Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Bock, Silvio Duarte — Orientação profissional : a abordagem sócio-histórica / Silvio 0) R | E N T AÇÃO Ç Bock. - 3. ed. - São Paulo : Cortez, 2006. Pp RO F | Bibliografia. bordagem sócio-histórica ISBN 978-85-249-0850-7 Aa 1. Orientação vocacional 2. Profissões - Aspectos psicológicos 3. Profissões — Aspectos sociais I.Título. 02-2068 CDD-371.425 Índices para catálogo sistemático: 1. Orientação profissional 371.425 3º edição |º rermpressão CORTEZ S eDITORA UMA NOVA CLASSIFICAÇÃO DAS TEORIAS . 41 3 UMA NOVA CLASSIFICAÇÃO DAS TEORIAS EM ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL A classificação elaborada por Crites, apresentada anteriormen- te, como já se enfatizou, foi utilizada por autores brasileiros como fonte de referência para a abordagem das teorias em orientação pro- fissional. Entretanto, pode-se afirmar que tal classificação carece de substrato mais rigoroso, uma vez que implica uma dissociação en- tre indivíduo e sociedade que, de certa forma, obriga a tomada de posição sobre qual seria o aspecto mais determinante na escolha profissional. Por outro lado, o autor, ao referir-se às teorias psicoló- gicas, identifica determinadas vertentes como se fossem expressão de toda a psicologia e, não por acaso, essas vertentes enfatizam ape- nas o “contexto interno” do indivíduo. Sem a pretensão de consenso, propõe-se uma nova classifica- ção das teorias, analisando-as sob o prisma das concepções subjacentes de indivíduo e de sociedade em que se baseiam. Isto é necessário para não se cair na armadilha contida na classificação de Crites, que obrigaria a um posicionamento sobre qual variável se- ria mais determinante na escolha profissional do indivíduo, se as econômicas sociais ou as individuais, sem um exame mais detido dos valores envolvidos em cada posição. | ' = ; La = . beragissconal em A quetão ar Náarios But Notes fo ua - AM Ota Es 0 om ia ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL qa UMA NOVA CLASSIFICAÇÃO DAS TEORIAS 43 teorias em três grupos: 1) A presente proposta classifica as crí- problemas. Para isso ele deve apresentar equilíbrio emocional, no sen- icas; 3) teorias para além da teorias tradicionais; 2) teorias crít tido de que não poderá envolver-se emocionalmente nestes proble- de classificação permite o tica. Acredita-se que tal forma mas. indivíduo e sociedade contidas desvelamento das concepções de O trabalho do psicólogo, predominantemente baseado no comporta- em suas formulações. mento humano que se caracteriza por ser muito instável, exige deste uma maior facilidade de discriminação e diferenciação de nuances e deta- lhes para adaptar e modificar técnicas, procedimentos e orientações Teorias tradicionais (abordagem liberal) dos aspectos específicos e peculiares de cada indivíduo. Fluência e raciocínio verbal são outras duas características muito im- ximação do indi- Nas teorias tradicionais, a concepção de apro portantes, tendo em vista que é, em grande parte, através da comu- se poderia chamar víduo com as profissões se dá por meio do que nicação verbal que seu trabalho é desenvolvido junto aos clientes e boa escolha é de “modelo de perfis”. Este modelo entende que uma pessoas ligadas ao seu trabalho. um perfil pro- aquela que resulta da harmonia mais perfeita entre Criatividade e imaginação podem ser definidas, respectivamente, como: o a partir de fissional ou ocupacional e o perfil pessoal, delinead capacidade de estabelecer relações até então não estabelecidas pelo víduo, universo do indivíduo, visando determinados fins e capacidade de qualquer técnica ou instrumento. Explicando melhor, o indi aliza- representar objetos ausentes e combinar imagens, são duas caracte- a partir de certa idade, teria suas características pessoais crist rísticas importantes para o psicólogo, principalmente o que trabalha das, apresentando-se com certos traços específicos de personalida- na área empresarial, onde encontra diversidade de funções. de, aptidões e interesses determinados e quase que perenes. Isto Outra aptidão importante para o bom desempenho de suas funções possibilitaria a comparação deste perfil pessoal com os vários per- é o raciocínio abstrato, entendido como facilidade para estabelecer fis ocupacionais já preexistentes. Para exemplificar, observe-se O relação e compreender símbolos, a partir de estímulos não-verbais. perfil profissiográfico do psicólogo, descrito abaixo, de acordo com É importante em atividades como: observação de comportamento, o Dicionário das Profissões do Ciee: análise de testes, planejamento, previsão e diagnóstico. A apresentação de todas estas características pessoais pelo psicólo- “Tendo em vista o seu frequente relacionamento com pessoas de go deve estar acompanhada sempre de muito bom-senso em todo o mas um vários níveis culturais tanto na área clínica, como na área educacio- decorrer de suas atividades, não um senso comum, popular, nal e empresarial, é importante que este profissional apresente socia- bom-senso técnico, com bases psicológicas. bilidade e flexibilidade, isto é, facilidade para interagir com pessoas e graves de per- É imprescindível que o psicólogo não possua desvios o que impossi- ser flexível no sentido de se adaptar ao ambiente e às situações, esta- sonalidade, timidez excessiva e descontrole nervoso, 1981: 862) belecendo formas variadas de relação interpessoal. bilitaria de desenvolver seu trabalho.” (Ciee, Habilidade numérica, que pode ser definida como capacidade para li- te,” existe um capí- dar com símbolos que representem quantidade e para raciocinar com Numa publicação especializada mais recen jeito?”, em que se lê: “Des- números, é uma das características importantes para o psicólogo que tulo intitulado “Para o que é que eu levo ajuda muito a acabar com as trabalha na área empresarial, cujas atividades geralmente envolvem cobrir coisas sobre o seu modo de ser cálculos numéricos, uso de estatística, tabelas de percentis e outros. Em todas as suas atividades é importante que este profissional tenha 1996. profundo interesse pelos problemas humanos e seja capaz de dar atenção 9. Guia do Estudante, Editora Abril, edição aos indivíduos, objetivando prestar-lhes ajuda na solução de seus ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL “ UMA NOVA CLASSIFICAÇÃO DAS TEORI m (às vezes caricata AS dúvidas”. Numa linguagem próxima ao jove ido por uma até), os perfis vão sendo construídos. Cada perfil é segu dez excessiva ou descontrole nervoso; ter “bom senso técnico”. Pa- sificando- lista de profissões que aparecem em cores diferentes, clas ciência, tolerância, pensamento rápido; discrição, observação, perse- as segundo o critério das áreas de conhecimento (humanas, exatas, verança. cionad a para biológicas, agrárias e artes). O psicólogo, profissão sele Aptidões: habilidade numérica, maior facilidade de discrimi- nidos: exemplificação, aparece em seis grupos que são assim defi nação e diferenciação de nuances e detalhes, fluência e raciocínio verbal, criatividade e imaginação, raciocínio abstrato. “Se você tem [...] jogo de cintura, paciência e tolerância, pensa e rea- Interesses: pelos problemas humanos, em dar atenção aos indi- ge rápido, adora improvisar, apresenta umas aulas, na boa, sem ter víduos. se preparado antes, [...] então você pode ir para [...] Psicologia (e O perfil da pessoa que vive o dilema da escolha profissional outras profissões). também deve ser analisado. Por meio de testes e/ou inventários, Se você consegue [...) ficar frio nas situações mais difíceis, aplicar entrevistas, dramatizações, letra (grafologia), por “mapa astral”, ou injeção em seu cachorro sem errar o lugar, ver seu irmão se ralar ainda por qualquer outra técnica, é estabelecido o perfil do indiví- inteiro e ser a única pessoa que, além de pedir para chamar um mé- duo: traços de personalidade, aptidões e interesses são diagnosti- dico, presta os primeiros-socorros [...] tenha em mente [...] Psicolo- gia (e outras profissões). cados. A escolha da profissão resume-se a uma atividade de com- paração. Busca-se a “fôrma” (perfil ocupacional) que melhor se ajus- Se você é [...] discreto, sabe guardar um segredo e não conta nem sob ta ao perfil pessoal levantado. Na seleção profissional ocorre o in- tortura, encontra no elevador seu vizinho do 402 aos beijos com a mulher do 503 e não sai espalhando por aí, tem condescendência verso: como a “fôrma” já é dada, uma vez que sempre se seleciona com o jeito de ser dos outros, [...] é bom considerar [...] Psicologia (e alguém para determinado cargo ou função, procura-se, dentre vá- outras profissões). rios indivíduos (perfis pessoais), aquele que se ajusta melhor à fôr- ma (perfil ocupacional). Se você consegue [...] escrever bem e fazer redações fantásticas, se expressar com facilidade e transmitir suas idéias com clareza, se sair Na escolha profissional, espera-se que o indivíduo estabeleça bem em prova oral e ser sempre o porta-voz oficial da turma, [...] uma correlação entre si e os vários perfis ocupacionais disponíveis, tenha em mente [...] Psicologia (e outras profissões). para que possa achar aquele que melhor se ajusta à sua pessoa. Se você é [...] observador, gosta de bancar o Sherlock Holmes, A função da orientação profissional, nesta abordagem, seria se liga até no papo chato da sua irmã menor e sabe dizer sem ajudar o indivíduo a conhecer-se (em algumas teorias isto nem é vacilo com que sapato seu pai saiu hoje cedo, [...] é bom considerar necessário, bastando que o orientador conheça o sujeito), isto é, cons- [...] Psicolo- gia (e outras profissões). cientizar-se de suas características pessoais, além de ajudá-lo a co- Se você é [...] perseverante, controla nhecer as profissões. Esta ação, para diterenciar-se daquilo que o bem sua ansiedade, mas não descansa enquanto não consegue o indivíduo pode fazer sozinho, vem revestida de certa aparência de que quer, é bom considerar [...] Psicologia (e outras profissões)” (Guia ciência ao utilizar instrumentos que só o orientador pode manipu- do Estudante, 1996: 18-21). lar e que carrega a idéia de que o indivíduo tem uma essência que | Em síntese, a partir das dua só um profissional pode descobrir. s publicações citadas, o per Psicólogo é assim traçado: fil do Este modelo é estático tanto no que se refere às profissões ou oO de personalidade: sociabilidade e flexibilidade, equilíbrio ocupações quanto ao indivíduo. Por mais que se atualizem estes Onal, não possuir desvios Braves de perfis, dificilmente conseguem sair da generalidade e superficiali- personalidade, nem timi- ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL 6 UMA NOVA CLASSIFICAÇÃO DAS TEORIAS... bd elaborado há mais de dade. Observe-se que O perfil do psicólogo, carreira na qual ele pode fazer uso, tanto quanto possível, de seus s pelo Ciee, serve também para inúmeras outras profis- CAGE ua P des, além de ser utilizado até hoje, mesmo tendo interesses e capacidades, em situações que satisfaçam seus valores ceonômicas e e metas” (p. 13) De novo, observa-se o modelo de perfis sendo uti- devido várias transformações sociais, políticas, lizado para aproximar os indivíduos das profissões. tecnológicas conhecidas. Da mesma forma, este no N o espera que da ado cocê , man- Anne Roe, representante da vertente psicodinâmica, atribui as pessoas não mudem muito a partir do fim grande importância à formação de atitudes, interesses e aptidões tendo suas características pessoais durante toda a vida. nas primeiras experiências infantis estabelecidas entre pais e filhos. Todas as teorias chamadas psicológicas apresentadas anterior- Se esta relação foi mais ou menos amorosa (su perproteção, super- mente enquadram-se neste modelo. A teoria traço e fator, na reali solicitação, aceitação causal, aceitação amorosa) ou mais ou menos dade, inaugura este modo de pensar na aproximação dos indiví- distante (rejeição ou negligência), isso pode gerar pessoas duos com as profissões. Com o slogan do “homem certo no lugar “dirigidas” para pessoas ou para não-pessoas. “Dependendo de qual certo”, constrói o imaginário dos perfis que perdura até hoje. É muito das situações acima [primeiras experiências infantis na relação comum observar empresários, artistas, profissionais liberais utili- com o adulto] é experimentada na infância, desenvolver-se-ão atitudes, zarem-se da concepção de perfil para explicar sua própria situação interesses e capacidades básicas, as quais encontrarão expressão no econômica e social, usualmente privilegiada. padrão geral de vida do adulto: em suas relações pessoais, em suas Mesmo as teorias desenvolvimentistas, que criticam a concepção relações emocionais, em suas atividades e em sua escolha inatista das aptidões, personalidade e interesses, acabam utilizando vocacional” (Roe, 1976: 116). Mais uma vez pode-se observar aqui a idéia do perfil. Por exemplo, Super (1976: 37) acredita que o padrão de perfis ultimando o processo. De fato, Anne Roe cons- trói um modelo em que as categorias “dirigido para pessoas” e “di- “1) as pessoas diferem em suas habilidades, interesses e persona rigido para não-pessoas”, pautadas na classificação hierárquica li- das dades; 2) elas são qualificadas em virtude de tais característica necessidades de Maslow, vão ao encontro do que a autora denomi- s, cada uma para um certo número de ocupações; 3) cada uma dessas ocu- na classificação de ocupações: Pações exige um padrão característico de habilidades, interesses e traços de personalidade, com uma margem suficientemente grande “A maioria daqueles que selecionam ocupações nos grupos [serviço, de tolerância, entretanto, a fim de permitir ao mesmo tempo alguma contatos comerciais, ocupações culturais em geral e artes e diver- variedade de ocupações para cada indi víduo e alguma variedade de sões]” seguem fundamentalmente uma orientação para pessoas, as- indivíduos para cada Ocupação.” sim como muitos, senão a maioria, dos que se situam no grupo [or- ganizações). Os grupos [tecnologia, serviços externos e ciência] com- preendem, principalmente, pessoas cuja orientação principal é dirigida para não-pessoas.” (Roe, 1976: 117) Gelatt (1976), um dos representantes das teorias decisionais, propõe a aplicação do método científico para a resolução de pro- ) introdutor da vertente evolucionista, “a blemas de escolha profissional. Na realidade, os autores destas teo- isão, em se tratando d Se, um c ompromisso orla irio Ocupacional, é, em última análi- grau de Satisfação através d o 'víduo espera ganhar o máximo 10. Texto entre colchetes, inclusão nossa. € sua vida de trabalho, seguindo uma ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL 4 UMA NOVA CLASSIFICAÇÃO DAS TEORIAS id ão mais preocupados em fornece er um critério racional de E . (aptidões, interesses, características de personalidade, ritmo de desen- rias (6 nten ns a construção da tender a forma como se dá tanto volvimento, autoconceito etc.). Estas diferenças os levarão a optar por o 1 E do 1 indivíduo ndIv quanto ] a interferência . os so-o . do contexto diferentes caminhos profissionais” (Ferretti, 1988a: 30). ersonalidade S construção. Por Isso, : 10 econômico nesta Gelatt afirma que “os r ; a As teorias chamadas psicológicas fundamentam-se na ideolo- cultados de testes, de prévios cursos graduados, de ei gia liberal. O conceito de escolha é entendido como algo abstrato, são exemp R N e e rela cão desta decisão com escolhas futuras privilégio da classe dominante que impõe sua visão para todas as Os possiveis resu ta o e mentos a serem usados. Para se discutir outras, como ideologia. Os três axiomas da visão liberal informam saber algu- escolhas altemativas e suas possibilidades é essencial como a escolha profissional será entendida. A liberdade, a indivi- têm para ma coisa sobre o grau de relevância que estes elementos dualidade e a igualdade de oportunidades dão sentido à ação da cada alternativa” E(1976: 19). Novamente, pode-se observar a idéia orientação profissional. A individualidade é entendida como um q: ão. do modelo de perfis sendo utilizada nesta concepç movimento interno, quer numa visão inatista — os indivíduos nas- Como afirmado anteriormente, todas as teorias chamadas psi- cem com todos os atributos —, quer numa visão desenvolvimentis- cológicas apóiam-se no modelo de perfis. Na verdade, apenas se ta — desenvolvem ao longo da vida. O princípio da liberdade asse- diferenciam quanto ao entendimento da gênese das earactemsticas gura a possibilidade de o indivíduo desenvolver suas potencialida- pessoais do indivíduo. Algumas consideram, como já visto, que tais des. A igualdade de oportunidades também está restrita à visão de características são inatas; outras, que são construídas a partir da indivíduo: todos têm garantido, por lei, a condição de poder alcan- relação afetivo-sexual estabelecida na primeira infância; outras ainda gar o “progresso pessoal e posição social vantajosa. Como lei têm que são construídas ao longo do crescimento da pessoa; mas todas, igual direito à vida, à liberdade, à propriedade, à proteção das leis” sem exceção, ao final, comparam estas características com os perfis (Ferretti, 1988a: 34). elaborados de cada profissão. Portanto, em maior ou menor escala, Na visão liberal, o indivíduo tem em suas mãos a possibilida- há um ajustamento do indivíduo à sociedade. de de ultrapassar os obstáculos colocados pela realidade, e a esco- Celso Ferretti examina as teorias em orientação profissional com lha, se adequada, asseguraria melhoria de condição de vida. à seguinte pergunta: quais as concepções de indivíduo e sociedade A sociedade é entendida com um conjunto de camadas sociais que dão sustentação às suas idéias? Portanto, sobrepostas e ordenadas em forma de pirâmide que possibilita ascenso este autor não está pre- ocupado em discutir quais delas analisam ou descenso social. A escolha profissional é anunciada como um dos mais adequadamente a forma como o indivíduo escolhe sua profissão; fatores fundamentais para o deslocamento social (para cima ou para seu olhar volta-se para O aspecto ideológico contido na baixo, de acordo com a qualidade da decisão) e, por isso, a orientação questão. Ele constata que todas as teorias psicológicas 1) propõem profissional far-se-ia necessária, isto é, ajudaria o indivíduo a localizar “Se à explicar como o indivíduo pro- cessa a sua escolha bem como O seu resultado; 2) pressupõem ou descobrir sua “vocação” para ter chances de “subir na vida”. escolha é uma decisão pessoal que a e individual; 3) admitem que fatores pessoais e sociais interf erem n O processo, biopsicológico, mas dão ênfase ao caráter entend endo Teorias críticas os aspectos sociais como limitadores castradores das Caracte ou rísticas Originais e, por fim, 4) “as ou essenciais do indivíduo; Por teorias críticas entendemos aquelas surgidas, no Brasil no teorias, implícita ou explicitamente, que os indivíduos consideram final da decada de 1970 e início da de 1980, que examinaram dife rem entre si as por uma série de características ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL 50 UMA NOVA CLASSIFICAÇÃO DAS TEORIAS dicionais ou liberais, apontando seu st i teorias aqui i de denominadas tra Las n dela decorrendo todas as outras: liberdade econômica, intel caráter ideológico Z . O. p ectual, Mais do que propostas (apesar de apontarem algumas saídas), religiosa e política. Para essa doutrina [o libe ais : ralismo] a liberdade é condição necessária para a defesa da tas teorias: propõem-se a analisar, de forma radical, as teorias en- estas individuais, enquanto a não-liberdade é ação e das potencialidades tão existentes, desvelando as concepções, quase nunca explícitas, um desrespeito à persona- lidade de cada um” (Cunha, 1977: 29). A É necessário de ser humano e soci iedade nelas contidas.momento lembrar particular da propriedade é outro as- pecto da doutrina e é entendida como “dire que estas teorias foram construídas num , dura ito natural do indiví- duo”. A igualdade, entendida não como história do país e da educação. O Brasil vivia uma ditadu a ar igualdade de condições materiais, mas sim como igualdade perante que restringia as liberdades democráticas e que teve como ção a lei, defende que “to- dos têm, por lei, iguais direitos à vida, libe “modernizar” a economia do país, abrindo suas fronteiras para o rdade, à propriedade, à proteção das leis” (Idem: 31). Por fim, a demo cracia exigida pelos capital internacional, contra programas nacionalistas e populistas princípios anteriormente descritos, isto é, para que faziam história desde a época de Vargas, com avanços; s usufruir do indivi- dualismo, da à liberdade, da propriedade, da nos diversos governos posteriores. A escola, nessa epoca, é centra - igualdade, há a ne- cessidade da democracia. Assim, “cada indivídu o, agindo livremen- mente vista (pelos teóricos de esquerda) como aparelho ideológico te, é capaz de buscar seus interesses próprios e, em do Estado, que tem como função principal a manutenção do status consegiiência, os de toda a sociedade” (Idem: 33). quo e a transmissão dos valores e crenças da classe dominante. Na ótica liberal, o indivíduo pode almejar ascender socialment Althusser (1983), Bourdieu & Passeron (1975) são os principais teó- e e enriquecer, não em função de condições advindas ricos desta perspectiva e, no Brasil, Luiz Antonio Cunha, com seu de prerrogati- vas de nascimento, mas também em virtude importante livro Educação e desenvolvimento social no Brasil, publica- de trabalho e talento pessoal (cf. Cunha, 1977: 31). do originalmente em 1977, dão grande impulso à análise crítica da A escola é pretendida pela teoria liberal e pela políti função da educação escolar e, por consegiiência, da orientação pro- ca educa- cional como responsável pela equalização de oport fissional. Esta forma de compreender a escola foi mais tarde deno- unidades. En- tretanto, Cunha desmascara tal visão, ao apontar que minada “visão reprodutivista”. esta escola que aí está é incapaz de agir segundo os próprios princí pios que Cunha (1977) examina a escola sob os princípios da visão libe- estabelece, apontando que “a análise do papel atribu ído à educa- ral, de que a política educacional se diz defensora. Assim, aplica ção de instrumento de equalização de oportunidades, pela doutri- estes princípios para verificar se esta escola, ao menos, dá conta na liberal, pela pedagogia da escola nova e pelo estado, mostr de ou ter implementá-los. O princípio do individualismo “considera essa atribuição a função ideológica de dissimular o indi- os mecanismos víduo enquanto sujeito que deve ser respeitado por de discriminação da própria educação, bem como os da ordem possuir apti- eco- dões e talentos próprios, atualizados ou em potencial” nômica” (Cunha, 1977: 60). (p. 28). O segundo princípio, a liberdade, está alicerçado no postulado do in- Fazendo o discurso de que o papel da educação seria o de cor- dividualismo. “Pleiteia-se, antes de tudo, a liberdade rigir as “distorções” provocadas pelo capitalismo, a escola, ao con- individual, wo trário, reproduz e justifica esta ordem junto ao seu alunado e suas famílias. Cunha aponta cinco pontos que desmascaram cabalmente 11. Por ideologia entend nante e que postula e- se leitura invertida da realidade realizada pela sua univ ersalidade. Portanto, não classe domi- este discurso: 1) as chances de escolarização são desiguais pelo país necessariamente falsa, mas com Compromisso de clas se. afora; 2) onde a escolarização atinge uma grande parte da popula- ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL s UMA NOVA CLASSIFICAÇÃO DAS TEORIAS na qualidade do ensino oferecido; 3) “as apti- E ção, há desigualdade são características matas; ao SEnITárO, são mente ao indivíduo que escolhe. Ao dões das pessoas não atuar dessa forma, a orientação a primeira educação, associada às condições mate- profissional acaba comprometendo-se duplamente: de um lado, por pro da in a se refere à alimentação, ao desenvolvimento não examinar as ca usas últimas e por aceitá-las como naturais, mis- nais de o a desenvolvimento de certas destrezas que cada tifica os fatores da realidade que constitu em obstáculos ou impedi- mentos às escolhas individuais. De outro lado, ajuda a manter as asse social tem como resultado da vida que leva” (p. 56); 4) os pro- discriminações sociais, por admitir, sem cessos de avaliação premiam atitudes, destrezas, comportamentos questionamento, o poten- cial individual deixando, ao mesmo temp o, de abrir crítica às condi- mais pertinentes às classes não-trabalhadoras, tais como o ções de vida que influenciaram marcadamente esse potencial.” “verbalismo” e “as boas maneiras”; 5) “dizer que são razões de (Ferretti, 1988a: 44) é ordem intetelectiva” que barram o progresso (escolar) de alguns realidade” (p. Selma Garrido Pimenta, outra impor dizer metade da realidade, vale dizer, é dissimular a tante autora para a histó- ria recente da orientação profissional no Brasil, realiza uma 56). As diferenças de ordem intelectiva, segundo esse autor, devem crítica diferente. Ao examinar as teorias, percebe que as mesmas propõem- ser buscadas na origem de classe. “Assim, dizer que as diferenças se a explicar descritivamente a escolha profissional da pessoas, mas intelectuais produzem as diferenças de classe é dizer, na realidade, que, na realidade, ficam apenas no aspecto psicológico. A autora que as diferenças de classe produzem as diferenças de classe, isto é, afirma que: “Considerado psicologicamente, o fenômeno da deci- nada dizer” (p. 56). são não se esgota; questões como liberdade de decidir, por que e Celso Ferretti analisa as teorias em orientação profissional no para que decidir, por que existem determinismos e como modificá- mesmo sentido que faz Cunha com a escola. Cruzando os pressu- los, não são cogitadas pela psicologia vocacional que se preocupa postos teóricos da OV, os princípios do liberalismo e a realidade em descrever os fenômenos psíquicos relacionados à escolha mostrada por inúmeras pesquisas, bem como a própria vivência, vocacional” (1979: 42). conclui que a orientação profissional toma como postulado as pre- Entretanto, a autora considera que o indivíduo não se reduz missas do liberalismo. Em seguida, constata que a sociedade con- apenas à psicologia e, portanto as teorias não dão conta de abordar creta não oferece igualdade real de condições, que não há liberdade e explicar o fenômeno complexo que é a pessoa. de escolha e que essa individualidade, em termos de talentos, per- sonalidade, aptidões e habilidades, também é questionável. Por isso “Se a orientação vocacional significa “o processo pelo qual se ajuda sua ação tem mais efeito ideológico do que o de efetiva ajuda ao uma pessoa a escolher uma ocupação, a preparar-se para ela, ingres- indivíduo e suas escolhas. Assim, a sar e progredir nela”, ela não se reduz à psicologia, pois que, ajudar uma pessoa não se reduz a ajudá-la psicologicamente (identificar aptidões, interesses, autoconceitos etc.). Esta ajuda é parcial e frag- “orientação acaba reforçando os princípios do liberalismo, pois admi- mentária, pois que a pessoa não é a soma de construtos psicológicos; te implicitamente que existem falhas no processo de escolhas profis- e também não é parte de psicologia (como não o é da sociologia, de sionais, que estas falhas são do indivíduo e que, portanto, para resol- economia etc.). A pessoa não é o resultado da soma destas ciências” vero problema, basta habilitá-lo a realizar escolhas mais adequadas. (Pimenta, 1979: 42) Ou seja, todos têm liberdade de escolher e igual liberdade para fazê- lo de acordo com suas aptidões e características pessoais, respeita- A autora recorre à fenomenologia existencial para verificar se das as limitações impostas pela realidade. As opções inadequadas ela é capaz de abraçar toda a problemática envolvida na questão. são de responsabilidade individual e devem ser creditadas unica- ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL s4 UMA NOVA CLASSIFICAÇÃO DAS TEORIAS 55 s conceitos fundamentais desta abordagem: o homem pa n nado no mundo; como sujeito, e não coisa; a existên- Portanto, não é só a orientação vocacional que se apóia na pers- pectiva do liberalismo, mas a psicologia ca é ro coexistência (intersubjetividade); a liberdade. A e a pedagogia que se de- bruçam sobre as questões educacionais ertemlgia existencial possibilita é Em . A psicologia diferencial mo Peq ia chega à escola, dando início à orientação profissional, para, da ecisá psicologismo fragmenta O fenômeno pendentemente da etnia ou da condição inde- dades, assim como as teorias em orientação VO DO Soo social, selecionar ou mover os mais aptos. Dessa forma, o pro- cam uma concepção de homem. Apesar dessas nc e Fi fracasso escolar justifi ca-se aborda, om pela falta de aptidão inata para o resp ra afirma que a fenomenologia também ectivo progresso. As co ncep- e ções educacionais e Psicológicas refo reducionista, o fenômeno da decisão, ao idealizar a ig rçam-se mutuamente: homem que utiliza, isto é, seu caráter metafísico e Abstra o, enten- “Claparede [...] quer aprimorar inst dendo o indivíduo como se ele existisse “em si e por si”. rumentos de medida que rastreiem as diferenças individuais, quer saber quem são os retarda- Maria Helena Souza Patto estuda a produção do fracasso es- dos e os bem-dotados o mais precocem ente possível, defende a cria- colar, tema bastante diferente do presente estudo. Entretanto, ao ção de classes especiais para os primeiro s e de escolas especiais para historicizar a forma como a psicologia tem abordado o tema, verifi- Os segundos, propõe, em 1920, a escol a sob medida e em 1922 aorien- ca também a visão reducionista e ideológica que a ciência vem dan- tação profissional — tudo isto em nome de menor desperdício e me- do ao problema. Não é mera coincidência a constatação de que Os nor desgaste individual e social. A colocação do 'homem certo no lugar certo' era para ele o caminho mais pressupostos teóricos das explicações sobre o fracasso escolar são curto para o restabelecimento da justiça social almejada e a seu comuns aos da orientação profissional que se está criticando. Ao se alcançada.” (Patto, 1991: 43; grifo ver Possível, mas ainda não referir aos primórdios da psicologia científica no final do nosso) século XIX e início do XX, aponta a funcionalidade alcançada Como se pôde constatar, a psicolog pelas teorias ia do início do século, prin ao reforçar as tendências liberais, que ganharam cipalmente aquela que se debruça sobr - fôlego a partir da e a escola e sobre o trabalho, Revolução Francesa e da dominação efetiva do tem a missão de sedimentar e de modo de produção perpetuar a ideologia liberal que capitalista pelo mundo. sustenta o capitalismo, ao canaliza r para o indivíduo todas as res- ponsabili dades pelo seu progresso, deixan “A psicologia científica [...] fortemen do incólume a estrutura te influenciada pela teoria social, isto é, encobrindo injustiç da evolução natur as e aexploração inerentes ao al e Pp elo exaltado cientificismo de produção. modo nou-se especialmente apta a desemp da época, tor- enhar seu primeiro e princi- Segundo a Perspectiva crítica, pal papel social: descobrir os mais a visão tradicional e OS menos aptos a trilhar 'a carreira percebe o indivíduo como ser aut ou liberal aberta ao talento! ônomo em relação à sociedade. Autonomia aqui é entendida com * de modo importantíssimo, com o um co Fpo biopsicológico, que chegada de uma vida a crença da contém, desde o nascimento, pot já soci encialida des que podem ser A . Entre as ciências desenvolvidas de acordo com ou não o meio em que a pessoa vive. ção da educação, como diz Patt A fun- o, assim c omo a da orientação su Rs desigualdades pessoais, adas, sob o véu de fissional, seria Propiciar o desenv pro- biologicamente determinadas, a psi- olvimento desse potencial, sele Cologia certamente Ocupou posi nando os indivíduos se gundo tal cio- ção de destaque.” (Patto, Potencial, buscando eliminar grifo nosso) 1991: 36; interferências “prejudic lais” do as meio. ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL 5 UMA NOVA CLASSIFICAÇÃO DAS TEORIAS Além dessa visão inatista, a perspectiva tradicional tende a 7 fenômenos que são históricos. As diferenças entre do feto e, quando muito, o raio X. O médico de hoje já passou para naturalizar oe R »xemplo, no que se refere às características uma situação de assalariamento (é empregad o ou atende homens e ma here; Ras «habilidades, são naturalizados e, por conveniados de um plano médico, que seria um assal ariamento dis- de personalidade o contrário do que afirma a vasta bibliografia farçado). Não existe mais o médico de família, e os recurs os ins- trumentais que utiliza requerem conhecimentos e habilidades pão que marc a historicidade do fenômeno. A natura ização tante distintas daquelas que eram então necessárias. bas- do que é histórico vem na direção de uma visão Fonserva pra da função De outro lado, a idéia de que existe um perfil pessoal que se realidade, que busca manter as desigualdades sociais em dos privilégios alcançados pelas classes dirigentes. | cristaliza e pereniza por volta dos dezoito anos também pode ser questionada. Os indivíduos se modificam com o tempo e, mais do A perspectiva crítica questiona O conceito de sociedade que a que isso, adquirem habilidades, mudam interesses e transformam abordagem tradicional utiliza. A sociedade não se constitui como suas características pessoais. uma pirâmide formada por camadas sociais, mas, estruturalmente, Mas essa idéia de perfis, como exposta acima, está referida ao é constituida por duas classes sociais, complementares, com objeti- que se chama de modelo tayloristalfordista de organização da pro- vos e interesses distintos e contraditórios: a burguesia e o proletari- dução. “Esse padrão produtivo estruturou-se com base no trabalho ado. A idéia da ascensão social é substituída pela concepção de luta parcelar e fragmentado, na decomposição das tarefas, que reduziria a de classes. A educação e a orientação precisam trabalhar no sentido ação operária a um conjunto repetitivo de atividades cuja somatória da “conscientização”, bandeira das oposições políticas na década resultava no trabalho coletivo produtor” de mercadorias (Antunes, de 1970 e inicio da de 1980, para a superação desde modo de produ- 2000: 37). O modelo de perfis ajusta-se plenamente à idéia do traba- ção, que em si é autoritário, injusto e explorador. lho parcelar e fragmentado. Os perfis profissiográficos que se mon- Esta perspectiva critica a visão de aproximação dos indivíduos tavam, na época, buscavam identificar minuciosamente as habili- com as profissões e ocupações presente no modelo dos perfis. Esse dades e conhecimentos necessários para o desempenho de deter- modelo pressupõe indivíduos e profissões estáticas e perenes. Como minada função específica dentro da divisão técnica do trabalho. O já apontado anteriormente, no caso da profissão do psicólogo, seu que começou no chão da fábrica, depois foi transposto para quase perfil se mantém inalterado. Na perspectiva crítica, as profissões e todas as ocupações, chegando inclusive ao trabalho intelectual. ocupações têm história, isto é, modificam-se no tempo em função Mas a organização taylorista / fordista do trabalho vem sotren- de variáveis econômicas, políticas, sociais e tecnológicas. Não se do modificações. Nas empresas de ponta, o modelo toi substituido pode afirmar, por exemplo, que o exercício atual da medicina seja pelo que se chama de modelo toyotista ou japonês de organização igual ao de cingúenta anos atrás. Naquela época, constituía-se como da produção, que é assim definido por Antunes: profissão liberal, havendo o médico da família que desenvolvia seu trabalho acompanhando a vida do indivíduo praticamente desde “[O modelo toyotista] se fundamenta num padrão produtivo orga- seu nascimento. Os recursos utilizados na especialidade clínica nizacional e tecnologicamente avançado, resultado da introdução de eram: palheta, estetoscópio, um cone para ouvir o batimento cardíaco técnicas de gestão da força de trabalho próprias da tase intormacional, bem como da introdução ampliada dos computadores no processo 12.V €r,ippor exemplo, produtivo e de serviços. Desenvolve-se em uma estrutura produtiva textos que relacionam a questão da mais flexível, recorrendo frequentemente à desconcentração produ- escolha p: Tofissional: Ferretti (1976) e Brusch mulher com profissão e/ou ini (1978 e 2000). ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL UMA NOVA CLASSIFICAÇÃO DAS TEORIAS, s de 4 tiva, às empresas terceirizadas etc. Utiliza-se de novas légnica gestão da força de trabalho, do trabalho Em Equipe, das células de a trabalhar, melhorar sua competência. Esse é o perfil dos tempos produção”, dos “times de trabalho” dos Bru pos senirauttinimos , além da globalização e neoliberalismo. O discurso atual não abandona a requerer, ao menos no plano discursivo, (0) envolvimento concepção de perfis, mas acrescenta exigências. Na de atual idade, o participativo” dos trabalhadores, em verdade uma participação indivíduo precisa apresentar com petências, precisa saber ser, como manipuladora e que preserva, na essencia, as condições de trabalho afirma Ferretti (1997: 259), isto é, “colocar-se por inteir o, mobilizar- alienado e estranhado. O “trabalho polivalente”, “multifuncional”, 'quali- se completamente, em direção a um fim, neste caso, a valor ização do ficado”, combinado com uma estrutura mais horizontalizada e inte- capital [...]."A competência é a capacidade de resolver um probl ema grada entre diversas empresas, inclusive nas empresas terceirizadas, em uma situação dada. A competência baseia-se nos resultados ”. tem como finalidade a redução do tempo de trabalho” (Antunes, 2000; Ferretti aponta que a imprecisão do conceito de competência 52: fentos nossos). tem trazido problemas para as agências de formação profissionais e para as próprias empresas. Segundo este autor, O trabalho polivalente, multifuncional e qualificado, como diz Antunes, modifica a idéia do perfil profissiográfico tradicional. Além “nos países capitalistas avançados, desenvolve-se, a partir das refor- de ser competente tecnicamente falando, o profissional também tem mas de ensino, um intenso esforço no sentido de estudar, detalhar, que desenvolver novas habilidades, agora atitudinais e comporta- padronizar e propor, em termos compreensíveis e úteis à formação mentais. O discurso atual expresso de forma caricata é: o indivíduo profissional e à empresa, a definição, a mais precisa possível, de tais precisa desenvolver todas as habilidades e adquirir todos os conhe- competências, de modo que possam ser eficientemente ensinadas e passíveis de mensuração, semelhantemente, guardadas as devidas cimentos se quiser sobreviver no mercado. Para enfrentar a “alta proporções, com o que ocorreu quando da definição de cargos, tare- rotatividade, instabilidade, pouco dinamismo na geração de novas fas e funções sob o taylorismo / fordismo”. (Ferretti, 1997: 262) vagas, descontinuidade da trajetória profissional, precarização das formas de contratação de mão-de-obra e queda de rendimentos” Ou seja, o capital precisa da definição dos perfis, agora sob (Dieese, 1997), que caracterizam as mudanças do emprego nos anos novos moldes, para continuar se reproduzindo.” 1990, o discurso neoliberal irradia que com A busca da harmonia entre perfis pessoais e profissionais cons- titui uma visão reducionista e mecanicista da grande complexida- “as mudanças, aumenta a necessidade de versatilidad e e qualifica- de que envolve a relação indivíduo, trabalho e também, por conse- ção [do trabalhador). Antes bastava ser adestrado. Hoje, é funda- quência, a educação. mental ser educado. O adestramento ensina a pessoa a fazer a mes- A perspectiva crítica denuncia a ação puramente ideológica ma coisa a vida inteira. A educação a prepara para aprender conti- da orientação profissional tradicional. Esta intervenção tem a fun- nuamente. Com a velocidade meteórica das mudanças nas tecnolo- Bias e nos modos de produzir ção de dissimular a realidade, ao esconder os determinantes econó- e vender , a educação torna-se mento-chave para a em Pregabilidade o ele- micos, políticos e sociais do fenômeno e isolar apenas o individual dos trabalhadores e para a com- Petitividade das empresas.” (Pastor e, 2000: 92) 13, Antunes (1995 e 2000) é uma das vozes cnticas que abordam as transtormações da Para ser empregáve4 . ví Pregável, o indivíduo : organização do trabalho nos tempos atuais. Ao contrario do preconizado pela ideologia dese Mprego tem que ser polivalente. (6) a tendência geral dos postos de trabalho e à precarização, o é als 7 liberal, o autor aponta que re nica Iza e ao d44€0 NE trabalhador . ) deve resolver. De novo, ele é trabalho parcial e à desqualiticação. O Pela sua própria mazela e deve, caso queira voltar . ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL VMA NOVA CLASSIFICAÇÃO DAS TEORIAS ei ni m soa Pp pelo seu sucesso eem id dire- encial. Responsabiliza a pessoa Ferretti (1988a) sugere que a orientação profissional crie ma ial, o que acaba por ser uma a à ação e explic ção à ascen ão socla culpabilizaçãoj Pp elo aparente fracasso a que a maioria está submeti- “condições para que a pessoa a ela submetida reflita sobre o processo e o ato onde a da. Ajusta o indivíduo à estrutura ocupacional preexistente, de escolha profissional, bem como sobre o ingresso em uma atividade profis- pano de fundo a ques- sional e no seu exercício no contexto mais geral da sociedade onde tais ações lógica do lucro impera, tendo sempre como ivi forma perversa duzida de tom traduzi apor as- se processam. Subsidiariamente, espera-se que o indivíduo assim as- tãoê da maior produtividade, sistido ganhe condições de realizar escolhas profissionais conscientes pessoal. am à pectos psicológicos, como felicidade e realização (no sentido de escolhas que ocorrem a partir da reflexão sobre seus de re- orientação profissional, bem como à educação, cabe a tare a condicionamentos, e não a partir de sua aceitação), quando e onde as produzir a ordem social vigente sem quaisquer questionamentos. oportunidades se apresentarem.” (p. 45) Na perspectiva liberal, tudo está nas mãos do indivíduo, oúnico responsável pela escolha profissional que, se bem realizada, apon- A orientação profissional deveria deslocar seu eixo central de ta para o sucesso social e financeiro. Entretanto, na perspectiva crí- preocupação, que tem sido a escolha dos indivíduos, para a aborda- tica, é a estrutura social e econômica que explica o posicionamento gem da temática do trabalho na sociedade atual. da pessoa na sociedade, empurrando-o para um lado ou outro. Nesta Ótica, o indivíduo não tem autonomia para definir seu caminhar e “A proposta de reflexão sobre o trabalho enquanto atividade social e constitui-se como reflexo da sociedade. enquanto processo de modificação da natureza e determinante de relações sociais, parece-nos fundamental para que tanto os que op- Como superação da perspectiva tradicional ou liberal, os dois tam como os gue não o fazem desenvolvam uma consciência crítica autores analisados apontam propostas distintas. Para Pimenta (1979): dessa atividade humana que, espera-se, venha a influenciar o exercí- “ cio de sua atividade profissional” (p. 46). A onentação vocacional, ao usar técnicas, advindas da psicolo gia, que acentuam a ênfase no indivíduo, cria neste a impressão de que é Ferretti esboça a estrutura de alguns conteúdos que poderiam ele quem decide; com isso facilita o ajustamento dele à estrutura ser abordados nas atividades de orientação profissional: “a) traba- ocupacional. Imbuído de uma 'certeza' de que escolheu (a partir da- lho como transformação da natureza e do homem; b) trabalho e quilo que era possível), o indivíduo tem maiores chances de vir a ser mais produtivo. Isto é, contribuir para estrutura social; c) trabalho e relações sociais; d) trabalho e desen- o aumento da mais-valia da classe dominante, que é a que volvimento econômico-social; e) trabalho e educação; f) sindicatos detém o controle da produção | [..] A e associações trabalhistas; g) seleção profissional e discriminação lasse dominante. Por isso, indivíduo pertence determi a classe a que O social” (p. 48). A crítica à orientação profissional tradicional coloca em xeque grifo nosso) a concepção de que os indivíduos escolhem suas profissões. A es- colha seria um fenômeno pertencente à classe dominante, que, ideo- À orientação v Í logicamente, é transposta para todas as classes sociais, sem qual- mas, deveriam se; revi é à escolha, coloca s como proble- quer questionamento, acabando por tornar-se uma idéia que mais IStas pensando-se em como da contribuir para a mod atuar de forma a justifica as desigualdades e injustiças engendradas pelo modo de q produção capitalista do que a explicação de como as pessoas , ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL 6 UMA NOVA CLASSIFICAÇÃO DAS TEORIAS. 8 l posicionam-se na sociedade, tanto como atividade ocupaciona Em Opção trabalho, Ferretti (1988b) apresenta alteração em quanto de poder e prestígio. sua visão. nela em- “ A crítica à ideologia liberal e à concepção de indivíduo “De modo geral, o que foi possível recolher dos depoimentos de meus butida sem dúvida é um grande avanço na compreensão do fun- informantes é que suas carreiras são entretecidas por escolhas e não- cionamento da sociedade capitalista. Entretanto, no desenvolvi- escolhas, num movimento que obedece, em última instância, às de- mento da análise, ao negar a existência da liberdade de escolha, terminações econômicas, mas que não se reduz a mero reflexo des- acaba por também negar a existência do indivíduo. Ele passa a tas. [...] Se é verdade, que [...) os trabalhadores entrevistados não ser entendido como reflexo da organização social, não detendo escolheram as ocupações que exerciam quando foram abordados, não nenhum grau de autonomia frente a tais determinações. A estru- é menos verdade que alterações sofridas por suas carreiras podem tura social tem um poder avassalador sobre o indivíduo, negando ser creditadas, pelo menos em alguns momentos, a opções que fize- assim sua existência. Desta forma, ao criticar a concepção de indi- ram entre diferentes cursos de ação, e principalmente, à sua intenção víduo subjacente à ideologia liberal, nega também a existência do de conquistar uma identidade ocupacional que lhes permitisse situ- indivíduo propriamente dito. [...] Se na ideologia liberal o indiví- ar-se no mercado urbano-industrial e serem nele reconhecidos como duo “pode tudo”, em sua crítica ele passa a 'não poder nada”.” profissionais.” (p. 152) (Bock, S., 1989: 16) Ferretti, em sua pesquisa, percebe que a primeira inserção se É necessário que seja feita uma distinção entre os dois autores dá de forma contingencial, mas que, em seguida, o sujeito planifica que desenvolveram a crítica à orientação profissional tradicional de algum modo sua trajetória; portanto, há um espaço que diferen- no que diz respeito a este assunto. Entende-se que Selma Pimenta, cia a pessoa da estrutura social. ao denunciar o psicologismo recorrente nas teorias e práticas da orientação profissional, sugere que o indivíduo, no capitalismo, Em ambos os casos, não há uma formulação de novas teorias Ferretti, praticamente não existe. A idéia de indivíduo seria uma articula- que possam entender o caminhar do indivíduo. Mesmo pessoa sobre sua ção idealista e liberal para manter O status quo. Isto fica claro quan- que admite certa possibilidade de intervenção da ocorre na este- do analisa e refuta a contribuição da fenomenologia existencial. Não trajetória, não dedica atenção ao exame de como isto que se queira resgatar esta abordagem filosófica, mas ao perceber ra subjetiva do sujeito. o social com à sub- seu limite, desconsidera a possibilidade de compreender o indiví- Laura Belluzo de €. Silva busca relacionar entre as concepções de jetividade, ao propor à articulação duo por meio de outras vertentes teóricas. Só à transformação es- O inconsciente da visão psi trutural da sociedade poderia colocar em pauta Bohoslavsky e Bourdieu, no caso, entre a liberdade de es- 52), é ponto e n- canalíticae a teoria sociológica. Para Silva (1996: tan o teorias seriam gestadas para as condições objetivas de vida so tral na teoria de Bourdieu que e alcançada. conjunto estruturado ne dana interiorizadas gerando o habitus, situações Celso Ferretti, diferenteme presidir as ações diante de nte, deixa aberta uma possibilida- ções que irá por sua vez dade, ou, de para a aceitação de l io1OTIZAÇ ão da exteriori o que o indivíduo não é mero reflexo da estru- s. portanto, da inter S Trata-se, tura social, ao incluir subjetividade; e da exterio 9 conceito de consciência crítica, ressaltando s as em outr nulo e , da constituição d a to palavras mecanismos que existem Pessoas que podem dito de outr a forma, dos outras não. usufruir o direito de escolha e rização da interioridade, ow UMILN AÇÃO PROFISSIONAL 64 UMA NOVA CLASSIFICAÇÃO DAS TEORIAS internalizados que subjazem O comportamento”. A proposta de [o Bohoslavsky, segundo a autora, Assim, a Orientação profis sional teria como tarefa clarear as determinações subjetivas e obj etivas da escolha, tendo uma “caracteriza-se fundamentalmente pela estratégia de, partindo da meramente descritiva e exp função licativa. O indivíduo teria ciênci a dos maior cons- profissão (ou profissões) mencionada(s) pelo ptentantdo, desvelar a motivo s que o lev am a se aproximar de uma profissão cadeia de significados que, consciente ou inconscientemente, o sujei- . O autor desta pes quisa ent ende que a concep ção de to Ihe(s) atribui. Um pouco à moda de uma associação livre, vai se Bohoslavsky — a abordage m clín ica — também pode ser considera revelando, para orientador e orientando, a que afetos a profissão es- da como uma abordagem crítica, - apesar de se encontrarem elemen- colhida está vinculada e que objetos internos visa reparar” (p. 193) tos em sua concepção que estari am mais próximos da abordagem tradicional. Mas assume-se que a abordagem da autora, apesar do avan- Diferentemente de Ferretti e Pim ço teórico, ainda mantém separadas em duas instâncias relativa- enta, que denunciam a au- sência de questões sociais, políticas mente autônomas: as dimensões social e subjetiva. Por exemplo, e econômicas na abordagem tradicional, Bohoslavsky questiona a visã Silva afirma: “A articulação conceitual e a análise dos dados o de indivíduo contida nessa abordagem. O autor elabora profun empíricos sugere que os determinismos econômicos da crítica ao que deno- mina “modalidade estatística”, isto é, ao psi cometrismo puro na interiorizados sob a forma de habitus de classe e as vicissitudes orientação profissional, e isso o aproxi ma do que se denominou do desejo relativos à escolha profissional são vivenciados pelos abordagem critica, apesar de aceitar o uso de testes para a elabora- indivíduos como conflito psíquico e que este tem possibilidades ção de diagnósticos. O problema, no entanto, não se constitui no de resolução diferentes segundo o estrato socioeconômico uso de testes, mas na idéia da necessidade da elabor con- ação de diag- siderado” (1996: 210; grifos nossos), isto é, na escolha nósticos. “Consideramos ilusória a suposição de que de uma sem pre se profissão, a realidade socioeconômica pode entrar pode prescindir de instrumentos psicométricos ou projet em conflito ivos na com os desejos (inconscientes ou não). O desejo elaboração do diagnóstico em orientação vocaci seria um chama- onal” do interno, e a realidade socioeconômica seria (Bohoslavsky, 1977: 112). A necessidade de realizaçã de dia o entorno exter- o gnós- no, motivo pelo qual podem ocorrer colisões ticos para o desenvolvimento da orientação profissional faz com que seriam solucio- que a concepção do autor, nesse sentido, possa ser alocada como nadas de forma diferente, de acordo com a classe social de que 0 abordagem tradicional. indivíduo participa. É intere A psicanálise é o pano de fundo da elaboração conceitual ssa nte not ar o Pap el que Silva atribui à escolha pro fis- de Bohoslavsky, que dá grande importância aos mecanismos de sional. reparação e lutos contidos nas escolhas profissionais, portanto, de “A apreensão de como processos inconscientes. Não se pretende aqui discutir se, de tato, os d eterminismos psíquicos e existe a possibilidade da aproximação da psicanálise com a orien- culam na subjetividade sociais se arti- do S sujeitos, em função da história de vida, tação profissional, como faz Voltolini (1996), questionando a do sexo, da Posição social que ocupam e abordagem de Bohoslavsky como prática psicanalítica. Mas o são escolhida se do lugar em que a profis- situa nos mercados escolar tas a explicitar q e de trabalho, com vis- próprio autor teve chance de, apesar de sua morte prematura, S mecanismos subjacentes à esco repensar O peso que deu a esses mecanismos. No prólogo à edi- (1996: 91) lha profissional.” ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL 66 UMA NOVA CLASSIFICAÇÃO DAS TEORIAS ar : a estratégia clíni. ão brasiS leira de seu livro Orientação vocacional ção título de programa a ser desenvolvido. Algo que hoje para ca, ele escreveu: mim está claro é a necessidade de se distinguir nitidamente entre o ego da escolha-decisão e o sujeito da vocação. Se a liberdade do ego deverá “ [..] nos impõe um leitura interpretativa, que permita compreender o ser mais que uma ilusão, ideologicamente condicionada, isso caráter sobredeterminado e multideterminado da escolha. A estrutura só será possível graças ao reconhecimento da distância entre essa liberdade do aparelho psíquico, por um lado, e a estrutura social, por outro, que aparente e a sujeição a três ou quatro estruturas fundamentais de se expressam através da dialética de desejos, identificações e demandas sua condição humana. Refiro-me à estrutura social, à ideologia, aos sociais não poderão deixar de ser objeto de nossa consideração. A pes- sistemas de significação, ao inconsciente.” (1983: 15) Ê soa que decide, suporta e transporta ambas as classes de determina- ções, fazendo com que o “individual” e o “social” se expressem sempre Infelizmente, a leitura que se fez deste importante pensador simultaneamente, tanto nas dúvidas ou obstáculos das tomadas de de- da orientação profissional restringiu-se às bases do primeiro livro, cisão, como nas soluções a que finalmente se alcance. que o próprio autor criticou (mas não negou), deixando de se consi- De todos os problemas que a articulação entre o individual e o social derar o “programa” que Bohoslavsky sugeria para ser desenvolvi- implica, só nos referimos neste livro à dialética das identificações, e do. A grande tarefa de revelar “a articulação entre o sistema social esta, sendo determinante da pessoa (e portanto da sua identidade imposto aos homens e os sujeitos que o sustentam” ainda está para vocacional-profissional) não é determinante em última instância. ser feita, 25 anos após ser proposta. O mesmo poderíamos afirmar sobre a importância dada aos proces- sos de luto e reparação [...], que hoje relativizo, sem negar. Ou do peso atribuido aos conceitos de “autonomia egóica”, projeto” e “liber- Teorias para além da crítica dade de escolha” (produtos da absorção insuficientemente crítica do pensamento fenomenológico e psicanalítico americano).” (p. XIX) À perspectiva das teorias para além da crítica é superar a dicotomia entre o indivíduo e a sociedade apontada anteriormente. Bohoslavsky, com este texto, estava retomando É por isto que se propõe uma nova abordagem denominada “sócio- uma autocritica que já havia feito em 1975, numa obra cuja publicação, histórica”, aceitando as formulações desenvolvidas pelas teorias crí- no Brasil, só ocorreu em 1983. O livro do qual ticas, mas apontando que é necessário um avanço na compreensão é organizador leva o sugestivo nome de Vocacional: teoria, técnica e da relação indivíduo-sociedade, de forma dialética, e não idealista ideologia, dando à entender que a dimensão social passa ou liberal; isto é deve-se caminhar para a compreensão do indivíduo a ter mais força em sua vi- são. De fato, todos os textos como ator e ao mesmo tempo autor de sua individualidade, que não deste livro cham am a atenção dos aspectos sociais e ideoló Bicos deve e não pode ser confundida com individualismo. contidos na escolha profissional. Abordando o que cham ou de “a O próximo item será dedicado à apresentação das concepções reformulação da estratégia cl da abordagem sócio-histórica. nica”, sintetiza: “Descortina- Na-se uma perspectiv: a teórica árdua. Nada mais, A abordagem sócio-historica menos que nada tema social imposto medios que revelem a articulação entre o sis: A abordagem sócio-histórica aceita a denúncia que os teóri- mantém, o Entsmiis OS homens e os sujeitos que o sustentam, O bém o transfor is Das que — é bom levar-se em conta — tam cos, denominados criticos, tazem a respeito da abordagem tradi- mam. Esta é uma tarefa difícil que ora menciono só à ORIENTAÇÃO PROF ISSIONAL “ UMA NOVA CLASSIFIC “AÇÃO DAS TEORIAS ! cional, A de núncia referida aponta que a teoria liberal entende que " á pronta e acabada, a ordem econômica e social est à questão da escolha, também poderíamos dizer que o indivíduo esenlha e não escolhe (sua profissão ou ocupação) ao mesmo tem- “é apenas o lugar onde as escolhas se realizam. A sociedade coloca po (Bock, S., 1989: 16). Mas, hoje, compreende que há certa incor- obstáculos e desafios que devem ser ultrapassados pelos indivíduos, reção na afirmação por manter de forma ainda dissociada a socie- Aqueles que conseguirem serão os vencedores, serao os bem-sucedi- dade e o indivíduo. Mesmo assim, para fins didáticos, manter-se-á dos. Realizar uma boa escolha profissional é um pré-requisito para a afirmativa porque provoca a reflexão e assinala claramente a di- que isto ocorra. Assim, ao invés de proceder uma análise de como a ferença dessa abordagem em relação às teorias tradicion ais e críti- sociedade está estruturada, desenvolve-se a análise do indivíduo para cas. Quando se diz que o indivíduo escolhe e não escolhe sua pro- que ele bem se adapte a esta ordem, sem jamais questioná-la.” (Bock, fissão ao mesmo tempo, está se tratando da questão da liberdade S., 1995: 68) de escolha. De acordo com a classe social de origem do indivíduo, ele tem mais ou menos liberdade para decidir, porém sempre será A abordagem sócio-histórica, da mesma maneira que a pers- multideterminada. Assim, para as pessoas das classes mais privile- pectiva crítica, questiona a forma de aproximação dos indivíduos giadas, há determinação social; portanto, não se trata de liberdade com as ocupações por meio do modelo de perfis, não por negar o absoluta. Da mesma forma, para os indivíduos das classes subal- indivíduo, mas por negar a concepção liberal de indivíduo. Por isso, ternas, há possibilidade de intervenção sobre sua trajetória; por- faz-se necessário construir outra formulação que explique esta apro- tanto, não há determinação social absoluta. Na perspectiva sócio- ximação. histórica não se reconhece como meramente ideológica a possibili- dade de escolha das classes subalternas. Ao contrário, entende-se Da mesma forma que a perspectiva crítica, a abordagem sócio- que nisso reside a possibilidade de mudança, de alteração históri- histórica entende que as profissões e ocupações não são perenes e ca, ao reconhecer que os indivíduos podem, de certo modo, intervir imutáveis. sobre as condições sociais, por meio de ações pessoais e/ou coleti- Esta abordagem trabalha com a idéia da multideterminação vas. Não se pretende, com isso, resgatar a concepção liberal de ho- do humano. Combate-se a concepção do ser humano natural ou mem; da mesma forma, não se assume que se superarão todos os abstrato. obstáculos colocados pela realidade por mera vontade pessoal, mas que as pessoas podem lutar para mudar as condições em que vi- “As propriedades que fazem do homem um ser vem, tanto individual quanto coletivamente. particular, que fa- zem deste animal um ser humano, são um O desafio deste trabalho constitui-se na construção de uma suporte biológico específi- co, o trabalho e os instrumentos, a linguagem, as relações sociais e uma abordagem na área da orientação profissional que entenda o indi- subjetividade caracterizada pela consciência e ident víduo em sua relação com a sociedade, superando visões que 0 co- idade, pelos senti- mentos e emoções e pelo inconsciente. Com isto locam como mero reflexo da sociedade ou como totalmente autô- queremos dizer que O ser humano é determinado por todos esses elementos. Ele é nomo em relação a ela. A abordagem sócio-histórica aponta cami- multideterminado ” (Bock et nhos para entender o individuo na sua relação com 4 sociedade de al. 1999b: 177) forma dinâmica e dialética. Vygotsky, o principal representante nãoé m 1969, 0 autor desse trabalho afirmava que o indivíduo “é € q . Ed á dessa abordagem, “tem como um dos seus pressupostos Resinas a Ê . : endos idéia de que o ser humano constitui-se enquanto tal na sua relação x eaom esmo tempo reflexo da sociedade, da mesma forma ele é ao . . "esmo tempo autónomo em relação a ela. Relativamente e = RN W = ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL UMA NOVA CLASSIFICAÇÃO DAS TEORIA com o outro social. A cultura torna-se parte da natureza humana S " num processo histórico que, ao longo do desenvolvi mento da espé- diz poeticamente Guima rães Rosa: “O importante e boni cie e do indivíduo, molda o funcionamento psicológico do homem” do é isto: que as Pessoas não estão to do mun- (Oliveira, 1992: 24). Dessa forma, não há ruptura do indivíduo com sempre iguais, ainda não foram terminadas — mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou de- a sociedade e nem a sua anulação enquanto ser singular. safinam” (1983: 20). Falando sobre a gênese das funções psicológicas superiores, Ciampa (1987: 171) afirma que: “Interio rizamos aquilo que os Vygotsky afirma: “Mesmo sendo, na personalidade, transformadas outros nos atribuem de tal forma que se torna algo nosso. A ten- em processos psicológicos, elas permanecem “quasi'-sociais. O in. dência é nós nos predicarmos coisas que os outros nos atribuem. dividual, o pessoal — não é “contra”, mas uma forma superior de Até certa fase esta relação é transparente e muito efetiva; depois de sociabilidade” (2000: 27). “Para nós é a personalidade social = o con- algum tempo, torna-se mais seletiva, mais velada (e mais complica- junto de relações sociais, encarnado no indivíduo (funções psicológicas, da)”. Assim, o ser humano desenvolve suas habilidades, sua perso- construídas pela estrutura social)” que define o que é o homem nalidade, suas atitudes na relação com o outro , e esta relação está (Idem: 33). Portanto, para a abordagem sócio-histórica, não há con- mediada pela sociedade. flito entre a sociedade e o indivíduo. O autor usa a expressão perso- Furtado, estudando as dimensões subjetivas da realidade, en- nalidade social para significar que as funções superiores resultam da tende a constituição da subjetividade individual como internalização do social: o que era inter-subjetivo passa a ser intra- subjetivo, sendo esse processo mediado pela linguagem. “um processo singular que surge na complexa umdade dialética en- tre sujeito e meio atual, definido pelas ações e através das quais a O conceito de zona desenvolvimento proximal de Vygotsky ex- história pessoal e a do meio em que estes se desenvolvem confluem Plica como ocorre o desenvolvimento intra-subjetivo. “O que ca- a uma nova unidade que, ao mesmo tempo, apresenta uma configu- racteriza o desenvolvimento proximal é a capacidade ração subjetiva e uma configuração objetiva. A constituição subjeti- que emerge e cresce de modo partilhado. Com seu refinamento va do real e sua construção por parte do sujeito são processos simul- e internalização, transforma-se em desenvolvimento consolidado, tâneos que se inter-relacionam, mas que não são dingidos pela in- abrindo novas possibilidades de funções emergentes” (Góes, tencionalidade do sujeito, que não é mais do que um momento neste 2000: 24). Para Góes, uma boa aprendizagem é aquela que não só consol complexo processo. E assim como o social se subjetiva para conver- ida, mas, funda- ter-se em algo relevante para o desenvolvimento do indivíduo, o mentalmente, cria outras zonas de desenvolvimento proximais forma sucessiva (idem). de subjetivo permanentemente se objetiva ao converter-se em parte da realidade social, com o qual se redefine constantemente como pro- No mesmo sentido encontram-se cesso cultural.” (1998: 58) outros autores que assina lam que a identidade é construída no seio das relações sociais. Para Ciampa (1987: 127): “Cada indivíduo enca Partindo do pensamento de Marx de que “não é a consciência rna as relações sociais, configurando uma identidade Pess que determina a vida, mas a vida que determina a consciência” oal. Uma história de vida. Um Projeto de vida. Uma vida-que- (apud Bock, A., 1999a: 23), Ana Bock arrola cinco pontos que espe- nem-sempre-é-vivida, no emaranha- do das relações Sociais”. A cificam a abordagem sócio-histórica: identidade é metamorfose, e essa con 1) “Não existe natureza humana” — A ideia de natureza hu- il MBemocifia se do entendimento da escolha profissional: o indi- mana coloca o homem como um ser em potencial que se realizará *º Permanentemente, constrói sua tantement identidade cons na cultura, ele teria uma essência que precisa ser desabrochada, €, nãoão éé e nunca estará Z acabada sua forma final. Como ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL UMA NOVA CLASSIFICAÇÃO DAS TECIRIAS 9 n . lizada. “Toda a determinação social do ho- at ualizada. , , desenvolvida ou as idéias e conceitos, que se tornam repre- 5) “O homem concreto é objeto da psicologia” — “O indiví- mem fic a oculta sob ess duo só pode ser compreendido em sua singularidade, quando inse- ses ilusórias; parte da realidade, determinante do objeto. Faz- sentações lusoórias, . Ê rido na totalidade social e histórica que o determina e dá sentido à : as ideologia” (Bock, A, 1999a: 27). Ana Bock cita Cha oi, sua singularidade” (Bock, A., 1999a: 34). a E , Iv que a “natureza humana não existe e ue afirma assertiva men te q: a propõe a substituição definitiva do termo pela idéia de condição Numa perspectiva sócio-histórica, o conceito de vocação pode oh humana” (1999a: 27). ser expresso da seguinte maneira: a vocação do ser humano é exata- 2) “Existe condição humana” — Nenhum aspecto do homem mente não ter outras vocações. Isto é, ele nasce determinado brologi- é preconcebido na idéia da “condição humana”, camente para nenhuma atividade específica. Uma abelha, esta sim, | m nasce determinada geneticamente para fazer mel: atraída pelo per- “Não há nada em termos de habilidades, faculdades, valores, apti- fume das plantas, ela recolhe o néctar que reage com uma enzima dões ou tendências que nasçam com o ser humano. Às condições bio- dentro de seu corpo, transformando involuntária ou naturalmente lógicas hereditárias do homem são a sustentação de um desenvolvi- aquela substância, que será depositada na colméia, em mel. Sendo mento sócio-histórico, que lhe imprimirá possibilidades, habilidades, radical na compreensão do termo, pode-se dizer que este animal apadoões, valores e tendências historicamente conquistados pela hu- tem um “chamado interno” que o obriga a realizar tal atividade marudade e que se encontram condensados nas formas culturais de- para sua própria sobrevivência e de sua espécie — a abelha tem senvolvidas pelos homens em sociedade.” (Bock, A., 1999a: 28) vocação (pode-se atribuir aqui sentido biológico ou, caso haja fé, 3) “O homem é um ser ativo, social e histórico” religioso) para produzir mel; esta vocação não é fruto de escolhas, — É por meio do trabalho que o ser humano mostra-se ativo, mas sim determinismo da natureza. ao buscar sua sobre- ivência. Ele faz isto com outros seres O ser humano não tem nada em seu corpo que o obrigue a humanos, o que lhe dá a racterística social. A forma de exerc realizar determinada tarefa. Se olharmos para os primeiros huma- ício do trabalho é histórica, Isto é, o modo de produzir nos, encontraremos um animal acuado na caverna e que sai espora- e de relacionar-se com a nat outros ocorre de acordo ur eza e com os dicamente para encontrar alimento. Ele é muito frágil: não tem pelo com o modo de produção de cada período. suficiente para se proteger das mudanças climáticas, não tem asas 4)"O ho mem é criado pelo próp rio homem” para voar, não vive embaixo da água, não tem muita força (compa- “No conjunto de rel açõ rado com os outros animais), não tem velocidade, não tem tama- víduo vai desenv olv nho, couraça, veneno, presas e nem produz naturalmente seu pró- da Consciên cia, o h omem prio alimento. Poderiamos dizer que ele teria poucas chances de sabe seu m cede as cojs as do seu mundo, undo, sabe-se no mundo, ante- sobreviver. Entretanto, não só sobrevive, mas coloca à natureza, tró“é i e reprod partilh uz Significados. à-as Com os outros, troca, cons- que no primeiro momento lhe era absolutamente hostil, a seu ser- nando-se, ap Qu a n d ropria-se da cultura e ad Ore o mundo, relacio» viço. E como ele pode tazer isso? O que tem de brlógico em seu dos “grufica dos e Constrój um sentido, e inguagem; apropria-se corpo que lhe permite realizar o caminho da tragilidade para a do- Tem, assim, todas àS Condições 2 Pessoal para suas vivências. minação? Exatamente seu caráter pouco especifico. Ele desenvolve borar s - cade Igrufi 7 's. O ho Para atuar com os outros, criar e ela- um cérebro maior (em relação ao seu corpo) e CONStrój “seuce. mund mem Se faz home mãos livres para m ao mesmo tempo que manipular. São estes dois elementos mortológicos que, como ponto ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL 74 UMA NOVA CLASSIFICAÇÃO DAS TEORIAS . ida, diferenca am os seres humanos de quaisquer outros ani. de part an B artir prime iros elementos morfológicos, ele cons. mais. A partir de destes am »vivênci arfei O conceito de prevenç ão que, segundo as autoras, ainda tem como re- ferência a doença, a P atologia, que por trói TC imimen º ts E para facilitar sua sobrevivência e os aperfeiçoa isso deveria ser prevenida. constantemente. Porque vive em sociedade com Caros que tais “Promover saúde significa compreender e trabal bém têm cérebros e mãos, todos podem aprender. É nesta relação har duo a partir de suas relações sociais; significa trabal com o indivi- com a natureza e com os outros que o ser humano cresce, desenvol. har estas rela- ções construindo uma compreensã o sobre elas o e a sua transformação ve-se e adquire habilidades. necessária. Promover saúde significa trabalhar para ampliar a cons- Como pode ser compreendido o processo de individuação ciência que o indivíduo possui sobre a realidade que o cerca, neste contexto? Vygostky chama de “internalização a reconstrução instumentando-o para agir, no sentido de transforma r e resolver to- das as dificuldades que essa realidade lhe apresenta.” (Aguiar & Bock, intema de uma operação externa” (1994: 75). Para o autor, o proces- 1995: 12) so de internalização consiste numa série de transformações: “a) Uma operação que inicialmente representa uma atividade externa é reconstruída e começa a ocorrer internamente. [...] b) Um processo interpessoal é transformado num processo intrapessoal. [...] c) A transformação de um processo interpessoal num processo intrapessoal é o resultado de uma longa série de eventos ocorridos ao longo do desenvolvimento” (Vygotsky, 1994: 75). Assim, para o autor: “A internalização das atividades socialmente enraizadas e historicamente desenvolvidas constitui o aspecto característico da psicologia humana; é a base do salto quantitativo da psicologia animal para a psicologia humana” (Vygotsky, 1994: 76). A linguagem assume fundamental importância nessa interna- lização. A “relação entre o pensamento e a palavra não é uma coisa, mas um processo, um movimento contínuo de vaivém do pensa- mento para a palavra, e vice-versa [...]. O pensamento não é sim- plesmente expresso em palavras: é por meio delas que ele passa à existir” (Vygotsky, 1993: 108). “O pensamento e a linguagem [...] são a chave para a com preensão da natureza da consciência huma- na. As palavras desempenham um papel central não só no desen- volvimento do pensamento, mas também na evolução histórica da consciência como um todo. Uma palavra é um microcosm o da cons- ciência humana” (Vygotsky, 1993: 132). Aguiar & Bock (1995) discutem a função da orientaçã o profissio- nal segundodio a visão da Psicologia em bases sócio-históricas. ram-na co Conside u ma intervençã q A o para a promoção da saúde, 4 superando BIBLIOGRAFIA AGUIAR, Wanda M.J. & BOCK, Ana M. B. “Por uma prática promotora de saúde em orientação vocacional”. In: BOCK, Ana M. B. et al. A escolha profissional em questão. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1995. ALTHUSSER, Louis. Aparelhos ideológicos de estado: nota sobre os aparelhos ideológicos de estado. Rio de Janeiro: Graal, 1983. ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho? : ensaio sobre as metamorfoses e a cen- tralidade do mundo do trabalho. São Paulo / Campinas: Cortez, Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1995. . Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do traba- lho. São Paulo: Boitempo, 2000. ASIMOV, Isaac. “A profissão”. In: Nove amanhãs. Rio de Janeiro: Editora Expressão e Cultura, 1977. BENNET, G. K.;SEASHORE, H. G. & WESMAN, A. G. 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