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vários níveis culturais tanto na área clínica, como na área educacio- go deve
decorrer de suas atividades, no um sense comum. popular. mas um
nal e empresarial, é importante que este profissional apresente socia- bom-senso téinicv, com bases pszcoiogCas
bilidade e flexibilidade, isto é, facilidade para interagir com pessoas e de per
ser flexível no sentido de se adaptar ao ambiente e às situações, esta- E impresindivel que o psicoiogo näo possua desvios zraves
sonalidade, timidez excessivae descontrele nervoso, que imposs
o
belecendo formas variadas de relação interpessoal. S62)
bilitaria de desenvoBver seu trabalhe." (Ciee, 1982.
Habilidade numérica, que pode ser definida como capacidade para li-
dar com simbolos que representem quantidade e para raciocinar com um capi-
Numa publicação especializada mais cecente,' existe
números, é uma das características importantes para o psicólogo que é levo jeito", em que se lè: "Des-
tulo intitulado "Para que que
o eu
trabalha na área empresarial, cujas atividades geralmente envolvem muitu a acabar com as
cobrir coisas sobreo seu modo de ser ajuda
cálculos numéricos, uso de estatística, tabelas de percentis e outros.
Em todas as suas atividades é importante que este profissional tenha
profundo interesse pelos problemas humanose seja capaz de dar atenção
9.Cuu do Estudante, Editura Abru, etiçiv 1
aos indivíduos, objetivando prestar-lhes ajuda na solução de seus
44
TEORIAS..
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL UMA NOVACLASIFICAÇÃO DAS
Se você é
[..] perseverante, controla bem sua ansiedade, mas não
descansa enquanto não consegue o que
nhecer profissões. Esta ação, para diferenciar-se daquilo que o
as
quer, é bom considerar [..]| individuo pode fazer sozinho, vem revestida de certa aparência de
Psicologia (e outras profissões)" (Guia do Estudante, 1996: 18-21). ciência ao utilizar instrumentos que só o orientador pode manipu-
lar e que carrega a idéia de que o indivíduo tem uma essência que
Em síntese, partir das duas
a
publicações citadas, o perfil do s um profissional pode descobrir.
psicólogo é assim traçado:
Este modelo é estático tanto no que se refere às profissões ou
Traços de personalidade: sociabilidade e flexibilidade, equilibrio
emocional, não possuir desvios de ocupações quanto ao indivíduo. Por mais que se atualizem estes
graves personalidade, nem timi- perfis, dificilmente conseguem sair da generalidade e superficiali-
AT
UMANOVACLASSIFICAÇÃO DAS TEORIAS.
46
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
mente
psicológicas apresentadas anterior- Se esta
causal, aceitação amorosa)
ou mais ou menos
enquadram-se neste modelo. A teoria traço e fator, na reali- solicitação, aceitaço pessoas
dade, inaugura este modo de pensar na distante (rejeiçãonegligência), isso pode gerar
ou
na classificação hierárquica
das
"1) as pessoas diferem em suas habilidades, interesses e personali rigido para não-pessoas", pautadas
encontro do que a autora denomi-
dades; 2) elas são qualificadas em virtude de tais características, cada necessidades de Maslow, vão ao
uma
para um certo número de ocupações; 3) cada uma dessas ocu- na classificação de ocupações:
pações exige um padrão característico de habilidades, interesses e
traços de personalidade, com uma margem suficientemente grande "A maioria daqueles que selecionam ocupações nos grupos [serviço,
artes e diver-
de tolerância, entretanto, a fim de permitir ao mesmo tempo alguma contatos comerciais, ocupações culturais em geral e
uma orientação para pessoas, as-
variedade de ocupações para cada indivíduo e alguma variedade de sões] seguem fundamentalmente
indivíduos para cada ocupação." sim como muitos, senão a maioria, dos que se situam no grupo [or
ganizações]. Os grupos [tecnologia, serviços externos e ciênda] com-
principal é
A novidade, portanto, está na aceitação de que não há uma preendem, principalmente, pessoas cuja orientaço
1976: 117)
única profissão para cada indivíduo e que há alguma diversidade dirigida para não-pessoas." (Roe,
de indivíduos para cada profissão; entretanto, o modelo de perfis
Gelatt (1976), um dos representantes das teorias decisionais,
está exemplarmente incluído.
propõe a aplicação do método ientífico para a resolução de pro
Para Ginzberg (1976), introdutor da vertente evolucionista, "a destas teo-
blemas de escolha profissional. Na realidade, os autores
decisão, em se tratando de escolha ocupacional, é, em última análi-
se, um compromisso onde o indivíduo espera ganhar o máximo
10. Texto entre colchetes, incdusão
nossa.
desmascaram cabalmente
famílias. Cunha aponta cinco pontos que
são desiguais pelo país
este discurso: 1) as chances de escolarizaço
11. Por ideologia entende-se ura invertida da realidade realizada pela classe domi-
universalidade. Portanto, não necessariamente falsa, mas com
u m a grande parte da popula-
nante que postula sua onde a escolarização atinge
e
compromisso de classe.
afora; 2)
52 53
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL UHAIOVACLASSIFICAÇÁO DAS TEOPIAS.
ção, há desigualdade na qualidade do ensino oferecido; 3) "as apti- atuar dessa forma, a orientação
mente ao indivíduo que escolhe. Ao
u m lado,
dões das pessoas não são características
inatas; ao contrário, são profissional acaba comprometendo-se duplamente: de por
últimas por aceitá-las como naturais, mis-
produto da sua primeira educação, associada às condições mate- não examinar as causas e
56). As diferenças de ordem intelectiva, segundo esse autor, devem diferente. Ao examinar as teorias, percebe que as mesmas propõem-
ser buscadas na
origem de classe. "Assim, dizer que as diferenças se a explicar descritivamente a escolha profissional da pessoas, mas
intelectuais produzem as diferenças de classe é dizer, na realidade, na realidade, ficam apenas no aspecto psicológico. A autora
que,
que as diferenças de classe produzem as diferenças de classe, isto é afirma que: "Considerado psicologicamente, o fenômeno da dei-
nada dizer" (p. 56). são não se esgota; questões como liberdade de decidir, por que e
Celso Ferretti analisa as teorias em orientação profissional no determinismos e como modificá-
para que decidir, por que existem
mesmo sentido que faz Cunha com a escola. Cruzando os pressu- los, não são cogitadas pela psicologia vocacional que se preocupa
postos teóricos da OV, os prinípios do liberalismo e a realidade em descrever os fenômenos psíquicos relacionados à escolha
mostrada por inúmeras pesquisas, bem como a própria vivência, vocacional" (1979: 42).
conclui que a orientação profissional toma como postulado as pre Entretanto, autora considera o indivíduo no se reduz
a que
missas do liberalismo. Em seguida, constata que a sociedade con- teorias não dão conta de abordar
apenas à psicologia e, portanto as
creta não oferece igualdade real de condições, que não há liberdade e explicar o fenômeno complexo que é a pessoa.
de escolhae que essa individualidade, em termos de talentos, per-
sonalidade, aptidões e habilidades, também é questionável. Por isso "Se a orientação vocacional significa 'o processo pelo qual se ajuda
sua ação tem mais efeito ideológico do que o de efetiva ajuda ao uma pessoa a escolher uma ocupação, a preparar-se para ela, ingres-
indivíduo e suas escolhas. Assim, a sar e progredir nela', ela não se reduz à psicologia, pois que, ajudar
uma pessoa não se reduz a ajudá-la psicologicamente (identificar
"orientaç o acaba reforçando os princípios do liberalismo, pois admi- aptidões, interesses, autoconceitos ete.). Esta ajuda é parial e frag-
te implicitamente que existem falhas no processo de escolhas profis- mentária, pois que a pessoa não é a soma de construtos psicolózicos;
sionais, que estas falhas são do indivíduo e que, portanto, para resol- e também não é parte de psicologia (como não o é da sodologia, de
ver o problema, basta habilitá-lo a realizar escolhas mais economia etc.). A pessoa não é o resultado da soma destas aèncas"
adequadas.
Ou seja, todos têm liberdade de escolher e igual iberdade para fazê- (Pimenta, 1979: 42)
lo de acordo com suas aptidões e características pessoais, respeita-
das as limitações impostas pela realidade. As opções inadequadas A autora recorre à fenomenologia existencdal para verificar se
são de responsabilidade individual e devem ser creditadas unica- ela é capaz de abraçar toda a problemática envolvida na questão.
55
54 UMA NOVA CIASSIFICAÇÃO DAS TEORIAS..
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
dades, assim como as teorias em orientação vocacional não fracasso escolar justifica-se
m o v e r os mais aptos.
Dessa forma,
colo-
cam uma
concepção de progresso. As concep-
homem. Apesar dessas, conclusões, pela falta de aptidão inata para respectivo mutuamente:
o
a auto-
ra afirma que a
fenomenologia
também aborda, de forma ções educacionais e psicológicas reforçam-se
reducionista, o fenômeno da deciso, ao idealizar a
homem que utiliza, isto é, seu caráter metafísico e concepção
de
instrumentos que de medida
abstrato, enten- "Claparede [..] quer aprimorar
dendo o indivíduo como se ele existisse "em si e são os retarda-
si". rastreiem as diferenças individuais, quer saber quem
por defende a cria-
Maria Helena Souza Patto estuda a dos e os bem-dotados o mais precocemente possível,
produção do fracasso es- ção especiais para primeiros
de classes os e de escolas especiais para
colar, tema bastante diferente do presente estudo.
Entretanto, ao Os segundos, propõe, em 1920, a escola sob medidae em 1922a orien-
historicizar a forma como a
psicologia tem abordado o tema, verifi- tação profissional- tudo isto em nome de menor desperdício e me-
ca também visão reducionista e
a
ideológica que a ciência vem dan- nor desgaste individual e social. A colocação do 'homem certo no
do ao
problema. Não é mera coincidência a constatação de que os
lugar certo' era para ele o caminho mais curto para orestabelecimento
pressupostos teóricos das explicações sobre o fracasso escolar são da justiça social almejada e a seu ver possível, mas ainda não
comuns aos da orientação profissional que se está criticando. Ao se alcançada" (Patto, 1991: 43; grifo nosso)
referir aos
primórdios da psicologia científica no final do século
XIX e início do XX,
aponta a funcionalidade alcançada pelas teorias Como se pôde constatar, a psicologia do início do século, prin-
ao reforçar as tendências
liberais, que ganharam fôlego a partir da cipalmente aquela que se debruça sobre a escola e sobre o trabalho,
Revolução Francesa e da dominação efetiva do modo de produção tem a missão de sedimentar e de perpetuar a ideologia liberal que
capitalista pelo mundo. sustenta o capitalismo, ao canalizar para o indivíduo todas as res-
ponsabilidades pelo seu progresso, deixando incólume a estrutura
"A psicologia científica |...] fortemenle influenciada pela teoria social, isto é, encobrindo injustiças e a exploração inerentes ao modo
da evolução natural e pelo exaltado cientificismo da de produção.
época, tor-
nou-se
especialmente apta a desempenhar seu primeiro e princi
pal papel social: descobrir os mais e os menos aptosa trilhar 'a carreira Segundo a perspectiva crítica, a visão tradicional ou liberal
aberta ao talento' supostamente presente percebe o indivíduo como ser autônomo em relaço à sociedade.
cial e assim colaborar, de modo
organização so-
na nova
Autonomia aqui é entendida como um corpo biopsicológico, que já
importantíssimo, com a crença da contém, desde o nascimento, potencialidades que podem ser ou não
chegada de uma vida social fundada na justiça. Entre as ciências
que na era do capital participaram do ilusionismo que escondeu as desenvolvidas de acordo com o meio em que a pessoa vive. A fun-
desigualdades sociais, historicamente determinadas, sob o véu de ção da educação, como diz Patto, assim como a da orientação pro-
supostas desigualdades pessoais, biologicamente determinadas, a psi- fissional, seria propiciar o desenvolvimento desse potencial, selecio-
cologia certamente ocupou posição de destaque." (Patto, 1991: 36; nando os indivíduos segundo tal potencial, buscando eliminar as
grifo nosso) interferências "prejudiciais" do meio.
51
st UMANOVA CLASSIFICAÇÃO
DAS TEORIAS..
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
é constituida
por duas classes sociais, complementares, com objeti- que se chama de modelo tayloristalfordista de organização da pro-
vos e interesses distintos e contraditórios: a burguesia e o proletari- dução. "Esse padro produtivo estruturou-se com base no trabalho u
ado. A idéia da ascensão social é substituída pela concepção de luta reduziria a fa
parcelar efragmentado, na decomposição das tarefas, que
de classes. A educaçãoeaorientação precisam trabalhar no sentido atividades cuja somatória
ação operária a um conjunto repetitivo de
da "conscientização", bandeira das oposições poliíticasna década resultava no trabalho coletivo produtor" de mercadorias (Antunes,
de 1970 início da de 1980, para a superação desde modo de produ-
e
2000:37). O perfis ajusta-se plenamente à idéia do traba-
modelo de
ção, que em si é autoritário, injusto e explorador
Iho parcelar fragmentado. Os perfis profissiográficos que se mon-
e
Esta perspectiva critica a visão de aproximação dos individuos habili-
tavam, na época, buscavam identificar minuciosamente as
com as profissões e ocupações presente no modelo dos perfis. Esse dades e conhecimentos necessários para o desempenho de deter-
modelo pressupõe indivíduos e profissões estáticas e perenes. Como minada função específica dentro da divisão técnica do trabalho. O
já apontado anteriormente, no caso da profissäo do psicólogo, seu que começou no chão da fábrica, depois foi transposto para quase
pertil se mantém inalterado. Na perspectiva critica, as profissoes e todas as ocupações, chegando inclusive ao trabalho intelectual.
ocupações têm história, isto é, moditicam-se no temp0 em tunção
Mas a organização taylorista/ fordista do trabalho vem sofren-
de variáveis econômicas,
politicas, sociais e Não se tecnológicas. do modificaçõcs. Nas empresas de ponta, o modelo foi substituído
pode afirmar, por exemplo, que o exercicio atual da medicina seja
igual ao de cinqüenta anos atrás. Naquela época, constituia-se como pelo que se chama de modelo toyotista ou japonês de organização
profissão liberal, havendo o médico da família que desenvolvia seu da produção, que é assim definido por Antunes:
trabalho acompanhando a vida do individuo
praticamente desde "[O modelo toyotista] se fundamenta num padrão produtivo orga-
seu nascimento. Os recursos utilizados na
especialidade clínica nizacionale tecnologicamente avançado, resultado da introdução de
eram:
palheta, estetoscópio, um cone
para ouviro batimento cardíaco técnicas de gestão da força de trabalho próprias da fase informacional,
bem como da introdução ampliada dos computadores no processo
12. Ver, por produtivoe de serviços. Desenvolve-se em uma estrutura produtiva
exemplo, textos que relacionam a
questão da mulher com
profissão e/ou
escolha prolissional: Ferretti (1976) e Bruschini (1978 e 2000).
mais flexível, recorrendo freqüentemente à desconcentração produ-
59
TEORIAS..
UMA NOVA
CASSIFICAÇÃO OAS
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
dos tempos
competência. Esse é perfil
o
trabalhar, melhorar
sua
tiva, às empresas terceirizadas etc. Utiliza-se de novas técnicas de a atual não abandona a
neoliberalismo. O
discurso
gestão da força de trabalho, do trabalho em equipe, das 'células de
da globalização e atualidade, o
produção', dos'times de trabalho' dos grupos 'semi-autônomos, além exigências. Na
acrescenta
concepção de perfis,
mas
saber ser, como
de requerer, ao menos no
plano discursivo, 'envolvimento apresentar competëncias, precisa
o
indivíduo precisa inteiro, mobilizar-
participativo' dos trabalhadores, em verdade participação
uma
afirma Ferretti (1997: 259), isto é,
"colocar-se
por
manipuladora e que preserva, na essência, as condições de trabalho a valorização
do
u m fim, neste caso,
em direção a
alienado e estranhado. O 'trabalho se completamente,
polivalente', 'multifuncional', 'quali- de resolver um problema
capital[..]. 'A competência é capacidade
a
ficado', combinado com uma estrutura mais horizontalizada e inte-
baseia-se nos resultados'."
grada entre diversas empresas, inclusive nas empresas terceirizadas, em uma situação dada. A competência
conceito de competência
tem como finalidade a
redução do tempo de trabalho" (Antunes, 2000: Ferretti aponta que a imprecisão do
52; grifos nossos). tem trazido problemas para as agências
de formação profissionais
cimentos se
quiser sobreviver no mercado. Para enfrentar a "alta passíveis de mensuração, semelhantemente, guardadas as devidas
proporçoes, com o que ocorreu quando da definição de cargos,
tare-
rotatividade, instabilidade, pouco dinamismo na geração de novas
fas e funções sob o taylorismo/fordismo". (Ferrettti, 1997: 262)
vagas, descontinuidade da trajetória profissional, precarização das
formas de contratação de mão-de-obra e
queda de rendimentos" Ou seja, o capital precisa da definiço dos perfis, agora sob
(Dieese, 1997), que caracterizam as mudanças do emprego nos anos
1990, o discurso neoliberal irradia que com
novos moldes, para continuar se reproduzindo.
A busca da harmonia entre perfis pessoais e profissionais cons-
"as titui uma visão reduionista e mecaniista da grande complexida-
mudanças, aumenta a necessidade de versatilidade e
qualifica-
ção [do trabalhador]. Antes bastava ser adestrado. Hoje, é funda- de que envolve a relação indivíduo, trabalho e também, por conse-
mental ser educado. O adestramento ensina a fazer qüência, a educação.
pessoa a a mes-
ma coisa a vida inteira. A educação a prepara para aprender conti- A perspectiva crítica denunia a ação puramente ideológica
nuamente. Com a velocidade meteórica das mudanças nas tecnolo- da orientação profissional tradicional. Esta intervenção tem a fun-
gias e nos modos de produzir e vender, a educação torna-se o ele-
mento-chave para a empregabilidade dos trabalhadores e ção de dissimular a realidade, ao esconder os determinantes econo
para a com-
micos, políticos e soiais do fenômeno e isolar apenas o individual
petitividade das empresas." (Pastore, 2000: 92)
como essencial.
ção à Responsabiliza a pessoa pelo seu sucesso em dire-
ascensão social, o Ferretti (1988a) sugere que a orientação profissional crie
que acaba por ser uma
culpabilização
da.
explicação e
pelo aparente fracasso a que a maioria está "condições para que a pessoa a ela submetida reflita sobre o processoeoato
Ajusta o indivíduo à estrutura submeti-
de escolha profissional, bem como sobre o ingresso em uma atividade profis-
lógica do iucro impera, tendo ocupacional preexistente, onde a sional e no seu exercício no contexto mais geral da sociedade onde tais ações
tão da maior sempre
como pano de fundo a ques-
produtividade, traduzida de forma
perversa por as-
se processam. Subsidiariamente, espera-se que o indivíduo assim as-
pectos psicológicos, como felicidade sistido ganhe condições de realizar escolhas profissionais comscientes
orientação profissional, bem como à realizaçãocabe
e
pessoal. Enfim, à (no sentido de escolhas que ocorrem a partir da reflexão sobre seus
produzir a ordem social vigente sem educação, tarefa de re-
a
condicionamentos, e não a partir de sua aceitação), quando e onde as
Na
quaisquer questionamentos. oportunidades se apresentarem." (p. 45)
perspectiva liberal, tudo está nas mãos do indivíduo, o único
responsável pela escolha profissional que, se bem realizada, A orientação profissional deveria deslocar seu eixo central de
O
Como superação da perspectiva tradicional ou liberal, os dois relações sociais, parece-nos fundamental para que tanto os que op-
autores analisados apontam propostas distintas. Para Pimenta tam como os que n o o fazem desenvolvam uma consciència criica
(1979): dessa atividade humana que, espera-se, venha a influenciar o exercí-
"A orientação vocacional, ao usar técnicas, advindas da cio de sua atividade profissional" (p. 46).
psicologia,
que acentuam a ênfase no indivíduo, cria neste a impressão de que é
ele quem decide; com isso facilita o Ferretti esboça a estrutura de alguns conteúdos que poderiam
ajustamento dele à estrutura ser abordados nas atividades de orientação profissional: "a) traba-
ocupacional. Imbuído de uma 'certeza' de que escolheu (a partir da-
quilo que era possível), o indivíduo tem maiores chances de vir a ser lho como transformação da natureza e do homem; b) trabalho e
mais produtivo. Isto é, contribuir
para o aumento da mais-valia da estrutura social; c) trabalho e relações sociais; d) trabalhoe desen-
classe dominante, que é a
que detém o controle da produção ..]A volvimento econômico-social; e) trabalho e educação; f) sindicatos
liberdade de decidir é da classe dominante. Por isso, a classe a e associações trabalhistas; g) seleção profissional e discriminação
que o .
poder avassalador sobre o indivíduo, negando ser creditadas, pelo menos em alguns momentos, a opções que fize-
assim sua existência. Desta forma, ao criticar a
concepção de indi- ram entre diferentes cursos de e principalmente, à sua intenção
ação,
víduo subjacente à ideologia liberal, também a existência do
nega
indivíduo propriamente dito. [...] Se na
de conquistar uma identidade ocupacional que lhes permitisse situ-
ideologia liberal o indiví- ar-se no mercado urbano-industrial e serem nele reconhecidos como
duo 'pode tudo', em sua crítica ele
passa a 'não poder nada'."
(Bock, S., 1989: 16) profissionais." (p. 152)
seu limite, desconsidera a possibilidade de compreender o indivi- Laura Belluzo de C. Silva busca relacionar o social com a sub-
duo por meio de outras vertentes teóricas. Só a transformação es-
jetividade, ao propor a articulação entre as concepções de
trutural da sociedade poderia colocar em pauta a liberdade de es- Bohoslavsky e Bourdieu, no caso, entre o inconsciente da visão psi-
colha; provavelmente, neste momento, teorias seriam gestadas para canalítica e a teoria sociológica. Para Silva (1996: 52), "é ponto cen-
explicar e operar esta liberdade alcançada. tral na teoria de Bourdieu que as condições objetivas de vida são
Celso Ferretti, diferentemente; deixa aberta uma interiorizadas gerando o habitus, conjunto estruturado de disposi
possibilida
de para a aceitação de que o indivíduo não é mero reflexo da estru- ções que irá por sua vez presidir as ações diante de situações e estí-
tura social, ao incluir o conceito de consciência crítica, ressaltando mulos. Trata-se, portanto, da interiorização da exterioridade, ou,
que existem pessoas que podem usufruir o direito de escolha e em outras palavras, da constituição da subjetividade; e da exterio-
outras não. rização da interioridade, ou, dito de outra forma, dos mecanismos
64
65
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL TEORIAS..
UMANOVACLASSIFICAÇÃO DAS
internalizados que subjazem o tarefa clarear
Bohoslavsky, segundo comportamento". A proposta de Assim, a orientaço profissional teria como as
a
autora, determinações subjetivas e objetivas da escolha, tendo uma função
meramente descritiva e explicativa. O indivíduo teria maior cons-
"caracteriza-se fundamentalmente
pela estratégia de, partindo da ciência dos motivos que o levam a se aproximar de uma profissão.
profissão (ou profissões) mencionada(s) pelo orientando, desvelar a de
cadeia de
significados que, consciente ou inconscientemente, O sujei- O autor desta pesquisa entende que a concepção
também pode considera-
to lhe(s) atribui. Um
pouco à moda de uma associação livre, vai se Bohoslavsky- a abordagem clínica- ser
segundo o estrato socioeconômico con uso de testes, mas na idéia da necessidade da elaboração de diag
siderado" (1996: 210; grifos nossos), isto é, na escolha de uma nósticos. "Consideramos ilusória a suposição de que sempre se
profissão, a realidade socioeconômica pode entrar em conflito de instrumentos psicométricos ou projetivos na
pode prescindir
com os
desejos (inconscientes ou não). O desejo seria um chama- elaboração do diagnóstico em orientação vocacional"
do interno, e a realidade socioeconômica seria o entorno exter- (Bohoslavsky, 1977: 112). A necessidade de realização de diagnós-
no, motivo pelo qual podem ocorrer colisões que seriam solucio- ticos para o desenvolvimento da orientação profissional faz com
nadas de forma diferente, de acordo com a classe social de
que o que a concepção do autor, nesse sentido, possa ser alocada como
indivíduo participa. abordagem tradicional.
E interessante notar A psicanálise é o pano de fundo da elaboração conceitual
o
papel que Silva atribui à escolha profis-
sional. de Bohoslavsky, que dá grande importància aos mecanismos de
reparação e lutos contidos nas escolhas profissionais, portanto, de
"A apreensão de como os determinismos psíquicos e sociais se arti- processos inconscientes. Não se pretende aqui discutir se, de fato,
culam na
subjetividade dos sujeitos, em função da história de vida, existe a possibilidade da aproximação da psicanálise com a orien-
do sexo, da posição social
que ocupam e do lugar em que a profis-
são escolhida se situa nos mercados escolar e de
tação profissional, como
faz Voltolini (1996), questionando a
trabalho, com vis- abordagem de Bohoslavsky como prática psicanalítica. Mas o
tas a explicitar os mecanismos
subjacentes à escolha profissional." próprio autor teve chance de, apesar de sua morte prematura,
(1996: 91)
repensaro peso que deu a esses mecanismos. No prólogo à edi-
67
DAS TEORIAS...
NOVA CLASSIFICAÇÃO
UMA
ORIENTAÇÃO PROFISIONAL mim está
a ser
desenvolvido. Algo que hoje para
título de programa niidamente da
entre o ego
ção brasileira de seu livro Orientação vocacional: a estratégia clíni- necessidade de se distinguir deverá
claro é a
a liberdade
do ego
vocação. Se
ca, ele escreveu: escolha-decisão e o sujeito da condicionada, isso só
será
ideologicamente
mais uma ilusão, liberdade
ser que da distância entre
essa
"nos impõe um leitura interpretativa, que permita compreender o reconhecimento
de
possível graças ao estruturas
fundamentais
caráter sobredeterminado e multideterminado da escolha. A estrutura a três ou quatro
aparente e a sujeição social, à ideologia,
aos
do aparelho psíquico, por um lado, e a estrutura social, por outro, que Refiro-me à estrutura
condição humana.
se expressam através da dialética de desejos, identificações e demandas
sua
ao
inconsciente." (1983: 15)
sistemas de significação,
sociais não poderão deixar de ser objeto de nossa consideração. A pes
soa que deide, suporta e transporta ambas as classes de determina-
a
fez deste importante pensador
leitura que se
Infelizmente,
ções, fazendo com que o 'individual' e o 'social' se expressem sempre bases do primeiro livro,
da orientação profissional
restringiu-se às
simultaneamente, tanto nas dúvidas ou obstáculos das tomadas de de- deixando de se consi-
próprio autor criticou (mas
o
não negou),
Cisão, como nas soluções a que finalmente se alcance. que desenvolvi-
para ser
derar o "programa" que Bohoslavsky sugeria
De todos os problemas que a articulação entre o individual e o social o sistema social
entre
do. A tarefa derevelar "a articulação
grande
implica, só nos referimos neste livro à dialética das identificações, e sustentam" ainda está para
o
esta, sendo determinante da pessoa (e portanto da sua identidade imposto aos homens e os sujeitos que
ser feita, 25 anos após ser proposta.
vocacional-profissional) não é determinante em iúltima instância.
O mesmo poderíamos afirmar sobre a importância dada aos proces-
sos de luto e reparação [...], que hoje relativizo, sem negar. Ou do
Teorias para além da crítica
peso atribuído aos conceitos de 'autonomia egóica', projeto' e "liber-
dade de escolha' (produtos da absorção insuficientemente crítica do a
teorias para além da crítica é superar
a
com as aproximação dos indivíduos giadas, há determinação social; portanto, não se trata de liberdade
ocupações por meio do modelo de perfis, não por negar o absoluta. Da mesma forma, para os indivíduos das classes subal-
indivíduo, mas por negar a concepção liberal de indivíduo. Por isso, ternas, há possibilidade de intervenção sobre sua trajetória; por-
faz-se necessário construir outra tanto, não há determinação social absoluta. Na perspectiva sócio-
formulação que explique esta apro
ximação. histórica não se reconhece como meramente ideológica a possibili-
Da mesma forma dade de escolha das classes subalternas. Ao contrário, entende-se
que a
perspectiva crítica, a abordagem sócio-
histórica entende que que nisso reside a possibilidade de mudança, de alteração históri-
as
profissões e ocupações não são perenes e ca, ao reconhecer que os indivíduos podem, de certo modo, intervir
imutáveis.
sobre as condições sociais, por meio de ações pessoais e/ou coleti-
Esta abordagem trabalha com a idéia da
do humano. Combate-se a multideterminação vas. Não se pretende, com isso, resgatar a concepção liberal de ho-
concepção do ser humano natural ou mem; da mesma forma, não se assume que se superarão todos os
abstrato0. obstáculos colocados pela realidade por mera vontade pessoal, mas
"As que as pessoas podem lutar para mudar as condições em que vi-
propriedades que fazem do homem um ser
particular, que fa- vem, tanto individual quanto coletivamente.
zem deste animal um ser humano, são um suporte biológico específi-
co, o trabalho e os instrumentos, a linguagem, as relações sociais e uma O desafio deste trabalho constitui-se na construção de uma
subjetividade caracterizada pela consciência e identidade, pelos senti- abordagem na área da orientação profissional que entenda o indi-
mentos e emoções e pelo inconsciente. Com isto queremos dizer víduo em sua relação com a sociedade, superando visões que o co
que
o humano é determinado por todos
ser
esses elementos. Ele é locam como mero reflexo da sociedade ou como totalmente auto-
multideterminado." (Bock et al., 1999b: 177) nomo em relação a ela. A abordagem sócio-histórica aponta cami-
nhos para entender o indivíduo na sua relação com a sociedade de
Em 1989, o autor desse trabalho afirmava
que o indivíduo "é e forma dinâmica e dialética. Vygotsky, o principal representante
não é ao mesmo
tempo reflexo da sociedade, da mesma forma ele é dessa abordagem, "tem como um dos seus pressupostos básicos a
e não é ao mesmo
autônomo em
tempo relaço a ela. Relativamente idéia de que o ser humano constitui-se enquanto tal na sua relação
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DAS TEORIAS..
UMANOVA CLASIFICAÇÃO
T0
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
e bonito do mun-I
Guimar es Rosa: "O importante
com o outro social. A cultura torna-se diz poeticamente ainda n o foram|i
parte da natureza humana não estão sempre iguais,
do é isto: que as pessoas Afinam ou de-
num
processo histórico que, ao
longo do desenvolvimento da espé- vão sempre mudando.
terminadas mas que elas
cie do indivíduo, molda o funcionamento psicológico do homem"
-
(Oliveira, 1992: 24). Dessa forma, não háruptura do indivíduo com safinam" (1983: 20).
"Interiorizamos aquilo que os
a sociedade e nem a sua
anulação enquanto sersingular. Ciampa (1987: 171) afirma que:
nosso. A ten-
Falando sobre outros nos atribuem de tal
forma que se torna algo
a
gênese das funções psicológicas superiores, os outros nos atribuem.
Vygotsky afirma: "Mesmo sendo, na personalidade, transformadas dência é nós nos predicarmos coisas que
e muito efetiva; depois
de
em
processos psicológicos, elas permanecem 'quasi'-sociais. O in- Até certa fase esta relação é transparente
dividual, mais seletiva, mais velada (e mais complica-
o
pessoal- não é 'contra', mas uma forma superior de algum tempo, torna-se
sociabilidade" (2000: 27). "Para nós é a personalidade social =o con- da". Assim, o ser humano desenvolve suas
habilidades, sua perso
esta relação está
nalidade, suas atitudes na relação com o outro,
e
junto de relações sociais, encarnado no individuo (funções psicológicas,
construídas pela estrutura social)" que define o mediada pela sociedade.
que é o homem
(Idem: 33). Portanto, para a abordagem sócio-histórica, não há con- Furtado, estudando as dimensões subjetivas da realidade, en-
flito entre a sociedade e o indivíduo. O autor usaa tende a constituição da subjetividade individual como
expressão perso-
nalidade social para significar que as funções
superiores resultam da
internalização do social: o que era inter-subjetivo passa a ser intra- "um processo singular que surge na complexa unidade dialética en-
subjetivo, sendo esse processo mediado pela linguagem. tre sujeito e meio atual, definido pelas ações e através das quaisa
história pessoal e a do meio em que estes se desenvolvem confluem
O conceito de zona desenvolvimento proximal de
Vygotsky ex- a uma nova unidade que, ao mesmo tempo, apresenta uma configu-
plica como ocorre o desenvolvimento intra-subjetivo. "O que ca-
ração subjetiva e uma configuração objetiva. A constituição subjet
racterizao desenvolvimento proximal é a capacidade que emerge e
va do real e sua construção por parte do sujeito são processos simul-
cresce de modo
partilhado. Com seu refinamento e internalização, tâneos que se inter-relacionam, mas que não são dirigidos pela in-
transforma-se em desenvolvimento consolidado, abrindo novas tencionalidade do sujeito, que não é mais do que um momento neste
possibilidades de funções emergentes" (Góes, 2000: 24). Para Góes,
uma boa aprendizagem é aquela que não só consolida, mas, funda-
complexo processo. E assim como o social se subjetiva para conver-
ter-se em algo relevante para o desenvolvimento do indivíduo, o
mentalmente, cria outras zonas de desenvolvimento proximais de
subjetivo permanentemente se objetiva ao converter-se em parte da
forma sucessiva (idem). realidade social, como qual se redefine constantemente como pro-
No mesmo sentido encontram-se outros autores que assina- cesso cultural." (1998: 58)
lam que a identidade é construída no seio das relações sociais. Para
Partindo do pensamento de Marx de que "no é a consciência
Ciampa (1987: 127): "Cada indivíduo encarna as relações sociais,
determina a vida, mas a vida que determina a consciência"
configurando uma identidade pessoal. Uma história de vida. Um que
projeto de vida. Uma vida-que-nem-sempre-é-vivida, no emaranha- (apud Bock, A., 1999a: 23), Ana Bock arrola inco pontos que espe-
do das relações sociais". A identidade é metamorfose, e essa con- cificam a abordagem sócio-histórica:
cepção será a base do entendimento da escolha profissional: o indi- 1) "Não existe natureza humana"- A idéia de natureza hu-
Viduo mana coloca o homem como um ser em potencial que se realizará
modifica-se permanentemente, constróisuaidentidade co
tantemente, não é e nunca estará acabada sua forma final. Como na cultura, ele teria uma essência que precisa ser desabrochada,
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ideologia" (Bock, A., 1999a: 27). Ana Bock cita Charlot, sua singularidade" (Bock, A., 1999a: 34).
que afirma assertivamente a "natureza
que humana no existe e
propõe a
substituição definitiva do termo pela idéia Numaperspectiva sócio-histórica, o
conceito de vocação pode
humana" (1999a: 27). de condição maneira: a vocação do ser humano é exata-
ser expresso da seguinte
de partida, diferenciam os seres humanos de o conceito de prevernção que, segundo as autoras, ainda tem como re-
quaisquer outros ani- ferência a doença, a patologia, que por isso deveria ser prevenida.
mais. A partir destes
primeiros elementos morfológicos, ele cons-
trói instrumentos para facilitar sua sobrevivência e os
aperfeiçoa "Promover saúde significa compreender e trabalhar com o indiví-
constantemente. Porque vive em sociedade com outros que tam- duo a partir de suas relações sociais; significa trabalhar estas rela-
bém tëm cérebros e mãos, todos É nesta relação
podem aprender. ções construindo uma compreensão sobre elas e a sua transformação
com a natureza e com os outros que o ser humano cresce, desenvol- necessária. Promover saúde significa trabalhar para ampliar a cons-
ve-se e adquire habilidades. ciência que o indivíduo possui sobre a realidade que o cerca,
Como instumentando-o para agir, no sentido de transformar e resolver to-
pode ser compreendido o processo de individuação
neste contexto? das as dificuldades que essa realidade lhe apresenta." (Aguiar & Bock,
Vygostky chama de "internalização a reconstrução
interna de uma operaço externa" (1994:75). Para o autor, o proces- 1995: 12)
so de internalização consiste numa série de transformações: "a) Uma
operação que inicialmente representa uma atividade externa é
reconstruída e começa a ocorrer internamente. [..] b) Um processo
interpessoal é transformado num processo intrapessoal. [..] c) A
transformação de um processo interpessoal num processo
intrapessoal é o resultado de uma longa série de eventos ocorridos
ao longo do desenvolvimento" (Vygotsky, 1994: 75). Assim, para o
"A internalização das atividades socialmente enraizadas
autor: e
historicamente desenvolvidas constitui o aspecto característico da
psicologia humana; é a base do salto quantitativo da psicologia
animal para a psicologia humana" (Vygotsky, 1994: 76).
A linguagem assume fundamental importância nessa interna-
lização. A "relação entre o pensamento e a palavra não é uma coisa,
mas um
processo, um movimento contínuo de vaivém do pensa-
mento para a palavra, evice-versa L..]. O pensamento não é sim-
plesmente expresso em palavras: é por meio delas que ele passa a
existir" (Vygotsky, 1993: 108). "O pensamento e a
linguagem []
são a chave para a compreensão da natureza da consciência huma-
na. As palavras desempenham um papel central não só no desen-
do pensamento, mas também na evolução histórica da
volvimento
consciência como
ciência humana"
um todo. Uma palavra é um microcosmo da cons-
(Vygotsky, 1993: 132).
Aguiar & Bock (1995) discutem a função da orientação profissio-
nalsegundo a visão da Psicologia em bases sócio-históricas. Conside-
ram-na como uma intervenção
para a promoço da saúde, superando