública. Denver, CO.

Shapiro, F. (2001). Dessensibilização e Reprocessamento por Meio dos


Movimentos Oculares: Princípios básicos, protocolos e procedimentos (2 ª ed.). New
York, NY: Guilford Press.

Stickgold, R. (2002). EMDR: Um mecanismo de ação neurobiológico putativo.


Jornal de Psicologia Clínica, 58 (1), 61-75.

van der Kolk, B. A. (1994). O corpo mantém a pontuação: Memória e


psicobiologia em evolução sobre estresse pós-traumático. Harvard Review of
Psychiatry, 1,253-265.

134
Capítulo Seis

Coaching Santificante: Pureza


Sexual e Paz para Homens
Cristãos que Possuem
Capacidades Homoeróticas
Mike Rosebush
Introdução

Deus o Pai; Jesus o Cristo, e o Espírito Santo amam você e


anseiam ter intimidade com você – independente de suas
capacidades eróticas. E, Deus quer que você curta a vida com
Jesus, e viva como Jesus.

Esta simples afirmação é o fundamento do Coaching Santificante –


que é um modelo que desenvolvi para ajudar homens cristãos que
volitivamente buscam assistência a respeito da angústia das atrações pelo
mesmo sexo (Rosebush, 2009). Especificamente, o programa tenta
aumentar a pureza sexual de um cliente (isto é, a habilidade de abster o
agir sobre todas as tentações eróticas não matrimoniais), aumentar sua
confiança em adquirir seu objetivo heteroerótico (isto é, claridade em se
prosseguir adquirindo uma habilidade de experimentar sensações
heterossexuais e, se sim, como), e aumentar sua paz sexual (isto é,
diminuição de sua vergonha sobre ter capacidade homoerótica, enquanto
aumenta-se sua autoestima masculina). Essa única forma de coaching é
fundada sobre os métodos que se provaram úteis para mim, e então para
meus clientes, em alcançar esses objetivos.
135
O Coaching Santificante minimiza a construção da orientação
sexual, concentrando-se nas capacidades homoeróticas e heteroeróticas.
O programa (Rosebush, 2009) define a capacidade homoerótica como “a
habilidade de uma pessoa de automaticamente e involuntariamente
experimentar uma sensação homoerótica interna depois de ser exposto a
certo estímulo masculino, o que é reconhecido pela habilidade natural do
homem de alcançar uma ereção quando exposto a esse estímulo". Do
mesmo modo, a capacidade heteroerótica é definida como “a habilidade
de uma pessoa para automaticamente e involuntariamente experimentar
uma sensação heteroerótica interna depois de ser exposto a certo
estímulo feminino, o que é reconhecido pela habilidade natural do
homem de alcançar uma ereção quando exposto a esse estímulo”.

O programa é baseado na visão de mundo bíblico-ortodoxa (isto é,


tradicional) a respeito da sexualidade humana. A interpretação tradicional
da Bíblia é a “luxúria erótica” (isto é, a busca intencional de promover
sensações eróticas) que é proibida, e todo tipo de “contato erótico” (isto
é, qualquer contato genital intencional com outra pessoa, tal como a
masturbação, sexos oral, anal ou vaginal) que só deve acontecer entre um
marido e sua esposa.

O Coaching Santificante não presume qualquer causa particular de


ter capacidade homoerótica, não necessita também que os clientes
identifiquem um distanciamento parental como o princípio etimológico a
ser mudado. Adicionalmente, ele encoraja clientes a desenvolverem sua
identidade primária “em Cristo”, ao invés das identidades rotuladas como
gay ou ex-gay.

O programa não tenta alcançar a conversão sexual (isto é, eliminar a


capacidade homoerótica de alguém e substituí-la com a capacidade
heteroerótica tão intensa quanto a capacidade homoerótica era). Ao invés
disso, se mantém que a mudança é possível para aqueles que têm
atrações pelo mesmo sexo – especificamente através da grande
habilidade de abster-se de agir sobre as tentações homoeróticas (Spitzer,
2003), diminuindo a angústia de se ter capacidades homoeróticas e
aumentando confiança no objetivo da heterossexualidade. Coaching
Santificante encontrou (similarmente às pesquisas) que é de fato possível
para alguns (mas claramente não todos) homens que tem somente a
capacidade homoerótica de alcançar uma capacidade heteroerótica mais
tarde na vida.

136
Os métodos usados combinam a transformação cognitiva, a
perseverança comportamental e responsabilidade, a cooperação com o
Espírito Santo e os relacionamentos seguros com um treinador masculino
e amigos. O programa tenta ajudar os homens cristãos que possuem
capacidades homoeróticas a usufruir de uma vida melhor com Deus, com
ele mesmo, e com outros homens – mesmo que essa capacidade
homoerótica continue a existir.

Objetivos

O Coaching Santificante procura aumentar a pureza sexual do


cliente, sua confiança em adquirir seu objetivo heteroerótico e sua paz
sexual.

Pureza Sexual

Um das maneiras mais importantes que o Coaching Santificante faz


para reduzir a angústia de um cliente é ajudá-lo a abster-se de agir sobre
suas tentações homoeróticas (isto é, desejar involuntariamente em
engajar em tal atividade), e ainda evitar tanto a luxúria quanto o contato
sexual. Reduzindo a luxúria e o contato sexual do cliente é possível ajudá-
lo a se sentir conectado a Deus ao acreditar que ele permanece na
prescrita vontade moral de Deus. O cristão tradicionalista sabe que Jesus
ensinou, “Se vocês me Amam, vocês obedecerão ao que eu disser” (João,
14:15, Nova Versão Internacional), assim como, “Um novo mandamento
darei a vocês: Amem ao seu próximo. Assim como Eu vos amei, vocês
deverão se amar uns aos outros” (João 14:15). Então, qual era o mesmo
caminho que Jesus amou o próximo, e que nós devemos continuar
fazendo? Nós sabemos que Jesus perdoou pessoas que O perseguiram, e
nós também sabemos que Jesus disse que ao olhar para alguém com
luxúria, estamos cometendo adultério no coração. Ainda sim, engajar em
luxúria homoerótica não é o tipo de “amor” que Jesus iria tolerar.

Objetivo Heteroerótico

O Coaching Santificante também busca reduzir a angústia do cliente


ao ajudá-lo a ter confiança no que ele precisa fazer para potencialmente
adquirir seu objetivo heteroerótico particular. Por exemplo, muitos
homens que tem capacidade homoerótica já possuem uma capacidade
heteroerótica. Portanto, tais homens que estão solteiros muitas vezes

137
querem uma assistência de como superar os medos de namorar uma
mulher, ou de como falar sobre sua capacidade homoerótica à mulher
com a qual ele busca. O cliente casado que tem uma capacidade
heteroerótica pode querer uma ajuda do coaching para criar uma
harmonia interpessoal ou uma relação sexual com sua esposa.

O cliente que é solteiro e atualmente não tem uma capacidade


heteroerótica pode escolher não trabalhar em adquirir essa capacidade e
ao invés disso, buscar o coaching para se tornar mais contente como um
homem celibatário. Controversamente, alguns homens solteiros buscarão
o coaching no propósito de tentar adquirir uma capacidade heteroerótica
(talvez com a intenção de um dia namorar ou de se casar). O cliente que
atualmente não tem essa capacidade, mas já é casado, pode ter o objetivo
de adquirir uma capacidade heteroerótica direcionada a sua esposa, ou de
melhorar sua harmonia interpessoal marital.

Em suma, o programa busca chegar ao objetivo heteroerótico


particular do cliente, e não prescreve que todos os clientes devem buscar
a conversão sexual em si.

Paz Sexual

O Coaching Santificante adicionalmente tenta aumentar a paz


sexual de um cliente ao ajudá-lo a focar em seu relacionamento com
Deus, com ele mesmo, e com outros homens. Em relação ao
relacionamento com Deus, ele acredita que a paz pode ser obtida através
do relacionamento com Jesus, e é concedida como o “fruto do espírito”
(Gálatas, 5:22). Ainda, o conceito teológico de santificação pode reafirmar
o cliente de que Deus aceita e quer comunhão permanente com ele –
mesmo se sua capacidade homoerótica continue. A santificação pode
também prover esperança ao cliente de que o Espírito Santo irá o dar a
assistência em desenvolver uma mente e um caráter como os de Jesus.
Assim, o cliente pode encontrar a paz sexual através do seu
relacionamento “em Cristo”, enquanto mantém a esperança de que sua
habilidade de abster-se de toda tentação homoerótica irá melhorar cada
vez mais.

O programa também foca na habilidade do cliente de viver bem


com ele mesmo. Muitos desses homens não gostam de ser eles mesmos e
desenvolvem uma “identidade baseada na vergonha” – uma crença de

138
que eles serão rejeitados ou machucados se outros descobrirem sobre sua
capacidade homoerótica. E de fato, tal rejeição pode ser possível
(Wolkomir, 2006). Assim, o cliente estará no clássico dilema, no qual ele
pouco provavelmente curará sua angústia a não ser que ele permita a si
mesmo ser sincero sobre sua sexualidade; e ainda, se ele divulgar sua luta
para uma fonte não segura, ele poderá ser ainda mais machucado.

Terceiro, o programa endereça os relacionamentos do cliente com


outros homens. É muito comum para homens que tem capacidade
homoerótica ter algum degrau de inveja sobre os outros homens (Haley,
2004). Classificamos isso como baixa estima masculina – uma condição
onde o cliente acredita que ele não é tão valioso como outros homens e é
“menos que”. O pós-efeito debilitante de baixa estima masculina é que o
cliente continua olhando para todos os homens que confirmam sua
opinião de si mesmo, e potencialmente cria a inveja e o afastamento.

Coaching Santificante foi feito para


homens adultos que são cristãos tradicionalistas
em relação a sexualidade humana, e os quais
(tendo recebido consentimento avançado informado)
volitivamente e intencionalmente
buscam o programa para
uma assistência com a angústia relacionada
a sua capacidade homoerótica.

Enquanto a definição do Coaching Santificante sobre o cristão é


mais completamente explanada em uma sessão mais a frente nas Crenças
Teológicas Principais, é importante entender que ser um cristão não é um
assunto de perfeição moral ou de ter uma vida sexual em ordem. A graça
de Deus nos permite gozar de permanente comunhão com Deus, mesmo
que nós ocasionalmente nos revertamos a comportamentos eróticos
pecaminosos. Nós demonstramos nosso compromisso para viver no
caminho de Jesus e nossa dependência sobre a orientação do Espírito
Santo quando procuramos arrependimento de nossos comportamentos
eróticos pecaminosos e mostramos o tipo do amor de Jesus aos outros.

Uma pessoa que se segura em uma perspectiva bíblico-ortodoxa


acredita que a Bíblia é inspirada por Deus, e assim serve como a
autoridade final em distinguir o certo do errado sobre o comportamento
humano. Uma pessoa que mantém essa visão de mundo sobre a

139
sexualidade humana acredita que as ações sexuais de um homem devem
acontecer com sua querida esposa. Assim, todas as outras formas de
luxúria erótica e contato sexual são contra o perfeito design de Deus – e
irão resultar em dor para o indivíduo e provavelmente para outros. Isso é
verdadeiro, independente se o erotismo é heteroerótico ou homoerótico
por natureza – ambos são igualmente pecaminosos e prejudiciais na visão
bíblico-ortodoxa.

É importante para clientes prospectivos serem pré-informados de


que o coaching tem uma visão bíblico-ortodoxa a respeito da natureza
humana e sobre o erotismo pelo mesmo sexo, que por si, não é
considerada uma doença mental por qualquer das organizações de saúde
mental (Throckmorton & Yarhouse, 2006). Assim os clientes que não
querem buscar abster-se desses impulsos ou que querem ser afirmados
em sua identidade gay podem buscar uma assistência profissional
competente que pode ser de melhor ajuda para eles obterem seus
objetivos. Em contraste, os que estão buscando ajuda – e que desejam
abster-se de luxúria homoerótica e contato homossexual por conta de
suas crenças – merecem o direito de buscar esse tipo de coaching.

Como definido previamente, a capacidade homoerótica é a


habilidade de uma pessoa de automaticamente e involuntariamente
experimentar uma sensação interna homoerótica depois de ter se exposto
a certo estímulo masculino. A exposição a esse estímulo pode ocorrer
através de algo que ele vê (um homem ou imagem), algo que ele pensa
sobre (uma memória ou fantasia criada), ou algo que ele anseia (um forte
desejo de fazer algo que envolva homoerotismo). O atual estímulo pode
variar grandemente: certo tipo de homem, certa imagem, certa cena em
um filme, certa parte do corpo masculino (bíceps, pênis, peito, etc), ou um
objeto relacionado a homens (cuecas, etc). Tipicamente, esses clientes
têm certo estímulo ou configurações (conhecidas como “gatilhos”) que
automaticamente produz dentro do homem a atração homoerótica.

É minha crença, junto com a de outros tantos homens (Dallas, 2006;


Haley, 2004) que tiveram sucesso ao lidar com suas angústias
homoeróticas, que uma vez que um homem adquiriu a capacidade
homoerótica, ele é propenso a continuar experimentando uma ocasional
sensação homoerótica involuntária em algumas situações. Essa suposição
parece ser apoiada pelo fato de que virtualmente todo homem que eu
conheci que tiveram essas tendências (independente de sua pureza sexual

140
ou saúde terapêutica) foram sinceros em expressar que isso é verdadeiro.
O programa também reconhece que sua pureza sexual e sua paz sexual
podem mudar. Por exemplo, minha própria vida, as vidas de meus
clientes, e vários resultados de pesquisa (Jones & Yarhouse, 2007;
Nicolosi, Byrd & Potts, 2000) tem demonstrado que homens com
capacidades homoeróticas podem aprender a abster-se de luxúria e
contato sexual, e se tornarem mais confiantes em alcançar seu objetivo
heteroerótico, reduzir sua angústia sobre a existência de sua capacidade
homoerótica e aumentar sua estima masculina.

O Coaching Santificante acredita que é uma redução de angústia


informar os clientes antecipadamente de que é bem provável que eles se
tornarão estimulados homoeróticamente em relação à alguma coisa, em
algumas condições, em certo tempo em seu futuro – mesmo se eles
sucederem ao atingir seus objetivos de coaching. Esse reconhecimento de
sua capacidade homoerótica permite que o homem esteja mais em paz
sexual (que pode atualmente dar suporte a sua habilidade de encontrar
seu objetivo heteroerótico).

Coaching Santificante é voltado para


treinadores masculinos que são cristãos tradicionalistas
a respeito da sexualidade humana e são
treinados em auxiliar clientes adultos
no sofrimento sobre sua capacidade
homoerótica.

O Coaching Santificante mantém que é melhor para um cliente


masculino ter um treinador masculino. Isso permite ao cliente uma
oportunidade segura para desenvolver um relacionamento de revelação
para outro homem, o que pode ajudar a diminuir a vergonha que ele deve
estar experimentando (Nicolosi, 2007).

O que concerne à perspectiva religiosa do treinador, muitos clientes que


são cristãos sentem mais confiança em relação à treinadores que dividem
da mesma fé (Wolkomir, 2006). Não é inusitado que esses clientes
desconfiem do julgamento de um conselheiro que não é “guiado pelo
Espírito Santo”. Isso não é um mero detalhe. Esse tipo de cliente é
propenso a acreditar na regra vital de que o Espírito Santo age no
processo de santificação. Assim, um profissional que não reconhece
abertamente sua dependência do Espírito Santo é bem propenso a ser

141
desacreditado. Similarmente, alguns treinadores têm a intenção de serem
“profissionais cristãos”, e ainda nunca fazem nenhuma menção a Jesus
Cristo, ao Espírito Santo, ou até mesmo sobre a Bíblia em seu coaching.

Treinar esses clientes é uma verdadeira especialidade. A angústia


deles é tipicamente diferente da angústia que um gay-afirmativo
experimenta, e é também distinta da angústia de um cliente
exclusivamente heteroerótico quando este lida com sua quebra sexual.
Muitos dos tratamentos do coaching que funcionam para o vício sexual
são diretamente relevantes para clientes masculinos, independente de
sua capacidade erótica, porém, existem grandes questões de vergonha,
baixa estima masculina e incapacidade de atingir um objetivo
heteroerótico que são únicas para o cliente homoerótico. Assim, os
treinadores que somente aplicam uma abordagem de “viciados em sexo”
(e.g. seguindo um programa de doze passos) podem não satisfazer a
angústia do cliente sobre sua única situação (Weiss, 2000). Igualmente,
pastores que aconselham usando uma abordagem de “todos pecaram”
não entendem essas angústias distintas e podem minimizar as questões
do cliente ou dar demasiadas soluções simplistas.

Além disso, os conselheiros profissionais que não tiveram


experiências suficientes para trabalhar com clientes homoeróticos podem
prejudicar o bem estar do cliente ao usá-lo como um rato de laboratório
para praticar as presunções teóricas nas quais o treinador foi instruído.
Assim como conselheiros profissionais que não são treinados em tratar
desordens alimentares e não devem pegar um cliente para aumentar sua
clientela, conselheiros não devem pegar esses clientes simplesmente
porque eles estão dispostos a fazê-lo. Finalmente, pode ser benéfico ao
cliente se o treinador tem ambas as capacidades homoeróticas e
heteroeróticas. O treinador cristão que tem as duas capacidades – e que
alcançou com sucesso a pureza sexual e a paz sexual – é propenso a ser
dada mais credibilidade do que um profissional que nunca lidou com isso
pessoalmente. O treinador que nunca lidou com isso simplesmente não
pode demonstrar mudança pessoal que ocorreu através de sua própria
situação de vida. No entanto, quero enfatizar que eu conheço muitos
treinadores que não possuem capacidade homoerótica, mas mesmo assim
são ótimos treinadores (com uma profunda empatia pelo cliente
homoerótico).

142
Crenças Teológicas Centrais

Por conta de o programa ser designado para clientes e treinadores


que tem uma visão de mundo bíblico-ortodoxa sobre a sexualidade
humana, as crenças teológicas do treinador podem ser muito mais
importantes para o cliente do que os resultados de pesquisa ou
credenciais de terapeuta. Assim, as seguintes crenças teológicas sobre
Deus, relacionamento da humanidade com Deus, santificação e pecado
sexual sustenta o Coaching Santificante.

Deus existe, e na forma Trinitária descrita na Bíblia. A Bíblia é


inspirada por Deus, e é o guia correto de Deus para entender Sua
bondade, a habilidade humana de ter um relacionamento com Deus, e é a
maneira mais saudável da humanidade viver.

Deus Pai quis que nós tivéssemos uma eterna união com a Trindade
– começando na terra, e continuando depois da morte ou até o retorno de
Jesus à Terra. Aqueles indivíduos que acreditam nas afirmações bíblicas de
Jesus, e que confiam sua vida a Jesus (com o objetivo comprometido de
ser um discípulo que vive como Jesus), receberam o selo do Espírito Santo
como uma influência ativa e inicial sobre seus pensamentos e
sentimentos. O Espírito Santo está em “uma missão” para transformar
seus seguidores cooperativos para pensar como Jesus e sentir o que Jesus
sentiria (para as várias situações encaradas na vida). Jesus não é somente
o Deus homem que resgatou a humanidade da penalidade da eterna
separação da Trindade, mas Ele é o exemplo literal da melhor maneira que
qualquer pessoa pode viver. O elemento central da vida de Jesus, e ainda
o objetivo central para Seus seguidores, é para continuamente submeter
tudo à vontade do Pai para nossas vidas – enquanto dependemos da
orientação e do poder do Espírito Santo para estender o amor de Jesus a
qualquer um que tenhamos contato. Ainda, se alguém é de fato cristão,
ele não somente se alinha com Jesus, mas tem também totalmente a
intenção e tenta viver de acordo com o caminho de Jesus como
expressado na Bíblia, e faz isso mais sabiamente através do trabalho do
Espírito Santo.

As pessoas são influenciadas por uma natureza pecaminosa desde o


nascimento para serem perfeitamente egoístas, tendo limitações
corporais que muitas vezes resultam em comportamentos não cristãos,
que são doloridos para o próprio homem, assim como para outros. Ainda

143
assim, nós somos também machucados pelo pecado de outras pessoas e
seus egoísmos, pelas calamidades circunstanciais de um universo
quebrado, e pela influência dolorosa e contínua do reino demoníaco
invisível. Existem algumas limitações que toda pessoa tem e, assim, nós
devemos esperar a total conversão em um mais perfeito corpo em um
novo céu e terra.

Nossa habilidade em qualquer momento para demonstrar o amor


de Jesus depende do nosso nível de santificação (nossa natureza cristã) e
de nossas escolhas intencionais. Nossas respostas reflexivas se tornam
mais como as de Jesus a medida que nosso caráter interior se torna mais
cristão. Quando nós falhamos em agir como Jesus agiria (tanto por
ignorância pessoal sobre os caminhos de Jesus como pela inabilidade de
agir daquela forma ou por escolha intencional pelo pecado), nós somos
providos compassivamente de mais sabedoria e perdão de Deus ao
repetidamente e humildemente buscar mais da presença de Deus.
Quando não buscamos a influência do Espírito Santo nós somos deixados
sozinhos com nossa força existente para decidir e agir em cada situação
que enfrentamos. Será dado ao discípulo que busca a presença de Deus e
a orientação do Espírito necessária.

O Coaching Santificante mantém uma crença bíblico-ortodoxa


(tradicional) de que desejos eróticos são partes do desejo de Deus para a
humanidade e que o uso próprio de tais impulsos são limitadamente
exclusivos direcionados a uma esposa que o consente. Jesus (como Deus)
não somente inventou os desejos eróticos, ele (como humano)
demonstrou como propriamente lidar com seus desejos eróticos e
tentações. Jesus mesmo instruiu que a luxúria erótica é um pecado. Sendo
que luxúria é o precursor do contato sexual, é vital se abster de toda
luxúria erótica. Jesus experimentou atrações eróticas e tentações, e ainda
100% das vezes foi capaz de rapidamente refocar suas atenções, assim a
luxúria erótica nunca ocorreu (deixou de lado o contato erótico). Ele
realizou isso como um homem – não por conta de suas capacidades únicas
de Deus. Assim, Jesus mostrou a homens o potencial de experimentar
tentações e ainda consistentemente evitar o pecado.

O programa afirma que é melhor viver no caminho de Jesus, e que o


Espírito Santo auxilia com essa capacidade. Deus (com Sua eterna
paciência) com misericórdia perdoa cada um e o tempo todo que caímos.
Por sua vez, é nossa responsabilidade perseverar e tentar nos abster do

144
pecado e utilizar da assistência do Espírito Santo, do estilo de vida
disciplinado, e do apoio humano ao suceder. Não é simplesmente se
manter no caminho de Jesus para simplesmente aceitar a misericórdia de
Deus sem atualmente ter a intenção de viver como Jesus. Portanto, todo
cristão genuíno é um discípulo de Jesus – alguém que tem a intenção de
então agir da maneira de Jesus, estendendo as ações de amor para todos.
Isso é verdade apesar das limitações pessoais, doença, humor ou
circunstâncias.

A respeito da capacidade homoerótica masculina, o programa se


apóia na posição teológica de que a mera existência de uma sensação
homoerótica não é um pecado em si, e nem é quando a sensação corporal
progride para uma tentação homoerótica. No entanto, o programa
também mantém uma posição bíblico-ortodoxa de que qualquer luxúria
homoerótica (a decisão intencional de buscar mais atividade ao continuar
focado no estímulo) é pecaminosa, e ainda desconecta o homem da
unidade com o Espírito Santo e é pessoalmente destruidora para o bem
estar do homem. Assim, um dos objetivos do programa é ajudar o homem
cristão manter controle sobre seus impulsos homoeróticos para que a
luxúria e o contato não ocorram.

Em relação à capacidade heteroerótica do cliente, o programa se


baseia na posição teológica de que não é pecado não ter uma capacidade
heteroerótica. Mas se um homem de fato tem essa capacidade, então é
pecaminoso entrar em qualquer luxúria ou contato heteroerótico com
qualquer mulher sem que seja sua própria esposa.

Distinções

Existem quatro distinções que fazem do Coaching Santificante o


único entre outros maiores modelos que tentam ajudar homens com
angústias homoeróticas.

Etimologia Incerta

Nós não sabemos ao certo o que causa a qualquer homem ter uma
capacidade homoerótica. A pesquisa científica continua a fazer tentativas
nobres ao explicar a causa do porque uma pequena minoria de homens
desenvolve essa capacidade (Laumann, Gagnon, Michael, & Michael,
1994). A Bíblia não oferece uma clara explicação, embora fale sobre os

145
desejos carnais inatos e da luxúria homoerótica que resulta em contato
homoerótico. Tenho ouvido teorias que sugerem fatores pré-natais,
fatores genéticos, diferenças de cérebros, diferença de temperamentos,
explicações parentais prematuras, influência de irmãos, abuso sexual,
exposição prematura a contato homoerótico ou heteroerótico, impacto da
puberdade, misoginia, opressão demoníaca e aceitação da sociedade
sobre a homossexualidade – e a lista continua. Atualmente, não há uma
explicação conclusiva (Jones & Yarhouse, 2000). Ainda assim, o programa
não foca em explicar aos clientes a possível etimologia, nem toma uma
presunção teórica. Ao invés disso, tenta ajudar o cliente a entender que
ele não é pessoalmente responsável por criar sua própria capacidade
homoerótica – e nem ninguém.

Terapias que afirmam uma causa específica para a condição de ter


atrações pelo mesmo sexo podem não ser de boa ajuda para os clientes.
Muitas vezes o cliente é aliviado e pode por para “descansar” sua jornada
de descobrimento, de como ele veio a ter atrações pelo mesmo sexo,
quando um terapeuta profissional explica o que causou suas atrações. Ter
qualquer explicação pode ser de alívio de stress para um cliente.

O programa não tenta explicar como a atração foi originalmente


causada, mas ao invés disso coloca a ênfase no fato de que não foi o
cliente que causou isso. Eu não sei de nenhum homem com AMS que
afirmou escolher ter AMS no lugar de atrações por mulheres. Em todos os
casos, o homem é inocente em criar suas atrações incomuns, e
legitimamente não tem necessidade de tomar responsabilidade de como
essas atrações primeiramente se iniciaram. Ainda, não há necessidade de
se sentir envergonhado por quem ele é como pessoa quando ele não é
responsável por criar uma atração que ele nunca quis em primeiro lugar!
O que ele é responsável por é sobre o que ele escolhe fazer com aquela
atração indesejada.

Resumindo, o programa tem uma abordagem tranquila que fala


“atrações homossexuais acontecem” para a etimologia. Se a ciência um
dia conclusivamente determinar a causa da capacidade homoerótica de
um homem, então tal descoberta seria ainda irrelevante ao objetivo do
cristão de abster-se de luxúria e contato homoerótico, e de reduzir sua
angústia pessoal sobre a existência dessa capacidade homoerótica. A
descoberta etimológica pode adicionar entendimento, mas não muda a
perspectiva moral do cliente sobre a atividade homoerótica.

146
Ainda, não é necessário para um cliente ter um pleno entendimento
de sua etimologia a fim de atingir os objetivos da pureza sexual, confiança
heteroerótica e paz sexual. Por exemplo, em minha prática, alguns clientes
se tornam mais aptos para abster-se de luxúria e contato homoerótico, de
aumentar sua estima masculina e/ou se tornar mais confiantes de como
perseguir seus objetivos heteroeróticos – independente de seus
entendimentos sobre a causa de suas capacidades homoeróticas.

Questões passadas dos clientes (como relacionamentos com


membros da família, abuso sexual, vício sexual, opressão sexual, etc.), são
certamente exploradas com o programa. No entanto, essas questões são
endereçadas em como elas afetam a presente funcionalidade do cliente, e
nenhuma presunção é feita de que essas questões passadas causaram a
capacidade homoerótica do cliente.

Duas Capacidades Eróticas

O programa mantém que há duas capacidades eróticas separadas:


heteroerótica e homoerótica. Como previamente dito, uma capacidade
homoerótica é a habilidade de uma pessoa de automaticamente e
involuntariamente experimentar uma sensação interna homoerótica
depois de ter se exposto a certo estímulo masculino, como realizado por
uma ereção natural. Capacidade heteroerótica aplica a mesma definição
em relação ao gênero oposto. A maioria esmagadora de homens no
mundo somente possui a capacidade heteroerótica, enquanto uma
pequena minoria tem ambas as capacidades, e até mesmo uma
porcentagem menor de homens tem somente a capacidade homoerótica
(Jones & Yarhouse, 2000). Ao ignorar definições incertas da orientação
sexual, a questão simplesmente se torna sobre o que uma pessoa
atualmente já alcançou na capacidade erótica em questão ou não. Ao
contrário de determinar uma orientação sexual, os homens que possuem
uma capacidade erótica particular podem facilmente reconhecer sua
existência (eles sabem das atrações, das sensações eróticas involuntárias,
da ereção automática e do buscar relacionar-se em atividade erótica com
aquele gênero).

O programa presume que uma vez que um homem alcança uma


capacidade homoerótica, é provável que ele tenha essa capacidade em
algum tipo de nível, e talvez, para o resto de sua vida (Yarhouse & Burkett,
2003). Assim, em minha opinião, deve ser esperado que um homem com

147
essa capacidade ainda vá experimentar algumas sensações homoeróticas
ocasionais ao ser exposto a certos estímulos masculinos em certas
condições. No entanto, eu também estou absolutamente certo (através de
minha vida e de meus clientes atuais) que alguns homens que tem
capacidade homoerótica podem mudar. A mudança tipicamente ocorre ao
se tornar mais apto a abster-se da luxúria ou do contato sexual, e ao ter
menos angústia sobre a existência dessa capacidade. Ainda, estou certo
(através de meus clientes e de pesquisas) que é possível para uns homens
(mas não todos) que nunca tiveram previamente uma capacidade
heteroerótica, espontaneamente e misteriosamente desenvolverem essa
capacidade – ainda mais tarde na vida (Throckmorton, 2002). De fato, as
mudanças podem ocorrer para muitos clientes.

O programa acredita que não é útil para o cliente pensar na sua


sexualidade nos termos de orientação sexual – uma perspectiva de índice
móvel com o “totalmente sexual” em uma ponta e o “totalmente
homossexual” na outra. Assim, pontos no meio dessa escala artificial
refletem se uma pessoa é mais ou menos direcionada a uma dessas
extremidades. Pesquisadores (Jones & Yarhouse, 2007) têm trabalhado
sobre esse quadro de orientação sexual para descobrir se alguém
verdadeiramente mudou sua orientação sexual e, se sim, por quanto?
Sobre esse quadro (falho, em minha opinião), muitas variáveis são
acessadas para determinar a “verdadeira” orientação sexual; variáveis do
tipo: comportamentos sexuais, preferência sexual, atração sexual,
identidade sexual, fantasias sexuais, apegos emocionais, sonhos sexuais,
etc. Essas mesmas variáveis são tipicamente remedidas para determinar
se uma mudança estatística ocorreu a uma orientação sexual hipotética de
alguém.

Minha impressão é que alguns advogados do quadro de


reorientação sexual presumem que o cliente pode ter uma conversão
total, onde todas suas variáveis emocionais (comportamentos, fantasias,
sonhos, etc.) são extintos e completamente substituídos por variáveis
heterossexuais de igual força. O Coaching Santificante acredita que é
improvável que uma conversão total ocorra, e é desnecessária para que o
propósito da pureza sexual e da paz sexual ocorra. Deste modo, terapias
que promovem a ideia de que eles podem reorientar completamente ou
converter clientes podem potencialmente prover expectativas que muitos
provam ser inalcançável, resultando em alguns clientes a perda da

148
esperança e de abraçar uma identidade gay afirmativa (Jones & Yarhouse,
2007).

Identidade “em Cristo”

O cristão, por definição, tem uma identidade de ser “em Cristo”. Jesus
morreu por nossos pecados e salvação, e nós entregamos nossa vida em
confiança fiel para Jesus. Portanto, não é o indivíduo que vive, mas é
Cristo que vive em nós (na forma interior do Espírito Santo). Nós
dedicamos nossa vida a sermos discípulos de Jesus – alguém que
continuamente está aprendendo da vida de Jesus e está intencionado em
viver no Seu caminho. Jesus instruiu seus discípulos para que
“permaneçam em Mim, que Eu permanecerei em vós” (João, 15:4), e que
não ser de Cristo impossibilita estender o amor de Jesus aos outros.
Portanto, nossa identidade primária é “em Cristo”. Alguns homens que
possuem atração pelo mesmo sexo são muito gratos pela habilidade de se
rotularem como um “ex-gay” depois de anos se identificando como
“gays”. Tal transformação é uma conquista enorme e o cliente tem todo o
direito de se sentir bem com sua nova identidade. No entanto, o programa
enfatiza focar primariamente em ter uma identidade “em Cristo”.

Os homens que têm capacidade homoerótica podem lutar por


muito de suas vidas (Yarhouse & Tan, 2004) em determinar sua identidade
sexual (como conceber e definir a si mesmo o seu senso de gênero,
preferência erótica, atração sexual e comportamento sexual). A
identidade sexual é uma definição personalizada que somente o individuo
pode almejar para si, e também se torna algo que pode mudar na medida
em que o indivíduo reavalia seu conceito sexual de si. Não é incomum
para esses homens mudarem sua identidade sexual (talvez
repetidamente). Assim, rótulos como “heterossexual”, “homossexual”,
“gay”, “ex-gay”, “bissexual”, etc, somente tem sentido baseado no uso
cultural e na aceitação pessoal. Por exemplo, alguém pode se apresentar
como “heterossexual”, mas não ter capacidade homoerótica. Ou, alguém
pode afirmar que é “gay” sem mesmo ter tido nenhum contato
homoerótico. Alguém pode até mesmo trocar identidades sexuais de
“gay” para “ex-gay” para “ex-ex-gay”.

O que faz esse status de definição já confuso mais problemático é


como os outros os recebem, dependendo do qual rótulo o homem está
usando. Algumas pessoas terão automaticamente uma opinião

149
preconceituosa de uma pessoa, simplesmente pelo rótulo que ela usa. Por
exemplo, em algumas comunidades, descrever a si mesmo como gay
versus ex-gay (ou vice-versa) certamente terá reações variadas (Wolkomir,
2006). Na opinião do Coaching Santificante, tais rótulos se tornam um
obstáculo mais do que uma ajuda – e coloca a ênfase de ser um nome (ao
invés de uma pessoa).

O cristão é certamente mais que um nome. Sua teologia bíblico-


ortodoxa afirma que ele é unido a Deus para a eternidade, tem acesso
imediato na comunicação com Deus, constantemente recebe estímulos
internos e a providência externa por Ele e é misteriosamente ajudado na
transformação de assemelhar-se a Cristo. Portanto, suas atrações pelo
mesmo sexo – as quais foram a única fonte de muitas de suas angústias
permanentes – podem ser relegadas para um aspecto menor de sua
identidade. Fazer muito barulho sobre suas atrações sexuais desvia seu
foco para fora de sua identidade primária – de ser “em Cristo”.

No oposto extremo, esconder ou pretender que sua capacidade


homoerótica não existe mostra falta de integridade e se torna
metaforicamente uma ruptura de personalidade. Jesus condenou
fortemente pessoas que pretenderam ser santos no exterior, mas
esconderam dos outros suas lutas internas e pecados. Aquela mesma
duplicidade, hipocrisia e dualidade existem hoje – talvez especialmente
com alguns dos que apresentaram um exterior muito correto.

O cristão que possui uma capacidade homoerótica sempre soube


que ele encara um dilema. Se ele reconhece que tem uma capacidade
homoerótica, algumas figuras importantes (como seus pais, um chefe, um
líder religioso, etc.) podem condená-lo e machucá-lo (mesmo que ele seja
sexualmente puro). Por outro lado, fingir que ele não tem essa capacidade
mostra uma falta de integridade, o que pode ser mentalmente e
emocionalmente desestabilizante. O programa ainda encoraja o cliente a
primariamente focar em sua identidade “em Cristo”, enquanto reconhece
em quem ele pode confiar ou com quem ele acredita ter a necessidade de
falar sobre sua capacidade homoerótica.

Coaching a Curto Prazo

O Coaching Santificante tenta ajudar o cliente a se tornar mais


confiante nas disciplinas que ele precisa praticar para manter sua pureza

150
sexual, sua paz sexual e sua confiança em adquirir seu objetivo
heteroerótico. O processo terapêutico no programa acontece em uma
quantidade de tempo relativamente curta (tipicamente de três a doze
meses de sessões bissemanais). Em contraste, um estudo (Nicolosi, Byrd &
Potts, 2000) de conversão ou terapias de reorientação encontrou que a
duração média de participantes que disseram receber aconselhamento
era de 3.4 anos (a média foi 2.0 anos).

Uma sequência típica do programa começa com o cliente


aprendendo de um treinador que provê essa forma de coaching, junto
com suas credenciais, visão bíblico-ortodoxa, fé cristã, e alguns dogmas e
limitações próprias do programa. Então o cliente tem seu prévio
consentimento de inicialmente se encontrar com o treinador. Durante a
consulta inicial o cliente discute sua situação e seus objetivos, e aprende
sobre o processo do programa, sobre o background do treinador e a
estrutura de taxas. Se o cliente decide receber o Coaching Santificante, o
cliente então contrata os encontros por seis sessões individuais
(tipicamente bi semanal). Prior à próxima sessão, o cliente geralmente
completa um questionário confidencial que descreve sua história sexual,
características relativas à suas capacidades eróticas, situação familiar,
relacionamento com Deus, relacionamento com homens, relacionamento
com mulheres (ou sua esposa), habilidades para quando ele estiver
sozinho, formas de angústias, e mais.

Durante as sessões o cliente discute informações concernentes à


sua relação com Deus, ele mesmo, com outros homens e mulheres (ou sua
esposa, se casado). Ele é ajudado em certas disciplinas que estão para ser
testadas, e reporta para o treinador se ele as completou. Ao completar as
seis sessões, o treinador e o cliente acessam se as disciplinas resultaram
no aumento da pureza sexual, paz sexual e confiança em alcançar seu
objetivo heteroerótico. Ele é questionado se está confiante o suficiente
agora para continuar aplicando as disciplinas aprendidas sem a ajuda do
treinador. Se o cliente está desapontado com o treinador ou com os
resultados, ele é encorajado a buscar outro treinador. Num outro
extremo, se o cliente está feliz com seus progressos, então o coaching
termina. Se o cliente está em algum lugar entre os dois (está satisfeito
com o progresso até agora, mas quer continuar com a assistência), então
eles mutuamente concordam sobre uma das seguintes opções: contratar
por outras seis sessões individuais; contratar para se unir-se à um grupo

151
de suporte liderado pelo treinador; ou contratar por mais sessões
individuais e mais o grupo de suporte.

Enquanto o programa é designado para ajudar o cliente eficazmente


completar os três objetivos (pureza sexual, paz sexual e confiança em
adquirir o objetivo heteroerótico) haverá tempos onde o cliente pode
adicionalmente se beneficiar de algum tipo de aconselhamento follow-up.
Por exemplo, terapeutas que são especialistas em aplicar a Terapia
Reparativa podem ser aptos a ajudar o cliente a entender questões
parentais precoces melhor, que podem ajudar no desenvolvimento do
cliente. Similarmente, alguns terapeutas são muito habilidosos em utilizar
métodos de “cura interior”, e tais abordagens podem ajudar o cliente a
desbloquear áreas que previamente o segurou. Igualmente, clientes
muitas vezes se beneficiam de um grupo de suporte – o que é muitas
vezes recomendado como um passo posterior para quem completou o
programa.

Métodos

O Coaching Santificante utiliza um mix eclético de métodos de


coaching que inclui reinterpretação cognitiva, tentativas comportamentais
em disciplinas específicas (com contabilidade), interações interpessoais
(em particular com homens) e oração.

Relacionamento do Cliente com Deus

No começo, o treinador encoraja o cliente a abraçar uma fundação


teológica vital – sua identidade primária “em Cristo”. Como tal, o cliente
pode descansar na fé sobre o princípio bíblico ortodoxo da santificação –
que o cliente é de fato profundamente amado e aceitado por Deus
(“Como eu sou”), é “separado” para uso santo, e é transformado
gradualmente pelo Espírito Santo em alguém que automaticamente se
abstém de agir sobre seus impulsos eróticos – como Jesus o fez.

Adicionalmente, o cliente é encorajado a gozar desse


relacionamento com cada membro da Trindade: diminuindo quaisquer
medos existentes de Deus Pai; abraçando seu papel de discípulo de se
tornar mais como Jesus; e aprendendo a reconhecer os ditames do
Espírito Santo.

152
O cliente é encorajado mais ainda a ver seu papel “em Cristo” como
um chamado maravilhoso – um chamado que inclui comunhão contínua
com a Trindade, abraçando os valores das provações e perseverança, se
tornando contente em tudo que é provido, sendo um exemplo para
outros de integridade e coragem, e tendo o privilégio de estender o tipo
de amor de Jesus para aqueles que o zombam, acusam e difamam – como
Jesus fez para aqueles que O machucaram.

Relacionamento do Cliente Consigo Mesmo

A maioria dos homens inicialmente experimenta confusão e medo


quando eles primeiramente se tornaram cientes de suas atrações pelo
mesmo sexo (Yarhouse & Tan, 2004). Se isso é mantido como segredo e
eles são expostos a ensinamentos de figuras importantes de que a
“homossexualidade” (definida em termos vagos, em vez de “luxúria ou
contato homoerótico”) é pecaminosa, é provável que o cristão acredite
que outros irão ridicularizá-lo ou rejeitá-lo. É compreensível que ele pode,
portanto desenvolver uma identidade de vergonha, já que ele sabe que há
algo de “errado” com ele (Carnes, 1991). Muitas vezes, ele se sente
“diferente” ou “menor” do que outros homens (Yarhouse & Tan, 2004),
agravado pelo problema comum de ser bastante sensível e de nunca
querer irritar os outros (Robinson, 2002). Assim, um dos desafios
imediatos no coaching é ajudar o cliente viver bem consigo mesmo.

Quando o cliente aprende a não tomar responsabilidade pela


etimologia ou existência de sua capacidade homoerótica, ajuda a diminuir
suas angústias. Adicionalmente, a identidade de vergonha do cliente pode
ser diminuída ao aprender a ver sua capacidade homoerótica como uma
parte de si mesmo (embora seja uma parte muito indesejada) com a qual
ele deve se reconciliar. Ele pode potencialmente aprender que suas
atrações não precisam definir sua identidade, nem demandar o agir sobre
elas para que tenha uma vida satisfatória. O cliente também
potencialmente aprende a ver sua capacidade homoerótica como sendo
não diferente do que centenas de condições indesejadas com as quais os
humanos aprendem a viver. Por exemplo, homens que são alcoólatras
podem nunca aprender sobre exatamente o que causou seu alcoolismo,
mas a vida ensinou a eles que quando eles agem sobre seu impulso para
beber álcool, geralmente isso machuca a eles e muitas vezes aos outros. O
cristão que é alcoólatra acredita que estar bêbado é um pecado, mas ser
alcoólatra não. Da mesma maneira, ele tem um sistema de autodefesa

153
que administra sua próxima tentação de beber. Alcoólicos podem
aprender a viver bem com sua condição ao abster-se de beber, ou eles
irão somente encontrar paz uma vez que eles passarem por uma
conversão que permita que eles bebam álcool como a maioria das pessoas
faz? O alcoólatra deve alcançar um momento na vida onde ele não seja
mais capaz de ser tentado pelo álcool, para que ele possa ser “totalmente
curado”? Poucos terapeutas, pastores ou membros de família aplicariam
tais normas para um alcoólatra, porém muitos ainda aplicam essas
expectativas rigorosas sobre homens que possuem capacidades
homoeróticas.

O programa tenta ajudar os clientes a entenderem uma sequência,


que muitos deles experimentarão. No primeiro de quatro estágios, ele
automaticamente e involuntariamente percebe algum tipo de estímulo
masculino – e percebe mais do que o estímulo feminino (percebem mais
homens na multidão do que mulheres). Durante esse primeiro estágio, é
bem provável que ele foque em certos homens que ele particularmente
acha atrativo mais do que esses homens que ele acha menos atrativo. O
Coaching Santificante define essa primeira fase como atrações pelo
mesmo sexo.

Na segunda fase (a qual ocorre virtualmente imediatamente depois


da atração pelo mesmo sexo), ele automaticamente experimenta uma
sensação erótica involuntária em relação ao objeto de sua atração. Essa
sensação é tipicamente reconhecida como respostas psicológicas (focando
em suas pupilas, segurando sua respiração, seu batimento cardíaco
aumentando, potenciais agitações em sua virilha, etc.) O programa define
essa segunda fase como a tentação homoerótica – e a habilidade de
experimentar tentações homoeróticas que resultam em ereções é a
evidência de se ter capacidade homoerótica. Até agora (de acordo com a
ortodoxia bíblica), nem o primeiro e nem o segundo envolve o ato
pecaminoso, já que ambas as fases acontecem involuntariamente.

No entanto, no terceiro estágio (que ocorre geralmente segundos


depois que o estágio dois começa) o homem pode ser puxado em uma
condição onde ele está agora determinado a ter mais do estímulo. A
possessão intencional do homem de continuar com as sensações
homoeróticas é o que o programa chama de luxúria homoerótica, e que a
Bíblia define como pecaminoso, igual à luxúria heteroerótica.

154
O quarto e último estágio é quando ele continua em sua luxúria e
engaja em contato físico com outro homem (masturbação, sexo oral ou
anal). O firewall para o indivíduo – portanto seu campo de luta para
“sucesso ou derrota” – é para que o homem rapidamente refoque suas
atenções quando experimenta uma tentação (um estado de não pecado)
para que não progrida em luxúria (um estado de pecado). O programa
ensina para os clientes uma simples e prática regra: sempre que o cliente
primeiramente percebe uma sensação homoerótica, ele deve refocar seus
olhos (ou pensamentos, ou corpo) dentro dos primeiros três segundos.

Além disso, se o cliente permanece em um estado de tentação por


mais de três segundos sem intencionalmente refocar, então o cliente deve
considerar aquele comportamento como uma violação do
comportamento responsável. Por isso, o objetivo para o cliente é de
reconhecer quando uma sensação homoerótica está ocorrendo, então
imediatamente (dentro dos três segundos) refocar sua atenção para um
estímulo não erótico. Se o cliente violar a “regra dos três segundos”, então
ele é ensinado a ser responsável por fazer três confissões: reconhecer isso
para si mesmo, para Deus, e para um homem de confiança que concordou
em receber suas confissões.

O cliente é avisado que estar em um estado de luxúria não é


somente pecaminoso, mas também marca certa memória e
potencialmente aumenta o apetite por contato homoerótico (Weiss,
2002). É bem comum para clientes que experimentam luxúria
eventualmente masturbar-se pensando na visão ou memória do estímulo
masculino, assim marcando outro caminho neurológico e mais ainda
reforçando o ciclo de obsessão e compulsão homoerótica (Spitzer, 2003).
O Coaching Santificante ensina aos clientes que enquanto a luxúria pode
ser muito sedutora e imediatamente gratificante, ela gera potenciais
efeitos destruidores.

Relacionamento do Cliente com Outros Homens

É comum para os clientes que eu assessorei terem uma baixa estima


masculina (uma percepção de si de que eles não são tão valiosos como
certos homens). A baixa estima masculina em clientes podem se
manifestar de várias maneiras, tais como invejar outros homens (por seu
corpo, caráter, status marital) ou de serem mais passivos ao interagir com
outros homens, ou de idolatrar qualidades masculinas que o cliente pode

155
perceber a falta (como habilidade com esportes ou habilidade mecânica,
agressividade).

O programa busca ajudar o cliente a abraçar a posição teológica


que, na avaliação de Deus, ele tem uma estima igual a todos os outros
homens do mundo. Não melhor, nem pior. Ao focar especificamente na
identidade “em Cristo”, ele pode validamente acreditar em sua igualdade
com outros homens – ao invés de diminuir seu valor comparando-se a
outros homens que ele inveja. O objetivo do cliente não deve ser de
desenvolver habilidades, físico, personalidade, etc, que o faça ser
competitivo com qualquer outro homem em todo critério imaginário (um
óbvio exercício fútil). Ao invés disso, ao focar em sua aceitação por Deus
(e sua igualdade perante Deus) ele pode ficar mais em paz com sua
masculinidade.

Como previamente notado, é comum para esses homens serem


intimidados ao iniciar relacionamentos com outros homens,
especialmente com homens de capacidade exclusivamente
heteroeróticas. O programa diz ao cliente para que faça uma tentativa
cada semana de convidar um homem não homoerótico para se juntar ao
cliente em alguma atividade social que o cliente já gosta. Por exemplo, o
cliente é questionado no coaching para que faça uma tempestade de
ideias sobre as atividades que ele realmente gosta de fazer (escalar,
assistir filmes, tomar um café no Starbucks, etc.) e então ele pensa em um
homem que ele gostaria de chamar para participar dessa atividade com
ele.

Tipicamente, é assustador para o cliente inicialmente ligar ou


convidar, mas ele é fortemente encorajado a fazê-lo (e reportar ao
treinador toda semana em relação à isso, tenha feito ou não essa
tentativa). O propósito dessa disciplina é ajudá-lo de novo a ganhar
autoconfiança em começar algo com homens, desenvolvendo amizades
masculinas através de uma exposição interpessoal, e criando
oportunidades para confiança mútua ocorrer.

Adicionalmente, para ajudar o cliente a praticar essa abertura com


outros homens e criar amizades de suporte mútuo, o cliente é muitas
vezes encorajado a se juntar a um grupo de suporte de outros homens
cristãos que tenham uma capacidade homoerótica. O treinador pode
liderar tais grupos, ou o cliente é informado de outros grupos de suporte.

156
O Exodus International (www.exodus.to) é uma organização cristã que
provê suporte para aqueles que lutam com atrações pelo mesmo sexo, e
eles oferecem grupos de suporte em vários locais pelo mundo. Clientes
são tipicamente encorajados a participar de um ministério local de Exodus
para investigar se aquele grupo de suporte é útil para ajudar seus
objetivos do coaching.

Relacionamento do Cliente com uma Mulher

O programa não presume que o cliente só tem sucesso quando ele


adquire uma capacidade heteroerótica tão forte quanto sua capacidade
homoerótica. Muitos terapeutas experts viram que a conversão para uma
capacidade heteroerótica que é tão intensa quanto a capacidade
homoerótica é improvável (Dallas, 2003; Jones & Yarhouse, 2007; Nicolosi,
Byrd & Potts, 2000; Spitzer, 2003; Yarhouse & Burkett, 2005). Ao invés
disso, o programa trabalha com o objetivo heteroerótico do cliente, o qual
pode variar dependendo do que o cliente já tem de capacidade
heteroerótica (ou não) e se o cliente já é casado (ou se está feliz solteiro).
Em todos os casos, o objetivo não é a conversão sexual, por si. Antes, o
objetivo do cliente é se tornar mais confiante no que ele precisa fazer para
obter seu objetivo heteroerótico particular.

O programa respeita o direito do cliente de perseguir um objetivo


heteroerótico que é consistente dentro de uma visão de mundo bíblico-
ortodoxa. Por exemplo, a Bíblia nota que estar solteiro não é uma
condição inferior (obviamente Jesus era solteiro), e Jesus instruiu que é
melhor para homens não se casarem em certas condições. Assim, se um
cliente escolhe adquirir uma capacidade heteroerótica ou não, ele não
deve o fazer sob uma presunção de que ele será mais santo se ele se
casar. Ser solteiro e ter uma vida completa não são incompatíveis.

Os clientes que são casados e não tem uma capacidade


heteroerótica presente, são desencorajados na Bíblia a buscar divórcio. Ao
invés disso, maridos que não tem uma capacidade heteroerótica são
encorajados a serem verdadeiros ao compromisso do casamento,
enquanto evitam toda forma de luxúria erótica (mesmo se isso resulte em
uma inabilidade de ter uma ereção com sua esposa). Tais maridos podem
buscar assistência terapêutica para potencialmente adquirir uma
capacidade heteroerótica em relação à sua esposa, e se isso nunca ocorrer

157
então o casal é encorajado a mutuamente aproveitar de intimidade física
de maneira que não demande relações sexuais.

Adicionalmente, esses clientes que são casados e tem uma


capacidade heteroerótica em relação à sua esposa são encorajados a não
comparar a qualidade de seu eroticismo com sua esposa com os prévios
parceiros sexuais ou experiências homoeróticas. Ao invés disso, através da
expressão sexual monogâmica do cliente com sua esposa, ele pode focar
em qualquer barreira que possa limitar atualmente seu prazer sexual
(fadiga, medicações que diminuem libido, relações interpessoais tensas
com sua esposa, etc).

Passos Reais de Aconselhamento

Enquanto o Coaching Santificante é um relacionamento fluido entre o


particular do cliente, o background do treinador e as interações no
momento, os passos clássicos que ocorrem no processo de coaching são:

 O treinador deixa claro em seu consentimento previamente


informado de que ele vem de uma visão de mundo bíblica ortodoxa
em relação à sexualidade humana, e que existem três objetivos no
Coaching Santificante: pureza sexual; redução da vergonha e da
angústia da existência das atrações pelo mesmo sexo; e claridade
no objetivo heteroerótico que o cliente quer buscar (e confiança no
como alcançar aquele objetivo). O treinador clarifica que se o
cliente está buscando uma terapia pró-gay ou – na outra
extremidade – terapia de conversão que busca eliminar totalmente
a capacidade homoerótica e substituir por igual e forte capacidade
heteroerótica, então o programa não o serve bem. Finalmente, o
treinador expressa sua confiança extrema de que pode ser bem
possível para o cliente obter todos os três objetivos do programa,
mas somente se ele é motivado por sua própria livre vontade.
 O treinador examina o inventário de admissão do cliente – a própria
descrição da história sexual do cliente, nível de atração, etc. As
respostas do cliente para esse amplo inventário permite que o
treinador imediatamente foque em áreas vitais a serem tratadas
com o cliente.
 O treinador obtém do cliente a permissão de orar no processo do
coaching.

158
 Bem cedo no relacionamento do coaching (na primeira ou segunda
sessão) o cliente é instruído sobre a importância de refocar suas
atenções quando ele experimentar atrações homoeróticas. O
treinador refere a essa disciplina como a “regra dos três segundos
de refoque”.
 O cliente é provido com um checklist pelo treinador, e é então
solicitado que responda todas as questões do checklist e as devolva
para o treinador em um dia específico de cada semana. O propósito
do checklist é reafirmar o cliente sobre a importância de perseverar
em tentar realizar cada uma das disciplinas terapêuticas e ser
responsável por suas tentativas. Os itens do checklist tipicamente
incluem passos dados para se relacionar melhor consigo mesmo,
com Deus, com outros homens, e outras mulheres (ou sua esposa,
se casado).
 Durante a maioria das sessões o treinador enfatiza os seguintes
pontos:
- Como um cristão, você é profundamente amado por Deus,
independente de suas capacidades eróticas. Deus quer interagir
com você, e pode ser imensamente agradável interagir com Ele;
- Nos olhos de Deus, você é igual em valor para todos os homens.
Quando tentado a acreditar no contrário, deve-se combater o falso
diálogo;
- Você não é responsável pelo gênesis de suas atrações pelo mesmo
sexo; você não quer essas atrações e não é culpado pela existência
delas. No entanto, você é responsável pelo que você faz com suas
atrações – e você deve tomar responsabilidade por essas escolhas;
- Não há nunca uma razão para se sentir envergonhado pela
existência de suas atrações pelo mesmo sexo. De fato, o mais que
você sente envergonhado de quem você é, o mais provável é que
você continue agindo sobre suas tentações homoeróticas – e menos
provável será para você experimentar paz sexual. Em contraste,
experimentar culpa sempre que você engajar em luxúria ou contato
homoerótico é um sentimento saudável – uma certeza do Espírito
Santo;
- Dor emocional, inabilidade de “conseguir certo”, e outras formas
de frustração pessoal é uma parte de ser um humano em um
mundo caído. Deus irá um dia remir totalmente toda fragilidade, e
até lá nós sabemos que somos perdoados, entendidos e fortificados
por Deus;

159
- Como um cristão, sua intenção é atualmente se tornar como Jesus
em caráter – e o Espírito Santo ajuda a mostrar a você a natureza e
escolhas de Jesus para que você possa viver como Ele. A
santificação fortifica sua habilidade inata de pensar e sentir o que
Jesus sentiria, para a ordem de situações que você encontra. E você
é lembrado da maneira de Jesus perdoar todos seus abusadores,
sejam eles do seu passado ou presente, ou se eles são pagãos ou
cristãos.
 O treinador dá assistência ao cliente em determinar seu objetivo
heteroerótico.
 O cliente é desencorajado pelo treinador de se identificar como
sendo “gay”, “ex-gay”, ou qualquer outro nome. Ao contrário, o
cliente é encorajado a identificar a si mesmo como sendo “em
Cristo” – irmão mais novo de Jesus, selecionado por Deus o Pai para
representar Jesus em prover ações de amor para um mundo
machucado. Adicionalmente, o cliente é desencorajado de si
mesmo sobre a construção abstrata da “orientação sexual”, e ao
invés disso de assumir uma despreocupação verdadeira de que ele
é alguém que é capaz de experimentar sensações homoeróticas (e
heteroeróticas, se aplicável) – e que ele mantém total controle
sobre tais impulsos.
 O cliente é encorajado a imaginar um tipo de futuro que ele possa
se envolver: estar totalmente em controle sobre sua resposta a
impulsos sexuais; não sentir vergonha sobre a existência de suas
atrações pelo mesmo sexo; não ter baixa estima masculina em
relação a outros homens; relacionamentos seguros, legais e
recompensadores em relação a outros homens que não tem
atrações pelo mesmo sexo; confiança e paz no que ele precisa para
continuar mantendo (ou obtendo) seu objetivo heteroerótico; e
intimidade, comunhão agradável com os três membros da
Trindade.

Casos Exemplos

O que segue são casos exemplos de clientes com os quais eu


trabalhei. Seus nomes verdadeiros foram alterados para garantir sua
privacidade.

160
Oliver

Oliver é um rapaz de mais ou menos 20 anos, solteiro com


capacidade homoerótica (mas não heteroerótica), que manteve uma
identidade gay afirmativa (e foi encorajado a fazê-lo por membros da
família). Ele teve contato sexual com aproximadamente 20 homens
diferentes, junto com seu contínuo uso de pornografia gay, e não
experimentou vergonha de suas atrações pelo mesmo sexo ou
comportamentos homoeróticos. Durante o colégio ele desenvolveu um
profundo desejo de agradar a Deus, se tornou um dedicado cristão e
reavaliou seus objetivos de vida. Ele solicitou coaching pela sua angústia
sobre o agir sobre a luxúria homoerótica, junto com o desejo de trabalhar
através do abuso sexual passado e adquirir mais direção na vida. Enquanto
ele presentemente não tem nenhum desejo de adquirir capacidade
heteroerótica, ele quer aproveitar a vida de solteiro com amizades
masculinas válidas. Ele expressou satisfação com como seu coaching o
ajudou na sua pureza sexual e no entendimento de sua sexualidade, do
trauma passado, e nos objetivos de vida.

Cody

Cody é um homem solteiro de 30 anos mais ou menos com uma


capacidade homoerótica, que entrou no coaching com virtualmente
nenhuma capacidade heteroerótica, mas com um intenso desejo de um
dia se tornar casado. Ele originalmente define a si mesmo como
“extremamente angustiado” com uma tremenda vergonha sobre sua
capacidade homoerótica, e de ter ataques de pânico quando está ao redor
de mulheres, em um cenário de encontros. Embora ele nunca teve
qualquer contato homoerótico com outro homem, sua masturbação para
imagens homoeróticas era bem angustiante para ele. Ele sofreu muita
baixa estima masculina (muito relacionado à sua forma do corpo e sua
autoconfiança). No coaching, ele começou a focar em uma primeira
identidade de ser “Em Cristo”, e de livre vontade rejeitou uma identidade
pró-gay. Eventualmente ele desenvolveu uma capacidade heteroerótica
muito genuína e automática. Por exemplo, ao descrever um saudável
filme que ele assistiu, ele disse,

Eu desenvolvi alguma energia sexual significante em certas cenas,


só de olhar para seu corpo. Senti que foi inocente também – como
Adão descobrindo Eva pela primeira vez ou algo do tipo. Eu não me

161
masturbei depois, o que eu suspeitei que não fosse a mais sábia
coisa a se fazer, mas senti que foi normal de certa forma.

Alec

Alec é um rapaz de mais ou menos 20 anos solteiro com capacidade


homoerótica, o qual já teve uma vez uma capacidade heteroerótica, mas
depois da rejeição da mulher que ele tentou namorar, ele se fechou de
tentativas adicionais. Ele se tornou muito invejoso do corpo dos homens,
com quase todos os dias tendo luxúria homoerótica, ainda com alguma
masturbação. Ele foi um cristão por muito tempo de sua vida, mas via
Deus o Pai como um juiz. No fim de seu coaching, ele virtualmente cessou
toda masturbação e luxúria homoerótica, e estava namorando uma
mulher que ele se sentia seguro com e com a qual ele viu que era
estimulante sexualmente.

Louis

Louis, em seus quarenta anos, é um pai casado com capacidade


homoerótica e virtualmente nenhuma capacidade heteroerótica. Ele
reconheceu que quase toda atividade sexual com sua esposa foi somente
possível através das fantasias com homens. Antes do casamento, ele teve
contatos homoeróticos com centenas de homens. No casamento, ele
nunca cometeu adultério, mas era obcecado em olhar os pênis dos
homens (e de masturbar-se com essas memórias). Um cristão bem
devoto, ele era aberto com os outros a respeito de suas atrações pelo
mesmo sexo, mas entrou no coaching angustiado com sua falta de pureza
sexual e incapacidade heteroerótica. No coaching, ele desenvolveu
disciplinas para lidar com suas tentações homoeróticas, e está
aprendendo como ter prazer em sexo marital sem entrar em fantasia
homoerótica.

Hank

Hank, em seus quarenta anos, é um pai casado com capacidade


homoerótica, mas com uma capacidade heteroerótica enorme em relação
à sua esposa.

Ele somente reconheceu suas atrações pelo mesmo sexo


recentemente para ele e para os amigos próximos, e buscou coaching para

162
a assistência da angústia que ele sentiu sobre esses desejos enquanto
casado. Ele eventualmente teve um contato adultero com outro homem,
para quem ele desenvolveu um envolvimento emocional. Através do
coaching ele decidiu ficar casado, e terminou a amizade com esse amigo.
Ele e sua esposa trabalharam através das questões difíceis de
permanecerem casados e agora celebram seu compromisso de profundo
amor por cada um.

Conclusão

Ao usar os princípios do Coaching Santificante, observei o que as


pesquisas já tinham indicado: que é possível para alguns homens que são
sexualmente frágeis se tornarem significantemente mais no controle
sobre seus impulsos sexuais; a outros que são profundamente angustiados
sobre sua capacidade homoerótica de ganhar paz, e finalmente, alguns
homens que nunca previamente experimentaram uma capacidade
heteroerótica de serem aptos a adquirir uma misteriosamente. Nas
palavras de um ex-cliente meu:

Há uma pequena comparação entre a pessoa que sou agora e a


pessoa que fui por muitos anos. Sou muito mais confiante no
conhecer novas pessoas e me envolver muito melhor com os outros.
Não irei mais me sentir inferior do resto da população! As tentações
ainda acontecerão e as atrações ainda estão ali, mas a severidade e
frequência diminuíram. Estou sendo apto a redirecionar meu
caminho para fora de muitas situações. E eu estou feliz em relatar
que algumas atrações desejadas tomaram conta de mim. Deus seja
louvado!

Deus seja louvado, de fato. Nas palavras bíblicas do apóstolo Paulo,


“Ao menos alguns de vós têm sido isso. Mas fostes lavados, mas fostes
santificados; mas fostes justificados, em nome do Senhor Jesus Cristo e
pelo Espírito de nosso Deus” (1 Coríntios, 6:11).

163
Nota do autor: Os conceitos teológicos foram tomados das
seguintes Escrituras:
João 14:15; João 13:34; Lucas 23:34; Matheus 5:28; Matheus 23:13-36; Lucas 11:39-52; João
14:27; Galátas 5:22; João 1:16; Atos dos Apóstolos 15:11; João 15:12,13; Romanos 3:23;
Genesis 1:1; João 14:26; 2 Timóteo 3:16; 1 Crônicas 16:34; João 10:25-30; Levítico 19:18;
Deuteronômio 6:5; Matheus 22:37-40; Marcos 12:28-34; João 6:44; 2Tessalonicenses 2:13,14;
1 Pedro 1:2; Matheus 19:28,29; João 17:24; Romanos 8:15,16; Galátas 4:5-7; João 17:20,21;
João 3:16; João 6:35; Romanos 5:1; Galátas 2:16; Lucas 9:23,24; Efésios 1:13,14; Efésios 3:16;
Romanos 8:6; Galátas 5:22,23; João 14:26; 1 Coríntios 2:11b-14; Romanos 12:2; 1 Coríntios
2:16; Efésios 4:23; Lucas 19:10; Matheus 25:46; João 14:6; Matheus 26:39; Romanos 8:14;
Romanos 15:13; João 15:12; Matheus 10:37-39; Matheus 16:24; Matheus 5:11,12; João 16:13-
15; Romanos 5:12; Romanos 7:18; Romanos 7:5; Romanos 7:24; Romanos 1:29-31; Galátas
15:19-21; Romanos 8:19-22; Efésios 6:12; 2 Coríntios 4:7; 1 Coríntios 15:35;38;44; Matheus
17:2,3; Marcos 9:2b,3; Lucas 9:29-31a; João 17:17-19; 1 Coríntios 1:2,30; 6:11; 1
Tessalonicenses 4:3,4; 2 Timóteo 2:21; Hebreus 10:10; Romanos 6:19; 1 Tessalonicenses 4:4;
Matheus 9:36; 14:14; 15:32; 20:34; Marcos 1:41; 6:34; 8:2; Lucas 7:13; Tiago 1:5; 3:17; Efésios
1:7; Colossenses 1:14; Marcos 1:15; Lucas 15:7; Matheus 18:4; James 4:6,10; Matheus 6:33;
Romanos 8:5,6; 1 Coríntios 2:10-14; Romanos 8:7,8; Romanos 15:16; 1 Pedro 1:2; Lucas 11:13;
Filipenses 4:19; Genesis 1:28; 2:25; 9:7; Canto dos Cânticos 7:1-9; Genesis 2:24; Hebreus 2:18;
4:15; Matheus 5:28; Tiago 1:13-15; 1 Coríntios 6:18; Hebreus 4:15a; Hebreus 4:15b; Hebreus
2:18; 1 Corinthians 10:13; João 10:10; Efésios 5:3; Romanos 8:13; Matheus 9:6; Efésios 1:7; 1
Coríntios 6:18; Efésios 5:3; Colossenses 3:5; 1 Tessalonicenses 4:3; Galátas 5:16; Romanos 5:3;
Tiago 1:2-4; Romanos 6:15; Lucas 6:40; Matheus 10:38; 16:24; Lucas 9:23; 14:27; Matheus
10:42; 1 Coríntios 10:13; Hebreus 4:15; Romanos 1:24-27; Tiago 1:14,15; Romanos
8:5,6,8,9,13,16,17; Galátas 5:16,17; Efésios 4:30; Romanos 7:23,24; Romanos 7:15-20; 23,24;
Levítico 18:22; 20:13; Romanos 1:27; 1 Corinthians 6:9,10; Isaías 56:4,5; Matheus 19:12;
Matheus 5:28; Exôdo 20:14; Deuteronômio 5:18; Matheus 5:27; Lucas 18:20; 1 Coríntios
6:9,13,18; 7:2; 2 Coríntios 12:21; Galátas 5:19; Efésios 5:3; 1 Tessalonicenses 4:3; Romanos 8:
17, 18; Romanos 1:26a, 27; João 15:4; Matheus 5:28; 1 Coríntios 7:7, 8; Matheus 19:10-12; 1
Coríntios 7:28a; Malaquias 2:16; Lucas 16:18; 1 Coríntios 7:10.

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164
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tempo entre os tempos. Lanham, MD: University Press of America.

Yarhouse, M., & Tan, E. (2004). Síntese da identidade sexual. Oxford, UK:
University Press of America.

165
Capítulo Sete

Terapia de Crianças e
Adolescentes como Prevenção
de Atrações Homossexuais na
Maioridade
George A. Rekers e Kimberly Barnett Oram

Etimologia, Identificação Precoce, e Tratamento de Precursores


na Infância e Adolescência

Muitos da maioria dos precursores para uma orientação


homossexual adulta e um padrão de comportamento homossexual são
detectáveis em crianças e adolescentes. Quando os pais observam
indicações de um possível curso de desenvolvimento em direção às
inclinações homossexuais em sua criança ou adolescente, ficam
tipicamente preocupados, e muitos contatam um profissional de saúde
mental para avaliar um tratamento potencial e normalizar o
desenvolvimento psicossexual de seu filho ou filha.

Através do espectro de problemas psicológicos, muitas condições da


vida adulta começam seu desenvolvimento etimológico na infância e/ou
adolescência. Quando as detecções de precursores da infância são
possíveis e até mesmo o padrão de disfunção adulta não é completo, é
uma prática clínica básica conduzir um assessoramento minucioso de uma
criança ou adolescente para um precisa identificação e intervenção clínica

166
prévia para desvios de desenvolvimento que, caso se ausente de terapia,
irá levar provavelmente a uma condição adulta disfuncional. Essa
perspectiva geral de desenvolvimento na etimologia das disfunções
adultas tem seu paralelo, em muitos casos, em desviar padrões de
desenvolvimento infantil que possa eventualmente se tornar a atração e o
comportamento homossexual indesejado na vida adulta.

Delinear a combinação de condições que contribuem para a formação


de atrações homossexuais pode ser uma tarefa complexa porque há
muitas rotas interagindo na infância e adolescência para o mesmo destino
do comportamento e da orientação homossexual na vida adulta (Rekers,
1988, 1999). Estudos retrospectivos de homossexuais adultos e estudos
longitudinais prospectivos do desenvolvimento de crianças com distúrbios
de gênero na vida adulta têm identificado os seguintes fatores de desvios
de desenvolvimento que muitas vezes contribui para o desenvolvimento
da orientação homossexual em um adulto:

 Desordem de identidade de gênero na infância;


 Gênero não conforme na infância e/ou adolescência;
 Identificação e modelo inadequado em relação à figura do genitor
do mesmo sexo, muitas vezes acoplada com uma identificação e um
modelo anormal em relação ao pai do sexo oposto;
 Abuso sexual (por um perpetrador do mesmo sexo; ou para garotas,
abuso sexual por um perpetrador masculino pode contribuir para o
medo de homens e/ou asco em relação a qualquer relação sexual
com um homem, o que pode se desenvolver mais tarde em atração
homossexual; ou para garotos, abuso sexual por uma mulher pode
levar ao medo de mulheres e/ou asco em relação a qualquer
relação sexual com uma mulher, o que pode se desenvolver mais
tarde em atração homossexual);
 Iniciação em um comportamento homossexual repetido por um
colega;
 Um ou mais dos listados acima em combinação com exposição à
pornografia homossexual, educação sexual ou outras mensagens da
mídia que imprecisamente retratam o comportamento
homossexual como se fosse uma variação “normal” sem um único
risco de consequências emocionais e de saúde, retratando um estilo
de vida que é igualmente aceitável como o casamento
heterossexual.

167
Em um estudo de longo termo de acompanhamento (em séries de
periódicos acompanhamentos) de cinquenta e cinco jovens garotos
efeminados na adolescência sem tratamento, Zuger (1984) encontrou que
63,6% desenvolveram uma orientação homossexual enquanto 5,5%
desenvolveu uma orientação heterossexual; o resultado para 18% foi
incerto, e 9% se perderam do acompanhamento. Em uma prévia de vinte
anos de acompanhamento prospectivo desses mesmos jovens garotos da
infância, Zuger (1978) reportou que 63% possuíam uma orientação
homossexual, 12% possuíam uma orientação heterossexual, 6% se
tornaram transexuais (desordem de identidade de gênero da vida adulta),
e 6% se tornaram travestis. Entendendo a urgência de prover terapias
para garotos efeminados enquanto ainda eram crianças, Zuger (1978)
também descobriu que 25% dos jovens garotos tentaram suicídio e 6%
atualmente cometeram suicídio. Esse resultado trágico ressalta a urgência
de fornecer terapia para garotos efeminados enquanto eles ainda são
crianças, com a esperança razoável de que as psicodinâmicas que levaram
ao suicídio sejam prevenidas. Como um resultado dessa pesquisa
prospectiva no resultado da feminilidade nos garotos que não recebem
intervenção psicoterapêutica pelo seu comportamento de gênero
cruzado, Zuger (1988) ofereceu essa interpretação teórica “É concluído
que o comportamento efeminado precoce não é meramente um
precursor da homossexualidade no que prevê a homossexualidade, mas é
de fato o estágio mais precoce da homossexualidade em si” (p. 509).

Adicionalmente a esse estudo prospectivo de garotos efeminados


na vida adulta, existem numerosos estudos das histórias relatadas da
infância de homossexuais adultos comparados a heterossexuais adultos
(veja uma revisão desse estudo por Rekers, 1999). Por exemplo, no seu
estudo detalhado de entrevista com 686 homossexuais adultos masculinos
comparados a 337 heterossexuais adultos em uma amostra conveniente,
Bell, Weinberg e Hammersmith (1981) analisaram a data com a análise de
trajetória, explorando numerosos possíveis precursores ao
desenvolvimento de uma orientação homossexual adulta. Bell e colegas
viram que o gênero não conforme na infância foi o mais forte indicador de
uma preferência adulta homossexual. Quando os homens homossexuais
foram questionados para que lembrassem sobre sua primeira experiência
de serem sexualmente excitados por outro homem, a idade média
descrita foi de 11.6 anos.

168
Similarmente, em um estudo da homossexualidade não desejada
em 882 adultos que estavam tanto buscando mudança da orientação
homossexual para heterossexual quanto adultos que já tinham
experimentado um grau de tal mudança através de terapia, Nicolosi, Byrd
e Potts (2000) viram que 520 (59%) deles relataram que engajaram em
relações homossexuais na idade média de 10.9 anos, enquanto a pessoa
que iniciou o contato homossexual tinha a idade de 17.2 anos. Mais
discussões da etimologia de tendências homossexuais em crianças e
adolescentes estão disponíveis em outros lugares (Nicolosi, 2009; Nicolosi
& Nicolosi, 2002; Rekers, 1995c, 1999, 2001).

Mesmo que a maioria dos pais não esteja especificamente atenta a


esse corpo de estudo, a vasta maioria de pais se torna intuitivamente
preocupada quando sua criança ou adolescente [1] exibe padrões
persistentes de comportamento de gênero cruzado, [2] faz declarações
repetitivas de gênero cruzado, [3] se torna envolvida em comportamento
sexual do mesmo sexo, e/ou [4] experimenta o contato sexual com o
mesmo sexo com um colega ou um perpetrador abusivo. É apropriado
para terapeutas proverem a avaliação da criança quando esses
comportamentos são relatados, porque a etimologia da atração
homossexual adulta e o comportamento homossexual muitas vezes
envolve a ocorrência de tais comportamentos na infância ou adolescência
(Lundy & Rekers, 1995ª; Nicolosi & Nicolosi, 2002; Rekers, 1977; Rekers &
Heinz, 2001; Rekers & Kilgus, 1995; Rekers & Mead, 1980). Como será
visto na pesquisa citada abaixo, os pais e terapeutas claramente tem toda
razão para se preocuparem sobre o buscar a intervenção terapêutica para
crianças e adolescentes que manifestam esses precursores para
tendências homossexuais.

Fundamentação Teórica para a Identificação e Intervenção


Terapêutica Precoce

A vasta maioria de pais prefere que sua criança ou jovem cresça


tendo um ajuste normal heterossexual (veja revisão de evidência por
Stein, 1999, pp. 313-317). Esse desejo parental é consistente com o largo
corpo de pesquisa científica que descobriu que a orientação homossexual
adulta ou adolescente e o comportamento homossexual não são somente
associados a um grande risco substancial de problemas de saúde
(Sandfort, Bakker, Schelievis, & Vanwesenbeeck, 2006; Sandfort, de Graaf,
& Bijl, 2003), incluindo doenças sexualmente transmissíveis e infecção de

169
grande risco de vida pelo HIV e AIDS (Rekers, 1989), mas também
associados à alta probabilidade de desordens psiquiátricas, a abusos de
substâncias e tentativas de suicídio, comparado aos heterossexuais
(Sandfort, de Graaf, Bijl, & Schnabel, 2001; Sandfort et. Al., 2003; Sandfort
et al., 2006; Phelan, Whitehead, & Sutton, 2009; veja também estudos de
numerosas populações representativas sumarizadas na revisão por
Rekers, 2006).

Taxas Altas de Psicopatologias em Adolescentes com Precursores de


Atrações Homossexuais

Fergusson, Horwood, e Beautrais (1999) relataram um estudo


longitudinal de 21 anos de um grupo de nascimento de 1265 crianças
nascidas na Nova Zelândia. 2.8% foram classificadas como homossexuais
na vida adulta baseado em sua relatada orientação sexual ou por seus
parceiros sexuais. As informações foram colhidas em um raio de
desordens psiquiátricas de pessoas de quatorze a vinte e um anos de
idade. Homossexuais tiveram altas taxas de depressão profunda,
desordem de ansiedade generalizada, desordem de conduta, dependência
de nicotina, outros abusos de substâncias e/ou dependência, desordens
múltiplas, idealização do suicídio, e tentativas de suicídio. Alguns dos
encontros específicos são os seguintes:

 78.6% de homossexuais comparados a 38.2% de heterossexuais


tiveram duas ou mais desordens mentais, uma diferença estatística
significante;
 71.4% de homossexuais experimentaram uma forte depressão
comparada a 38.2% de heterossexuais;
 67.9% de homossexuais relataram a idealização do suicídio
comparada a 28% dos heterossexuais;
 32.1% dos homossexuais reportaram tentativas de suicídio
comparado a 7.1% dos heterossexuais.

Adolescentes em relacionamentos homossexuais tem uma taxa de


suicídio maior. Em um estudo nacionalmente representativo da população
adolescente geral dos Estados Unidos, Russell e Joyner (2001) relataram
um estudo de 5685 garotos adolescentes e 6254 garotas adolescentes.
Relacionamentos românticos pelo mesmo sexo “foram relatados por 1.1%
dos garotos (n=62) e 2.0% das garotas (n=125)” (Joyner, 2001, p. 1277).
Eles encontraram o seguinte:

170
 Tentativas de suicídio tiveram 2.45 vezes mais probabilidade
entre garotos adolescentes com orientação pelo mesmo sexo do
que entre garotos heterossexuais;
 Tentativas de suicídio tiveram 2.48 vezes mais probabilidade
entre garotas adolescentes com orientação pelo mesmo sexo do
que entre garotas heterossexuais;

As descobertas relacionadas foram relatadas por DuRant, Krowchuk,


e Sinal (1998) que estudaram o “relacionamento entre o número de
parceiros sexuais de garotos adolescentes e a frequência de vitimização na
escola, a perda de aulas por conta de medo, uso de drogas na escola, e o
engajamento em brigas e o carregamento de armas ambos dentro e fora
da escola” (p. 113). Este estudo encontrou

O número de parceiros sexuais relatados por homens adolescentes


sexualmente ativos corelatados com a alta frequência de
vitimização, o uso de violência e o uso de drogas na escola. A
frequência de tentativas de suicídio e de brigas fora da escola
também foram positivamente corelatadas com o número de
parceiros sexuais do mesmo sexo. (p. 113)

Garofalo, Wolf, Kessel, Palfrey e DuRant (1998) viram que


adolescentes que se auto identificam como gays, lésbicas, ou bissexuais,
reportam condições adversas desproporcionais e foram mais aptos a
terem sua propriedade roubada ou deliberadamente machucada, foram
vitimizados e ameaçados, e se engajaram em comportamentos de sério
risco. Em um estudo por Balsam, Rothbul, e Beauchaine (2005),
participantes adultos que eram lésbicas, gays, e bissexuais relataram mais
sua psicologia da infância sobre abuso físico e abuso sexual mais do que os
participantes heterossexuais.

Taxas Altas de Psicopatologias em Adultos com Atrações Homossexuais

Essas descobertas de grandes maus ajustes em adolescentes


engajados em comportamentos homossexuais são paralelas a estudos em
homossexuais adultos. Largas amostras nacionais representativas de
comportamento homossexual e heterossexual estabeleceram que uma
maioria de indivíduos que age homossexualmente possui uma ou mais
desordens psiquiátricas prevalentes ao longo da vida. Por exemplo, um

171
grande e representativo estudo por Sandfort e colegas (2001) resultou
que, a maioria dos homens (56,1%) e mulheres homossexuais (67,4%)
sofre durante a vida com a prevalência de uma ou mais desordens
psiquiátricas, enquanto a maioria de homens (58,6%) e mulheres
heterossexuais (60,9%) não possui nenhuma prevalência de desordens
psiquiátricas durante a vida.

Em uma recente meta-análise da pesquisa sobre a prevalência de


desordem psiquiátrica, do uso de substâncias, da automutilação
deliberada, e do suicídio em indivíduos homossexuais, King, Semlyen, Tai,
Killaspy, Orborn, Popelyuk, e Nazareth (2008) identificaram 13.706
publicações acadêmicas entre Janeiro de 1966 à Abril de 2005. Dessas
publicações, 28 encontraram pelo menos um de mais de quatro critérios
qualitativos para a inclusão na meta-análise: amostras da população geral
ao invés de um grupo seleto, amostras avulsas, 60% ou mais de taxa de
participação, e tamanho da amostra igual ou maior a 100 sujeitos de
pesquisa. A meta-análise desses 28 estudos mais qualitativos reportam
resultados de um combinado entre 214.344 heterossexuais e 11.971
homossexuais (King et al., 2008, p. 72). Há inúmeros resultados de altas
taxas de psicopatologias em homossexuais comparados a heterossexuais.
Entre outras estatísticas, essa meta-análise através dos estudos mais
metodologicamente sofisticados calculou estatísticas de prevalência de
desordens e descobriu que comparado a homens heterossexuais, homens
homossexuais têm:

 2.58 mais chances de risco de depressão (p. 77);


 4.28 mais chances de risco de tentativas de suicídio (p. 74);
 2.30 mais chances de risco de automutilação (p. 75).

A comparação paralela a homens heterossexuais para 12 meses de


prevalência encontraram que homens homossexuais têm:

 1.88 mais chances de risco de desordens de ansiedade (p. 78);


 2.41 mais chances de risco de dependência de drogas (p. 80).

Calculando a prevalência de estatística de desordens para mulheres,


King et al. (2008) descobriu que comparadas a mulheres heterossexuais,
mulheres homossexuais têm:

172
 2.05 mais chances de risco de depressão (p. 77);
 1.82 mais chances de risco de tentativas de suicídio (p. 74).

A comparação paralela a mulheres heterossexuais para 12 meses de


prevalência encontraram que mulheres homossexuais têm:

 4.00 mais chances de risco de dependência de álcool (p. 79);


 3.5 mais chances de risco de dependência de drogas (p. 80);
 3.42 mais chances de risco de desordem de qualquer substância (p.
81).

Balsam et al. (2005) viram que lésbicas, gays e bissexuais adultos


participantes relataram mais vitimização psicológica e física de parceiros e
experiências de violências sexuais na vida adulta do que participantes
heterossexuais.

Justificativa para a Intervenção Terapêutica para Precursores de


Tendências Homossexuais

Por isso, da perspectiva de um substancial corpo de pesquisa, os


pais claramente tem toda a razão de ficarem preocupados se seu filho
continua a desenvolver uma orientação homossexual, pois eles estarão
em um grande risco de experimentar problemas de saúde e de saúde
mental do que seria o caso se seu filho desenvolvesse um ajuste
heterossexual normal. Pelas mesmas razões que “Orientação Sexual
Egodistônica” (American Medical Association, 2005; World Health
Organization, 2007) – que é diagnosticada como a “Desordem Sexual Não
Especificada” usando o DSM-IV-TR (American Psychiatric Association,
2000) – deve e pode ser tratado na vida adulta por solicitação do cliente
(Jones & Yarhouse, 2007; Oram & Rekers, 2009), e é profissionalmente
apropriado oferecer uma avaliação clínica e uma intervenção terapêutica
para crianças e adolescentes que estão manifestando características que
são etimologicamente relatadas à homossexualidade na vida adulta
(Lundy & Rekers, 1995a, 1995c; Nicolosi e Nicolosi, 2002).

Em um breve sumário, os profissionais de saúde mental têm razões


profissionais e éticas para oferecer avaliação clínica e intervenções
terapêuticas para crianças e adolescentes que apresentam
comportamentos padrões de identidade de gênero cruzado,
comportamento sexual pelo mesmo sexo, ou que foram abusados

173
homossexualmente (veja o raciocínio extensivamente detalhado para
intervenções clínicas apresentado por Goldberg, 2008; Lundy & Rekers,
1995a; Nicolosi e Nicolosi, 2002; Rekers, 1977; Rekers, 1995b; Rekers &
Mead, 1980; Rekers, Rosen, Lovaas, & Bentler 1978; Rosen, Rekers, &
Bentler, 1978; Phelan et al., 2009). Precursores da infância e adolescência
para atrações homossexuais na vida adulta devem ser psicologicamente
tratado por essas grandes razões: (a) Intervenção clínica é necessária para
detectar e tratar o atual mau ajuste psicológico que é associado com os
precursores para atrações homossexuais adultas. (b) Intervenção clínica é
necessária para detectar e tratar maus ajustes sociais menores entre
família e colegas que são associados com os precursores para tendências
homossexuais na vida adulta. (c) Intervenção clínica é necessária para
prever desforia de gênero adulta e/ou comportamento homossexual,
porque essas condições adultas são substancialmente associadas com
maiores riscos de saúde ameaçadores à vida, riscos associados a suicídio,
riscos associados a desordens psiquiatras debilitantes e riscos associados à
automutilação por abuso de substância. Assim, a intervenção clínica para
detectar e tratar os precursores das atrações homossexuais na vida adulta
e o comportamento homossexual é ético, clínico e legalmente apropriado
em resposta às solicitações dos pais.

Objetivos de Avaliação Clínica e Terapia Subsequente

Os procedimentos para clinicamente avaliar e assessorar uma


criança ou adolescente que apresenta potenciais precursores para
tendências homossexuais na vida adulta diferem dependendo dos
problemas particulares apresentados.

Objetivos Clínicos para Avaliação e Terapia do Contato Sexual com o


Mesmo Sexo

Se o cliente mais novo é referenciado por conta do abuso sexual por


um agressor do mesmo sexo, ou por uma iniciação em um
comportamento sexual repetido pelo mesmo sexo por um colega, e/ou é
exposto à pornografia homossexual ou outras mensagens pró-gay da
mídia, os seguintes objetivos serão envolvidos após estabelecer uma
relação com o cliente criança ou adolescente:

1. Estabelecer a queixa principal na percepção da criança ou


adolescente, e separadamente, nos olhos do(s) pai(s) ou

174
guardião/guardiões. Avaliar para descobrir desordens psiquiatras
simultâneas, depressão particular, abuso de substâncias,
idealização e planos de suicídio, e seu ajuste geral acadêmico,
familiar, e pessoal. Avaliar onde o teste psicológico clínico é
necessário para clarificação do diagnóstico diferencial;

2. Avaliar onde o comportamento sexual com o mesmo sexo foi


coagido por um colega ou agredido por um adolescente mais
velho ou adulto. Se coagido, avaliar onde a força física ou as
ameaças foram feitas pelo iniciador. Adicionalmente, avalie a
desordem de stress pós-traumática ou outra ansiedade, ou a
desordem afetiva associada com a experiência sexual com o
mesmo sexo. Se houve abuso sexual, os objetivos terapêuticos
precisam ser direcionados tanto por precursores potenciais de
tendências homossexuais, quanto por questões de abuso;

3. Gentilmente avalie a frequência e o contexto do comportamento


sexual pelo mesmo sexo, em termos de se foi dentro do episódio
de curiosidade normal de brincadeiras de sexo com colegas da
mesma idade ou se foi mais frequente e motivado por interesse
sexual. Avalie se o cliente criança ou adolescente foi o iniciador,
o destinatário, ou o colaborador do contato sexual com o mesmo
sexo. Na pré-adolescência, o contato sexual infrequente com o
mesmo sexo é provavelmente um comportamento exploratório
transitório, já que o contato sexual pelo mesmo sexo motivado
por expressa sexualidade manifestada não é tipicamente
evidente até a puberdade, embora seja possível;

4. Se o contato sexual foi motivado por curiosidade ou por


interesse sexual expresso manifesto, avalie se a experiência do
contato sexual com o mesmo sexo influenciou a criança ou
adolescente para subsequentemente se identificar como “gay”
ou “homossexual”. Geralmente, o se “auto-rotular” prediz mais
uma orientação homossexual adulta do que a ocorrência do
contato sexual com mesmo sexo em si. Quando um garoto ou
adolescente é sexualmente abusado por um agressor mais velho
(e a vasta maioria de agressores em menores são homens),
muitas vezes influencia o garoto a se sentir como se ele fosse
“gay” ou “homossexual” depois de experimentar uma excitação
sexual pelo contato sexual com o mesmo sexo; garotas

175
sexualmente abusada por agressores (também geralmente
homens) não tem o risco de desaperceber o abuso como
provável “prova” de que elas são “homossexuais”. No entanto,
as situações da vida, incluindo o abuso sexual, criam atitudes
ambivalentes em relação à feminilidade ao converter a
mensagem de que ser mulher não é seguro ou desejável, são vias
conhecidas por criar atrações homossexuais nas mulheres
(Nicolosi & Nicolosi, 2002, pp. 150-151, 159). Shrier e Johnson
(1988) descobriram que a metade das vítimas de abuso sexual se
identificava como “homossexuais” e que explicaram sua
“homossexualidade” com referência à sua experiência de
vitimização sexual. Assim, muitos garotos e adolescentes
percebem erroneamente o contato sexual com o mesmo sexo
que é iniciado por um colega ou um agressor de abuso sexual
como uma “prova” de que o iniciador de alguma forma
reconheceu que eles (o receptor do contato sexual)
supostamente são “diferentes” dos heterossexuais. Eles muitas
vezes concluem que o abuso sexual que está interno indica sua
“homossexualidade”, até mesmo se nunca previamente ocorreu
à criança/adolescente receptor a possibilidade de serem
“homossexuais” (veja também Finkelhor, 1984);

5. Se o receptor ou colaborador do contato sexual percebe


erroneamente que sua excitação sexual ou interesse no contato
sexual com o mesmo sexo automaticamente significa que eles
são “gays”, o objetivo clínico deve ser educado para instruir a
criança ou adolescente que é normal que o corpo responda com
excitação sexual ao ser tocado no órgão sexual por um homem
ou uma mulher. É importante explicar que ficar excitado ou
experimentar sentimentos prazerosos associado com o contato
sexual do mesmo sexo de maneira alguma “prova” que alguém
seja “gay”, mas somente significa que o corpo da pessoa está
reagindo normalmente. Se o clínico avalia que a experiência do
contato sexual com o mesmo sexo influenciou a criança ou
adolescente a pensar em si mesmo como “gay”, o objetivo
terapêutico deve ser clarificar que o receptor do contato sexual
do mesmo sexo não tem nada a ver com a atual orientação
sexual do adulto. Ao invés disso, tem tudo a ver com o desejo
sexual do agressor ou iniciador;

176
6. Se a criança ou adolescente tem um padrão de busca ou
iniciação do contato sexual com o mesmo sexo, avaliar a
motivação da criança ou adolescente para que mude o padrão
de contato sexual com o mesmo sexo. Se a criança ou
adolescente é indiferente ou inicialmente relutante a mudar o
padrão de contato sexual com mesmo sexo, o objetivo clínico
deve ser de prover uma educação sexual baseada
cientificamente em relação aos substanciais riscos de saúde e
psicológicos associados com o contato sexual contínuo com o
mesmo sexo. Avaliar atitudes internas e a extensão do conflito
(se alguma) entre comportamento sexual, orientação sexual e
desenvolvimento de identidade de gênero. Devido a sua
imaturidade no desenvolvimento, os conceitos de ego sintônico
e ego distônico descritos para um comportamento e orientação
homossexual são tipicamente não aplicáveis a adolescentes
(Lundy & Rekers, 1995c.). Avaliar o stress relatado sobre o
comportamento sexual particular. Avaliar o grau de consciência
da orientação heterossexual;

7. Com os adolescentes, avaliar quando a junção de uma história


sexual é indicada ou possível. Avalie o número de parceiros
sexuais e o nível de promiscuidade. Avalie o risco de saúde
tomado, associado com relacionamentos sexuais e padrões de
comportamento sexual. Um objetivo urgente é intervir
terapeuticamente no comportamento sexual de alto risco, ao
rapidamente trabalhar o objetivo da abstinência sexual (Lundy &
Rekers, 1995b; Rekers & Hohn, 1998; Schumm & Rekers, 1984)
dizendo que as camisinhas são mecanicamente inseguras e
geralmente inaceitáveis para homens engajados em
comportamento sexual com o mesmo sexo, [b] que a grande
maioria de adolescentes não usa camisinhas mesmo, e [c] que
uma taxa de falha de 26% nas camisinhas foi documentada em
um estudo (Seidman & Reiter, 1994). Na história sexual, avalie a
exposição à pornografia homossexual e a reação e percepção da
criança ou adolescente sobre isso. Com adolescentes, avalie se
eles têm o padrão de se masturbar vendo pornografia gay, o que
fortifica a capacidade de resposta homossexual através de
condicionar o sistema nervoso. Se sim, o objetivo é trabalhar
terapeuticamente em direção aos insights de que esse padrão é

177
contraprodutivo para um eventual ajuste heterossexual no
adulto;

8. Referencie a criança sexualmente ativa, ou a criança suspeita de


potencial comportamento pelo mesmo sexo, para uma avaliação
médica geral para avaliar a possível presença de uma doença
sexualmente transmissível, e/ou abuso de substância, ambos nos
quais são positivamente associados com comportamento sexual
pelo mesmo sexo;

9. Quando for possível, o(s) pai(s) da criança ou adolescente devem


ser envolvidos na avaliação e processo terapêutico. O objetivo
clínico deve ser o avaliar que questões podem ser direcionadas
conjuntamente com a criança ou adolescente com pai(s)
presentes, e que questões sensíveis devem ser lidadas nas
sessões de terapia individual com a criança ou adolescente e
pai(s). Reações parentais disfuncionais aos agressores potenciais
de atrações homossexuais em seus filhos devem ser dirigidas
terapeuticamente.

Objetivos Clínicos para Avaliação e Terapia de Desenvolvimento Anormal


de Gênero

Se a criança ou adolescente está referenciado por conta das


afirmações de gênero oposto, e/ou em não conformidade de gênero, e/ou
em identificação inadequada e modelação em um pai do mesmo sexo,
e/ou em identificação anormal e modelação em um pai do sexo oposto, os
seguintes objetivos serão envolvidos:

1. Estabelecer a queixa principal na percepção da criança ou


adolescente, e separadamente, nos olhos do(s) pai(s) ou
guardião/guardiões. Avaliar para desordens psiquiatras
simultâneas, depressão particular, abuso de substâncias,
idealização e planos de suicídio, e ajuste geral acadêmico,
familiar e pessoal. Avaliar onde o teste psicológico clínico é
necessário para clarificação de diagnóstico diferencial;

2. Avaliar a extensão e frequência de comportamentos de gênero


oposto. Tenha em mente que são as atitudes repetidas, a escala,
a rigidez e frequência de comportamentos e gestos femininos

178
comparados a comportamentos e gestos masculinos que é
significativo de diagnóstico em não conformidade de gênero
(Bentler, Rekers & Rosen, 1979; Rosen, Rekers, & Brigham,
1982);

3. Adicionalmente ao objetivo de avaliação para a condição de não


conformidade de gênero, clinicamente avalie a presença de uma
desordem de identidade de gênero de infância, usando DSM-IV
critério de diagnóstico (American Psychiatric Association, 2000).

4. Os objetivos clínicos abrangentes são para expandir o repertório


de comportamentos de gênero da criança e flexibilizar as
expressões do mesmo sexo e gestos para que esteja dentro do
alcance de crianças da mesma idade e do mesmo sexo. Ainda, os
objetivos são para garantir que a criança imite os
comportamentos emocionais de carinho e de afeição do gênero
do pai do mesmo sexo (ou pai substituto), e que a criança se
torne psicologicamente segura em uma identidade de gênero
que combine com a anatomia da criança (Rekers, 1977b; Rekers
& Kilgus, 1995; Rekers, & Mead, 1980; Rosen et.al., 1982).

Formato das Primeiras Três Sessões

As sessões iniciais devem focar em desenvolver um plano de


tratamento compreensivo baseado em uma avaliação de diagnóstico da
criança ou adolescente. No caso de um pai que relatou contato sexual por
uma criança ou adolescente, se espera que tenha mais sessões para
desenvolver uma aliança terapêutica com a criança/adolescente antes
deles se sentirem confortáveis para falar sobre seu contato sexual com o
mesmo sexo. Ainda, enquanto crianças da pré-escola irão, no geral,
abertamente mostrar e falar sobre seu gênero oposto e interesses,
crianças mais velhas tem medo de desaprovação social e tendem a ir
“underground”, tal que uma relação deve ser construída para que eles se
sintam confortáveis para lidar com sua não conformidade de gênero com
os terapeutas. Para tais razões, as primeiras três sessões para crianças
mais velhas e adolescentes podem ser gastas em juntar informação
diagnóstica do(s) pai(s) e construir uma relação, uma aliança terapêutica,
e dividir objetivos de tratamento com a criança mais velha ou
adolescente. Para crianças mais velhas as primeiras três sessões não
podem ser preditas com qualquer maior precisão do que esse relato geral.

179
No entanto, as três sessões iniciais para pré-escola e crianças antes do
elementar que apresentam distúrbios potenciais de gênero são bastante
previsível como segue:

A primeira sessão deve ser focada em entrevistas individuais com o


pai e a criança para diferenciar variações normais no desenvolvimento da
criança do gênero depravado e/ou do desenvolvimento sexual. Enquanto
os pais tipicamente derramam suas preocupações, uma relação deve ser
criada com a criança ou adolescente na primeira sessão. Por conta da
atual reclamação do contato sexual com o mesmo sexo seja muitas vezes
encontrada em uma criança ou adolescente que tem um gênero não
conforme ou uma desordem de identidade de gênero, o diagnóstico inicial
do(s) pai(s) e da criança individualmente deve incluir um inquérito quanto
aos menores: [1] o padrão de comportamento do mesmo sexo e sexo
oposto, [2] a história de indicações de potencial desordem de identidade
de gênero, [3] a história do contato sexual pelo mesmo sexo e contato
sexual com o sexo oposto, e [4] a história e atual presença de qualquer
outra desordem DSM-IV. O(s) pai(s) deve ser avisado de que o diagnóstico
formal do terapeuta e as atuais recomendações de tratamento serão
oferecidos na terceira sessão.

A segunda sessão irá tipicamente envolver o retorno do relato dos


pais e dos inventários para o terapeuta e estender a avaliação clínica para
incluir mais entrevistas e observações de comportamento da criança ou
adolescente. Quando indicado, os testes psicológicos irão geralmente
acontecer nessa segunda sessão.

A terceira sessão irá envolver um diagnóstico (ou diagnósticos)


formal, junto com: recomendações de tratamento ao(s) pai(s)
individualmente; uma reunião de família com o(s) pai(s) com a criança ou
adolescente para o terapeuta dividir as recomendações e prover uma
descrição dos primeiros passos da terapia para a pessoa. Então o
tratamento formal individualizado começa nessa terceira sessão, incluindo
guia para o(s) pai(s) e trabalho terapêutico inicial com a criança ou
adolescente.

Avaliação Clínica e Técnicas Terapêuticas

Dependendo da(s) presente(s) queixa(s) e resultados da entrevista


de diagnóstico inicial na primeira sessão, um caso particular de uma

180
criança ou adolescente pode requerer tanto uma avaliação de
comportamento de gênero e identidade de gênero ou uma avaliação do
comportamento e orientação sexual pelo mesmo sexo, ou ambos. Então
dependendo do resultado da avaliação, a uma criança ou adolescente
pode ser oferecida o tratamento para problemas de gênero, problemas de
orientação sexual, ou problemas de comportamento sexual, ou alguma
combinação desses três. A avaliação diagnóstica e técnicas terapeutas
brevemente descritas aqui são apresentadas em muito mais detalhes em
Rekers (1995c), o qual cita mais dezenas de artigos de revistas que provê
ainda mais uma extensiva avaliação e tratamento clínico para esses
problemas de crianças e adolescentes.

Técnicas de Avaliação Clínica para Avaliar Comportamento de Gênero e


Identidade

Entrevistando os Pais ou Cuidadores. Se há mais do que um pai ou


cuidador, cada um deve ser entrevistado separadamente, perguntando a
mesma questão para cada um, porque as afirmações de comportamentos
de gênero oposto e identidade de gênero oposto são muitas vezes
situações específicas ou ocultas de um pai, mas reveladas a outro pai. As
seguintes questões foram usadas para dar assistência ao diagnóstico de
gênero não conforme e identidade de gênero oposto:

1. Qual comportamento masculino que você observa em seu filho,


e com qual frequência ele ocorre?

2. Qual comportamento feminino que você observa em seu filho, e


com qual frequência ele ocorre?

3. Com quem que seu filho se identifica? (Questão de


acompanhamento se necessário: Seu filho se identifica com um
pai, uma figura paterna, um irmão, algum outro homem, ou com
a mãe, figura materna, uma irmã, ou alguma outra mulher?)?

4. Em que medida seu filho interage com garotos?


5. Quais são as idades de cada um dos homens que seu filho se
relaciona?

6. Em que medida seu filho interage com garotas?

181
7. Quais são as idades de cada uma das mulheres que seu filho se
relaciona?

8. Em que medida seu filho se sente confortável e identifica sua


anatomia sexual?

9. Em que medida seu filho entende as futuras funções


reprodutoras de sua anatomia sexual?

10. Em qual medida seu filho entende as futuras funções


reprodutoras de um membro do sexo oposto?

11. Quais são o histórico e a frequência de cada um dos seguintes


comportamentos? Travestir-se; Gestos e maneiras masculinas;
Gestos e maneiras femininas; Brincadeiras com brinquedos e
atividades de meninas; Brincadeiras com brinquedos e atividades
de meninos; Evita brincar com colegas do mesmo sexo; Evita
brincar com membros do sexo oposto; Brinca com itens de
cosmético, reais ou imaginários; Variação de voz masculina;
Variação de voz feminina; Desejo de ser chamado pelo nome do
sexo oposto; Comportamentos sexuais – descreva-os;
Masturbação com artigos do sexo oposto – descreva-os;
Masturbação com pornografia heterossexual; Masturbação com
pornografia homossexual.

12. Seu filho insiste em ser ou pretende ser um membro do sexo


oposto?

13. Seu filho já pediu uma operação de mudança de sexo, se sim,


quantas vezes?

14. Qual é sua resposta em relação aos comportamentos e


atividades masculinas de seu filho?

15. Qual é sua resposta em relação aos comportamentos e


atividades femininas de seu filho?

Inventário de relatos de pais para crianças pré-adolescentes.


Rekers (1995a, páginas 274-275) descreve o uso de medidas de um

182
relatório específico de um pai que foi validado com crianças normais de
várias idades, o que é útil para diagnosticar o desvio de comportamento
de gênero. O Games Inventory (Bates & Bentler, 1973) tem um índex
composto para comportamento feminino o qual Rekers e Morey (1990)
descobriu ser significantemente correlacionado com o grau de severidade
de um distúrbio de gênero. O Gender Behavior Inventory (Bates, Bentler &
Thompson, 1973) tem uma subescala de comportamento feminino no
qual Rekers e Morey (1989b) descobriram que garotos com distúrbios de
gênero pontuam significantemente mais da média do que um grupo
padronizado de garotos normais. O Gender Identity Questionnaire
desenvolvido por Elizabeth e Green (1984) tem demonstrado ter
propriedades psicométricas razoáveis (Zucker & Torkos, 1987).

Entrevista de Diagnóstico Clínico com a criança ou adolescente. A


entrevista clínica precisa ser individualizada para a criança ou adolescente
para extrair indicadores de identificação com o outro sexo,
comportamento do outro sexo, e relacionamentos com os colegas de uma
maneira indireta. Por exemplo, é útil perguntar ao jovem para que nomeie
seus amigos na escola e no bairro, como uma maneira de determinar a
proporção de nomes masculinos e femininos de seus colegas. Terapeutas
devem perguntar à criança ou ao adolescente para que nomeie suas
pessoas favoritas, lugares, atividades, e coisas e pergunte sobre a
quantidade de tempo que se gasta com cada um. Rekers, Sanders, Strauss,
Rasbury, e Morey (1989) publicaram um estudo de diferenças sexuais
claras nas participações de adolescentes de 11 à 18 anos como uma base
na qual um adolescente avaliado pode ser comparado clinicamente.

Observação Clínica de Comportamento Sexual em Brincadeiras de


Crianças. O comportamento sexual de crianças de 3 à 8 anos em
brincadeiras pode ser validamente avaliado com o procedimento de
avaliação comportamental em jogos desenvolvido por Rekers (1975) que
emprega brinquedos de garotos e garotas. Rekers e Yates (1976)
descobriram que usando uma base de 70% de brincadeiras do sexo oposto
para 30% de brincadeiras do mesmo sexo para avaliar desvio de gênero
produzirá raros “falsos positivos”, embora o uso dessa ferramenta de
avaliação sozinha possa ser mais vulnerável a instâncias de “falsos
negativos”, particularmente entre crianças que estão conscientes de seu
desvio de gênero e buscam suprimir isso em público. Veja Rekers e Yates
(1976) para a lista de brinquedos específicos e procedimentos de
avaliação.

183
Observação Clínica de Gestos Sexuais e Maneirismos. Embora
crianças e adolescentes com um gênero não conforme e/ou uma
identidade do gênero oposto possam aprender a ocultar seu
comportamento manifesto do gênero oposto (Rekers, 1975) e suprimir
afirmações expressando uma identidade de gênero oposto na presença de
um terapeuta e de outros em seu ambiente, seus gestos sexuais com a
mão e braço e maneirismos do corpo são difíceis de suprimirem à vontade
(Rekers, Willis, Yates, Rosen & Low, 1977). Ainda, as observações de
comportamento sistemáticas de gestos e maneirismos podem ser
especialmente úteis para diagnosticar um desvio de desenvolvimento de
gênero. Rekers, Lovaas, e Low (1974) observaram e definiram
clinicamente gestos femininos expressivos. Subsequentemente, estudos
desses mesmos gestos em garotos e garotas normais de idade de 4 à 18
anos foram conduzidos para prover uma comparação normativa (Rekers,
Amaro-Plotkin, & Low, 1977); Rekers e Rudy, 1978; Rekers, Sanders, &
Strauss, 1981). Então em um estudo de garotos com distúrbios de gênero
de 7 à 17 anos, Rekers e Morey (1989c) descobriram que esses garotos
tem altas frequências de três gestos: “pulso mole”, “fecho de mão”
(tocando as mãos juntas na frente do corpo), e “hiper extensão” (o
extremo oposto de “pulso mole” no qual a*s+ mão*s+ se movem na direção
da superfície posterior do antebraço). Para uma qualificação precisa sobre
esses três gestos comparados a taxas básicas em garotos e garotas
normais em sua idade respectiva de criança ou adolescente, esses artigos
acadêmicos contêm procedimentos e dados normativos. Se esses três
gestos aparecem em uma grande frequência, o terapeuta que está o
acompanhando tem uma grande indicação de que o distúrbio de gênero
está presente.

Testes Clínicos Psicológicos e Avaliações Clínicas. Pesquisas clínicas


indicam que as respostas de uma criança com desvio de gênero em vários
testes psicológicos convencionais são corelatadas com um diagnóstico
clínico independente de distúrbio de gênero (Bentler et al., 1979). Embora
os resultados de um teste sozinho não devam ser completamente
baseados sobre, os testes seguintes podem ser úteis em uma bateria de
métodos que incluem data coletadas das avaliações de comportamento
citadas acima e métodos de entrevista de diagnóstico: o Draw-A-Person
Test (Rosen, Rekers, & Morey, 1990; Skilbeck, Bates, & Bentler, 1975;
Zucker, Finegan, Doering, & Bradley, 1983) no qual crianças com distúrbio
de gênero mais frequentemente desenham uma figura do sexo oposto

184
primeiro, o Brown IT Scale for Children (Rosen et al., 1990), e o
Schneidman Make-a-Picture-Story Test (Rosen et al., 1990). Para
adolescentes, o Feminine Gender Identity Scale for Males (Freund,
Langevin, Sateerberg, & Steiner, 1977) ajuda no diagnóstico de diferenciar
as condições de desordem de identidade de gênero, travestismo, e
homossexualidade. Outros testes psicológicos clínicos gerais devem ser
usados para excluir outras desordens psicológicas, no que tais pesquisas
indicam que um distúrbio de gênero coexiste com outras formas de
psicopatologia (Rekers & Morey, 1989a).

Avaliação de Habilidades Esportivas em Garotos. Garotos com


problema de gênero tipicamente desenvolvem déficits em habilidades
esportivas, devido à perda de prática por causa de sua esquiva e falta de
motivação para atividades masculinas. É útil, se pais derem a permissão,
de contatar o professor de educação física do garoto para obter uma
avaliação sobre o nível de habilidades atléticas de um garoto relativo à
seus colegas da mesma idade. Desenvolver um nível de habilidade em um
alcance mínimo pode se tornar um objetivo terapêutico para um garoto
diagnosticado com um problema de gênero.

Avaliação na Configuração Residencial. Checklists


comportamentais para pais usarem em um processo de amostragem de
tempo pode ser individualmente designado para uma criança ou
adolescente. Baseado na data coletada da entrevista diagnóstica nas
ocorrências de comportamentos masculinos ou femininos, o checklist
poderia incluir tais comportamentos como “brincar com garotas”, “brincar
com garotos”, “brincar de boneca”, “se travestir”, “brincar de papéis
femininos”, “brincar de papéis masculinos”, e os três gestos
comportamentais diagnosticados mencionados acima - “pulso mole”,
“fecho de mão” e “hiper extensão” (Rekers & Lovaas, 1974); Rekers,
Lovaas & Low, 1974; Rekers et al., 1977). Pais são questionados a
observarem o comportamento da criança por 10 minutos por vez, em
duas ou três vezes específicas no dia. Isso se torna uma medida de base
para avaliar os efeitos de tratamento posteriores.

Avaliação na Configuração Escolar. Se o professor escolar da


criança sabe do distúrbio de gênero, o terapeuta também pode elaborar
um checklist de comportamento similar para que o professor da criança
complete (Rekers, 1995b; Rekers & Varni, 1977b).

185
Exame Médico. Da maioria das crianças diagnosticadas com
distúrbio de comportamento de gênero ou desordem de identidade de
gênero não foi encontrado nenhuma anormalidade física em seu histórico
pré natal, histórico médico, exame físico dos genitais externos, análise do
cromossomo e estudos da cromatina sexual (Rekers, Crandall, Rosen &
Bentler, 1979). No entanto, para excluir hermafroditismo, anormalidade
hormonais, ou outra condição médica contributiva, é boa prática obter
uma cópia de um exame médico da criança ou do adolescente.

Técnicas de Avaliação Clínica para Avaliação de Comportamento Sexual


e Orientação

Quando a presente reclamação tem um foco em um possível


contato sexual da criança e/ou indicadores de um desenvolvimento da
orientação sexual, a ferramenta de avaliação primária é a entrevista de
diagnóstico – com ambas as crianças ou adolescentes e pais ou guardiões.

Entrevistas de Diagnóstico Clínico dos Pais e Criança ou


Adolescente. Relacionamento deve ser desenvolvido com a criança ou
adolescente, e devem ser abertos canais de comunicação que precisam
ser solicitados pela criança ou adolescente e os pais. Os comportamentos
sexuais específicos pelo mesmo sexo (se há algum) e sua frequência e
configuração de ocorrência precisam ser avaliados. Os valores dos pais e
da criança ou adolescente a respeito do comportamento homossexual
também deve ser avaliado, se cada um possui atitudes “gays afirmativas”,
atitudes indiferentes a respeito da orientação sexual, ou um sistema de
valores pró-heterossexual. Ainda, avalie se há algum conflito entre os
valores a respeito da homossexualidade entre a criança ou adolescente e
um pai, ou um conflito entre os valores dos pais quando ambas as figuras
do pai e mãe estão em evidência. Através de entrevistas, avaliações
devem ser feitas no nível de consciência da criança ou adolescente e do(s)
pai(s) a respeito dos riscos de participar do comportamento homossexual
– incluindo ambos os riscos de saúde e riscos de desordem psiquiátrica.

Teste Clínico Psicológico. Como notado acima, a Escala de


Identidade de Gênero Feminina para Homens (Freund et al., 1977) ajuda a
diagnosticar e diferenciar as condições de desordem de identidade de
gênero, travestismo, e homossexualidade em adolescentes. Por existir
uma forte associação de psicopatologia e tendências suicidas em
adolescentes com atração homossexual e comportamento homossexual,

186
as experiências clínicas indicam que uma minuciosa avaliação psicológica
clínica deve ser provida para que inclua o uso do Millon Adolescent
Personality Inventory, o Minnesota Multiphasic Personality Inventory-
AdolescentTM, o Thematic Apperception Test, e Projective Sentence
Completion Test. Esses testes não somente avaliam as psicopatologias –
incluindo a importância de avaliar a depressão e impulsividade em
adolescentes com tendências homossexuais – mas também provêm um
guia para intervenção psicoterapêutica efetiva.

Encaminhamento para Exame Médico. Se há suspeita ou sabe-se


que o comportamento sexual pelo mesmo sexo tenha ocorrido na infância
ou adolescência, um encaminhamento deve ser feito ao principal pediatra
da criança para uma avaliação médica geral em busca de doenças
sexualmente transmissíveis, incluindo um exame de urina, exames dos
genitais, da boca e do ânus.

Técnicas para Tratamento de Comportamento do Sexo Oposto e


Desordem de Identidade de Gênero

Estratégias Gerais de Gerência. Prior aos anos 70, não havia terapia
para reverter a identidade de gênero oposto em crianças ou adolescentes,
mas uma série de estudos experimentais demonstraram que a terapia
comportamental específica e técnicas de terapia em família podem
efetivamente normalizar uma desordem de identidade de gênero e/ou
padrão de não conformidade de gênero (Rekers, 1972; 1979; Rekers &
Lovaas, 1974; Rekers et. al., 1974) e a desordem de identidade de uma
garota (Rekers & Mead, 1979). Como resultado de uma pesquisa
programática extensiva e décadas de experiência clínica em tratar a
desordem de identidade de gênero, várias estratégias gerais de gestão
têm sido bem efetivas (Rekers, 1995a):

1. Aconselhar um pai do mesmo sexo para desenvolver uma relação


confortante, carinhosa, verbalmente e fisicamente afetuosa com a
criança ou adolescente, para que invista tempo, recreação e
interação positiva com a criança, enquanto escrupulosamente evite
críticas dele ou dela. Se um pai do mesmo sexo não está disponível,
recomende que um adulto substituto do mesmo sexo seja
encontrado para prover um modelo positivo – talvez um parente ou
um mentor de uma organização para crianças. Um garoto com
distúrbio de gênero se beneficia de um relacionamento emocional

187
próximo de um pai ou filho ou de outro relacionamento substitutivo
de relacionamento masculino adulto (Mead & Rekers, 1979;
Nicolosi & Nicolosi, 2002; Rekers, 1986; Rekers, Mead, Rosen &
Brigham, 1983; Rekers & Swihart, 1989). Ainda, para garotas, uma
saudável relação com a mãe, no qual a mãe compartilha de seu eu
emocional e vulnerabilidades e constrói um relacionamento mútuo
com sua filha, provê a mais importante fundação para uma
identidade de gênero saudável e heterossexualidade (Nicolosi &
Nicolosi, 2002, capítulo 7). Nicolosi & Nicolosi (2002) recomendou
que pais dessem conforto emocional aos seus filhos, entrem em
brincadeiras fisicamente agressivas com seus filhos, tomem banho
com seus filhos mais novos, e envolvam seus garotos em correr por
aí e façam outros passeios juntos (p. 89). Ele cita Dr. Charles
Socarides como tendo dito “... qualquer coisa que os pais possam
fazer para que seus filhos se sintam orgulhosos de sua identidade –
como jovens homens, e jovens mulheres – irá ajudar no processo
*tratamento+” (p. 154).

2. Mães que são altamente envolvidas com seus filhos devem ser
encorajadas a “se afastar” porque Nicolosi e Nicolosi (2002, p. 71-
72) relata que pesquisadores encontraram um padrão de família em
trio nos backgrounds de homens homossexuais no qual há um pai
fora de sincronia e uma mãe muito envolvida, e um garoto
temperamentalmente sensível, emocionalmente sintonizado que
busca completar a falta do pai nas necessidades emocionais da mãe.
Ainda, eles afirmam que pais devem prover amor e consideração
positiva por suas filhas, mas não promover a identificação de suas
filhas com eles mesmos, pelo contrário, refletir sua diferença de
gênero com respeito e apreciação.

3. Encorajar o pai de um garoto a considerar o programa “Big


Brother”, ou a mãe de uma garota a considerar o programa “Big
Sister23“ na comunidade para prover à criança com um modelo
apropriado do mesmo sexo com o qual ela possa desenvolver um
relacionamento carinhoso e afetuoso.

4. Recomendar que o pai não reaja exageradamente a


comportamento do gênero oposto, sempre que possível, (Rekers,
23
Um programa internacional em que a criança fica com um “padrinho” do mesmo sexo, na ajuda do
desenvolvimento saudável. Mais informações podem ser acessadas no site
http://www.bbbs.org/site/c.9iILI3NGKhK6F/b.5962335/k.BE16/Home.htm

188
1995a), e quando ocorrer [a] ativamente e gentilmente
desencorajar as distorções do gênero oposto, consistentemente,
sem rejeitar a criança (cf., Nicolosi & Nicolosi, 2002, pp. 72, 190), [b]
redirecionar a criança para um comportamento mais apropriado em
relação ao seu gênero como uma atividade substituta (Rekers,
1995a), e [c] ser aberto com a criança de que você (o pai) está
gradualmente trocando sua coleção de brinquedos de gênero
inconsistente para uma coleção de brinquedos de gênero
apropriado (Nicolosi & Nicolosi, 2002).

5. Encorajar o pai a louvar o comportamento de gênero apropriado, e


evitar reprimir verbalmente em excesso por comportamento do
gênero oposto. Aconselhar pais para que criem várias atividades de
recompensa para a criança ou adolescente em resposta ao
comportamento de gênero apropriado e gestos apropriados de
gênero ou maneirismos.

6. Prover ao pai com a educação sexual apropriada para prover à


criança ou adolescente. Se o pai está relutante em receber, com a
permissão do pai, o terapeuta deve prover a educação sexual e a
educação de abstinência para a criança ou adolescente.

7. Agende visitas regulares ao escritório para a criança e a(s) figura(s)


do(s) pai(s) para monitorar e avaliar o progresso em desenvolver
mais taxas apropriadas de comportamento de gênero, e para prover
assistência terapêutica.

8. Requeira que o(s) pai(s) periodicamente confira com os professores


da escola um inquérito sobre os relacionamentos da criança ou
adolescente com os colegas. Aconselhe o(s) pai(s) para que não
revele ou rotule a criança como um “problema de gênero” para a
equipe da escola. Faça com que o pai pergunte à equipe da escola
se seria possível para eles unirem sua criança ou adolescente com
colegas do mesmo sexo com amigos.

9. No caso de homens com distúrbio de gênero, encoraje o(s) pai(s)


para que deem à criança ou adolescente algum tipo de
oportunidade para experiências de treino não ameaçadoras e não
punitivas para o desenvolvimento de habilidades esportivas.
Idealmente, isso deve ser feito pelo pai ou por um pai substituto

189
(como um tio, avô ou amigo da família) ou por um “Big Brother”. De
acordo com Nicolosi & Nicolosi (2002), “Uma imagem do corpo
pobre é muito comum entre homossexuais... De fato, o garoto que
não romantiza a força de outros homens, mas se esforça em
desenvolver isso nele mesmo irá ser menos provável de desenvolver
homossexualidade” (p. 131-132).

10. Pais devem encorajar a expressão dos sentimentos de seus filhos,


mesmo quando elas são negativas ou de culpa, em ordem para
manter seu filho conectado a eles (Nicolosi & Nicolosi, 2002).

11. Pais devem ser aconselhados para aceitar e amar seu filho
incondicionalmente, enquanto dão suporte e encorajam seu filho a
considerar a possibilidade de mudança (Nicolosi & Nicolosi, 2002).

12. Adolescentes devem ser fortemente encorajados, mas não


forçados, a buscar ou continuar na terapia.

Técnicas de Terapia de Comportamento Específico para Crianças.


Pesquisas clínicas tem desenvolvido especificamente a terapia de
comportamento e técnicas de família para moldar comportamento de
gênero apropriado em crianças. Enquanto os procedimentos específicos
seriam muito numerosos e detalhados para sumarizar nesse capítulo,
terapeutas que atendem uma garota do primário ou do ensino
fundamental que tenha o distúrbio de gênero, podem se referenciar pelo
artigo de Rekers e Mead (1979), e terapeutas que atendem um garoto do
primário ou do ensino fundamental que tenha o distúrbio de gênero,
podem se referenciar a várias publicações que descrevem os métodos de
terapia específicos de comportamento mediado pelo pai, que tem sido
bem sucedido em aumentar um comportamento do mesmo gênero e
eliminar os comportamentos de gênero oposto (Nicolosi & Nicolosi, 2002;
Rekers, 1979, 1995a, Rekers & Heinz, 2001; Rekers & Kilgus, 1995; Rekers,
Kilgus & Rosen, 1990; Rekers & Lovaas, 1974; Rekers, Lovaas & Low, 1974;
Rekers, Willis, Yates, Rosen & Low, 1977; com replicações por Zucker &
Bradley, 1995) e métodos de autocontrole que um terapeuta pode
transmitir terapeuticamente para garotos com distúrbio de gênero
(Rekers & Varni, 1977a, 1977b). Esses métodos de terapia
comportamental não resultaram em efeitos negativos, como um
estereótipo rígido, pelo contrário, tem demonstrado uma reversão nos
padrões de gênero oposto e normaliza uma identidade de gênero que é

190
consistente com a anatomia da criança sem causar rigidez ou qualquer
outro estereótipo masculino ou feminino nocivo (Rosen, Rekers &
Brigham, 1982).

Técnicas de Terapia de Comportamento Específico para Distúrbio


de Gênero em Adolescentes. De acordo com uma pesquisa longitudinal
prospectiva de Zuger (1978, 1984, 1988) descrita acima e a extensiva
experiência clínica de Nicolosi e Nicolosi (2002), “Adolescentes com
orientação homossexual, classificados como ‘feminino’ estão entre os
maiores riscos de tentativa de suicídio, abuso de drogas, prostituição,
prisão, e por implicação, problemas de saúde mortais associados com o
sexo anal desprotegido” (p. 120). Ainda, a intervenção é de grande
importância para esses adolescentes. Barlow, Reynolds e Agras (1973)
desenvolveram intervenções específicas de comportamento que
reverteram com sucesso um padrão de excitação homossexual e
identidade de gênero oposto em um garoto de 17 anos, o que incluiu um
procedimento clássico para aumentar a excitação heterossexual, e
técnicas de sensibilização encobertas para a redução da excitação
homossexual.

Técnicas para Tratar Comportamento e Orientação pelo Mesmo Sexo

O experimentar comportamento homossexual serve para reforçar a


identidade gay, por isso as intervenções precoces são de grande
importância (Nicolosi & Nicolosi, 2002). Passos para trabalhar com o
adolescente inclui construir a confiança de oferecer aceitação
incondicional, ajudando o adolescente a separar as necessidades
emocionais de sentimentos sexuais e de achar maneiras apropriadas de
encontrar as necessidades emocionais, corrigindo a desinformação
popular, e clarificando as distinções de rótulos, de acordo com a
experiência extensiva relatada por Nicolosi e Nicolosi (2002).

Tratamento para Abuso Sexual do Mesmo Sexo. Quando o contato


sexual com o mesmo sexo é um resultado de abuso sexual por um
agressor, os métodos de tratamento estabelecidos para sobreviventes do
abuso sexual devem ser incorporados no escopo da terapia oferecida à
criança ou adolescente. Isso pode envolver o tratamento de um distúrbio
de stress pós-traumático e/ou de qualquer dificuldade resultante de uma
experiência traumática. O tratamento do abuso sexual está além do
escopo desse curto capítulo e o terapeuta deve obter informação nas

191
técnicas terapêuticas mais efetivas para abuso sexual (e.g. Cuffe & Frick-
helms, 1995; Ellsworth, 2007; Faller, 1995; Gartner, 2005) e integrar essas
técnicas com as recomendações específicas para tratar comportamento
sexual de alto risco pelo mesmo sexo.

Intervenção Psico Educacional para Abstinência de


Comportamento Sexual de Alto Risco pelo Mesmo Sexo. É urgente que na
terapia mais breve se acesse a necessidade da modificação de qualquer
comportamento homossexual de alto risco que ameace a vida. Em parte, é
uma tarefa psicoeducacional prover a criança ou adolescente com os fatos
científicos de doenças sexualmente transmissíveis, incluindo HIV/AIDS, e
prover educação sexual de abstinência com uma justificativa sólida para
adiar a atividade sexual (veja Rekers & Hohn, 1998; Schumm & Rekers,
1984). Bennett (1988) e Lundy e Rekers (1995b) tem utilmente oferecido
orientações para educação de abstinência que inclui o seguinte:

1. Ajudar a criança ou adolescente a desenvolver bases claras de certo


e errado, apresentando a educação dentro de um contexto moral.

2. Encorajar ter responsabilidade pelo bem estar dos outros em


relacionamentos pessoais.

3. Ajudar a criança ou adolescente a adquirir habilidades sociais para


resistir pressões sociais em engajar em atividades perigosas
ajudando eles a identificar pressões negativas e maneiras de lidar
com essas pressões. Identificar situações de alto risco de
envolvimento sexual para que seja evitado, tais como bares gays,
uma casa sem nenhum adulto, o banco traseiro de um carro, etc.

4. Instrua a criança ou adolescente sobre a AIDS e as razões para a


abstinência, restrição e responsabilidade.

Técnicas de Auto Controle e Dinâmicas Motivacionais. As


estratégias de comportamento de autocontrole de automonitoração (de
manter um registro de ações homossexuais e impulsos e configurações da
maneira que ocorrem), planejamento de ambiente (de identificar e ficar
longe de configurações onde as tentações para a atividade homossexual
ocorram), e de autorecompensa para a abstinência têm sido visto como
técnicas particularmente efetivas. Técnicas de comportamento, como as
estratégias de autocontrole, tem a vantagem de alcançar uma eliminação

192
mais rápida de alto risco de comportamento homossexual e deve então
ser empregada cedo no tratamento. E ainda a abstinência de
comportamento homossexual pede atenção psicoterapêutica mais longa
por dinâmicas motivacionais e emocionais mais profundas que extraiam o
impulso de sexualmente agir com um parceiro do mesmo sexo
(Baumeister & Vohs, K. D., 2004; Nicolosi 2009; Wiederman, 2004). Por
exemplo, o comportamento pode ser motivado por tentar completar um
déficit emocional no qual o adolescente está buscando atenção, afeição e
aprovação masculina (Nicolosi & Nicolosi, 2002). E, a interação entre
inadequação de gênero e o desenvolvimento de uma defesa contra a
identificação com um papel masculino pode ter contribuído ou causado
esse déficit emocional.

Terapia em Família e o Envolvimento Terapêutico dos Pais. Sessões


de terapia em família com a criança ou adolescente com o pai do mesmo
sexo necessita focar em prover a criança com um relacionamento entre
pai e filho e mãe e filha estável, caloroso e carinhoso, que é caracterizado
por afeição física (como o abraçar) e verbalmente expressar o carinho e
afeição. Deve-se trabalhar em direção ao objetivo terapêutico de
aumentar o suporte no ambiente de casa para a criança ou adolescente e
as dinâmicas disfuncionais de família devem ser terapeuticamente
tratadas. Terapia em família deve desenvolver objetivos comuns em que a
criança ou adolescente tenha com o pai, e que desenvolva uma
comunicação aberta e segura com o pai-criança para que essa criança ou
adolescente possa compartilhar de suas batalhas sexuais e emocionais
com um pai que possa prover orientação e responsabilidade solidária.

Psicoterapia Individual. Sessões de psicoterapia individual com a


criança ou adolescente podem também informar e propiciar o
desenvolvimento de receber gratificação emocional através da companhia
não sexual, ao estabelecer intimidade emocional com pessoas do mesmo
sexo. A terapia individual deve encorajar emocionalmente amizades
próximas e saudáveis com colegas do mesmo sexo, e gastar tempo se
recreando com elas. A psicoterapia individual de um adolescente pode
também encorajar o desenvolvimento de habilidades de namoro hetero-
social apropriadas à idade. Companhias do sexo oposto são mais
utilmente obtidas em configurações de grupo mais do que em casais.

Assim que uma grande relação é estabelecida no relacionamento


terapêutico, as fantasias sexuais do adolescente podem ser tratadas.

193
Descartar qualquer pornografia fixada e evitar a pornografia homossexual
na internet são objetivos que precisam ser terapeuticamente tratados
para reduzir os anseios de comportamento homossexual. O adolescente
precisa aprender que ver pornografia homossexual ou visualizar fantasias
homossexuais durante a masturbação irá somente fortalecer os impulsos
para se engajar em comportamento homossexual. O adolescente pode ser
solicitado para que use as sessões de terapia como o lugar para relatar
impulsos homossexuais, relatar progresso ou regresso em quebrar o ciclo
de masturbação por imagens homossexuais, e assim se beneficiar do
elemento de responsabilidade oferecido nas sessões de terapia.

Técnicas Adicionais de Terapia. Lundy e Rekers (1995b, 1995c), e


Nicolosi (1997; 2009; Nicolosi & Nicolosi, 2002) tem apresentado mais
revisões extensivas de técnicas de tratamento efetivo para atrações
homossexuais em crianças e adolescentes, e terapeutas se referem a essas
fontes com mais detalhes nas técnicas terapêuticas do que se pode ser
apresentada nessas poucas páginas. Adicionalmente a essa breve visão
geral dos métodos terapêuticos para adolescentes com tendências
homossexuais, muitas das técnicas terapêuticas descritas em outro lugar
desse livro para adultos podem ser desenvolvidas e adaptadas para
adolescentes.

Exemplo de Casos

João: Um Adolescente com Contatos Sexuais do Mesmo Sexo

João era um garoto muito bonito, loiro de estatura mediana com


certos maneirismos que repassavam uma pitada de feminilidade. Aos
dezesseis anos de idade seus pais o trouxeram para psicoterapia, nessa
época João relatou que ele sabia de seus interesses homossexuais desde
os nove anos. Mas ele tinha medo de falar isso para seus pais, com medo
de que eles pudessem “ficar bravos e chutá-lo para fora de casa”. Ele
reportou ter tido contato sexual com o mesmo sexo com vários outros
jovens garotos por três vezes ao mês no ano passado. Depois que seu
terapeuta terminou um relatório de seu histórico sexual, João deixou
escapar “Por muito tempo, eu me senti culpado sobre ser assim ou ter
feito essas coisas. Percebi que o que fiz foi errado”. Então ele disse que
pensou em falar com seu pastor na igreja sobre suas questões sexuais,
mas ele não o fez, pois tinha uma “queda” pelo filho do pastor.
Respondendo sobre seu histórico sexual, ele revelou que outros garotos

194
mais velhos originalmente seduziram-no para atividade sexual quando ele
era mais novo “Sinto que tomaram vantagem disso, mas não é culpa deles
que eu continuo fazendo isso com outros garotos depois que eu descobri
que era errado. É como com o Ted agora. Eu não me importaria de ir para
a cama com ele, mas ao mesmo tempo eu não gostaria de fazê-lo. Ted não
parece incomodado sobre o que sinto por ele, mas talvez porque ele seja
afetuoso com todo mundo”.

João perguntou se ele poderia ou deveria superar suas tendências


homossexuais. Ele queria saber se ele poderia ter um casamento bem
sucedido e ao mesmo tempo ter suas necessidades emocionais cuidadas
para que ele não precisasse buscar continuamente a atenção e o contato
sexual com outros homens. Então João deixou escapar o que ele chamou
de “grande questão”: “Eu estou – isso é uma doença mental, ou o quê?
Estou doente, ou o quê?” Ele revelou um profundo medo de que um
doutor pudesse dizer que ele era “um gay sem esperança” e que não teria
nada que ele poderia ou deveria fazer sobre isso além de “aceitar”. Ele
queria ouvir uma mensagem de esperança de seu doutor de que ele não é
“incurável” e que é razoável e possível superar essas tendências
homossexuais. Ele ficou aliviado quando seu terapeuta disse a ele que,
com a psicoterapia, outras pessoas se reorientaram para a
heterossexualidade e para eventuais casamentos bem sucedidos.

João tinha razões pessoais, morais, familiares e sociais que


motivaram esse desejo de mudar seus interesses sexuais e contato sexual
pelo mesmo sexo. Durante o primeiro ano de psicoterapia individual e
terapia de família conjunta, João gradualmente desenvolveu um
relacionamento mais positivo com seu pai, enquanto seu pai estava
solícito para gastar mais tempo e expressar mais afeição física e verbal
com ele. João se disciplinou para parar de “flertar com garotos”, como ele
fraseou, e ele começou a se vestir e agir de uma maneira mais masculina,
o qual resultou em uma imagem melhorada de si e maior aceitação de
ambas os colegas masculinos e femininos da escola. Embora ele tenha
anunciado a seu terapeuta que ele deveria parar todos os contatos sexuais
com o mesmo sexo, ele teve vários relapsos, incluindo a visita para um bar
gay onde ele encontrou um parceiro sexual. Mas depois que seu terapeuta
o ajudou a identificar a situação antecedente e suas emoções, e planejou
a frente do tempo para evitar essas situações e lidar com essas emoções
com diferentes afirmações encobertas a esses estados emocionais, ele
cessou completamente o contato sexual com o mesmo sexo do décimo

195
mês de terapia para frente. No vigésimo mês, ele começou a sair com
garotas, curtir elas como sendo “namoradas” de uma maneira hetero-
social ao invés de “amigas”, e isso deu a ele mais confiança em um novo
conceito de si emergente como um “garoto normal”.

Não foi até o quinto mês de terapia que João timidamente revelou
que ele estava usando regularmente pornografia homossexual junto com
sua razão que ele expressou da forma “Pelo menos pornografia não é tão
ruim quanto sair com um cara, é?” Seu terapeuta discutiu que os efeitos
condicionadores contraprodutivos de ligar uma imagem pornô
homossexual com masturbação ao orgasmo que tem um efeito
cumulativo de gradualmente fortificar a associação de excitação sexual em
seu sistema nervoso com pensamentos sexuais sobre homens. Enquanto
João expressou o desejo de uma “cura instantânea” aos seus interesses
sexuais, sua taxa de mudança foi gradual. Seu terapeuta o direcionou para
trocar seu já existente, porém fraco, pensamento heterossexual quando
ele se masturbasse, e depois de meses João se tornou cada vez mais bem
sucedido em abster-se de fantasias homossexuais e experimentou uma
unidade heterossexual maior.

Com disciplina, trabalho árduo e orientação de seu terapeuta, João


aplicou mais e mais consistentemente estratégias de autocontrole para
cessar seus contatos sexuais com o mesmo sexo, mesmo se ele
experimentasse atrações homossexuais. Mais gradualmente, ele também
ganhou um controle significante sobre suas fantasias e aprendeu como
abster-se de imagens homossexuais. Então ele começou a relatar que suas
ânsias homossexuais tinham substancialmente diminuído, e que ele
experimentou poucas atrações homossexuais menos intensas. Seus
maneirismos e ajuste do papel de gênero pareceram estar dentro dos
limites normais nesse ponto da terapia, e seu autoconceito de homem
masculino também foi fortificado, em grande parte devido ao novo e
próximo relacionamento afetuoso que ele desenvolveu com seu pai com a
ajuda da terapia familiar.

No fim do seu próximo ano de escola, a família de João se moveu


para outra cidade e não foi possível continuar com esse mesmo terapeuta.
Mas um ano depois, ele ligou para dar um entusiasmado relato de um
progresso. João viu que era libertador se lançar a novas amizades com
colegas que não sabiam de nada de seus envolvimentos homossexuais.
Antes de se mudar, ele disse que tinha consciente de que alguns de seus

196
amigos ouviram rumores de que ele era “gay”. Mas na nova cidade, se
tornara “muito mais fácil” ser aceito por colegas e de se aceitar
totalmente como um “cara normal” interessado em namorar garotas. Ele
se sentiu calorosamente aceitado e amado por esses novos amigos na
escola e em seu novo bairro. Ele revelou que por uma vez ou duas ele teve
pensamentos homossexuais passageiros sobre seus encontros sexuais
passados, mas que estava apto a redirecionar esses pensamentos sem se
deter neles ou de se masturbar pensando em uma fantasia homossexual.
Seu terapeuta elogiou João por todo seu contínuo trabalho árduo para
gerir sua vida de pensamentos e ações, e repetiu seu principal conselho
para João estar aberto a ver outro terapeuta em sua nova cidade se
qualquer questão ou problema aparecessem no futuro. A ligação terminou
com João agradecendo seu antigo terapeuta por ajudá-lo a se tornar um
“cara normal”. (Esse caso foi parafraseado de Lundy e Rekers 1995b,
páginas 362-364).

Tammy: Uma Adolescente com Contatos Sexuais do Mesmo Sexo

A observação de Tammy de 17 anos de idade na primeira sessão


fortemente sugere um prognóstico pobre para a psicoterapia: “Estou
vindo conversar com você por amor de meus pais só!”. Ela deixou claro
que foram seus pais que arrumaram o agendamento para ela e insistiram
que ela buscasse terapia para ajudá-la a acabar com suas atrações
lésbicas. Tammy era abertamente reveladora, afirmando que ela não
estava totalmente certa de que ela queria terminar seu envolvimento
homossexual com Laura, uma estudante do segundo ano de faculdade.

Mas enquanto seu terapeuta desenvolveu harmonia com ela nas


sessões subsequentes, Tammy também se revelou uma cristã devota que
sabia que as práticas homossexuais eram erradas, mas que, não obstante,
ela e Laura estavam sexualmente envolvidas por sete meses. Enquanto
nenhuma delas queria terminar sua relação sexual, Tammy revelou que
ambas se sentiam muito culpadas sobre a expressão sexual de sua afeição
uma pela outra. Mais tarde, ela relatou que as tensões em casa
aumentaram marcadamente depois que seu irmão e seus pais
descobriram seu affair com Laura. Algumas vezes, o conflito era aberto,
como a vez que seu pai impacientemente a disse, “Pecado sexual é como
fumar – tudo que você deve fazer é decidir parar, e então parar, de
repente”. Quando Tammy respondeu a ele que ela não o entendia, a
tensão aumentou. Outras vezes, os conflitos familiares eram mais

197
indiretos, como quando seu irmão a olhava desaprovando e balançando
sua cabeça.

Ao revelar mais sobre seu intrafísico e seus conflitos familiares,


Tammy reclamou, “Geralmente, tento colocar minhas crenças sobre sexo
completamente fora da minha mente, mas eu não posso evitar pensar
sobre como minhas crenças e minha vida estão indo em direções opostas.
Me sinto presa. Não posso jogar pro alto toda minha crença cristã, mas
também não posso desistir de Laura”. No ano anterior, ao sentir-se
extremamente culpada sobre suas experiências homossexuais, ela
participou do grupo de jovens e do serviço de louvor na igreja cada vez
menos e menos frequentemente.

Tammy expressou sua frustração e o stress que acompanhava sua


vigilância em estar continuamente “em guarda” para que as pessoas não
descobrissem sua homossexualidade. Ela se sentiu especialmente inibida e
não natural em grupos quando Laura estava presente, reclamando que
“Eu não posso ser meu eu verdadeiro com meus amigos. Me sinto
estressada quando Laura e eu temos que nos espreitar sobre isso e mentir
para termos um tempo sozinhas”. Tammy estava em conflito e
grandemente deprimida sobre mentir a seus amigos e família, e ela
começou a se incomodar por “viver uma vida dupla”.

Enquanto a terapia progredia, os conflitos de identidade


apareceram. “Eu sempre pensei em eu mesma eventualmente casando e
tendo crianças. Eu realmente quero ser mãe algum dia, mas agora eu
estou com Laura, eu digo não a garotos que querem sair comigo. Onde
isso vai parar?” Enquanto Tammy não expressava desgosto por garotos de
sua idade, e até mesmo teve alguma atração para algum deles, ela se
questionou se poderia sentir os mesmos sentimento intensos de amor por
um homem igual teve por Laura. E então quando ela viu Laura
aparentemente apreciando a atenção lisonjeira de garotos mais novos,
Tammy se ficou intensamente com ciúmes, estressada, e com medo de
que Laura poderia abandoná-la por algum dos garotos afetuosos.

Assim, Tammy sumarizou seu dilema, “Não posso tolerar a ideia de


desistir de Laura, mas não posso tolerar esse conflito com minha família e
com minha fé! E o stress de manter o grande segredo está me matando”.
Conforme a terapia tirava essas camadas de conflito que Tammy tinha
sobre seu envolvimento sexual, e uma vez na superfície em suas

198
complexidades multifacetadas, Tammy se tornou aberta para explorar que
opções ela tinha como uma maneira de sair de suas emoções
angustiantes. As várias alternativas de sua direção futura, baseada em
suas próprias decisões, foram exploradas em duas sessões. Seu terapeuta
enfatizou sua liberdade de escolher entre suas opções, sua habilidade
racional de medir riscos em curto prazo e em longo prazo e as
recompensas de cada uma dessas opções, e a terapia de suporte
disponível para auxiliá-la.

Então entre a sexta e sétima sessão de terapia Tammy


decisivamente terminou com Laura. Na sétima sessão ela descreveu sua
conversa com Laura, “Disse a ela que eu estava certa de que ela
entenderia o quanto eu agonizei sobre essa decisão, mas que eu já não
poderia continuar com essas coisas de sexo porque é tão errado. E eu a
disse que nós deveríamos parar de nos ver. E sabe o que mais? Que alívio!
Foi como uma carga pesada de culpa tivesse saído das minhas costas.
Nunca pensei que faria tanto a diferença. Oh, ainda dói pensar que não
irei vê-la muito mais, mas isso é o que eu devo fazer”.

Tammy decidiu trabalhar em direção a um ajuste heterossexual.


Nesse ponto, o terapeuta começou sessões de terapia em família e
sessões de pais para melhorar seu relacionamento mãe-filha e pai-filha
junto com as linhas descritas nos parágrafos precedentes sobre técnicas
de terapia. Gradualmente, seu pai parou de vomitar ordens duras e
simplistas para Tammy, e expressou mais afeição física e suporte
emocional. Comunicação mãe-filha e apropriada proximidade emocional
aumentou. Sessões individuais de psicoterapia continuaram por mais oito
meses a ajudando no sentido da perda emocional de Laura, e a ajudando a
desenvolver relacionamentos com colegas não sexuais e emocionalmente
satisfatórios. Ela se mudou para outra cidade para participar de uma
residência na faculdade de artes liberais onde ela encontrou suporte
através de seu envolvimento regular com a igreja que ela achou por lá.
Nenhuma data posterior está disponível. (Esse caso foi parafraseado de
Lundy e Rekers, 1995b, páginas 358-359).

Becky: Uma Garota com Distúrbio de Identidade de Gênero na Infância

Rekers e Mead (1979) relataram um estudo de tratamento intra-


subjeto de uma garota, Becky, que foi diagnosticada com distúrbio de
identidade de gênero por dois psicólogos independentes. Ela foi

199
referenciada na terapia na idade de sete anos e onze meses. Seu pai
estava ausente de casa, por conta de divórcio, e ela tinha duas irmãs, de
dois e de seis anos. Ao longo do que sua mãe pode lembrar Becky sempre
usou exclusivamente calças de meninos, frequentes com botas de
cowboy, e ela consistentemente se recusava a vestir vestidos e outros
acessórios de meninas, e não mostrava nenhum interesse em joias
femininas. A única vez que ela usaria artigos cosméticos foi quando ela
repetidamente desenhava um bigode e/ou barba na face para parecer um
homem. Ela continuamente mostrava exageros masculinos nos gestos
com os braços, maneirismos no corpo, e estilo de caminhada. Ela
frequentemente projetava sua voz como baixa para que parecesse um
homem, pegava os papéis masculinos nas brincadeiras e fazia repetidas
afirmações de que ela queria ser um garoto. Ela ocasionalmente se
masturbava em público, esfregando seu corpo em garotas de uma
maneira como se estivesse “transando”. Ela não se relacionava bem com
garotas, e claramente preferia brincar com garotos. Alegadamente, ela
suprimiu vastamente esses padrões atípicos de gênero de comportamento
enquanto estava na escola sem medo de desaprovação de seu professor.

A mãe de Becky explicou a ela que ela estava indo à terapia porque
ela “agia muito como um garoto” e porque ela não queria que ela “fosse
um garoto” quando ela crescesse. Becky pareceu aceitar isso sem criticar e
pareceu gostar das sessões clínicas para brincar com brinquedos. Depois
das medidas de base, a terapia na clínica deixou de ser somente de 16
minutos para ser de 30 à 45 minutos por sessão. Foi dado a ela um
cronometro de pulso para vestir com as instruções, “Você pode brincar
com qualquer brinquedo que gostar, mas somente pode pressionar o
contador quando estiver brincando com brinquedos de garotas”. Cada
brinquedo foi rotulado como “brinquedos de garotas” ou “brinquedos de
garotos” pelo terapeuta. Nas sessões iniciais, Becky estava pronta a
apertar o contador da sala de observação através do “ponto” em sua
orelha. Esses prompts foram gradualmente desaparecendo. Becky se
tornou emocionalmente dependente da terapeuta mulher e parecia
ansiosa para agradá-la. Depois das três primeiras sessões de
automonitoramento, essa intervenção consistiu em um alto nível de
brincadeiras de garotas na ausência de brincadeiras de garotos.
Eventualmente, o contador foi extinto e generalização do tratamento
ocorreu sem ele.

200
Em um design de base múltiplo, a data no comportamento
masculino e feminino foi também coletada na residência. Um processo de
automonitoramento combinado com a ausência de prompts de
comportamento foi também aplicado no ambiente de casa no período de
12 semanas pelo terapeuta que fez visitas na casa. Brincadeiras femininas
exclusivas resultaram na casa.

A frequência da projeção de voz baixa foi monitorada do começo ao


fim da terapia, e sem tratando dela diretamente, a generalização de
tratamento ocorreu e a projeção de voz masculina cessou.

Entre as sessões na clínica, a terapeuta feminina teve breves


conversações com ela. Mais cedo no tratamento, Becky notoriamente
relatou que ela gostaria de ser um menino e que ela não queria parir um
filho quando crescesse. Ela afirmou, “Eu fico feia em vestidos”. Então a
terapia progrediu, sua afirmação indicava ambivalência em relação ao
novo comportamento feminino que ela estava usando; por exemplo,
brincando com cosméticos na sala de brinquedos, ela falou alto, “Estou
tirando essas coisas de mim, e não estou brincando, espero não estar
cheirando como uma garota”, mas então minutos depois ela perguntou
“Onde está a maquiagem? Você deveria ter pegado a maquiagem. Uma
garota não se maquia?” Mais tarde no tratamento quando o terapeuta
perguntou, “Você gostaria de ser um garoto?”, ela respondeu, “Não,
porque garotos não podem ter filhos”.

Becky espontaneamente começou a vestir-se com joias e perfume


em casa. Sua mãe foi encorajada a atender e louvar os comportamentos
femininos de Becky.

O tratamento terminou depois de sete meses, e avaliações


posteriores indicaram durabilidade dos efeitos do tratamento de
normalizar sua identidade de gênero e comportamento de gênero.

Craig: Um Garoto com Distúrbio de Identidade de Gênero na Infância

Rekers e Lovaas (1974) relataram um caso de distúrbio de


identidade de gênero em um garoto de quatro anos e onze meses no mês
de referência. Ambos os pais viveram em sua casa, e ele tinha um irmão
psicologicamente normal de oito anos e uma irmã de nove meses. Embora
avaliado como fisicamente normal por seu médico, Craig vinha se vestindo

201
do sexo oposto com acessórios femininos desde a idade de dois anos
quando ele também começou a brincar com itens de cosméticos que eram
de sua mãe e avó. Quando as roupas de meninas não estavam disponíveis,
Craig improvisava usando um rodo ou toalha em sua cabeça para “cabelo
grande” e a camiseta de seu pai como um “vestido”. Ele poderia imitar
notavelmente muitos dos sutis comportamentos femininos de uma
mulher adulta, mostrando altas e exageradas taxas de muitos gestos
femininos, maneirismos, e de andar, tudo junto com uma alta e exagerada
inflação na voz. Tópicos femininos dominaram sua linguagem. Ele evitava
brincadeiras de garotos, regularmente evitava brincar com seu irmão, e
claramente preferia brincar com garotas. Ao brincar com garotas de
“casinha”, ele insistiria invariavelmente em fazer o papel de “mãe” e
rigidamente recusava o papel de “pai”. Ele satisfez o atual critério de
diagnóstico de Distúrbio de Identidade de Gênero na Infância.

Usando designs de replicação intrassubjetiva e designs de base


múltiplos, Craig foi tratado sequencialmente nos ambientes da clínica e da
residência ao treinar sua mãe para ser seu “terapeuta”. A mãe foi
ensinada a recompensar comportamentos masculinos e extinguir
comportamentos femininos ao usar reforço social na clínica e
procedimento de economia de fichas em casa. Esse tratamento resultou
em uma forte diminuição de comportamento feminino e um aumento nos
comportamentos masculinos. Viu-se necessário fortalecer vários
comportamentos masculinos e para enfraquecer vários comportamentos
femininos proeminentes em ambos na clínica e em casa. Avaliações
psicológicas seguintes três anos depois indicam que o comportamento de
gênero de Craig se normalizou. Um terapeuta independente avaliou Craig
e viu no pós-tratamento que ele tinha uma identidade masculina normal.
Usando designs de reaplicações intrasubjeticas, esse caso publicado foi o
primeiro experimento que demonstrou a reversão de uma identidade do
sexo oposto com tratamento psicológico, e o artigo desse caso está entre
o top 12 artigos citados na psicologia clínica nos anos 70.

Pesquisa Relevante e Resultados de Tratamento

Enquanto descrevemos a avaliação e os procedimentos de terapia


acima, nós já havíamos citado os artigos representativos que reportaram
estudos de pesquisa clínica de resultados de tratamento. Os estudos de
tratamento citados acima por Rekers e colegas relatam designs de

202
reaplicação para estabilizar a eficácia das técnicas de tratamento
sumarizadas acima.

Adicionalmente, os efeitos úteis de longo prazo de tratamento para


distúrbios de gênero na infância foram relatados por Rekers, Kilgus e
Rosen (1990) e por Zucker e Bradley (1995). Quando os pais cooperam em
completar um curso de sessões de terapia semanais, as terapias de
comportamento para identidade do sexo oposto na infância têm sido
demonstradas em experimentos que revertem as identidades femininas
em garotos para uma identificação masculina normal masculina avaliadas
por um terapeuta clínico independente no follow-up ocorrendo de quatro
anos e três meses após o término do tratamento (Rekers et al., 1990). As
crianças mais novas responderam mais rápidas do que as crianças mais
velhas.

Para tratar distúrbio de gênero e excitação homossexual em um


adolescente, o estudo citado acima citado por Barlow e colegas (1973)
relatou um design de reaplicação intrasubjeto detalhado demonstrando a
efetividade terapêutica em um único caso, e Barlow similarmente tratou
outros casos com resultados similares de normalizar a identidade de
gênero com sucesso e eliminar a excitação homossexual a substituindo
por excitação heterossexual.

Rekers (1978) sumarizou o resultado de estudos passado


demonstrando que a excitação homossexual e o comportamento podem
ser tratados com sucesso na adolescência por uma variedade de técnicas
de terapia de comportamento. Porque a homossexualidade por si foi
eliminada em estágios como um diagnóstico formal psiquiátrico
começando na década de 70, o fundo para pesquisa no resultado do
tratamento vastamente cessou. No entanto, terapeutas com uma alta
carga de casos de crianças e adolescentes com tendências homossexuais
relataram sucesso em atingir um ajuste heterossexual quando os pais,
crianças ou adolescentes completaram o tratamento (e.g., Nicolosi, 1997,
2009; Nicolosi & Nicolosi, 2002).

Conclusão

Há dois maiores tipos de precursores identificáveis para tendências


homossexuais em crianças e adolescentes – comportamento sexual pelo
mesmo sexo repetido e comportamento do sexo oposto. Por conta de a

203
pesquisa demonstrar em alto e bom som que esses precursores colocam
os menores em um alto risco de desordens de afetividade na adolescência
e na vida adulta, suicídios, abuso de substâncias, e doenças mortais
sexualmente transmissíveis, é eticamente apropriado e clinicamente
imperativo que terapeutas cooperem com pais que buscam terapia para
seus filhos ou adolescentes para prevenir comportamento sexual na vida
adulta. Técnicas de entrevista específicas e métodos de testes psicológicos
clínicos têm sido mostrados como efetivos para diferenciar crianças
problemáticas e condições adolescentes na necessidade de intervenção
dos padrões dentro dos limites normais de desenvolvimento da criança.
Pesquisa e experiência clínica demonstram que ambos os padrões
precursores (comportamento sexual repetido pelo mesmo sexo e
comportamento do sexo oposto) são tratáveis se os pais e os filhos
cooperarem e completarem um curso de terapia usando as técnicas
sumarizadas nesse capítulo. Limitações do comprimento da página
necessitaram de breves visões de avaliações específicas e técnicas de
tratamento, e também o terapeuta que provê serviços para uma criança
ou adolescente com as questões clinicas discutidas acima deve consultar
as referências específicas citadas para uma orientação mais específica em
programar uma avaliação clínica e técnicas de tratamento, que tem sido
demonstrada como efetivas com outros clientes.

204
Recursos para o Terapeuta
Nicolosi, J. (2009) Vergonha e Perda de Conexão: Trabalhos Práticos de Terapia
Reparativa. Downers Grove, IL: IVP Academic. Ver particularmente o capítulo muito
útil sobre as específicas intervenções psicoterapêuticas para adolescentes que têm um
anormal desenvolvimento em relação às atrações homossexuais.

Rekers, G. A., & Heinz, H. (2001). Problemas do Comportamento do Gênero


Oposto. Capítulo 86 em R. A. Hoekelman, H. M. Adam, NM Nelson, ML Weitzman, MH
& Wilson (Eds.), Primary Pediatric Care: Fourth Edition. St. Louis, MO: Mosby /
Harcourt Health Science Company, páginas 823-827. Tem uma descrição concisa de
indicadores de problemas de gênero na infância, entrevista diagnóstica, e
recomendações de tratamento.

Rekers, G. A., & Kilgus, M. D. (1995). Diagnóstico diferencial e justificativa para


o tratamento dos distúrbios de identidade de gênero e travestismo. Capítulo 12 em G.
A. Rekers (Ed.), Manual dos Problemas Sexuais da Criança e do Adolescente. New York,
NY: Lexington Books of Macmillan / Simon & Schuster, páginas 255-271. Fornece
diagnósticos específicos para a criança e adolescente com distúrbio de identidade de
gênero e travestismo.

Rekers, G. A. (1995a). Métodos de Avaliação e tratamento para o transtorno de


identidade de gênero e travestismo. Capítulo 13 em G. A. Rekers (Ed.), Manual dos
Problemas Sexuais da Criança e do Adolescente. Nova Iorque, NY: Lexington Books of
Macmillan / Simon & Schuster, páginas 272-289. Fornece um resumo das pesquisas
baseadas em avaliações e intervenções terapêuticas para crianças com
desenvolvimento de gênero desviante e distúrbios de identidade de gênero em
garotos.

Rekers, G. A. & Mead, S. (1979). A intervenção precoce para distúrbio da


identidade sexual feminina: auto-monitoramento do comportamento nas brincadeiras.
Journal of Abnormal Child Psichology, 7 (4), 405-423. Fornece técnicas de terapia para
distúrbio de identidade de gênero em garotas.

Phelan, JE, Whitehead, N. & Sutton, PM (2009). O quê a pesquisa mostra: a


resposta da NARTH às reivindicações da APA sobre a homossexualidade. Journal of
Human Sexuality, 1 (1), 1-82. Fornece um raciocínio clínico baseado em pesquisa para
intervenções terapêuticas para atrações e comportamento homossexual.

Recursos para o Cliente

Nicolosi, J. & Nicolosi, L. A. (2002). Guia dos Pais para Prevenção da


homossexualidade. Downers Grove, IL: InterVarsity Press. Este excelente recurso
fornece orientações práticas para os pais sobre as ações que podem ser tomadas para
normalizar desenvolvimento heterossexual de uma criança.

205
Nicolosi, J. (2009) Vergonha e Perda de Conexão: Trabalhos Práticos de Terapia
Reparativa. Downers Grove, IL: IVP Academic. Os pais podem obter insights tanto a
partir do material dirigido às necessidades de adolescentes, e também podem ganhar
esperança dos capítulos em psicoterapia para atrações homossexuais indesejadas na
idade adulta. Embora a maior parte deste livro aborde técnicas psicoterapêuticas que
tem diminuído e eliminado com êxito as atrações homossexuais na idade adulta, existe
um capítulo muito útil em intervenções terapêuticas em adolescentes que têm um
desenvolvimento anormal em direção às atrações homossexuais.

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213
Os Editores

Julie Harren Hamilton é professora assistente de Psicologia no


Programa de Graduação de Aconselhamento em Psicologia em Palm
Beach Atlantic University. Ela também é terapeuta licenciada em
casamento e família com prática privada em North Palm Beach, Florida.
Dra. Hamilton fala em uma variedade de contextos sobre assuntos
relacionados a casamento, vida em família, e crescimento espiritual. Ela
apresenta workshops clínicos ambos localmente e nacionalmente na
integração de terapia e espiritualidade, como fé ajuda durante os tempos
de crise, e assuntos relacionados à homossexualidade. Adicionalmente,
Dra. Hamilton conduz seminários para pastores e líderes cristãos sobre as
origens da homossexualidade e como ministrar para homossexuais. Ela
produziu um vídeo intitulado, Homossexualidade 101: De Onde Vem,
Mudança É Possível, e Como Deve os Cristãos Responder? Dra. Hamilton
foi a Presidente do NARTH em 2009. Ela também serve no Time de
Admissão do Lugar de Esperança Casa das Crianças, e ela é ex-presidente
da Associação Palm Beach para Casamento e Terapia em Família. Seu
trabalho pode ser visto no www.homosex-uality101.com e
www.drharren.com.

Philip J. Henry é diretor (assim como professor associado) no


Programa de Graduação de Aconselhamento em Psicologia em Palm
Beach Atlantic University. Ele recebeu seu Doutorado em aconselhamento
psicológico da Temple University (programa aprovado pela APA assim
como estágio) e seu mestrado em Aconselhamento Psicológico da
Faculdade ChestNut Hill. Adicionalmente, ele tem diploma do Seminário
Teológico Batista Sudoeste e completou seus estudos posteriores no
Philadelphia Child Guidance Center, New Orleans Baptist Theological
Seminary and Eastern Baptist Seminary. Ele foi ensinado em psicologia e
programas de aconselhamento em várias escolas incluindo a Temple
University, Chestnut Hill College e Eastern College. Tem experiência no
Campo de Aconselhamento em uma grande variedade de situações
incluindo aconselhamento, pesquisa, treinamento e supervisão de
conselheiros. Ele é um psicólogo licenciado e autor do The Christian
Therapist Notebook e The Therapist’s Notebook for Addicted Populations.

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Recursos Adicionais por esses Editores

Homossexualidade 101: De Onde Vem, Mudança É Possível, e Como Deve os Cristãos


Responder? (DVD)

Produzido por Julie Harren Hamilton

Disponível em www.homosexuality101.com ou www.drharren.com/Resources

The Christian Therapist’s Notebook

Edited by Philip J. Henry


Lori Marie Figueroa
David R. Miller

Disponível em www.amazon.com

The Therapist’s Notebook for Addicted Populations

By Philip J. Henry
David R. Miller
Steven T. Zombory

Disponível em www.amazon.com

215

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