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A palavra “crítica”
“Crítica”: deriva do grego krínein, que significa “julgar”. O vocábulo kritikós já era
usado no século IV A. C. Dois séculos depois, distingui-se kritikós de grammatikós.
A crítica estética já era praticada entre os gregos quatro séculos A. C.
Durante a Idade Média: “crítica” era associada ao vocabulário médico = “doenças
críticas”.
Na Renascença: a crítica designava o “juiz” ou “intérprete” de obras literárias, em
parceria com o gramático e o filólogo.
Século XVII: o termo aparece em títulos de obras.
1842: “ciência da literatura” substituiu o “criticismo” que já era comum em língua
inglesa.
“Seja como for, desde há um século a palavra ‘crítica’, ou qualquer de seus sinônimos,
enriqueceu-se de sentido e tornou-se universalmente aceita como designativo de análise,
interpretação e julgamento da obra de arte ou de objetos paralelos (crítica da situação
econômica, crítica do progresso científico etc.), ou ainda indicativo dos modos de julgar
(crítica histórica, crítica oral, crítica jurídica etc.).” (MOISÉS).
A POÉTICA CLÁSSICA
A crítica nasceu na Grécia, com Platão e Aristóteles. Platão pensa mais a Estética do
que a Literatura, pois “especulava as questões antes do ângulo filosófico do que do
literário”. “Partindo da ideia de que a alma é anterior ao nascimento e posterior à morte,
Platão adverte que a alma lembra das realidades primordiais, as ideias, que conhecia
antes de corporificar-se. A poesia cumpriria a função de despertar o leitor ou ouvinte
para a contemplação da beleza absoluta entrevista por seu criador. De onde o
desempenho ético do poema: o seu desfrute pressuporia a elevação do ser para as
transcendências, a superação da esfera inferior em que se situa (plano sensível) a fim de
emigrar para a esfera superior, onde moram as ideias (plano inteligível).” (MOISÉS).
Aristóteles, seu discípulo, propõe uma interpretação indutiva, materialista, literária,
pois admite apenas uma realidade. É um precursor do conhecimento científico e
positivo. Em sua Poética, reporta-se ao teatro e à epopeia, tornando-se a primeira obra a
levantar questões fundamentais da teoria literária, válidas ainda hoje, como suas
proposições sobre gênero, verossimilhança, o pathos, o enredo, os personagens, o
tempo, o espaço, a mimese, a metáfora etc. É considerado o pai da crítica literária.
Classifica as obras segundo as analogias (gêneros literários), de onde prescinde a
mimese – imitação.
Horácio (já no trânsito para a Roma – século I A. C.). Escreve Arte Poética “com a
intenção de fornecer normas e conselhos àqueles que pretendiam elaborar obras
dramáticas. Para tanto, retoma a proposta platônica e advoga a existência de fins éticos
para o exercício da literatura. Por outro lado, considera que o alcance moral da arte se
efetue por meio de regras precisas e inflexíveis, o que converte a crítica numa disciplina
normativa, didática e apriorística”.
Horácio considera que os velhos gregos são exemplos para os modernos, pois
conseguem harmonizar a arte com o engenho. O bom poeta é aquele que harmoniza
engenho e arte.
Função da arte, para Horácio: esteticismo x eticismo. A arte deve agradar e ser útil. O
crítico deve ser verdadeiro. O manuscrito deve ser gestado por nove anos. O poeta, além
de possuir o dom de que falamos, deve aperfeiçoar-se pelo estudo e pela prática. Opõe-
se ao automatismo psíquico.
POEMAS
Texto 1:
A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nos queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-proprios.
Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.
Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.