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Estética em Platão, Aristóteles e Kant

Estética

Quando se fala em Estética na filosofia, pensa-se nas perguntas filosóficas


que são feitas sobre nossas percepções, sobre a sensibilidade e sobre a
sedução. A Estética, que também pode ser chamada de “Filosofia da Arte”, é
a investigação sobre as coisas que nos afetam a partir da sensibilidade, de
nossas paixões e de tudo que é artístico. Sendo assim, se procurará na estética,
fazer uma investigação filosófica sobre nossos gostos, sobre a arte e a beleza, e
tudo aquilo que nos afeta através dos sentidos. Sendo assim, a Estética tem a
ver com a percepção, a sensibilidade e a sedução, mas também, com a
realidade de um ponto de vista racional.

Platão

Platão possui sua filosofia onde o mundo das ideias, dissociado do mundo
sensível, é o mundo perfeito ao qual se deve buscar. Por conta disso, o filósofo
se posicionará de modo a depreciar tudo o que temos contato a partir do meio
sensível.
Se para Platão, vivemos em um mundo que nada mais é que uma cópia
imperfeita do mundo perfeito presente no mundo das ideias, o artista, que
retrata o mundo faz um “cópia da cópia”. Com isso, o pintor se afasta da
realidade em 3 graus, o que se configura como um problema, pois se afastando
tanto do mundo das ideias, não é a ele possível também acessar ao Belo,
conceito esse presente no mundo inteligível. O que o artista, para Platão faz é
uma mimesis.
 Mímesis: que no grego significa “imitação”.
Assim sendo, Platão não vê o artista com bons olhos, uma vez que se afasta
da realidade e da verdadeira beleza presente no mundo das ideias.

Aristóteles
A arte para Aristóteles, divergindo do pensamento platônico, tem a
capacidade de trazer leveza e bem estar para a vida, uma vez que seu fim não
é atingir um ideal de beleza, mas retratar cenas da vida humana. A respeito da
arte grega, Aristóteles se debruça sobre as Comédias e Tragédias gregas
 Comédias e Tragédias: a primeira trazendo risos e diversões e a
segunda ao experenciar a dor e o sofrimento, fazem-nos mudar
nossas visões de mundo, alterar nossas visões da realidade e até
mesmo a muda-la. Assim sendo, através da estética, os homens pode
chegar à Catar-se.
 Catar-se: É a depuração ou a purificação do espírito até qual os
homens são elevados pela arte.
Kant

Imannuel Kant se distancia do período dos nossos dois filósofos,


mas traz contribuições fundamentais para o campo de estuda da
Estética.
Juízo Estético em Kant:

Kant considera que o sentimento do que é belo é universal, ou seja, está


presente em todos e por todos é identificável, enquanto o sensação do agrado
tem como característica ser individual. Sendo assim, apesar de possuirmos
gostos diferentes, todos comungamos de um mesmo sentimento do belo.
Com isso, Kant diz que o juízo de gosto é a capacidade de cada um de
julgar os objetos segundo sua beleza. A partir dessa possibilidade de julgar,
pode-se despetar as formulações de beleza. Kant entende o Belo como algo
sublime, transcendental, e que é identificado nos gostos. Portanto, os gostos não
são identificados a partir do belo, mas sim através da ideia de belo é que se tem
cada gosto. Além disso, Kant coloca que o juízo de gosto é sem interesse, ou
seja, o gosto deve ser algo que tenha seu fim em si mesmo, não possua
nenhuma outra finalidade.

 O Gosto é um sentimento individual e o Belo é um sentimento


universal
 O Belo é transcendental
 O Juízo de Gosto é desinteressado.

Questões

1. (Uel 2019) Leia o texto a seguir.

Os melhores de entre nós, quando escutam Homero ou qualquer poeta trágico


a imitar um herói que está aflito e se espraia numa extensa tirada cheia de
gemidos, ou os que cantam e batem no peito, sabes que gostamos disso, e que
nos entregamos a eles, e os seguimos, sofrendo com eles, e com toda seriedade
elogiamos o poeta, como sendo bom, por nos ter provocado até o máximo,
essas disposições. [...] Mas quando sobrevém a qualquer de nós um luto pessoal,
reparaste que nos gabamos do contrário, se formos capazes de nos mantermos
tranquilos e de sermos fortes, entendendo que esta atitude é característica de
um homem [...]?

PLATÃO. A República. 605 d-e. Trad. Maria Helena da Rocha Pereira. 12. ed.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2010. p. 470.

Com base no texto, nos conhecimentos sobre mimesis (imitação) e sobre o


pensamento de Platão, assinale a alternativa correta:
a) A maneira como Homero constrói seus personagens
retratando reações humanas deve ser imitada pelos demais
poetas, pois é eticamente aprovada na Cidade Ideal
platônica.
b) O fato de mostrar as emoções de maneira exagerada em seus
personagens faz de Homero e de autores de tragédia
excelentes formadores na Cidade Ideal pensada por Platão.
c) Reagir como os personagens homéricos e trágicos é digno de
elogio, pois Platão considera que a descarga das emoções é
benéfica para a formação ética dos cidadãos.
d) Poetas como Homero e autores de tragédia provocam
emoções de modo exagerado em quem os lê ou assiste, não
sendo bons para a formação do cidadão na Cidade Ideal
platônica.
e) A imitação de Homero e dos trágicos das reações humanas
difere da dos pintores, pois, segundo Platão, não estão
distantes em graus da essência, por isso podem fazer parte da
cidade justa.

2. (Uel 2018) Leia o texto a seguir.

Rochedos audazes sobressaindo-se por assim dizer ameaçadores, nuvens


carregadas acumulando-se no céu, avançando com relâmpagos e
estampidos, vulcões em sua inteira força destruidora, furacões com a
devastação deixada para trás, o ilimitado oceano revolto, uma alta queda
d’água de um rio poderoso etc. tornam nossa capacidade de resistência de
uma pequenez insignificante em comparação com o seu poder. Mas o seu
espetáculo só se torna tanto mais atraente quanto mais terrível ele é, contanto
que, somente, nos encontremos em segurança; e de bom grado denominamos
estes objetos sublimes, porque eles elevam a fortaleza da alma acima de seu
nível médio e permitem descobrir em nós uma faculdade de resistência de
espécie totalmente diversa, a qual encoraja a medir-nos com a aparente
onipotência da natureza.

(KANT, I. Crítica da Faculdade do Juízo. Trad. Antonio Marques e Valério Rohden.


Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995. p. 107.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o juízo de gosto e o sublime na


estética moderna, particularmente em Kant, assinale a alternativa correta.
a) O conceito de beleza, resultante da atividade do entendimento, permite
apreender o sentido dos eventos ameaçadores, protegendo o sujeito da
destruição.
b) Os elementos da natureza compõem o núcleo da teoria kantiana do juízo de
gosto, constituindo, também, parte importante da sua concepção de gênio.
c) Os eventos naturais de proporções ameaçadoras provocam nosso interesse
quando nos situam na possibilidade iminente de sermos por eles destruídos.
d) O sublime não está contido em nenhuma coisa da natureza, e sim em nosso
ânimo, quando nos tornamos conscientes de nossa superioridade à natureza.
e) A faculdade de resistência à dimensão ameaçadora e destruidora dos
eventos naturais de grande magnitude é a faculdade produtora do belo.
3. (Uel 2015) Leia os textos a seguir.

A arte de imitar está bem longe da verdade, e se executa tudo,


ao que parece, é pelo facto de atingir apenas uma pequena
porção de cada coisa, que não passa de uma aparição.
Adaptado de: PLATÃO. A República. 7.ed. Trad. de Maria
Helena da Rocha Pereira. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1993.
p.457.

O imitar é congênito no homem e os homens se comprazem no


imitado.
Adaptado de: ARISTÓTELES. Poética. 4.ed. Trad. De Eudoro de
Souza. São Paulo: Nova Cultural, 1991. p.203. Coleção “Os
Pensadores”.

Com base nos textos, nos conhecimentos sobre estética e a questão da mímesis
em Platão e Aristóteles, assinale a alternativa correta.

a) Para Platão, a obra do artista é cópia de coisas fenomênicas, um exemplo


particular e, por isso, algo inadequado e inferior, tanto em relação aos objetos
representados quanto às ideias universais que os pressupõem.
b) Para Platão, as obras produzidas pelos poetas, pintores e escultores
representam perfeitamente a verdade e a essência do plano inteligível,
sendo a atividade do artista um fazer nobre, imprescindível para o
engrandecimento da pólis e da filosofia.
c) Na compreensão de Aristóteles, a arte se restringe à reprodução de objetos
existentes, o que veda o poder do artista de invenção do real e impossibilita
a função caricatural que a arte poderia assumir ao apresentar os modelos de
maneira distorcida.
d) Aristóteles concebe a mímesis artística como uma atividade que reproduz
passivamente a aparência das coisas, o que impede ao artista a possibilidade
de recriação das coisas segundo uma nova dimensão.
e) Aristóteles se opõe à concepção de que a arte é imitação e entende que a
música, o teatro e a poesia são incapazes de provocar um efeito benéfico e
purificador no espectador.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Observe a figura a seguir e responda à(s).

A figura mostra Atenas na atualidade. Observam-se as ruínas da Acrópolis –


onde ficavam os templos como o Parthenon –, o Teatro de Dionísio e a Asthy –
com a Ágora (Mercado/Praça Pública) e as casas dos moradores.

4. (Uel 2014) Leia o texto a seguir.

Para Aristóteles, a boa convivência entre os habitantes da cidade ideal não


seria nunca obtida com a mera apathia (ausência de paixões) platônica, mas
somente através de uma boa medida entre razão e afetividade. Enfim, a arte
não apenas é capaz de nos trazer saber, ela tem também uma função
edificante e pedagógica.

(FEITOSA, C. Explicando a filosofia com arte. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004, p.123.)

Com base na figura, no texto, nos conhecimentos sobre Aristóteles e na ideia


de que os espaços do Teatro, da Ágora, dos Templos na cidade de Atenas
foram imprescindíveis para a vocação formativa da arte na Grécia Clássica,
considere as afirmativas a seguir.

I. A catarse propiciada pelas obras teatrais trágicas apresentadas na cidade


grega operava uma transformação das emoções e tornava possível que os
cidadãos se purificassem e saíssem mais elevados dos espetáculos.
II. A obra poética educava e instruía o cidadão da cidade grega, e isso
acontecia por consequência da satisfação que este sentia ao imitar os atos
dos grandes heróis que eram encenados no teatro.
III. O poeta demonstrava o universal como possível ao criar modelos de
situações exemplares, que permitem fortalecer o sentimento de
comunidade.
IV. O belo nas diversas artes, como nos poemas épicos, na
tragédia e na comédia, desvinculava--se dos laços morais
e sociais existentes na polis, projetando-se em um mundo
idealizado.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas I e II são corretas.


b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

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