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ADRIANO FERNANDES FERREIRA

(autor e organizador)

Comentários à Lei de Arbitragem


1ª edição
2018
Copyright © 2018 Adriano Fernandes (autor e organizador)

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REVISÃO, CAPA E DIAGRAMAÇÃO


Equipe Cia do eBook

ISBN
9788555851162

EDITORA CIA DO EBOOK


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SUMÁRIO
Capa
Espelho
Página de créditos
Apresentação
1. O QUE É ARBITRAGEM?
2. QUAL A ORIGEM E A APLICAÇÃO DA PALAVRA ARBITRAGEM?
3. A LEI DE ARBITRAGEM E O HISTÓRICO COM RELAÇÃO AOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE NOVA YORK, UNCITRAL E PANAMÁ.
4. LEGISLAÇÕES QUE JÁ PREVIAM A ARBITRAGEM NO BRASIL: ORDENAÇÕES AFONSINAS, MANUELINAS E FILIPINAS.
5. HISTÓRICO DAS LEIS DE ARBITRAGEM NO BRASIL
6. ARBITRAGEM: VANTAGENS E DESVANTAGENS DO INSTITUTO
7. A CONSTITUCIONALIDADE DA LEI N.º 9.307/96
8. NATUREZA JURÍDICA DA ARBITRAGEM
9. ARBITRABILIDADE SUBJETIVA E OBJETIVA
10. PRINCÍPIOS NORTEADORES DA ARBITRAGEM
11. ARBITRAGEM INSTITUCIONAL
12. ARBITRAGEM AD HOC OU AVULSA
13. CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM
14. DA CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA E A SUA AUTONOMIA
15. DOS EFEITOS DA CONVENÇÃO ARBITRAL
16. DO COMPROMISSO ARBITRAL
17. DA CONVIVÊNCIA ENTRE A CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA E A ELEIÇÃO DE FORO
18. QUEM PODE SER ÁRBITRO
19. ATRIBUTOS DOS ÁRBITROS
20. DO IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO DO ÁRBITRO
21. A SUBSTITUIÇÃO DO ÁRBITRO
22. DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO ÁRBITRO
23. O ÁRBITRO COMO JUIZ DE FATO E DE DIREITO, SUA AUTORIDADE E EFEITOS DA SENTENÇA
24. DOS PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCEDIMENTO ARBITRAL
25. DA CRONOLOGIA DO PROCEDIMENTO
26. A INSTAURAÇÃO DA ARBITRAGEM – A EXCEÇÃO DE RECUSA DO(S) ÁRBITRO(S) – A ARGUIÇÃO DE VÍCIOS RELATIVOS A COMPETÊNCIA, NULIDADE, INVALIDADE,
INEFICÁCIA DA CONVENÇÃO
27. A ORGANIZAÇÃO DA ARBITRAGEM – FALTA DE ASSINATURA NO TERMO DE ARBITRAGEM E FASE POSTULATÓRIA NA ARBITRAGEM
28. DOS ATOS PROCESSUAIS NA ARBITRAGEM
29. REVELIA NA ARBITRAGEM
30. DA CONCILIAÇÃO NA ARBITRAGEM
31. DO DEPOIMENTO DAS PARTES, TESTEMUNHAS E TESTEMUNHAS TÉCNICAS – EXPERT WITNESSE
32. QUESTÃO PREJUDICIAL RELATIVA A DIREITO S INDISPONÍVEIS
33. AS DESPESAS E A CONFIDENCIALIDADE NA ARBITRAGEM
34. A INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO PELA INICIATIVA DA ARBITRAGEM
35. PARTICIPAÇÃO DE ADVOGADO E ASSISTENTE DA PARTE
36. DAS MEDIDAS CAUTELARES NA ARBITRAGEM
37. AS MEDIDAS CAUTELARES ANTECEDENTES E NO CURSO DA ARBITRAGEM
38. CONVENÇÃO ARBITRAL LIMITANDO A APRECIAÇÃO PELO ÁRBITRO DE TUTELAS CAUTELARES
39. TUTELA ANTECIPADA NA ARBITRAGEM
40. A COOPERAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO
41. SENTENÇA ARBITRAL
42. PRAZO PARA SER PROFERIDA
43. REQUISITOS DA SENTENÇA ARBITRAL: RELATÓRIO, FUNDAMENTAÇÃO E DISPOSITIVO
44. REQUISITOS DA SENTENÇA ARBITRAL: DATA E LOCAL45. JULGAMENTO PROFERIDO POR TRIBUNAL ARBITRAL
45. JULGAMENTO PROFERIDO POR TRIBUNAL ARBITRAL
46. EFEITOS DA SENTENÇA ARBITRAL E SENTENÇA PARCIAL (JULGAMENTO POR ETAPAS)
47. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA ARBITRAL
48. DA EFICÁCIA DA SENTENÇA ARBITRAL DECLARATÓRIA, CONSTITUTIVA OU EXECUTIVA LATO SENSU
49. DA EXECUÇÃO DA SENTENÇA ARBITRAL CONDENATÓRIA AO PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA EM DINHEIRO
50. PRAZO PARA CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
51. POLÊMICA A RESPEITO DA MULTA PELO NÃO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA
52. DA EXECUÇÃO DA SENTENÇA ARBITRAL IMPONDO OBRIGAÇÃO DE FAZER E NÃO FAZER
53. DA EXECUÇÃO DA SENTENÇA ARBITRAL CONTRA A FAZENDA PÚBLICA
54. INVALIDAÇÃO DA SENTENÇA ARBITRAL
55. DAS CAUSAS DE INVALIDAÇÃO DA SENTENÇA ARBITRAL
56. EFEITOS DA DESCONSTITUIÇÃO DA SENTENÇA ARBITRAL
57. ARBITRAGEM NO DIREITO FALIMENTAR
58. A ARBITRAGEM NO DIREITO SOCIETÁRIO
59. ARBITRAGEM NO DIREITO PÚBLICO
60. AUTOCOMPOSIÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: CÂMARA DE CONCILIAÇÃO E ARBITRAGEM DA ADMINISTRAÇÃO FEDERAL E ASPECTOS DA LEI DE MEDIAÇÃO
61. ARBITRAGEM NO DIREITO DE FAMÍLIA
62. ARBITRAGEM NO DIREITO DAS SUCESSÕES
63. ARBITRAGEM DOMÉSTICA E ARBITRAGEM INTERNACIONAL
64. ESCOLHA DE LEI APLICÁVEL AO MÉRITO DA CONTROVÉRSIA
65. HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ARBITRAL ESTRANGEIRA
66. ARBITRAGEM INTERNACIONAL NORMATIVA, OBJETO E COMPETÊNCIA
Bibliografia
Notas de rodapé
APRESENTAÇÃO
A UNIÃO FAZ O LIVRO (a força), o livro Comentários a Lei de Arbitragem é oriundo das discussões realizadas no Curso de Pós-Graduação em
Processo Civil da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Amazonas, na disciplina Soluções Adequadas de Conflitos, na qual cada discente ficou
responsável pela pesquisa e escrita sobre um tópico específico. O Professor responsável da disciplina Professor Doutor ADRIANO FERNANDES
FERREIRA na função de autor e coordenador do trabalho estruturou as ideias e redigiu a versão final.
Os trabalhos fruto das pesquisas dos pós-graduandos abordam de forma objetiva os tópicos específicos da Lei n.º 9.307/96, destinando-se a todos os
interessados nesta área do Direito, desde os estudantes de graduação aos profissionais da área forense.
A obra Comentários a Lei de Arbitragem tem como foco a publicação dos artigos produzidos pelos pós-graduandos em Direito Processual Civil e foi
construída de maneira democrática e plural. Nela os autores expõem e analisam a Lei de Arbitragem buscando provocar no leitor uma reflexão apurada
acerca dos temas que permeiam os mecanismos de solução de conflitos.
O autor Adriano Fernandes Ferreira é coordenador do Grupo de Estudos em Arbitragem e Direito Empresarial da Universidade Federal do Amazonas –
GEADE, com objetivo de possibilitar que os acadêmicos da Faculdade de Direito tenham maior contato com uma seara do Direito e vivenciem
experiências em painéis de discussões (“moots”) acerca do Instituto da Arbitragem, não somente em nível Nacional, como também Internacional. A UFAM
é pioneira na região Norte, na divulgação, preparação e estudo da Arbitragem, possibilitando, futuramente, atender às necessidades da sociedade, vez que a
Arbitragem possui diversas vantagens quando comparada à via Judicial.
São coautores do presente livro:
1. Tupinamba Tiago e Souza - A Lei de Arbitragem e o histórico com relação aos tratados internacionais de Nova York, UNCINTRAL e
Panamá
2. Rosinaldo dos Santos Raulino - Histórico das leis de arbitragem
3. Sara Rafaella Jorge Araújo - Arbitragem vantagens e desvantagens do instituto
4. Adrya Prates - A constitucionalidade da Lei n.º 9.307/1996
5. Afonso Rebelo de Castro - Natureza jurídica da arbitragem
6. Alex Penha do Amaral - Arbitrabilidade subjetiva e objetiva
7. Altemir de Souza Pereira - Princípios norteadores da arbitragem
8. André Oliveira Cabral - Arbitragem institucional
9. Antonio Lucas Feitoza Pantoja - Arbitragem ad hoc ou avulsa
10. Ariel Patrícia de Lima da Silva - Convenção de arbitragem
11. Ariela Brito Marques - Da cláusula compromissória e a sua autonomia
12. Bianka Caelli Barreto Rodrigues - Cláusulas patológicas
13. Brenda Sarah Lima Maquiné - Cláusula arbitral escanolada
14. Sisifo Monteiro Filho - Dos efeitos da convenção arbitral
15. Charles Gomes da Costa Júnior - Do compromisso arbitral
16. Daniel Reis e Silva - Da convivência entre a cláusula compromissória e a eleição de foro
17. Devid Vinicius Xavier da Costa - Quem pode ser árbitro
18. Eduardo Felipe Menezes Mendonça - A escolha dos árbitros e o número de árbitros
19. Elisa Pinto Gomes - O presidente do órgão arbitral
20. Érica Melo e Silva - Atributos dos árbitros
21. Evandro Marinho da Fonseca - Do impedimento e suspeição do árbitro
22. Fabio Lindoso e Lima - A substituição do árbitro
23. Fábio Gonçalves Cruz de Assis - Da responsabilidade civil do árbitro
24. Fernanda Couto de Oliveira - O árbitro como juiz de fato e de direito, sua autoridade e efeitos da sentença
25. Fernanda Kelen - Dos princípios informativos do procedimento arbitral
26. Gabriela Lima - Da cronologia do procedimento
27. Girlene de Souza Portela - A instauração da arbitragem – a exceção de recusa do(s) árbitro(s) – a arguição de vícios relativos a
competência, nulidade, invalidade, ineficácia da convenção
28. Jofre Luis da Costa Oliveira - A organização da arbitragem – falta de assinatura no termo de arbitragem e fase postulatória na
arbitragem
29. Heitevaldo Neto - Dos atos processuais na arbitragem
30. Igor dos Santos Praia - Revelia na arbitragem
31. Inácio Francisco Carneiro Fontenele - Da conciliação na arbitragem
32. Isabelle Benlolo de Azevedo - Do depoimento das partes, testemunhas e testemunhas técnicas – expert witnesses
33. Rodrigo Otávio Lamêgo Vasconcelos - Questão prejudicial relativa à direitos indisponiveis
34. Iza Florêncio de Carvalho - As despesas e a confidencialidade na arbitragem
35. Jackline Stéphanne Assafh Moutbaten Windsor Seixas Hafid - A interrupção da prescrição pela iniciativa da arbitragem
36. Jean da Silva Moura - Das medidas cautelares na arbitragem
37. Jerry Lúcio Dias da Silva Júnior - As medidas cautelares antecedentes e no curso da arbitragem
38. Jéssica dos Reis Lima Ferreira - Convenção arbitral limitando a apreciação pelo árbitro de tutelas cautelares
39. Jeú Linhares Bentes Júnior - Tutela antecipada na arbitragem
40. João Thiago Cavalcante - A cooperação do poder judiciário
41. Johnny de Oliveira Salles - Sentença arbitral
42. José Perceu Valente de Freitas - Requisitos da sentença arbitral: relatório, fundamentação e dispositivo
43. Fábio Castilho - Requisitos da sentença arbitral: data e local
44. Juliana Costa da Silva - Julgamento proferido por tribunal arbitral
45. Juliana de Souza Carolino - Efeitos da sentença arbitral e sentença parcial (julgamento por etapas)
46. Juliana Mayara da Silva Sampaio - Cumprimento de sentença arbitral
47. Juzy Carla Andrade dos Santos - Da eficácia da sentença arbitral declaratória, constitutiva ou executiva lato sensu
48. Kalel de Freitas Almeida - Da execução da sentença arbitral condenatória ao pagamento de quantia certa em dinheiro
49. Karla Caroline dos Santos Freitas - Prazo para cumprimento de sentença
50. Henrique Wendhausen - Polêmica a respeito da multa pelo não cumprimento da sentença
51. Kryslaine de Oliveira Silva - Da execução da sentença arbitral impondo obrigação de fazer e não fazer
52. Laécio Pereira Mineiro - A fixação de prazo para cumprimento da obrigação e multa pela inércia
53. Luiza Veneranda Pereira Batista - Da execução da sentença arbitral contra a fazenda pública
54. Marcella Helena Vasconcellos Costa - Invalidação da sentença arbitral
55. Maria Glades Rodrigues Guedes - Procedimentos e efeitos da desconstituição da sentença arbitral
56. Nadynny Nogueira de Souza Bentes - Arbitragem no direito falimentar
57. Nathasha Cristina Melo da Rocha de Holanda Bessa - A arbitragem no direito societário
58. Panthev da Trindade Maciel - Arbitragem no direito público
59. Pedro Kleiber de Bezerril Beltrão Júnior - Autocomposição na administração pública: Câmara de Conciliação e Arbitragem da A
Federal e aspectos da Lei de Mediação
60. Paula Gama de Paiva - Arbitragem no direito de família
61. Paulo Lindoso - Arbitragem no direito das sucessões
62. Gustavo Veiga Adolfs - Arbitragem doméstica e arbitragem internacional
63. Paulo Eduardo Pereira Lima - Arbitragem doméstica e arbitragem internacional
64. Pedro de Menezes Gadelha - Escolha de lei aplicável ao mérito da controvérsia
65. Reginaldo Souza de Oliveira - Arbitragem internacional normativa, objeto e competência
66. Pedro Lucas Portugal Al-Behy Kanaan - Homologação de sentença arbitral estrangeira
1. O QUE É ARBITRAGEM?
A arbitragem é um método milenar heterocompositivo de solução de conflitos, presente no contexto mundial e, inclusive, no ordenamento brasileiro,
através do qual os conflitantes elegem, de comum acordo, uma terceira pessoa para a solução amigável e imparcial da controvérsia, sem a intervenção
estatal.1
Marinoni2 diz que teria surgido em razão da demora e do despreparo “do Estado para o julgamento de determinados conflitos, ocasionando a tendência
de transferir algumas demandas endereçadas ao Poder Judiciário para os chamados tribunais arbitrais”.
Cahali,3 por seu turno, refere-se à arbitragem como meio alternativo de solução de controvérsia, e não como substituto, in verbis:
Refere-se a alternativo tendo como parâmetro a jurisdição estatal, mas não como substituto de um sistema jurídico capaz de desvencilhar-se do ordenamento, pois na arbitragem aplica-se o
direito material e processual, além dos princípios gerais e a Constituição Federal, ou seja, seria uma alternativa à justiça estatal, mas seguindo regras jurídicas para o julgamento.

No Brasil, o instituto se tornou importante, de fato, com a promulgação da Lei n.º 9.307, de 23 de setembro de 1996, vista como um marco divisório,
mas que logo provocou polêmicas acerca de sua constitucionalidade, o que será analisado adiante.
2. QUAL A ORIGEM E A APLICAÇÃO DA PALAVRA ARBITRAGEM?
A palavra “arbitragem” tem origem no latim, de arbiter, que significa juiz, louvado ou jurado e é entendida como um processo que põe fim a um litígio
entre duas ou mais pessoas.4
Para Carreira Alvim o conceito de arbitragem “é a expressão da vontade das partes interessadas, manifestadas numa mesma direção, de se socorrerem
da arbitragem para a solução dos seus (virtuais ou reais) litígios”.5
Já para Scavone Júnior:
A arbitragem pode ser definida, assim, como o meio privado e alternativo de solução de conflitos decorrentes de direitos patrimoniais e disponíveis por meio do árbitro, normalmente um
especialista na matéria controvertida, que apresentará uma sentença arbitral que constitui título executivo judicial.6

Por fim, para Carlos Carmona a arbitragem é:


Meio alternativo de solução de controvérsias através da intervenção de uma ou mais pessoas que recebem seus poderes de uma convenção privada, decidindo com base nela, sem
intervenção estatal, sendo a decisão destinada a assumir a mesma eficácia da sentença judicial – é colocada à disposição de quem quer que seja, para solução de conflitos relativos a direitos
patrimoniais acerca dos quais os litigantes possam dispor.7

O que se percebe é que a doutrina é uníssona ao conceituar a arbitragem como um instrumento alternativo para a solução de conflitos, o que já não se
pode dizer sobre a sua natureza jurídica, como será visto à frente.
3. A LEI DE ARBITRAGEM E O HISTÓRICO COM RELAÇÃO AOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE NOVA YORK, UNCITRAL E
PANAMÁ.
Nos litígios no âmbito do comércio internacional, desde há muito se constatou a preferência pelo sistema arbitral, opção considerada mais apta a lidar
com as necessidades e especificidades do setor. Não por outro motivo, diz-se que nesta área a arbitragem deixou de ser meio alternativo e tornou-se o
principal mecanismo de solução de controvérsias.8
Com o objetivo de estruturar melhor os procedimentos de conciliação e de mediação várias instituições ligadas à arbitragem privada internacional
elaboraram regras procedimentais específicas, assim como a Câmara Internacional de Comércio de Paris com o seu Regulamento de Conciliação de
01.01.1988, e a American Arbitration Association – AAA, com as suas Commercial Mediation Rules de 01.01.1992, entre muitas outras instituições que
fizeram o mesmo. Ademais, também a UNCITRAL (United Nations Commission on International Trade Law) de 04.12.1980.9
A presença da arbitragem em nosso sistema jurídico pátrio é verificada desde a época em que o Brasil ainda estava submetido à colonização
portuguesa.
No Brasil a arbitragem surgiu pela primeira vez na Constituição do Império, em 1824, que previa no seu art. 160 que às partes era dada a faculdade de
nomear juízes-árbitros para solucionar litígios cíveis, sendo as suas decisões executadas sem recurso, caso assim fosse convencionado.
Em que pese a existência da arbitragem no Brasil desde a Constituição Federal de 1824, sua aplicabilidade era pequena, pois existiam, basicamente, três
empecilhos principais: i) a exigência de que o laudo arbitral doméstico fosse sempre homologado pelo Judiciário, a fim de se tornar exequível; ii) a
obrigatoriedade de que o laudo arbitral proferido no exterior fosse homologado também pela Justiça estrangeira, antes de ser submetido à aprovação do
STF (hoje, após a EC 45/2004, pelo STJ); e iii) a falta de execução específica atribuída às cláusulas compromissórias que porventura existissem em
contratos, que no entender da época representavam mera obrigação de fazer.10
A Constituição Federal de 1891 foi omissa quanto à utilização da arbitragem como meio extrajudicial de solução de controvérsia, sendo retomada
apenas na Constituição de 1934, na qual tomou por bem admitir a arbitragem, assegurando à União competência para legislar sobre as regras
disciplinadoras do referido instituto. Veja-se o teor do seu artigo 5.º, inciso XIX, alínea “c”, bem como o parágrafo terceiro:
Artigo 5.º Compete privativamente à União:
XIX - legislar sobre: (...)
c) normas fundamentais do direito rural, do regime penitenciário, da arbitragem comercial, da assistência social, da assistência judiciária e das estatísticas de interesse coletivo; (...)
§ 3.º A competência federal para legislar sobre as matérias dos números XIV e XIX, letras “c” e “i”, in fine, e sobre registros públicos, desapropriações, arbitragem comercial, juntas
comerciais e respectivos processos; requisições civis e militares, radiocomunicação, emigração, imigração e caixas econômicas; riquezas do subsolo, mineração, metalurgia, águas, energia
hidrelétrica, florestas, caça e pesca, e a sua exploração não exclui a legislação estadual supletiva ou complementar sobre as mesmas matérias. As leis estaduais, nestes casos, poderão,
atendendo às peculiaridades locais, suprir as lacunas ou deficiências da legislação federal, sem dispensar as exigências desta. (grifo nosso)

As constituições brasileiras de 1937, 1946 e 1967 não valorizaram o instituto da arbitragem, sendo omissas a esse respeito.
Com a atual Constituição Federal de 1988 é que a arbitragem teve o seu reconhecimento constitucional, mais precisamente nos artigos 4.º, VII e 114, §
1.º, os quais versam respectivamente sobre a solução pacífica dos litígios e a negociação através de árbitros de causas que envolvam o direito coletivo do
trabalho.
No Brasil, a arbitragem está prevista na Lei n.º 9.307/96.11 Além dessa legislação, o Brasil também é signatário da Convenção Interamericana do
Panamá, de 1975,12 da Convenção de Nova Iorque de 1958,13 que dispõe a respeito do reconhecimento e execução de sentenças arbitrais estrangeiras, mas
que somente foi aprovada e promulgada no Brasil em 2002 (Decreto 4.311 de 23.07.2002).14
Malgrado o início vacilante da lei, a arbitragem atualmente desfruta de panorama normativo e jurisprudencial cada vez mais favorável. De início,
muitas de suas inovações foram recebidas com ceticismo e, ainda em 1996, a própria constitucionalidade da lei foi colocada à prova. Somente ao final do
ano de 2001 – portanto, 5 anos depois de sua promulgação – o Supremo Tribunal Federal - STF - confirmou que o diploma era constitucional em sua
integralidade. Uma década depois da decisão do STF, a jurisprudência brasileira é, como regra, bastante favorável à arbitragem.15
Contudo, com o passar do tempo os números relativos à popularização da arbitragem são expressivos. Já no décimo aniversário da Lei de Arbitragem,
constatava-se expressivo crescimento dos novos casos de arbitragem no Brasil. No mesmo ano (2006), a participação brasileira em arbitragem já
correspondia a 2,5% dos novos casos da CCI, instituição das mais prestigiadas no Brasil e no mundo.16
Atualmente, estima-se que cerca de 90% dos contratos internacionais de comércio contêm uma cláusula arbitral. Em contratos internacionais referentes
à construção de complexos industriais e projetos de construções similares, o índice de cláusulas arbitrais, inseridas nestes contratos, é de quase 100%.
Neste terreno, a decisão das lides decorrentes de tais relações jurídicas é atribuída, basicamente, a tribunais arbitrais e não aos tribunais estatais.17
Na Lei de Arbitragem brasileira, os requisitos legais para reconhecimento da sentença estrangeira de laudo arbitral, estão presentes nos artigos 38 a 40,
além da Resolução n.º 9/2004, do Superior Tribunal de Justiça18.
Pois bem, antes da legislação de 1996, e da Emenda Constitucional n.º 45 de 2004, distinguia-se a cláusula arbitral do compromisso arbitral,
obstaculizando a realização de arbitragem, pois não existia a obrigatoriedade de se fazer a arbitragem, caso as partes não entabulassem o compromisso
arbitral.
O sistema brasileiro exigia a dupla homologação do laudo arbitral estrangeiro, o que também barrava o reconhecimento da sentença estrangeira, caso
não tivesse ocorrido o reconhecimento no segundo Estado.
A execução da sentença arbitral tornou-se célere a partir da Convenção Interamericana sobre Arbitragem Comercial Internacional do Panamá de
30.01.1975, sendo aprovada mediante o Decreto Legislativo n.º 90, de 6 de junho de 1995, e promulgada pelo Decreto n.º 1.902, de 9 de maio de 1996,
tendo como países signatários: Chile, Costa Rica, Equador, Guatemala, Honduras, Colômbia, México, Panamá, Paraguai, Peru, El Salvador, Uruguai,
Estados Unidos, Venezuela e Argentina. No mesmo sentido, a Convenção Interamericana sobre a Eficácia Extraterritorial das Sentenças e Laudos Arbitrais
Estrangeiros de Montevidéu de 08.05.1979 que afastou a exigência de citação por carta rogatória para residentes no Brasil, tendo com países que a
ratificaram: Argentina, Equador, Colômbia, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.19
Assim, todos os países integrantes do Mercosul atualmente estão vinculados a regras jurídicas sobre o reconhecimento e a execução de laudos arbitrais
estrangeiros que representam o padrão universal ou no caso do Brasil pelo menos o regional.20
Dessa forma, ambos os tratados multilaterais mais relevantes ratificados pelo Brasil, ou seja, a Convenção Interamericana sobre Arbitragem Comercial
Internacional do Panamá e a Convenção Interamericana sobre Eficácia Extraterritorial das Sentenças e Laudos Arbitrais Estrangeiros de Montevidéu, são
compatíveis com as normas da Lei n.º 9.307/96, regulamentando o reconhecimento e a execução de sentenças arbitrais estrangeiras.21
Percebe-se que, apesar de a Lei de Arbitragem se referir ao termo sentença estrangeira, parte da doutrina nacional considera incorreto o termo sentença,
eis que esse somente poderia ser utilizado por aquele que exercesse atividade jurisdicional, que seria uma função exclusiva do juiz. Para esses autores que
divergem do termo, laudo arbitral seria o correto para se referir à decisão arbitral.
A Convenção de Nova Iorque de 10.06.1958 tem como objetivo principal o de favorecer o reconhecimento e a execução de sentenças arbitrais
estrangeiras. Por este motivo, a parte interessada pode optar pela aplicação do direito de origem interna ou de outros tratados multilaterais e bilaterais, se
facilitarem mais o reconhecimento e a execução de uma sentença arbitral estrangeira que a Convenção de Nova Iorque. A Lei n.º 9.307, não adotou
expressamente a dita regra da Convenção, limitando-se a prescrever que a sentença arbitral estrangeira seja reconhecida e executada no Brasil em
conformidade com os tratados internacionais, com eficácia no ordenamento interno, e, na sua ausência, estritamente com os termos da lei (art. 34).22
O artigo 3.º, da Convenção de Nova Iorque, atribuiu a aplicação da lei processual brasileira para reconhecer e executar o laudo arbitral, com isso dar-se-
á preferência à aplicação dos tratados e/ou convenções internacionais, em detrimento da lei interna.
Ainda que exista o entendimento de que o Tratado Internacional prevalecerá em relação à lei nacional, quando se cuida de homologação de sentença
arbitral estrangeira, há de se aplicar o princípio da eficácia máxima que João Bosco Lee explica como o “More-favourable-right provision, determina que
normas, internas ou internacionais, que confiram um tratamento mais favorável ao reconhecimento e à execução da sentença arbitral estrangeira, devem
prevalecer sobre a Convenção de Nova Iorque de 1958.”23 Isso está previsto no artigo VII.1, da própria convenção supramencionada.
A Convenção de Nova Iorque é o instrumento jurídico de maior aplicabilidade, em decorrência do grande número de países signatários.
A homologação da sentença arbitral estrangeira, nos termos da Convenção de Nova Iorque não poderá ser reconhecida se não tiver havido a
constituição do tribunal arbitral de acordo com o que as partes convencionaram, ou se não tiver havido acordo, conforme a lei do lugar onde ocorreu a
arbitragem. Por outro lado, na lei nacional brasileira somente não poderá haver a homologação da sentença se a constituição do tribunal arbitral não se deu
conforme o compromisso ou cláusula arbitral, nada se falando a respeito da situação em que há ausência de acordo entre as partes, ou seja, a lei brasileira é
mais flexível que a convenção internacional neste ponto.
Com relação à Lei Modelo da UNCITRAL sobre arbitragem comercial internacional foi adotada pela UNCITRAL em 21 de junho de 1985, no
fechamento da 18.a sessão anual da Comissão. A assembleia geral, em sua Resolução n.º 40/72, de 11 de dezembro de 1985,24 recomendou que todos os
Estados deem a devida consideração à Lei Modelo sobre arbitragem comercial internacional, em vista do desejo de uniformidade do direito dos
procedimentos arbitrais e das necessidades específicas da prática do comércio internacional (UNCITRAL, 1985).
Para esse Modelo, a arbitragem é internacional quando:25
a) As partes numa convenção de arbitragem tiverem, no momento da conclusão desta Convenção, o seu estabelecimento em Estados diferentes, ou
b) um dos lugares a seguir referidos estiver situado fora do Estado no qual as partes têm o seu estabelecimento:
i. o lugar da arbitragem, se este estiver fixado na convenção de arbitragem ou for determinável de acordo com esta;
ii. qualquer lugar onde deva ser executada uma parte substancial das obrigações resultantes da relação comercial ou o lugar com o qual o objeto do litígio se ache mais estreitamente
conexo; ou
c) as partes tiverem convencionado expressamente que o objeto da convenção de arbitragem tem conexões com mais de um país.

Segundo as declarações constantes da nota explicativa26 promulgada pela UNCITRAL acerca da Lei Modelo:
A Lei Modelo constitui uma base saudável e promissora para a desejável harmonização e desenvolvimento das leis nacionais. Ela cobre todos os estágios do processo arbitral desde a
convenção de arbitragem até o reconhecimento e execução da decisão arbitral e reflete um consenso mundial sobre os princípios e temas importante da prática internacional da arbitragem.
Ela é aceitável para Estados de todas as regiões e diferentes sistemas legais e econômicos do mundo. (...)
A Lei Modelo foi projetada para cobrir preocupações relativas ao estado corrente das leis nacionais sobre arbitragem. A necessidade de desenvolvimento e harmonização é baseada na
descoberta de que as leis domésticas são em geral inapropriadas para casos internacionais e que existe considerável disparidade entre elas.

A Lei Modelo da UNCITRAL, cabe consultar as informações trazidas por José Augusto Delgado, em artigo que trata da arbitragem no Brasil,27 mas
que faz referência introdutória à Lei Modelo:
A Lei-Modelo, em 36 artigos, se aplica à arbitragem comercial internacional, ficando esclarecida, em nota de rodapé ao numeral (1) do artigo primeiro, que ao termo ‘comercial’ é dada
uma ampla interpretação, para cobrir todas as relações de natureza comercial, sejam elas contratuais ou não.

Para Rechsteiner, o termo comercial haverá de ser interpretado em sentido amplo, de tal modo que abranja as questões suscitadas por qualquer relação
de caráter comercial, contratual ou extracontratual. As relações de natureza comercial compreendem, sem a isso se limitarem, as seguintes transações:
qualquer transação comercial relativa ao fornecimento ou troca de mercadorias ou de serviços; acordos de distribuição; representação comercial; factoring;
locação financeira; engineering; contratos de licença, investimentos; financiamento; transações bancárias; seguros; acordos de exploração ou de concessão;
joint ventures e outras formas de cooperação industrial ou comercial; transporte de mercadorias ou de passageiros por via aérea, marítima, ferroviária ou
rodoviária.28
Alguns Estados adotaram a Lei Modelo por inteiro, outros se adaptaram à maior parte de suas provisões, de forma que existem países que podem ser
caracterizados como países da Lei Modelo (Model Law countries). Uma lista de 14 desses países que adotaram os standards da Lei Modelo no período
compreendido entre 1986 e 1994 é apresentada nesse estudo como adiante se reproduz, com registro do ano da adoção: Canadá (1986); Chipre (1987);
Bulgária e Nigéria (1988); Austrália e Hong Kong (1989); Escócia (1990); Peru (1993); Bermuda, Federação da Rússia, México e Tunísia (1993); Egito e
Ucrânia (1994). Além desses países, oito Estados norte-americanos adotaram também os padrões da Lei-Modelo: Califórnia, Connecticut, Flórida, Georgia,
North Carolina, Ohio, Oregon e Texas.
Atualmente, a influência da Lei Modelo já é bem maior, tendo sido adotada por variados países de todo o mundo, o que prova sua capacidade de
integrar os princípios mais modernos e eficientes relativos à arbitragem comercial internacional.
Conforme anota Pedro Batista Martins, os mentores da Lei n.º 9.307/96, foram inspirados pelo trabalho elaborado pela UNCITRAL, sem se deixar de
mencionar que também receberam influências da Convenção de Nova Iorque de 10/06/1958 sobre o Reconhecimento e a Execução de Sentenças Arbitrais
Estrangeiras, como também da Convenção Interamericana sobre Arbitragem Comercial Internacional.
Como o Brasil tinha sérios compromissos internacionais de viabilizar o juízo arbitral, principalmente em função dos mercados comuns aos quais se
integrou ou se ligou, tornou-se imperiosa a necessidade de modernizar a legislação interna acerca da arbitragem. Assim, adveio a Lei n.º 9.307/96, que
revogou toda a disciplina localizada no interior do Código Civil de 1916 e do CPC/73 – CPC/73, e que tratava do tema.29
A recepção da nova Lei de Arbitragem pelo ordenamento jurídico enfrentou ainda um empecilho. Questionava-se se a adoção da modalidade arbitral
constituiria ou não violação ao mandamento do inciso XXXV, do art. 5.º, da Constituição Federal de 1988, na medida em que a Lei de Arbitragem estaria
furtando do judiciário o poder de atuar nas lides submetidas à arbitragem.
A Lei Modelo não faz diferenciação entre cláusula compromissória e compromisso arbitral. Tudo o que é necessário para que a arbitragem se torne
exigível entre as partes é uma cláusula arbitral (arbitration agreement), celebrada entre as partes. Mesmo as vias probatórias expressamente admitidas pela
lei demonstram seu escopo liberal e, de certa forma, informal.
O objetivo é fazer valer a cláusula arbitral, inobstante a forma como tenha sido celebrada. Quanto a este ponto, não se pode dizer que a lei brasileira
seja mais ou menos exigente, porquanto também admite a estipulação por escrito, inserta no próprio contrato ou em documento que a ele se refira. Apenas
se deve notar que a Lei Modelo buscou não deixar dúvidas quanto à validade de instrumentos como e-mail ou fax para comprovar a existência da cláusula
arbitral.
Uma vez que a Lei Modelo não prevê a celebração de um acordo posterior à cláusula arbitral para que a arbitragem inicie-se, todas as suas previsões
normativas dirigem-se para os meios de composição do tribunal arbitral.
Cabe relembrar que a Lei Modelo da UNCITRAL é um modelo de convenção internacional, destinada a países e não a partes individuais, muito embora
tenha ampla utilização como regramento particular de procedimentos arbitrais (tanto diretamente quanto através de câmaras arbitrais que adotam
procedimentos nela inspirados). Na condição de convenção que visa à substituição de uma lei interna, ela faz referência aos poderes públicos do Estado que
a adota.
A posição da lei brasileira quanto à interferência estatal na arbitragem é bem semelhante à posição da Lei Modelo. A única sensível diferença é que a
legislação brasileira busca acionar o judiciário para garantir a celebração do compromisso arbitral, enquanto a Lei Modelo busca, desde logo, constituir o
tribunal.
4. LEGISLAÇÕES QUE JÁ PREVIAM A ARBITRAGEM NO BRASIL: ORDENAÇÕES AFONSINAS, MANUELINAS E FILIPINAS.
As Ordenações Afonsinas (1500-1514), atribuídas a João Mendes, Rui Fernandes, Lopo Vasques, Luis Martins e Fernão Rodrigues, foram elaboradas sob os reinados de Dom João I (1385-1433), Dom
Duarte I (1433-1438) e Dom Afonso V (1438-1481), como o trabalho foi finalizado no reinado de Dom Afonso V, recebeu o nome de Ordenações Afonsinas (1446).
Compunham-se de cinco livros, compreendendo organização judiciária, competências, relações da Igreja com o Estado, processo civil e comercial. As Ordenações Afonsinas consagraram-se como fonte
do direito nacional e prevalente, tendo por fontes subsidiárias os direitos romano e canônico, as glosas de Acúrsio e as opiniões de Bartolo e, por último, as soluções dadas pelo Monarca. Dessa forma,
observa-se, desde já, que a consolidação das regras nas Ordenações, inclusive costumeiras, enfraqueceram as que não foram incluídas. No entanto, o apreço ao direito romano fica constatado na sua valoração
como primeira fonte subsidiária.
As segundas ordenações, as Ordenações Manuelinas (1514-1603), foi determinada pela existência de vultoso número de leis e atos modificadores das
Ordenações Afonsinas. Foram seus compiladores: Rui Boto, Rui da Grá e João Cotrim, que iniciaram seu trabalho em 1501, no reinado do Dom Manuel I
(1495-1521) e terminaram-no, mais ou menos, em 1514. Apresentavam a peculiaridade de uma duplicidade de edições: a primeira data de 1512-1514 e a
segunda de 1521.
Pairam dúvidas sobre a efetiva importância das Ordenações Afonsinas. Autores há que, levando em conta a época em que foram compostas,
consideram-nas compilação notabilíssima, por terem servido de modelo às Ordenações posteriores. Outros, porém, conferem-lhes pouca influência no
desenvolvimento do Direito em Portugal, duvidando até que elas tenham sido impressas. Por isso, raros são os jurisconsultos lusitanos que lhes fazem
menção.
Era uma legislação cheia de casuísticas, que prescrevia a marcha inteira dos processos ordinário e sumário, desde a citação inicial até a última instância,
estabelecendo recursos, prevendo incidentes, formalizando a execução da sentença, a arrematação, a preferência entre credores etc.
As disposições sobre o juízo arbitral eram coordenadas no Livro III, Título 113, das Ordenações Afonsinas. As Ordenações Afonsinas permitiam a
renúncia do beneficium appellationis árbitrorum sententiae, conforme se depreendia de seu Livro III, Título 13, § 4.°.
A Arbitragem nas Ordenações Manuelinas tentou promover a revisão do Código de Afonso, mas o sistema, a divisão e os princípios permaneceram,
sendo promovido um estilo mais conciso e a compilação das leis posteriores. Vigoraram até 1603, quando foram publicadas as Ordenações Filipinas.
Dividiam-se em cinco Livros. Os 128 Títulos, do Livro III, das Afonsinas diminuíram-se para 90 no mesmo livro das Manuelinas.
As disposições sobre o juízo arbitral foram compiladas no § 7.°, do Título 24 e no Título 81, do Livro III das Ordenações Manuelinas.30
Era válida a cláusula de não recorrer da decisão arbitral, como pacto de direito material, por ser o sucumbente à presunção de injustiça da apelação ou
do agravo; no plano processual, permitia-se o recurso, podendo-se reformar a sentença e destruir a presunção.
No lugar do § 4.° das Ordenações Afonsinas, o Código Manuelino apenas inseriu (Livro III, Título 81).
O § 7.°, do Título 24, do Livro III, das Ordenações Manuelinas determinava o não cabimento da reconvenção no juízo arbitral.
Felipe II de Espanha, logo empossado no trono português sob a denominação de Felipe I (1581-1598), mandou que fossem reformadas as Ordenações
Manuelinas, organizando-se nova codificação, a qual deveria corrigir a confusão das existentes e abranger também as leis posteriormente emanadas ou leis
extravagantes. Entre 1603 e a promulgação da Constituição de 1824, a arbitragem vigorou na colônia brasileira sob o pálio das Ordenações Filipinas, no
Título XVI, Livro II – Dos Juízes Árbitros, que dentre outras coisas previa a possibilidade de recurso no procedimento arbitral.
5. HISTÓRICO DAS LEIS DE ARBITRAGEM NO BRASIL
José Luis Bolzan de Morais31 destaca que o instituto da arbitragem existe no Brasil desde os tempos da colonização portuguesa, época em que o Juízo
Arbitral já era previsto no artigo 160 da Constituição Imperial de 1824, conforme acrescentado por Luiz Fernando do Vale de Almeida Guilherme.32
A arbitragem foi prevista pelas Ordenações Filipinas, no seu Livro II, Títulos XVI, LIII, XVII. A partir daí, o Código Comercial Brasileiro de 1850
estabeleceu o arbitramento obrigatório para as causas entre sócios de sociedades comerciais, durante a existência legal, liquidação ou partilha da sociedade
ou companhia (arts. 294 e 348). Entretanto, o Regulamento 737, de 1850, primeiro diploma processual codificado, restringiu tal obrigatoriedade
estritamente às causas comerciais. Mesmo assim, surgiram inúmeras críticas a este caráter compulsório. Diante dessa posição, apareceu a Lei 1.350, de
1866, que revogou tais dispositivos, e o Código Civil de 1916, que reduziu a arbitragem a mero compromisso (arts. 1.037 a 1.048). Os Códigos de Processo
Civil de 39 e 73 também dispuseram da mesma forma, nos seus arts. 1.031 a 1.040 e 1.072 a 1.102, respectivamente, o que garantiu ao instituto uma versão
facultativa em vigor até o advento da lei.33
Cumpre-se a que se faça breve menção a atos legislativos e políticos que marcaram o ordenamento jurídico brasileiro desde a instituição do modelo
republicano, antes que se imerja nos anteprojetos e na hodierna Lei de Arbitragem: i) a Carta Magna promulgada em 1895, conquanto não haja prestigiado
a aplicabilidade da arbitragem no intento de dirimir dissensões entre pessoas privadas, homenageou a arbitragem acaso aqueles que nela figurassem fossem
Estados soberanos em discórdia;34 ii) em 1916, o Código Civil, nos artigos 1.037 e 1.048, dispunha a respeito do compromisso arbitral e da solução de
pendências judiciais e extrajudiciais por intermédio da indicação de árbitros, juízes de fato e de direito, não se encontrando seu julgado passível de recurso
ou à alçada, salvo se firmado pelas partes;35 iii) a Carta de 16 de julho de 1934 reconsiderou a arbitragem, imputando à União a competência a legislar a
respeito de suas diretrizes; iv) o Diploma Político de 1937, em regressão, não valorizou a arbitragem;36 v) o Código Processual de 1939 facultou a
composição de pendências judiciais e extrajudiciais por meio de juízo arbitral, condicionado a que se versasse a respeito de direitos patrimoniais e sujeitos
à transação autorizada em lei;37 vi) tanto a Constituição de 1946 quanto a de 1967 se mantiverem silentes a respeito do tema; e vii) a atual Constituição
Federal prestigia o instituto, sobremaneira no art. 114, inclusive implicitamente ao preconizar, em seu preâmbulo, a solução pacífica de conflitos, seja
interna, seja internacionalmente.38
Feitas tais considerações iniciais acerca do tema, inicia-se uma breve análise dos três últimos anteprojetos de leis que tratam da arbitragem, quais sejam:
1981; 1986; e, 1988.
Ainda que de forma tardia, o então governo brasileiro percebeu um relativo atraso em relação à nossa legislação interna que tratava da arbitragem como
meio de solução de litígios, atraso este face aos demais países, principalmente aos demais sul-americanos. Por tal situação, foi elaborado, em 1981, em
cumprimento à solicitação oriunda do já extinto Ministério da Desburocratização, o primeiro anteprojeto sobre arbitragem, o qual fora publicado no Diário
Oficial da União, em 27 de maio de 1981, para que fossem apresentadas críticas e possíveis sugestões.
Este primeiro anteprojeto, procurava, em 28 artigos, dotar a arbitragem de mecanismos que permitissem largamente a utilização do instituto que, na
opinião da comissão relatora, deveria retirar do aparelho judiciário parte substancial do trabalho que lhe era imposta.
Foram atacados dois males de que padecia o instituto: dava o anteprojeto equiparação de efeitos entre compromisso e cláusula arbitral, de modo que, na
presença de um ou de outro, poder-se-ia afastar a competência do juiz estatal, estabelecendo, ao mesmo tempo, disciplina própria para execução específica
de cláusula compromissória na hipótese de haver resistência de alguma das partes quanto à instituição de arbitragem; além disso, decretava o anteprojeto
em questão a desnecessidade de homologação do laudo arbitral, que ficava, doravante, equiparado a um título executivo extrajudicial.
Apesar de cuidados em alguns pontos, o anteprojeto deixava a desejar quanto à precisão técnica; sendo certo que as sugestões remetidas ao Ministério
da Desburocratização para o seu aperfeiçoamento poderiam haver preenchido algumas lacunas e aparado as arestas notórias. O trabalho legislativo, todavia,
acabou sendo esquecido em Brasília e simplesmente fora abandonado.
Destino análogo acometeu também o anteprojeto de Lei de 1986, o qual fora publicado no Diário Oficial da União, em 27 de fevereiro de 1987
(portaria 78/87, da lavra do Ministério da Justiça), para, em sendo o caso, receber críticas e sugestões.
Este segundo trabalho, à semelhante do anteprojeto anterior, previa que uma mera estipulação de arbitragem seria suficiente para afastar a competência
do juiz togado, minuciosamente sobre o procedimento da “ação de cumprimento arbitral” (execução específica de obrigação de celebrar compromisso). Um
dos grandes problemas relativos ao tema, porém, não foi solucionado pela comissão relatora: na ação de execução específica, não havendo acordo entre as
partes para nomeação do árbitro, cada parte deveria indicar o seu, cabendo a este a indicação do árbitro desempatador. (art. 23 c/c art. 7.º), sem levar em
consideração eventual previsão diversa da cláusula compromissória, que estaria, logo, superada.
Curioso observar que, de qualquer modo, o anteprojeto em questão não empregou a expressão convenção de arbitragem, preferindo referir-se à cláusula
compromissória, instituindo-se a arbitragem tão logo se houvesse assinado o respectivo instrumento (público ou particular), ou o termo judicial. Tal
consideração mostra que a comissão relatora se encontrava completamente apegada ao modelo estabelecido nos termos do então Código de Processo Civil
vigente, que exigia o compromisso arbitral (que o projeto denominava instrumento ou termo) para considerar instituída a arbitragem (artigos 6.º e 11).
Embora mais aprimorado que seu antecessor malfadado, o anteprojeto publicado em 1987 continha algumas imperfeições técnicas que acabaram por
aconselhar o seu definitivo arquivamento. Entre outros tópicos de desajustes, cumpre citar o art. 1.º, em cuja redação se confundia arbitragem (meio de
solucionar controvérsias) com arbitramento (meio de integrar um elemento faltante em um contrato), pretendendo-se, com isto, de modo impróprio, criar
Lei que pudesse servir aos dois propósitos. Outro ponto que restava sem disciplina adequada dizia respeito ao laudo proferido no exterior: muito embora se
considerasse a equiparação do laudo aos títulos executivos extrajudiciais, não se previa qualquer tipo de reconhecimento judicial, limitando-se o único
artigo, que tratava do tema (art. 32) de maneira excessivamente simplista, a afirmar que o laudo estrangeiro, desde que constante de documentação
autenticada (leia-se: consularizado e traduzido), gozaria de eficácia executiva no Brasil, nos termos do art. 585, § 2.º, do CPC/73. Tal solução atécnica
efetivamente não poderia ser aceita.
Contudo, se o anteprojeto indigitado houvesse sido objeto de discussão ampla, com a participação ativa dos segmentos da sociedade civil e dos setores
técnicos interessados, bem como da comunidade científica, certamente suas apontadas falhas poderiam haver sido supridas.
Em 1988, enfim, veio à luz do debate o último anteprojeto, provocado por meio da Portaria n.º 298-A, de 20 de junho de 1988, emanada pelo Ministério
de Estado da Justiça, a qual convidava a sociedade a discutir mais um anteprojeto de Lei sobre arbitragem.
A comissão relatora, com o intuito de evitar mutilações no Código de Processo Civil, preservando sua unidade, pretendia alterar dez artigos deste
diploma para ali encartar os novos dispositivos que tornariam viável a arbitragem no Brasil.
Com tal intenção, procurou o anteprojeto disciplinar a cláusula compromissória juntamente com o compromisso, estatuindo que este e aquele pudessem
servir para a instituição de arbitragem. O resultado mostrou que não houve atenção e cuidado necessário para a reforma do Código de Processo Civil então
pretendida: o art. 1.074, da redação sugerida, disporia que tanto a cláusula arbitral quanto o compromisso deveriam conter, sob pena de nulidade, o objeto
do litígio, o que não se mostrava razoável, já que a cláusula compromissória se prestava a estabelecer a solução arbitral para litígios eventuais e futuros,
decorrentes de certa relação negocial, sendo impossível descrever o objeto do litígio antes mesmo de haver o próprio litígio.
Outro equívoco do anteprojeto resultou da redação que se pretendia dar ao art. 1.078, §§ 1.º e 2.º, do estatuto processual: estabelecia-se ali, de forma
surpreendente, que o laudo arbitral poderia estar sujeito a recurso de apelação, que seria julgado pelo Tribunal de Justiça local. Tal dispositivo certamente
acabaria por prestar desserviço à causa da arbitragem, em vez de agilizar e simplificar o procedimento arbitral.
Outro ponto a observar refere-se à tentativa de inserir, no art. 1.079 do Código de Processo Civil, dispositivo que estabeleceria a obrigatoriedade de ser
o árbitro (ou árbitros) bacharel em direito. É intuitivo que pretender que o árbitro seja sempre bacharel em direito poderia resultar desestímulo à arbitragem,
já que eventualmente há matérias técnicas a serem dirimidas que dispensam o bacharel e exigem a presença do técnico, o que foi reconhecido pela própria
Ordem dos Advogados do Brasil ao manifestar sua desaprovação ao disposto constante da proposta legislativa.
Não tratou o anteprojeto, ao revés, a respeito da homologação do laudo arbitral e muito menos das questões pertinentes ao laudo estrangeiro, de sorte
que esses dois pontos, cruciais ao funcionamento regular do instituto, foram simplesmente desprezados. Decerto, enfim, que dificilmente o aludido esboço
de lei poderia vingar com tantas imperfeições, razão por que o seu arquivamento definitivo não tardou a concretizar-se, o qual se deu apenas diante das
sugestões que foram a ela endereçadas objetivando promover suas necessárias correções.
Ao tratar dos fatos históricos que culminaram com a Lei n.º 9.307/96, Carlos Alberto Carmona39 detalha que foi lançada, em 1991, a Operação Arbiter,
de iniciativa do Instituto Liberal de Pernambuco, a fim de emergir discussões sobre o instituto da arbitragem, com a elaboração de “anteprojeto de lei que,
unindo a experiência prática dos conhecimentos específicos, pudesse preencher os anseios daqueles que precisam de um meio alternativo eficaz e célere
para a solução de controvérsias”.
O eminente autor realça que a proposta foi abraçada por diversas entidades e representantes de grandes escritórios de advocacia, a partir de quando foi
constituído um grupo de trabalho para apresentação do texto, composto por ele próprio e pelos Professores Selma Maria Ferreira Lemes e Pedro Antônio
Batista Martins, os quais contaram, ainda, com a participação do senador Marco Maciel, patrono do projeto no Congresso Nacional.40
Rozane Cachapuz41 acrescenta que o texto criado pelos referidos integrantes recebeu sugestões da Professora Ada Pellegrini, as quais foram
incorporadas ao projeto, além de outras dos mais diversos setores.42
Após muitos debates, tornou-se lei em 23/09/1996, revogando os artigos 1.037 a 1.048 do Código Civil de 1916 e os artigos 101 e 1.072 a 1.102 do
CPC/73. Entrou em vigor no dia 22/11/1996, apesar de alguns autores, como Luiz Fernando do Vale de Almeida Guilherme,43 afirmarem que foi no dia
23/11/1996.
Luiz Fernando44 destaca que, para a elaboração do projeto, além dos debates travados em âmbito nacional, foram consultadas as leis mais modernas à
época, levando em conta as diretrizes da comunidade internacional, especialmente aquelas formuladas pela Comissão das Nações Unidas para o Direito
Comercial Internacional (United Nations Comission on International Trade Law – UNCITRAL) na Lei Modelo sobre Arbitragem Internacional, bem como
aquelas fixadas na Convenção para o Reconhecimento e Execução de Sentenças Arbitrais Estrangeiras45 (conhecida como Convenção de Nova Iorque) em
1958, e na Convenção Interamericana sobre Arbitragem Comercial46, assinada no Panamá em 1975.
Com 07 (sete) capítulos e 44 (quarenta e quatro) artigos, a nova Lei de Arbitragem, segundo leciona Cahali,47 sistematizou as relações jurídicas
possíveis de se submeter à arbitragem, especificando regras gerais de procedimento, requisitos, forma, conteúdo e efeitos da convenção de arbitragem e da
sentença arbitral, além de estabelecer as atribuições e atuação do árbitro, as causas de invalidação da sentença e a homologação de sentença estrangeira.
A principal inovação trazida pela lei em comento foi conferir à jurisdição arbitral independência ao prever que a decisão do árbitro não precisa ser
homologada pelo Poder Judiciário, o que até então era exigido pelo Código Civil de 1916, não podendo ser objeto de novas discussões.
Além disso a Lei n.º 9.307/96 inovou ao conceder força vinculante à cláusula compromissória e ao determinar que, para as sentenças estrangeiras,
bastaria a homologação do laudo pelo Superior Tribunal de Justiça,48 dispensando o reconhecimento da homologação no Judiciário de origem e afastando-
se, por consequência, o “sistema da dupla homologação”.49
Atualmente, após uma torrente de propostas sufragadas pela inércia e morosidade de seus artífices, além de notória imprudência em encarar o tema de
tão cara existência jurídico-social, aos 23 dias de setembro de 1996, consoante aventado no DOU de 29 de setembro de 1996, celebrou-se a Lei de n.º
9.307,50 alcunhada “Lei Marco Maciel”,51 a qual tributa esforços a disciplinar a arbitragem no Brasil.
Em conclusão, a despeito de uma trajetória tumultuosa e permeada de progressos e de retromarchas diretivas, o instituto da arbitragem cativa
paulatinamente adeptos, os quais, receosos pela procrastinação típica de um modelo jurisdicional nativo estruturalmente robusto e deficitário de
serventuários a contento, recorrem aos métodos de solução alternativa de conflitos na esperança de verem preservados, salvaguardados, ou quiçá
restabelecidos seus bens da vida, alvos de desavença qualificada por uma pretensão resistida.
6. ARBITRAGEM: VANTAGENS E DESVANTAGENS DO INSTITUTO
Como um dos métodos de solução extrajudicial de conflitos tem-se a arbitragem, que assim como os outros meios, oferece inúmeras vantagens sobre o
meio judicial tradicional. Assim como possui vantagens, têm-se também algumas desvantagens decorrentes da sua utilização.
A arbitragem nasceu com a vontade das partes de se submeterem à decisão de uma determinada pessoa que, de algum modo, exercia grande influência
sobre elas, por isso, extremamente valorizadas suas decisões. Pode-se então entender a arbitragem como um instrumento alternativo de solução de conflitos
que abrange direitos patrimoniais e disponíveis.
A arbitragem assemelha-se ao método judicial tradicional, sendo considerado um meio de heterocomposição. Surge a figura de um terceiro, ou
colegiado, com a atribuição de decidir o litígio que a ele foi submetido pela vontade das partes, nas hipóteses de arbitragem a vontade das partes é
substituída pela vontade do árbitro na solução do conflito.
Ainda hoje a arbitragem mantém as principais características advindas do seu surgimento, é uma solução de conflito baseada em dois elementos: a) fica
a critério das partes a escolha do terceiro responsável pela solução do conflito – o árbitro –; b) a decisão desse terceiro é impositiva, ou seja, a sua decisão é
independente da vontade das partes.
Quando as partes optam pela escolha de um terceiro imparcial diante de um conflito ou uma cláusula contratual, no caso da arbitragem o denominado
árbitro, elas alcançam algumas vantagens que não seria possível através do método judicial tradicional.
A primeira vantagem notada é a liberalidade na escolha do julgador, ou seja, as partes, em comum acordo, escolhem uma pessoa de confiança para
arbitrar. A escolha do árbitro tem uma contribuição significante no quesito especialidade, isso porque as partes normalmente escolhem um julgador que
seja especialista na matéria conflituosa, o que possivelmente repercutirá em uma decisão imparcial e justa.
A informalidade no processo arbitral também é tida como uma de suas vantagens. O procedimento arbitral não é formal como ocorre no procedimento
tradicional judicial, apesar de ater-se à Lei n.º 9.308/1996 quanto à escolha dos árbitros e do direito material e processual que serão usados na resolução do
conflito.52
Em decorrência de tal informalidade os procedimentos adotados seguem o mesmo roteiro, o que os torna mais simples e flexíveis ao caso concreto. O
objetivo da arbitragem é a solução da matéria de fundo, assim, a formalidade é deixada de lado com a intenção de solucionar o conflito.53
Outra vantagem perceptível na escolha pelo procedimento arbitral é a celeridade, pois, assim, consegue-se uma sentença – de mesmo efeito judicial –
em uma velocidade mais rápida. De acordo o Manual de Arbitragem para Advogados, o autor Rodovalho54 diz que o fator tempo torna-se especialmente
mais relevante quando analisado junto aos números da Justiça Estatal que são bastante elevados.
O procedimento arbitral possui a vantagem da confidencialidade, sendo o oposto do processo judicial que, em regra, mantém a publicidade dos atos. A
Lei de Arbitragem não apresenta nada expresso quanto a isso, porém, normalmente, a convenção arbitral apresenta esta reserva de publicidade.55 Cabe
salientar que, conforme o § 3.o, do artigo 2.o, da Lei n.º 9.037/1996, quando envolver a administração pública será sempre respeitado o princípio da
publicidade.
Algumas das vantagens acima apresentadas tornam-se desvantagens dependendo da análise perante o caso concreto. Ou seja, existem determinadas
situações em que as características do procedimento arbitral são vantajosas, e existem outras situações em que elas tornam-se ineficientes. Com isso, é
possível perceber que nem sempre as mesmas características são eficientes para todo e qualquer procedimento arbitral.
A confidencialidade é uma destas características que podem trazer vantagens ou não. Quando utilizado o sigilo o procedimento arbitral não apresenta a
transparência necessária e indispensável para que o interesse público seja preservado, sendo considerada uma característica até mesmo inconstitucional.56
Além da confidencialidade, tem-se a liberalidade na escolha do julgador. Mesmo a escolha sendo feita de comum acordo entre as partes, há a
possibilidade de o árbitro ser parcial, “a possibilidade de que o árbitro não seja imparcial, por ter sido escolhido pela parte ou ainda por pertencer a uma
instituição arbitral corporativa – que igualmente não teria a isenção necessária”.57
Ainda, a informalidade pode ser tida como uma desvantagem quando exposta diante do devido processo legal. A falta de habilidade do árbitro ou da
instituição escolhida pode gerar a inobservância do devido processo legal. Com isso, há o risco de falha no procedimento ou na própria sentença arbitral
que pode gerar posterior anulação pelo poder judiciário.58
Outra desvantagem do procedimento arbitral são os custos. Em alguns casos os valores pagos pelo procedimento arbitral, especialmente em instituições
especializadas em arbitragem, são superiores ao procedimento tradicional judicial. Comparados aos gastos nos Juizados Especiais e também quando a parte
é beneficiada pela justiça gratuita.59
Por fim, no procedimento arbitral as partes se deparam com a necessidade de analisar previamente as questões jurídicas que poderão influenciar a
decisão ou se é o caso de autorizar o julgamento por equidade.60 Portanto, as partes necessitam ter o trabalho de analisar questões que seriam desnecessárias
caso optassem pelo processo judicial.
Em alguns casos haverá vantagens e desvantagens em uma única hipótese. Neste caso, caberá às partes avaliar tais vantagens para que na hipótese de
sobreposição às desvantagens, optem pelo procedimento arbitral. Caso contrário, o processo tradicional judicial pode ser a melhor escolha.
Assim sendo, o caso concreto é fator determinante para que o instituto da arbitragem seja vantajoso ou não. As características do processo arbitral
devem ser analisadas junto ao caso concreto, para que, somente assim, o processo arbitral seja de um todo eficiente.
7. A CONSTITUCIONALIDADE DA LEI N.º 9.307/96
Mesmo com um grande aparato regulador, é comum a existência de conflitos, inerentes à vida em sociedade, o que reclama, de algum modo, a atuação
do Estado, a fim de manter a paz social e a ordem jurídica. Esses litígios podem ser resolvidos de forma heterocompositiva ou autocompositiva. Esta ocorre
quando as próprias partes resolvem seus conflitos. As principais formas de solução de conflitos por tal método, em conformidade com Geisa Oliveira,61
são: autotutela, conciliação, mediação e transação.
De outro lado, a heterocomposição é a técnica pela qual as partes elegem um terceiro para a solução do litígio, tendo como principais formas a
jurisdição e a arbitragem.
Rompendo paradigmas anteriores, a Lei n.º 9.307/96 teve, logo no início de sua vigência, a constitucionalidade questionada junto ao Supremo Tribunal
Federal – STF, em incidente vinculado ao processo de homologação de uma sentença arbitral estrangeira proferida na Espanha, por suposta ofensa à
garantia de acesso à justiça, prevista no artigo 5.º, inciso XXXV, da Constituição Federal de 1988.
Segundo noticiado pelo STF,62 em ação ajuizada em 1995 (Sentença Estrangeira 5.206-7), em que foram partes MBV Commercial and Export
Management Establishment e Resil Indústria e Comércio Ltda., a empresa estrangeira pretendia homologar um laudo de sentença arbitral dada no Reino da
Espanha, para que tivesse efeitos no Brasil, o que inicialmente foi indeferido. No curso do processo foi promulgada a Lei n.º 9.307, em 1996, que passou a
dispensar a homologação desse laudo na justiça do país de origem. Em vista disso, o Ministro Moreira Alves, no julgamento do recurso, suscitou a questão
da constitucionalidade da lei em questão.
A questão da constitucionalidade da Lei n.º 9.307/96 foi levantada no Agravo Regimental em Sentença Estrangeira n.º 5.206-7, o qual, em 10/10/1996,
após voto do relator Ministro Sepúlveda Pertence, requereu a conversão do julgamento em diligência para colher parecer do Ministério Público Federal a
fim de examinar se a lei que passou a regular a arbitragem no Brasil ofenderia ou não o princípio de livre acesso ao Poder Judiciário.
O Procurador Geral da República, Dr. Geraldo Brindeiro, exarou o seguinte parecer:
(...) o que o princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional estabelece é que a lei não exclui da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Não estabelece que as partes
interessadas não excluirão da apreciação judicial suas questões ou conflitos. Não determina que os interessados devem sempre levar ao Judiciário suas demandas. Se se admite como lícita a
transação relativamente a direitos substanciais objeto da lide, não se pode considerar violência à Constituição abdicar do direito instrumental de ação através de cláusula compromissória. E,
em se tratando de direitos patrimoniais disponíveis, não somente é lícito e constitucional, mas é também recomendável aos interessados – diante do acúmulo de processos e do formalismo
excessivo que têm gerado a lentidão das demandas judiciais – abdicarem do direito ou do poder de ação e buscarem a composição do conflito por meio de sentença arbitral cujos efeitos
sejam idênticos àquele das decisões prolatadas pelo Poder Judiciário.

Da leitura do voto do Ministro Néri da Silveira,63 é possível, ainda, vislumbrar outros trechos do parecer do referido Procurador:
11. E quanto ao controle jurisdicional de lesão ou ameaça a direitos, é de se observar que a Lei n.º 9.307/96, na verdade, o prestigia nos seus arts. 6.º, 7.º, 32, 33, 38 e 39, nas hipóteses de
recalcitrância em firmar compromisso, nulidade ou invalidade do juízo arbitral e ofensa à ordem jurídica nacional. O legislador ordinário permitiu, de um lado, a pacificação de
determinados conflitos de interesses sem a intervenção estatal, mediante compromisso arbitral, com nítidas vantagens para os interessados, e, de outro, garantiu o livre acesso ao Poder
Judiciário àqueles que tiverem direitos violados por inobservância das regras fixadas para a arbitragem.

E esse foi o entendimento que se consagrou vencedor, superando as vozes em sentido contrário, que suscitaram a inconstitucionalidade da lei em
comento sob o fundamento de afronta à garantia constitucional da inafastabilidade do controle jurisdicional.
Consoante disposto na Carta da República, a lei não pode excluir da apreciação do Judiciário lesão ou ameaça a direito (artigo 5.º, inciso XXXV).
Partindo-se dessa premissa, é possível arrematar que nenhuma lei pode impor a aplicação compulsória da arbitragem. E não é esse o espírito da Lei n.º
9.307/96, já que não impõe a utilização obrigatória do instituto.
Ao discorrer sobre o assunto Cahali segue no mesmo sentido:
a lei não impõe a utilização da arbitragem, mantendo íntegro aos interessados o acesso à jurisdição estatal, porém, como expressão da vontade e liberdade de contratar, nas questões
relativas a direitos patrimoniais disponíveis, permite que seja eleito o palco arbitral para a solução de conflito.64

Além disso, conclui-se que a Constituição não proíbe que as partes contratem formas extrajudiciais de solução de conflitos, não havendo, com isso,
renúncia abstrata à jurisdição. Ou seja, nas palavras da Ministra Ellen Gracie,65 “o cidadão pode invocar o judiciário, para a solução de conflitos, mas, não
está proibido de valer-se de outros mecanismos de composição de litígios”.
Nesse passo, Luiz Scavone66 esclarece que:
(...) se as partes são livres para transigir e se são livres para contratar em razão do princípio da autonomia da vontade, podem, igualmente, através da mesma autonomia da vontade, decidir
pela extinção dos conflitos através da solução arbitral.

Oportuna, outrossim, a digressão histórica feita pelo Ministro Ilmar Galvão67 no seu voto, acerca do mandamento constitucional objeto da discussão,
quando da análise da constitucionalidade da Lei da Arbitragem:
Veja-se, agora, se iniciativa dessa ordem encontra óbice no princípio da garantia do acesso ao judiciário, assim enunciado no inc. XXXV do art. 5.º da Constituição: “A lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
Registre-se, por primeiro, ser opinião pacífica na doutrina que a norma – surgida, entre nós, na Carta de 1946 (art. 141, § 3.º) –, constituiu verdadeiro escudo contra eventual reiteração de
práticas do Governo Vargas, quando inquéritos policiais e de outra natureza eram instaurados contra pessoas a quem, de ordinário, não se propiciava garantias comezinhas como a do
contraditório e a da ampla defesa, pronunciando-se, a final, contra elas, decisões sumárias, finais e impositivas, insuscetíveis de reexame pelo Judiciário.
A norma, assim, não é de ser vista como impositiva do ingresso de pessoas físicas em juízo toda vez que seus direitos subjetivos são afrontados, constituindo antes uma garantia do que
uma imposição, consoante ressalta o parecer da douta Procuradoria-Geral da República.

O mesmo foi feito pela Ministra Ellen Gracie sobre a arqueologia do dispositivo:
A leitura que faço da garantia enfocada no art. 5.º, XXXV, é de que a inserção da cláusula assecuratória de acesso ao judiciário, em nosso ordenamento constitucional, tem origem e se
explica pela necessidade de precatarem-se os direitos dos cidadãos contra a atuação de órgãos administrativos, próprios de regimes autoritários. A arqueologia da garantia da via judiciária
leva-nos a verificar que a cláusula sempre teve em mira, preponderantemente, o direito de defesa ante os tribunais, contra atos dos poderes públicos.

Ainda tratando sobre essa garantia constitucional, não há que se falar em exclusão do Judiciário de eventual lesão às partes, eis que existe uma
possibilidade de controle judicial da sentença arbitral em relação à sua validade.68
Elucidando a questão:
não se exclui do Poder Judiciário a lesão a direito das partes, pois se a convenção arbitral, ou mesmo a sentença proferida na arbitragem, contiver vícios indicados na Lei, caberá ação
própria de invalidação, ou mesmo em defesa da execução. Ou seja, verificada a violação ao direito, cabe o exame da questão pelo Judiciário, porém, se instaurada e desenvolvida a
arbitragem de acordo com os requisitos legais, a mera irresignação do vencido não é causa para se vulnerar a decisão, cujos efeitos são os mesmos de uma sentença judicial, pois por livre
opção escolheram as partes o método extrajudicial de solução do conflito, e a ele, pelo sistema normativo, devem se submeter.69

O entendimento era justamente o contrário, de que, tendo a lei permitido abrir mão do direito de ação, sem a definição ou indicação de lides
determinadas ou determináveis, ainda que meramente possíveis e eventuais, não seria tolerada pelo ordenamento constitucional.
Neste sentido, vale a leitura do Ministro Sepúlveda Pertence:
Viu-se, com efeito, que o empecilho à incidência, na hipótese, da regra geral do art. 639 CPC, é a impossibilidade, nos termos do dispositivo, de o juiz substituir pela própria a vontade da
parte recalcitrante, “regulando matéria estranha ao conteúdo do negócio preliminar” - qual é, em relação à cláusula compromissória, a determinação da lide a ser submetida à arbitragem.
Ora, essa impossibilidade não a pode suprir a lei ordinária, sem ferir a garantia constitucional de que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” (CF,
art. 5.º, XXXV).
Só não a transgride o compromisso, porque, por força dele, são os próprios titulares dos interesses objeto de uma lide já concretizada que, podendo submetê-la à jurisdição estatal,
consentem em renunciar à via judicial e optar pela alternativa da arbitragem para solucioná-la. E só para isso.
Na cláusula compromissória, entretanto, o objeto dessa opção, posto que consensual, não são lides já determinadas e concretizadas, como se dá no compromisso: serão lides futuras e
eventuais, de contornos indefinidos; quando muito, na expressão de Carnelutti,70 lides determináveis pela referência ao contrato de cuja execução possam vir a surgir.
A renúncia, com força de definitiva, que aí se divisasse à via judicial já não se legitimaria por derivação da disponibilidade do objeto do litígio, que pressupõe a sua determinação, mas, ao
contrário, consubstanciaria renúncia genérica, de objeto indefinido, à garantia constitucional de acesso à jurisdição, cuja validade os princípios repelem.
Sendo a vontade da parte, manifestada na cláusula compromissória, insuficiente - dada a indeterminação do seu objeto - e, pois, diversa da necessária a compor o consenso exigido à
formação do compromisso, permitir o suprimento judicial seria admitir a instituição de um juízo arbitral com dispensa da vontade bilateral dos litigantes, que, só ela, lhe pode emprestar
legitimidade constitucional: entendo nesse sentido a lição de Pontes (ob. cit., XV/224) de que fere o princípio constitucional invocado - hoje, art. 5.º, XXXV, da Constituição - atribuir, ao
compromisso que assim se formasse por provimento judicial substitutivo do assentimento de uma das partes “eficácia fora do que é a vontade dos figurantes em se submeterem”.
Não posso fugir, desse modo, à declaração da inconstitucionalidade do parágrafo único do art. 6.º e do art. 7.º da Lei de Arbitragem e, em consequência, dos outros dispositivos que delas
deriva, isto é, no art. 41, da nova redação dada aos arts., 267, VII, e 301, IX, do CPC (que estendem a qualquer modalidade de convenção de arbitragem - e, pois, à hipótese de simples
cláusula compromissória - a força impeditiva da constituição ou da continuidade do processo judicial sobre a mesma lide objeto do acordo arbitral), o art. 42, que acrescenta um novo
inciso, n. VI, ao art. 520 CPC para incluir no rol dos casos de apelação com efeito só devolutivo, o da interposta contra a sentença “que julgar procedente o pedido de instituição de
arbitragem”.

A decisão final foi prolatada em dezembro de 2001 e, apesar de todos os ministros terem votado pelo deferimento do recurso, no sentido de homologar
o laudo arbitral espanhol no Brasil, houve discordância acerca da constitucionalidade do diploma legal, com a maioria votando pela constitucionalidade.
Os Ministros Sepúlveda Pertence, relator do recurso, bem como Sydney Sanches, Néri da Silveira e Moreira Alves entenderam que a Lei de Arbitragem
seria inconstitucional por criar obstáculos ao acesso ao Judiciário, tido como direito fundamental previsto na Carta Magna.
Em sentido oposto, os Ministros Maurício Corrêa, Ellen Gracie, Marco Aurélio, Celso de Mello, Carlos Velloso, Nelson Jobim e Ilmar Galvão não
vislumbraram ofensas à Constituição Federal brasileira e, ainda, consideraram o avanço trazido pela lei, concluindo que a opção voluntária das partes ao
procedimento arbitral não ofende o princípio constitucional da inafastabilidade da tutela jurisdicional pelo Poder Judiciário.
Apesar das intensas discussões travadas na Suprema Corte acerca da constitucionalidade ou não da Lei da Arbitragem, Luiz Guilherme Marinoni71
afirma que tal questão foi, em verdade, desvirtuada, não se podendo dizer que a atividade do árbitro tem natureza jurisdicional, embora sua escolha não
ofenda à Constituição, já que jurisdição só pode ser exercida por pessoa investida na qualidade de juiz, nos termos da Constituição Federal.
O doutrinador argumenta que essa confusão oriunda dos debates na Suprema Corte decorre “de uma primária falta de percepção da essência da
jurisdição e do fundamento da arbitragem”.72
Veja-se a crítica feita:
Afirmou-se, logo após a publicação da referida lei, que não é possível excluir do Poder Judiciário o julgamento de um conflito e, portanto, que tal lei era inconstitucional. Em resposta, foi
dito que a atividade do árbitro também é jurisdicional e, assim, que as dimensões da jurisdição teriam sido ampliadas, o que daria legitimidade constitucional ao julgamento do árbitro. (...)
A discussão em torno da constitucionalidade da arbitragem – isto é, da ideia de excluir o Judiciário do julgamento dos conflitos levados ao árbitro – foi completamente desvirtuada, uma
vez que a filosofia da arbitragem se relaciona exclusivamente com a questão da autonomia da vontade, sendo correto se dizer que a Lei da Arbitragem teve apenas o propósito de regular
uma forma de manifestação da vontade, o que nada tem a ver com as essências da jurisdição e da arbitragem.

De toda sorte, a Lei n.º 9.307/96 foi tida como constitucional pela Suprema Corte brasileira, após intensos debates, ganhando credibilidade nos últimos
anos pela solução rápida e informal dos litígios e vencendo uma resistência histórica provocada pelos empecilhos criados pelo Código Civil de 1916,
seguido pelo Código de Processo Civil de 1939 e aquele de 1973.73
Reconhecer a constitucionalidade da Lei n.º 9.307/96 certamente foi um grande avanço para o instituto no ordenamento jurídico brasileiro, eis que
colocou o Brasil em vantagem no cenário internacional da arbitragem, que cada vez mais ganha espaço na solução adequada e alternativa de certos
conflitos.
Do contrário, na ausência de uma legislação sobre o assunto, ter-se-ia um Judiciário mais moroso e precário do que aquele que se tem atualmente,
abarrotado de demandas que poderiam ser resolvidas de forma rápida e eficaz, com uma abordagem diversa, hodiernamente, delineada pela arbitragem.
Além disso, colocaria o Brasil em uma situação de inferioridade nas relações internacionais, amplamente dinamizadas pela globalização econômica e que,
por isso, exigem celeridade na solução das controvérsias eventualmente existentes.
É por conta disso que se espera que, no futuro, a arbitragem não seja apenas uma solução adequada de resolver litígios, mas reduza amplamente a
sobrecarga imposta ao Judiciário e permita, assim, a verdadeira concretização do acesso à justiça, direito fundamental garantido na Constituição Brasileira.
8. NATUREZA JURÍDICA DA ARBITRAGEM
Para se adentrar no tema é mister rememorar e realizar algum aprofundamento antecipado de conceitos e acepções dos elementos que coexistem com a
arbitragem, esclarecendo e demonstrando a base teórica e estrutural ínsita ao tópico proposto.
Assim, não faria sentido explicar a natureza jurídica da arbitragem em voo raso. É necessário explanar sobre a arbitragem pela sua acepção e conceitos
doutrinários relevantes, bem como, definir natureza jurídica em sentido estrito, além de outros elementos correlatos.
O que é natureza jurídica? É comum que se queira saber sobre qual a natureza jurídica de algum ser, seja concreto ou abstrato e, talvez, a maior
dificuldade repousa em saber o que realmente significa natureza jurídica para só então usá-la na busca de outras definições. Essa dúvida não é só dos
iniciantes do direito como também de alguns operadores do direito mais experientes.
O que deve ficar entendido é que, quando se persegue a natureza jurídica de algo, busca-se, na verdade sua essência. Para De Plácido e Silva a natureza
jurídica é a matéria de que compõe a própria coisa. É a sua própria compleição.74
Em outras palavras, afirmar a natureza jurídica de alguma coisa é classificá-la e sistematizá-la dentro de um universo maior subentendido, assim como
uma espécie busca seu gênero, ou alguém que busca seu lugar na família e, assim sucessivamente, num verdadeiro jogo de encaixe entre conceitos,
funções, tipos, classes etc. Isso se dá porque o Direito, para funcionar bem, precisa separar seus institutos, afastando figuras sem qualquer identidade ou
desvinculadas dos seus objetos de estudo.
Outra tarefa que os operadores do direito têm a fazer, para se extrair a natureza jurídica de um ente, é saber como ela pode ser identificada. De certo, o
que se quer, neste caso, é encontrar quais seus atributos ou requisitos essenciais, pois são eles que mostram sua razão de ser. Assim, quando se conclui, por
exemplo, se um ente é empresa pública ou autarquia, ou se um bem é móvel ou imóvel, ou ainda, se um assunto é público ou privado, conclui-se por uma
qualidade essencial e relevante de tratamento e equiparação desse mesmo ente frente a outros elementos ou outros entes. Esse exercício é necessário para se
separar assuntos, teses e outros atributos, uns dos outros, adequando, classificando e organizando o concreto e o abstrato, ou combinando-os.
E isso tudo porque o direito (e outras ciências) não funcionaria em meio ao caos que se estabeleceria frente a essa balbúrdia se não fosse feita essa
organização nas diversas áreas de conhecimento.
Logo, v.g., um ato, um negócio jurídico ou um contrato exalam características que entregam sua peculiar essência que tanto o direito precisa para a sua
regulação.
Como já mencionado, tenta-se inaugurar aqui alguns dos conceitos relevantes para a imersão do que seria a natureza jurídica da arbitragem, a saber:
competência e jurisdição. Note o leitor que não se quer esgotar o assunto, mas contextualizá-lo no tema oferecido.
De acordo com De Plácido e Silva, a palavra jurisdição tem origem etimológica latina em jurisdictio que significa administrar a justiça ou realizar o
exercício da judicatura. Criada a partir da junção de outras duas palavras, jus dicere e juris dictio significa em sentido amplo o poder de julgar de um juiz.75
É dizer o direito que cabe a cada um.
Por vezes, a jurisdição é muito confundida com competência, pois esta última é, na realidade, a limitação daquela. Dito de outro modo, enquanto a
jurisdição é o poder que o Estado tem para aplicar o direito a uma situação concreta, a competência é a limitação da aplicação desse poder a um caso
concreto.
Essa distinção entre competência e jurisdição é importante para entender os argumentos das correntes doutrinárias, que serão abordadas mais à frente.
Além disto, nota-se, por vezes, que os mesmos argumentos, com algum ajuste, podem ser utilizados por correntes doutrinárias antagônicas para justificar
suas teses.
A adoção ou não do conceito de jurisdição no intento que se alça ao analisar o assunto arbitragem influencia sobremaneira as teses firmadas quanto à
sua natureza jurídica. Como prova disto, cita-se o conceito do princípio kompetenz kompetenz, que trata da possibilidade do árbitro escolhido pelas partes
para dirimir seus conflitos decidir, ele mesmo e antes de aceitar a causa, se é ou não competente para julgar o que lhe foi trazido como lide.
Superadas as etapas iniciais, seja da origem latina da palavra, seja da construção da própria definição do que seja natureza jurídica, passa-se agora a
demonstrar as teorias que tentam explicar a natureza jurídica da arbitragem para que, ao final, o leitor possa manifestar sua inclinação pessoal a uma ou
mais delas.
A natureza jurídica da arbitragem ainda é assunto de polêmica na doutrina pátria, como dito alhures, uma vez que o tema se cerca de elementos
caracterizadores ecléticos tanto do direito privado quanto público. Francisco Cahali76, no entanto, afirma que a polêmica teria sido solucionada com a Lei
n.º 9.307/96, que deu nova roupagem à arbitragem no Brasil.
Essas divergências doutrinárias, no entanto, não são privilégio brasileiro, já que, segundo aponta Ricardo Ranzolin,77 essa contenda foi herdada da
doutrina italiana, onde os debates são, de igual modo, arrebatadores.
As teorias acerca do assunto são, basicamente, quatro, quais sejam: publicista, privatista, híbrida e autônoma, todas as quais serão abordadas a seguir.
8.1. PUBLICISTA
Uma das correntes teóricas que externam a classificação do instituto da arbitragem é a publicista ou jurisdicionalista, levada à frente por Lodovico
Mortara, segundo destacado por Luiz Guilherme.78
Referido como “(...) quello che viene considerato il massimo exponente della corrente c.d. giurisdizionale dell´arbitrato”, conforme apresenta
Ranzolin.79 O autor aponta, ainda, que, no Brasil, a corrente é defendida por Carlos Alberto Carmona, Nelson Nery Júnior, Humberto Theodoro Júnior,
entre outros.80
Esta corrente sustenta que a arbitragem, representada em seu maior ícone pelo árbitro, tem natureza jurisdicional,81 e sua existência é proclamada pelo
Estado, que lhe atribui legalmente poderes para resolver os conflitos que lhes são submetidos. A arbitragem teria o reconhecimento de jurisdição de caráter
público e de forma extraordinária.82
Dessa forma, a arbitragem só existe porque assim o Estado permitiu, criando, controlando e regulando tal atividade, sendo o árbitro um personagem
autorizado pelo poder público a realizá-la com o objetivo de levar a cabo o conflito que lhe foi posto pelas partes que o escolheram especificamente para
isso, enquanto que o juiz se diferencia dele pelo fato de ser um agente escolhido pelo Estado e não por particulares além, é claro, do rito processual que lhe
é inerente.
Nelson Nery Jr, também adepto da corrente publicista, afirma com maestria que:
A natureza jurídica da arbitragem é de jurisdição. O árbitro exerce jurisdição porque aplica o direito ao caso concreto e coloca fim à lide que existe entre as partes. A arbitragem é
instrumento de pacificação social. Sua decisão é exteriorizada por meio de sentença, que tem qualidade de título executivo judicial, não havendo necessidade de ser homologada pela
jurisdição estatal. A execução da sentença arbitral é aparelhada por título judicial (...).83

Para a corrente publicista, o artigo 18 da Lei n.º 9.307/96 é claro ao afirmar que o árbitro é juiz de fato e de direito e que tal posição, além de lhe
conferir um munus publicum,84 por si só, sustenta de forma significativa os demais argumentos dessa vertente.
Veja-se:
Art. 18. O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica sujeita a recurso ou a homologação pelo Poder Judiciário.

Outro argumento forte que corrobora a visão pública da natureza jurídica da arbitragem é a consideração de título executivo judicial prevista no
CPC/15, no artigo 515, inciso VII, in verbis:
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título: (...)
VII - a sentença arbitral;

A corrente publicista vem ganhando destaque frente às teorias que se seguirão, mas longe de uma pacificação quanto à natureza definitiva da
arbitragem. Isso é o que se nota, por exemplo,85 para quem a atividade arbitral não pode ser tida como jurisdicional ao se ter como base os conceitos de
jurisdição comumente adotados, o que não lhe retira, entretanto, a observância a ser certos preceitos que orientam a atividade jurisdicional, tal como o
princípio do devido processo legal.
8.2. PRIVATISTA
Considerando que a autonomia da vontade é a principal virtude no trato negocial humano, a corrente contratualista ou privatista, que tem como
expoentes Giuseppe Chiovenda86 e Salvatore Satta,87 vê na arbitragem o reflexo do pacta sunt servanda.
Ricardo Ranzolin88 revela que juristas como Eros Grau e Teori Zavascki “já prestigiaram posicionamentos que se enquadrariam na tese da natureza
contratual da arbitragem, ou ao menos rejeitaram sua natureza jurisdicional”.
Segundo essa corrente, os contratos pactuados entre as partes devem ser respeitados e cumpridos, e a arbitragem nada mais é do que um pacto
contratual assumido por pessoas capazes que podem, em algum momento, divergir sobre suas cláusulas, submetendo-se, a posteriori e por livre vontade, às
suas regras.
De igual modo, percebe-se que a autonomia da vontade é elevada ao seu grau máximo de realização e os exemplos disso vão desde a escolha do direito
material e processual até ao modo como o mérito será analisado, se por equidade ou por direito. Além disso, as partes poderão optar pelo uso dos costumes,
dos princípios gerais do direito ou nas regras internacionais de direito.89
Os contratualistas afirmam que a arbitragem não pode ser considerada de natureza pública, porque sua sentença, na verdade, é consequência e resultado
do que foi anteriormente pactuado, pois o Estado não tem ingerência sobre o que as partes acordaram, desde que esteja dentro dos ditames legais. A
atribuição ao árbitro para decidir nada mais seria do que o cumprimento do contratado.90
Esse argumento, dentre outros, se baseia na flexibilidade de ajuste entre os que dela querem se valer, e isso pode ser visto nos artigos de suas
disposições gerais (artigos 1.º e 2.º, da Lei n.º 9.307/96), onde as partes escolhem livremente as regras a que se submeterão respeitados os bons costumes e
a ordem pública. Portanto, não há intervenção estatal na arbitragem quando ela segue seu curso regular.
Seguindo a linha exposta, os privatistas se apegam ao fato de que a sentença não tem força coercitiva autônoma, isto é, se a parte desfavorecida pela
sentença se recusar a cumpri-la é necessária a busca pelo judiciário para seu cumprimento. Não existe fase de execução de sentença, mas somente a sua
prolação e entrega às partes.
Quanto à qualidade da decisão arbitral, o árbitro escolhido estaria sempre tecnicamente melhor preparado do que o juiz de investidura, pois possuiria
conhecimento específico e apurado em sua respectiva área de formação, o que, em tese, dispensaria auxílio técnico ou pericial em geral. Cumpre lembrar
que, para cada caso levado à arbitragem, é possível que haja regularmente árbitros especialistas no assunto em litígio, cabendo somente às partes decidirem
se querem quaisquer deles.
Além do que foi dito, a arbitragem tem natureza privada pelo fato do árbitro não possuir a investidura dos juízes togados. Logo, não sendo membro do
Poder Judiciário, jamais sua função teria caráter público, uma vez que a entrada na esfera arbitral desde o pacto contratual estipulado pelas partes, seja por
cláusula compromissória, seja por compromisso arbitral, reflete a hegemonia da autonomia da vontade em sua forma mais primitiva.
Os argumentos de tal teoria perderam espaço com a Lei n.º 9.307/96, a qual teria adotado, aparentemente, a teoria jurisdicional da arbitragem.91
É que, antes do referido diploma legal, essa teoria era mais latente pelo fato de a sentença arbitral se aperfeiçoar com sua homologação pelo Poder
Judiciário, apesar de que, mesmo assim, havia quem sustentasse a natureza jurisdicional da arbitragem.
No entanto, essa situação teria se alterado com o advento da nova lei, que passou a dispensar a homologação da sentença arbitral, tornando-a título
executivo judicial, segundo disposto no artigo 515 do CPC/15. Além disso, a lei em estudo conferiu ao árbitro o status e atributos de um juiz, conforme já
destacado anteriormente.
Mesmo assim, os defensores da teoria sustentam que a arbitragem continua marcada pela autonomia da vontade: na fase antecedente, pelo contrato; e
na fase consequente, pela solução adequada do conflito, no limite do que foi contratado.
8.3. HÍBRIDA
Tentando desfazer o notório confronto das correntes publicista e contratualista, que tentam justificar a natureza jurídica da arbitragem ora como pública
ora como privada, surge a corrente intermediária, mista, híbrida ou conciliadora, defendida por Carnelutti,92 que une as características mais marcantes
dessas duas frentes para que, em uma terceira proposta, sejam despejados argumentos mais convincentes perante a doutrina mais abalizada.
Essa corrente aduz que a arbitragem realmente tem raízes na autonomia privada ou vontade das partes e que, após a convergência de seus respectivos
objetivos, que antes eram individualizados, juntam-se e se entregam à sorte da decisão arbitral.
Também afirma que, apesar da autonomia negocial reger o procedimento arbitral, não se separa do caráter público de jurisdicionalidade no momento
último de seu atuar, ou seja, o da sentença. Assim, a arbitragem, nesse aspecto, teria no mínimo dois momentos de relevo: um inicial de caráter privado, por
ajuste das partes, e outro final no qual prepondera o caráter público da sentença arbitral. É certo também que durante todo o caminho percorrido pelo
procedimento arbitral aparecem elementos complementares com escopo privado e público.
Essa mescla de valores não pode ser dissociada da arbitragem, já que na verdade ela possui fortes tendências, tanto de caráter privado, sobretudo no
aspecto negocial, quanto de caráter público, uma vez que obteve do Estado sua certidão de nascimento, por assim dizer.
A ideia sobre a arbitragem ser híbrida ganha espaço na doutrina especializada, que vem admitindo e adequando esse instrumento de solução de conflito
às correntes publicista e privatista. Não há como negar o olhar atento dessa teoria que reúne os pontos mais relevantes das outras duas já citadas. De um
lado, admite-se a autonomia da vontade para a submissão da arbitragem, e de outro, não se exclui a força jurisdicional pela legalidade do procedimento e
execução das decisões proferidas em sua sede.
Na doutrina nacional, Alexandre Freitas Câmara93 abraça a referida teoria, conforme se depreende da leitura de suas explanações:
Parece-me que as duas posições são criticáveis. Em primeiro lugar, deve-se afirmar que, a meu juízo, a função exercida pelos árbitros é pública, por ser função de pacificação de conflitos,
de nítido caráter de colaboração com o Estado na busca de seus objetivos essenciais. De outro lado, parece inegável que a arbitragem se inicia por ato de direito privado, qual seja, a
convenção de arbitragem (...).
Pública, mas não estatal, e – por conseguinte – não se poderia considerar que tal função é jurisdicional. Pensar de outra forma, a meu ver, seria infringir o monopólio estatal da jurisdição, o
que não me parece possível. Relembre-se agora o que já disse anteriormente: o Estado não possui o monopólio da Justiça, mas possui o da jurisdição. (...)
Não há, portanto, como se admitir a natureza jurisdicional da arbitragem, embora não se possa negar o múnus público exercido pelo árbitro, em sua atividade privada, de busca da
pacificação social. Com isso, coloco-me numa posição publicista frente à arbitragem, negando a tese de quem vê neste instituto uma figura exclusivamente regulada pelo direito privado.

8.4. AUTONOMISTA
Negando todas as correntes anteriores, uma pequena parcela da doutrina passou a pregar uma natureza jurídica diferente para a arbitragem. Trata-se de
ver o procedimento arbitral, não como inserto na dicotomia entre o público ou privado, mas ao contrário, como um procedimento com identidade própria
que independe das classificações do direito privado ou do império do poder público, desvinculado de qualquer sistema jurídico existente. Seria algo em
torno da natureza estritamente processual. É dizer que a arbitragem nem é contratual nem jurisdicional, mas somente arbitragem.
Dessa forma não existiria a dualidade público-privada, mas um trinômio que incluiria a arbitragem com uma natureza própria e exclusiva, que não se
confundiria com nenhuma outra natureza.
Essa teoria ganha espaço no cenário internacional, em que há total liberdade de contratar, com independência à ordem local de uma ou outra parte,
tratando o instituto como soberano, já que a arbitragem pode ser retirada de qualquer ordenamento. Afirma, ainda, que “cria-se, por essa teoria, uma
jurisdição própria, independente e diversa da jurisdição que integra um sistema jurídico”.94
Em decorrência das teorias acima descritas, pode-se afirmar que a arbitragem não é instituto novo, pelo contrário, é de longa data sua utilização e a
natureza jurídica pode variar no tempo e no espaço.
Há relatos de sua utilização na antiguidade, por exemplo, com o Código de Hamurabi onde qualquer pessoa podia se socorrer do rei para dirimir seus
litígios; na Grécia antiga onde os litigantes escolhiam o árbitro e a pretensa sentença era afixada nos templos espalhados pela cidade como forma de dar
publicidade; e na Roma antiga que também tinha a figura de um árbitro escolhido pelas partes que julgava de modo muito célere as contendas.95
Nos Estados Unidos, a arbitragem, que é regulada pelo Us Arbitration Act, tem seu início em 1925 e possui alto índice de confiabilidade, cumprindo
uma das mais importantes de suas metas: o desafogar do Poder Judiciário.
Na América do Sul, o sistema argentino de modo similar ao brasileiro, permite que uma das partes procure o judiciário caso a outra negue submissão à
arbitragem mesmo depois de assinar a cláusula arbitral. Neste caso, o juiz suprirá a negativa do dissidente e o forçará perante o procedimento arbitral. Já o
México, a Venezuela, o Equador e o Chile utilizam mecanismos de conciliação entre contribuintes e fisco.
Carmona comenta que a Itália, desde 1993 se ajustou às convenções de Genebra e Estrasburgo com o fito de uniformizar sua legislação arbitral
interna.96
No resto da Europa e Ásia diversos países se utilizam da arbitragem buscando uma solução rápida, técnica e confiável, como bem se espera de toda a
arbitragem. Vale lembrar que se está falando tanto da legislação nativa quanto da adesão a convenções internacionais sobre a matéria. As diferenças giram
em torno somente de poucos institutos frente ao bojo procedimental a que se tem acesso.
Assim, é possível que para o reconhecimento e a instituição da arbitragem não sejam considerados o compromisso arbitral e a cláusula compromissória,
a exemplo da Alemanha e diferentemente da Holanda, que preza pela separação nítida entre cláusula e compromisso arbitrais como parâmetro de
instituição do procedimento arbitral.
A arbitragem também pode ser utilizada para conflitos na esfera consumerista e para os tribunais terem força coercitiva para executar suas decisões,
como ocorre em Portugal, mas não ocorre na imensa maioria dos países a exemplo do Brasil, cujo árbitro não tem força para executar a sentença, mas
somente de entregá-la como título executivo judicial.
A natureza jurídica da arbitragem depende do conceito que se faz de jurisdição e competência e não somente de assumir posição polarizada entre as
frentes pública e privada.
A busca pela celeridade que a arbitragem pode oferecer, sobretudo, no campo negocial, não tem implicações em sua natureza jurídica, pois o que se
quer é a entrega rápida e com qualidade da prestação arbitral não importando a que título isso ocorra, se de natureza contratual ou jurisdicional.
Vê-se que nos diversos países que se utilizam dela, é de jurisdição – seguindo a corrente publicista – ou, por vezes, de caráter misto. No mais, em geral,
também não possuem força executiva, como ocorre no Brasil, porém, se assemelham em muitos outros temas, critérios, atributos e condições de manejo do
procedimento arbitral.
No ordenamento jurídico brasileiro há forte tendência em se confiar cada vez mais nas decisões arbitrais pela especificidade e qualificação dos árbitros
em lidar com causas complexas, o que não acontece no judiciário que precisa buscar auxílio técnico especializado fora do âmbito dos tribunais,
confirmando mais uma vez que a arbitragem ocupa um importante papel na solução de litígios.
9. ARBITRABILIDADE SUBJETIVA E OBJETIVA
A arbitragem consiste num meio extrajudicial de heterocomposição de conflitos, por meio do qual as partes, voluntariamente, renunciam à jurisdição
estatal, nos termos da convenção arbitral avençada, e submetem a questão litigiosa a um tribunal arbitral por elas eleito, que proferirá decisão com os
mesmos efeitos de uma sentença judicial.97
A arbitrabilidade é a “condição essencial para que um determinado conflito seja submetido à arbitragem”,98 e a “possibilidade de um litígio ser
submetido a arbitragem voluntária (...) tendo em conta não só a natureza do objecto do litígio, como também a qualidade das partes”.99
Nesse ponto, destaca-se a doutrina de Carmen Tibúrcio, a seguir transcrita:
Denomina-se arbitrabilidade a viabilidade jurídica de submeter determinada controvérsia à arbitragem. O tema é relevante porque nem todas as partes podem se vincular à arbitragem e,
além disso, não são todas as questões que podem ser apreciadas em juízos arbitrais. Dizer que o litígio não é arbitrável significa que não pode ser solucionado por tribunal arbitral, de modo
que a arbitrabilidade é uma condição de validade da convenção de arbitragem e, consequentemente, da competência dos árbitros.100

O artigo 1.º, da Lei n.º 9.307/96, prevê, que “as pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos
patrimoniais disponíveis”.
Conforme a redação do referido diploma legal, é possível apreender que não é toda e qualquer demanda passível de ser apreciada no procedimento
arbitral. Os requisitos a serem observados antes de encaminhar-se um conflito a um juízo arbitral podem ser examinados sob dois ângulos: a arbitrabilidade
subjetiva e a arbitrabilidade objetiva.
Salienta-se que os requisitos são legais, e não ajustados pelas partes entre si. Logo, a arbitrabilidade não se confunde com a convenção arbitral, pois
esta resulta da vontade das partes, enquanto aquela deriva de norma legal.
A Lei n.º 9.307/96 define os limites da esfera de liberdade das partes para que possam adequar o procedimento arbitral aos seus interesses.
9.1. Arbitrabilidade Subjetiva
Refere-se à capacidade das partes, isto é, à aptidão de serem titulares de direitos e deveres, a teor do art. 1.º, do Código Civil. Assinala-se, no entanto, a
diferença entre titularidade e exercício do direito. O Código Civil estabelece algumas restrições ao exercício em razão da idade, da falta de discernimento
por problemas mentais ou vícios e da prodigalidade, consoante arts. 3.º e 4.º, do referido Código. Nos casos de incapacidade relativa ou absoluta, o
exercício dos direitos está condicionado à assistência ou representação, respectivamente.101
Como bem aponta Cesar A. Guimarães Pereira, “discute-se se o incapaz pode ser representado ou assistido na celebração da convenção de arbitragem e
na condução da arbitragem em si, tal como ocorre perante o Poder Judiciário”.
A doutrina diverge nesse ponto, razão pela qual “não se pode afirmar com segurança que será reconhecida como válida uma arbitragem envolvendo
incapaz, ainda que representado ou assistido”.102
Luiz Antonio Scavone Júnior é um dos autores que defende a validade da convenção de arbitragem firmada por pessoa assistida ou representada, desde
que observados os limites da matéria relativa aos direitos patrimoniais disponíveis.103
Destaca-se ainda que a massa falida, o espólio e o condomínio de edifícios, conhecidos como entes despersonalizados, podem participar de
procedimentos arbitrais, pois têm capacidade de contratar e, assim, de estar em juízo. Todavia, faz-se mister que o inventariante e o administrador tenham
autorização judicial para celebrar convenção arbitral, bem como o síndico tenha autorização da assembleia de condôminos, sob pena de invalidação da
convenção arbitral.104
A arbitrabilidade subjetiva (ratione personae) verifica a possibilidade de as partes submeterem-se ao juízo arbitral e está intrinsicamente relacionada à
autonomia da vontade das partes, o que restringe o uso da arbitragem a um determinado grupo de pessoas. Pelo art. 1.º, da Lei n.º 9.307/96, somente
pessoas capazes de contratar poderão submeter-se à arbitragem. Conforme a doutrina de Carmen Tibúrcio, “a ratio da norma é autoevidente: a opção pelo
juízo arbitral não se presume, nem pode ser imposta, devendo decorrer da vontade expressa das partes, formalizada por escrito”.105
Desse modo, podem submeter-se à arbitragem pessoas naturais ou jurídicas, de direito privado ou de direito público. As entidades integrantes da
Administração Pública direta ou indireta, por terem capacidade de contratar, atendem à exigência da Lei n.º 9.307/96 para submeter litígios à arbitragem.106
Sobre o tema, Cesar A. Guimarães Pereira complementa, in verbis:
Quando se alude à capacidade de contratar, vem à mente o tema da capacidade de direito e de fato (capacidade civil). Ambas são relevantes. Para submeter-se à arbitragem, alguém deve
poder ser sujeito de direitos e obrigações (ter capacidade de direito) e não ser qualificado como absoluta ou relativamente incapaz (ter capacidade de fato). Discute-se se o incapaz pode ser
representado ou assistido na celebração da convenção de arbitragem e na condução da arbitragem em si, tal como ocorre perante o Poder Judiciário. Há orientações divergentes na doutrina,
pelo que não se pode afirmar com segurança que será reconhecida como válida uma arbitragem envolvendo incapaz, ainda que representado ou assistido.107

9.2. Arbitrabilidade Objetiva


A arbitrabilidade objetiva (ratione materiae), prevista na parte final do art. 1.º, da Lei n.º 9.307/96, diz respeito à matéria objeto do litígio a ser
submetido à arbitragem. A lei apenas admite a arbitragem “para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis”. Portanto, em cada caso, deve-
se realizar uma análise do direito em discussão quanto à sua patrimonialidade e disponibilidade.
Em sua preleção, Cesar A. Guimarães Pereira comenta a abordagem do tema no Código Civil, ipsis litteris:
Os arts. 851 e 852 do Código Civil, que é uma lei de mesma hierarquia posterior à Lei de Arbitragem, adotam um modo diverso de definir a arbitrabilidade objetiva. Primeiro, como
fórmula geral, o Código Civil prevê no art. 851 a arbitrabilidade subjetiva (“pessoas que podem contratar”) e alude simplesmente a “litígios”. No art. 852, estabelece campos nos quais não
poderá haver arbitragem: (a) questões de estado (estado civil, capacidade), (b) de direito pessoal de família e (c) outras questões “que não tenham caráter estritamente patrimonial”.
Portanto, o Código Civil não mais tratou da disponibilidade em geral como critério de arbitrabilidade. Apenas reafirmou a patrimonialidade, vedando a arbitragem em certos casos
específicos e nos que se enquadrem em uma fórmula geral de não-patrimonialidade.

Direitos patrimoniais são aqueles que têm expressão pecuniária, em contraposição aos direitos não patrimoniais, que se referem aos direitos da
personalidade e ao estado da pessoa. Entretanto, é bom ressaltar a possibilidade de apreciação em juízo arbitral de aspectos patrimoniais de direitos da
personalidade ou outros que tenham um núcleo não patrimonial. “É o que ocorre com a ação civil derivada de ilícitos penais ou a reparação por uso
indevido da imagem, que podem ser resolvidas por arbitragem se houver convenção das partes nesse sentido”.108
Além de ser patrimonial, exige-se do direito a ser submetido ao procedimento arbitral que seja também disponível, “a disponibilidade do direito se
refere à possibilidade de seu titular ceder, de forma gratuita ou onerosa, (...) sem qualquer restrição”. Trata-se de direitos sujeitos ao poder de
autorregulamentação das partes e, por isso, passíveis de negociação.109
A doutrina e a jurisprudência majoritária entendem ser cumulativos os pressupostos de patrimonialidade e de disponibilidade para que um litígio seja
arbitrável, no entanto, há doutrinária minoritária que desconsidera a necessidade do quesito da disponibilidade, atribuindo-lhe uma compreensão diversa.
Segundo essa corrente, sempre haverá situações que, obrigatoriamente, deverão ser apreciadas pelo Poder Judiciário, não havendo a disponibilidade de
outro meio de solução de controvérsia. Considerando ainda que o Código Civil tenha derrogado o quesito da disponibilidade, somente poderá haver a
submissão de determinado litígio à arbitragem se o ordenamento pátrio não impor às partes a resolução do conflito pelo Poder Judiciário.110
Nesse sentido, manifesta-se Rafael Véras de Freitas ao julgar insuficientes as recentes atualizações por que passou a Lei n.º 9.307/96, alterada pela Lei
n.º 13.129/2015. O articulista sustenta que se perdeu uma grande oportunidade de avançar no tema da arbitrabilidade objetiva, pois a Lei n.º 13.129/2015
não especificou o que são direitos patrimoniais disponíveis, alvo de intensa controvérsia doutrinária e jurisprudencial. Por fim, o autor ainda assevera que
sem critérios seguros delimitadores da matéria não há parâmetro legal para estabelecerem-se as matérias que podem integrar o conceito de arbitragem
objetiva,111 seja no âmbito do direito privado, seja no âmbito do direito público.
9.3. A arbitrabilidade e a jurisprudência
Existe uma dissonância entre doutrina e jurisprudência no que tange ao conceito do que seriam direitos disponíveis causando, por óbvio, um impacto
jurisprudencial acerca das arbitrabilidades objetiva e subjetiva. Não obstante a doutrina se manifestar de modo uníssono em muitas situações em que se
discute se é possível ou não determinada matéria ser objeto do procedimento arbitral ou se determinado sujeito pode ser parte dele, a jurisprudência se
mostra ainda variável em diversas decisões emanadas pelos Tribunais do país.
Como exemplos de decisões polêmicas versando sobre a arbitrabilidade objetiva, o TCU em 2008, no Acórdão n.º 391, decidiu que: inexistindo
autorização legislativa para que determinada autarquia federal realizasse a opção de escolher a via arbitral para dirimir seu conflito estaria dispondo de
interesse público, que é, por si só, indisponível e, que por isso, não poderia ter como objeto de arbitragem tal direito.112
Não obstante ao julgado do TCU, o STJ no Mandado de Segurança n.º 11308/DF, decidiu de modo contrário, isto é, permitindo que sem autorização
legislativa a Administração Pública pudesse optar pelo procedimento arbitral justamente porque a natureza disponível da relação contratual em discussão
assim permitia a utilização da arbitragem.113
Nota-se que as decisões supra comentadas versam sobre a arbitrabilidade objetiva, perfeitamente aclarada pelos direitos disponíveis ou indisponíveis
envolvidos no litígio, contudo, dependendo da teoria adotada em torno do que seria direito disponível, há um reflexo direto e imediato na capacidade das
partes envolvidas na arbitragem e, portanto, tema da arbitrabilidade subjetiva, impedindo que determinado sujeito seja parte no procedimento arbitral.
10. PRINCÍPIOS NORTEADORES DA ARBITRAGEM
Como qualquer ramo do direito, a arbitragem tem seus princípios, que servem como caminho para alcançar o estado de coisa ideal visando sua melhor
aplicação.
Inserida no direito processual, a arbitragem segue as mesmas regras processuais. A Constituição estabelece em seu texto princípios fundamentais que
regem todo o ordenamento jurídico. A arbitragem, como meio alternativo de solução de conflito, também está vinculada à concretização de tais princípios
dentro da órbita dos seus procedimentos.
A arbitragem é técnica de solução de conflitos mediante a qual os conflitantes buscam em uma terceira pessoa, de sua confiança, a solução amigável e
‘imparcial’ de conflito litígio, ou seja, é uma heterocomposição. Trata-se de opção conferida a pessoas capazes para solucionar problemas relacionados a
direitos disponíveis.114
No Brasil a arbitragem é regulamentada pela Lei n.º 9.307/96 e pode ser instituída por meio de um negócio jurídico denominado convenção de
arbitragem, que compreende tanto a cláusulas compromissórias quanto o compromisso arbitral.
Assim, a arbitragem é meio de solução de controvérsias que busca, por meio do árbitro, dizer o direito, e submete-se não só aos princípios gerais do
direito, como também a princípios específicos a seguir expostos.
10.1. Princípio da Autonomia da Vontade
A arbitragem está ligada ao princípio da autonomia da vontade, pois o procedimento arbitral depende da vontade das partes para ser instaurado, ou seja,
as partes precisam, voluntariamente, indicar o juízo arbitral como forma de solução do litígio, afastando a via judicial.
Ainda em virtude da autonomia da vontade das partes, as partes possuem a faculdade de indicar, na convenção arbitral, quem e quantos serão árbitros;
escolher o local da arbitragem; optar pela arbitragem institucional ou ad hoc; escolher as regras de direito a serem empregadas ao caso, se a arbitragem será
de direito ou de equidade; e indicar o procedimento a ser aplicado. Destaca-se que, por mútuo consentimento, as partes podem mudar o que já foi
estabelecido.
Não obstante os poderes do árbitro emanem da lei, é permitido às partes limitá-los, configurando mais um exemplo da essencialidade do princípio da
autonomia da vontade para o instituto da arbitragem.
Para Karl Larenz, autonomia privada é
(...) la possibilidad, oferecida y asegurada a los particulares por el ordenamiento jurídico, de regular sus relaciones mutuas dentro de determinados limites por medio de negócios jurídicos,
en especial mediante contratos.115

No mesmo sentido:
Tal liberdade diz respeito ao procedimento a ser adotado pelos árbitros e ao direito material a ser aplicado na solução do litígio, de sorte que o dispositivo legal comentado, ao referir-se no
parágrafo primeiro a ‘regras de direito’, está-se reportando às regras de forma e de fundo.116

Logo, há de ser considerado como o ápice da instituição da Arbitragem o princípio da Autonomia Privada, em que pese a liberdade atribuída às partes
no procedimento arbitral.
O princípio encontra respaldo legislativo no § 1.º, do art. 2.º, da Lei n.º 9.307/96, que dispõe sobre as partes poderem escolher o direito aplicável ao
procedimento arbitral, ou seja, escolhendo se o procedimento arbitral será de direito ou equidade.
Quando a Arbitragem for de Direito, deverá obedecer ao disposto pelo § 2.º, do art. 2.º, da Lei n.º 9.307/96, conforme preconiza em seu escopo:
Poderão também as partes convencionar que a arbitragem se realize com base nos princípios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais de comércio.

É o entendimento de Giovanni Verde, quando esclarece:


(...) quando se recorre ao juízo de equidade, tem – se em conta esta exigência, e habilita-se o juiz a superar a barreira da lei escrita, a criar uma norma que seja adequada à particularidade
do caso a resolver.117

A chamada equidade é a possibilidade de o juiz aplicar a solução mais adequada ao caso concreto, não necessariamente estando vinculado à lei para
tanto, contudo, sendo necessário atingir o fim social do objeto contratual.
10.2. Princípio do Devido Processo Legal
Trata-se de princípio constitucional que visa assegurar às partes um processo adequado e justo, atendidas as exigências de proporcionalidade e
razoabilidade (art. 5.º, LIV, da Constituição Federal de 1988).
Embora as partes detenham autonomia para optar pela arbitragem, deverão ser observadas no decorrer do procedimento arbitral as garantias do devido
processo legal, como: a igualdade, o contraditório, a ampla defasa, a imparcialidade, a independência jurídica dos árbitros e o livre convencimento (art. 21,
§ 2.º, da Lei n.º 9.307/96).
A importância da observância desses princípios na arbitragem é confirmada pelo art. 32, VIII, da Lei n.º 9.307/96, que prevê como uma das causas de
nulidades da sentença arbitral o desrespeito a esses princípios.
10.3. Princípio do Contraditório
Este princípio consiste no direito que as pessoas têm de ser informadas a respeito dos atos processuais, bem como de poder se manifestar no processo.
Esse princípio abrange a ampla defesa, que representa a possibilidade de as partes produzirem as provas que acharem necessárias.
Com raízes constitucionais, o princípio aduz que no momento da decisão da demanda, as razões de cada uma das partes devem ter sido observadas,
garantindo-se a manifestação de uma em relação à outra no que tange à juntada de provas. É um direito para responder uma provocação processual.
Na Lei de Arbitragem, tal princípio foi recepcionado pelo artigo 21, § 2.º, ao estabelecer:
Art. 21. A arbitragem obedecerá ao procedimento estabelecido pelas partes na convenção de arbitragem, que poderá reportar-se às regras de um órgão arbitral institucional ou entidade
especializada, facultando-se, ainda, às partes delegar ao próprio árbitro, ou ao tribunal arbitral, regular o procedimento. (...)
§ 2.º Serão, sempre, respeitados no procedimento arbitral os princípios do contraditório, da igualdade das partes, da imparcialidade do árbitro e de seu livre convencimento.

Neste sentido, de acordo com o artigo 5.º, inciso LV, da Constituição Federal, trata-se de um princípio garantidor da manutenção de paridade entre os
demandantes, o que ocorre perfeitamente em uma relação empresarial.
10.4. Princípio da Igualdade entre as Partes
No que tange à igualdade, consubstanciado no art. 5.º, caput, da Constituição Federal de 1988, o árbitro deve tratar de maneira igualitária as partes,
conferindo-lhes as mesmas oportunidades, sendo vedado a ele conceder qualquer tipo de privilégio a uma das partes.
Considerando que tal princípio decorre da Isonomia, princípio este devidamente consolidado na Carta Magna, pelo caput do artigo 5.º, deve o Tribunal
Arbitral devidamente constituído ou o árbitro, verificar não somente a igualdade formal como também a igualdade substancial da demanda.
Neste sentido:
No processo arbitral as partes encontram-se em situação bastante equilibrada e escolhem espontaneamente o meio através do qual resolverão seu litígio; no processo estatal, ao contrário, o
equilíbrio das partes não é regra e a participação no processo não é voluntária, mas sim obrigatória.118

Com isso, tem-se, no entendimento do renomado arbitralista, a admissão sobre a desnecessidade de preocupação em observância da isonomia, vez que
as partes estarão a par da igualdade.
10.5. Princípio da Imparcialidade do Árbitro
É característica indissociável da arbitragem, de modo que é imposta ao árbitro em toda sua atuação no procedimento arbitral. A imparcialidade do
árbitro constitui requisito de validade do julgamento proferido pelo juízo arbitral. Por este princípio, o árbitro deve se manter sempre equidistante das
partes, de tal sorte que não privilegie qualquer delas. Portanto, como bem se pode notar, este princípio está intrinsicamente ligado ao da igualdade das
partes. Ademais, o árbitro tampouco pode valer-se de sua função para auferir benefícios pessoais, devendo tão somente se debruçar sobre o conteúdo dos
autos processuais a fim de que possa entregar a solução mais justa às partes.
Assim como ocorre em relação aos juízes togados, é cabível pedido de afastamento do árbitro em decorrência de suspeição ou impedimento. A Lei de
Arbitragem, no art. 14, § 1.º, determina que “as pessoas indicadas para funcionar como árbitro tem o dever de revelar, antes da aceitação da função,
qualquer fato que denote dúvida justificada quanto à sua imparcialidade e independência”.
10.6. Princípio do Livre Convencimento
Esse princípio corresponde à liberdade a qual possui o árbitro para apreciar e avaliar as provas existentes no processo, de forma a constituir livremente
sua convicção no procedimento arbitral. Vale destacar que o livre convencimento do árbitro não se confunde com arbitrariedade, visto que o livre
convencimento do árbitro deve sempre ser motivado.
10.7. Princípio da Inafastabilidade
A tutela jurisdicional é atividade típica do Poder Judiciário, o art. 5.º, XXXV, da Constituição Federal de 1988 dispõe que nenhuma lesão ou ameaça de
lesão será excluída da apreciação do Poder Judiciário. No entanto, já decidiu o Supremo Tribunal Federal que nada impede, e tudo recomenda, que, em
alguns casos, convencione-se a eleição de um terceiro para solucionar o conflito, como no caso da arbitragem, desde que observado o princípio do devido
processo legal, incluídos o contraditório, a independência do árbitro e o respeito à igualdade das partes. Pode, inclusive, qualquer das partes recorrer ao
Poder Judiciário para fazer cumprir o que foi estabelecido no juízo arbitral.
10.8. Princípio da Pacta Sunt Servanda
Se a convenção arbitral for expressa de maneira livre e não houver ofensa a questões de ordem pública, aplicar-se-á com toda sua força o princípio da
pacta sunt servanda, segundo o qual as partes estão vinculadas ao ajuste pactuado, devendo, pois, cumpri-lo.
10.9. Princípio da Competência-Competência (Kompetenz-kompetenz)
Oriundo do direito alemão, o princípio da “competência-competência” está contido no parágrafo único do art. 8.º, da Lei n.º 9.307/96, que dispõe que:
“Caberá ao árbitro decidir de ofício, ou por provocação das partes, as questões acerca da existência, validade e eficácia da convenção de arbitragem e do
contrato que contenha a cláusula compromissória”.
Trata-se da competência conferida ao árbitro para decidir sobre sua própria competência, o que significa dizer que caberá a ele analisar a validade do
contrato e da cláusula compromissória nele inserida, bem como eventual suspeição ou impedimento em relação à sua atuação no caso em questão.
Vale mencionar os ensinamentos do professor Humberto Theodoro Júnior que versam a respeito da convenção arbitral, in verbis:
O antecedente natural do juízo arbitral é a cláusula compromissória. Consiste ela na “convenção através da qual as partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os
litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato” (Lei n.º 9.307, art. 4.º). Embora a instalação do procedimento da arbitragem, em princípio, não possa prescindir do
“compromisso arbitral”, ou de decisão judicial que o supra, a grande revolução realizada pela Lei n.º 9.307 foi a de tornar obrigatória a “cláusula compromissória”, de sorte que, por si só,
esse tipo de pacto se apresenta como adequado para afastar o conflito da apreciação judicial.119

A cláusula compromissória, portanto, é firmada antes da ocorrência de qualquer controvérsia, ao passo que o compromisso arbitral vai ocorrer diante de
um litígio concreto, em razão do acordo firmado pelas partes de se submeterem à arbitragem.
Instituiu-se, um mecanismo judicial para compelir a parte omissa a sofrer a execução específica da cláusula compromissória, que, como as demais
obrigações de fazer, passou a contar também com via de acesso a um adequado procedimento de execução forçada. Deu-se à cláusula compromissória,
dessa maneira, o mesmo tratamento que, de longa data, se dispensava ao compromisso de compra e venda irretratável e outras promessas similares.
10.10. Princípio da Boa-fé
A boa-fé se subdivide em boa-fé subjetiva e boa-fé objetiva, ao passo que a primeira decorre da leitura sistêmica dos art. 1.º, inciso III; art. 3.º, inciso II;
art. 5.º, caput; art. 5.º, inciso III; art. 5.º, § 2.º, todos da Constituição Federal. Isso porque a boa-fé subjetiva na Constituição não pode ser atribuída a um
único artigo, porque se trata da essência do Direito. Ademais, deve ser vista em sua forma ampla porque dela decorre todas as relações jurídicas pleiteadas
pelo ser humano.
O princípio da boa-fé gera mais que um estado subjetivo de eticidade, erige-se em fonte de normas objetivas. Motivo por que a boa-fé objetiva
decorrente da Constituição Federal consta expressamente no Código Civil, servindo de norte para as relações do Direito Empresarial, nos arts. 113, 187 e
422.120
A boa-fé expressa pelo legislador demonstra o caráter amplíssimo intencionado pela Constituição Federal já que este princípio não está limitado ao
momento da celebração do contrato. Devem os demandantes observá-lo durante toda a fase pré-contratual, nas fases executórias do contrato e mesmo após,
quando os efeitos houverem se esgotado.
10.11. Princípio da Temporariedade
O Instituto da Arbitragem possui o fator temporal como uma de suas características inerentes, ao contrário do procedimento judicial. Deste modo,
visando a celeridade processual e a garantia do caráter transitório ao procedimento, o juízo arbitral não pode e não deve prolongar-se indefinidamente no
tempo, sem que haja prolação de sentença arbitral. Deste modo, a obrigação ostenta caráter transitório, pois, eis que se fosse perpétua, importaria servidão
humana, escravidão, o que não mais se admite nos regimes civilizados, ressaltando-se ter sido esta a intenção do legislador ao promulgar a Lei de
Arbitragem.
Assim, resta consagrado o princípio da temporariedade, segundo o qual, decorrido o lapso temporal previsto na cláusula de convenção de arbitragem
para prolação da sentença arbitral, ou nada tendo sido convencionado, decorrer-se-á o prazo de seis meses, contado da instituição da arbitragem ou da
substituição do árbitro para a prolação e apresentação da sentença arbitral.121
11. ARBITRAGEM INSTITUCIONAL
No Ordenamento Jurídico Brasileiro existem, basicamente, dois tipos de arbitragem: ad hoc e institucional.
A arbitragem institucional caracteriza-se pela existência de uma instituição responsável pela administração do procedimento, cujas regras já são
existentes e que devem ter sido analisadas e escolhidas pelas partes quando da elaboração da convenção arbitral. A arbitragem institucional se denota por
características opostas à arbitragem ad hoc.
Necessário, de pronto, fixar que na arbitragem institucional as partes, por meio de cláusula inserta em contrato, estabelecem que a solução de eventual
conflito futuro dar-se-á por órgão institucional – Câmara de Arbitragem – detentor de regulamento próprio a que estão submetidas as partes.
Uma das características de forma de arbitragem possibilita às partes estabelecerem a forma como o procedimento se desenvolve como renuncia o CPC e
fixar regras próprias para o procedimento arbitral.
Neste norte, a administração é feita pela instituição, com fulcro em regulamento prévio, com o fim de garantir que o laudo arbitral tenha todos os
requisitos necessários para ser executado e que o procedimento não tenha vícios que possam ser suscitados ao final em eventual ação de nulidade pela parte
perdedora.
No dizer de Carlos Alberto Carmona:
A intervenção das instituições permanentes de arbitragem – organismos dos mais variados matizes que propiciam o desenvolvimento da arbitragem, seja através da edição de regras de
procedimento, seja através do estabelecimento de tribunais arbitrais, seja favorecendo a pesquisa científica - funciona como verdadeira mola propulsora do instituto, especialmente no que
diz respeito ao comércio internacional.122

Com igual clareza, estabelece Francisco José Cahali:


Na arbitragem institucional, também chamada de arbitragem administrada, a solução da controvérsia se encomenda a uma instituição de arbitragem, por expressa vontade das partes ou por
decisão judicial nas hipóteses em que assim se permite.123

Quando as partes escolhem uma instituição arbitral, as partes escolhem também o regulamento dessa instituição que irá substituir de maneira prática,
informal e objetivo, o Código de Processo Civil, de modo que as partes não se preocupem em fixar as regras que nortearão o procedimento.
Portanto, quando as partes previamente convencionam, ou por meio da cláusula compromissória ou pelo compromisso arbitral, que a solução de um
litigio será delegada a uma instituição criada para este fim, ambos estão consentindo para que a entidade nomeada gerencie todo procedimento arbitral e dê
todo suporte necessário à resolução da lide.
Dentre os aspectos previamente consabidos pelas partes estão a estipulação do prazo, definição do idioma, especificação do local em que serão
realizadas as audiências, além da forma como serão pagas as custas do procedimento arbitral e quais os árbitros ou mediadores da instituição que serão
nomeados, sendo sempre em número ímpar, bem como as demais questões que envolvem o procedimento arbitral.
Desse modo, um determinado organismo de arbitragem é independente para impor normas regulamentares, por meio das quais serão estabelecidas as
formalidades, etapas, providências e trâmites.
Ainda quanto às instituições de arbitragem, enquanto pessoas jurídicas autônomas poderão assumir as diversas formas societárias admitidas em direito.
Têm, ainda, autonomia para dispor sobre sua tabela de custos.
Ao contrário da arbitragem ad hoc, que possui cláusula compromissória cheia, a arbitragem institucional escolhida pelas partes fica submetida ao
regulamento da instituição escolhida.
A instituição arbitral disponibiliza o suporte necessário para o bom andamento do procedimento, tais como: as incumbências da secretaria da instituição
arbitral; arquivos com livre e fácil acesso às partes de forma organizada, preservando a confiabilidade e sigilo; instalações adequadas para as realizações
das audiências; setor financeiro para cobrar o reembolso das despesas incorridas na arbitragem.
Muitas instituições arbitrais são certificadas pelo ISO 9000, certificado esse que avaliza a qualidade da prestação de serviço oferecido.
Destaque-se, dentre os órgãos, o Instituto Nacional de Mediação e Arbitragem – INAMA, da Associação Brasileira de Arbitragem – ABAR, ambos
sociedades civis. Ainda, Centro de Mediação de Arbitragem de Pernambuco – CEMAP, Centro de Mediação e Arbitragem da Câmara de Comércio Brasil-
Canadá, Centro de Mediação e Arbitragem da Câmara de Comércio Argentino-Brasileira de São Paulo – ARBITAC, Câmara de Conciliação e Arbitragem
da Associação Comercial da Bahia, Câmara de Mediação e Arbitragem de São Paulo, Juízo Arbitral da Bolsa de Mercadorias e Futuros de São Paulo, Corte
Brasileira de Arbitragem Comercial (CBAC), Centro de Arbitragem da Câmara Americana de Comércio, entre outros.
Oportuno registrar, a existência do Conselho Nacional de Instituições de Mediação e Arbitragem – CONIMA, instituído com o fim de representar tais
entidades, bem como aprimorar a atuação de tais organismos.
Oportuno mencionar que, segundo dados da pesquisa: Arbitragem em Números e Valores, por Selma Lemes, as lides solucionadas pelo uso da
arbitragem cresceram 73%, de 2010 a 2015.124 Registre-se que foram pesquisadas as seguintes câmaras: Centro de Arbitragem da AMCHAM – Brasil
(AMCHAM); Centro de Arbitragem da Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC); Câmara de Mediação, Conciliação e Arbitragem de São Paulo –
CIESP/FIESP (CIESP/FIESP); Câmara de Arbitragem do Mercado (CAM); Câmara de Arbitragem da Fundação Getúlio Vargas (CAM/FGV); e Câmara de
Arbitragem Empresarial – Brasil (CAMARB).
Segundo a mesma pesquisa, em 2015, os procedimentos solucionados extrajudicialmente somaram mais de R$ 38 bilhões.
Diante de tais números pode-se concluir que as empresas compreenderam as vantagens da utilização da arbitragem, quais sejam a celeridade e
qualidade das decisões, além da redução de custos relacionados à demora dos julgados. Trata-se de opção não somente jurídica, mas também econômica.
Noutra vertente, a maior parte dos casos arbitrados referem-se ao Direito Societário, fornecimento de bens e serviços, aluguel, Direito Empresarial e
construção civil e energia. Tais informações foram obtidas nas câmaras Americana de Comércio Brasil-Estados Unidos (Amcham); de Arbitragem
Empresarial – Brasil (Camarb); de Comércio Brasil-Canadá (CCBC); de Conciliação, Mediação e Arbitragem Ciesp/Fiesp; da FGV e o do Centro de
Arbitragem e Mediação (CAM).
Nota-se, portanto, o significativo crescimento do número de instituições de arbitragem no país, o que revela uma tendência nacional de busca por vias
mais céleres e qualificadas para a solução de conflitos que atendam à real necessidade das partes.
12. ARBITRAGEM AD HOC OU AVULSA
Arbitragem ad hoc, comumente chamada de arbitragem avulsa, é modalidade de solução de conflitos em que cabe às partes definir as regras aplicáveis
ao procedimento e à arbitragem, bem como as normas para a sua administração, cabendo ainda escolherem, de comum acordo, os profissionais que
participarão da arbitragem.
A arbitragem ad hoc é aquela que as partes em comum acordo optam como administrar o procedimento arbitral ou delegar ao árbitro ou ao tribunal
arbitral as regras e prazos que nortearão o desenvolvimento da arbitragem, além da própria administração operacional, não estando sujeita a nenhuma
instituição.
Vale dizer que a expressão latina ad hoc, referente ao tipo de arbitragem, refere-se ao procedimento arbitral que é instaurado “à propósito” ou “para
isso”, e, a nossa Lei de Arbitragem assim não a nomina, mas, a explicita quando define o Compromisso arbitral como a convenção através da qual as partes
submetem um litígio à arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial (art. 9.º, da Lei n.º 9.307/96).
Quando as partes escolhem a arbitragem ad hoc é o contato direto com o painel arbitral, com isso qualquer reclamação a ser feita de ordem
administrativa, demora no andamento da arbitragem, ausência de expedição de ordens processuais, não cumprimentos de prazos.
Na arbitragem ad hoc, as próprias partes em convenção autônoma e independente elegem os seus árbitros e estipulam as regras desse procedimento,
para a solução – sempre excluído o Poder Judiciário, de questão ou controvérsia já existente entre elas. É possível que se escolham regras já existentes para
os procedimentos ou a criação de regras novas.
Caberão às partes escolher quem irá compor o painel arbitral, negociar honorários dos árbitros e do secretário, o que pode dificultar a instauração de
nova arbitragem, ocasionando até novos conflitos, bem como as despesas com locação de sala de audiência, equipamentos, etc., tudo custeado pelas partes.
Preleciona Pereira125 e Lessa Neto126 que as partes, quando optarem por este tipo de arbitragem, deverão, em tese, ter a incumbência de redigir uma
Cláusula Arbitral Cheia, que nada mais é do que a cláusula contratual que contempla o necessário para se dar início à arbitragem, inserida dentro de
Convenção Arbitral, que estabelece o modus operandi que as partes deverão seguir, com: nomeação de árbitros ou critérios para a escolha dos mesmos;
fixar os prazos para respeitar a nomeação dos árbitros; estabelecer endereços para recebimento de comunicações sobre a arbitragem em curso; estabelecer
prazos para cumprimento de obrigações das partes e dos árbitros.
Esta determinada cláusula que instituirá a Arbitragem ad hoc, deverá necessariamente observar os requisitos essenciais previstos no art. 10, da Lei n.º
9.307/96, devendo, obrigatoriamente, conter o nome e a qualificação das partes e do(s) árbitro(s) designado(s), a matéria que se submeterá para disciplina
da arbitragem e o foro em que o laudo arbitral será proferido.127
Igualmente, conforme a redação do art. 11 do mesmo dispositivo legal, as partes controvertidas poderão dispor a respeito dos prazos para emissão do
laudo arbitral, a indicação das normas aplicáveis, a fixação dos honorários e a possibilidade de julgamento por equidade.128
Contudo, há que se concordar que, mesmo diante de ausência de cláusula compromissória e já diante de um determinado conflito, é oportunizado que
os disputantes optem pela Arbitragem ad hoc diretamente por meio do compromisso arbitral, ou, ainda na hipótese de uma Cláusula Vazia, as partes
poderão exigir em juízo, através de ação judicial de rito especial, com fulcro no art. 7.º, da Lei de Arbitragem, que o Magistrado complemente a vontade
das partes e determine o conteúdo do compromisso, estruturando as regras aplicáveis ao procedimento arbitral.129
As demais questões, custeamento com despesas administrativas poderão ser dirimidas em reunião posterior entre tribunal e partes.
Vale ressaltar que as informações que possam dificultar a instauração da arbitragem por uma das partes são chamadas de cláusula compromissória
vazia, que poderá ensejar em interposição de ação de cumprimento de cláusula compromissória estabelecida no art. 7.º, da Lei de Arbitragem.
Incumbe às partes que administram o procedimento cumprir todas as exigências legais para que o laudo arbitral tenha eficácia de título executivo
judicial e que seja evitada a posterior nulidade e por consequência disso, toda a arbitragem.
Para melhorar o desempenho da Administração, poderá o Tribunal arbitral nomear um secretário que ficará responsável pelo encaminhamento das
comunicações, pelos arquivos do procedimento, pelo saneamento da arbitragem, de modo que possa desenvolver normalmente sendo essa opção do
presidente do tribunal arbitral, evitando assim a sobrecarga das funções administrativas e operacionais, sempre com a anuência das partes e esse secretário
ficará urgido com as mesmas obrigações de sigilo e confidencialidade imputados aos árbitros.
Note-se que a arbitragem ad hoc, exige maior sinergia entre as partes e também a determinação de um grupo específico de profissionais para
administrar o procedimento, de acordo com as regras estabelecidas pelas partes.
A arbitragem ad hoc ou avulsa decorre da consensualidade e da flexibilidade inerentes à instauração de um procedimento arbitral. Esta proposta de
arbitragem permite ainda maior maleabilidade à instrução do desentendimento a ser resolvido.
Tal faculdade se depreende da própria Lei n.º 9.307/96, que assim prevê em seus arts. 5.º e 21, respectivamente:
Art. 5.º Reportando-se as partes, na cláusula compromissória, às regras de algum órgão arbitral institucional ou entidade especializada, a arbitragem será instituída e processada de acordo
com tais regras, podendo, igualmente, as partes estabelecer na própria cláusula, ou em outro documento, a forma convencionada para a instituição da arbitragem.
Art. 21. A arbitragem obedecerá ao procedimento estabelecido pelas partes na convenção de arbitragem, que poderá reportar-se às regras de um órgão arbitral institucional ou entidade
especializada, facultando-se, ainda, às partes delegar ao próprio árbitro, ou ao tribunal arbitral, regular o procedimento.
§ 1.º Não havendo estipulação acerca do procedimento, caberá ao árbitro ou ao tribunal arbitral discipliná-lo.

Ora, verificando-se o princípio basilar de que cabe, em regra, às partes a disposição do procedimento arbitral, é certo que estas também poderão convir
a fim de se alterar o procedimento, buscando uma melhor adequação ao caso. Sendo, repita-se, permitido que os litigantes simplesmente deleguem ao
árbitro designado à regulação do procedimento, cabendo a este profissional dirimir possíveis obstáculos e lacunas que se apresentem no decorrer da
arbitragem.130
Na hipótese em que o árbitro ad hoc designado não possa prosseguir desempenhando a função que lhe fora delegada e a cláusula de arbitragem não
estipular nada a respeito, interromper-se-á o procedimento arbitral até que um novo árbitro possa assumir.131
Faz-se mister destacar que a escolha por este tipo de arbitragem é tanto incomum, se comparada à modalidade institucional, por conta da falta de
praticidade. Apesar do arquétipo ad hoc poder trazer um benefício econômico por conta da redução de custos, há que se ponderar que a escolha do árbitro
ou do colegiado deverá ser feita com muita prudência, compulsando as partes que selecionem um especialista de extrema confiança, com perícia e
experiência inquestionável para este tipo de atividade, devendo estas também, se debruçar com maior atenção e rigor para se delimitar as regras e
parâmetros aplicáveis àquele procedimento arbitral, buscando acordar sobre todas as minúcias relevantes à instrução da controvérsia. Estes cuidados são
indispensáveis para que o procedimento não seja contaminado ou passível de anulação no futuro, preservando-se assim, a eficácia e a legitimidade da
solução arbitral.132
13. CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM
A justiça arbitral foi pensada como um órgão privado e autônomo, no qual as partes podem optar por seu uso, para dirimir seus conflitos.
Destarte essa demanda, criou-se a Lei n.º 9.307/96, incorporando o instituto e delineando suas diretrizes. Posteriormente, foi alterada pela Lei n.º
13.129/15.
Dentro da lei, é possível encontrar a convenção de arbitragem como o pacto no qual as partes se prestam a adotar tal medida, contanto que sejam
capazes e versem sobre direito patrimonial disponível.
A convenção de arbitragem, nada mais é do que o negócio jurídico, firmado em instrumento formal e escrito, pelo qual as partes, no exercício e gozo de
sua autonomia privada, optam, consensualmente, pelo modelo arbitral de resolução de conflitos.133
É evidente a referência ao princípio da autonomia da vontade, na forma de celebrar a convenção, fazendo assim com que essa se torne obrigatória —
pacta sunt servanda.
Como negócio jurídico que é a convenção representa o livre espaço de disposição voluntária, por meio do qual, as partes contratam, dentro dos
parâmetros legais, a instauração do procedimento arbitral. Esta matriz, quando bem delineada, é capaz de guiar os litigantes a uma tranquila solução da
controvérsia, evitando eventuais vícios ou falhas que possam vir a comprometer o andamento da arbitragem.134
A convenção de arbitragem, como exaustivamente mencionam, é um gênero, no qual acolhe as seguintes espécies: o compromisso arbitral e a cláusula
compromissória. O Brasil faz essa distinção das espécies, e essa diretriz se extrai do artigo 3.º, da Lei n.º 9.307/96.135 Diferentemente de outros países,
como a Espanha, que somente adotam a expressão “convênio arbitral”.136
A cláusula compromissória se digna a prever a submissão do litígio à arbitragem. O compromisso arbitral, por sua vez, é firmado após o surgimento da
lide.
A cláusula compromissória, conforme prescrição legal, deverá ser escrita, e, em virtude de seu caráter preventivo, servirá para dirimir eventuais
conflitos emergentes. Esta poderá estar inserida no contrato ou em documento apartado. Também poderá ser classificada como cheia ou vazia, sendo a
primeira quando previamente definidas todas as suas condições, e a segunda tida como genérica e sem integralidade.
Por seu turno, o compromisso arbitral, surge da vontade das partes em meio a um conflito presente, no qual o objeto de litígio é direcionado a uma
justiça arbitral, cuja finalidade precípua é tratar do processo de conhecimento acerca da lide.
A natureza jurídica da convenção de arbitragem é contratual, assim ocorrendo de forma bilateral ou, também, de forma multilateral, mas nunca
unilateralmente.
No tocante às características da convenção, ressalta-se a importância de ser escrita, da especificidade do conteúdo, da disponibilidade do direito objeto
do litígio e da sua acessoriedade. Não podendo ser oral, nem vaga.137
Além disso, para se reconhecer a validade da convenção, os outros dois importantes requisitos são a capacidade das partes e o livre consentimento
manifestado nos termos das prescrições legais. Por conseguinte, conclui-se que, qualquer das hipóteses de vício de negócio jurídico, previstas nos artigos
166138 e 167139 do Código Civil, invalidará a convenção.
A convenção é considerada autônoma, pois além de ter seu processo separado do contrato principal ensejador da mesma, possui requisitos próprios; e é
considerada acessória, por só existir em face de uma relação jurídica anteriormente contratada. Existe exclusivamente para atender relações conflitantes,
decorrentes do contrato principal, por vir ou presentes.
Ressalta-se ainda, a possibilidade de a convenção arbitral ser regida por lei diversa que a do negócio principal. Tal atributo deriva justamente do
princípio da autonomia da convenção arbitral. Todavia, permanecendo as partes silentes quanto à legislação regulatória da convenção, presumir-se-á que a
lei aplicável ao mérito será a mesma de eventual processo arbitral.140
Ainda sobre a autonomia da convenção, essa pode seguir seu processo, mesmo quando a relação jurídica principal tenha sido prejudicada por fraude,
desde que o vício não esteja na convenção de arbitragem.141
É possível, na convenção arbitral escolher tanto a arbitragem institucional quanto a arbitragem ad hoc, isso porque as partes gozam de liberdade de
escolha ao acordarem.
A rigor, sobre os efeitos que a convenção de arbitragem pode causar um dos primeiros, denominado de efeito positivo, é o de tornar sua jurisdição
obrigatória. Isso ocorre porque, uma vez acordado entre as partes esse método de resolução de litígio, obedecendo todos os trâmites de sua legalidade, não
há porque voltar atrás, a menos que ambas as partes renunciem suas vontades de verem o conflito assistido no âmbito arbitral. Essa renúncia poderá ser
escrita ou apenas tácita; e mesmo que as partes possam se valer da via judicial, isso não será necessariamente considerada uma renúncia tácita.
Há que se citar também, o efeito negativo da convenção, assim considerado por alguns autores, tais como o ilustre professor Leonardo Beraldo,142 a não
apreciação do possível mérito do conflito pelo poder judiciário. Esse exercício do judiciário manter-se resguardado, brota da anterior disposição das partes
em se submeter à arbitrariedade. Porém, salienta-se que essa abstenção não é definitiva, diante da necessidade da intervenção judiciária, em casos como
execução, decretação de nulidade, condução de testemunhas e outros atos coercitivos.
A partir do momento em que as partes se obrigam mutuamente a se prestarem ao juízo arbitral, a negação por uma delas, posterior à convenção, poderá
e deverá ser levada ao judiciário, para que o magistrado determine o cumprimento pela parte resistente, de se submeter à arbitragem, verificados os
requisitos de validade da convenção.143 Nesse sentido, o artigo 485, VII, CPC/15, transcreve a extinção do processo sem resolução de mérito na via judicial,
quando se tratar de convenção de arbitragem.144
É interessante ainda trazer à baila, o poder que a justiça arbitral tem no processo de conhecimento e em relação à concessão de tutela de urgência, mas
que apesar da convenção, e mesmo se delineada nesta, é limitado a atos que convêm somente ao poder judiciário, como os processos de execução e
cumprimento de sentença, e ao exercício de atos coercitivos.145
14. DA CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA E A SUA AUTONOMIA
A doutrina aponta que, da própria definição pode ser extraída a natureza jurídica da cláusula compromissória, é negócio jurídico, resultado da
manifestação de vontade das partes, podendo ser plurilateral, contudo, com um único intuito de afastar a apreciação do judiciário a ameaça ou lesão a
direito.
É bem verdade que existe ainda divergências no tocante à natureza jurídica da cláusula compromissória. Há autor que defenda ser pré-contratual,146 e há
autor que defenda ser contrato existente e válido.147
Há ainda o entendimento de Ana Luiza Nery,148 nesse sentido, a qual afirma que a natureza jurídica da cláusula compromissória veio a ser dada após a
criação da Lei de Arbitragem no Brasil. A autora explana que anteriormente essa era tratada como um pré-contrato, assim, portanto, necessitava ser
confirmada através de um novo acordo entre os contraentes. Hoje, explana a autora, que é perceptível a brusca mudança ao tratar-se de cláusula
compromissória. Um dos pontos que diferenciam a regulamentação desta, do tratamento anterior ao posterior à lei, é a sua criação antes mesmo de se ter o
litígio. A instituição da obrigação de fazer.
Por fim, é clarividente que por ser acordo manifestado mediante vontade das partes, tem a mesma natureza dos contratos, sendo, portanto, um deles, na qual se condiciona eventual lide ao sistema arbitral
da Lei n.º 9.307/96.
Inicialmente é imprescindível definir o conceito legal e doutrinário da cláusula compromissória, para que posteriormente possamos abordá-la com
maior profundidade.
Pois bem, o conceito legal da cláusula compromissória está estabelecido no art. 4.º, da Lei n.º 9.307/96:
Art. 4.º A cláusula compromissória é a convenção através da qual as partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir relativamente a tal
contrato.
§ 1.º A cláusula compromissória deve ser estipulada por escrito, podendo estar inserta no próprio contrato ou em documento apartado que a ele se refira.

Do dispositivo depreende-se primeiramente que a cláusula compromissória é uma das espécies do gênero convenção de arbitragem, isto é, a convenção
de arbitragem poderá ser acordada de duas formas: a) mediante cláusula compromissória; b) mediante compromisso arbitral. Apenas a título de registro, as
espécies são diferenciadas pelo momento em que são pactuadas, assim, se convencionada no momento anterior à manifestação do litígio se denominará
cláusula compromissória e, consequentemente, se estipulada após a formação do litigio judicial ou extrajudicial recebe o título de compromisso arbitral.
Doravante, cabe-nos apenas a análise da primeira espécie que pode ser interpretada como negócio jurídico na qual as partes se subordinam à
arbitragem, nos litígios que porventura possam ser instaurados na relação contratual, afastando integralmente a jurisdição estatal.
O conceito doutrinário da cláusula compromissória pode ser extraído do jurista Tarcísio Araújo Kroetz:
(...) negócio jurídico que determina a subtração da jurisdição estatal das controvérsias que possam originar entre os contratantes, estabelecendo competência da solução de eventuais litígios
para instância arbitral. A celebração desse contrato há que ser realizada em momento anterior ao surgimento da lide.149

Alexandre de Freitas Câmara relata que a cláusula compromissória “é um contrato preliminar, ou seja, uma promessa de celebrar o contrato definitivo,
que é o compromisso arbitral.”150
Destarte anteriormente salientado, existem pensamentos divergentes entre autores em relação à classificação da natureza jurídica da cláusula
compromissória, no qual a maioria deles como Beraldo, Nery, e Cahali defende tratar-se de contrato existente e válido, e não de natureza pré-contratual.
Ademais, o § 1.º, do art. 4.º, da Lei de Arbitragem, aponta que a única condição formal existente para pactuar a cláusula compromissória é que ela seja
convencionada na forma escrita, ainda que o contrato principal seja verbal.
No sistema atual é vedado a presunção de existência de cláusula arbitral, haja vista que a pactuação dela goza de autonomia em relação ao contrato,
sendo uma obrigação independente da validade do contrato.
Complementa-se que a convenção de arbitragem poderá ser pactuada no próprio contrato ou em documento separado que ao contrato se refira. Portanto,
como bem Cahali colaciona Nanni, quando há ruptura da unificação do ato, há a “compromissória pluridocumental”.151
No entanto, quando o contrato for de adesão, o parágrafo segundo impõe exigência específica, determinando que só produza efeito a cláusula arbitral
caso o aderente tome a iniciativa ou expressamente a aceite, desde que seja feita em negrito no próprio contrato ou em documento apartado, ressaltando que
deverá haver assinatura específica para esta cláusula, confirmando a livre vontade de pactuá-la.
A cláusula em relevo tem efeitos típicos positivos e negativos, assim como o compromisso arbitral.
Para melhor distinção dos efeitos, pode-se iniciar pelos efeitos negativos, como definido no poder, assim que pactuada a cláusula compromissória, de
afastar a própria competência de apreciação do Judiciário de futuras lides instauradas acerca desta relação jurídica.
Já quanto ao efeito positivo, entende-se que é a consumação da vontade das partes ao subordinar eventual lide ao sistema arbitral e neste permanecer até
decisão final, privilegiando a primazia da convenção de arbitragem sobre eventuais privilégios ou imunidades de jurisdição.
Há também dentre os efeitos da cláusula compromissória a vinculação das partes. Porém, para validade e sua futura aplicação, há de ser imprescindível
o negócio jurídico de direito privado, partes capazes e objeto de direito disponível.152
Por haver vinculação das partes à cláusula compromissória, existindo a negativa de uma das partes de se submeter ao instituto da arbitragem, no caso de
anteriormente ter sido celebrada a cláusula compromissória, deverá ser informado o juiz de direito para que verificando os requisitos de validade, prolate
sentença judicial obrigando-a ao procedimento arbitral.
E ainda, no caso de a parte desprezar a cláusula compromissória e propor ação judicial, deverá a parte ré denunciar a instituição da arbitragem ao juiz,
para que este abstenha-se de discutir a matéria em si e desloque o litígio à competência arbitral. Inteligência tirada do inciso X, do art. 337, do CPC/15.
O princípio da Autonomia da Cláusula Compromissória encontra-se insculpido no art. 8.º, da Lei n.º 9.307/96:
Art. 8.º A cláusula compromissória é autônoma em relação ao contrato em que estiver inserta, de tal sorte que a nulidade deste não implica, necessariamente, a nulidade da cláusula
compromissória.
Parágrafo único. Caberá ao árbitro decidir de ofício, ou por provocação das partes, as questões acerca da existência, validade e eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que
contenha a cláusula compromissória.

Verifica-se a verdadeira autonomia da cláusula, ainda que diante de eventual discussão ou a própria nulidade do contrato. Havendo a simples previsão
da cláusula, mesmo tendo o contrato principal inválido em parte ou no todo, a cláusula arbitral permanecerá se tiver seus requisitos válidos e for eficaz.153
A permanência da cláusula compromissória ocorre, pois é resultante da vontade das partes em submeter o litígio ao juízo arbitral, inclusive em relação aos
vícios do contrato.154
No entanto, ainda que ambos estejam passíveis de nulidade, e que a disputa verse sobre a existência, validade ou eficácia da própria cláusula ou do
compromisso arbitral, é imprescindível o pronunciamento do árbitro sobre o possível vício, momento em que decidirá sobre o litígio.
Outro ponto importante a ser destacado é que, será competência do árbitro o distrato do negócio jurídico, ainda que as partes tenham invalidado o
contrato de forma bilateral, dissolvendo-o.
No entanto, ressalta-se um ponto pertinente, qual seja, quando há elaboração conjunta do negócio jurídico principal e da cláusula compromissória,
ocorre a possibilidade de ambos possuírem os mesmos vícios, haja vista a sua produção concomitante.155
Assim, verifica-se que a doutrina tem destacado que o princípio da autonomia não é absoluto, assim, configurado que o vício que anulou o contrato
alcançou a cláusula compromissória, esta também será invalidada.
Concluindo-se que, ainda que neste último argumento levantado por parte da doutrina, a lei determina a necessidade de manifestação do árbitro,
podendo decidir de ofício ou mediante provocação das partes eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que contenha a cláusula compromissória.
14.1. ESPÉCIES DE CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA
Há ainda que se falar na existência de cláusula compromissória cheia e vazia. O art. 5.o, da Lei de Arbitragem, está delineada a cláusula compromissória
cheia, a qual é caracterizada por conter o essencial para instalar a arbitragem, como: a lei que será aplicada e sua organização. Nessas cláusulas cheias,
vislumbram-se duas espécies: as cláusulas cheias remissivas e as cláusulas cheias dispositivas. Há cláusulas que apesar de aparentemente serem cheias,
precisam de complemento para instituir a arbitragem, vez que em seu bojo estabelecem regras elevadamente difíceis de serem cumpridas por tribunal
arbitral.
No tocante às cláusulas compromissórias vazias, o art. 6.o, da Lei de Arbitragem, define como cláusulas que não contêm os elementos necessários para
instituir a arbitragem, como a definição de como serão escolhidos os árbitros, as regras aplicáveis, e toda a liturgia arbitral. Só é uma cláusula arbitral
porque anteriormente foi pactuada, mas é vazia por não terem sido acordados o procedimento no todo. Assim, devendo uma das partes manifestar seu
interesse em começar o procedimento arbitral, podendo ser por meio postal ou outro meio de comunicação, para que as próprias partes preencham a lacuna
com todos os elementos essenciais para a instauração do processo arbitral.
14.2. CLÁUSULAS PATOLÓGICAS
O Estudo elaborado em 1974, por Frederic Eisemamm denominou de cláusulas pathologiques (cláusulas doentes) as cláusulas defeituosas, imperfeitas
ou incompletas, que pela ausência de elementos mínimos ocasionam dificuldades ao desenvolvimento harmonioso da arbitragem.156
É sabido que não existe uma fórmula pré-elaborada de uma cláusula perfeita, porém, recomenda-se que seja dada a devida atenção no momento do seu
preparo, de tal sorte que possa evitar eventuais interpretações dúbias ou maléficas às partes.
Atualmente, as cláusulas patológicas adquirem espaço no momento em que as partes já estão estupefatas de negociar sobre os objetos, objetivos,
valores, forma de pagamento, dentre inúmeros aspectos que na época parecem ser mais relevantes e posicionam a cláusula arbitral como último item a ser
discutido, por isso são usualmente conhecidas como midnight clauses arbitration.
Assim, verifica-se que cláusula patológica embrionária surge em sua essência inacabada ou defeituosa, ocasionando possivelmente um andamento
contencioso do processo arbitral, visto que, a parte impulsada pela má-fé poderá se servir desta lacuna para suscitar interpretações infra, ultra ou
extracontratual, por óbvio, não desejadas pelas partes quando da sua pactuação.
Para que isso não aconteça, “espera-se que o conteúdo de uma cláusula arbitral seja modelo para a perfeita instauração, organização e desenvolvimento
da arbitragem, com todos os elementos e peculiaridades pertinentes ao objeto do contrato.”157
A clareza na redação e a precisão nos conceitos são regras de observação obrigatória, necessárias para bem satisfazer as expectativas das partes e
adequação ao objeto do contrato. Colocando em prática tais orientações evita-se um procedimento confuso, contraditório e inoperante. No entanto, nem
sempre é assim.
Existem cláusulas arbitrais totalmente despidas de elementos básicos para identificação, com redações contraditórias, ambíguas, de difícil compreensão,
que frustram o interesse e expectativas das partes signatárias, prejudicando o regular andamento do procedimento arbitral.
As cláusulas ao serem redigidas devem ser certificadas e observado que nelas constem todos os elementos necessários e capazes de torná-las uma
“cláusula cheia”, aquela que ocasiona instauração efetiva da arbitragem na forma convencionada pelas partes, pois somente dessa forma se está
assegurando que as expectativas das partes se materialize efetivamente.
As consequências de uma cláusula arbitral patológica, por encerrarem problemas em sua redação ou efeitos geram um mal. Esse mal, embora tenha
gravidade variável, pode levar os litigantes a situações extremas de, após transcorrido todo o procedimento arbitral, virem declarada a invalidade de
cláusula arbitral justamente pela patologia já incorporada, resultando na inutilização de todo o procedimento realizado, inclusive uma eventual decisão do
conflito que se pretendia definitiva.
A Cláusula patológica designa avenças inseridas em contrato que submetem eventuais litígios à solução de árbitros mas, por conta de um redação incompleta, esdrúxula ou contraditória,
não permite, aos litigantes a constituição do órgão arbitral, suscitando duvidas que arrastam as partes ao poder judiciário para instituição forcada da arbitragem.158

Estando a vontade das partes em contradição e, não logrando êxito no momento da formulação da respectiva cláusula, a questão deverá ser remetida ao
Poder Judiciário.
Segundo a Lei de Arbitragem, antes de judicializar a questão, a parte que desejar arguir a nulidade da cláusula arbitral deve formular esse pedido ao
próprio árbitro, nos termos do art. 8.º, parágrafo único. Porém, há uma exceção com relação a esta matéria, pois o STJ relativizou esta regra e decidiu que
se a nulidade de cláusula compromissória for muito evidente, será possível ao Poder Judiciário declarar a sua invalidade mesmo sem que este pedido tenha
sido formulado em primeiro lugar ao próprio árbitro.159
Enfim, a cláusula arbitral patológica caracteriza-se pela não eficácia, devido à formulação se apresentar com redação ambígua, confusa, que, por si só,
não explica a vontade das partes, ou que pode colocar a vontade das partes em contradição, isto é, são cláusulas redigidas de forma incongruente que da
leitura não pode revelar a vontade das partes de convencionar cláusula compromissória.
Cláusulas com essas patologias não permitem que se infira que as partes elegeram a arbitragem para solucionar possível controvérsia existente e são
consideradas nulas e de nenhum efeito no que concerne ao privilégio da instância arbitral.
Finalmente, dessa forma, a grande lição que resulta dessa análise é que devemos ser bastante cuidadosos ao redigir a cláusula compromissória.
Devemos assegurar que, ao elaborá-la, nela constem todos os elementos necessários e capazes de torná-la uma “cláusula cheia”, passível de afastar a
jurisdição e introduzir a exclusividade do juízo arbitral na forma convencionada pelas partes. Situemo-nos, como regra, no art. 5.º, da Lei, e deixemos o art.
7.º, para regular somente a exceção que, esperamos, seja menos e menos incidente. No entanto, se isso ainda vier a ocorrer, aplicar-se-ão as disposições do
Código Civil sobre ato ilícito e indenização por perdas e danos.160
14.3. CLÁUSULAS ARBITRAIS ESCALONADAS
O termo escalonado significa a ideia de ordem, sucessão, que tem como objetivo passar de um estágio para outro, considerando, portanto, ser possível
avançar todos os estágios em ordem crescente.
Do ponto de vista jurídico, pode-se dizer que a cláusula escalonada é um instituto referente a várias etapas, sendo, portanto, “um objeto, um dos
métodos que contribui para aliviar os tribunais saturados”.161 Conhecida também pelo nome de cláusula combinada, seu elemento central é a procedência,
ou seja, o núcleo da cláusula arbitral escalonada.
Para Klaus Peter162 as cláusulas escalonadas, também conhecidas por cláusulas multietapas ou pelos nomes ingleses mulkti-tiered e step clauses, são
aquelas que preveem que eventuais litígios entre as partes serão dirimidos por meio de uma sequência escalonada de procedimentos alternativos de solução
de disputas.
A inserção dos instrumentos de mediação se justifica devido à possibilidade de ter mais acesso à justiça. Segundo o Manual de Mediação de Conflitos
para Advogados, do Ministério da Justiça:
Está comprovado que a sociedade contemporânea, cada vez mais complexa, demanda múltiplas portas de acesso à justiça, haja vista a sobrecarga do Poder Judiciário e as exigências
democráticas. Qualquer pessoa poderá optar pela mediação, seja no ambiente comunitário (mediação comunitária), no escolar (mediação escolar), no empresarial (mediação empresarial),
no internacional (mediação internacional), no familiar (mediação familiar), no dos ilícitos penais (mediação penal ou práticas restaurativas), bem como no ambiente judicial (mediação
judicial).163

Na prática, a cláusula escalonada é exercida pra prever a arbitragem, inclusive quando prevista em contrato, ou seja, devem-se observar
minuciosamente todas as considerações acerca da arbitragem, sem esquecer-se de aspectos determinantes, tais como: prazo, tempo de duração do
procedimento, quais etapas, os participantes do procedimento etc.
Desse modo, destaca-se a importância de uma redação apropriada, para evitar descontentamentos ou dissabores no decorrer do procedimento arbitral,
uma vez que se deve ter em conta a probabilidade de uma das partes alegar que a mediação ou a conciliação não teve seus múltiplos aspectos observados, o
que ocasionaria problemas para a arbitragem durante o processo.
Assim, ao estipular as cláusulas escalonadas de um contrato, o ideal é que as mesmas sejam feitas por redações esclarecidas, definidas e finalmente
inquestionáveis; daí a indicação de que para determinado contrato, que seja redigida por advogado especializado na área.
Quanto ao aspecto utilitário, a cláusula arbitral escalonada é utilizada principalmente no âmbito do direito empresarial por tratar-se de um método
seguro e satisfatório para as empresas, já que visam sempre buscar a redução de custos para resolução dos conflitos; sobretudo, é utilizada intrinsicamente
em contratos derivados de serviços complexos e técnicos oriundos dos setores como: construção civil, gás, petróleo, energia.
Consequentemente, tais contratos que constam a cláusula arbitral escalonada, possuem outros contratos ramificados, dependentes do contrato principal;
de outro modo, caso ocorra alteração no contrato comercial principal, os demais contratos sofrerão mutualmente a mudança.
Essa cláusula é abundantemente utilizada quando as partes fazem tratativas por meio de contratos, no qual visam alguma problemática em relação ao
contrato e que deverão utilizar-se da arbitragem para a solução de eventuais conflitos.
Com efeito, as cláusulas escalonadas mais utilizadas que envolvem os mecanismos de arbitragem e mediação são a Cláusula Arb-Med, na qual a
arbitragem é feita antes da mediação. Porém, caso haja necessidade de avançar para mediação, a arbitragem é suspensa, caso não consiga êxito, retoma-se à
arbitragem. Por outro lado, existe a Med-Arb, método no qual inicialmente as partes submetem-se à mediação, somente se restar infrutífera, segue para a
arbitragem.
Dentre os aspectos que se relacionam a atuação do advogado, a participação deste se faz necessária, pois o profissional irá estabelecer uma estratégia
que não dê margem para interpretações dúbias, ou até mesmo possível controvérsia; e a hermenêutica jurídica está em boas mãos, inclusive porque reside
na possibilidade para uma análise econômica e jurídica sobre o cabimento dessa cláusula no contrato.
Para, além disso, os advogados que acompanham a mediação escalonada precisam utilizar de estratégias comportamentais, ou seja, possuir uma
capacidade técnica que permite lidar com a mediação, haja vista, serem as características desse procedimento diferentes daquelas que geralmente se
apresentam ao processo judicial.
Assim sendo, o auxílio do advogado especializado na área se faz de suma importância, por conta do efeito imediato e sem objeções do uso da
arbitragem que essa cláusula escalonada impõe.
Com a publicação da vigência do CPC/15, e a tentativa de mudança da cultura da sentença no ordenamento jurídico brasileiro, com várias passagens
que indicam os costumes do commom law, o uso da cláusula arbitral escalonada tende a crescer, de maneira que seus efeitos restam de modo prático, rápido
e benéfico para as partes, inclusive enxugando as demandas do Poder Judiciário.
Desta forma, destaca-se que as análises se voltam para aspectos que tendem ao lado positivo das questões até aqui expostas, dentre elas as que se
referem às empresas, que optaram pela arbitragem para solução de seus conflitos, desta feita, com a presença da cláusula escalonada.
15. DOS EFEITOS DA CONVENÇÃO ARBITRAL
A arbitragem é por natureza consensual, deste modo, é a forma pela qual as partes, no exercício da autonomia privada, fazem opção pela jurisdição
arbitral. Ela representa o espaço da liberdade para as partes contratarem livremente (nos limites da lei) a arbitragem e seus detalhes.
A Lei n.º 9.307/96 no art. 3.º estabelece que: “As partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção de
arbitragem, assim entendida a cláusula compromissória e o compromisso arbitral”.
A diferença entre a cláusula compromissória e o compromisso arbitral é que a primeira inicia-se antes da instauração do conflito, onde as partes
envolvidas em um negócio e através de um contrato acordam que havendo a existência de um impasse entre ambas, a solução se dará por meio do
procedimento arbitral. Já no compromisso arbitral é necessário que ocorra o litígio e só posteriormente a ele as partes decidirão pela solução do mesmo por
meio da arbitragem, renunciando assim a decisão através do procedimento estatal.
No que trata a cláusula compromissória ela pode se dar de duas formas: cláusula cheia ou cláusula vazia. Na cláusula cheia existem os elementos
necessários para a instauração da arbitragem, como identificação das partes, identificação dos árbitros, a matéria do objeto a ser tratado, o lugar onde será
proferida a sentença arbitral. Na cláusula vazia esses elementos mínimos não estão presentes, sendo necessária para a instauração da arbitragem a sua
formalização por meio de um compromisso arbitral.
Salienta-se, contudo, que ao contrário do que algumas pessoas apontam, a arbitragem não tem como pressuposto necessário o compromisso. Pela
interpretação sistemática dos arts. 5.º e 19, ambos da Lei de Arbitragem. O artigo 7.º trata de uma situação isolada e específica, qual seja, “a execução
específica de cláusula compromissória vazia (ou à execução de cláusula compromissória que não contenha mecanismo de atuação imediata para nomeação
de árbitro)”.164 A intenção da lei é a promulgação do Pacto de Genebra no Brasil, visando sua integração no ordenamento jurídico pátrio, sendo assim, a
arbitragem pode prescindir completamente do compromisso arbitral.
Assim, caso o réu apresente preliminar em sede de contestação, informando acerca da existência de cláusula arbitral, o processo deverá ser extinto,
consoante o que consta no art. 337, X, e §§ 5.º e 6.º, do CPC/15.
A cláusula compromissória “é a convenção através da qual as partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam
vir a surgir relativamente a tal contrato” (art. 4.º, da Lei de Arbitragem), e “deve ser estipulada por escrito, podendo estar inserta no próprio contrato ou em
documento apartado que a ele se refira” (art. 4.º, § 1.º, da Lei de Arbitragem).
Já o compromisso arbitral é o instrumento firmado pelas partes por meio do qual, diante de um conflito manifesto, já deflagrado entre os envolvidos,
faz-se a opção por direcionar ao juízo arbitral a jurisdição para solucionar a questão.
Após a assinatura de uma cláusula compromissória ou de um compromisso arbitral inicia-se o processo de arbitragem em caráter obrigatório.
Em relação à escolha dos árbitros as partes litigantes elegerão dentro do compromisso arbitral uma ou mais pessoas denominadas de árbitros, onde estes
deverão ser de confiança de ambas as partes, para que os mesmos possam exercer a função de juiz arbitral de forma imparcial na solução do conflito em
questão.
O processo de arbitragem é semelhante a um processo judicial comum, com algumas características próprias, como rapidez, menor custo, menos
formalidade e por ser realizado por pessoa especializada na matéria, objeto da lide, diferente do que ocorre no Judiciário, onde muitas vezes o juiz não tem
conhecimento prévio do que está sendo discutido e necessita do auxílio de um perito.
A existência de convenção arbitral exclui a apreciação do conflito pelo Poder Judiciário Estatal em decorrência da vontade manifestada pelas partes,
desde que preenchidos os seus requisitos e que seja admitida a utilização deste método no caso concreto. E assim, a convenção vincula as partes e se impõe
aos contratantes, mesmo contra a vontade unilateral de algum deles, autorizando, conforme o caso, a instalação imediata do juízo arbitral.
São os efeitos positivo e negativo da convenção arbitral, como dois lados da mesma moeda.
O efeito positivo é dirigido às partes, que deverão submeter seus conflitos à jurisdição privada.
Por sua vez, o efeito negativo é dirigido ao Estado, pois impede o juiz estatal de analisar o mérito da controvérsia submetida à arbitragem; refere-se,
pois, ao afastamento da jurisdição do Estado para apreciar a matéria objeto da convenção.
A lei brasileira adotou uma posição ambígua e conservadora ao tema, uma vez que ainda regulamenta a cláusula como um pré-contrato de compromisso
(como parece resultar literalmente do art. 7.º), embora sobremaneira mitigado. Todavia, a cláusula arbitral não mais pode ser qualificada como mero pré-
contrato, tendo em vista que ela não consubstancia mais uma promessa de celebrar compromisso, e sim uma promessa de instituir juízo arbitral. Também
tem essa característica o compromisso, ou seja, apenas com a aceitação do árbitro é que se tem por instaurada a instância arbitral. Portanto, produzem o
mesmo efeito de retirar a competência para conhecer de um determinado litígio do juízo estatal, dando margem à instauração do juízo arbitral.
16. DO COMPROMISSO ARBITRAL
O compromisso arbitral assim como a cláusula compromissória é uma modalidade de manifestação de convenção arbitral. E sua revelação se dá
precipuamente pela resolução de um conflito atual, “em suma distinguindo que na Cláusula Compromissória as partes submetem a julgamento futuro um
conflito, no compromisso arbitral as partes contêm ao julgamento do árbitro um conflito já criado”.165
Outra definição é do professor Cahali para o qual “o compromisso arbitral é o instrumento firmado pelas partes por meio do qual, diante de um conflito
manifesto, já deflagrado entre os envolvidos, faz-se a opção por direcionar ao juízo arbitral a jurisdição para solucionar a questão”.166
Desta forma, normatizando o entendimento dado pelo mestre a Lei n.º 9.307/96, no art. 3.º, apresenta as duas formas de solução de conflitos à luz da
arbitragem:
As partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção de arbitragem, assim entendida a cláusula compromissória e o compromisso arbitral.

Portanto, adentrando um pouco mais ao tema no compromisso arbitral, as partes de forma bilateral renunciam a jurisdição do Estado e passam ao
árbitro a decisão de resolver o litígio.167 Salienta-se que a escolha do árbitro também é feita pelos litigantes ou mesmo o objeto de que se valem os
litigantes, de forma acordada, atribuindo a um terceiro, chamado árbitro, a solução da pendência existente.
E é importante salientar que o compromisso arbitral é mais antigo que a cláusula compromissória. Sabe-se que os romanos já utilizavam o compromisso
arbitral como forma de resolução dos conflitos atribuindo a terceiros a resolução, fora do sistema jurídico Estatal, dos conflitos existentes. Eles acreditavam
ser uma forma mais justa de julgamento. Inclusive a execução de tal acordo não era realizada com a intervenção de ente Estatal. Entendia-se que o
julgamento realizado pelo árbitro já era suficiente para dar confiança à missão de solucionar as controvérsias em torno da obrigação. Ou seja, não havia
necessidade de o indivíduo adentrar ao Judiciário para requerer que o compromisso arbitral fosse respeitado e tão pouco a necessidade de esperar que fosse
apreciado pelo próprio Judiciário, mas o particular já poderia executar tal decisão justa do árbitro.168
16.1. DOS REQUISITOS DO COMPROMISSO ARBITRAL JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL
Quanto ao procedimento do compromisso arbitral judicial o momento de perfectibilização se baseia em ajustar o acordo durante o procedimento
judicial em andamento e desta forma submeter o conflito à arbitragem.
E na forma do que dispõe o art. 9.º, caput, §§ 1.º e 2.º, da Lei n.º 9.307/96, o compromisso arbitral pode ser realizado de duas formas:
a) A primeira judicial, quando então será celebrado por termo nos autos, diante do juízo ou mesmo o tribunal onde está sendo tramitado o litígio;
b) e na forma extrajudicial que será realizada através de instrumento público ou particular, salientando que nesta última, deverá ser feita por documento escrito e assinado por duas
testemunhas.

Se o compromisso arbitral se der de forma judicial o mesmo deverá seguir o rigor do disposto no art. 209, do CPC/15, o qual inclusive incluirá a
assinatura das partes e dos seus patronos. Salutar dizer ainda que o advogado somente poderá firmar o compromisso em nome das partes se lhe tiverem
sido dado poderes específicos e especiais para tanto.169
Quando as partes optam pelo compromisso arbitral na forma judicial, chamando um terceiro, também extinguem o processo sem resolução de mérito na
forma do art. 485, VII, do CPC/15, e desta forma subtraindo a análise do judiciário dos seus litígios, o qual dispõe:
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: (...)
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência;

Insta salientar que caso as partes optem pelo compromisso arbitral na forma judicial e sendo este acordo após a instrução judicial as provas, segundo o
critério do árbitro estas podem ser aproveitadas. Mas caso também seja pertinente o árbitro pode dispensar a fase instrutória e realizar nova oitiva de
testemunhas, por exemplo, depoimentos, provas periciais e etc.
O compromisso arbitral representa um negócio jurídico com forma prescrita em lei, inclusive com requisitos próprios.170 Portanto, o disposto no art. 10,
da Lei de Arbitragem, colaciona obrigatoriedade desde que não podem faltar aos litigantes que decidem submeter o julgamento de seus litígios através da
arbitragem já judicializada e seus requisitos, a saber:
Artigo 10. Constará, obrigatoriamente, do compromisso arbitral:
I - o nome, profissão, estado civil e domicílio das partes;
II - o nome, profissão e domicílio do árbitro, ou dos árbitros, ou se for o caso, a identificação da entidade à qual as partes delegaram a indicação de árbitros;
III- a matéria que será objeto da arbitragem; e
IV - o lugar em que será proferida a sentença arbitral

Salienta-se que com relação ao inciso IV do dispositivo supra o mesmo não corresponde, necessariamente, ao local em que a arbitragem deva ser
desenvolvida.
Caso seja uma instituição a indicar o árbitro,171 muito embora a vontade das partes seja que essa instituição faça todo acerto do compromisso, a mesma
deve aceitar no quadro árbitros com procedimentos estranhos de seu meio. Que de outra sorte quando as partes indicarem seus árbitros de forma direta, as
partes devem apresentar outros árbitros, a fim de que na hipótese de impedimento ou mesmo recusa, outro árbitro possa substituí-lo.
E este momento de aceite deve ser feito na forma do art. 19, da Lei n.º 9.307/96, o qual dispõe:
Art. 19. Considera-se instituída a arbitragem quando aceita a nomeação pelo árbitro, se for único, ou por todos, se forem vários.
§ 1.º Instituída a arbitragem e entendendo o árbitro ou o tribunal arbitral que há necessidade de explicitar questão disposta na convenção de arbitragem, será elaborado, juntamente com as
partes, adendo firmado por todos, que passará a fazer parte integrante da convenção de arbitragem.
§ 2.º A instituição da arbitragem interrompe a prescrição, retroagindo à data do requerimento de sua instauração, ainda que extinta a arbitragem por ausência de jurisdição.

Desta forma, instituído o compromisso arbitral judicial, mister esclarecer que a autonomia das partes limita o que será tratado e, portanto, aquilo que
não foi objeto de apreciação poderá ser discutido no próprio Judiciário, pelo princípio da inafastabilidade.
Mas obviamente que não há necessidade de exaurimento de detalhes que comprometam rediscutir os fundamentos do compromisso arbitral. Tal
premissa protege inclusive os próprios limites do compromisso.
O que importa no caso é não macular segundo o ordenamento jurídico o próprio compromisso arbitral e por bom senso isto deve ser levado em
consideração.
16.2. DA EXTINÇÃO DO COMPROMISSO ARBITRAL
Quanto à extinção do compromisso arbitral pode ser feita até mesmo antes da constituição do próprio compromisso e trazendo de volta ao ente Estatal o
conhecimento do objeto, o litígio.172
Caso o compromisso tenha ensejado em extinção do processo, somente com a propositura de uma nova ação a matéria poderá ser discutida, na forma
do art. 12, da Lei de Arbitragem, a qual dispõe:
Art. 12. Extingue-se o compromisso arbitral:
I - escusando-se qualquer dos árbitros, antes de aceitar a nomeação, desde que as partes tenham declarado, expressamente, não aceitar substituto;
II - falecendo ou ficando impossibilitado de dar seu voto algum dos árbitros, desde que as partes declarem, expressamente, não aceitar substituto; e
III - tendo expirado o prazo a que se refere o art. 11, inciso III, desde que a parte interessada tenha notificado o árbitro, ou o presidente do tribunal arbitral, concedendo-lhe o prazo de dez
dias para a prolação e apresentação da sentença arbitral.
De outra parte, o encerramento, por sentença, do procedimento arbitral com ou sem análise da matéria de fundo igualmente extingue o compromisso.
16.3. DOS EFEITOS DO COMPROMISSO ARBITRAL
Por vontade das partes a convenção arbitral tem como efeito principal excluir da apreciação do poder Estatal a resolução do litígio.173 Vincula as partes
e se opõe a vontade dos acordantes, trazendo ao juízo arbitral para resolução da lide. Assim, são efeitos positivos e negativos da convenção arbitral, como
dois lados da mesma moeda.174
O efeito positivo é dirigido às partes, que deverão submeter seus conflitos à jurisdição privada.
Por sua vez, o efeito negativo é dirigido ao Estado, pois impede o juiz estatal de analisar o mérito da controvérsia submetida à arbitragem; refere-se,
pois, ao afastamento da jurisdição do Estado para apreciar a matéria objeto da convenção.
17. DA CONVIVÊNCIA ENTRE A CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA E A ELEIÇÃO DE FORO
Nos termos do art. 4.º, da Lei n.º 9.307/96, a cláusula compromissória é a convenção por meio da qual as partes em um contrato comprometem-se a
submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato. Ela deve ser estipulada por escrito, podendo ser incluída no próprio
contrato ou em documento apartado que a ele se refira (art. 4.º, § 1.º, da Lei n.º 9.307/96).
Por seu turno, é por meio da cláusula de eleição de foro que as partes em um contrato escolhem um determinado órgão jurisdicional e se comprometem
a reclamar eventuais direitos derivados do contrato perante aquele órgão. Trata-se, pois, de um pacto acessório, no qual as partes elegem o foro competente
para conhecer de eventual litígio judicial.175
A partir dos conceitos expostos, percebe-se a aparente incompatibilidade entre as duas cláusulas, que poderia conduzir à falsa conclusão de que não
poderiam conviver dentro de um mesmo contrato,176 uma vez que a primeira serve para submeter litígios decorrentes do contrato ao Juízo Arbitral e a
última elege determinado órgão do Poder Judiciário para solução de tais litígios. Apesar disso, a doutrina e jurisprudência afirmam que podem as duas
conviver de forma harmoniosa.
Segundo o ensinamento de Francisco José Cahali, a cláusula compromissória pode se restringir a certas questões do contrato, ao passo que a eleição de
foro prevalecerá para aquelas não abrangidas pela arbitragem. Haverá ainda determinadas situações em que, mesmo diante da cláusula compromissória, ou
até por conta dela, para garantir sua efetividade, será necessária a provocação do Poder Judiciário.177
Como exemplos de casos em que o Judiciário pode ser invocado, a doutrina cita a ação prevista nos arts. 6.º e 7.º, ambos da Lei de Arbitragem, relativa
à efetivação da cláusula vazia, à execução da sentença arbitral, eventuais ações de invalidação da cláusula ou mesmo da sentença arbitral, e medidas de
urgência anteriores à instauração do procedimento arbitral.178
A cláusula de eleição de foro não é, portanto, incompatível com a cláusula compromissória. Numa interpretação sistemática do contrato, pode-se, por
exemplo, reconhecer o Juízo Arbitral como responsável pela solução de uma lide envolvendo o contrato, possibilitando-se a sua posterior verificação pelo
Judiciário.179 O próprio Superior Tribunal de Justiça, encampou no REsp n.º 904813/PR o entendimento de que as cláusulas não são de todo incompatíveis,
pois podem possuir âmbitos de abrangência distintos, e citou como exemplos de casos de prevalência da atuação do Judiciário a concessão de medidas de
urgência, a execução da sentença arbitral e a instauração da arbitragem quando uma das partes não a aceita de forma amigável.180
Transcreva-se, a seguir, a ementa do julgado acima referido:
Superior Tribunal de Justiça. Processo Civil. Recurso especial. Licitação. Arbitragem. Vinculação ao edital. Cláusula de foro. Compromisso arbitral. Equilíbrio econômico financeiro do
contrato. Possibilidade. (...) Tanto a doutrina como a jurisprudência já sinalizaram no sentido de que não existe óbice legal na estipulação da arbitragem pelo poder público, notadamente
pelas sociedades de economia mista, admitindo como válidas as cláusulas compromissórias previstas em editais convocatórios de licitação e contratos. 6. O fato de não haver previsão da
arbitragem no edital de licitação ou no contrato celebrado entre as partes não invalida o compromisso arbitral firmado posteriormente. 7. A previsão do juízo arbitral, em vez do foro da
sede da administração (jurisdição estatal), para a solução de determinada controvérsia, não vulnera o conteúdo ou as regras do certame. 8. A cláusula de eleição de foro não é incompatível
com o juízo arbitral, pois o âmbito de abrangência pode ser distinto, havendo necessidade de atuação do Poder Judiciário, por exemplo, para a concessão de medidas de urgência; execução
da sentença arbitral; instituição da arbitragem quando uma das partes não a aceita de forma amigável. 9. A controvérsia estabelecida entre as partes – manutenção do equilíbrio econômico
financeiro do contrato – é de caráter eminentemente patrimonial e disponível, tanto assim que as partes poderiam tê-la solucionado diretamente, sem intervenção tanto da jurisdição estatal,
como do juízo arbitral. 10. A submissão da controvérsia ao juízo arbitral foi um ato voluntário da concessionária. Nesse contexto, sua atitude posterior, visando à impugnação desse ato,
beira as raias da má-fé, além de ser prejudicial ao próprio interesse público de ver resolvido o litígio de maneira mais célere. 11. Firmado o compromisso, é o Tribunal arbitral que deve
solucionar a controvérsia. 12. Recurso especial não provido.181

No mesmo sentido decidiu o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, conforme o seguinte julgado:
Ação de execução de cláusula compromissória – Contratante que se recusa a se submeter à arbitragem – Cláusula de eleição de foro que não retira a eficácia do compromisso arbitral – arts.
6.º e 7.º, da Lei n.º 9.307/96 – Desprovimento da apelação. A inserção de cláusula de eleição de foro no ajuste, por si só, não tem o condão de desconstituir a convenção nele estabelecida
em item específico relativo às perdas e danos, por meio do qual as partes, expressamente, comprometeram-se a submeter ao juízo arbitral os conflitos originados da execução do contrato,
com renúncia a qualquer outro. Na verdade, a estipulação de cláusula compromissória, para solução dos conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis, não suprime, de forma
absoluta, a intervenção do Poder Judiciário, que poderá ser chamado a pronunciar-se na hipótese prevista no art. 6.º, parágrafo único, e art. 7.º da Lei n.º 9.307/96, exatamente a aqui
tratada, não sendo de todo despropositada a eleição de um foro no contrato.182

Selma Lemes lembra que tais cláusulas, inseridas num mesmo contrato, são denominadas pela doutrina de cláusulas combinadas.183 O autor Scavone
Júnior, por sua vez, deixa claro seu entendimento de que as cláusulas podem ser inseridas no mesmo contrato, afirmando que se faz necessária a
provocação do Poder Judiciário, ainda que haja convenção arbitral, por exemplo, em casos como a execução da sentença arbitral, cláusula arbitral vazia e
nulidade da cláusula arbitral ou da sentença arbitral.184
Em complemento, ressalte-se que Carmona sustenta, igualmente, terem as partes contratantes poderes para limitar as questões (eventuais ou futuras)
que serão submetidas à arbitragem e as que direcionarão ao foro, e afasta a hipótese de patologia quando ambas se encontram no mesmo instrumento.185
Por fim, Eros Grau aponta a regra de interpretação dos contratos segundo a qual a interpretação de uma cláusula não pode ser aquela que conduza à sua
inutilidade. Repete o autor que a cláusula de eleição de foro dirigir-se-á a situações que não possam se sujeitar à arbitragem, como as citadas acima e a
formulação dos pedidos a que se refere o art. 22, §§ 2.º e 4.º, da Lei n.º 9.307/96.186
Diante do exposto, na esteira dos autores mencionados, fica claro que as cláusulas não são incompatíveis e que sua convivência dentro do contrato tem
por desiderato conferir a maior efetividade possível ao sistema de resolução de conflitos decorrentes de um dado contrato, quando perfeitamente
exteriorizada a intenção das partes e o âmbito de abrangência de cada competência.
Salienta-se ainda que é imperioso que sejam feitos procedimentos de criteriosa reflexão na elaboração da cláusula compromissória e a eleição de foro
para que as mesmas sejam adaptadas.
Observa-se que para a implementação de cláusula compromissória e eleição de foro deve-se atentar para não imprimir um único modelo de cláusula
compromissória para todos os contratos e ver se a mesma pode ser considerada cheia.
A ideia de harmonizar os conceitos anteriormente expostos é permitir que a arbitragem venha acontecer sem contratempo quando surgir uma
controvérsia.
Por fim, em contratos internacionais quanto à escolha de foro em condução de arbitragem tem definido seus parâmetros de forma não tão mais
incomuns.
No entanto, na égide do CPC/73 a cláusula de eleição de foro poderia se submeter a uma série de restrições e seu entendimento era proveniente do art.
88, que afirmava que a autoridade estrangeira seria concorrente da brasileira na eleição do contrato.
Agora com relação ao CPC/15, no art. 21, apesar de ser semelhante ao art. 88, do CPC/73, o art. 25 do CPC/15 atual afasta a competência judiciária
brasileira no caso de eleição de foro exclusivamente estrangeiro.
Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional,
arguida pelo réu na contestação.

A mudança introduzida pelo CPC/15 prestigia a autonomia da vontade das partes, tema caro em negociações internacionais, ou seja, harmoniza de
forma integral a cláusula compromissória e a eleição de foro.
18. QUEM PODE SER ÁRBITRO
O árbitro é a questão principal de todo o universo da arbitragem.
Quando se opta pela arbitragem, as partes buscam um procedimento mais célere, e confiam que, em razão dos conhecimentos do árbitro, obterão a
melhor e mais apropriada resolução da lide.
No procedimento da arbitragem, apesar de ser possível disposição em sentido contrário, a maior parte das decisões é tomada em instância única,
portanto, a escolha segura do árbitro é fundamental para manutenção da integridade do sistema.187
Ademais, importante salientar que a pessoa física é investida na qualidade de árbitro apenas enquanto dura a lide, portanto, sua jurisdição é passageira,
e o mesmo se aplica a um colegiado arbitral. O juiz togado, por outro lado, possui jurisdição em caráter permanente.
18.1. DIFERENÇA ENTRE ÁRBITRO, ARBITRADOR E COMPOSITOR AMIGÁVEL
O árbitro é indicado pelas partes para solucionar uma querela que envolva direito disponível. Nesse contexto, age com autoridade e decide por meio de
sentença, dotada de exigências e particularidades, equiparada a uma decisão emanada pelo Poder Judiciário.
O arbitrador, a seu turno, é indicado pelas partes para compor um negócio jurídico, ou integrar o conteúdo disposto de última vontade que foi deixado
de forma incompleta pelo testador. Não há, portanto, litígio de direito disponível em disputa, mas um negócio jurídico incompleto, que necessita de
composição em razão dos interesses contrários das partes, v.g., quando as partes não se acertam acerca do valor de um bem e nomeiam um perito para que
ele o defina, elas constituíram um arbitrador.
O compositor amigável não busca a solução de uma controvérsia, visa apenas a conciliar opiniões, a fim de colaborar com a elaboração de um negócio
jurídico. É designado pelas partes, com o poder de julgar por equidade.
18.2. EXIGÊNCIAS PARA SER ÁRBITRO
O art. 13, da Lei n.º 9.307/96, dispõe que “Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das partes”. Logo, a fim de primar pela
autonomia das partes, o legislador optou por não colocar maiores requisitos para a escolha do árbitro.
Quando se fala em capacidade, entenda-se como a de exercício, e não a de mera titularidade de direitos. Dessa forma, os incapazes previstos nos arts.
3.º e 4.º, ambos do Código Civil, não podem ser investidos na condição de árbitro, ainda que assistidos ou representados, visto que a obrigação é
personalíssima.
Nada impede, porém, que os referidos incapazes, por meio de seus representantes ou de quem os assiste, utilizem-se da arbitragem para dirimir
controvérsias como partes. Apenas não podem ser árbitros.
Considerando que o árbitro pode responder civil e penalmente por seus atos, mostra-se coesa a exigência de plena capacidade para ser árbitro. Caso
assim não fosse, v.g., um menor de idade, atuando como árbitro, não poderia ser responsabilizado criminalmente em caso de decisões estapafúrdias que
prejudicassem os litigantes.
Uma questão que levanta controvérsias é a da possibilidade de a pessoa jurídica ser árbitro. Segundo Francisco Cahali188 e Carmona,189 que seguem a
doutrina majoritária, não é possível. Isso porque, ainda que as partes escolham uma Corte Arbitral, esta apenas ditará os procedimentos para solução da
demanda. A decisão caberá sempre a uma pessoa física que, investida na qualidade de árbitro, será responsável pela decisão que tomar.
Há de se registrar pensamento em sentido contrário: para Isabella Rosa, “as pessoas jurídicas também podem ser árbitras, vez que também são dotadas
de personalidade e capacidade, e este é o único requisito exigido em lei”.190 Tal posicionamento também é defendido por Scavone,191 que ainda cita um
exemplo: os institutos especializados em engenharia.
A lei não exige o bacharelado em Direito como exigência para ser árbitro, ao contrário do que ocorre nos Juizados Especiais Cíveis e Criminais. O art.
7.º, da Lei n.º 9.099/95, lei que criou os Juizados, assevera que: “Os conciliadores e Juízes leigos são auxiliares da Justiça, recrutados, os primeiros,
preferentemente, entre os bacharéis em Direito, e os segundos, entre advogados com mais de cinco anos de experiência.”
Por diversas vezes, a habilidade com o Direito não será o bastante para dirimir as questões. Há necessidade de conhecimento técnico de outras áreas do
conhecimento. Assim, nada impede que o árbitro seja um profissional de outro ramo de atividade.
Todavia, recomenda-se que o investido na condição de árbitro tenha os conhecimentos jurídicos necessários ao manejo do procedimento arbitral, a fim
de evitar que vícios no processo comprometam a eficácia do sistema.
Em tais casos, aconselha-se a criação de um painel híbrido, um colegiado arbitral composto por pessoas de diversas áreas do conhecimento, em que
pelo menos um dos árbitros possua formação em Direito e habilidade com as peculiaridades da arbitragem.192
Não há óbice para que o árbitro, decidindo em conjunto ou de forma isolada, requeira o parecer de especialistas em outras atividades para proferir a
sentença. Caso o faça, em razão das peculiaridades do procedimento arbitral, é desnecessária a apresentação de quesitos.193
Outras duas questões são comumente levantadas quando se define quem pode ser investido na função de árbitro: os analfabetos e os estrangeiros que
não dominam a língua pátria.
A primeira é meramente acadêmica, pois, considerando as habituais complexidades das questões submetidas à arbitragem, é difícil imaginar um árbitro
analfabeto. Todavia, por não existir restrições na lei, é perfeitamente possível.
O estrangeiro também pode ser árbitro, não sendo necessário que conheça a língua portuguesa, justamente por não existir restrições na lei. Ao contrário
do CPC/15, art. 192, que exige o uso da língua portuguesa no processo, o procedimento arbitral admite que a sentença seja proferida em outro idioma.
Na medida em que podem as partes definir o território onde a sentença será prolatada e desenvolvida, bem como qual o direito aplicável, a exigência de
que o árbitro seja nacional ou domine o idioma português poderia tornar tais direitos vagos, inaplicáveis na prática.
Caso a lei determinasse o uso do vernáculo no procedimento arbitral, o Brasil poderia não ser considerado interessante para eleição de um foro neutro
para instauração do procedimento entre estrangeiros.194
A única exceção à liberdade de escolha do idioma envolve a chamada parceria público-privada, a Lei n.º 11.079/04, que rege o instituto, no art. 11, III,
exige que, caso as partes almejem utilizar-se da arbitragem para definir litígios advindos ou conexos ao contrato, devem fazê-lo no Brasil e em língua
portuguesa.
Há de ressaltar que, mesmo sendo analfabeto ou estrangeiro, o árbitro poderá requerer auxílio para leitura de documentos, oitiva de testemunhas e
demais procedimentos necessários para solução da lide, sem que isso configure a prática da arbitragem por terceiro não escolhido pelas partes.
O juiz togado, porém, não pode exercer a arbitragem, o que se extrai da interpretação do inciso I, do parágrafo único, do art. 95, da Constituição
Federal, e da alínea “a”, do inciso II, do art. 26, da Lei Orgânica da Magistratura, que proíbem ao magistrado o exercício de qualquer outra atividade, salvo
a de magistério, ainda que com compatibilidade de horário, sob pena de perda do cargo.
Não há óbice à atuação do juiz aposentado como árbitro, eis que não está mais investido na função judicante. As partes também podem estipular outros
requisitos para escolha do árbitro, suplementando a lei, v.g., tempo mínimo de exercício da advocacia.
É valido trazer à baila, também, o disposto no art. 14, da Lei da Arbitragem: “Estão impedidos de funcionar como árbitros as pessoas que tenham, com
as partes ou com o litígio que lhes for submetido, algumas das relações que caracterizam os casos de impedimento ou suspeição de juízes, aplicando-se-
lhes, no que couber, os mesmos deveres e responsabilidades, conforme previsto no Código de Processo Civil”.
O parágrafo primeiro do artigo, por seu turno, consigna que “As pessoas indicadas para funcionar como árbitro têm o dever de revelar, antes da
aceitação da função, qualquer fato que denote dúvida justificada quanto à sua imparcialidade e independência”.
18.3. A CONFIANÇA DAS PARTES
O art. 13, da Lei da Arbitragem, prevê em “confiança das partes”. Quando as partes nomeiam um árbitro, sem qualquer vício de consentimento,
presume-se sua crença de que o escolhido tomará uma decisão justa, ainda que não favorável a uma delas.
Dessa forma, se a expressão de aceite da arbitragem foi viciada, não poderá o árbitro ser investido em razão da ausência de um dos requisitos para sua
escolha, a confiança. Diante disso, o procedimento de arbitragem e sua sentença tornar-se-ão passíveis de anulação por via judicial.
18.4. A ESCOLHA DOS ÁRBITROS E O NÚMERO DE ÁRBITROS
A arbitragem deve ser considerada, atualmente, uma forma de jurisdição privada para a solução adequada de conflitos fora do Poder Judiciário com
aptidão de formar um título executivo judicial. Considerando ainda que este título detém o condão de produzir os mesmos efeitos de uma sentença
prolatada por aquele Poder da República, a escolha dos árbitros que irão formatar esta decisão é tarefa essencial e deve ser feita por ambas as partes
envolvidas no conflito.
Com o condão de evitar benefícios a apenas uma das partes, os critérios para escolha dos árbitros devem ser definidos em conjunto pelos querelantes,
prestigiando assim o princípio da autonomia da vontade das partes. Insta lembrar que este princípio é um dos mandamentos norteadores da arbitragem, ao
lado de outros importantes, tais como o da igualdade das partes, da transparência e o do devido processo legal.
Como visto anteriormente, há duas exigências para ser árbitro: a primeira, a pessoa deve ter atingido a capacidade civil de fato, ou seja, não esteja
abarcado pelo rol taxativo dos arts. 3.º e 4.º do Código Civil; e a segunda, que o escolhido deve possuir a plena confiança das partes que instituíram a
convenção arbitral.
Mas como se dará a escolha deste árbitro? Há limites para a quantidade de árbitros que figurarão em determinado procedimento arbitral?
Inicialmente, é preciso esclarecer que o árbitro no processo arbitral só é colocado nesta função a partir do momento em que há o surgimento do conflito
e quando alguma das partes solicita a instauração do procedimento arbitral.
No Poder Judiciário, há um número definido de magistrados que já estão investidos na jurisdição antes do surgimento do conflito. Quando surge uma
querela, é sabido para onde o feito será direcionado para julgamento, observado os critérios de competência, havendo um sorteio entre poucos juízes a fim
não se ferir o princípio da impessoalidade.
No processo arbitral, a escolha dos árbitros poderá ser posterior ou anterior ao surgimento do conflito, mas sempre será feita em comum acordo pelas
partes. Os próprios litigantes, caso desejem, podem impor exigências adicionais quanto à escolha dos árbitros.
Poderá ser instituída a arbitragem, inclusive, no curso de demandas judiciais, e não haverá que se falar em violação à vedação constitucional de criação
de tribunal de exceção. Neste caso, se o Estado faculta aos particulares o ajuizamento de demandas na Justiça, também lhes é dado o direito de resolver de
forma privada as querelas, pois o legislador partiu da velha máxima de que quem pode o mais, também pode o menos.
A escolha do árbitro depende de algumas variáveis: a origem da arbitragem (compromisso ou cláusula) e espécie (institucional ou avulsa). Três são as
fases percorridas: indicação, nomeação e aceitação, sendo permitido a nomeação direta quando esta for prevista no compromisso ou cláusula.
No que tange à escolha da quantidade de árbitros, a Lei de Arbitragem não trouxe nenhuma limitação com relação ao número máximo de árbitros para
o mesmo conflito, mas previu basicamente dois mecanismos simples para definir a quantidade de árbitros. Levando em consideração que a autonomia da
vontade das partes prevalece no procedimento arbitral, as partes poderão escolher apenas um árbitro, previamente definido na cláusula compromissória
cheia ou a ser nomeado posteriormente por ocasião do compromisso arbitral; assim como também poderá ser utilizado o sistema de arbitragem colegiada,
onde as partes optam por escolher mais de um árbitro, formando assim um órgão colegiado para apreciar o conflito. Vale lembrar que, neste último caso, as
partes poderão nomear pessoas avulsas ou escolher a arbitragem institucional, escolhendo assim uma Câmara Arbitral – também chamada de Tribunal
Arbitral por alguns autores – previamente existente. Contudo, é imperioso que se observe a determinação legal de que este número de árbitros sempre
deverá ser, necessariamente, em número ímpar, para que não haja empate nas decisões.
Nesse mesmo sentido, encontra-se a lição em que o Professor Carlos Alberto Carmona enfatiza em sua obra as consequências de indicação de número
par em procedimento arbitral. Observe:
Nota-se que a determinação legal (número ímpar de árbitros) é absoluta, de maneira que não se considera instituída a arbitragem enquanto não for nomeado um último componente para a
formação do painel.195

Tal norma é cogente, portanto, não pode ser afastada de forma alguma pelas partes. Dessa forma, é ineficaz o acordo em que os litigantes escolham
número par de árbitros, com a previsão de escolha de um novo árbitro em caso de empate.196
Noutro giro, é preciso analisar como se dará a escolha destes árbitros. De que forma isso deve ocorrer? Sendo assim, verificando o disposto no art. 13, §
3.º, da Lei de Arbitragem, observar-se-á que ela também é extremamente simplista com relação a isso, mencionando apenas que as partes poderão, em
comum acordo, estabelecer o processo de escolha dos árbitros, ou adotar as regras de um órgão arbitral institucional ou entidade especializada. Observa-se
que mais uma vez o legislador optou por prestigiar a autonomia da vontade privada. Vale lembrar que este princípio ganhou enorme destaque nos últimos
tempos, em especial após o advento do CPC/15, o qual dá maior enfoque à resolução autocompositiva pelas partes e ao negócio jurídico processual.
Seguindo a determinação do dispositivo acima mencionado, o Professor Scavone Júnior sintetiza ainda mais em sua obra os dois mecanismos possíveis
para a indicação de árbitros. Observe o que dispõe o mestre em sua obra:
Este é o mandamento insculpido no § 3.º, do art. 13, da Lei n.º 9.307/96, que permite, inclusive, que essa escolha seja delegada à entidade arbitral especializada no caso de arbitragem
institucional.
Portanto, os árbitros são escolhidos:
a) Pelas partes na cláusula arbitral cheia ou no compromisso arbitral;
b) Pelos critérios da entidade especializada caso as partes optem pela arbitragem institucional e deleguem a escolha ao órgão arbitral que administrará a arbitragem.197

Como se verifica na citação acima, a primeira forma de escolha parece bem mais fácil e sem maiores desdobramentos, uma vez que ambas as partes é
que escolhem os árbitros, sobretudo, quando se trata de procedimento de árbitro único.
Entretanto, o mesmo não se pode dizer do segundo caso, quando as partes optam por buscar a solução do litígio numa instituição especializada em
arbitragem de conflitos, delegando, no todo ou em parte, a função de escolha dos árbitros para estas instituições. Nestes casos, percebe-se que as diversas
câmaras estabelecem diversos regulamentos e formas de escolha diferentes entre si. Logo, caso os litigantes optem por resolver o litígio em alguma destas
Câmaras, devem analisar primeiramente os regulamentos estabelecidos por estas instituições e verificar se atendem aos interesses de ambas as partes.
Muito embora seja impossível exaurir todos os mecanismos criados por estas instituições, é possível fazer uma breve análise dos principais métodos
utilizados. E os métodos mais comuns são o sistema de lista, o sistema de tércios, o sistema de nomeação conjunta e o sistema de delegação integral da
nomeação à instituição.
O sistema de tércios é bastante simples e é utilizado na maioria das vezes em que a decisão arbitral compete a um painel formado por três árbitros.
Desta forma, para preservar a igualdade entre as partes, cada litigante escolhe um árbitro, e as partes ou os árbitros escolhidos por estas escolherão um
terceiro árbitro para compor o colegiado arbitral.
Embora os árbitros sejam nomeados pelas partes, é de bom tom observar que estes devem agir com imparcialidade e boa-fé. Nesse sentido, encontra-se
a lição do Daniel F. Jacob Nogueira:
Importante notar que, conquanto demandante e demandado tenham o direito de realizar nomeações unilaterais, mesmo os árbitros indicados diretamente por cada uma das partes devem ser
imparciais e independentes, inclusive à parte que os tenham indicado.198

Em contrapartida ao mecanismo de indicação unilateral do sistema de tércios, surgiu o sistema de listas, onde a instituição arbitral fornece às partes
uma lista de profissionais que possivelmente poderão ser enquadrados como árbitros. Diante desta lista, as partes irão eliminando as pessoas que elas não
aceitam como árbitros. Os arbitráveis remanescentes serão ordenados em ordem de classificação, de modo que os que não tiveram nenhuma oposição de
ambas as partes, estarão melhor classificados para compor o painel. Em seguida, as partes em comum acordo selecionam dentre estes árbitros os que irão
compor o referido painel arbitral de forma definitiva.
Como se verifica, é um sistema mais impessoal, que dá maior credibilidade aos árbitros e é muito utilizado em procedimentos arbitrais em que a
convenção arbitral tenha estabelecido que os árbitros devam ter qualificação heterogênea, ou seja, de diferentes profissões. Como exemplo, podem as
partes assinalar compromisso arbitral em que venham a definir que o litígio será resolvido por um painel arbitral composto de um médico, um enfermeiro e
um administrador.
No sistema de nomeação conjunta, ambas as partes é que devem nomear o árbitro, sendo este mecanismo o mais adequado, pois quando todos os
litigantes participam da escolha do árbitro, mais facilmente o vencido cumprirá com sua obrigação, haja vista que a sentença arbitral fora elaborada por
pessoa de sua confiança e que fora escolhida por ela própria.
Nesse diapasão:
Independentemente do sistema para nomeação de árbitros estatuído na cláusula compromissória ou no regulamento da instituição de arbitragem, é sempre preferível que as patres elejam,
em comum acordo, o(s) árbitro(s). Se todas as partes da demanda concordarem que um determinado profissional é mutuamente aceitável, podem, conjuntamente, indicá-lo como árbitro.199

Já no sistema de delegação integral da nomeação à instituição, as partes delegam inteiramente a competência às Câmaras Arbitrais para que estas
escolham os árbitros. Contudo, tal sistema também é bastante comum em procedimentos de árbitro único, mais especificamente quando as partes não
conseguem chegar a um consenso acerca de quem deve ser o julgador. Nestes casos a própria instituição escolhida irá designar o árbitro no lugar das partes.
No mesmo sentido:
Outro cenário em que esse sistema é obrigatório é aquele em que a demanda, que há de ser submetida à apreciação de um tribunal arbitral, tenha litisconsórcio em qualquer um dos polos e
os litisconsortes não conseguem chegar a um consenso entre si sobre quem nomear como árbitro.200

Salienta-se que a Lei n.º 13.129/15, alterou a redação do § 4.º, do art. 13, da Lei n.º 9.307/96, permitindo que as partes, em caso de acordo, se insurjam
contra dispositivo de regulamento de Câmara Arbitral que limite a escolha dos julgadores. Todavia, a instituição ainda terá o poder de controle da escolha
dos árbitros.
O § 2.º, da Lei de Arbitragem, também assevera que, caso as partes não cheguem a um consenso sobre a escolha do árbitro, poderá uma delas levar a
questão para que o Poder Judiciário defina quem será o investido na função.
Uma vez analisado os principais métodos de escolha de árbitros na arbitragem institucional, é preciso seguir com o procedimento arbitral. Neste
sentido, tendo sido escolhido o número de árbitros e a forma de nomeação destes, os próximos passos a serem tomados será a nomeação do presidente,
quando se tratar de arbitragem por órgão colegiado, o processamento da lide e o seu julgamento. Vale lembrar que a partir do momento que é prolatada a
sentença arbitral, acaba-se os poderes do árbitro e este retorna ao seu status quo, não detendo nenhum poder de polícia para impor a execução forçada da
sentença arbitral em eventual caso de descumprimento pela parte vencida. Neste caso, deverá o interessado iniciar um processo de execução no Poder
Judiciário.
O § 1.º, do art. 7.º, da Lei de Arbitragem, estabelece que as partes podem escolher eventuais suplentes, seja um para cada árbitro ou um para todo o
colegiado. O instituto é ideal para que, em eventual impossibilidade de o árbitro continuar ou em caso de não aceitar o ônus da atividade, já se tenha
escolhido quem será o substituto.
Percebe-se que a nomeação como suplente já é suficiente para que o substituto se abstenha de atividades que possam comprometer sua independência
frente aos litigantes.
Os regulamentos de algumas Câmaras de Arbitragem preveem que caso o suplente não possa assumir, a parte que o indicou deverá apresentar um novo
nome, assim como há aqueles que determinam que o órgão administrador da arbitragem que escolherá o árbitro.
18.5. O PRESIDENTE DO ÓRGÃO ARBITRAL
A escolha dos árbitros é de extrema importância nos procedimentos arbitrais, como demonstrado anteriormente. Em mesmo sentido, a escolha do
presidente do referido painel arbitral, nos casos em que os litigantes delegam o poder de decisão a um órgão colegiado, também é tarefa essencial, pois é
este quem irá conduzir todo o procedimento até a sua conclusão, com poderes muito próximos aos de um relator de Tribunal. Esta escolha, de acordo com a
legislação vigente, pode ser feita pelas próprias partes ou pelos árbitros também escolhidos pelos próprios litigantes.
A escolha do Presidente do órgão arbitral é feita pelos árbitros, todavia, as partes podem determinar de modo diverso, também na arbitragem
institucional, quando a regra diferente for aceita no regulamento do órgão arbitral que as partes tiverem adotado.
Se não houver regra específica sobre a escolha do Presidente do órgão arbitral, haverá eleição, sendo eleito aquele que a maioria escolher. Havendo
impasse, optou o legislador por entregar a Presidência ao árbitro mais idoso.201
A escolha do Presidente do órgão arbitral é ato de extrema importância e que terá consequências vitais para as partes: não bastassem os poderes que a
lei lhe concedeu em caso de não se obter votação majoritária (art. 24, § 1.º, voto de minerva), poderá o Presidente do colegiado exercer funções não só
administrativas, mas também instrutórias, eis que, dependendo da vontade das partes, caberá a ele, isoladamente, decidir sobre a fixação de prazos,
designação de audiências, nomeação de peritos, entre outras.202
Quando feita a opção por painel arbitral, superada a fase de impugnação dos árbitros eleitos pelas partes, estes coárbitros, de comum acordo, escolhem
o presidente. Se houver impasse, deve-se observar o quanto a respeito estabelece o regulamento da instituição escolhida, de acordo com a modificação
introduzida no § 4.º, da Lei n.º 13.129/2015.203
A previsão legal de aplicação do regulamento para solução da questão é supletiva a eventuais critérios de escolha do presidente pelas partes na
convenção, observado, ainda, o quanto acima se disse a respeito da inovação legislativa a respeito da restrição à escolha do presidente à lista da instituição.
Pode parecer um problema a inexistência de previsão a respeito no regulamento, porém, não é, na medida em que sempre há nos regulamentos
indicação da forma de solução deste impasse, ou no mínimo a previsão genérica do modo para solução dos casos omissos (e então a definição estaria
contida nesta regra de omissão, encontrando assim o caminho para solução).204
A Lei de Arbitragem, não exige formação acadêmica específica para que alguém possa ocupar a função de árbitro, nos colegiados, porém, surge sempre
a dúvida acerca da conveniência de que a presidência do painel seja ocupada por quem tenha formação jurídica. A prática revela a excelência de tribunais
compostos por integrantes de diversas áreas do conhecimento: a junção de advogados, engenheiros, arquitetos, médicos e contadores em painéis “híbridos”
tem-se mostrado bastante eficaz, pois dota o órgão julgador de capacitação para discutir com profundidade as questões postas a julgamento e que não sejam
estritamente jurídicas.
É preciso convir, porém, que é quase impossível conceber uma causa a decidir que não tenha algum fundo jurídico, ainda que envolva questões técnicas
relacionadas a outras áreas do conhecimento; discutir vícios construtivos naturalmente invoca conhecimento técnico da área de engenharia, mas
dificilmente será possível escapar da interpretação das cláusulas contratuais, da averiguação de prazos prescricionais, da fixação de limites à
responsabilidade dos contratantes e de tantas outras questões tipicamente jurídicas, discutir erro médico, da mesma forma envolve conhecimentos típicos da
área médica, mas virão à baila certamente as cláusulas contratuais, as obrigações de meio, os limites da previsibilidade, o dever de informação, as
consequências da negligência, o limite da responsabilidade de hospitais e clínicas, tudo isso ligado ao Direito.
A sentença arbitral, por outro lado, é peça técnica, que um advogado saberá redigir com maior rigor e com menor risco de erro formal; na mesma linha
de pensamento, o processo arbitral enseja natural conhecimento dos cânones do Direito Processual, o que faz parte do dia a dia do advogado, mas não
pertence à expertise do médico ou do engenheiro.
Tudo isso posto, uma visão prática da composição dos painéis mistos (painéis compostos por profissionais de várias áreas distintas do conhecimento)
leva à conclusão de que se deve pensar seriamente em atribuir a presidência do grupo a um advogado (ou alguém ligado à área jurídica), especialmente
quando a causa levada a julgamento comportar alguma dose de complexidade.
É claro, que profissionais de outras áreas, que não tenham formação jurídica, não sejam árbitros eficazes. Longe disso, do ponto de vista funcional,
importa que o árbitro seja acima de tudo sensato e competente, o que por certo propiciará um julgamento justo e de qualidade,205 a presidência do painel por
um árbitro que tenha formação jurídica tenderá a potencializar o trabalho do grupo, prevenindo erros formais que podem pôr em xeque o processo ou a
sentença arbitral, nulificando todo o trabalho realizado.
18.6. DA REMUNERAÇÃO DO PRESIDENTE DO ÓRGÃO ARBITRAL
No Brasil a prática não impõe remuneração diversa para o presidente do tribunal em relação àquela fixada para os demais árbitros. Os órgãos arbitrais
mais atuantes têm atribuído remuneração idêntica a todos os árbitros, muito embora o presidente efetivamente tenha (ou possa ter) atribuições
suplementares, entre elas a de preparar o relatório da decisão arbitral (ou a primeira minuta de tal decisão). Trata-se, desnecessário reiterar, de prática que
vai paulatinamente se instalando em nossos centros de arbitragem, prática essa que cede passo à deliberação específica das partes ou à determinação
específica dos diversos regulamentos. Por isso mesmo, nada impede que a remuneração do Presidente do Tribunal Arbitral, levando-se sempre em conta as
funções que lhe forem atribuídas, possa ser superior à dos demais árbitros.
Com mais tarefas e responsabilidade, algumas instituições já estabelecem a remuneração mais elevada ao presidente. Porém, se os honorários forem
pelo regime de horas trabalhadas, como muitas vezes ocorre na prática, automaticamente a maior atividade do presidente lhe trará a remuneração
compatível, em relação à eventual menor atividade dos coárbitros lhe trará a remuneração compatível, tornando desnecessária, então, a indicação de valor
diferenciado.
18.7. A IMPORTÂNCIA DO PAPEL DO PRESIDENTE NO VOTO DE MINERVA NO ÓRGÃO ARBITRAL
Não havendo acordo majoritário, diz a Lei, prevalecerá o voto do Presidente do Tribunal Arbitral.206 A escolha do legislador é natural: o Presidente do
Tribunal Arbitral é normalmente escolhido por consenso (dos demais árbitros ou das partes), recebendo natural posição de destaque no desenvolvimento do
processo arbitral. Mas é preciso notar que o critério adotado na Lei não é único conhecido na doutrina para a solução de situações de impasse e, mais
importante, o critério legal é nitidamente supletivo, não impedindo as partes de prever, na convenção de arbitragem, critério diverso.
Nas lições de Barbosa Moreira,207 vale lembrar com o mestre carioca pelo menos outros três expedientes tendentes a resolver o impasse da inexistência
de maioria qualitativa. O primeiro deles obrigaria os juízes adeptos das soluções menos sufragadas a aderirem a uma das duas correntes mais numerosas, a
fim de que alguma destas se torne majoritária (tal critério, é fácil perceber, não será útil para painéis compostos por três árbitros, composição mais usual
dos tribunais arbitrais); o segundo determinaria a convocação de outros juízes para participarem do julgamento, “em número bastante para propiciar o
desenlace”, e o terceiro mandaria “proceder a nova votação entre duas das soluções conflitantes, excluindo-se a que for vencida, e depois a uma terceira
votação, entre a solução vencedora e qualquer das outras, repetindo-se o procedimento sucessivamente, até que só restem duas soluções das quais será
adotada, como pronunciamento do órgão, a que reunir maior número de sufrágios”.
A escolha do presidente do painel tem relevância, pois sendo vários os árbitros, “a decisão será tomada por maioria, se não houver acordo majoritário,
prevalecerá o voto do Presidente do Tribunal Arbitral (art. 24, §1.º, da Lei n.º 9.307/96)”. Embora contida no capítulo da lei destinado à sentença arbitral,
esta regra vale para todas as decisões proferidas durante o procedimento; por exemplo, se no colegiado cada qual sugerir um perito, diante do impasse
prevalecerá a indicação do presidente.208
Ainda ao presidente são atribuídos, geralmente, pelas partes ou regulamento, poderes para organização e desenvolvimento da arbitragem, com definição
de etapas, prazo, providências, data de audiência, elaboração de relatório das decisões, nomeação, se o caso, de secretário, encaminhamento da sentença às
partes (art. 29, da Lei n.º 9.307/96) etc. Também ao presidente cabe certificar a eventual falta de assinatura dos outros árbitros na sentença (art. 26,
parágrafo único, da Lei n.º 9.307/96).
Nesse sentido, o Presidente poderá ainda nomear um secretário, que poderá ser um dos demais árbitros ou não, para auxiliá-lo nas tarefas rotineiras da
arbitragem, como a emissão de intimações e lavratura do termo da respectiva audiência, caso vislumbre esta necessidade, bem como solicitar ao juiz togado
a condução coercitiva de testemunhas resistentes e receber e processar os pedidos de impedimento e suspeição opostos contra si próprio e contra os demais
árbitros do painel.
19. ATRIBUTOS DOS ÁRBITROS
A arbitragem é um método de resolução de conflitos alternativo ao Poder Judiciário, no qual as partes escolhem um terceiro de sua confiança,
denominado árbitro, com conhecimentos técnicos sobre os fatos da demanda de cunho patrimonial, para solucionar o litígio de forma mais célere, cuja
decisão proferida possui a mesma eficácia de sentença judicial.
A Lei n.º 9.307/96 disciplina a matéria e define expressamente nos arts. 13 a 18 as condições jurídicas acerca dos árbitros, quais os poderes, funções,
missão e seus deveres no âmbito do procedimento arbitral.
Assim, para bem executar sua função, o árbitro possui atributos, que se revestem de verdadeiros princípios a nortear sua atuação, prescritos
expressamente no art. 13, § 6.º, da Lei n.º 9.307/96, in verbis: “No desempenho de sua função, o árbitro deverá proceder com imparcialidade,
independência, competência, diligência e discrição.”
É importante trazer a lume que inexiste em nosso ordenamento jurídico um Código de Ética a pautar e ditar as condutas nas relações entre partes e
árbitro, tanto que, sempre foi preocupação constante da Comissão erigir, em nível de lei, os princípios deontológicos aqui analisados,209 os quais
redundaram nos atributos expressamente consignados no § 6.º, do art. 13.
Registre-se ainda que tais atributos foram originários do Código de Ética da IBA – International Bar Association, uma Associação Internacional que
reúne vários países, os quais elaboraram o International Code of Ethics, voltado principalmente para os árbitros internacionais.
A nota introdutória do Código de Ética para os Árbitros Internacionais da IBA, que o árbitro internacional deverá ser imparcial, independente,
competente, diligente e discreto.210 Tais padrões de comportamento abstratos, mas de conhecimento e dever de observância mundial, quando praticados
com boa-fé, mostram-se flexíveis em sua aplicabilidade e se amoldam a cada caso, concretizando ao fim o fundamento da norma jurídica, sem a
necessidade de particularizar ou pormenorizar a norma.
Portanto, estas qualidades servem como um guia na relação que se estabelece entre os envolvidos na arbitragem, merecendo ser ponderadas e
consideradas, mas jamais são de observância obrigatória e tampouco se prestam para anular uma sentença arbitral, salvo é claro se as partes desejarem
erigir tais atributos à nível de cláusula compromissória ou ao compromisso firmado.
No âmbito nacional, atentos à necessária identificação de condutas esperadas dos árbitros, o Conselho Nacional das Instituições de Mediação e
Arbitragem – CONIMA, e diversas instituições arbitrais seguindo os parâmetros propostos por aquele, estabeleceram seus respectivos Códigos de Ética.211
Dessa maneira, é possível a existência de Códigos de Ética setorizados nos locais onde se desenvolve a arbitragem.
Os atributos legais expressamente previstos no art. 13, § 6.º, da Lei n.º 9.307/96, são eles: imparcialidade, independência, competência, diligência e
discrição.
A imparcialidade é a equidistância que o árbitro deve ter em relação às partes envolvidas, principalmente nas situações em que uma das partes escolhe
especificamente o árbitro, pois pode gerar o pensamento que este irá atuar como um verdadeiro advogado, o que não é o caso e deve ser a todo custo
evitado.
A falta de imparcialidade do árbitro encontra remédio no procedimento previsto para a alegação de impedimento ou suspeição (art. 14). A respectiva
exceção deve ser apresentada ao próprio árbitro ou ao presidente do tribunal arbitral. Aceito o pedido de afastamento, assume as funções o substituto
designado pelas partes (se houver). Não havendo designação de substituto para árbitro impedido ou suspeito, aplica-se o procedimento do art. 16.212
Destaca que o árbitro, inclusive deve estar entre as partes, mas acima destas, a fim de garantir a justiça que se almeja, não podendo, por conseguinte, se
envolver diretamente com os litigantes. Pois bem, merece observar o fato de que a indicação do árbitro pela parte, não implica necessariamente decisão a
seu favor, ou seja, os árbitros não tomarão partido por um ou por outro litigante. Portanto, deverá sempre ser mantida a imparcialidade.
A parte que pretende utilizar esta via arbitral para a solução da contenda pode inquirir o especialista que visa indicar para compor esta relação,
sondando-o previamente, nos estritos limites quanto a sua disponibilidade de tempo, especialidade e eventuais impedimentos profissionais, sob pena de
haver fundados motivos de suspeição.
Difere ainda quanto à neutralidade, vez que esta se relaciona com a influência que o árbitro pode receber do meio em que atua. Portanto, o árbitro deve
estar desligado das partes e das circunstâncias que as envolvem.
Todavia, o desinteresse do árbitro há de ser relacionado com quem sairá vencedor da demanda. É um desinteresse quanto aos litigantes e não quanto à
solução do conflito, que em nada afeta seu absoluto compromisso com um julgamento qualificado que seja efetivamente capaz de solucionar a demanda.213
A imparcialidade – no fato do árbitro não estar envolvido com as partes na relação arbitral – não se confunde com a neutralidade – que é a ausência de
preferência por uma das partes na contenda.
Por fim, não pode-se olvidar que o art. 14, da Lei n.º 9.307/96, apresenta um rol exemplificativo de hipóteses onde a imparcialidade restará prejudicada.
No tocante à independência o árbitro não pode manter relações de ordem econômica, afetiva, moral ou social que o liguem a alguma das partes.214 Tem
que ser autônomo, livre, independente e não subordinado a nenhuma das partes. É uma situação de fato e pode ser apreciada objetivamente.
É claro que a afinidade, por si só, não macula este atributo, como por exemplo de religiões ou partido político, desde que não se relacione diretamente
com a solução do caso.
Não há violação ao dever de independência quando o árbitro se empenha e toma as medidas necessárias para assegurar uma decisão justa.215
Já a competência atine no conhecimento que os árbitros devem possuir, fazendo jus na sua escolha pelas partes, ante os requisitos, critérios e
especificidade presentes no julgador para a solução do caso e não às questões do direito processual.
O árbitro competente é aquele que tem conhecimento, aptidão e capacidade técnica acerca do assunto que lhe posto para dirimir, bem como seja
especialista no assunto e com razoável experiência na matéria. Busca-se no árbitro uma decisão técnica, especializada, melhor proferida que a do poder
estatal.216
Uma questão específica dos conflitos internacionais é quanto ao domínio de certo idioma. Deve o árbitro se certificar que possui o conhecimento da
língua estrangeira exigida pelas partes, não devendo para tanto se confiar em intérpretes e tradutores que muitas vezes prejudicam a boa solução do conflito
ante a tradução literal e semântica utilizada nos documentos oficiais.
Quanto à diligência é dever do árbitro atuar com zelo a busca constante para a resolução do caso. A postura do árbitro é proativa, com iniciativa de
promover ou determinar providências pragmáticas, de busca dos melhores elementos de convicção e de efetividade do direito das partes.217 Dessa forma, o
árbitro se afasta da inércia das partes, em busca da verdade real, gerenciando o procedimento, velando e conduzindo os atos necessários para a deslinde do
caso.
O dever de diligência desdobra-se em duas vertentes: numa, espera-se que o árbitro não aceite sua nomeação se não puder dedicar o tempo necessário
para o estudo da causa, eis que se espera da decisão arbitral um alto grau de qualidade e de respaldo técnico; noutra, imagina-se que o árbitro haverá de
desempenhar sua função de modo a não onerar sobremaneira as partes, tornando suportáveis os custos da arbitragem.218
Assim, deve o julgador ser interessado para solucionar o caso de forma mais técnica, célere e justa possível. Inclusive, preparando-se para presidir a
audiência e no caso de tribunal, onde há uma coletividade de árbitros, mister que todos estejam a par dos dados do processo.
Ratificando este entendimento preconiza o art. 21, da Lei n.º 9.307/96: “A arbitragem obedecerá ao procedimento estabelecido pelas partes na
convenção de arbitragem, que poderá reportar-se às regras de um órgão arbitral institucional ou entidade especializada, facultando-se, ainda, às partes
delegar ao próprio árbitro, ou ao tribunal arbitral, regular o procedimento.”
Portanto, é facultado ao árbitro conduzir o procedimento da melhor forma que entender necessária denotando a informalidade como característica da
arbitragem.
A arbitragem deve ser menos formal que os processos judiciais e deve permitir grande flexibilização procedimental, desde que dentro de critérios
básicos do contraditório e da ampla defesa.219
Tais princípios, além de garantidos constitucionalmente, estão expressamente previstos no art. 21, § 2.º, da Lei n.º 9.307/96.
Por conseguinte, tem-se a discrição, uma das maiores vantagens do procedimento arbitral. Caracteriza-se pela confidencialidade no procedimento
instaurado. Impende ressaltar que o sigilo não é obrigatório e tampouco está determinado em Lei, principalmente nas questões em que envolva entidades
públicas onde o princípio constitucional que prevalece é o da publicidade dos atos, bem como nas questões societárias em que afetem os sócios e os
negócios sociais. De toda maneira, espera-se do árbitro um comportamento sóbrio, evitando comentários sobre processos que atua ou atuou.
Complementando ainda, orienta que as partes podem exigir do árbitro verdadeiro segredo sobre o que está se tratando, fazendo, inclusive, constar no
compromisso arbitral a obrigação de não fazer.220
Característica também exigida pelo texto legal, a independência do árbitro refere-se ao princípio da persuasão racional ou do livre convencimento
motivado, aplicável à arbitragem. Por conseguinte, o árbitro é livre para formar seu convencimento, estando, porém, sujeito a fundamentar sua decisão,221
respaldando-se nas provas confeccionadas ao curso do processo arbitral, observando a verdade formal, que esclarece o ramo do direito civil.
A definição em ser Árbitro, por Selma Lemes, bem sucinta em “Estar árbitro” é mais do estar investido para decidir a controvérsia. É ser uma pessoa
sensível, ter disponibilidade de tempo para analisar convenientemente a demanda, ser disciplinado, preparar-se para as audiências, ter prontidão e iniciativa,
não retardar as decisões e despachos durante o procedimento arbitral. Normalmente o árbitro se esquece de quem o indicou, pois seu compromisso é com
sua consciência e o seu livre convencimento; deve agir com bom senso, procurar a verdade, ater-se às provas dos autos e se estiver autorizado a resolver
por equidade, de acordo com o seu real saber e entender podendo afastar a lei, procurar a decisão mais justa e salomônica, atentando sobremaneira aos fatos
e ao comportamento das partes. Enfim, estar árbitro é ser um humanista e atuar, também, como um diplomata.222
Constata-se, no ambiente jurídico brasileiro, resistência em autorizar os árbitros a decidirem por equidade223, o que representa um equívoco. Primeiro,
ao indicar um árbitro confia-se nele. Segundo, por consequência, a equidade vem acompanhada do bom senso e de um critério vivo de justiça. Resolver por
equidade é decidir com prudência.
Neste sentido, na “Oração aos moços”, quando interpretava as palavras do apóstolo São Paulo, Rui Barbosa, que “boa é a lei”, quando executava com
retidão. Isto é: boa será, em havendo no executor a virtude, que no legislador não havia. Porque só a moderação, a inteireza e a equidade, no aplicar das
más leis, poderiam em certa medida escoimar de impureza, dureza e maldade, que encerrem (...) pretendia significar o apóstolo que mais vale a lei má,
quando inexecutada ou mal executada (para o bem) que a boa lei sofismada e não observada.224
20. DO IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO DO ÁRBITRO
É livre às partes a escolha dos árbitros para julgamento de suas demandas no juízo arbitral, contudo, assim como ocorre no processo judicial, é
necessário que os julgamentos no âmbito da jurisdição privada ocorram de forma independente e imparcial.225
Neste sentido, a Lei n.º 9.307/96, no artigo 14, § 1.º, impõe às pessoas indicadas para funcionar como árbitro o dever de revelar, antes da aceitação da
função, qualquer fato que denote dúvida justificada quanto à sua imparcialidade e independência. Ademais, este mesmo artigo estabelece que, no que
couberem, as mesmas causas que impõem impedimento e/ou suspensão aos juízes togas se aplicam aos árbitros.
O instituto da suspeição pressupõe a fixação de critérios objetivos em que se presume a parcialidade do árbitro, recaindo a norma sobre a pessoa do
julgador, de sorte que o impedimento refere-se a um elemento pessoal do árbitro, afastando a pessoa física do árbitro, por uma questão pessoal do
conhecimento da demanda. Assim, o fundamento da exceção é a suspeita de parcialidade do julgador, portanto, que quem está impedido, assim está pela
probabilidade de influenciar negativamente no julgamento, isto é, tem presunção juris et de jure de parcialidade.
Neste norte, enquanto o impedimento se atrela a elementos objetivos, independentemente da vontade subconsciente do candidato a árbitro, a suspeição
está alicerçada na seara subjetiva, tem, portanto, relação com o subjetivismo do árbitro, sendo, a imparcialidade do julgador um dos pressupostos
processuais subjetivos do processo, podendo, assim, comprometer a imparcialidade do árbitro no exercício de sua função.
Do disposto no art. 14, da Lei n.º 9.307/96, os efeitos do impedimento e suspeição no juízo arbitral se assemelham aos efeitos inerentes ao juízo estatal,
de forma que no impedimento há presunção absoluta (juris et de jure) de parcialidade do juiz em determinado processo por ele analisado, enquanto na
suspeição há apenas presunção relativa (juris tantum), logo, havendo probabilidade de imparcialidade em função de razões subjetivas estaremos diante de
causas de suspeição, de outro modo, quando a presunção de imparcialidade funda-se em critérios objetivos, falar-se-á em impedimento.
Deste modo, quando há elementos, subjetivo ou objetivo, que possam comprometer a parcialidade do julgamento, deve o árbitro declarar-se suspeito ou
impedido, ou a parte oferecer exceção junto ao próprio juízo arbitral, preservando-se, assim, o princípio da imparcialidade do julgador.
20.1. DO IMPEDIMENTO
Conforme estabelece o art. 14, da Lei de Arbitragem, aplica-se ao árbitro, no que couber, as mesmas causas que fundamentam o impedimento do juiz
estatal, uma vez que o árbitro tem os mesmos deveres e responsabilidades do juiz togado, embora as hipóteses de impedimento e/ou suspeição contenham,
em alguma medida, limites e os conteúdos diversos.
As causas de impedimento, no âmbito do juizado estatal, estão estampadas no art. 144, do CPC/15, indicando as situações que justificam o afastamento
do julgador, seja de forma espontânea ou a requerimento das partes, vejamos:
Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo:
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha;
II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão;
III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em
linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo;
VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes;
VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços;
VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive,
mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório;
IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado.
§ 1.º Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor público, o advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o processo antes do início da atividade
judicante do juiz.
§ 2.º É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do juiz.
§ 3.º O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado que
individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente no processo.

Assim, os motivos que impedem de forma taxativa o exercício da jurisdição pelo magistrado, e, que por força da Lei n.º 9.307/96 também se aplicam às
pessoas que atuam como árbitro no juízo arbitral, tendo em vista que estas são causas que garantem o princípio da imparcialidade, podendo ser oposta antes
ou após o árbitro aceitar seu mister.
De acordo com o inciso I, fica impedido de atuar como árbitro ou juiz arbitral a pessoa que atuou como mandatário de uma das partes; oficiou como
perito; ou membro do Ministério Público; ou prestou depoimento como testemunha. Assim, o indivíduo que haja anteriormente intervindo no núcleo
essencial da demanda, ou tenha atuado como advogado, mandatário ou testemunha está impedido de atuar como árbitro.
Este inciso concretiza o princípio básico da justiça de que ninguém pode ser juiz em causa própria.226
O inciso II não se aplica ao juízo arbitral, uma vez que o juiz togado não pode ser árbitro por vedação expressa na Lei Orgânica da Magistratura
Nacional – LOMAN, no artigo 26:
Artigo 26. O magistrado vitalício somente perderá o cargo:
I - em ação penal por crime comum ou de responsabilidade;
II - em procedimento administrativo para a perda do cargo nas hipóteses seguintes:
a) exercício, ainda que em disponibilidade, de qualquer outra função, salvo um cargo de magistério superior, público ou particular;
b) recebimento, a qualquer título e sob qualquer pretexto, de percentagens ou custas nos processos sujeitos a seu despacho e julgamento;
c) exercício de atividade político-partidária.

Por oportuno, cabe mencionar que diferente do juiz togado, o Membro do Ministério Público, após a instituição da Lei Complementar n.º 75/93 tem o
representante do Ministério Público do Trabalho, entre suas atribuições, a possibilidade de atuar como árbitro e mediador na solução de conflitos
trabalhistas de natureza coletiva.
Sendo assim, o Ministério Público do Trabalho pode atuar na arbitragem visando solução de conflitos trabalhistas de natureza coletiva, conforme
estabelece o art. 83, inciso XI, da Lei Complementar n.º 75/93.
Art. 83. Compete ao Ministério Público do Trabalho o exercício das seguintes atribuições junto aos órgãos da Justiça do Trabalho: (...)
XI - atuar como árbitro, se assim for solicitado pelas partes, nos dissídios de competência da Justiça do Trabalho.

Na hipótese do inciso III, o impedimento é verificado quando os sujeitos nele mencionado (defensor público, advogado ou membro do Ministério
Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive) tiverem grau de
parentesco com indivíduo que irá atuar como árbitro.
Essa regra que gera o impedimento do árbitro quando este tem com uma das representantes das partes grau de parentesco, até o terceiro grau, estende-
se, assim como nos casos dos juízes togados, por exemplo, a membros de escritório de advocacia que representa uma das partes, que tenha em seu quadro
parentes de pessoas que atuaram como árbitro.
Há de se ressaltar que este inciso pode ser combinado como o inciso VIII, do mesmo artigo, estendendo o impedimento ao juiz arbitral, além do caso
em que a parte é assistida por cônjuge e/ou companheiro ou parente do árbitro, aos casos em que uma das partes figurar como cliente de escritório em que
as pessoas mencionadas no disposto legal sejam integrantes.
Por fim, cumpre destacar que a regra do inciso III, bem como a do inciso VIII, deve ser combinada com o § 3.º, do mesmo artigo, concretizando assim,
a preocupação do legislador com o tráfico de influência no juízo arbitral.
O inciso IV, estabelece que existe impedimento quando o árbitro for parte no processo, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim,
em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, sendo, portanto, regra impeditiva que não desafia grandes elucubrações para seu entendimento, uma vez que
se trata de impedimento por consanguinidade ou parentesco civil.
Conforme o inciso V está o indivíduo impedido de atuar como o árbitro, quando este for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa
jurídica parte no processo, uma vez que tem interesse direito no resultado da demanda.
Uma das antigas causas de suspeição do CPC/73, passou a integrar o rol de causas de impedimento pelo CPC/15, inserindo-se no inciso VI. Desta
forma, por extensão legal, agora está impedido de ser árbitro aquele que seja herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes, uma vez
que o árbitro, nesta condição, dificilmente conduziria o processo arbitral de forma imparcial, dado o visível interesse no deslinde da demanda.
Outra novidade do CPC/15 é estampada no inciso VI, do art. 145, trazendo como causa impeditiva a juízes estatais, e perfeitamente aplicáveis ao juízo
arbitral, quando uma das partes do painel arbitral é instituição de ensino da qual o árbitro mantenha relação laboral ou vínculo decorrente de contrato de
prestação serviço.
Entendo que este inciso se aplica a qualquer outra relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços, e não apenas às situações em
instituições de ensino em que milita o árbitro, tenha vínculo ou relação trabalhista com uma das partes da demanda, de forma que tendo o árbitro relação
laboral ou preste serviço, de qualquer natureza, para uma das partes, estará ele impedido de conhecer da demanda.
Por seu turno, o inciso IX traz como causa de impedimento quando árbitro tenha promovido ação contra uma das partes ou em desfavor de seu
mandatário ou advogado, ou vice-versa, em face da probabilidade de existir imparcialidade na condução e desfeche do processo arbitral.
Por fim, cumpre destacar que o art. 147, do CPC/15, traz uma causa especial de impedimento, perfeitamente aplicável ao juízo arbitral, estabelecendo
que se quando dois ou mais árbitros forem parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, o primeiro que conhecer da
causa, impede que os demais atuem no processo.
20.2. DA SUSPEIÇÃO
As causas de suspeição do árbitro estão associadas a um juízo volitivo, de índole subjetiva. Conforme preceituado no art. 14, da Lei n.º 9.307/96, se
aplica aos árbitros, no que couber, as mesmas causas que impõem suspeição dos juízes togados. O CPC/15 sistematiza as causas de suspeição no artigo
145, vejamos:
Art. 145. Há suspeição do juiz:
I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados;
II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar
meios para atender às despesas do litígio;
III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive;
IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes.

Pelo inciso I, o árbitro é suspeito quando tiver com uma das partes relação pessoal, seja de apreço ou desprezo para com um dos demandantes ou
advogados ou representantes, estabelecendo que o árbitro é suspeito quando amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados.
A amizade entre uma das partes e o árbitro deve ser de caráter íntimo, pois senão qualquer caso que o árbitro fosse atuar, ele se encontraria suspeito,
mormente se qualquer laço de convivência fosse tido como amizade para se caracterizar a suspeição, poderia o árbitro ficar impedido de atuar em diversas
causas, nas quais sua imparcialidade nem se faria presente.227
O inciso II estabelece que é suspeito de atuar como árbitro quem receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de
iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio.
Assim, a Lei tenta afastar do julgamento da demanda quem recebe dádiva, uma vez que paira a probabilidade de beneficiar a parte que lhe presenteou,
do mesmo modo, é suspeito quem aconselha qualquer das partes, ou a orienta sobre a propositura ou defesa no juízo arbitral, ou seja, torna-se suspeito
quem informa às partes quais providências devem ser adotadas, tanto para a propositura da demanda como as formas que pode defender-se naquele
processo arbitral, bem como quando o árbitro for dos financiadores da demanda, isto é, quando o árbitro subministra meios para atender os custos do
processo arbitral.
O inciso III prevê a suspeição do juiz, perfeitamente cabível ao juízo arbitral, quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge
ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, em função do possível interesse do árbitro no resultado do processo.
Por fim, o inciso IV traz uma ampla opção de situações não determinadas, onde qualquer seja o motivo particular que possa levar o árbitro a ter
interesse no julgamento a favor de uma dar partes este poderá declarar-se suspeito, já que não se pode confundir o interesse do juízo arbitral com o
interesse pessoal do árbitro.
O § 1.º, do art. 145, do CPC/15, traz ainda uma causa especial de suspeição, tratando-se da possibilidade de suspeição por “foro íntimo”, pela qual o
árbitro pode declarar-se suspeito por motivos pessoais, podendo declarar-se de ofício, quando ele se considera suspeito para conhecer do processo.
20.3 DO DEVER DE REVELAÇÃO E DA RECUSA
O art. 14, caput, da Lei n.º 9.307/96, estabelece as regras de impedimento e suspeição previstas no Código de Processo Civil aos árbitros no exercício
de suas funções. Tais hipóteses são ampliadas no § 1.º a outras hipóteses de cabimento, previstos nos Códigos de Ética Gerais ou determinados pelas
instituições privadas como diretrizes de conduta esperada dos árbitros, com previsão específica no regulamento.228
Dessa forma, presente algum impedimento, previsto em Lei ou em convenção arbitral, que possa quebrar ou efetivamente macular a confiança entre
árbitro e partes, mormente quanto ao julgamento imparcial, emerge o dever de revelação do árbitro, informando às partes seus eventuais pontos
vulneráveis, ou pode haver a recusa pelas partes interessadas.
É interessante notar que o impedimento e a suspeição podem se manifestar durante o procedimento arbitral sob dois prismas, ou pelo próprio árbitro por
meio do dever de revelação, ou então provocado pelos interessados através da recusa.
Diferente da sistemática utilizada pelo CPC/15, no juízo arbitral é possível admitir árbitro com restrições, ainda que seja um impedimento absoluto. No
entanto, é preciso que a parte tenha conhecimento sobre as causas de recusas e concorde com a nomeação do árbitro indicado, em respeito ao princípio da
autonomia da vontade.229
Isto porque a arbitragem está calcada na confiança, presente muitas vezes nas pessoas mais próximas, de modo que tendo as partes conhecimento das
possíveis causas de recusas e ainda assim aceitando a indicação do árbitro em consenso, prevalecerá a sua decisão.
Por conseguinte, é preciso que as partes tenham esse prévio conhecimento dos eventuais pontos vulneráveis do árbitro e nisso consiste o dever de
revelação que, segundo Cahali é conhecido na doutrina americana como a obrigação de Full Disclosure (revelação total).230
A Lei n.º 9.307/96, no § 1.º, do art. 14, dispõe “As pessoas indicadas para funcionar como árbitro têm o dever de revelar, antes da aceitação da função,
qualquer fato que denote dúvida justificada quanto à sua imparcialidade e independência”.
Portanto, além de expressa previsão legal, deve o árbitro pautar-se na constante transparência e externar para as partes qualquer situação pessoal ou
profissional que possa prejudicar o julgamento.
A expressão dúvida justificada deve sempre ser utilizada sob a ótica do desprendimento nas informações, com fim último de sempre oferecer às partes a
mais ampla segurança e confiança na aceitação do árbitro. Pode ser adotado como parâmetro balizador na aplicação desta expressão as situações apontadas
nos códigos de conduta dos árbitros.
Existem instituições que possuem formulários próprios, com perguntas direcionadas e questionamentos gerais para nortear a avaliação quanto ao
árbitro.231
Não se pode olvidar que o dever de transparência permeia todo o procedimento, de modo que se sobrevierem fatos capazes de gerar imparcialidade ou
desconfiança, bem como se recordar de fatos antigos somente neste momento, deve o árbitro comunicar as partes imediatamente, evitando qualquer
prejuízo para o julgamento.
Apresentados os fatos ou circunstâncias que gerem impedimento ou suspeição do indicado ao árbitro, as partes podem exercer o seu direito de renúncia,
prestigiando-se assim a máxima confiança dos litigantes na arbitragem, fazendo-o segundo os critérios e procedimentos ditados nos arts. 14, 15 e 20, todos
da Lei n.º 9.307/96.
É importante destacar que é inoportuno a recusa do árbitro após a sua nomeação pela própria parte que o indicou, per si ou em conjunto, vez que
competia a estes a investigação e avaliação prévia. Excetuado o caso de fatos anteriores desconhecidos ou condutas posteriores, os quais viabilizam a
impugnação. Noutro giro, a parte que não participou da indicação do árbitro, pode recusá-lo desde que feito tempestivamente, ou seja, na oportunidade que
lhe caiba, sob pena de considerar aceita e válida a escolha do julgador.
O § 2.º, do art. 14, estabelece que o árbitro somente poderá ser recusado por motivo ocorrido após sua nomeação. Poderá, entretanto, ser recusado por
motivo anterior à sua nomeação, quando: a) não for nomeado, diretamente, pela parte; ou b) o motivo para a recusa do árbitro for conhecido posteriormente
à sua nomeação.
Da simples leitura do artigo, fica claro que a nomeação do árbitro é o marco preclusivo para as partes questionarem a possível imparcialidade do
árbitro, evitando-se tumultuo no processo, procrastinação do regular andamento e nulidade alegados estrategicamente em momentos posteriores. Por outro
lado, não incide a preclusão quando afetar a independência do árbitro, por ser questão de ordem pública.
Caso o pedido de recusa for feito propositalmente em momento posterior, gerando prejuízo para uma das partes, poderá ser considerado no momento da
distribuição das custas e despesas com a arbitragem, bem como ser condenado em litigância de má-fé, com fulcro no art. 27, da Lei n.º 9.307/96: a sentença
arbitral decidirá sobre a responsabilidade das partes acerca das custas e despesas com a arbitragem, bem como sobre verba decorrente de litigância de má-
fé, se for o caso, respeitadas as disposições da convenção de arbitragem, se houver.
20.4. DO PROCEDIMENTO PARA ARGUIR IMPEDIMENTO OU SUSPEIÇÃO
Havendo hipóteses de impedimento ou suspeição, e não sendo o caso do próprio árbitro informar acerca dessa situação, a parte pode arguir via exceção.
Tanto a exceção de suspeição como a de impedimento deve ser apresentada após a instituição da arbitragem, no primeiro momento em que tiver de
manifestar-se no processo, podendo ser alegada por qualquer das partes, nos termos do art. 20, da Lei de Arbitragem.
Importa relembrar que na hipótese de impedimento predominam elementos objetivos, em geral, facilmente verificáveis, enquanto na suspeição, há
destaque a elementos subjetivos, demandando maior esforço para a efetiva comprovação das alegações levantadas pela parte.
Diferente do processo judicial, em que o magistrado analisa os pedidos de impedimento ou suspeição, e se acatar a alegação da parte, redistribui o feito
para outro juízo, ou se não acatar o pedido da parte, remete os autos para que o Tribunal a que tiver vinculado decida sobre a exceção, no juízo arbitral é o
próprio árbitro que decide sobre seu impedimento ou suspeição,232 não existindo, salvo convencionado pelas partes, segunda instância arbitral.233
Assim, decidindo o árbitro ser competente para julgar o feito, mesmo que claramente não o seja, a parte irresignada, em regra, não pode interpor
recurso desta decisão, devendo aguardar a decisão do árbitro sobre o impedimento ou suspeição para depois propor sua anulação com base no art. 32, II, e
art. 33, da Lei n.º 9.307/96.
20.5. DO CONHECIMENTO DAS CAUSAS DE IMPEDIMENTO OU SUSPEIÇÃO – MOMENTO PARA ARGUIR IMPEDIMENTO OU
SUSPEIÇÃO
Tem o árbitro ou o juiz arbitral obrigação legal de informar, antes de aceitar a função, a existência de fato que ponha em dúvida sua imparcialidade e
independência. Assim, em regra, para que sejam arguidas hipóteses de impedimento ou suspeição, elas devem ter surgido ou apenas foram conhecidas após
a nomeação do árbitro.
Se a causa era anterior à nomeação, a parte que arguir tem o encargo de provar que não tinha conhecimento. No caso de suspeição, não tendo êxito a
parte na comprovação de seu desconhecimento, considerando que ao aceitar a nomeação do árbitro, mesmo sabendo da existência de causas de suspeição
depositou confiança no árbitro, e considerando que a escolha é de livre vontade das partes, o árbitro torna-se competente para apreciar a demanda. Já as
causas de impedimento podem ser arguidas em qualquer tempo, não ocorrendo preclusão.
Por fim, cabe mencionar que é perfeitamente possível por deliberação das partes afastar essas causas, prevalecendo a autonomia das partes e a
confiança que depositam no árbitro escolhido para o julgamento da demanda, uma vez que não aplica ao juízo arbitral o princípio do juiz natural,
importando no juízo arbitral a autonomia da vontade e a confiança no árbitro.
20.6. DO PEDIDO DE IMPEDIMENTO OU SUSPEIÇÃO
O pedido de impedimento pode ser proposto a qualquer tempo do processo arbitral, uma vez que não esteja sujeito à preclusão. Já o pedido de
suspeição deve ser apresentado na primeira manifestação nos autos, uma vez que tratando de incompetência relativa, está sujeito à preclusão.
Estabelece o art. 15, da Lei de Arbitragem, que a parte deverá apresentar a exceção de impedimento ou suspeição ao juiz arbitral ou ao Presidente do
Tribunal Arbitral, por petição fundamentada e comprovação de suas alegações. Deste modo o pedido de exceção deve:
a) Ser protocolizada via simples petição devidamente fundamentada, dirigida ao juiz arbitral ou ao Tribunal Arbitral, conforme o caso;
b) Aparelhadas com as razões de fato, devidamente comprovadas;
c) Não demanda a participação de advogado.
d) Deve ser apresentada na primeira manifestação nos autos (art. 20, da Lei n.º 9.307/96). Embora matérias relativas às hipóteses de impedimento não estejam sujeitas à preclusão.

Se o árbitro entender pertinente a alegação, o artigo 16 estabelece que o processo seja enviado ao juiz substituto, se previsto no compromisso. Dessa
forma, o árbitro substituto deverá assumir o processo, quando há recurso da nomeação, ou se o árbitro indicar motivos que o impeça de julgar o processo,
tornar-se impossibilitado para a função ou vier a falecer.
Caso não seja convencionada no compromisso a indicação de árbitro substituto, será aplicado o regulamento da Câmara de Arbitragem, se assim estiver
previsto na convenção. Se esta for omissa ou as partes não acordarem sobre a nomeação do substituto, cabe a intervenção do judiciário, nos termos do art.
7.º, da Lei de Arbitragem.
Uma das principais características que deve o árbitro é a independência e a imparcialidade. Para tanto, a Lei de Arbitragem estabelece que é dever legal
do árbitro, antes de aceitar a função, informar às partes acerca de eventuais motivos que possam comprometer a imparcialidade no julgamento da demanda.
Ainda assim, ocorrendo situação ou circunstância que tragam possibilidade de interferir na lisura do processo arbitral, estatui a Lei n.º 9.307/96 que no
primeiro momento após a nomeação do árbitro, qualquer das partes, possa, através de simples petição, com as razões de fato e de direito, devidamente
comprovadas, arguir exceção de impedimento ou suspeição, dependo do caso concreto.
Frisa-se que as hipóteses de impedimento e suspeição estão, em tese, associadas ao nível de comprometimento do árbitro com a demanda, podendo
interferir na imparcialidade do julgamento, de modo que na suspeição há presunção relativa ou juris tantum de parcialidade, uma vez que as razões são de
índole subjetiva, enquanto no impedimento há presunção absoluta ou juris et de jure, já que o impedimento está alicerçado em critérios objetivos.
Uma vez arguida a exceção de impedimento ou suspeição, que é julgada pelo próprio árbitro ou árbitros, este pode declarar-se impedido ou suspeito e
ser substituído por outro árbitro previsto na convenção ou no Regulamento da Câmara de Arbitragem, conforme o caso, ou se o árbitro se julgar
competente para conhecer do processo, segue o procedimento arbitral.
Da decisão do árbitro quanto ao mérito da exceção não cabe recurso, salvo se convencionado pelas partes quando do estabelecimento da convenção
arbitral, havendo a possibilidade de a parte irresignada buscar o judiciário, propondo sua anulação, nos termos dos artigos 32 e 33, da Lei n.º 9.307/96.
21. A SUBSTITUIÇÃO DO ÁRBITRO
É juridicamente possível a substituição da figura do árbitro, nos termos do art. 16, da Lei de Arbitragem.234 Esta ocorre no caso de escusa, antes da
nomeação, e pode ocorrer também em razão da recusa do árbitro por uma das partes. Interessante cotejo com a figura do juiz natural, na qual este não pode
se escusar de julgar determinada causa ou se furtar à prestação da jurisdição na qual é competente.
Antes da nomeação é facultado ao árbitro escolhido a recusa (escusa) do encargo, eis que ninguém pode ser obrigado a figurar como árbitro. No caso de
recusa oposta por uma ou ambas as partes, deverá ser feito novo procedimento de indicação, nomeação e aceitação do árbitro inicial.
Há também a possibilidade de substituição do árbitro quando for acolhida a exceção de impedimento ou suspeição, nesta hipótese, o árbitro tido como
suspeito ou impedido deverá ser substituído pelo árbitro definido no compromisso arbitral, em não havendo substituto definido no compromisso, e não
havendo concordância quanto à escolha do substituto, o procedimento arbitral deverá ser extinto.
Ainda, de modo menos usual, é necessária também a substituição do árbitro que vier a falecer ou ficar impossibilitado por moléstia grave, de continuar
nos trabalhos da arbitragem. É recomendável, sempre que possível, a previsão de árbitro suplente, pois o falecimento do árbitro sem que haja árbitro
suplente acarreta a necessidade de se realizar nova nomeação. Neste norte, havendo substituição do árbitro, o substituto deve observar os mesmos
parâmetros estabelecidos nos arts. 13 usque 15, da Lei de Arbitragem.
Ocorre que nem sempre é possível a previsão de árbitro suplente. Em arbitragens ad hoc em que o juízo arbitral é possível muito em razão da alta
expertise ou da confiança que as partes depositam no árbitro, sua substituição se afigura bastante problemática. Ainda que a expertise seja circunstância
impessoal, a confiança não o é.
Curial destacar, entretanto, que caso não haja consenso quanto à substituição do árbitro e não haja suplente, é facultado às partes que deliberem não
aceitar substituto, hipótese em que será extinto o juízo arbitral, nos termos do art. 16, § 2.º, da Lei de Arbitragem. Do mesmo modo, não há que se falar em
árbitro substituto se as partes assim deliberarem no compromisso arbitral.
22. DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO ÁRBITRO
Em que pese as recentes alterações ocorridas na Lei n.º 9.307/96, por meio da Lei n.º 13.129/2015, o legislador preferiu manter a omissão quanto à
responsabilidade civil do árbitro, ficando a apuração desta à mercê da interpretação sistemática da citada Lei.
Com o advento da Lei n.º 9.307/96 revogou-se o art. 1.083, do CPC/73, que previa que “Aplicam-se aos árbitros, no que couber, as normas
estabelecidas neste Código acerca dos deveres e responsabilidades dos juízes (artigo 133)”.
A intenção do legislador foi conceber à Arbitragem uma maior respeitabilidade, sujeitando os árbitros aos termos da lei penal na eventualidade de
cometerem atos que denotem desvio no exercício da função para a qual foram nomeados,235 nos termos do art. 17, da Lei n.º 9.307/96, in verbis: “Os
árbitros, quando no exercício de suas funções ou em razão delas, ficam equiparados aos funcionários públicos, para os efeitos da legislação penal”.
Importa ressaltar que a omissão na Lei de Arbitragem, quanto à responsabilidade civil do árbitro, não traz maiores consequências, uma vez que, a
interpretação sistemática da Lei, agregada com a própria essência da atuação do árbitro levam à conclusão segura quanto à sua responsabilidade. 236
É evidente que a falta de texto na Lei de Arbitragem não cria barreira alguma, sendo indispensável imaginar-se um regime de irresponsabilidade do
árbitro.237
Sendo assim, a falta de previsão legal não traz qualquer óbice para imputação de responsabilidade civil para aquele que no desempenho do papel de
árbitro, mediante uma conduta omissiva ou comissiva, venha causar algum tipo de dano às partes, até porque no desempenho dessa função deverá observar
estritamente uma série de deveres que acompanham o encargo.
Neste sentido, sob a égide do Estado Democrático de Direito, não há qualquer cidadão que escape aos mecanismos da responsabilidade subjetiva. É
inconcebível a prática de qualquer conduta sem a correspondente responsabilização ou controle. O exercício do múnus de árbitro não foge a esta regra.
Dentre os deveres listados na Lei de Arbitragem destacam-se o dever de cumprir tempestivamente o mandato, o dever agir com imparcialidade,
independência, competência, diligência e discrição.
Ademais, o árbitro tem o dever de prolatar uma sentença exequível e cuja validade não possa ser contestada no Poder Judiciário. Para tanto deve
observar além das disposições estabelecidas na Lei de Arbitragem, também a convenção, as regras da instituição e o devido processo legal. Destaca que
muito embora a arbitragem esteja na enseada da costeira jurisdicional, à arbitragem não se escapa o devido processo, com todas as suas garantias e
repercussões.
Portanto, eventual descumprimento de qualquer dever atribuído ao árbitro que cause danos às partes, poderá ensejar ao profissional o dissabor de
responder civilmente por esses danos, como consequência de sua má atuação.
A responsabilidade do árbitro, em linhas gerais, pode ser verificada sob dois panoramas. Um, considerando o árbitro como “juiz de fato e de direito”,
possuidor do poder-dever de decidir todos os fatos controvertidos da causa. O outro sob o ângulo do árbitro como prestador de serviço, devendo, por essa
razão, vincular-se aos compromissos firmados com as partes.238
Pitoresca a premissa do árbitro enquanto prestador de serviços. Isto porque o enfoque do múnus arbitral enquanto prestação de serviço atrai por sua
própria essência a incidência de um código de defesa do consumidor, com um espectro assaz amplo de princípios e regras de cunho protetivo, a ensejar um
tratamento legal mais favorável ao consumidor, presumidamente vulnerável em relação ao prestador de serviços. Impõe-se a reflexão se de fato é o caso de
se enxergar o árbitro como prestador, uma vez que os atores no juízo arbitral se presumem iguais – paritários e com âmbitos de atuação diferentes. Seria
como traçar uma relação verticalizada entre juiz e advogados, algo que sabidamente não se sustenta.
Ressalte-se que a condição de “juiz de fato e de direito” conferida ao árbitro, não tem o condão de atribuir a ele a mesma responsabilidade que recai
sobre o juiz togado, uma vez que, em razão da função estatal que este exerce, a responsabilidade pelos danos que vir a causar a terceiros, no exercício da
função, recairá sobre o Estado.
Assim, na atuação do árbitro na condição de “juiz de fato e de direito”, tem-se que poderá responder civilmente pelos errores in procedendo, ou seja,
pelos erros cometidos no procedimento arbitral capazes de causar a anulação da sentença. Neste caso, o árbitro deverá ter atuado com dolo ou culpa grave,
tal como ocorre com o juiz togado, nos termos do art. 143, do CPC/15, para gerar o dever de indenizar.
A título de exemplo, comete errores in procedendo o árbitro que julga o litígio por equidade sem a devida autorização das partes, bem como o árbitro
que profere a sentença a destempo, mesmo depois de notificado.239
Aliás, vale dizer que proferir a sentença no prazo estipulado pelas partes ou no prazo estabelecido pela Lei de Arbitragem é obrigação fundamental do
árbitro. Cabe a ele a obrigação de decidir o litígio. Entretanto, não há obrigatoriedade que a decisão seja correta, uma vez que não existe para o árbitro
qualquer responsabilidade por errores in iudicando, ou seja, erros de julgamento em relação à qualidade da sentença, ainda que esta decorra de
interpretação equivocada dos fatos ou da lei aplicável ao caso.
Nesse sentido Fernanda Rocha Lourenço Levy leciona que:
Os árbitros, assim como os juízes togados, respondem pelos errores in procedendo e não pelos errores in judicando, pois eles têm como obrigação proferir uma sentença de acordo com o
procedimento escolhido pelas partes e pautada no princípio do devido processo legal, mas a falta de qualidade da sentença em termos de conteúdo não dá azo à indenização.240

Destarte, tratando-se de errores in judicando, não cabe a velha máxima de que “escolhe mal quem escolhe só”, isso porque a escolha do árbitro é
atribuição das partes e, portanto, na ocasião de ser proferida uma sentença de má qualidade, devem assumir a responsabilidade pela escolha equivocada do
profissional.
Essa característica do juízo arbitral é sintomática da natureza disponível da arbitragem. Importante ter em mente que o âmbito de proteção do juízo (e
aqui vale qualquer juízo) é diretamente proporcional aos bens jurídicos tutelados. É dizer, noutras palavras, que a proteção legada pelo devido processo aos
litigantes, seja contra um julgador qualitativamente ruim ou contra um patrono ruim é maior se o bem da vida em jogo for mais relevante. É por este motivo
que no juízo criminal há a possibilidade de o juízo declarar o réu indefeso e determinar a nomeação de outro advogado. Seguindo a mesma lógica, no juízo
cível não há a possibilidade de se declarar ninguém indefeso, justamente porque os interesses em jogo são meramente patrimoniais disponíveis. Ainda que
a demanda envolva cifras astronômicas, ainda assim este bem jurídico não é tão relevante para o ordenamento como é a liberdade.
Percebe-se que a responsabilidade do árbitro perante as partes tem natureza contratual, que advém da convenção entre eles, por meio de compromisso
expresso. Portanto, trata-se de responsabilidade civil subjetiva, que enseja a comprovação da culpa e do dano para a responsabilização do árbitro, cabendo a
este, em princípio, provar que não descumpriu seus deveres contratuais e legais.
Analisando a legislação internacional, verifica-se que não é só o Brasil que adota a responsabilidade subjetiva do árbitro ao tratar da responsabilidade
civil contratual, Portugal também adota esse regime, conforme explicação de Manuel Henrique Mesquita, citado por Selma Maria Ferreira Lemes:
“os árbitros fixam com as partes um contrato de prestação de serviços e respondem pelos danos a que culposamente derem causa, de acordo com as regras da responsabilidade civil
contratual, se culposamente não cumprirem as obrigações a que em tal negócio se vinculem – designadamente se não proferem a decisão dentro do prazo convencionado ou supletivamente
fixado na lei ou se, sem justo motivo, se escusarem ao cumprimento do encargo de julgar. Mas quanto à sua actividade jurisdicional propriamente dita, os árbitros decidem com
independência, devendo aplicar-se-lhes, no tocante à responsabilidade pelas decisões que profiram, exactamente o mesmo regime a que se encontram sujeitos os juízes estaduais”.241

Tem-se ainda a Lei Espanhola de Arbitragem (Ley 60, de 23/12/2003, atualizada pela Ley 11, de 20/05/2011), que também adota responsabilidade
subjetiva do árbitro na ocorrência de danos e prejuízos causados por dolo ou culpa. Porém, há um diferencial, qual seja, a exigência da contratação de
seguro de responsabilidade civil ou garantia equivalente para os árbitros e para as instituições arbitrais.
O art. 21, da Ley 60, dispõe que a aceitação do encargo pelo árbitro e, conforme o caso, pela instituição arbitral, incorre em responsabilidade pelos
danos e prejuízos que se cause a terceiros e/ou às partes pela má fé, pela culpa ou pelo dolo. Tanto que a lei exige dos árbitros ou das instituições arbitrais a
contratação de seguro de responsabilidade civil ou garantia equivalente, ficando fora dessa regra as entidades públicas e entidades integradas que com elas
tenham dependência.242
O art. 756, do Código de Processo Civil e Comercial argentino, dispõe que o árbitro perde o direito à remuneração, se deixar de ditar o laudo no prazo
estipulado, sendo ainda responsável por perdas e danos.
Art. 756. Los árbitros que, sin causa justificada, no pronunciaren el laudo dentro del plazo, carecerán de derecho a honorarios. Serán asimismo responsables por los daños y perjuicios.

A arbitragem pode ser desenvolvida por um órgão colegiado, também intitulado painel arbitral. Neste caso a responsabilidade civil, em regra, é
solidária, bastando a participação efetiva de todos os membros na prática do ato doloso (errores in procedendo) para que seja configurada.
Contudo, é possível que a responsabilidade recaia somente sobre o presidente do colegiado. É o caso de ato defeituoso emanado exclusivamente por
ele. Dessa forma, o dever de indenizar é afastado dos demais.
Outra situação que afasta a solidariedade da responsabilidade no painel arbitral é o voto vencido, ou seja, o árbitro que se manifestou de maneira
diversa dos demais não será responsabilizado, caso posteriormente ocorra a anulação da sentença, justamente pela posição majoritária. Nesta ocasião
somente a maioria que decidiu responderá pelos danos decorrentes.
No que tange à responsabilização da instituição arbitral, há que se ressaltar que, como pessoa jurídica presta serviço às partes, e caso falte com seus
deveres deixando, por exemplo, de indicar árbitros ou indicar árbitro que não poderia exercer a função, responderá civilmente.
Todavia, o ponto controvertido a respeito da responsabilidade envolvendo a instituição arbitral está na aferição da responsabilidade da entidade pela má
conduta do árbitro.243
Algumas instituições inseriram em seus regulamentos disposições acerca da responsabilidade civil dos árbitros, deixando claro que as consequências de
eventuais desvios de condutas recairão exclusivamente sobre os árbitros, pois não serão estendidas ao órgão arbitral.244
Como exemplo, Carmona cita uma regra do Centro de Arbitragem da Câmara Americana de Comércio de São Paulo, que estipula ao árbitro a
responsabilidade pelos danos causados às partes, em razão de omissão de revelar fatos capazes de comprometer a imparcialidade do julgador.
No ordenamento jurídico pátrio prevalece a ideia de que a solidariedade não é presumida, caso não haja convenção em contrário, não haverá
responsabilidade solidária entre os árbitros.
Apesar da omissão na Lei de Arbitragem não ser motivo para não se reconhecer a responsabilidade civil do árbitro, por inobservância de seus deveres,
entende-se que o Legislador, ao reformar a Lei n.º 9.307/96, e não estabelecer essa previsão, como fez o legislador italiano, perdeu a oportunidade de
aperfeiçoar ainda mais o diploma, e facilitar o emprego desse festejado método adequado de solução de conflito.
23. O ÁRBITRO COMO JUIZ DE FATO E DE DIREITO, SUA AUTORIDADE E EFEITOS DA SENTENÇA
Ao optar pela arbitragem, as partes opostas elegem terceiro desinteressado na causa para que este possa decidir o conflito existente entre elas de
maneira imparcial e independente, conforme exige a Lei de Arbitragem.
O árbitro precisa ser alguém de confiança das partes envolvidas, conforme previsto no art. 13, da Lei n.º 9.307/96. Ainda assim, reforça-se, deve o
árbitro ser imparcial e sem qualquer inclinação prévia, visto que é ele quem julga e decide sobre os fatos e o direito em discussão.
Por tal razão, o art. 18, da Lei n.º 9.307/96 prevê que o árbitro “é o juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica sujeita a recurso ou a
homologação pelo Poder Judiciário”. O intuito da Lei foi o de ressaltar que a atividade do árbitro é idêntica à do juiz togado, conhecendo o fato e aplicando
o direito. 245
Talvez por esse motivo muito se fale em poder de atuação conferido ao árbitro, ou poder do árbitro, uma vez que o dispositivo supramencionado
assemelha a atividade por ele praticada àquela exercida pelo juiz togado, quanto à aplicação do direito aos fatos a ele apresentados, e até mesmo porque a
sentença arbitral possui eficácia e validade plena, e produz os mesmos efeitos de uma sentença judicial.
Contudo, ressalte-se que tal semelhança não outorga ao árbitro os mesmos poderes conferidos ao magistrado, pois, faltam àquele os “elementos que
promovem a efetivação da jurisdição: a coatio e a executio”.246 Ou seja, a decisão do árbitro não tem força coativa para obrigar as partes ao cumprimento da
sentença arbitral, pois tal poder é conferido à autoridade do magistrado, razão pela qual a parte lesada deverá buscar o Poder Judiciário para o cumprimento
da sentença arbitral, conforme se verá adiante.
O mais adequado não seria falar-se em poder do árbitro, mas, sim, em autoridade do árbitro como juiz de fato e de direito, no sentido de superioridade
que ele tem para atuar e decidir o litígio que lhe foi posto pelas partes.247
A autoridade do árbitro decorre da autonomia da vontade das partes, podendo, portanto, ser restringida por elas. Exemplo habitual trazido pela doutrina
acerca dessa possibilidade de restrição é a convenção no sentido de que o árbitro não aprecie os pedidos cautelares.
Por sua vez, o poder do juiz togado decorre da vontade da lei.
Quanto aos efeitos da sentença proferida por juízo arbitral, vale destacar a previsão constante no art. 31, da Lei n.º 9.307/96, a qual versa que “A
sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória,
constitui título executivo”.
Desta forma, pode-se constatar que a sentença arbitral exerce os mesmos efeitos de uma sentença judicial transitada em julgado. Contudo, a única
diferença determinante entre as duas decisões é que a sentença proferida por árbitro, conforme já ressaltado, não possui natureza coercitiva, ao contrário da
sentença que emana de juiz togado, visto que este último é órgão integrante do Poder Judiciário Estatal, podendo, assim, obrigar e aplicar sanções àqueles
sob sua jurisdição.
Não obstante a eficácia da sentença arbitral, a Lei n.º 9.307/96 previu opções para corrigir e evitar situações em que o procedimento possa ser
desvirtuado. Para isso, os incisos do art. 32, da Lei de Arbitragem, preveem as hipóteses em que a sentença arbitral pode ser declarada nula pelo Poder
Judiciário Estatal.
Sendo assim, pode-se depreender que de fato não existe qualquer incompatibilidade entre a autoridade do árbitro e as oportunidades de revisão limitada
pelo Poder Judiciário, sendo imperioso frisar que estas revisões do julgamento proferido em sede de arbitragem constituem exceção e existem em razão da
gravidade dos casos elencados na Lei, os quais afetam a solução da controvérsia em sua essência.
Ademais, a sentença arbitral está prevista no rol do art. 515, do CPC/15, como sendo título executivo judicial, bastando ser apresentado ao juiz togado
para que este determine seu cumprimento, não havendo que se analisar o mérito da causa novamente, conforme se verifica:
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título: (...)
VII - a sentença arbitral; (...)
§ 1.º. Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível para o cumprimento da sentença ou para a liquidação no prazo de 15 (quinze) dias.

Dessa forma, quando alguma das partes oferece resistência ao cumprimento dos termos da sentença arbitral, a única maneira de obrigá-la é através de
determinação do Poder Judiciário exercido pelo Poder Público.
Sendo assim, compreende-se que a sentença arbitral produz os mesmos efeitos da sentença judicial, não comporta recurso, tampouco homologação
judicial, constituindo-se título executivo judicial.
24. DOS PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCEDIMENTO ARBITRAL
A Lei n.º 9.307/96 estabelece no art. 21, § 2.º, que deverão ser sempre respeitados no procedimento arbitral quatro princípios informadores, quais
sejam: os princípios do contraditório, da igualdade das partes, da imparcialidade do árbitro e do seu livre convencimento.
Esta previsão legal não pode ser derrogada pela vontade das partes, visto que busca o desenvolvimento de um processo justo e confiável, em
atendimento ao postulado do devido processo legal, sobre o qual se falará adiante.
Os princípios enumerados pela Lei de Arbitragem são princípios que decorrem da Constituição Federal como garantia mínima aos litigantes em
qualquer espécie de processo, seja ele judicial ou não.248
O primeiro deles, o princípio do contraditório, é amplamente utilizado no ordenamento jurídico brasileiro, em virtude de sua posição de destaque no art.
5.º, inciso LV, da Constituição Republicana de 1988, podendo ser definido como a garantia de ciência bilateral dos atos e termos do processo com a
consequente possibilidade de manifestação sobre os mesmos.249
Dessa forma, o princípio do contraditório, em síntese, busca assegurar que as partes tenham conhecimento de todos os atos praticados no processo e,
além disso, que tenham a oportunidade de se manifestar sobre esses episódios, pois somente tendo acesso à informação é possível exercer plenamente seu
direito de defesa e influenciar efetivamente no julgamento de mérito.
Discorrendo sobre o dever de observância do contraditório no procedimento arbitral:
O primeiro princípio invocado é o do contraditório, que através de seus dois momentos – informação e possibilidade de reação – permite que, durante todo o arco do processo arbitral, as
partes possam produzir suas provas, aduzir suas razões e agir em prol de seus direitos, fazendo com que suas razões sejam levadas em conta pelo julgador ao decidir. Caberá então às partes
ou ao árbitro estabelecer ou adotar um procedimento que possa garantir plenamente a recíproca manifestação dos contendentes a respeito das provas e das razões do adversário, o que
significa, também, contemplar formas efetivas de comunicação dos atos processuais e concessão de tempo razoável para as respectivas manifestações. Mas não é só isso: a feição moderna
do princípio do contraditório exige que o julgador – seja ele juiz togado, seja ele árbitro – não tome decisões acerca de pontos fundamentais do litígio sem provocar debate a respeito, pois
somente assim será assegurada às partes a efetiva possibilidade de influir no resultado do julgamento.250

Esse viés importante do princípio do contraditório levantado pelo mencionado autor deu ensejo à criação de outro princípio, denominado pela doutrina
da não surpresa, o qual impede que o julgador profira uma decisão utilizando fundamentos não debatidos pelas partes no processo. Esse postulado foi
abarcado pelo texto do CPC/15, nos arts. 9.º e 10:
Art. 9.º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I - à tutela provisória de urgência;
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III;
III - à decisão prevista no art. 701.
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de
matéria sobre a qual deva decidir de ofício.

Na linha do que dispõe o parágrafo único, do artigo 9.º, do CPC/15, é possível que o contraditório seja postergado ou diferido nas hipóteses elencadas
pelo dispositivo, sendo admitida a ponderação entre o referido princípio e a efetividade do processo, de modo que a concessão de uma decisão inaudita
altera pars não seja a regra, mas sim uma exceção. Tal circunstância pode ser perfeitamente utilizada no procedimento arbitral, conforme relato abaixo:
Em que pese seja bastante comum a manifestação inicial da parte postulante, seguida da apresentação de defesa da outra parte, com réplica e tréplica, ocorre também dos regulamentos das
instituições arbitrais ou ajuste especial entre as partes e árbitros preverem apresentação de peças iniciais simultâneas pelas partes, com prazos idênticos para resposta e depois réplica,
sobretudo nos casos em que ambas as partes são postulantes. Outros formatos de estabelecimento do contraditório são possíveis, desde que obedecida a igualdade de tratamento das
partes.251

Outro princípio informativo do procedimento arbitral consiste no princípio da igualdade das partes, também bastante utilizado no ordenamento jurídico
brasileiro, haja vista sua previsão no artigo 5.º, caput, da Constituição Federal. Este postulado, em linhas gerais, busca garantir a paridade de condições e de
oportunidades entre os litigantes no procedimento arbitral.
Entretanto, na arbitragem, a equiparação entre os litigantes é presumida, pois as partes escolheram livremente se submeter ao procedimento, ditando
inclusive suas regras. Desse modo, no processo arbitral a isonomia somente impõe que seja concedida às partes a igualdade de oportunidades, isto é, de
produzir provas, aduzir suas razões, indicar o árbitro de sua confiança, seja ele advogado ou não, entre outras prerrogativas exclusivas desse procedimento
extrajudicial.
Sendo assim, pode-se inferir que o conceito de igualdade no procedimento arbitral é bem diferente daquele aplicado ao processo civil:
Não existem no processo arbitral os mesmos mecanismos de transformação de igualdade formal em igualdade material de que dispõe o juiz estatal. (...) É preciso, porém, lembrar que no
processo arbitral as partes encontram-se normalmente em situação bastante equilibrada e escolhem espontaneamente o meio através do qual resolverão seu litígio; no processo estatal, ao
contrário, o equilíbrio das partes não é a regra, e a participação no processo não é voluntária, mas sim obrigatória.252

A parte não aproveitar sua oportunidade quando concedida, não poderá depois alegar a desigualdade como motivo para a nulidade do procedimento
arbitral.253
Em suma, a igualdade das partes:
(...) manifesta-se pelo tratamento idêntico a ser propiciado pelo árbitro aos envolvidos, em especial quanto às faculdades para a prática de atos, quer sejam eles relacionados a
manifestações em geral, inclusive relativos à indicação e impugnação de árbitros, ou à produção de provas.
Esta é uma perspectiva processual e objetiva da igualdade das partes – conceder-lhes as mesmas oportunidades. E assim se considera ao contratarem espontaneamente a opção pelo juízo
arbitral, já se pressupondo, ter sido avaliado pelos signatários o equilíbrio na relação. Assim, ficam afastados eventuais privilégios que a legislação processual concede a determinadas
partes por desigualdades ontológicas (por exemplo, prazo diferenciado, advogado dativo etc.).254

O terceiro princípio previsto no art. 21, § 2.º, da Lei de Arbitragem, é o princípio da imparcialidade do árbitro, o qual determina a ‘‘equidistância que o
julgador deve guardar em relação às partes’’,255 não podendo ser delas credor ou devedor, nem ser ligado de qualquer forma às partes e não possuir
interesse no litígio.256
O princípio da imparcialidade deve permear todo o procedimento arbitral:
Nota-se, nesta oportunidade, que a imparcialidade se impõe ao árbitro não apenas quanto à análise da matéria de fundo (o conflito propriamente dito) a ser promovida na sentença, mas
igualmente quanto à condução do procedimento. E assim, também para o recebimento das alegações e para o deferimento da prática dos atos, especialmente durante a instrução do feito,
deve o árbitro agir com isenção, até para não direcionar o julgamento. Assim, a garantia da imparcialidade se exige a todo instante em que o árbitro atua.257

A inobservância deste princípio, inclusive, invalida o procedimento, consoante os seguintes dispositivos da Lei n.º 9.307/96:
Art. 13. Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das partes. (...)
§ 6.º No desempenho de sua função, o árbitro deverá proceder com imparcialidade, independência, competência, diligência e discrição. (...)
Art. 14. Estão impedidos de funcionar como árbitros as pessoas que tenham, com as partes ou com o litígio que lhes for submetido, algumas das relações que caracterizam os casos de
impedimento ou suspeição de juízes, aplicando-se-lhes, no que couber, os mesmos deveres e responsabilidades, conforme previsto no Código de Processo Civil.
§ 1.º As pessoas indicadas para funcionar como árbitro tem o dever de revelar, antes da aceitação da função, qualquer fato que denote dúvida justificada quanto à sua imparcialidade e
independência.
§ 2.º O árbitro somente poderá ser recusado por motivo ocorrido após sua nomeação. Poderá, entretanto, ser recusado por motivo anterior à sua nomeação, quando:
a) não for nomeado, diretamente, pela parte; ou
b) o motivo para a recusa do árbitro for conhecido posteriormente à sua nomeação.
Art. 15. A parte interessada em arguir a recusa do árbitro apresentará, nos termos do art. 20, a respectiva exceção, diretamente ao árbitro ou ao presidente do tribunal arbitral, deduzindo
suas razões e apresentando as provas pertinentes.
Parágrafo único. Acolhida a exceção, será afastado o árbitro suspeito ou impedido, que será substituído, na forma do art. 16 desta Lei. (...)
Art. 32. É nula a sentença arbitral se: (...)
II - emanou de quem não podia ser árbitro;

A parcialidade do julgador (qualquer julgador) torna inidôneo o processo (qualquer processo). Se não houver garantia para as partes de que o julgador
seja equidistante em relação aos litigantes e indiferente quanto ao resultado do processo, não poderá haver justiça. Daí a natural preocupação do legislador
em estabelecer também para o processo arbitral garantias relativas à imparcialidade do árbitro, determinando que sejam afastados do exercício da função
aqueles que possam estar comprometidos com o interesse de parte. É evidente que as garantias concedidas às partes, tratando-se de processo arbitral,
podem ser arrefecidas, desde que concordantes os litigantes: se no processo estatal seria impensável ter como juiz um parente consanguíneo da parte (art.
135, V, do Código de Processo Civil), o fato não escandalizaria no âmbito do processo arbitral, desde que os litigantes, sabedores do fato, não se
opusessem.258
O último princípio, previsto pelo § 2.º, do art. 21, da Lei n.º 9.307/96, é o princípio do livre convencimento, segundo o qual deve o julgador ter
condições plenas de conduzir o procedimento e julgar sem influência de elementos externos potencialmente comprometedores de sua autonomia e
imparcialidade.259
Este postulado diz respeito basicamente à valoração da prova pelo árbitro, que para formar o seu convencimento, pode determinar a produção das
provas que entender pertinentes para a formação de sua convicção, ainda que não sejam os tradicionais meios probantes do Código de Processo Civil.260
Isso não exclui a possibilidade de as partes preverem regras acerca da distribuição do ônus da prova. Nesse ponto, é importante destacar que o CPC/15
trouxe regra semelhante àquela amplamente utilizada pela arbitragem, possibilitando que as partes convencionem sobre procedimento:
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da
causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção
abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.

O convencimento é subjetivo, representa a convicção íntima sobre a verdade de um fato apresentado através das provas produzidas. E esta é uma
prerrogativa do árbitro: julgar segundo a sua convicção.261
O livre convencimento não se confunde com arbítrio, de forma que deve o julgador fundamentar a sentença, explicando os motivos de seu
convencimento, como forma de possibilitar às partes o controle da decisão.262
Considerando que o árbitro, ao ser escolhido pelas partes para resolver o conflito existente entre elas, atua como juiz de fato e de direito, esse está livre
para decidir a questão conforme seu entendimento, devendo as partes acatá-lo, uma vez que possui a mesma validade e eficácia de uma sentença proferida
por juiz togado.
É importante destacar também como princípio informativo do procedimento arbitral o princípio da fundamentação racional das decisões, o qual permite
que seja realizado um controle da legalidade das decisões pelo Poder Judiciário.
A motivação adequada da sentença arbitral também permite que as partes identifiquem quais questões fáticas e jurídicas efetivamente influenciaram no
julgamento, bem como verifiquem se todos os fundamentos utilizados foram debatidos, em observância ao contraditório.
Desta forma, depreende-se que a motivação da decisão consiste em requisito essencial da sentença arbitral, tamanha a importância deste postulado,
estando previsto no artigo 26, II, da Lei n.º 9.307/96, in verbis:
Art. 26. São requisitos obrigatórios da sentença arbitral: (...)
II - os fundamentos da decisão, onde serão analisadas as questões de fato e de direito, mencionando-se, expressamente, se os árbitros julgaram por equidade;

A reunião desses cinco princípios tem como escopo o atendimento ao princípio do devido processo legal, previsto no art. 5.º, LIV, da Constituição
Federal de 1988, o qual visa garantir minimamente o desenvolvimento de um processo justo:
A consagração do Estado Democrático de Direito teve como pilar fundamental algumas garantias individuais mínimas aos cidadãos. Uma das mais essenciais dessas garantias é a de que os
conflitos sejam julgados sempre através de um devido processo legal – due process of law.263

Em virtude disso, todos os outros princípios acima explicitados são corolários do devido processo legal. Nesse sentido:
Contidos na amplitude que se espera do devido processo legal (art. 5.º, LV, Constituição Federal de 1988), exercida a jurisdição na arbitragem para a solução justa de um conflito, nem
mesmo seria necessário ter a Lei chamado os princípios do contraditório e igualdade das partes para aplicação no procedimento arbitral. Mas mal não faz seu destaque na norma específica,
pelo contrário, reforça sua presença no processo arbitral.264

O procedimento arbitral somente será considerado válido se observar todos esses princípios. No entanto, nem todos os ordenamentos jurídicos
convergem e elegem os mesmos princípios:
A lei portuguesa sobre arbitragem voluntária, por exemplo, relacionou, em seu art. 16, os princípios fundamentais a serem observados no processo, exigindo respeito aos princípios da
igualdade, da ampla defesa e do contraditório. Os portugueses julgaram desnecessário mencionar no dispositivo o princípio da imparcialidade, embora acentuem a preocupação de que as
partes tenham eficiente participação no processo arbitral, fazendo valer suas próprias razões. A lei paraguaia sobre arbitragem também tratou de ressaltar o apego aos princípios da
igualdade e do contraditório, embora não tenha dispositivo legal específico sobre a incidência dos princípios do processo arbitral; igual método adotou o Canadá, cujo Commercial
Arbitration Code exige o tratamento igualitário das partes e a plena oportunidade de expor as próprias razões. O Codice di Procedura Civile italiano, já sob a égide da reforma de fevereiro
de 2006, usou fórmula concisa mas eficaz ao dispor sobre o procedimento, determinando (art. 186-bis) que os árbitros devem zelar pela efetivação do princípio do contraditório,
‘‘concedendo às partes razoáveis e equivalentes possibilidades de defesa’’, enquanto a lei sueca de 1999 determina, de forma mais genérica, que os árbitros devem administrar a disputa de
modo imparcial, prático e rápido (art. 21). Por fim, apenas para trazer mais um elemento de comparação, a Ley de Arbitraje espanhola, em seu art. 24, acolhe, como essenciais, os
princípios do contraditório e da igualdade entre as partes.265

A vontade das partes não pode afastar a aplicação desses princípios, visto que, a incidência destes princípios se faz em toda a arbitragem, não apenas
nesta fase mais voltada ao desenvolvimento dos atos. Vale dizer, então, que mesmo antes de instituída a arbitragem com a aceitação do árbitro, mas ainda
naquela fase preliminar para efetivação do juízo arbitral (notificações, provocação da entidade, etc.), mesmo omissa a Lei de Regência neste aspecto,
aplicam-se igualmente estes princípios.
A seu turno, na forma estabelecida pela lei, o contraditório, igualdade, imparcialidade e livre convencimento, têm sua incidência cogente, e, como tal, não podem ser afastados pelas partes,
mesmo diante da marcante autonomia da vontade existente na arbitragem. Desta forma, se por desconhecimento, descuido ou mesmo submissão de um à imposição do outro estas garantias
de um devido processo legal vierem a ser vulneradas, até mesmo na convenção arbitral, ou posteriormente, cabe a qualquer momento a correção do rumo da arbitragem, pelo próprio
árbitro, tornando sem efeito o quanto estabelecido em contrário à lei.266

Finda a análise acerca dos princípios impositivos do procedimento arbitral, cumpre salientar que, ao contrário do Código de Processo Civil, que
estabelece regras rígidas de procedimento, o procedimento arbitral é caracterizado pela flexibilidade, celeridade, imparcialidade e confiança, haja vista que
um dos mais importantes princípios norteadores da arbitragem é o princípio da autonomia da vontade das partes, o qual permite que as partes possam
livremente convencionar regras na cláusula compromissória.
É bem verdade, porém, que essa rigidez do procedimento estabelecida pelas normas processuais civis vem sendo mitigada, especialmente após o
advento do CPC/15, o qual consignou expressamente no artigo 190,267 a possibilidade de as partes estipularem mudanças no procedimento, desde que estas
sejam plenamente capazes e desde que o direito sobre o qual versa o processo admita autocomposição.
Assim, tal como o procedimento arbitral, o CPC/15 optou por privilegiar, em menor grau, o princípio da autonomia da vontade entre as partes,
ensejando uma flexibilização do procedimento e incentivando a adoção dos métodos consensuais de solução de conflitos (entre eles, a conciliação e a
mediação) como forma de democratizar o acesso à justiça pela população mais carente e de diminuir as demandas do Poder Judiciário Estatal.
Nesse sentido, cumpre evidenciar que os princípios informativos do procedimento arbitral possuem como uma de suas funções limitar a flexibilidade
das regras do referido procedimento, aplicando-se às partes, ao árbitro e ao tribunal arbitral:
Em outras palavras, nesses princípios se encontra o limite de ordem pública para a vontade das partes, do árbitro ou do tribunal arbitral, definirem as regras do procedimento arbitral; sendo
que nenhum procedimento arbitral poderá descurar de atender no mínimo tais princípios, sob pena de nulidade.268

A jurisprudência, inclusive, vem reconhecendo em alguns casos a nulidade da sentença arbitral quando demonstrado que o procedimento não observou
os princípios informadores, com fulcro no art. 32, VIII c/c art. 33, § 2.º, da Lei n.º 9.307/96,269 consoante demonstram os julgados a seguir:
Ação anulatória de sentença arbitral. Juntada de documentos sem a possibilidade de impugnação pela parte contrária. Violação ao contraditório. Sentença anulada. Neste caso, o Tribunal
Arbitral permitiu a juntada de documentos novos pela Requerente em réplica, sem, contudo, conceder prazo para que a Requerida se manifestasse sobre os mesmos. A Requerida, então,
após o fim do procedimento arbitral, propôs ação anulatória perante o Judiciário, requerendo a anulação da sentença arbitral por uma suposta violação ao princípio do contraditório. O TJSP
entendeu que a não concessão de prazo para que a Requerida se manifestasse sobre os documentos juntados desrespeita o princípio do contraditório, implicando assim na nulidade da
sentença arbitral. TJSP – Apelação n.º 12011921-88.2014.8.26.0602.270
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ANULATÓRIA DE SENTENÇA ARBITRAL. PARCIALIDADE JULGADOR. INEXISTÊNCIA. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO.
NECESSIDADE DE PERÍCIA CONTÁBIL. PAGAMENTO DE OITENTA POR CENTO DO DÉBITO. POSSIBILIDADADE DE ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL. SENTENÇA
NULA.
1. O julgamento contrário às teses defendidas pela apelante não induz à declaração de parcialidade do árbitro.
2. Cumpridos todos os requisitos de validação do compromisso arbitral, nos moldes delineados pelo art. 4º, § 2.º, da Lei de Arbitragem, como a anuência específica e expressa desta
convenção, não há se falar em nulidade desta cláusula.
3. A sentença arbitral é nula quando configurada uma das situações descritas no art. 32 da Lei n. 9.307/96. Embora não permitida a análise do mérito da sentença arbitral pelo Poder
Judiciário, mostra-se viável a apreciação de eventual nulidade no procedimento.
4. A declaração de nulidade, em razão do descumprimento do princípio do contraditório, é medida que se impõe quando indeferida a perícia contábil essencial a comprovar ou não a
alegada inexistência da dívida. Recurso parcialmente provido.271

Diante disso, pode-se concluir que o procedimento arbitral possui seus próprios princípios norteadores e visa a um bem maior, sendo ainda subestimado
por aqueles que não visualizam nem usufruem de suas vantagens, pois nem todo conflito precisa da intervenção de um magistrado e de todos os trâmites
que envolvem um processo judicial para que seja devidamente resolvido, e de forma satisfatória para ambas as partes.
25. DA CRONOLOGIA DO PROCEDIMENTO
Pode-se dividir a cronologia do procedimento arbitral em três momentos diversificados, seguindo a ordem sugerida por Fouchard, Gaillard e
Goldman,272 que reúne os preceitos mais facilitados da realidade fática do procedimento em si.
Os três momentos são elencados em:
Fase I – Instauração de Arbitragem;
Fase II - Organização de Arbitragem;
Fase III – Desenvolvimento da Arbitragem.

Em síntese, a primeira fase se refere às formas de se provocar o início da arbitragem; a segunda fase corresponde ao momento em que serão
estabelecidos como e quando os atos serão praticados, além da fixação do objeto do conflito; por fim, na terceira fase acontece a prática dos atos
postulatórios, instrutórios e decisórios sob o comando dos árbitros.
Esses três momentos serão explicitados de forma mais aprofundada nos capítulos seguintes.
Outra doutrina relevante, em se tratando de procedimento, seria a de Pedro Batista Martins,273 que por sua vez, divide a arbitragem em três fases:
Fase I – Fase pré-arbitral;
Fase II – Fase arbitral;
Fase III – Fase pós-arbitral.

A fase pré-arbitral tem início com a assinatura da convenção de arbitragem ficando adormecida até o surgimento do conflito. E tem fim no momento da
efetiva confirmação dos árbitros nomeados, depois da submissão do Termo de Independência às partes demandantes.
Já na fase arbitral passa a ser dos árbitros, e somente deles, a jurisdição para resolver a disputa definida no Termo de Arbitragem, a qual deverá seguir o
procedimento estabelecido entre as partes, com a conseguinte sentença pronunciada no prazo pré-fixado, não devendo o Poder Judiciário intervir, exceto se
o árbitro assim solicitar.
A Lei de Arbitragem é categórica ao reservar para o Judiciário nesse momento o papel de apoiar e cooperar com o tribunal arbitral. A jurisdição estatal,
portanto, somente terá lugar após o esgotamento da jurisdição arbitral, quando poderá analisar a existência de vícios, sendo subsidiária.
Por fim, a fase pós-arbitral tem início quando esgotada a jurisdição arbitral, ou seja, com a prolação da sentença final e eventual decisão em sede de
embargos arbitrais. Caberá então à parte perdedora cumprir o julgado, exceto na hipótese de a sentença apresentar nulidade por infração a uma das
hipóteses do artigo 32, da Lei n.º 9.307/96.
Não havendo qualquer vício, restará dirimido o conflito, através da sentença arbitral, esgotando-se a jurisdição arbitral e passando agora os meios
coercitivos ao Poder Judiciário.
26. A INSTAURAÇÃO DA ARBITRAGEM – A EXCEÇÃO DE RECUSA DO(S) ÁRBITRO(S) – A ARGUIÇÃO DE VÍCIOS RELATIVOS À
COMPETÊNCIA, NULIDADE, INVALIDADE, INEFICÁCIA DA CONVENÇÃO
A exceção de recusa do árbitro, umas das questões que podem ocorrer no procedimento arbitral, ocorre quando uma das partes faz a arguição de
suspeição ou impedimento do árbitro ou até mesmo incompetência deste.
Arguição de vícios relativos à competência, nulidade, invalidade, ineficácia da convenção é igual a arguição de suspeição ou impedimento ou
incompetência do árbitro, deve ser na primeira manifestação do processo arbitral, no caso se for acolhida a arguição tem como consequência a extinção do
processo arbitral.
A arbitragem na forma do art. 1.º, da Lei n.º 13.129/2015, expressa que serve para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis. É outra
hipótese de solução de conflito extrajudicial, a Parceria Pública Privada, por exemplo, tem a possibilidade de utilizar o sistema de arbitragem, pois, não tem
tempo para esperar a decisão do poder judiciário, para resolver problemas de urgência.
Para a instauração do processo arbitral, é exigido um compromisso, pelo qual as partes concordam em submeter a decisão do litígio a um árbitro. A
instituição do compromisso arbitral, sob o aspecto subjetivo, é restrita às pessoas que firmam a cláusula compromissória. Sua extensão subjetiva não pode
produzir efeitos senão em relação aos signatários.274
Art. 19. Considera-se instituída a arbitragem quando aceita a nomeação pelo árbitro, se for único, ou por todos, se forem vários.

O art. 19 expressa que a instauração de arbitragem inicia quando aceita a nomeação pelo árbitro ou pelos árbitros, pois na arbitragem pode ter mais de
um árbitro para solução da lide. Instituída a arbitragem é o momento de se designar a assinatura do termo de arbitragem. Este termo é importante no
procedimento arbitral, pois, dá a garantia que todas as dúvidas serão dirimidas e para que as partes entendam o sistema da arbitragem e que a mesma seja
celebrada.
O Termo de Arbitragem é um instrumento processual arbitral previsto em regulamentos de diversas instituições arbitrais no Brasil, tendo importante
função ordenadora da arbitragem. Por meio dele as partes podem efetuar as adaptações nas regras do regulamento que julgarem necessárias sempre
obedecendo aos bons costumes, à ordem pública, princípio de igualdade e contraditório. O Termo de Arbitragem também tem a finalidade de delimitar a
controvérsia, esclarecer sobre a local sede da arbitragem, a lei aplicável, a autorização para os árbitros decidirem por equidade, prazos, documentos e
delimitar o objeto da arbitragem. O Termo de Arbitragem pode ser feito a qualquer tempo durante o procedimento arbitral desde que com a aceitação de
todas as partes.275
A regra é que o termo de arbitragem estabeleça a última oportunidade para as partes delimitarem seus objetivos e pretensões para solucionar a lide em
questão. O termo de arbitragem é diferente do compromisso arbitral e se destina a uma revisão e adequação das regras que serão utilizadas no desenrolar do
procedimento arbitral, já o compromisso arbitral é o documento pelo qual as partes determinam que renunciam à decisão do Poder Judiciário e se obrigam a
se submeter à decisão de árbitro por elas indicadas, conforme art. 3.º, da Lei de Arbitragem.
A diferença do termo arbitral e compromisso arbitral foi examinada no julgamento unânime pela 3.ª Turma do STJ, no REsp n.º 1.389.763, de
12.11.2013, sob relatoria da Min. Nancy Andrighi. O julgado se debruçou sobre a possibilidade deste adendo vir a suprir ausência do compromisso arbitral
e alterar a cláusula compromissória e foi didático ao distingui-lo dos instrumentos típicos da convenção arbitral – cláusula compromissória e compromisso
–, assim como deixou claro que não se confunde com a aceitação da nomeação pelos árbitros, pela qual se considera instituída a arbitragem:
Natureza jurídica da Ata de Missão ou Termo de Arbitragem (...)
17. O termo de arbitragem encontra respaldo legal no parágrafo único do art. 19 da Lei de Arbitragem [atual parágrafo primeiro]66, o qual tem inspiração na “Ata de Missão” que integra o
regulamento da Câmara de Comércio Internacional – CCI desde 1955, conforme assegura a Prof. Selma Ferreira Lemes (Convenção de Arbitragem e Termo de Arbitragem: características,
efeitos e funções. Revista do Advogado, ano XXVI, n. 87). Pode ser conceituado, nas palavras da professora, como “instrumento processual organizador da arbitragem”, pelo qual se
confere aos árbitros e às partes mais uma possibilidade de acordarem a respeito de especificidades e da delimitação da controvérsia. Não se confunde com ato inaugural da arbitragem, pois,
nos termos do art. 19, está se considera instituída no momento em que é aceita a nomeação pelos árbitros.
18. Nesse ponto, convém lembrar que a força motriz da arbitragem e a razão de sua constitucionalidade é o reconhecimento da total liberdade das partes quanto à submissão de interesses
disponíveis à jurisdição privada. No mesmo diapasão, quando as partes são convocadas pelos árbitros e firmam conjuntamente o Termo de Arbitragem, poderá ser alterada inteiramente o
que anteriormente estipulado na convenção arbitral, seja ela cláusula compromissória, seja compromisso arbitral (CARMONA, Carlos Alberto; WALD, Arnoldo. O processo Arbitral.
Revista de Arbitragem e Mediação, v. 1).
19. Em razão dessa liberdade, o Termo se aproxima do compromisso arbitral, porém com ele não se confunde. Isso porque o compromisso arbitral atribui a competência jurisdicional aos
árbitros, enquanto o termo de arbitragem pressupõe o juízo regularmente instalado, delimitando-se a controvérsia e a missão dos árbitros. 276

A grande vantagem do termo arbitral é a oportunidade que as partes têm para revisar e determinar as regras gerais e procedimentos que serão tomados
na lide processual, o termo arbitral, permite adaptação e podem conter regras ainda mais ajustadas a cada controvérsia.277
Um grande exemplo de instauração de arbitragem é na CAE – Câmara de Mediação e Arbitragem das Eurocâmaras, uma associação sem fins lucrativos
que oferece serviço de administração de conflitos utilizando mecanismo da arbitragem. O seu sistema da instauração de arbitragem segue a Lei de
Arbitragem, no procedimento arbitral primeiro será solicitada mediante requerimento endereçado ao secretário da CAE contendo: indicação do nome,
endereço e qualificação completa das partes envolvidas, depois a indicação sumária da controvérsia, a qual deverá ser atribuído valor econômico, depois a
cópia dos documentos contendo a cláusula compromissória ou compromisso arbitral e por último comprovante de pagamento de taxa de registro.278
O procedimento na CAE – Câmara de Mediação e Arbitragem das Eurocâmaras – se desenrolará conforme o disposto no Termo de Arbitragem
respeitados os princípios da isonomia e do contraditório. Tendo a arbitragem sido instaurada com fundamento em cláusula arbitral, o procedimento arbitral
prosseguirá ainda que à revelia da parte demandada, desde que esta seja devidamente notificada das audiências. A revelia não implica confissão.279
A instauração da arbitragem é diferente do processo judicial estatal, pois muda não só o procedimento em si, mas também a escolha do próprio árbitro
que julgará o objeto discutido, as partes fazem suas próprias regras respeitando os bons costumes e a ordem pública. A maioria dos regulamentos das
instituições arbitrais prevê que a parte postulante deva apresentar breve síntese da controvérsia do conflito para que a instituição proceda a notificação da
parte contrária e também com o pagamento de custas iniciais à instituição arbitral. O procedimento também varia de instituição para instituição.280
A aceitação da nomeação pelos árbitros como elemento determinante para a instituição da arbitragem vem sendo apoiado pela jurisprudência nacional
STJ, 3.ª Turma, EDcl no REsp 1297974, j. 28.08.12; TJSP, 5.ª Cam. Dir. Priv., Apel. 855631620108260000, j. 18.07.2012; TJSP, 36.ª Cam Dir Priv, Apel
101430808, j. 08.05.2008. Este momento da instituição da arbitragem serve de marco também para interrupção da prescrição e, ademais, terá reflexos
importantes para o processamento das tutelas de urgências conforme descrito no art. 19, § 2.º, da Lei de Arbitragem.281
O § 2.º, do art. 19, da Lei de Arbitragem, expressa que a instituição da arbitragem interrompe a prescrição, isso é importante, pois faz prevalecer a
segurança jurídica, que com isso deu um suporte para o público que opta pela arbitragem.
O art. 202, I, do Código Civil, prevê que a causa de interrupção da prescrição é o despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o
interessado a promover no prazo e na forma da lei processual. No caso este artigo não menciona a interrupção da prescrição em face do procedimento
arbitral. Mas a arbitragem ganhou público e prestígio legislativo, doutrinário e jurisprudencial, cujo o efeito equivalente aos da sentença judicial, conforme
art. 31, da Lei de Arbitragem e art. 515, VII, do CPC/15.
A 17.ª Câmara Cível, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, no julgamento da Apelação n.º 70045060670, em 20.10.2011, pontificou que a
interrupção da prescrição se dá quando do ajuizamento de pleito junto à Corte Arbitral.
O artigo 202, II, do Código Civil, há controvérsias, por isso é bastante discutido, referente ao momento exato em que se estabelecia a interrupção da
prescrição no sistema arbitral. Ocorria que no decorrer do procedimento arbitral, as partes lançavam mão do protesto judicial como forma de prevenir por
completo a possibilidade de fluxo de prazo prescricional, por isto com a introdução do § 2.º, do art. 19, da Lei de Arbitragem, é bem claro e exato referente
ao tema, que a arbitragem interrompe a prescrição, este parágrafo também prevê claramente postergações entre a fase do requerimento de instauração de
arbitragem e sua instituição, que muitas vezes estão além das possibilidades das partes, não serão elementos que impedirão a justa interrupção da prescrição
quando a parte interessada tiver efetivamente exercido a pretensão relativa ao seu invocado seu direito. Por isso, determinou o texto legal que, com o
advento da instituição da arbitragem, o momento da interrupção da prescrição retroagirá à data do requerimento de instauração do procedimento arbitral.282
26.1. A EXCEÇÃO DE RECUSA DO ÁRBITRO
A primeira parte do art. 20,283 caput, da Lei de Arbitragem, estabelece que para arguir questões de competência, suspeição ou impedimentos do árbitro
tem-se que fazer na primeira oportunidade que tiver de se manifestar, no caso na audiência para instauração da arbitragem ou na assinatura do termo de
arbitragem.
Este documento que o advogado deverá fazer constar todas suas indagações relativamente a estas questões, vale salientar que o texto da lei diz “na
primeira oportunidade que tiver para se manifestar”, logo, não necessariamente precisa ser na audiência ou na assinatura do termo de arbitragem, pode ser
antes, ou seja, o texto refere-se no momento adequado para discussão destas questões preliminares, sob pena de preclusão.284
Instaurado o processo arbitral, a parte que invocar irregularidade na competência do árbitro ou irregularidade que afete as condições para o decorrer do
procedimento arbitral deverá fazê-lo perante o próprio árbitro e na primeira oportunidade que houver.
O procedimento arbitral tem etapas a serem seguidas, senão o processo arbitral não atingiria sua conclusão. Existem teses doutrinarias que torna
escusável o desconhecimento do vício ao tempo do início do procedimento arbitral ou quando a suspeição ou impedimento do árbitro se der por fato
ulterior.285
O art. 8.º, da Lei de Arbitragem, adota o princípio da competência-competência por nosso ordenamento jurídico, que determina ser o juiz, o árbitro de
sua própria competência, tendo assim legitimidade para decidir sobre as questões relativas à existência, validade e eficácia da contratação da arbitragem.
Este princípio é conhecido, na doutrina internacional, pela expressão germânica Kompetenz-Kompetenz.286
O princípio de competência-competência na arbitragem foi amparado pela decisão do Superior Tribunal de Justiça, na 1.ª Seção, no julgamento do
AgRgMS 11.308/DF, Rel. Ministro Luiz Fux, publicado no Diário da Justiça em 14/08/2006, decidiu que: “vige na jurisdição privada, o princípio
Kompetenz-Kompetenz”, garantindo que o próprio árbitro julgue acerca de sua competência. Ocorre também, na medida cautelar n.º 13.274-SP, em
despacho monocrático da Relatora, Ministra Nancy Andrighi, de 13/09/2007, foi deferido que: A câmara arbitral é competente para decidir a respeito de
sua própria competência para a causa, conforme o princípio Kompetenz-Kompetenz que informa o procedimento arbitral.287
Por exemplo, suponha que existindo a convenção de arbitragem, uma das partes se direciona ao Poder Judiciário, propondo-lhe demanda sobre a causa
que seria, em tese, de competência do árbitro. No caso em concreto, se a parte deixou de informar nos autos que existe um processo arbitral, o processo no
judiciário prosseguirá normalmente e terá ocorrido renúncia tácita ao pacto arbitral com relação ao conflito posto em juízo, conforme art. 337, § 6.°, do
CPC/15.
Art. 337. (...)
§ 6.° A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral.

A competência do árbitro para decidir sobre a sua própria competência na forma do art. 20, da Lei de Arbitragem, se aperfeiçoa com a instauração da
arbitragem. No caso se a causa chega primeiramente ao judiciário, a ele é que caberá decidir sobre os limites e regularidades da convenção e sobre a
competência. Para José Rogério Cruz Tucci, se o judiciário se julgar incompetente para a causa que chegou antes do que ao árbitro, haverá litispendência a
impedir o início da arbitragem.288
O art. 20, § 1.º, da Lei n.º 9.307/96, descreve acolhida a arguição de suspeição ou impedimento do árbitro, ocorrerá a suspenção do procedimento até
que assumirá o seu lugar o substituto indicado na convenção. Se a convenção não definir previamente um substituto, observar-se-ão as regras nela previstas
para a escolha do novo árbitro.289
Caso seja acolhida a arguição da incompetência do árbitro, o Poder Judiciário que se torna competente para processar e julgar a causa, ou seja, não
ocorre a suspensão do processo arbitral, o processo arbitral é extinto. O judiciário deve respeitar a decisão arbitral e, sob pena de negativa de prestação de
tutela jurisdicional, dar normal seguimento ao processo, julgando-o no juízo de primeiro grau.290
Outra hipótese de suspensão do procedimento arbitral está prevista no art. 25, da Lei de Arbitragem, quando houver controvérsia acerca de direitos
indisponíveis da qual o julgamento do procedimento arbitral seja dependente. Para Francisco Maia Neto e Joaquim de Paiva Muniz será suspenso o
procedimento arbitral até que seja proferida decisão pelo órgão do Poder Judiciário competente para julgar a questão dependente.291
A Lei de Arbitragem estabeleceu diversas formas para que a arbitragem não seja extinta pela suspensão ou impedimento do árbitro, devendo continuar
com a substituição do mesmo. A exceção é a hipótese em que as partes tenham declarado, expressamente, na convenção de arbitragem, não aceitar o
substituto, que no caso o processo é extinto.292
26.2. A ARGUIÇÃO DE VÍCIOS RELATIVOS À COMPETÊNCIA, NULIDADE, INVALIDADE, INEFICÁCIA DA CONVENÇÃO
A segunda parte do art. 20, caput, da Lei de Arbitragem, prevê que para se arguir questões de nulidade, invalidade ou ineficácia da convenção de
arbitragem, tem de fazer também na primeira oportunidade que tiver de se manifestar, no caso na audiência para instauração da arbitragem ou na assinatura
do termo de arbitragem. Assim como descrito acima na arguição de competência do árbitro, a arguição de nulidade da convenção de arbitragem também
será feito um documento em que o advogado deverá fazer constar todas suas indagações relativamente a estas questões, ou seja, é o mesmo procedimento
da arguição de competência do árbitro.293
No caso da arguição de nulidade o processo será extinto, não ocorrerá a suspenção do processo arbitral. A eventual ação judicial arguindo falta de
condições de validade para o seguimento do processo arbitral ajuizada antes do término deste deverá ser extinta, na forma do art. 20, § 1.º, da Lei de
Arbitragem.
No caso da matéria sub judice não envolver direitos patrimoniais disponíveis ou tratar de interesse de incapaz, ou ser reconhecida alguma nulidade,
invalidade ou ineficácia da convenção de arbitragem, a causa somente poderá ser decidida pelo órgão do Poder Judiciário competente para julgar a causa.
O § 2.º, do art. 20, da Lei de Arbitragem, leciona que caso não seja acolhida a arguição de suspenção ou impedimento do árbitro ou de vícios relativos à
nulidade, invalidade e ineficácia da convenção de arbitragem, o processo arbitral deverá prosseguir seu andamento, terá o curso normal assegurado, só
cabendo às partes invocar as supostas invalidades ou ineficácias na ação própria de nulidade perante o Poder Judiciário, que terá cabimento apenas depois
de finalizado o processo arbitral.
27. A ORGANIZAÇÃO DA ARBITRAGEM – FALTA DE ASSINATURA NO TERMO DE ARBITRAGEM E FASE POSTULATÓRIA NA
ARBITRAGEM
A arbitragem é um método alternativo ao poder judiciário de soluções de conflitos que envolvem direitos patrimoniais disponíveis, em que as partes
envolvidas podem escolher livremente as regras de direito que serão utilizadas, desde que não contrariem aos bons costumes ou ordem pública. Um ou
mais árbitros emitem decisões com força de sentença judicial, agindo dessa maneira, as partes abrem mão do poder judiciário por acreditar que a decisão
emanada pelo(s) árbitro(s) pode ser mais técnica e célere. A escolha desse método pode ser antes do litígio, se estiver em contrato ou em documento
apartado do contrato, ou por acordo posterior.
A Lei n.º 9.307/96 dispõe no art. 1.º, que pessoas capazes de contratar poderão utilizar-se da arbitragem para dirimir os litígios relativos a direitos
patrimoniais disponíveis. Também estabeleceu que a arbitragem poderá ser de direito ou de equidade (art. 2.º, Lei de Arbitragem). A Lei n.º 13.129/2015
estatuiu que a administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis e
que neste caso a arbitragem será sempre de direito e respeitará o princípio da publicidade.
Instituída a arbitragem esse é o momento de designar dia e hora para a assinatura do Termo de Arbitragem, conforme art. 19, da Lei de Arbitragem, in
verbis:
Considera-se instituída a arbitragem quando aceita a nomeação pelo árbitro, se for único, ou por todos, se forem vários.

O termo de arbitragem também é chamado de termo de referência, que tem por objetivo dar a garantia necessária para que todas as dúvidas sejam
dirimidas e para que todas as avenças que as partes entenderem necessárias para fins de ordenar o rito da arbitragem.294
O termo de arbitragem é um instrumento processual arbitral que está previsto nos regulamentos de diversas instituições arbitrais no Brasil. Possui uma
importante função que é ordenar a arbitragem. Através desse mecanismo as partes litigantes podem efetuar as adaptações nas regras do regulamento que
julgarem necessárias às suas especificidades e que sejam possíveis. A questão referente aos prazos previstos em alguns regulamentos, que podem ser
considerados exíguos em face da complexidade da matéria tratada e que podem ser alterados pelas partes.295
O termo de arbitragem pode estabelecer uma série de matérias importantes entre elas: delimitar a controvérsia, o valor real ou estimado do litígio, local
da sede, a lei aplicável, autorização para os árbitros decidirem, qualificar os árbitros, o lugar no qual será proferida a sentença arbitral. Uma questão
pertinente é se o termo pode inovar ou modificar substancialmente o compromisso arbitral. A resposta é sim, desde que haja um acordo entre as partes
envolvidas para tal. Neste sentido o termo também assume um papel de estabilização do litígio no sentido de fixar os instrumentos que deverão ser
utilizados e de que forma será decidido o conflito.
O termo de arbitragem se assemelha à ata de missão da Corte Internacional de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional – CCI. A ata de
missão passou a integrar o regulamento da CCI em 1955 e teve suas origens no primeiro regulamento redigido em 1922, que dispunha sobre o formulário
de submissão, no qual deveria constar o nome das partes e do árbitro, o local e objeto da arbitragem, as razões das partes. Tinha o duplo objetivo de
oficializar as arbitragens da CCI e cumprir com a exigência do compromisso arbitral, instrumento que outorgava efeito vinculante à arbitragem em muitas
legislações.296
O termo de arbitragem pode ser feito a qualquer tempo durante o procedimento arbitral desde que com a aceitação de todas as partes.297
A regra é que o termo de arbitragem estabelece a última oportunidade para as partes delimitarem seus objetivos e pretensões para solucionar a lide em
questão. O termo de arbitragem se destina a uma revisão e adequação das regras que serão utilizadas no desenrolar do procedimento arbitral, conforme art.
3.º, da Lei de Arbitragem.
O termo de arbitragem é quando as partes comparecem e participam regularmente da arbitragem e o assinam. Na situação em que o demandado,
regularmente intimado a participar da arbitragem e indicar árbitro, não comparece, conforme as disposições do regulamento de arbitragem eleito, o
presidente da instituição arbitral pode indicar um árbitro em nome da parte ausente. Vale salientar que a falta de assinatura no termo de arbitragem não
obstaculiza o regular processar da arbitragem.298
Estas disposições supridoras da atuação da parte faltante estão de acordo com as normas legais e devem ser interpretadas nas suas respectivas
dimensões lógica, sistemática e teleológica. A arbitragem está instituída quando os árbitros aceitam a investidura e o compromisso arbitral não é, portanto,
imprescindível, como se pode analisar no art. 19, da Lei de Arbitragem. Ademais, a revelia não obsta o regular processar da arbitragem. Assim, nesta
situação, o termo de arbitragem não teria a efetiva conotação de um compromisso arbitral. O termo de arbitragem tem o condão de ressaltar a missão do
árbitro para não gerar motivos para a anulação da sentença conforme art. 22, § 3.º, da Lei de Arbitragem.
Por precaução, recomenda-se aos redatores do termo de arbitragem que se mantenham fiéis à convenção de arbitragem e não alterem nenhuma
estipulação do regulamento de arbitragem. Assim, o termo de arbitragem deve ratificar todas as suas disposições da convenção sem nenhuma alteração de
forma e conteúdo.
O Conselho Nacional das Instituições de Mediação e Arbitragem – CONIMA – é uma entidade que tem como objetivo congregar e representar
entidades de mediação e arbitragem, sempre observando as normas técnicas e a ética, v.g., o termo de arbitragem adotado como modelo:
ARTIGO 3.º - DO TERMO DE ARBITRAGEM
1. As partes e árbitro(s) elaborarão o Termo de Arbitragem, podendo contar com a assistência da Câmara.
2. O Termo de Arbitragem conterá:
I – o nome, qualificação e endereço das partes, bem como dos seus respectivos procuradores, se houver;
II – o nome e qualificação dos árbitros indicados, e, se for o caso, dos seus respectivos substitutos;
III – o nome e qualificação do árbitro que atuará como Presidente do Tribunal Arbitral;
IV – a matéria objeto da arbitragem;
V – o valor real ou estimado do litígio;
VI – a responsabilidade pelo pagamento das custas da arbitragem;
VII – a autorização para que o(s) árbitro(s) julgue(m) por equidade, se assim for convencionado pelas partes;
VIII – o lugar no qual será proferida a sentença arbitral.
3. As partes firmarão o Termo de Arbitragem juntamente com os árbitros indicados e por duas testemunhas. A ausência de assinatura de qualquer das partes não impedirá o regular
processamento da arbitragem; tampouco que a sentença arbitral seja proferida.
4. Em qualquer hipótese, a Câmara dará ciência às partes de todos os atos do processo arbitral.299

Pela análise do presente termo, a matéria estabelecida, como não poderia deixar de ser, deverá ser acordada entre as partes e o(s) árbitro(s), podendo
contar com a assistência da Câmara. Assim, desde que não viole os bons costumes e ordem pública, na forma do art. 2.º, da Lei de Arbitragem, qualquer
matéria poderá ser abordada pelo termo. Cada Câmara elabora o seu próprio termo conforme o seu regulamento.
O termo será firmado pelas partes e árbitros e por duas testemunhas. A ausência de assinatura de qualquer das partes não impedirá o regular
processamento da arbitragem. Ou seja, mesmo sem a assinatura da parte a sentença arbitral será proferida.
Neste sentido, há uma indefinição, devido à ausência normativa, diversidade de tratamento pelas entidades arbitrais, somado ao pouco aprofundamento
dos comentaristas do assunto, do que representa o termo de arbitragem. Se alguma das partes se recusar em assinar o referido instrumento, dado o caráter
facultativo de sua celebração, a arbitragem seguirá independente deste termo, respeitando-se o limite da convenção, na interpretação dada pelo árbitro, com
as regras procedimentais por ele estabelecidas, na falta de consenso entre as partes.300
A recusa de assinatura da ata de missão, não significa que a arbitragem não poderá se desenvolver, a interpretação sistemática com o art. 21, § 1.º,
significa que as partes delegaram esta função aos árbitros ou à entidade especializada que, se desejarem, utilizarão a ata de missão, conforme
posicionamento no julgamento da Apelação Cível n.º 296.036-4/4, da 7.ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, ao apreciar a
regra do Centro de Arbitragem da Câmara de Comércio Brasil Canadá, que “da mesma forma, não vislumbra nulidade da cláusula 5.9 do Regulamento da
Câmara, na parte em que dispõe que a ausência de assinatura de qualquer das partes (no termo de arbitragem) não impedirá o regular processamento da
arbitragem”.
Uma das vantagens da arbitragem é a flexibilização das regras procedimentais, o termo de arbitragem é o instrumento por excelência para maximizar tal
adaptabilidade. Se uma das partes não desejar firmar o referido termo, o processamento do procedimento arbitral deverá seguir o que foi ajustado na
cláusula compromissória ou no compromisso.301
Importante, nesse momento, é saber como o judiciário tem decido as questões envolvendo eventuais vícios contidos nos termos de arbitragem, v.g., será
abordado o entendimento:
a) 3.ª Turma do STJ relatado pela ministra Nancy Andrighi, no julgamento do Recurso Especial n.º 1.389.763-PR, que negou provimento ao recurso
especial, interposto contra acórdão do Tribunal de Justiça do Paraná, para confirmar a rejeição de exceção de pré-executividade oposta, com fundamento na
arguição de nulidade de sentença arbitral, ante a ausência de assinatura de compromisso arbitral e, ainda, de alteração substancial, no termo de arbitragem,
da cláusula compromissória. O voto da relatora prestigiou o instituto da arbitragem enfrentando duas questões cruciais: i) eficácia da cláusula
compromissória; e ii) natureza jurídica do termo de arbitragem. A turma julgadora, seguindo a argumentação do voto condutor, asseverou que o artigo 6.º,
da Lei n.º 9.307/96, exige a assinatura do compromisso arbitral apenas quando não existe prévio acordo sobre a forma de instituição da arbitragem, sendo
certo que o compromisso arbitral é imprescindível somente na hipótese de instituição de arbitragem convencionada por cláusula compromissória vazia. O
julgado averba que a cláusula compromissória ‘cheia’ inserida em contrato fica em estado latente, operando-se seus efeitos práticos na instalação do juízo
arbitral, “ad hoc” ou institucional, diante do efetivo surgimento da controvérsia. Quanto à extensão objetiva da denominada “ata de missão” ou termo de
arbitragem, o termo de arbitragem como o “instrumento processual organizador da arbitragem”, pelo qual se outorga ao tribunal os contornos do litígio e as
regras pelas quais desenrolar-se-á o procedimento arbitral, não se confunde, com o ato de instituição da arbitragem, visto que, a teor do artigo 19, da Lei de
Arbitragem, esta se considera instituída no momento em que os árbitros aceitam a sua nomeação. Diante disso, conclui o julgado, todavia, porque forjado
na liberdade e disponibilidade, o termo de arbitragem poderá alterar ou suprir omissões e até sanar irregularidades – somente não se admitem alterações que
atinjam o núcleo essencial e cogente relativo à igualdade das partes e ao contraditório. Noutros termos, a assinatura do termo é momento adequado para
que o procedimento seja novamente objeto de deliberação e acordo das partes e dos árbitros. A lavratura do termo de arbitragem, portanto, implica a
estabilização do objeto litigioso do processo arbitral, bem como o ajuste de eventuais regras e dos prazos que regerão a atuação bilateral das partes. O
Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconheceu a validade da cláusula arbitral cheia e a importância da conduta das partes no curso da arbitragem para aferir
a legalidade do procedimento arbitral, no Recurso Especial n.º 1.389.763, interposto por Inepar S/A Indústria e Construções, em face de Itiquira Energética
S/A.302
b) 3.ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, Recurso Especial n.º 1.602.076 - SP (2016/0134010-1), decidiu não ser necessária a assinatura das partes
para que uma cláusula arbitral tenha validade. A análise desse recurso dividiu a opinião dos ministros da 3ª Turma do STJ, mas chegaram ao entendimento
que basta a comprovação do consentimento de ambos os lados em resolver os conflitos de forma extrajudicial. No processo em análise, as negociações
ocorreram em 1995, um ano antes da Lei de Arbitragem brasileira. A decisão da 3.ª Turma, anulou todo o procedimento judicial sobre o caso, o conflito foi
decidido na arbitragem, e como se tratava de cláusula vazia (sem os elementos necessários à instauração do procedimento), o relator orientou os sócios a
buscar espontaneamente a arbitragem ou fazerem uso do artigo 7.º, da Lei de Arbitragem.303
Os ministros do STJ reconheceram em uma sentença arbitral estrangeira em que as partes não haviam assinado a cláusula compromissória a existência
de uma cláusula arbitral tácita porque a empresa não tinha assinado, mas compareceu para se defender.304
As interpretações do STJ mostram um aprimoramento na Lei de Arbitragem, pois até mesmo trocas de e-mail servem para demonstrar a cláusula
compromissória, basta que a outra pessoa diga que concorda, pois a lei fala em consentimento, não precisa da assinatura.305
27.1. FASE POSTULATÓRIA DA ARBITRAGEM
No procedimento arbitral a doutrina identifica apenas três fases básicas: a fase postulatória, fase ordinatória e fase instrutória. Entretanto, mesmo antes
de iniciar a fase postulatória, o árbitro ou tribunal arbitral, deverá necessariamente designar audiência preliminar de conciliação. Não se trata de uma
faculdade do árbitro ou das partes, é uma obrigação imposta pela lei, pois o legislador sabe que a melhor forma de se solucionar conflitos de interesse é a
autocomposição, pois exclui uma forma traumática de solucionar a lide, à medida que os contendores buscam, em comum acordo, uma solução pacífica,
através dos árbitros que em um primeiro momento fazem o papel de mediadores, e num segundo momento de conciliadores, mostrando as vantagens e
desvantagens da composição amigável.306
Se as partes transigirem, os termos do acordo serão consignados em sentença homologatória, respeitados os requisitos do art. 26, da Lei n.º 9.307/96, a
qual será irrecorrível, nos termos do art. 18, da mesma lei. 307
Na fase postulatória a parte autora apresentará sua petição inicial, juntamente com os documentos, para os árbitros, descrevendo as relações fáticas ou
jurídicas de direito civil ou comercial, violadas ou ameaçadas, independentemente, se forem formadas no plano nacional ou internacional. Também ocorre
nesta fase, os diversos pedidos formulados pelas partes, sempre em sintonia com a causa de pedir próxima e remota, articulando, desta maneira, a tutela
jurisdicional privada perseguida. Essa tutela que se persegue pode ser, entre outras coisas, recuperatória, ressarcitória, inibitória, meramente declaratória ou
constitutiva, quer seja positiva ou negativa. Devem ter sempre natureza patrimonial disponível.308
Posteriormente será intimado o acusado para que faça sua defesa e assim deverá fazer, anexando os documentos que achar necessário. Existindo, nas
alegações da parte acusada, fato que modifique, impeça ou extinga o direito do autor da ação, este terá o direito de resposta. O árbitro deverá convocar uma
audiência para tentativa de conciliação. Se as partes não conciliarem, o árbitro analisará as produções de provas.309
Sendo as partes intransigentes em audiência preliminar, será dado seguimento ao processo, nos termos do rito previamente estabelecido, sendo
facultado ao árbitro e também às partes no transcorrer do processo a autocomposição. Caso as partes solucionem o problema de maneira amigável terão de
formular pedido conjunto ao árbitro ou tribunal, contendo todos os termos da composição, que será homologado por sentença e valerá como título
executivo judicial, conforme preconiza o art. 584, III, CPC, c/c o art. 28, da Lei n.º 9.307/96.310
Caso esteja explícito no regulamento arbitral, assim preferir o árbitro poderá substituir a audiência para as partes apresentarem documento por escrito,
desde que dentro do prazo fixado, determinar quais provas desejam produzir. Feita as alegações por escrito, as partes ficam em desvantagens, pois não
poderão partir para a tentativa de conciliação, neste caso as partes não terão a chance de debater com o árbitro em relação à conveniência do pedido.311
Após identificado o conflito, com a delimitação do objeto da arbitragem e apresentação de pedido ainda abrangente, com o respectivo valor estimado,
são necessárias, as chamadas alegações iniciais, nas quais o solicitante apresenta a fundamentação pertinente à sustentação de seus alegados direitos e
especifica os respectivos pedidos. Mesmo propondo a instituição arbitral prazo certo em seu regulamento, pode ser estabelecido lapso temporal diverso, de
acordo com as circunstâncias, e nestas alegações devem as partes desde logo produzir a prova documental.312
Com relação à representação, a parte poderá pessoalmente apresentar o pleito, ou constituir advogado, que é por excelência titular da capacidade
postulatória, sendo facultado que os litigantes designem terceiro, que não seja necessariamente o advogado para os representar durante todo o procedimento
ou em apenas alguns atos, conforme art. 21, § 3.º, da Lei de Arbitragem.
O árbitro pode, independente do procedimento adotado pelas partes, tomar depoimento pessoal das partes, ouvir testemunhas, determinar a realização
de perícias, assim como decidir a respeito de documentos e qualquer outra prova, a requerimento ou de ofício conforme art. 22, caput, da Lei de
Arbitragem.
Para o depoimento pessoal das partes o árbitro designará previamente dia, hora e local, comunicando as partes por escrito, sendo a oitiva reduzida a
termo, assinada pelo depoente e pelos árbitros conforme art. 22, § 1.º, da Lei de Arbitragem.
A testemunha que não comparecer à convocação do árbitro ou do tribunal, será passível de ser conduzida coercitivamente, devendo o árbitro neste caso
solicitar a intervenção do Estado-Juiz, demonstrando a este a existência de convenção de arbitragem, conforme art. 22, § 2.º, da Lei de Arbitragem.
Os atos adotados na convenção de arbitragem destinam-se a constituir, adquirir, resguardar ou modificar direitos ou deveres processuais e são
praticados pelos integrantes da relação jurídica processual arbitral.
Com estes atos sucessivos os litigantes atingem a finalidade principal da demanda, qual seja a solução do conflito jurídico de interesses, por intermédio
da transação, conciliação ou pela manifestação do árbitro ou colegiado sobre o mérito da causa.
28. DOS ATOS PROCESSUAIS NA ARBITRAGEM
No processo civil, para ser ato processual, a conduta humana realizada no processo deve ser dotada de efeitos sobre este.313 Desta feita, qualquer
conduta humana que se relaciona ao processo e neste não produz efeito (cria, modifica ou extingue direito), não pode ser caracterizada como ato
processual.
O processo é um conjunto de atos teleologicamente organizados para a prática de um ato final.314 Normalmente são esses atos que compõem o processo
que são designados como ato processual.
O conjunto de atos processuais concatenados gera um procedimento, que, por ora, nada mais é do que um ato complexo. Esses atos se correlacionam
para buscar um fim almejado pelo processo. As formas como esses se relacionam é que derivam os procedimentos processuais conhecidos no processo
civil.
Cada ato processual tem vida própria e fim próprio e quando juntados dirigem-se a fins coletivos, que é a busca pela tutela jurisdicional. Dessa forma, é
perfeitamente possível estudar cada ato de modo específico, a fundo, e de modo geral, de forma conglobante.
No processo civil, os atos processuais já estão pré-determinados na norma processual, de forma que tem caráter vinculante a todos que buscam a tutela
do Estado. O processo é o meio que se usa para se chegar ao direito tutelado.
Os atos processuais são as inúmeras formas de manifestações dentro do processo que de forma sistêmica e organizada chega-se a um fim.
Na arbitragem, os atos processuais têm a mesma finalidade dos atos processuais dispostos no processo civil, qual seja se coadunam para um fim
específico que é a busca da tutela, porém, não estatal, mas com as características dessa.
O procedimento arbitral é prático, tornando a arbitragem célere e pragmática, proporcionando grande facilidade para a prática dos atos, mas com
resultados eficientes.315
Se no processo civil o marco dos atos processuais é a vinculatividade desses à norma que o regulamenta, na arbitragem, a grande característica desses
atos é a convencionalidade dos que buscam esse meio alternativo de solução de conflitos.
A convencionalidade nada mais é que a pactuação de regras procedimentais – leia-se atos processuais – de forma autônoma e que busquem o meio mais
efetivo para a solução do conflito.
Essa é a grande característica da arbitragem, a escolha de como os atos processuais devem ser praticados de modo que as partes no processo arbitral não
saiam prejudicadas.
O ideal de utilidade dos atos processuais na arbitragem quando adotada a flexibilidade dos atos de modo convencional, em acordo das partes cominado
com o caso concreto, é, de forma plena, a busca da máxima efetividade do direito material.
Para os procedimentos estatais judiciais ainda há muito o que fazer para obter-se maior aproximação entre o direito material e o processo, essa tarefa já
está mais bem adiantada na arbitragem, cujo procedimento pode ser sempre moldado à luz do direito substancial controvertido.316
A flexibilização do procedimento arbitral apoia-se também sobre a ideia de que qualquer procedimento deve ser útil para resolver as questões de direito
material controvertidas.317
Logo, os atos processuais na arbitragem dada a margem de liberdade escolhida pelo legislador, devem ter fim utilitário ao processo, de forma que as
partes deliberem quais atos processuais e de que forma esses atos devem ser praticados.
Essa liberdade de escolha dos atos processuais na arbitragem, em uma leitura ligeira na lei, não tem limites. Porém, o entendimento hoje é que tais atos
encontram limites constitucionais materiais, de modo que todo ato praticado no processo arbitral deve respeitar os princípios constitucionais do
contraditório, ampla defesa, devido processo legal, igualdade, imparcialidade dos árbitros e de seu livre convencimento.
Todo ato escolhido de maneira deliberada a ser praticado na arbitragem, se praticado pelas partes, deve se submeter ao contraditório e à ampla defesa –
como o ato de perícia arbitral; se praticado pelo juízo arbitral deve ser imparcial e seu livre convencimento deve ser motivado. Logo, todos os atos
processuais praticados na arbitragem devem respeitar os princípios constitucionais processuais, mesmo que escolhido de maneira deliberativa.
A flexibilidade se dá quanto aos atos, os princípios basilares processuais são mantidos para equilibrar tal liberalidade. Os princípios nada mais são que
limites da flexibilidade. São medidores de segurança de uma possível arbitrariedade.
A autonomia privada é o norte da arbitragem, até porque, como já dito, essa espécie de jurisdição privada nasce de uma convenção processual
entabulada entre aqueles que dela se socorrem. Nessa mesma linha, “o negócio jurídico processual confere ao jurisdicionado a possibilidade de adequar o
rito processual aos seus interesses, conforme a natureza e a complexidade da demanda”.318
Analisando tais pontos e fazendo um paralelo, o processo judicial, hoje, tem uma característica marcante do novo ordenamento, que é negociabilidade
de alguns atos processuais que deriva do princípio da cooperação, que é a base norte do novo sistema jurídico-processual pátrio.
Ora, também no processo estatal a negociação ganha força, surgindo os negócios jurídicos processuais, o qual se aproxima da arbitragem. De forma
exemplificativa, elenca-se: a) prevalência dos princípios da autonomia privada e da livre manifestação de vontade das partes; b) poderes de
autorregramento e autorregulação; c) flexibilidade procedimental; d) existência de jurisdição – estatal e arbitral; e e) caráter voluntário.
O processo cooperativo se aproximou da arbitragem dando, desta forma, agilidade e maior flexibilidade ao processo estatal. Muito embora não se negue
que “a flexibilidade concedida às partes num procedimento arbitral é significativamente maior do que àquela outorgada no processo judicial, é inegável que
o CPC/15 representa importante aproximação entre os institutos”.319
Os atos processuais já são pré-determinados, tornando a arbitragem célere e pragmática, no sentido de oferecer facilidade para as práticas dos atos com
eficientes resultados.
De forma sucinta, se instaura a arbitragem com o compromisso arbitral, nela constará todos os atos a virem ser praticados pelas partes no processo
arbitral. Inicia-se por manifestação escrita ou virtual. As intimações ou citações são enviadas ao escritório que acompanha a parte, de forma escrita ou
virtual, também – a depender do modo da convenção. Pode-se emergir decisões interlocutórias, se prevista nos atos possíveis de prática na arbitragem.
Pode-se também haver atos de perícia. Para se chegar à melhor decisão possível, que é a sentença arbitral, os atos processuais arbitrais devem ser
observados.
Desta forma, os atos processuais na arbitragem são dotados de flexibilidade na sua formação, mas devem ser cumpridos para a efetividade do processo
arbitral, de forma a dar segurança às partes envolvidas no processo arbitral.
29. REVELIA NA ARBITRAGEM
A revelia é uma temática com a qual o ordenamento processual costuma lidar com bastante cuidado, pois toca na delicada questão da participação do
réu na relação jurídica litigiosa, assim como no tratamento que se dará à sua ausência, inércia ou simplesmente recusa de interagir.
Desta forma, interessante é a abordagem sobre o instituto da revelia no procedimento da arbitragem, tendo em vista que, em tese, não haveria qualquer
possibilidade de aplicabilidade dela quando o procedimento seria fruto de uma escolha comum dos arbitrandos e não de litigantes, em que um ajuíza contra
o outro. A revelia no âmbito da Lei de Arbitragem é diferente do rigor tratado pelo Código de Processo Civil, pois na arbitragem não se pode falar em autor
e réu, pelo simples fato de que ambas as partes requereram, simultaneamente, a instalação do tribunal arbitral, não se podendo, também, falar em revelia,
que no entendimento predominante, é a ausência de contestação.320
No entanto, para devida análise da possibilidade ou não de aplicabilidade de revelia e seus efeitos consequentes, faz-se necessária a sua conceituação,
bem como também de um outro instituto denominado como contumácia, os quais parte da doutrina entende serem sinônimos,321 mas para outra parte da
doutrina, esta pode ser analisada como o gênero daquela, ou seja, a contumácia como gênero da famosa revelia.
A revelia se trata de espécie de contumácia passiva, que se junta a outras como, por exemplo, a não regularização da representação processual (art. 76, §
1.º, inciso II, CPC/15). Há revelia quando o réu citado não aparece a juízo, apresentando a sua resposta, ou, comparecendo ao processo, também não
apresenta a sua resposta tempestivamente.322
Importante ressaltar que a revelia e seus efeitos não podem ser confundidos, quando aquela, é mera ausência de defesa, e estes materialmente são a
presunção ficta e consequente presunção de veracidade das alegações de fato feitas pela outra parte, conforme o caput do art. 344, do CPC/15. Outro efeito
da revelia no Código de Processo Civil é a abstenção de intimação do réu revel.
Em suma, a Lei de Arbitragem empregou o termo revelia de modo equivocado, pois no Código de Processo Civil, tal instituto significa que em caso de
não contestação do réu, há presunção de veracidade dos fatos, enquanto na arbitragem, significa a simples ausência de qualquer prática de atos, em
qualquer fase da arbitragem.
Analisado o instituto da revelia, imprescindível é a investigação de sua aplicabilidade e adequação no procedimento arbitral.
Pois bem, para a instalação do procedimento arbitral, como dito no capítulo anterior, há dois caminhos possíveis entre as duas partes, um decorrente de
cláusula compromissória de instalação da arbitragem, e outro decorrente já de compromisso arbitral, em que além da cláusula compromissória já vem
descritos direitos e obrigações entre os compactantes, e as regras do procedimento arbitral e da escolha do árbitro.
Ou seja, a cláusula compromissória inserida nos contratos para estabelecer a solução de controvérsias por meio de arbitragem pode ser cheia, se prever
todas as condições para a imediata instauração da arbitragem, ou vazia, sempre que indicar que o conflito será resolvido por arbitragem, mas depender de
posterior deliberação para estabelecer as condições para a instauração da arbitragem. Aquilo que parte da doutrina denomina como mera cláusula
compromissória, em verdade também é denominada como cláusula compromissória de cláusulas vazias, e o chamado compromisso arbitral é também
denominado como cláusula compromissória de cláusula cheia.323
Dessa forma, em havendo cláusula compromissória cheia, as partes já estão aptas a iniciarem o instrumento arbitral, e no caso de cláusula
compromissória vazia, estas deverão compor através de uma audiência, ou consenso prévio, acerca das normas regedoras procedimentais a serem aplicadas
pelo árbitro.
As consequências jurídicas da contumácia das partes, portanto, dependerá em que fase do procedimento arbitral se encontra as partes: se pré ou pós-
instauração da arbitragem.
a) Situação com Cláusula Arbitral Compromissória Vazia
Em sendo firmada a cláusula compromissória vazia, necessária se faz audiência para firmamento do procedimento arbitral. Não obstante a isto, é
possível que aconteça de um dos contratantes não comparecer à audiência designada para tal regulação.
Sendo vazia a cláusula, a escolha da arbitragem para dirimir as controvérsias surgidas do contrato será no mínimo prejudicada pelo comportamento de
quem se recusar em firmar o compromisso arbitral, obstruindo o prosseguimento da arbitragem em razão de sua postura omissiva.324
Dessa forma, o ora requerente não poderá ficar prejudicado por inércia alheia, mas poderá, como deverá, requerer ao juiz, que seria competente para
análise da causa que efetue, a devida notificação ao requerido para que compareça a juízo para definição das cláusulas procedimentais da arbitragem
outrora firmada entre os agora litigantes, com fundamento no art. 7.º, caput, da Lei n.º 9.307/96.
O descumprimento da cláusula compromissória fere o dever de lealdade e de boa-fé e faz a parte ausente incidir em duplo ilícito, legal e contratual, por
violar tanto a Lei de Arbitragem, bem como o Código Civil. Ao se recusar a cumprir estipulações contratuais com as quais previamente concordou, a parte
omissa poderá estar sujeita a reparar a outra por danos morais e materiais.325
O juiz da causa então citará o requerido e então tentará composição, havendo transação, já remeterá o firmado para o árbitro definido, e em não o
havendo, instruirá e decidirá pela obrigatoriedade ou não da incidência da arbitragem à causa, regulando-a se for o caso, e em sendo, transitado em julgado,
também remeterá a decisão firmada ao árbitro.
É comum pensarmos na arbitragem, como um consenso posterior a desentendimento entre as partes, ocasião esta que se relaciona diretamente à
cláusula compromissória vazia, pois que não existe ainda no ordenamento incidente às partes quaisquer normas procedimentais arbitrais, razão pela qual se
torna imprescindível a realização da audiência instauradora da arbitragem para delimitação desta.
Ora, importante ressaltar que se aplicado o instituto da revelia e seus efeitos consequentes em juízo, não se pode alargar seus efeitos de tal forma que
abranja logo o procedimento arbitral também, tendo em vista que os dois procedimentos são regidos por normas procedimentais diversas, mesmo que uma
decisão judicial tenha firmado as próprias regras regentes da arbitragem.
Uma vez estabelecido o compromisso arbitral por meio de sentença, não poderá ser posteriormente modificado para incluir eventuais questões
levantadas pelo demandado revel, salvo se o demandante concordar com a ampliação do objeto da lide arbitral; caso contrário, seria necessária a
instauração de nova arbitragem para tratar destes outros assuntos de interesse do demandado, uma vez que a primeira arbitragem já fora delimitada de
maneira definitiva.326
Por outro lado, entende-se que a solução disposta na Lei de Arbitragem relacionada ao comportamento omissivo do demandado no que respeita à
celebração do compromisso arbitral é a de facultar ao revel a possibilidade de participar da arbitragem mediante convocação em juízo, como que uma
segunda chance ao inadimplente. Se decidir permanecer inerte, no entanto, a parte demandande não será em nada prejudicada, pois o juiz emitirá uma tutela
jurisdicional que substituirá o revel no que respeita ao conteúdo do compromisso arbitral.
Assim, estatuído o compromisso arbitral, a instituição da arbitragem e seus procedimentos ocorrerão como se houvesse desde o início firmado cláusula
de compromisso arbitral cheia.
b) Situação com Cláusula Arbitral Compromissória Cheia
Definidas as regras da arbitragem, tem qualquer um dos contratantes o direito potestativo de requerer a instituição da arbitragem por meio das regras
anteriormente definidas, seja por meio judicial ou extrajudicial.
Inaugurada então a arbitragem, deverá, pois, o árbitro presidente notificar o requerido quando da ocasião de não tiverem as duas partes requerido de
forma conjunta, podendo inclusive ser utilizado dos meios judiciais para notificação do requerido-contratante.
E então mais uma vez poderemos ter duas circunstâcias, a primeira no que concerne à apresentação à arbitragem pelo requerido ou sua inércia à
notificação efetivada.
Em comparecendo e obedecendo aos preceitos elencados na regulamentação do procedimento, o requerido, bem como o requerente e o árbitro
observarão os atos procedimentais até a solução da questão levada a arbítrio.
Já no que concerne à (talvez mais uma) ausência do requerido ao procedimento arbitral, uma vez devidamente notificado, será aplicado o instituto da
revelia à parte ausente, no entanto, a aplicação dos efeitos dela é controvérsia, tendo em vista que um dos princípios basilares da arbitragem, qual seja o da
autonomia da vontade das partes.
É possível a aplicabilidade dos efeitos legais da revelia, portanto, não significa a imediata procedência da questão, isso porque os fatos podem ser
verdadeiros e tanto o árbitro como o juiz são julgadores além de fatos, mas também de direitos. Na arbitragem os contornos da revelia são mais graves na
medida em que as notificações são menos formais e mais flexíveis, sendo interessante que o conhecimento do processo arbitral pela parte requerida seja
aferido com segurança a partir de serviços de entregas confiáveis e eficientes. De qualquer modo, conhecendo ou não o processo, a sentença arbitral poderá
ser proferida, o que exige bastante cuidado das partes.327
Ante a ausência de previsão legal na Lei n.º 9.307/96, vale aqui acautelar-se no sentido de que as regras procedimentais delimitadas pelas partes é que
definirão a possibilidade ou não dos efeitos legais da revelia ou se, até mesmo, esta terá outros efeitos, todos devidamente convencionados pelas partes ou
pelo juiz quando da instauração do procedimento arbitral.
Sob o aspecto da autonomia da vontade das partes, a sua participação na arbitragem não é obrigatória, podendo o processo arbitral se desenvolver com
apenas uma parte, desde que respeitado o contraditório, com a comunicação do ausente sobre atos, e dando-lhe oportunidade para manifestação. Da mesma
forma que ocorre com o processo civil estatal, o revel poderá se manifestar a qualquer momento, recebendo o processo no estado em que se encontrar.
Sendo o procedimento arbitral menos rígido, e desde que não haja disposição em contrário, a parte revel poderá até mesmo produzir provas.328
O revel não deve ser tratado como rebelde ou delinquente, mas apenas como uma parte inadimplente com um de seus deveres contratuais,329 o qual
deverá suportar as consequências convencionadas e legais quando incidentes à ocasião, como sucumbência em ônus de prova firmado.
Ausente qualquer prova devida por alguma das partes, não significa que esta não deseje que o árbitro não investigue e se convença do fato alegado pela
parte, mas que firme sua decisão de forma exauriente, tendo em vista que, salvo se as partes estipularam de forma diversa, a revelia não induz presunção de
veracidade na arbitragem imediatamente.
Dessa forma, não obstante a caracterização do instituto da revelia, esta nos termos do art. 22, § 3.º, da Lei de Arbitragem, não impedirá que seja
proferida a sentença arbitral, eis que o árbitro fundamentado na convenção firmada pelas partes firmará, como dito, seu convencimento exauriente quanto à
controvérsia entre as partes e às provas juntadas aos autos.
30. DA CONCILIAÇÃO NA ARBITRAGEM
Necessária se fazer a diferenciação da: conciliação, mediação e arbitragem.
Na conciliação, as partes envolvidas em um conflito recebem a ajuda de uma pessoa que está fora do problema (terceiro), o qual indicará maneiras de
resolver a situação, cabendo, portanto, às partes aceitar ou não tal orientação.
Na mediação, o mediador tem por objetivo recuperar o diálogo entre as partes, cabendo a estes (partes) decidirem sobre o fechamento do acordo. O
mediador, diferentemente do que ocorre na conciliação, não indica formas de resolver os conflitos das partes, ou seja, os litigantes chegam sozinhos a um
consenso, são eles autores de suas próprias soluções. A mediação é aconselhável para os casos em que há vínculo entre as partes, como, por exemplo, em
questões familiares.
Na arbitragem, as partes permitem que um terceiro chamado árbitro, especialista na matéria discutida, decida a controvérsia. No entanto, é possível que
as partes dentro do procedimento da arbitragem resolvam o conflito por meio da conciliação, inclusive, há previsão expressa na Lei de Arbitragem para
tanto.
Na atividade do Árbitro o ajustamento está ínsito à noção de transação,330 a conciliação exerce relevante papel de pacificação no contexto atual, pois
contribui para redução das demandas existentes, tornando os processos mais céleres e eficazes, tendo em vista que desafoga o Poder Judiciário, evitando
que ocorra a movimentação da máquina judiciária para resolução daquele processo. A arbitragem é uma das técnicas de solução de conflitos de forma
heterocompositiva que pode se transformar em autocompositiva em que um terceiro imparcial, após ouvir as partes, orienta-os, com propostas e sugestões
para que estes de forma consensual solucionem suas divergências.
A finalidade da conciliação é construir um acordo para extinguir o conflito, seja no âmbito judicial ou arbitral.
O CPC/15 prevê em suas normas fundamentais e em diversos outros artigos, o estímulo à conciliação e a outros métodos de solução consensual de
conflito, inclusive, aduz que os juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público deverão incentivar a conciliação
Acerca da conciliação, leciona Barbosa Moreira que:
A tentativa de conciliação das partes constitui incidente de ocorrência obrigatória, sob pena de nulidade. Compete ao órgão judicial tentar conciliar as partes, perguntando-lhes se estão
dispostas a resolver amigavelmente o litígio, propondo a uma a solução alvitrada pela outra, ou sugerindo, ele próprio, uma ou mais de uma solução viável. É de extrema delicadeza o papel
do Juiz nesse momento: cabe-lhe envidar esforços no sentido da composição amigável da lide, abstendo-se, porém, de fazer pressão sobre qualquer das partes para que aceite um acordo em
termos a que não se mostra disposta a anuir.331

A Lei n.º 9.307/96 estabelece no § 2.º, do art. 7.º, que comparecendo as partes à audiência, o Juiz tentará previamente a conciliação acerca do litígio.
Contudo, caso não obtenha sucesso, tentará o Juiz conduzir as partes à celebração, de comum acordo, do compromisso arbitral.
O § 4.º, do art. 21, da Lei de Arbitragem, por sua vez, aduz que competirá ao árbitro, no início do procedimento, tentar a conciliação das partes,
aplicando-se, no que couber, o art. 28, da referida Lei. A relação colaborativa se dá entre a arbitragem, método adjudicatório tal qual o Judiciário, com a
conciliação, um método consensual de solução de conflitos em que o árbitro ou um terceiro fazendo o papel de conciliador irá analisar o caso e propor
alguma solução para as partes de acordo com os argumentos apresentados. Se porventura as partes chegarem a um acordo, o árbitro poderá homologá-lo
por sentença.332
A conciliação foi inserida na Lei de Arbitragem para evitar um longo processo com todos seus gastos de dinheiro e tempo:
Implementou de forma imperativa no art. 21, § 4.º, da Lei n.º 9.307/96, a determinação ao Árbitro ou Tribunal Arbitral, no início do processo, para que seja efetuada uma tentativa de
conciliação entre as partes. Tal procedimento deverá ocorrer antes da apresentação do pedido inicial, contestação, da relação jurídica processual e em audiência especialmente designada
para esse fim.333

Preconiza o art. 28, do mencionado diploma legal, que se no decurso da arbitragem, as partes chegarem a acordo quanto ao litígio, o árbitro ou o
tribunal poderá, a pedido das partes, declarar tal fato mediante sentença arbitral, que conterá os requisitos do art. 26, quais sejam: o relatório, os
fundamentos, o dispositivo, a data e o lugar que foi proferida e a assinatura do árbitro.
Cabe aqui salientar que a solução dada pelas partes e homologada por sentença arbitral faz também a solução imutável, podendo até ser invalidada, mas
ultrapassado o prazo de noventa dias, a coisa julgada torna-se soberana.334 Após tornar-se soberana, e após o prazo concedido em sentença, se for o caso,
poderá o beneficiário executar o acordo efetuado em juízo.
Existe previsão expressa na Lei de Arbitragem sobre a possibilidade de as partes resolverem a lide de modo consensual, seja no início ou no decorrer da
arbitragem, de modo que possuem as partes ampla liberdade para disciplinar o procedimento arbitral, inclusive, com a solicitação de designação de
audiência/reunião para se conciliarem (princípio da autonomia da vontade).
Embora exista previsão expressa na Lei de Arbitragem sobre a necessidade de realização de audiência para tentar conciliar as partes, a doutrina sustenta
que fica a critério do árbitro a faculdade de designar ou não a referida audiência/reunião para oportunizar às partes a possibilidade de resolverem a lide de
modo consensual.
Todavia, Carmona tem entendimento contrário à obrigatoriedade de o árbitro designar audiência para conciliar:
A posição, já antecipo, é inaceitável, sendo certo que até mesmo no âmbito judicial a doutrina e a jurisprudência encaminharam-se no sentido de anotar que a falta da tentativa a que se
refere o art. 448 do Código de Processo Civil não pode levar a anulação do processo.335

A Lei de Arbitragem apresenta forma imperativa ao tratar da audiência no § 4.º, do art. 21, todavia, defende a inexistência de nulidade caso o árbitro
não designe audiência para conciliar as partes, argumentando, para tanto, que caberá ao julgador analisar a conveniência e que este poderá, no decorrer do
processo, a qualquer momento, convocar as partes para tentar uma transação.
Por outro lado, Scavone Júnior é favorável à designação de audiência de conciliação, a ausência da tentativa de conciliação pelo árbitro implicará
nulidade do procedimento arbitral, desde que a parte que pretenda alegar o vício tenha se insurgido na primeira oportunidade que tiver para falar, nos
termos do art. 20, da Lei de Arbitragem.336
Em que pese os argumentos apresentados pelos doutrinadores, entende-se, salvo melhor juízo, que a designação de audiência para conciliar é
importante e obrigatória em razão das inovações implementadas pelo CPC/15 e como reflexo da cultura conciliatória que se alastra em nosso ordenamento
jurídico.
O CPC/15 inovou ao promover uma busca pela solução consensual dos conflitos, incluindo no procedimento comum uma audiência de conciliação e
mediação, que ocorrerá logo após o recebimento da petição inicial. O ato é obrigatório e somente não será realizado se as partes manifestarem
expressamente desinteresse em acordar.
O CPC assevera que deverá o juiz dirigir o processo com a incumbência de promover, a qualquer tempo, a autocomposição, inclusive com o auxílio de
conciliadores e mediadores. Nesse trilhar, olhando para as inovações trazidas pelo CPC/15, deverá o árbitro, analogamente, trazer para a Lei de
Arbitragem, o espírito conciliatório do CPC/15, com o fito de evitar futura alegação de nulidade e também em razão do princípio da consensualidade e
celeridade processual, previsto dentre as normas fundamentais do CPC/15.
Aliás, o Código Civil dispõe no art. 840 que é lícito aos interessados prevenirem ou terminarem o litígio mediante concessões mútuas.
A existência de previsão legal na Lei de Arbitragem para que os árbitros pautem no início do procedimento da Arbitragem audiência/reunião de
conciliação com as partes, considerando que o Poder Judiciário atravessa uma grave crise ocasionada pelo grande número de processo e pela morosidade na
prestação jurisdicional e, tendo em conta que o CPC/15, assim como outras leis recém-promulgadas, objetivam incutir nos cidadãos a cultura da
desjudicialização, com maior ênfase para a solução consensual dos conflitos, tendência já adotada em outros países, a conclusão que se extrai de tudo que
foi exposto é que a conciliação no procedimento de arbitragem é possível e necessária, pois, além de haver previsão para tanto, ocasiona para os envolvidos
celeridade, simplicidade e justiça social, além de uma decisão justa e efetiva.
31. DO DEPOIMENTO DAS PARTES, TESTEMUNHAS E TESTEMUNHAS TÉCNICAS – EXPERT WITNESSES
Como a arbitragem se caracteriza como uma forma de resolução de conflitos em que há um esforço mútuo das partes para o melhor deslinde da
controvérsia, a cooperação para a produção das provas é algo muito evidente no desenrolar do processo.
Dessa forma, é comum que nos casos em que há predominância da matéria fática na discussão (ou em que há relevância do depoimento de pessoas –
partes ou terceiros – para a melhor construção do contexto em que se propõe a discussão), seja permitida a utilização de prova testemunhal, técnica ou não,
para compor o conjunto probatório no procedimento arbitral.
Logo, é comum que dentro do procedimento arbitral as partes sejam chamadas a depor e apresentar a sua versão dos fatos, de forma que o árbitro
consiga alcançar o máximo esclarecimento e produzir a decisão mais justa possível.
31.1. DEPOIMENTO DAS PARTES
As partes, de igual maneira, podem depor no procedimento, de forma presencial ou à distância, no qual se permite que os árbitros e advogados realizem
perguntas diretamente, sem a necessidade de seguir uma ordem específica, a qual pode ser definida previamente pelas partes ou pelo árbitro:
Despido de formalismo, o árbitro, ou qualquer integrante do tribunal, e até mesmo os advogados (inclusive da própria parte) podem fazer perguntas diretas ao depoente. Permite-se, ainda,
um “debate” durante o depoimento, como, por exemplo, franquear-se outra vez a palavra ao advogado do adversário, após novos esclarecimentos solicitados pelo árbitro, seguido de
perguntas elucidativas do respectivo procurador da própria parte. Enfim, pode ser dinâmica a oitiva, mas não desordenada ou circense, cabendo ao julgador conduzir o ato e impor limites a
eventuais abusos.337

A possibilidade da utilização do depoimento pessoal como meio de prova encontra previsão legal no art. 22, da Lei n.º 9.307/96,338 mas é comum
encontrar disposições de mesma natureza em regulamentos próprios das câmaras arbitrais, a exemplo da Câmara de comércio Internacional – CCI339 e
Câmara de Arbitragem Empresarial – Brasil – CAMARB.340
Comparando essas normas presentes nos regulamentos das referidas Câmaras, verifica-se, que apesar de se tratar de disposições da mesma natureza –
ambas possibilitam o depoimento das partes como forma de instrução do procedimento – a CCI dispõe sobre essa possibilidade de forma muito mais
sucinta, não ordenando os atos, o que possibilita uma maior flexibilização do procedimento, enquanto que a CAMARB traz uma ordem específica, trazendo
maior rigidez às partes que optarem por essa última câmara.
Sobre a finalidade do depoimento das partes como meio de prova, podem-se elencar dois objetivos da convocação da parte para depor, o primeiro deles
seria o esclarecimento de fato a respeito do qual o árbitro possa ter alguma dúvida, beneficiando-se do princípio da imediação, a fim de capacitar-se para
proferir decisão mais perfeita, ou seja, a busca pela verdade real e da plena justiça com a sua decisão. O segundo objetivo indicado pelo autor é obter
possível confissão provocada, pela qual a parte depoente admita fatos favoráveis à outra parte. 341
O interrogatório das partes serve para que sejam esclarecidos os pontos controvertidos da demanda e, igualmente, para obtenção de eventual
confissão.342
Acerca da admissibilidade de confissão ficta, ou seja, a presunção desfavorável ao depoente ausente existe divergência na doutrina quanto a sua
admissão, não deve ser admitida no procedimento arbitral (Cahali), por outro lado, acredita que, apesar de poder admitir-se a ficção de confissão, esta pode
ter interferência mínima no resultado, quando as demais provas demonstrarem fatos diversos dos confessados fictamente (Carmona).
Em qualquer das posições adotadas, admite-se a avaliação casuística do comportamento das partes no deslinde do procedimento, podendo a ausência,
assim, apresentar-se desfavoravelmente ao depoente ausente. Importante ressaltar, contudo, que após a alteração da Lei de Arbitragem pela Lei n.º
13.129/2015, não mais é admitida a solicitação de medida coercitiva ao juiz para forçar o depoimento, em razão da revogação do § 4.º, do art. 22, da Lei n.º
9.307/96, deixando a cargo do próprio árbitro.343
Dessa forma, verifica-se que o depoimento das partes, apesar de ser prova comumente possível dentro do procedimento arbitral, apresenta traços
específicos, seja por variação nos regulamentos internos das Câmaras, seja por vontade das partes no desenrolar da controvérsia a ser resolvida,
constituindo-se como elemento relevante para a busca da realidade fática da causa discutida em arbitragem.
31.2. DEPOIMENTO DAS TESTEMUNHAS
Diferentemente do que ocorre no depoimento das partes, a oitiva de testemunhas no procedimento arbitral somente acontece quando o árbitro julga
oportuna a realização deste tipo de prova, cabendo a ele decidir sobre a pertinência, necessidade e utilidade da prova testemunhal.344
Uma vez decidida como oportuna a produção de prova testemunhal, a intimação pode ser feita por qualquer meio hábil a dar ciência inequívoca da data,
hora e local em que será colhido o depoimento. Nada impede, contudo, que as partes se comprometam a trazer as testemunhas por elas arroladas,
dispensando-se, nesse caso, a intimação.
O não comparecimento injustificado, antes da revogação do § 4.º, art. 22, da Lei n.º 9.307/96, poderia implicar na imposição de medida coercitiva, pela
qual o árbitro justificaria a necessidade da testemunha, solicitando ao juiz que a obrigasse a depor.
Atualmente, contudo, tal medida deve ser imposta pelo próprio árbitro, em razão da inteligência do art. 22-B, instituído pela mesma lei, o qual dispõe
em seu parágrafo único que “estando já instituída a arbitragem, a medida cautelar ou de urgência será requerida diretamente aos árbitros”, podendo expedir
ordem de condução da testemunha ao local determinado para sua oitiva.345
É necessário ressaltar outra peculiaridade do procedimento arbitral no que concerne ao depoimento de testemunhas, não há a expedição de carta
precatória para a produção de prova testemunhal e, consequentemente, é considerada justificada a ausência de testemunha que não puder comparecer em
razão de residir em cidade diversa daquela determinada para sua oitiva.
Em entendimento divergente Adevanir Tura, por sua vez, entende que se houver necessidade da oitiva de testemunha residente em outra Comarca,
competirá ao Árbitro ou ao Presidente do Tribunal Arbitral solicitar a expedição de Carta Precatória à Autoridade Judiciária.346
Entretanto, é possível o deslocamento do árbitro ao local onde se encontram as testemunhas, v.g., procedimento arbitral instaurado na cidade sede das
empresas partes da arbitragem, mas o fato discute ocorrido em razão da atuação de uma delas em outra cidade. Nesse sentido dispõe o art. 20, item 2, da
Lei Modelo da UNCITRAL:
2 – Não obstante as disposições do parágrafo 1.º do presente artigo, o tribunal arbitral pode, salvo acordo das partes em contrário, reunir-se em qualquer local que julgar apropriado para a
realização de consultas entre os seus membros, para a audição de testemunhas, de peritos ou das partes, ou para a inspecção de mercadorias, outros bens ou documentos.347

Todavia, é comum nos dias de hoje que, por economia de recursos financeiros, praticidade e comodidade às partes, recorra-se aos meios tecnológicos
de comunicação para obter o depoimento de testemunha em local diverso, a exemplo de teleconferências e videoconferências.
31.3. DEPOIMENTO DE TESTEMUNHAS TÉCNICAS – EXPERT WITNESSES
Tradicionalmente, as testemunhas têm o papel de relatar o que presenciaram, sem se exceder ou realizar qualquer juízo de valor sobre o que está sendo
apurando. As testemunhas técnicas, assim, diferenciam-se das comuns, pois, são convocadas não pelo seu saber sobre determinado fato, mas por sua
expertise em determinada área do conhecimento que é relevante para o procedimento arbitral instaurado.
Dessa forma, é facultado às partes apresentar testemunhas técnicas (ou expert witnesses), que é um especialista com notório conhecimento sobre um
determinado assunto, e independência em relação às partes e ao árbitro. Sua finalidade é assistir as partes e o árbitro na compreensão das questões que
envolvam conhecimentos especializados, ou seja, buscam esclarecer aspectos não dominados pelas próprias partes ou árbitros ali envolvidos, podendo ser,
v.g., engenheiro, geólogo, contador, químico, enfim, qualquer profissional especializado em questão importante para a discussão que ali se trava.348
Durante o depoimento da testemunha técnica, é importante a observância do princípio da oralidade, a atuação do princípio da oralidade é essencial para
o sucesso da experiência probatória, pois os árbitros podem aferir a confiabilidade dos depoimentos, comparando as informações dos experts.349
Apesar da importância na observância do princípio da oralidade, não se afasta a necessidade de redução a termo, conforme ensinam Nogueira e Soares
Jr., em comentário ao art. 22, § 1.º, da Lei de Arbitragem:
Já foi referido não ser possível que o procedimento arbitral seja puramente oral. Depreende-se claramente do artigo 26, seus incisos e § único, por exemplo, que a sentença arbitral deverá
ser transcrita e assinada pelos árbitros. O dispositivo agora em comento explicita a exigência de que os depoimentos pessoais e testemunhais sejam também reduzidos a escrito, com a
assinatura dos depoentes e árbitros, tudo a deixar ainda mais claro não ser possível que o procedimento arbitral baseie-se na oralidade.350

A inadequação dos institutos de impedimento e suspeição aos depoentes técnicos, uma vez que sua atuação se aproxima mais daquela de um assistente
técnico, do que de um perito judicial que tenha que manter a total imparcialidade no laudo técnico apresentado em juízo. Há novamente a possibilidade de
discussão entre os envolvidos e a composição levando-se em conta a opinião de profissionais, perspectivas muitas vezes distintas sobre determinada
matéria.351
Há que se afirmar ainda que, mesmo quando ausente disposição prévia possibilitando a produção deste tipo de prova, podem as partes requerer ao
árbitro que analisará a viabilidade de sua produção no curso do procedimento arbitral.
32. QUESTÃO PREJUDICIAL RELATIVA A DIREITOS INDISPONÍVEIS
Para melhor compreensão do tema, entende-se por bem dividir o tópico em dois pontos principais:
a) Questões prejudiciais.
b) Direitos indisponíveis.
Questões prejudiciais são aquelas que, embora não possam impedir a decisão, predeterminam o seu sentido, o seu teor.
Quanto a direitos disponíveis, são aqueles passíveis de transação; aqueles em que as pessoas têm plena capacidade de dispor sem que tenham que dar
satisfação a ninguém. Direito disponível é quando ele pode ser ou não exercido livremente pelo seu titular, sem que haja norma cogente impondo o
cumprimento do preceito, sob pena de nulidade ou anulabilidade do ato praticado com sua infringência.352
A despeito do assunto, é de suma importância, traçar um perfil histórico das questões prejudiciais relativas a direitos indisponíveis desde a elaboração
da Lei n.º 9.307/96 até os dias atuais.
Inicialmente, no momento legislativo anterior à Lei n.º 9.307/96, a Convenção de Arbitragem tinha para o direito brasileiro a natureza de mero
comprometimento ou pré-contrato. No máximo, a parte violada poderia buscar sua indenização em caso de violação de acordo ou compromisso arbitral
firmado anteriormente. A Lei de Arbitragem, contudo, acompanhando a legislação internacional a respeito do tema, encerrou tal cenário legislativo
mediante duas medidas: exclusão da necessidade de compromisso arbitral posterior (se a cláusula for ‘cheia’) e, sendo a cláusula vazia, ficam as partes
obrigadas à celebração do compromisso.
Assim, houve a previsão expressa do assunto no art. 25, da Lei:
Sobrevindo no curso da arbitragem controvérsia acerca de direitos indisponíveis e verificando-se que de sua existência, ou não, dependerá o julgamento, o árbitro ou o tribunal arbitral
remeterá as partes à autoridade competente do Poder Judiciário, suspendendo o procedimento arbitral.

À época, entendia-se que o procedimento arbitral só encontrava guarida nos direitos patrimoniais disponíveis. E, portanto, qualquer questão relativa a
direitos indisponíveis, deveria ser apreciada pelo Poder Judiciário.353
Fazia-se referência ao art. 1.094, do CPC/73, o qual prelecionava que em caso de controvérsia sobre direito que a lei não permite transação e em caso
de dependência de julgamento para convalidação ou não de sua existência, o juízo suspenderá o procedimento arbitral remetendo-se as partes à autoridade
judiciária competente, recomeçando o prazo a correr depois da juntada dos autos à sentença.
E continuava o art. 1.094 no parágrafo único:
Resolvida a questão prejudicial e juntada aos autos a sentença ou acórdão transitado em julgado, terá normal seguimento a arbitragem.

Ou seja, resolvida a questão, a arbitragem retomaria seu curso, ficando o prazo suspenso até a sentença ou acordão da justiça comum.
Hodiernamente, contudo, tal artigo fora revogado pela reforma da arbitragem – Lei n.º 13.129/15 – ampliando, assim, o alcance do meio alternativo de
resolução de controle.
Tal opção legislativa se deu em virtude de uma necessidade de “desafogar” o Poder Judiciário. Entretanto, importante ressaltar que esse dispositivo
legal não impede que se acione o Judiciário sempre que a parte se sentir prejudicada.
Há de se observar ainda que não pode ser homologado laudo arbitral, resolvido fora do país, que tenha por objeto questão que não poderia ser resolvida
por meio de arbitragem segundo a legislação brasileira:
Se no Brasil a questão não puder ser submetida à arbitragem, não se pode efetivamente homologar laudo estrangeiro a respeito da matéria, sob pena de burlar limitação legal. Não fosse
assim, seria fácil desrespeitar o art. 1º da Lei: sabendo que o Brasil não aceita solução arbitral em determinadas matérias, bastaria às partes determinar que o laudo fosse prolatado fora do
território da República para que, apresentando laudo estrangeiro, contornassem a proibição, sob a alegação de que, no local em que o laudo fora proferido, a matéria seria arbitrável.354

Logo, observa-se que as partes não podem tentar burlar a questão prejudicial dos direitos indisponíveis simplesmente constituindo procedimento fora
do país, o que confere mais solidez e segurança ao sistema interno, bem como harmonia com o restante do mundo.
32.1. A PERSPECTIVA DO FUTURO DA ARBITRAGEM NO QUE TOCA AOS DIREITOS INDISPONÍVEIS
Diante da maior autonomia do árbitro, grande é a necessidade de se criar uma conveniência entre a jurisdição estatal e arbitral. Essa relação, aliás,
sempre foi e continuará sendo fundamental ao desenvolvimento da arbitragem. E esse regime de cooperação, é importante que se diga, aparece sob diversas
formas podendo o juiz atuar antes, durante ou depois do juízo arbitral; havendo, portanto, uma necessidade de integração entre as duas formas de solução
de controvérsias.
Assim, no que toca ao futuro do tema, Leonardo de Faria Beraldo citando Bernardo Lima,355 preleciona que seria admitida a discussão de direitos
extrapatrimoniais indisponíveis desde que os árbitros não invadam o núcleo indisponível da res in indicium e desde que o pedido seja unicamente o de
reparação civil em face da violação a direito indisponível.
Um exemplo de dispositivo legal que pode apontar uma possível flexibilização sobre a arbitrariedade de direitos indisponíveis é o inciso III, do art. 11,
da Lei n.º 11.079/2004, o qual trata sobre as Parcerias Público-Privadas (PPPs), dispondo:
Art. 11. O instrumento convocatório conterá minuta do contrato, indicará expressamente a submissão da licitação às normas desta Lei e observará, no que couber, os §§ 3.º e 4.º, do art. 15,
os arts. 18, 19 e 21 da Lei n.º 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, podendo ainda prever: (...)
III – o emprego dos mecanismos privados de resolução de disputas, inclusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil e em língua portuguesa, nos termos da Lei n.º 9.307, de 23 de setembro
de 1996, para dirimir conflitos decorrentes ou relacionados ao contrato.

Como se observa pela leitura do texto legal, este traz expressamente a possibilidade de solução de controvérsias atinentes a contratos administrativos,
especificamente sobre PPPs, por meio da arbitragem.
Ocorre que, em razão da ideia de indisponibilidade do interesse público, entende-se que os interesses contidos em contratos administrativos são, em sua
grande parte, indisponíveis, razão pela qual acredita-se que, ou este dispositivo quebra paradigmas e relativiza a indisponibilidade como questão
prejudicial, ou se trata de previsão inconstitucional em razão da violação de princípios como o da supremacia do interesse público e sua indisponibilidade.
Foi de acordo com o segundo entendimento que o Tribunal Regional Federal da 2.a Região decidiu em discussão semelhante pela inarbitrabilidade da
demanda, conforme trecho abaixo:
ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO. ARBITRAGEM. DIREITO INDISPONÍVEL. SUSPENSÃO DO PROCEDIMENTO ARBITRAL. POSSIBILIDADE. ART. 25, DA LEI N.º
9.307/96. DECISÃO MANTIDA PELOS SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO IMPROVIDO.
1. Persistem imaculados e impassíveis os argumentos nos quais o entendimento foi firmado, subsistindo em si as mesmas razões expendidas na decisão agravada.
2. In casu, a União questiona sua submissão a Tribunal Arbitral em razão da indisponibilidade de seus direitos.
3. O procedimento arbitral deve permanecer sobrestado até o trânsito em julgado da decisão judicial, nos estritos termos do que dispõem o caput e o parágrafo único do artigo 25 da Lei n°
9.307/96.
4. Agravo Interno improvido.356

Apesar do julgado mencionado acima, a questão acerca da possibilidade ou não da flexibilização do princípio da indisponibilidade do interesse público
tem grande espaço na doutrina administrativista, sendo de relevância ímpar se considerar a possibilidade de soluções mais eficientes à administração
pública em detrimento de certas dogmáticas que nem sempre se manifestam como a opção mais acertada para proteger o interesse da coletividade.
33. AS DESPESAS E A CONFIDENCIALIDADE NA ARBITRAGEM
Sabe-se que a arbitragem pode ser definida como um processo eminentemente privado, na qual as partes ou interessados buscam o auxílio de um
terceiro, neutro ao conflito, ou de um painel de pessoas sem interesse na causa, para, após um devido procedimento, prolatar uma decisão (sentença
arbitral), com o objetivo de encerrar a disputa relacionada a direitos disponíveis.
Desse modo, como em todo processo, o procedimento arbitral tem um custo. As despesas, que poderão ser iniciais ou posteriores (quando já iniciado o
trâmite), cujos valores serão despendidos pelas partes, têm o objetivo de subsidiar as ferramentas necessárias ao árbitro para que este possa encontrar a
solução cabível.
Tais custas podem ser estabelecidas na cláusula compromissória, no compromisso arbitral ou no regulamento da instituição de arbitragem. Se não
houver previsão, a sentença arbitral deverá decidir a questão:
sobre tais despesas, prevalece a convenção e o regulamento da entidade para quem se encomendou a arbitragem. Caso não haja previsão em qualquer dos dois instrumentos, a sentença
arbitral decidirá sobre a responsabilidade das partes acerca destas verbas.357

Ressalte-se que na sentença arbitral, não se trata de honorários advocatícios, mas entende-se que a expressão custas e despesas com a arbitragem
abrange, também, os valores gastos por aquele que utilizar da assistência de advogado.358
O artigo 27, da Lei n.º 9.307/96, informa que:
Art. 27. A sentença arbitral decidirá sobre a responsabilidade das partes acerca das custas e despesas com a arbitragem, bem como sobre verba decorrente de litigância de má-fé, se for o
caso, respeitadas as disposições da convenção de arbitragem, se houver.

A lei não estipula como as partes devem arcar com despesas, tampouco com os honorários. Não há previsão que imponha a forma de pagamento ou se
há sucumbência.
Dessa forma, a entidade ou o árbitro poderão elaborar tabelas próprias, cujos valores serão estipulados de acordo com a complexidade da causa e/ou
trabalhos a serem desenvolvidos durante todo o procedimento, havendo, assim, variação de preços.359
Consequentemente, é recomendável que as partes, antes de celebrar cláusula compromissória ou compromisso arbitral, verifiquem o valor dos
honorários dos árbitros e a taxa de administração cobrada pela entidade arbitral.
Em arbitragens institucionais os investimentos são de três ordens: a) custas da entidade; b) despesas; e, c) honorários do árbitro.360
As custas da entidade arbitral dizem respeito às despesas administrativas ordinárias de expediente da câmara, além de taxa de administração, podendo
ser estabelecidas parcelas mensais ou parcela única, de quantia fixa ou variável, de acordo com o valor atribuído ao conflito ou percentual sobre este. A
taxa de manutenção pode ser cobrada daquele que solicitar o serviço, porém, é mais comum encontrar situações em que fica estipulado o pagamento em
proporções iguais a cada um dos interessados.
As despesas, dentre outras, incluem as diligências, reuniões, custos com deslocamento, equipamentos específicos, perícias, vistorias e outros
procedimentos que se fizerem necessários. Tais despesas poderão ser reembolsadas pelas partes, que, por determinação arbitral, adiantarem seu pagamento.
Os honorários do árbitro deverão ser ajustados previamente e consignados no regulamento ou na convenção. Caso seja silente e não haja consenso ao
final, seu arbitramento será judicial, conforme previsão na Lei de Arbitragem:
Art. 11. Poderá, ainda, o compromisso arbitral conter:
VI - a fixação dos honorários do árbitro, ou dos árbitros.
Parágrafo único. Fixando as partes os honorários do árbitro, ou dos árbitros, no compromisso arbitral, este constituirá título executivo extrajudicial; não havendo tal estipulação, o árbitro
requererá ao órgão do Poder Judiciário que seria competente para julgar, originariamente, a causa que os fixe por sentença.

Na arbitragem ad hoc, os procedimentos são frutos de disposições fixadas pelas partes ou determinados pelo árbitro, dessa maneira, têm-se gastos
apenas com despesas e honorários, podendo haver cobrança por trabalho de secretariado.361
As câmaras arbitrais estabelecem em seu regulamento valores de acordo com tabela própria, podem, também, arbitrar valores no início do
procedimento. Em sua maioria, há previsão de adiantamento pelas partes de custas e despesas. Ademais, o § 7.º, do art. 13, da Lei de Arbitragem, informa
que:
§ 7.º Poderá o árbitro ou o tribunal arbitral determinar às partes o adiantamento de verbas para despesas e diligências que julgar necessárias.

O não pagamento destas despesas implica na suspensão do procedimento. Caso apenas uma o descumpra, é facultado à outra o pagamento da parte
inadimplente. Não sendo o débito quitado, após um prazo, geralmente de 30 (trinta) dias, ocorre a extinção do procedimento arbitral.362
Havendo o pagamento do valor devido por uma das partes, estes deverão ser compensados ao final do procedimento.363
Na hipótese da diligência ou produção de uma prova ser de interesse exclusivo de uma das partes, mediante a não aceitação do seu pagamento e
consequente realização pela outra, o árbitro poderá dispensar a providência ou renunciar à investidura, se considerá-la indispensável para a formação de sua
convicção.364
No que tange à gratuidade da justiça, não há impedimento na Lei de Arbitragem que pessoas economicamente menos favorecidas utilizem a arbitragem
como técnica de solução para seus conflitos.365 Destarte, nada obsta que a convenção, a entidade arbitral ou árbitro resolva reduzir as custas, parcelar
débitos ou isentar o seu pagamento.366
Sobre a confidencialidade na arbitragem, é necessário, inicialmente, distinguir dois conceitos: o de privacidade e o de confidencialidade. Enquanto a
confidencialidade percebe um maior status, pois diz respeito ao sigilo dos fatos, documentos, alegações e decisões do Tribunal Arbitral, a privacidade
denota um dever de não interferência no local onde a arbitragem é processada e em seus atos.
Por ser um procedimento privado de solução de disputas, a confidencialidade é uma característica natural, já que se analisam, na maioria dos casos,
segredos industriais e comerciais, como por exemplo, a tecnologia, o sistema, os clientes, etc.367
Apesar de a Lei n.º 9.307/96 não dispor de artigo expresso acerca da confidencialidade e do sigilo, são amplamente endossados pelas grandes
instituições arbitrais, ademais, apesar de nada dispor sobre confidencialidade, a Lei n.º 9.307/96 faz referência expressa ao dever de discrição dos árbitros
(§ 6.º, art. 13).
§ 6.º No desempenho de sua função, o árbitro deverá proceder com imparcialidade, independência, competência, diligência e discrição.

Todavia, há determinados casos em que a publicidade, apesar de não ser a regra, vem estar presente na relação arbitral. A aplicação da arbitragem no
Poder Público é uma inovação no nosso ordenamento jurídico, e não é possível ainda fazer uma projeção segura de sua real significação em benefício da
sociedade. A necessidade de flexibilizar alguns princípios a fim de viabilizar o uso da arbitragem pela Administração Pública, harmonizando-se as
prerrogativas desta e a autonomia da vontade das partes.368
Assim, existem exceções nas relações com a Administração Pública. Pode citar como exemplos disso a Lei de Acesso à Informação (Lei n.º 12.527/11),
o Decreto n.º 7.724/12, que permitem a divulgação de dados de estatais exploradoras de atividade econômica a fim de assegurar sua competitividade.
Contudo, apesar destes casos excepcionalíssimos, a publicidade tem uma razão de ser para a otimização da Administração Pública – seja em decorrência de
sua natureza de gestora, seja como medida propulsora da transparência.
Não obstante, quando se tratar de arbitragem envolvendo a Fazenda Pública, o idealizado, até mesmo em obediência ao princípio da transparência, é
que a confidencialidade e o sigilo sejam afastados.
34. A INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO PELA INICIATIVA DA ARBITRAGEM
Como forma de garantir segurança jurídica às partes, no que tange à solução de seus problemas, o titular de um direito deve exercê-lo em determinado
lapso temporal.
Nesse sentindo, se faz importante a compreensão tanto do momento exato da instituição da arbitragem, quanto do momento de sua interrupção.
O art. 19, da Lei de Arbitragem, diz que:
Considera-se instituída a arbitragem quando aceita a nomeação pelo árbitro, se for único, ou por todos, se forem válidos.

Assim, segundo o art. 23, da Lei de Arbitragem, o termo inicial para contagem do prazo da emissão da sentença arbitral que, na ausência das partes é de
seis meses, o que torna a instituição da arbitragem coisa litigiosa e induz a litispendência.
No que tange à prescrição, vejamos o que diz o art. 189, do Código Civil:
Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.

A Lei n.º 13.129/2015 trouxe inovações com escopo de privilegiar a segurança jurídica e incluiu o § 2.º, ao art. 19, da Lei da Arbitragem, estabelecendo
critério lógico, antes inexistente, para a interrupção da prescrição:
A instituição da arbitragem interrompe a prescrição, retroagindo à data do requerimento de instauração da arbitragem, ainda que extinta a arbitragem por ausência de jurisdição.

O cumprimento da mens legis da prescrição na medida em que aquele que provocou o início da arbitragem não pode sofrer qualquer perda pela
morosidade do centro de arbitragem pela aceitação de um e/ou de todos os árbitros, tratando-se de tribunal arbitral.369
Lembrando que, a prescrição na seara arbitral dá-se, quando a parte não providenciou a solicitação de instituição da arbitragem antes do termo final do
prazo prescricional, para exercício da sua pretensão, quando for o caso e sua interrupção se dará com a aceitação do árbitro que terá efeito retroativo à data
da provocação da parte para que aceite a demanda, aplicando-se, por analogia, a teoria da expedição e assim que protocolizada ou expedida a convocação
do árbitro para que aceite o mister, é desta data que será considerada interrompida a prescrição.
No entanto, a interrupção da prescrição ocorre, segundo o art. 19, da Lei de Arbitragem, a partir da data em que a parte exerce sua pretensão, a qual,
fica condicionada à aceitação pelo árbitro original ou de seu substituto desde que estipulado, na data da primeira expedição ou protocolo da convocação,
quando o contratante demonstrou a intenção de levar sua pretensão pela via arbitral.
Importante ressaltar que as partes não podem afastar ou modificar os prazos legais no contrato, conforme dispõe os arts. 191 e 192, do Código Civil,
que impedem a renúncia prévia dos prazos prescricionais e a sua alteração pela vontade das partes, ou seja, a sua fixação é norma jurídica de ordem pública
e, como possui natureza cogente, não pode ser afastada nem mesmo se houver disposição expressa e conjunta das partes em sentido contrário.
O interessado poderá, ainda, interromper a prescrição antes de instituir a arbitragem, valendo-se do art. 202, I e II, do Código Civil e, caso almeje
interromper a prescrição de forma literal determinada como protesto interruptivo, basear-se-á pelo art. 202, incisos I, II, III, IV, V e VI.
Tal protesto interruptivo pode ser realizado perante o judiciário, segundo o Código Civil pelo art. 726, § 2.º, com fundamento na faculdade deferida
pelo art. 202 do Código Civil e tendo este sido proposto e citado o requerido, nos termos dos artigos 240 e 312, do CPC/15, a prescrição restará
interrompida desde a data da propositura da ação e o interessado poderá provocar a arbitragem considerando novo prazo.
Por fim, deve-se atentar que por mais que se recorra ao judiciário para a interrupção da prescrição, não há sob qualquer hipótese a discussão de mérito e
sim a interrupção de prazo prescricional, sob pena de perecimento da pretensão.
35. PARTICIPAÇÃO DE ADVOGADO E ASSISTENTE DA PARTE
O art. 21, § 3.º, da Lei de Arbitragem, preceitua:
§ 3.º As partes poderão postular por intermédio de advogado, respeitada, sempre, a faculdade de designar quem as represente ou assista no procedimento arbitral.

Na seara arbitral, tendo em vista a informalidade e a ausência de atos judiciais, a lei é clara e faculta, ou seja, não obriga as partes à representação por
advogado, uma vez que predomina na arbitragem a igualdade de direitos entre os litigantes.
Caso um dos contendores na arbitragem possuir advogado e a outra parte não dispuser, o árbitro deve abrir prazo para que nomeie causídico, se assim
for de sua vontade, caso contrário, não haverá nenhum problema para o regular desenvolvimento dos trabalhos com a prolação da sentença arbitral, ainda
que uma das partes não seja assistida por advogado, desde que lhe tenha sido ofertada esta possibilidade.
As partes podem se fazer representar por prepostos, procuradores, além do advogado, lembrando que a ausência do preposto e do advogado não
prejudica a realização dos atos, tendo em vista a sua facultatividade, sendo apenas exigida a oportunidade da intimação da parte, para que possa, querendo,
comparecer ou escolher representante.
Independentemente da não obrigatoriedade da presença do advogado no processo arbitral, devemos lembrar o que determina a Constituição Federal de
1988, no art. 133, que diz:
O advogado é indispensável à administração da Justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.

Nesse linear o advogado pode exercer pelo menos quatro papéis bem definidos no processo Arbitral, sendo eles:370
a) Advogado de parte: Aqui compete ao profissional do Direito defender os interesses de seu cliente no juízo arbitral, utilizando-se dos conhecimentos técnicos e capacidades específicas do
advogado.
b) Consultor de Parte: A parte pode não nomear um causídico, mas se valer de uma assessoria para auxiliá-lo em possíveis dúvidas, participando o advogado de forma indireta.
c) Consultor do órgão arbitral e árbitro: Nessa função o advogado passa a atuar em Órgãos de Consultoria das Câmaras de Arbitragem, evitando que a decisão arbitral contenha equívocos
formais e que posteriormente possa sofrer nulidades, tendo portanto, o advogado, o papel de assessorar o árbitro.
d) Árbitro: O advogado pode exercer a função de Árbitro, pois, tendo o conhecimento técnico, pode garantir a produção de um processo arbitral em conformidade com as leis vigentes.

Apesar de existir a faculdade de advogado no procedimento arbitral, o que existe é a necessidade da presença de um profissional do direito para que
seja proporcionada mais segurança para as partes que nele litigam e para que sejam cumpridos os princípios elencados na Lei de Arbitragem.
Por fim, é inegável a relevância da Arbitragem para desafogar o judiciário brasileiro, por ser mais célere e simples do que este, concedendo importância
igualitária às partes com representantes e sem representantes, privilegiando, também, a solução dos problemas por meio do diálogo e da cooperação entre
as partes.
36. DAS MEDIDAS CAUTELARES NA ARBITRAGEM
Em que pese a existência da arbitragem no Brasil não ser algo novo, foi apenas com a edição da Lei n.º 9.037/1996, principalmente após a declaração
de sua constitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal, que o instituto passou a ter maior relevância prática, como meio alternativo de resolução de
conflitos. Até então desempenhava papel bastante tímido pela impossibilidade de execução específica da cláusula arbitral, bem como pela necessidade de
homologação judicial da sentença arbitral para que esta fosse válida.
Em relação às medidas cautelares, pelo regime até então vigente o árbitro estava impedido de decretá-las, com expressa vedação no CPC/73, que previa
no art. 1.086, que ao árbitro era defeso “decretar medidas cautelares”. Destaca-se, ainda, que nos termos do art. 1.087 do mesmo diploma, havendo
necessidade de decretação de medidas cautelares, o juízo arbitral deveria solicitar a atuação da autoridade judiciária, competente para homologar o laudo.
De certa forma, a arbitragem ainda estava “subordinada” ao Poder Judiciário.
Foi somente com a Lei n.º 9.037/1996, que revogou os dispositivos legais acima destacados, que surgiu a possibilidade de o árbitro decretar medidas
cautelares, ainda que havendo necessidade de uma construção doutrinária e jurisprudencial, ante a redação ambígua e insuficiente sobre as medidas,
conforme será visto oportunamente, passando a lei a prestigiar a autonomia da vontade das partes.
36.1. MEDIDAS CAUTELARES NA REDAÇÃO ORIGINAL DA LEI N.º 9.037/1996.
Originalmente as medidas cautelares vieram disciplinadas no § 4º, do art. 22, da Lei de Arbitragem, in verbis:
§ 4.º Ressalvado o disposto no § 2.º, havendo necessidade de medidas coercitivas ou cautelares, os árbitros poderão solicitá-las ao órgão do Poder Judiciário que seria, originariamente,
competente para julgar a causa.

O referido dispositivo (já revogado) sofreu, e com razão, muitas críticas por parte dos doutrinadores. Com efeito, a disciplina dada para as medidas
cautelares, tema tão relevante, demonstrou-se muito insuficiente, além de não ter adotado a boa técnica legislativa quanto à redação.
Em síntese, as principais críticas foram: a) ausência de menção às cautelares preparatórias, isto é, antes da instituição do juízo arbitral, e outras medidas
urgentes; b) a posição topográfica do § 4.º, do art. 22, que cuida da produção de provas no âmbito arbitral; e c) a redação do texto legal ambíguo, pois
estabelecia que havendo necessidade de “medidas coercitivas ou cautelares” os árbitros poderão “solicitá-las” ao órgão do Poder Judiciário, restando
dúvida sobre a competência do árbitro para decretar as tutelas cautelares.
Considerando as críticas acima destacadas, coube à doutrina e à jurisprudência a missão de solucionar as dúvidas e omissões deixadas pelo legislador.
A Arbitragem, diferentemente da atuação estatal do Estado, que possui regras predefinidas de competência, é instituída por vontade das partes, não
havendo um árbitro competente para atuar antes de instituída a arbitragem, todavia, mesmo havendo a cláusula arbitral, poderão surgir necessidades
urgentes antes de instituído o juízo arbitral.
A posição adotada pela doutrina e jurisprudência foi a de que antes de instituída a arbitragem, por não haver árbitro instituído, a parte poderá requerer
ao poder judiciário para resolver a demanda urgente, em homenagem ao princípio constitucional da inafastabilidade da jurisdição. Havendo posteriormente
a instituição do feito arbitral, o árbitro escolhido pelas partes passará a ser o competente para decidir, devendo a ele o magistrado encaminhar os autos.
Desta forma compatibilizam-se os princípios da inafastabilidade da jurisdição e o da autonomia das partes.
No caso de necessidade de medidas urgentes ou cautelares após a instituição da arbitragem, em que pese a falta de clareza do dispositivo em análise, o
juízo arbitral será competente para decretá-las. Não podendo, todavia, tomar medidas coercitivas, ante à ausência de poder ius imperium, poder conferido
apenas aos juízes togados.
Nesse sentido, cabe mencionar importante julgado do Superior Tribunal de Justiça, que ajudou a firmar os posicionamentos acima delineados:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. ARBITRAGEM. MEDIDA CAUTELAR. COMPETÊNCIA. JUÍZO ARBITRAL NÃO CONSTITUÍDO.
1. O Tribunal Arbitral é competente para processar e julgar pedido de cautelar formulado pelas partes, limitando-se, porém, ao deferimento da tutela, estando impedido de dar cumprimento
às medidas de natureza coercitiva, as quais, havendo resistência da parte em acolher a determinação do(s) árbitro(s) deveram ser executadas pelo Poder Judiciário, a quem se reserva o
poder de imperium.
2. Na dependência da constituição do Tribunal Arbitral, Admite-se que a parte se socorra do Poder Judiciário, por intermédio de medida de natureza cautelar, para assegurar o resultado útil
da arbitragem.371

Destaca-se, ainda, segundo o voto da Ministra relatora, Nancy Andrighi, que havendo decretação pelo juiz togado de tutela cautelar antecedente, após a
celebração do compromisso arbitral “é razoável que os autos sejam prontamente encaminhados ao juízo arbitral, para que este assuma o processamento da
ação e, se for o caso, reaprecie a tutela conferida, mantendo, alterando ou revogando a respectiva decisão”, havendo uma “derrogação” da competência da
jurisdição estatal.
Em resumo, o STJ firmou o entendimento que o árbitro tem a competência para decretar medidas cautelares, cabendo ao Poder Judiciário a
competência provisória para determinar medidas cautelares quando ainda não houver sido instituído o juízo arbitral. Sendo instituída a arbitragem, derroga-
se a competência da justiça estatal em favor do árbitro.
36.2. TUTELAS CAUTELARES E URGENTES APÓS A ALTERAÇÃO DADA PELA LEI N.º 13.129/2015
Seguindo a posição já firmada pela doutrina majoritária e pela jurisprudência, em especial a do Superior Tribunal de Justiça, a Lei n.º 13.129/2015
revogou o confuso § 4.º, do art. 22, da Lei de Arbitragem, tendo acrescentado um novo capítulo denominado “Das tutelas cautelares e urgentes”, contendo
os arts. 22-A, 22-B, in verbis:
DAS TUTELAS CAUTELARES E DE URGÊNCIA
Art. 22-A. Antes de instituída a arbitragem, as partes poderão recorrer ao Poder Judiciário para a concessão de medida cautelar ou de urgência.
Parágrafo único. Cessa a eficácia da medida cautelar ou de urgência se a parte interessada não requerer a instituição da arbitragem no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data de efetivação
da respectiva decisão.
Art. 22-B. Instituída a arbitragem, caberá aos árbitros manter, modificar ou revogar a medida cautelar ou de urgência concedida pelo Poder Judiciário.
Parágrafo único. Estando já instituída a arbitragem, a medida cautelar ou de urgência será requerida diretamente aos árbitros.

Em que pese restarem ainda algumas críticas em relação à nova disciplina, como por exemplo, o silêncio em relação à possibilidade de concessão de
tutela antecipada, é certo que está mais adequada à necessidade do instituto da arbitragem.
Contudo, as críticas atinentes à “omissão” quanto à possibilidade de concessão de tutela antecipada não são legítimas, ora, dispõe o art. 22-A a
concessão de medida cautelar ou de urgência. O que pretendeu o Legislador reformador foi tão somente excepcionar ao pressuposto da urgência, para
concessão da tutela antecipada.
Tal raciocínio se deve ao fato de a Lei n.º 13.129/2015, vigente a partir de 60 (sessenta) dias de sua publicação, vide seu art. 5.º e D.O.U. 27/05/2015,
vir à tona em sincronia com o que reza e dispõe o CPC/15 quanto às tutelas provisórias e seus pressupostos.
O CPC/15 traz consigo em seus arts. 294 usque 311 as regras atinentes às Tutelas Provisórias, das quais são espécies a tutela cautelar e antecipatória.
Ademais, cabe mencionar que as tutelas provisórias poderão pautar-se na urgência ou na evidência, sendo esta última, inovação do CPC/15.
Nesta esteira, muito bem caminhou e com precisão o Legislador reformador da Lei de Arbitragem, vez que particularizou a urgência como única
hipótese de concessão para ambas as tutelas, seja cautelar como antecipada, no procedimento arbitral, devendo ficar demonstrado o perigo de dano ou o
risco ao resultado útil ao processo para que seja concedida a medida de cognição sumária.
Os novos dispositivos da Lei de Arbitragem confirmaram as posições já firmadas pela doutrina e jurisprudência, garantido ao árbitro o poder de
decretar medidas cautelares, bem como o direito de as partes recorrerem ao Poder Judiciário, em caso de necessidade de medidas cautelares ou urgentes
antes de instituído o juízo arbitral. Consagrou, ainda, o da competência do árbitro para “manter, modificar ou revogar a medida cautelar ou de urgência
concedida pelo Poder Judiciário”.
Quando a lei confere ao árbitro o poder de rever as medidas antecedentes concedidas pelo Poder Judiciário, deixa claro que a posição da arbitragem não
é de subordinação ao Judiciário Estatal, mas de cooperação, com competências bem definidas entre o Juízo do Estado e aquele eleito pela vontade das
partes.
Em sede de procedimento arbitral, um Regulamento à guisa de exemplo que já prevê a possibilidade de concessão de medidas provisórias é o da
BM&FBOVESPA, que busca solucionar conflitos envolvendo participantes dos mercados regulados pela entidade financeira, decorrentes de relações
societárias ou contratuais, senão veja:
Regulamento CMA – BM&FBOVESPA
5.2 Medidas de Urgência depois de constituído o Tribunal Arbitral. Após a constituição do Tribunal Arbitral, as partes poderão a qualquer tempo, antes de proferida sentença arbitral,
requerer a adoção de medidas conservatórias ou reparatórias a fim de preservar bens ou direitos.
5.2.1 Para que seja concedida, a medida pretendida exigirá decisão por maioria dos membros do Tribunal Arbitral, ou a decisão favorável do Árbitro Único, observadas as seguintes regras:
i) o Tribunal Arbitral deverá indicar, de modo claro e preciso, as razões do seu convencimento;
ii) não se concederá medida de urgência quando houver perigo de irreversibilidade do provimento antecipado;
iii) o Tribunal Arbitral poderá condicionar o deferimento da medida de urgência à prestação de garantia; e
iv) a decisão poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo, por maioria dos votos do Tribunal Arbitral.
5.3 O Tribunal Arbitral poderá remeter as partes à autoridade judiciária competente para garantir a efetividade e o cumprimento de suas decisões sobre medidas coercitivas ou cautelares.
Nesse caso, as partes deverão fornecer ao Secretário-Geral uma cópia do requerimento formulado à autoridade judiciária competente, bem como das decisões proferidas sobre a questão.

Além de incorporar os principais avanços da doutrina e da jurisprudência, a Lei n.º 13.129/2015 trouxe também importante inovação que foi a previsão
da carta arbitral. Por meio da carta arbitral é que o juízo arbitral se comunica com os órgãos do poder judiciário para solicitar as medidas necessárias ao
cumprimento de suas decisões.
36.3. IUS COGNITIO E IUS IMPERIUM NAS MEDIDAS CAUTELARES E URGENTES
Humberto Theodoro Júnior, comentando acerca do procedimento das medidas cautelares e satisfativas antes da reforma da Lei n.º 13.129/2015,
dissertando quanto ao poder de imperium, que:
A lei não confere ao árbitro ou ao tribunal arbitral poder de tomar medidas coercitivas ou medidas cautelares em caráter preparatório ou incidental.
Quando tais providências se fizerem necessárias, o órgão arbitral terá de solicitá-las ao órgão judiciário que seria, originariamente, competente para julgar a causa (art. 22, § 4.º).
Essas medidas, porém, não podem nascer de deliberação ex officio do árbitro. Cabe à parte requerê-las e, sendo julgados cabíveis e necessárias, seu deferimento ocorrerá, ainda, no âmbito
do juízo arbitral, sendo a execução solicitada, em seguida, ao juízo ordinário. Por outro lado, não é dado à parte dirigir-se diretamente ao juiz togado para requerer-lhe medida preventiva a
ser aplicada sobre os bens e direitos disputados no procedimento extrajudicial. Originariamente, a competência sobre o incidente é do árbitro ou do órgão arbitral. Uma vez, entretanto, que
a este fala o imperium necessário à atividade executiva, é ao juiz togado que a lei confere o poder de providenciar a implementação das medidas coercitivas, mesmo quando dentro do juízo
arbitral.372

Conforme a doutrina tradicional a jurisdição no processo civil se dá por meio do binômio cognição-execução. Em linhas gerais, consiste no poder de
conhecer e decidir as demandas, bem como o poder de impor aos jurisdicionados a obrigação de cumprir as decisões exaradas.
A Lei da Arbitragem, como se verifica nos arts. 22-A, caput e 22-B caput, conferiu ao árbitro o ius cognitio, podendo conhecer o mérito e decidir
acerca das tutelas cautelares e urgentes. Todavia, seu poder se restringe ao conhecimento, não podendo coagir as partes ao cumprimento de suas decisões
em caso de incumprimento voluntário. É o que se abstrai do parágrafo único do art. 22-C, que dispõe que o árbitro poderá expedir carta para que o “órgão
jurisdicional nacional pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato solicitado pelo árbitro”.
Com efeito, as medidas coercitivas constituem em poder de império, ou ius imperium, conferido apenas ao órgão judiciário estatal, que tem poder de
coagir os jurisdicionados ao cumprimento das decisões impostas. O órgão judiciário estatal, por sua vez, ficará impedido de exercer o ius cognitio após
instituída a arbitragem, cabendo exclusivamente ao tribunal arbitral, em regra, conhecer do mérito das tutelas cautelares ou urgentes.
Destaca-se que a doutrina defende que, mesmo não havendo previsão, já instituída a arbitragem, em caso de impedimento do árbitro, reestabelece-se a
competência do Judiciário para conhecer das medidas urgentes.
36.4. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO NAS MEDIDAS CAUTELARES
Não existe uma relação de subordinação ou de hierarquia entre a jurisdição estatal e jurisdição arbitral. Os dois órgãos atuam paralelamente, havendo
em determinados momentos, a cooperação para a solução de conflitos (art. 69, § 1.º, do CPC/15). Tal cooperação propicia uma adequação para que seja
atendido o princípio da inafastabilidade da jurisdição, bem como a autonomia das partes em terem suas demandas resolvidas por meio de um árbitro ou
tribunal por elas escolhido.
Embora não haja uma subordinação, é certo que o tribunal arbitral por ser um órgão privado, possui algumas limitações, como, por exemplo, a ausência
de ius imperium, motivo pelo que depende, em alguns momentos, do órgão estatal. É o que ocorre, por exemplo, quando há necessidade de se determinar a
condução coercitiva da testemunha, devendo o árbitro ou tribunal arbitral requerer à autoridade judiciária que conduza a testemunha, conforme dispõe o art.
22, da Lei de Arbitragem.
Em relação às medidas cautelares ou urgentes o princípio da cooperação tem grande relevância, visto que, ainda que com poderes para decretar tais
medidas, havendo resistência da parte em cumpri-las, as medidas não teriam efetividade, pois sem o poder de determinar medidas coercitivas o árbitro ou
tribunal arbitral não teria meios para obrigar as partes. Assim, a parte poderia simplesmente deixar de cumpri-las sem qualquer prejuízo.
A cooperação também é observada quando o Poder Judiciário atua na decretação de medidas urgentes antecedentes, isto é, antes de instituída a
arbitragem, após a qual os autos devem ser encaminhados ao árbitro, como já comentado anteriormente.
Como se verifica, o princípio da cooperação funciona como um elemento de integração, atuando ocasiões em que não seria possível a jurisdição arbitral
atuar, seja por ainda não existir um feito arbitral instituído, seja ante a ausência de poder de imperium do órgão arbitral, garantindo a autonomia da vontade
das partes, bem como respeitando a inafastabilidade da jurisdição.
A arbitragem, em que pese a demora para se tornar um meio alternativo de solução de conflitos na prática, tem se desenvolvido nos últimos anos, com
avanços doutrinários, jurisprudenciais e legislativos. Em especial com as mudanças trazidas pelo Código de Processo Civil e pela Lei n.º 13.129/2015,
mesmo incorporando medidas já adotadas pela doutrina e jurisprudência em relação às medidas cautelares e urgentes. A regulação mais adequada das
medidas traz mais segurança na atuação das partes e demais personagens envolvidos no processo.
37. AS MEDIDAS CAUTELARES ANTECEDENTES E NO CURSO DA ARBITRAGEM
A Arbitragem é um procedimento no qual se busca a solução de conflitos e que tem por finalidade dar solução às controvérsias e litígios a direitos
patrimoniais disponíveis, sem a necessidade de buscar o Poder Judiciário.
Em outras palavras, não só o Estado, mas também o árbitro ou tribunal arbitral exerce a função jurisdicional, ou seja, da aplicação do direito material,
em razão da existência da arbitragem como meio alternativo de solução de conflitos.
Com a promulgação da Lei n.º 9.307/96, o legislador conferiu à decisão arbitral o nome e o status de sentença, dando a esta poder para fazer coisa
julgada, bem como de constituir-se título executivo judicial, ou melhor, jurisdicional, sem qualquer interferência do poder judiciário, dispensando inclusive
a homologação desse órgão. O CPC/73 foi alterado pela Lei n.º 11.232/2005 para incluir a sentença arbitral no rol dos títulos executivos judiciais, ideia
mantida pelo art. 515, VII, do atual CPC.
Vale asseverar que a legislação brasileira acerca da arbitragem possuía uma grave falha, sendo ela a ausência de previsão de que pudessem ser
concedidas tutelas cautelares e antecipadas para resguardar os interesses das partes que estivessem em situação de urgência antes de iniciar o processo
arbitral.
No entanto, a reforma na lei da arbitragem n.º 13.129/15, publicada no DOU de 27/05/15, entrou em vigor na semana de 27/7/15, alterou a lei no 9.307,
de 23 de setembro de 1996, e a Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, para ampliar o âmbito de aplicação da arbitragem e dispor sobre a escolha dos
árbitros quando as partes recorrem a órgão arbitral, a interrupção da prescrição pela instituição da arbitragem, a concessão de tutelas cautelares e de
urgência nos casos de arbitragem, a carta arbitral e a sentença arbitral, e revoga dispositivos da Lei n.º 9.307/96.
Com essa alteração, mais precisamente no que diz respeito à concessão de tutelas cautelares e de urgência em casos de arbitragem, podemos ver uma
evolução legislativa no sentido de sanear a grave falha que da ausência de tutelas cautelares.
37.1. COMPETÊNCIA PARA A CONCESSÃO DE TUTELAS DE URGÊNCIA
Via de regra os árbitros possuem competência para a concessão de tutelas de urgência, (sendo possível deferir, todas as tutelas provisórias previstas no
CPC, tutelas provisórias, cautelares ou antecipadas), podendo ser plenamente aceita no meio arbitral internacional atualmente.
Portanto, caso haja necessária alguma tutela provisória de urgência durante o procedimento arbitral (incidentais, portanto), a parte interessada requer o
necessário ao árbitro que, por sua vez, defere ou não, o pedido.
Em um contexto histórico, podemos dizer que essa afirmação iniciou-se com a Lei Modelo da UNCITRAL sobre arbitragem comercial internacional,
que serve como verdadeiro guia para revisão e atualização das legislações sobre o assunto.
Desde a sua primeira versão da Lei Modelo da UNCITRAL, em 1985, já havia a previsão expressa de competência dos árbitros: Artigo 17. A menos
que as partes acordem de forma diferente o tribunal Arbitral pode, a pedido de uma parte ordenar a qualquer delas que tome as tutelas de urgência que o
Tribunal Arbitral considerar necessárias em relação ao objeto do litígio.
A Lei Modelo da UNCITRAL tem sido adotada, de forma integral ou com adaptações por 69 países e 99 jurisdições, o que contribui para grande
harmonização sobre o assunto das tutelas de urgência arbitrais.
Todavia, no Brasil, a competência dos árbitros para a concessão de tutelas de urgência sempre foi um tema bastante polêmico. Sem nenhuma dúvida,
esse é um dos assuntos mais discutidos na doutrina arbitralista brasileira na última década pela sua importância prática.
Importante destacar que, as tutelas cautelares visam assegurar o resultado útil e eficaz do processo principal e que não é cabível a invasão de
competências, onde ao árbitro cabe nos limites da convenção de arbitragem, decidir acerca da concessão ou não da medida de urgência e cabe ao juiz
verificar apenas os aspectos formais e não o mérito, determinando, assim, o cumprimento do que foi decidido pelo árbitro.
Pode-se verificar que a arbitragem está presente no ordenamento positivo brasileiro há muito tempo, mais precisamente desde a Constituição Imperial
de 1821 (art. 160), passando, dentre outras previsões, pelo Código Comercial de 1850 (arts. 20 e 291), Código Civil de 1916 (art. 1.037 e ss.), Código de
Processo Civil de 1939 (art. 1.031 e ss.) e CPC/73 (art. 1.072 e ss.).
Ocorre que a disciplina da tutela de urgência apareceu apenas com a promulgação do CPC/73. E ainda assim, o art. 1086, II, desse diploma estabelecia
que ao árbitro era proibido “decretar medidas cautelares”, enquanto o art. 1.087, previa que, caso fossem necessárias medidas cautelares, o árbitro as
solicitaria à autoridade judiciária competente para a homologação do laudo. Nesse sentido a doutrina era unânime em afirmar que o árbitro não pode
conferir tutela de urgência.
Considerando ainda que a lei da arbitragem foi promulgada apenas em 1996, o legislador que introduziu em nosso sistema jurídico uma temática nova,
que até então tinha sido apenas citada em legislações esparsas, podemos verificar que o legislador procurou-se fazer uma lei possível para a época, talvez
por isso que a lei procurou não estabelecer disciplina radical ao projeto, por essa razão as cautelares e tutelas de urgência não receberam tanta atenção.
Desse modo, nos termos do art. 22, § 4.º, da Lei de Arbitragem, previa que: Ressalvado o disposto no § 2.º, havendo necessidade de medidas coercitivas
ou cautelares, os árbitros poderão solicitá-las ao poder judiciário que seria, originalmente, competente para julgá-la. Assim, a antiga Lei de Arbitragem
determinava que para a concessão da medida cautelar ou tutela de urgência seria necessária a solicitação do árbitro ao poder judiciário.
37.2. REFORMA DA LEI DA ARBITRAGEM
Após longa discursão no Congresso Nacional, no dia 26 de maio de 2015, foi sancionada a Lei n.º 13.129/15, que alterou a Lei de Arbitragem. Dentre
as principais alterações a Lei n.º 13.129/15 resolveu legislar no campo das tutelas de urgência.
Neste sentido, a disciplina das tutelas de urgência manteve-se firme desde o anteprojeto, passando pelo Projeto de Lei do Senado n.º 406, de 2013, e
pelo Projeto de Lei n.º 7.108, de 2014, sem quaisquer alterações. Ao final, a redação legal foi descrita no art. 22-A, da Lei:
Art. 22-A Antes de instituída a arbitragem, as partes poderão recorrer ao Poder Judiciário para a concessão de medida cautelar ou de urgência.
Parágrafo único. Cessa a eficácia da medida cautelar ou de urgência se a parte interessada não requerer a instituição da arbitragem no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data de efetivação
da respectiva decisão.
Art. 22-B Instituída a arbitragem, caberá aos árbitros manter, modificar ou revogar a medida cautelar ou de urgência concedida pelo Poder Judiciário.
Parágrafo único. Estando já instituída a arbitragem, a medida cautelar ou de urgência será requerida diretamente aos árbitros.

Como pode ser verificado, o art. 22-A transforma em lei a possibilidade de as partes recorrerem ao Poder Judiciário para a concessão de medida
cautelar ou tutelas de urgência. É cediço que o artigo poderia ser mais completo, podendo dar ao árbitro a competência para decidir acerca das medidas
cautelares e tutelas de urgências. De todo modo, a redação assegura previsibilidade para a fase pré-arbitral, momento que ocorrem as medidas de tutela de
urgência.
No mais a mais, o art. 22-A, parágrafo único, o legislador seguiu a matéria já consagrada no CPC/73, que foi mantida no CPC/15, de apresentação da
demanda principal no prazo de 30 dias (CPC/73, artigo 806; CPC/15, artigo 308).
Uma vez concedida e efetivada a tutela de urgência, o autor precisa demonstrar, no prazo de 30 (trinta) dias, que tomou todas as providências
necessárias à finalidade de instituir a arbitragem, nos termos do art. 22-A, parágrafo único, da Lei de Arbitragem. Vale ressaltar que não é preciso que o
tribunal arbitral esteja constituído no prazo de 30 dias, até mesmo porque esse ato não depende exclusivamente do autor.
O art. 22-B e seu parágrafo único, da Lei de Arbitragem reformada, não deixa nenhuma dúvida de que os árbitros possuem a competência para a
concessão de tutelas de urgência e que, portanto, qualquer medida concedida anteriormente pelo Poder judiciário pode ser revista pelo árbitro. Assim,
questões sobre competência para a concessão de tutelas de urgência ficam superadas e outras questões polêmicas sobre o assunto podem ser analisadas.
Nesse sentido, já existe jurisprudência reconhecendo a competência do árbitro, para decidir as tutelas de urgência, vejamos:
Medida cautelar. Juízo arbitral. Inexistência de óbice a que a parte interessada utilize as vias judiciais quando a necessidade de providência cautelar surgir antes da instauração do
procedimento arbitral. ‘Contrato de vendas de reduções de Emissão Certificadas’ que garante às partes o direito de se socorrerem das vias judiciais, ‘para conseguir a adoção de medidas
provisórias que protejam os direitos estabelecidos anteriormente à instauração da arbitragem’. Medida cautelar. Juízo arbitral. Competência da jurisdição brasileira que é concorrente em
casos de existência de cláusula de eleição de foro de jurisdição estrangeira. Art. 88, II, do CPC (atual art. 21, II). Extinção sem resolução de mérito do processo cautelar, com amparo no
artigo 267, VII, do CPC (atual art. 485, VII), que não se legitima. Sentença anulada. Determinando o prosseguimento da ação cautelar até a instalação do juízo arbitral. Apelo provido.
Medida cautelar. Liminar. Pleiteada liminar para que as instituições financeiras mencionadas na inicial, ainda que notificadas pelas requerida, abstenham-se de efetuar qualquer desembolso
de valor em seu favor, concernentes aos contratos de fiança bancária, até o julgamento da ação cautelar. Cabimento. Possibilidade de se reconhecer, em princípio a presença do ‘fumus boni
iuris’. Atestado o periculum in mora’. Liminar deferida”.373

37.3. AS MEDIDAS CAUTELARES ANTECEDENTES


Em se tratando da incompetência do árbitro para conceder tutelas de urgência, essa característica não pode ofuscar o lado de que a via arbitral também
possui limitações inerentes ao próprio instituto da arbitragem como forma de resolução de disputas. Desse modo, não é adequado ignorar o papel relevante
que as cortes estatais exercem mesmo quando as partes concordam em submeter seu litígio à jurisdição arbitral.
Na estrutura das cortes estatais o órgão jurisdicional adequado é permanente e, portanto, já existe ao tempo do fato ocorrido para surgimento do litígio.
Demonstração bastante enfática dessa afirmação na garantia do juiz natural, vedando a constituição de julgadores pos factun.
Por sua vez, no campo privado, o tribunal arbitral não é um órgão permanente, que está sempre à disposição das partes no momento em que eventual
pretensão surgir, ou seja, os tribunais arbitrais são criados a pos teuon e em função da necessidade de solução de um determinado litígio.
Antes de todos os árbitros acertarem o encargo, não há propriamente tribunal arbitral constituído, e tampouco há órgão jurisdicional para a concessão
de tutelas de urgência, isto é, trata-se de uma mutação material a possibilidade de concessão dessas medidas pelos árbitros.
A constituição do tribunal arbitral pode levar dias, semanas ou até mesmo meses, dependendo do modo escolhido pelas partes para a indicação dos
árbitros, assim como eventuais impugnações que podem ser apresentadas sobre os árbitros indicados pelas partes ou pela instituição arbitral, a
consequência natural e a demora na constituição do tribunal arbitral.
Mutatis mutandis, a corte estatal geralmente é um órgão capaz de analisar e se for o caso, concederá tutela de urgência pleiteada pela parte, enquanto
não constituído o tribunal arbitral, a competência pode ser tranquilamente exercida pelo juiz.
Nesse contexto, o novo art. 22-A, da Lei de Arbitragem, deve ser recebido de forma bastante positiva. Ao colocar de forma expressa que as partes
poderão recorrer ao Poder Judiciário para a concessão de tutela de urgência antes de instituída a arbitragem, o legislador permite que o autor precise apenas
alegar, sob as penas da lei, que ainda não houve a aceitação do encargo pelo árbitro único ou tribunal arbitral, conforme o caso.
Assim, não sendo de urgência, mas de evidência, ausente o periculum in mora, não pode ser requerida de forma antecedente (antes da instituição da
arbitragem).
Nada obstante não caber o requerimento antecedente à instauração da arbitragem, cabe requerer a tutela de evidência depois da instituição da
arbitragem ao árbitro ou ao tribunal arbitral que a deferirá e expedirá carta arbitral para a efetivação da decisão pelo Poder Judiciário, nos termos dos arts.
260 a 268, do CPC/15.374
O art. 22-A, da Lei de Arbitragem, não abarcou expressamente a estrutura das tutelas provisórias concebidas no atual CPC/15. Embora a Lei de
Arbitragem não tenha se referido expressamente às tutelas de evidência, estão elas abrangidas pela jurisdição conferida ao árbitro, conforme artigos 18 e
31, da Lei de Arbitragem.
37.4. AS MEDIDAS CAUTELARES NO CURSO DA ARBITRAGEM
Depois da instauração da arbitragem, a competência para concessão de tutelas de urgência passa ao tribunal arbitral. Assim prescreve o parágrafo único
do art. 22-B, da Lei de Arbitragem, que consolidou o entendimento de que os árbitros são os julgadores naturais das medidas de urgência.
Levando em conta os obstáculos à concessão de tutelas urgentes no início do processo arbitral e dado o caráter emergencial das tutelas urgentes, é
natural que elas sejam perseguidas logo no início do processo arbitral.
O simples fato de a medida urgente ser requerida nesse estágio inicial pode trazer dois obstáculos. O primeiro está relacionado à eventual objeção à
própria jurisdição do tribunal, o que normalmente ocorre no início do processo arbitral. Aqui surge a pergunta: os árbitros podem conceder tutelas de
urgência mesmo na pendência de decisão a respeito de objeção à sua jurisdição? A resposta é positiva. Diante da urgência da tutela perseguida, os árbitros
podem conduzir uma análise prima facic e, se convencidos da sua jurisdição estão sim autorizados a apreciar e eventualmente conceder a tutela urgente
requerida. Outra dificuldade que pode surgir caso a tutela de urgência seja requerida no início do procedimento, ainda antes de ambas as partes terem
apresentado suas pretensões, diz respeito a potencial extrapolação dos limites da demanda e/ou da convenção de arbitragem, o que é vedado no processo
arbitral, assim, para se evitar essa violação, caberá ao tribunal arbitral verificar a existência de vínculo razoável entre a medida urgente e o objeto da
demanda – delineado, se não no termo de arbitragem, ao menos no requerimento de instauração.
Uma das características que pode ser apontada como relevante é a flexibilidade das tutelas de urgência no processo arbitral que ao contrário do Código
de Processo Civil, a Lei de Arbitragem não prevê regras específicas sobre o procedimento a ser adotado pelas partes para requerer as medidas de urgência
no processo arbitral, tampouco estabelece os requisitos necessários para que tutelas sejam concedidas pelos árbitros. E faz sentido que seja assim. Na
arbitragem, prevalece a autonomia da vontade das partes. Elas podem disciplinar o procedimento aplicável às medidas de urgência: a) na própria convenção
de arbitragem; b) valendo-se dos dispositivos previstos nos regulamentos arbitrais ou; c) construir o procedimento em conjunto com o tribunal arbitral
desde que respeitados os princípios do devido processo legal. Especificamente quanto aos requisitos necessários para concessão das medidas urgentes,
entende-se que os árbitros não estão sujeitos às regras previstas na lei processual do local da sede.
Assim, tribunais arbitrais sediados no Brasil não precisam necessariamente exigir os requisitos previstos no Código de Processo Civil para concessão de
medidas urgentes – embora seja muito comum que o façam. A fim de manter a flexibilidade do processo arbitral, os regulamentos das principais câmaras
arbitrais e as legislações arbitrais normalmente também não preveem os requisitos necessários à concessão de tutelas de urgência.
Há também uma relação de coordenação entre árbitro e juiz, que como não dispõe de coerção, o árbitro precisa do juiz para viabilizar suas decisões,
sejam as tutelas provisórias de urgência antecipatórias ou cautelares e o fará mediante carta arbitral dirigida ao juiz (CPC/15, arts. 260 a 268; art. 22-C, da
Lei de Arbitragem) que analisará apenas as questões formais da arbitragem e não o mérito da concessão.
A Lei de Arbitragem segue essa linha, e por consequência os árbitros costumam ter liberdade para estabelecer pressupostos necessários à luz das
especificidades da tutela perseguida e do direito material em disputa. Apesar dessa flexibilidade na definição dos requisitos necessários à concessão de
medidas de urgência.
38. CONVENÇÃO ARBITRAL LIMITANDO A APRECIAÇÃO PELO ÁRBITRO DE TUTELAS CAUTELARES
Atualmente a doutrina e a jurisprudência já pacificaram o entendimento de que o árbitro tem autonomia para conceder tutelas de urgência, ou seja,
medidas cautelares e deferimento de tutela provisória de urgência.
Ao falar sobre a autonomia que o árbitro detém para conceder as medidas cautelares, nasce o questionamento sobre a possibilidade de inserir na
convenção de arbitragem uma cláusula que informe que esse árbitro não terá autonomia para concessão de medidas urgentes ou, em sentido contrário,
inserir autorização para que esse árbitro, se entender necessário, possa conceder as referidas medidas cautelares.
Em relação à limitação ou não em convenção arbitral para analisar medidas cautelares, alguns autores demonstram entendimentos divergentes a respeito
do tema. Há quem entenda que existe a possibilidade de ter uma limitação, dentro da convenção, ao poder do árbitro para analisar e conceder medidas
cautelares, ou seja, as partes devem ter a liberdade de definir suas próprias regras e essas regras podem incluir a restrição dos poderes que o árbitro possui.
Essa limitação deve ser expressa e pode ser total ou parcial.375
Com isso, a concessão de medidas cautelares ficaria condicionada à existência de previsão em convenção firmada pelas partes. Ao ponto que,
inexistindo a autorização, ficaria entendido que as partes não conferiram ao árbitro o poder de proferir decisões concedendo ou não as medidas de urgência.
Com esse regramento, o árbitro fica restrito a obedecer ao que foi colocado expressamente pelas partes e não poderá decretar medidas urgentes no
processo arbitral. Ressaltando que as partes não ficam limitadas, ou seja, elas podem ir diretamente ao judiciário e requerer a medida de urgência para
garantir a tutela dos interesses das partes.
Assim sendo, com o deferimento da medida, o árbitro e as partes deverão observar a medida até a decisão final, ou seja, se existir limite na convenção
arbitral, esse limite deve ser respeitado pelo árbitro.
Outros doutrinadores entendem que não há que se falar de previsão em convenção atribuindo ou limitando poderes do árbitro, visto que, após a
instauração do juízo arbitral, se as partes requererem, as medidas cautelares podem ser analisadas pelo juiz arbitral para que o resultado útil do processo
seja garantido.
Cabe ao árbitro avaliar e decidir qual medida seria melhor aplicada. Além do que, a própria lei o autoriza e lhe atribui essa jurisdição
independentemente de previsão ou omissão na convenção arbitral. Vale ressaltar que, não havendo contrariedade da parte no cumprimento da decisão do
árbitro, o poder judiciário não necessita cooperar. Caso contrário, para que seja efetivada a determinação do árbitro, o poder estatal é acionado para que
tomando as medidas necessárias faça com que a parte cumpra o que foi decidido pelo juízo arbitral. Importante sustentar que o juiz e o árbitro encontram-se
no mesmo grau de hierarquia quando se fala em cooperação entre as suas jurisdições.376
Quando a parte opta por não levar sua demanda ao Estado e coloca essa demanda em poder de um particular para resolver o litígio, fica nítido que a
influência do Judiciário será prescrita, pois o árbitro tem legitimidade para proferir a decisão final. Quando se fala em decisão final, entende-se com isso
que está incluído a concessão de medidas cautelares.377 Por essa razão, é certo dizer que não teria motivo para previsão de autorização em convenção para
que o árbitro conceda ou não medidas cautelares.
39. TUTELA ANTECIPADA NA ARBITRAGEM
A sentença arbitral constitui-se em título executivo judicial (art. 515, VII, do CPC/15), o árbitro decide a causa, mas se a parte perdedora não cumprir
voluntariamente o que lhe foi imposto, a parte vencedora terá que executar esse título no Poder Judiciário.
Vale ressaltar que a sentença arbitral, para produzir seus efeitos, não precisa de homologação judicial, conforme dispõe a Lei n.º 9.307/96:
Art. 18. O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica sujeita a recurso ou a homologação pelo Poder Judiciário.
Art. 31. A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título
executivo.

Em face da sentença proferida por um árbitro ter respaldo do Poder Estatal, depreende-se que a arbitragem tem uma característica pública, garantindo,
assim, sua eficácia como se a decisão fosse do próprio juiz togado, entretanto, a decisão proferida por um árbitro está sujeita a nulidade, conforme
disciplina o art. 33, da Lei de Arbitragem, enquanto a sentença judicial apenas fica limitada a uma ação rescisória, nos termos do art. 966, do Código de
Processo Civil.
Desta feita, é correto o entendimento que o árbitro tem o poder de conhecer a demanda e julgá-la, sendo que o juízo togado além destes dois elementos
tem o poder de promover a execução da decisão proferida no caso concreto. A posse do árbitro se direciona à atividade característica de processo de
conhecimento, pois é limitado no que se refere a possuir poderes para forçar o cumprimento de uma decisão. Poder este, que o Judiciário detém.378
Contudo, isto não faz com que o árbitro perca a sua jurisdição, porque o juízo togado, tão somente, garante a efetivação da decisão proferida por ele,
sendo certo que o Estado não pode intervir na arbitragem, limitar ou regular o comportamento do árbitro, pois o art. 32, da Lei de Arbitragem é claro ao
afirmar que a sentença proferida por um árbitro terá a mesma força como se fosse de um juiz togado. Cabe ao árbitro analisar e decidir qual medida seria
melhor aplicada.
39.1. A DISCUSSÃO SOBRE TUTELA ANTECIPADA NA ARBITRAGEM
Sabe-se que a tutela antecipada, disciplinada nos arts. 300 a 303, do CPC/15, reflete a realidade do mundo contemporâneo, as necessidades, os
problemas, as aspirações atuais da sociedade civil.
Os métodos tradicionais são muito demorados e, se tratando de uma medida de urgência, surge o dever de criar algo alternativo que possa ser capaz de
atender àquelas necessidades com mais velocidade. Isso ocorre em razão do tempo, de situações fáticas e jurídicas que podem ser comprometidas, ou seja,
para que não haja prejuízo que não se possa solucionar, são utilizados determinados instrumentos de forma a viabilizar o processo com a finalidade de
evitar qualquer tipo de prejuízo a uma das partes.
Portanto, nada mais lógico entender a possibilidade de uso deste instrumento nas demandas existentes no âmbito da arbitragem.
Ora, as partes renunciam a justiça comum e elegem a justiça privada, a fim de que solucione todos os conflitos advindos de um contrato. Dessa
maneira, elas estarão confiando a um árbitro julgar aquela causa. Portanto, qual seria o problema do juízo arbitral, autorizado pelas partes para dirimir todas
as suas necessidades, conceder a tutela antecipada?
O árbitro é eleito pelas partes por mera confiança, não havendo, neste caso, qualquer motivo que o impeça de decretar a tutela antecipada.
Aliás, se eleito livremente pelas partes, portanto, está preparado para analisar o caso, se optar em conceder a tutela antecipada ou a medida cautelar
poderá fazê-lo sem a intervenção do Poder Judiciário.
Por estas razões conclui o professor Pedro Antônio Batista Martins:
Não há porque negar ao árbitro a possibilidade de antecipar a tutela seja por conta da aplicação à arbitragem – por escolha das partes – das regras processuais nacionais (e, se aplicável ao
procedimento comum, a antecipação de tutela vem à baila), seja por conta de expressa adoção desta técnica de potencialização da eficácia da tutela jurisdicional no procedimento criado ou
escolhido pelas partes para solucionar seu litígio. E considerando que a antecipação da tutela nada mais é do que técnica que permite ao julgador desde lodo conceder à parte um, alguns ou
todos os efeitos que a decisão final haverá de produzir (no momento oportuno) é evidente que caberá ao árbitro – e não ao juiz togado – tomar decisão a respeito, devendo a parte
interessada na obtenção do provimento dirigir-se ao juiz privado (e não ao estatal). Decidida pelo árbitro a antecipação de tutela, resta saber se haverá ou não necessidade de concurso de
força para sua implementação. Se houver, o auxílio do juiz togado será requisitado nos mesmos moldes relatados anteriormente.379

É claro que a exceção se dará quando não houver o cumprimento de uma das partes da decisão arbitral, devendo solicitar auxilio ao Poder Estatal para
seu efetivo cumprimento, pois o Poder Judiciário que detém da competência para efetivá-las, caso se faça necessário atos materiais de coerção. Portanto,
deve-se distinguir a concessão e a efetivação da medida, uma vez que cabe ao órgão arbitral conceder ou decretar, mas precisará do judiciário para a sua
efetivação. Importante sustentar que o juiz e o árbitro encontram-se no mesmo grau de hierarquia quando se fala em cooperação entre as suas jurisdições.380
Contudo, a verdade dos fatos é que a Lei de Arbitragem trouxe grande discussão doutrinária a possibilidade ou não do árbitro ser detentor do poder de
decretar medidas cautelares e, sobretudo, a antecipação de tutela.
Pois bem, muitos autores negavam esta possibilidade e afirmavam que tal poder apenas o juiz togado deteria.
Entretanto, outros, menos conservadores, acreditavam que o juiz arbitral poderia até decretar uma tutela antecipada ou uma liminar ou uma medida
cautelar, mas não teria o imperium, ou seja, o poder de efetivá-las.
Além do mais, a Lei de Arbitragem possuía uma grave falha, pois não havia previsão de que, antes de ser iniciado o procedimento arbitral, pudessem
ser concedidas tutelas cautelares e antecipadas para resguardar os interesses das partes que estivessem em situação de urgência.
Assim, a Lei n.º 13.129/2015 acrescentou um importante capítulo na Lei n.º 9.307/96 prevendo a possibilidade de serem concedidas tutelas cautelares e
de urgência antes e durante o procedimento arbitral.
Desse modo, tendo o árbitro os mesmos poderes de um juiz togado, exceto o poder coercitivo, estará ele autorizado pela convenção arbitral a decretar
tutelas cautelares e de urgência. Se as partes optaram por não levar a demanda ao Judiciário, fica claro que a influência do Estado será desnecessária, pois o
árbitro terá autonomia para proferir a decisão final.
A Lei n.º 13.129/2015 estabeleceu que, se for necessária alguma medida cautelar ou de urgência e ainda não houver sido instituída a arbitragem, as
partes poderão requerê-las junto ao Poder Judiciário.
Desta feita, caíram por terra os entendimentos sustentados pela minoria de doutrinadores ao dizerem que, se a convenção de arbitragem nada dispuser a
respeito das medidas acautelatórias ou antecipatórias, havendo necessidade de concessão, esta poderá ser pleiteada mesmo não tendo sido instituído o juízo
arbitral.
Prevalece o entendimento de que as medidas cautelares previstas no processo arbitral têm cunho exclusivamente incidental, pois do contrário não
poderão ser solicitadas pelo árbitro. Devem os compromitentes, se necessário, antes de instituição do juízo arbitral, propor ações cautelares preparatórias no
juízo arbitral.381
Assim, a título de exemplo, a empresa prejudicada poderá pedir ao juiz que conceda uma medida de urgência no sentido de que a outra empresa
continue fornecendo a matéria-prima ajustada no contrato até que a disputa contratual seja resolvida pelos árbitros, sob pena de multa diária.
Depois de conseguir a medida pleiteada junto ao Poder Judiciário, a parte terá que requerer a instituição da arbitragem em até 30 dias, sob pena de a
medida ser cessada.
Ressalta-se, por fim, que a medida cautelar ou de urgência concedida pelo Poder Judiciário é provisória e, depois de instituída a arbitragem, os árbitros
irão reexaminá-lo e poderão mantê-la, modificá-la ou revogá-la.
Posto isto, diante de todos estes argumentos, é certo que o árbitro poderá, se houver necessidade, atender ao pedido das partes, conceder ou decretar a
tutela antecipada, mas não somente, também medidas cautelares e coercitivas.
Ao Estado-Juiz não é conferido pelo sistema qualquer poder para rever ou modificar a decisão concessiva de tutela emergencial proferida em juízo
arbitral, cabendo, apenas, em caso de não cumprimento de uma das partes da decisão arbitral, exercer o imperium, isto é, dar efetividade àquela sentença
que concedeu o provimento antecipatório, ou seja, o árbitro não tem o poder de coerção, pois esse poder é privativo do estado.382 O árbitro é um juiz de fato
e de direito e possui autonomia para conceder a tutela antecipada.
40. A COOPERAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO
A sociedade está em constante evolução, e suas relações intersubjetivas se mostram cada vez mais intensas e complexas. Tal realidade nos leva a
refletir e buscar meios de solução de conflitos advindos dessa convivência. Meios alternativo à sobrecarregada jurisdição estatal e adequado às
peculiaridades do litígio.
Dentro deste contexto, surge o CPC/15 dando ênfase nos princípios e garantias fundamentais do processo. Reafirmam-se e especificam-se vetores
constitucionais. É nesse contexto que se insere a consagração do dever de cooperação.
A relação da arbitragem com o Poder Judiciário que, neste liame atua em cooperação sempre que necessário para assegurar tutelas de urgência antes de
inaugurado o procedimento arbitral, durante o bom andamento deste, bem como após, em eventuais ações de execução da sentença arbitral, impugnação ou
anulação do procedimento arbitral.
Ao se considerar a sentença arbitral como um equivalente jurisdicional, pois o árbitro ou Tribunal Arbitral, mesmo tendo o dever de imparcialidade e
independência, não tem o poder de coercibilidade, próprio dos juízes togados.383
Com isso, diante da recusa de uma das partes que aceitou o procedimento arbitral antes ou depois do conflito, o Tribunal Arbitral pode e deve acionar o
Poder Judiciário para determinar as providências cabíveis e necessárias à efetivação da arbitragem. Eis o Poder Judiciário atuando em cooperação ao
procedimento arbitral sem, com isso, usurpar suas competências legais.
A cooperação do Juízo estatal na arbitragem é um auxílio necessário e pertinente sempre que a decisão arbitral precise ser efetivada.
Nesse ponto, ensina Câmara:
(...) há relações entre a arbitragem e o Poder Judiciário que são necessárias para que a arbitragem seja efetivada (ou seja, para que atribua ao titular do direito aquilo que ele tem direito de
obter). 384

Mas, na prática, como se dá a cooperação da jurisdição estatal na arbitragem?


Antes de adentrarmos ao cerne da questão, é de bom alvitre que, ainda que às partes é possível dispor livremente de seus direitos patrimoniais e eleger a
arbitragem como meio mais adequado para esse fim, a Constituição da República de 1988 (art. 5.º, XXXV) e o CPC/15, art. 3.º, estabelecem que não se
excluirá da apreciação do Poder Judiciário ameaça ou lesão a direito.
Há um equilíbrio entre o princípio da autonomia da vontade que rege o procedimento arbitral e o princípio da inafastabilidade da jurisdição.
São várias as hipóteses em que ocorre uma relação de cooperação entre a jurisdição estatal e a arbitral.
Sabe-se que as partes se vinculam à jurisdição arbitral a partir do momento que realizam uma convenção arbitral, a qual, por sua vez, pode se dar por
meio de cláusula compromissória ou compromisso arbitral. Diferenciando um e outro quanto ao momento de sua realização, se antes ou após surgir o
conflito. Enquanto a primeira é convencionada contratualmente, onde as partes aceitam submeter conflito futuro decorrente da execução do contrato à
arbitragem, o compromisso arbitral é convencionado após surgir o litígio que envolva direito patrimonial disponível.
Havendo uma cláusula ou compromisso arbitral, e uma das partes decidir submeter o conflito ao Poder Judiciário, caberá ao demandado, nas
preliminares de contestação, alegar a existência de convenção de arbitragem, na forma do art. 337, X, do CPC/15.
Em razão do princípio da autonomia da vontade relativo à jurisdição arbitral, no caso acima, o juiz não pode conhecer a convenção de arbitragem de
ofício (§ 5.º, do art. 337, do CPC/15), motivo pelo qual não sendo alegada a convenção arbitral, ocorrerá a derrogação da jurisdição arbitral pela renúncia
tácita do réu, nos termos do par. 6º do art. 337 do CPC/15, in verbis:
§ 6.º A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral.

Alegando o réu a convenção arbitral, deve o Poder Judiciário extinguir o processo sem resolução do mérito, nos termos do art. 485, VII, do CPC/15,
remetendo os autos do processo ao Tribunal Arbitral competente.
Quanto à decisão que rejeitou a alegação de convenção de arbitragem, cabe recurso de agravo de instrumento, conforme art. 1.015, III, do CPC/15.
Em que pese a existência de uma convenção de arbitragem, antes que ela se instale definitivamente, com o aceite do árbitro, haverá situações em que as
partes poderão se socorrer ao Poder Judiciário com o fim de buscar uma tutela de urgência. É a inteligência dos arts. 22-A e 22-B, da Lei n.º 9.307/96.
Uma hipótese interessante de cooperação do Poder Judiciário também está disposta no art. 7.º, da Lei n. 9.307/96, in verbis:
Art. 7.º Existindo cláusula compromissória e havendo resistência quanto à instituição da arbitragem, poderá a parte interessada requerer a citação da outra parte para comparecer em juízo a
fim de lavrar-se o compromisso, designando o juiz audiência especial para tal fim.

A partir do momento que as partes aceitam uma cláusula compromissória, elas se vinculam a, surgindo conflitos decorrentes do contrato, estipularem
um compromisso arbitral. Havendo recusa de uma delas, gera para a outra parte o direito de obter uma tutela jurisdicional no sentido de compeli-la a
assumir o compromisso arbitral.
Sobre essa particularidade:
(...) ao ser celebrada a cláusula compromissória, as partes assumiram, uma perante a outra, uma obrigação de fazer: a obrigação de emitir declaração de vontade (ou, mais especificamente,
a obrigação de celebrar o compromisso arbitral). O descumprimento, por qualquer das partes, dessa obrigação de fazer, gera para a outra parte o direito de obter tutela jurisdicional
específica, através de um provimento jurisdicional que lhe assegurará resultado prático equivalente ao do adimplemento. Assim sendo, proposta a demanda a que se refere o art. 7º da Lei
de Arbitragem, estará o demandante buscando uma sentença que seja capaz de produzir os mesmos efeitos da declaração de vontade não emitida, substituindo o compromisso arbitral não
celebrado.385

Sob a égide do procedimento estatuído no art. 7.º, da Lei n.º 9.307/96, o juiz designará audiência especial para, inicialmente, tentar a conciliação (§ 2.º)
entre as partes ou, restando infrutífera a autocomposição, dar início às tratativas de criação do compromisso arbitral que se materializará com a sentença
que julgar procedente o pedido do autor (§ 7.º).
Cumpre destacar que, não comparecendo o autor na audiência designada para lavratura do compromisso arbitral, importará na extinção do processo
sem julgamento do mérito, na forma do art. 7.º, § 5.º, da Lei n.º 9.307/96. Por outro lado, não comparecendo o réu, caberá ao juiz, ouvido o autor, estatuir a
respeito do conteúdo do compromisso, nomeando árbitro único (§ 6.º).
A cooperação entre os juízos arbitral e estatal também ocorre durante o procedimento arbitral, quando o árbitro defere medida liminar na forma do
parágrafo único, do art. 22-B.
Nesse caso, se a parte não cumpre espontaneamente a tutela de urgência proferida pelo árbitro, este pode expedir carta arbitral direcionada ao juiz
togado para que este, único com poder de império, pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato solicitado pelo
árbitro, nos termos do art. 22-C, da Lei de Arbitragem.
Salienta-se que, nos termos do CPC/15, se dá através de um novo instituto inserido no CPC/15, que é a Carta Arbitral. Através deste instrumento
jurídico é que formalmente se darão os pedidos de cooperação entre os juízes e árbitros.
40.1. A CARTA ARBITRAL COMO MEIO DE COOPERAÇÃO
A carta arbitral é o grande instrumento de cooperação entre os juízos arbitral e estatal, por meio do qual o juiz togado poderá auxiliar o árbitro, por
exemplo, quando a testemunha se recusa a comparecer sem justa causa, caso em que será determinada a sua condução coercitiva. Esse importante
instrumento de cooperação do Poder Judiciário na arbitragem está previsto no CPC/15, inciso IV, do art. 237 c/c § 3.º, do art. 260, in verbis:
Art. 237. Será expedida carta: (...)
IV - arbitral, para que órgão do Poder Judiciário pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato objeto de pedido de cooperação judiciária formulado
por juízo arbitral, inclusive os que importem efetivação de tutela provisória. (...)
Art. 260. São requisitos das cartas de ordem, precatória e rogatória:
I - a indicação dos juízes de origem e de cumprimento do ato;
II - o inteiro teor da petição, do despacho judicial e do instrumento do mandato conferido ao advogado;
III - a menção do ato processual que lhe constitui o objeto;
IV - o encerramento com a assinatura do juiz. (...)
§ 3.º A carta arbitral atenderá, no que couber, aos requisitos a que se refere o caput e será instruída com a convenção de arbitragem e com as provas da nomeação do árbitro e de sua
aceitação da função.

O juízo estatal também atua em cooperação na arbitragem quando se faz necessário efetivar o cumprimento da sentença arbitral, não cumprida
espontaneamente pela parte vencida.
O art. 31, da Lei n.º 9.307/96, estatui que a sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida pelos
órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título executivo.
O mesmo ocorre quanto à nulidade da sentença arbitral, quando a parte interessada, nas hipóteses previstas no art. 32, da Lei n.º 9.307/96, poderá, no
prazo decadencial de 90 (noventa) dias após o recebimento da notificação da respectiva sentença, propor perante o Poder Judiciário uma ação para
declaração de nulidade da sentença arbitral, na forma do § 1.º, do art. 33, da Lei n.º 9.307/96.
Importante salientar que este instrumento jurídico não autoriza a juízes e desembargadores a revisão do mérito das decisões proferidas no âmbito
arbitral. Os atos de cooperação se limitam às determinações e prática de atos definidos em arbitragem.
Salienta-se, ainda, que a alegação de existência de cláusula arbitral deve ser feita na primeira oportunidade em que couber a parte falar nos autos, sob
pena de preclusão.
40.2. A COOPERAÇÃO NA CONCESSÃO DAS TUTELAS CAUTELARES E DE URGÊNCIA
A Lei n.º 13.129/2015 acrescentou um importante capítulo na Lei n.º 9.307/96 prevendo a possibilidade de serem concedidas tutelas cautelares e de
urgência antes e durante o procedimento arbitral.
Buscou-se, assim, trazer efetivamente harmonia entre o judiciário e a arbitragem através da cooperação, pois antes disso não havia previsão de que
antes de ser iniciado o procedimento arbitral pudessem ser concedidas tutelas cautelares e antecipadas para resguardar os interesses das partes que
estivessem em situação de urgência.
O art. 22-A, da Lei n.º 13.129/2015, estabeleceu que, se for necessária alguma medida cautelar ou de urgência e ainda não houver sido instituída a
arbitragem, as partes poderão requerê-las junto ao Poder Judiciário. A Lei estabelece que depois que as partes conseguirem a medida pleiteada junto ao
Poder Judiciário, estas terão que requerer a instituição da arbitragem em até 30 dias.
A medida cautelar ou de urgência concedida pelo Poder Judiciário, art. 22-B, Lei de Arbitragem, é provisória e, depois de instituída a arbitragem, os
árbitros irão reexaminá-la e poderão mantê-la, modificá-la ou revogá-la.
A nova lei trouxe de forma acertada que a arbitragem poderá conceder medidas cautelares ou de urgência depois de instaurado o procedimento arbitral,
tratando-se de grande evolução, haja vista que o CPC/73 determinava que estas medidas deveriam ser requeridas pelo árbitro ao Poder Judiciário.
Assim sendo, fica clarividente a busca pela cooperação entre os institutos envolvidos na solução do conflito a fim de resguardar acima de tudo os
interesses das partes que estivessem em situação de urgência.
A opção, pelas partes, por solucionar eventuais conflitos decorrentes de uma relação jurídica que envolva direitos patrimoniais disponíveis por meio da
arbitragem, embora derrogue a competência da jurisdição estatal por força da Lei n.º 9.307/96, não exclui o seu importante papel na efetivação do processo
arbitral.
Por fim, Alexandre Freitas Câmara, assevera que:
Não obstante ser a arbitragem um mecanismo alternativo à justiça estatal, sem a atuação do Estado, através de seus órgãos jurisdicionais, não poderá a arbitragem atingir os resultados
pacificadores a que se destina, o que a inviabilizaria como mecanismo de resolução de conflitos. Daí, pois, extrai-se a relevância da atuação do Poder Judiciário, que não é só o mais
importante organismo de pacificação social conhecido, mas é também o de fundamental relevância para que os demais entes de pacificação social possam atingir seus escopos.386

Ademais, a regra pertinente e necessária na atual conjuntura processual inaugurada com o CPC/15 é da cooperação, que recebeu um capítulo próprio do
referido códex, qual seja, “Da Cooperação Nacional”.
Conforme o art. 67, do CPC/15, aos órgãos do Poder Judiciário, estadual ou federal, especializado ou comum, em todas as instâncias e graus de
jurisdição, inclusive aos tribunais superiores, incumbe o dever de recíproca cooperação, por meio de seus magistrados e servidores.
Seguindo esse princípio, o § 1.º, do art. 69, do CPC/15, que seguirão o regime da cooperação em tela as cartas de ordem, precatória e arbitral.
A cooperação entre as jurisdições estatal e arbitral é fundamental para um deslinde rápido e eficaz da controvérsia, sendo a Carta Arbitral certamente o
instituto próprio para tanto.
O Poder Judiciário, portanto, assume um papel de garantidor dos efeitos legais decorrentes da decisão do árbitro, sumária ou exauriente, pois somente o
juiz togado detém o poder de império para obrigar as partes de um procedimento arbitral.
41. SENTENÇA ARBITRAL
Sentença arbitral é “o ato mais relevante do árbitro por ele capitaneado, sendo momento em que o julgador outorga a prestação jurisdicional pretendida
pelas partes”.387
A sentença é um fato jurídico e, como documento, assevera um juízo formado por um raciocínio crítico, através do qual o órgão do Poder Judiciário
elege, entre as razões do autor e do réu (ou até mesmo de um terceiro), a solução que lhe parecer mais adequada ao caso concreto; e o juiz chega a este
momento culminante mediante um processo intelectual, de elaboração progressiva, denominado de gênese lógica da sentença.388
As mesmas considerações devem ser aplicadas ao juízo arbitral: também o árbitro ouvirá as partes, recolhendo lhes argumentos e provas, para ao final
optar pela solução mais consentânea ao direito e à justiça; também o árbitro resolverá todas as questões fáticas e jurídicas trazidas pelos litigantes para, ao
final, proferir a decisão que entregará a tutela pleiteada (tanto pelo autor como pelo réu, eis que na arbitragem o réu pode formular pedido contraposto, de
sorte que a posição de autor ou de réu é meramente formal).
O laudo arbitral não emana de um órgão do Estado em sentido jurídico material, é ele substancialmente equiparável a uma sentença, pois participa do
mesmo caráter imperativo desta e possui autoridade da coisa julgada.389
A sentença arbitral é um pronunciamento do árbitro ou tribunal arbitral para encerrar o procedimento, sendo o ápice do procedimento, pelo qual se
realiza a prestação jurisdicional buscada pelas partes.390
Vale lembrar, que a sentença ou laudo arbitral391 é o instrumento pelo qual os árbitros proferem decisão que resolve os litígios a eles submetidos, de
maneira definitiva e obrigatória.392
Para não deixar dúvida quanto a sua natureza, a lei determina que a decisão do árbitro constitua uma sentença e, como tal, sem se ater a um apego literal
ao art. 203, § 1.º, do CPC/15, segundo o qual a sentença é o ato que revela o conteúdo dos arts. 485 e 487, do mesmo diploma legal, é dotada da mesma
eficácia do provimento judicial transitado em julgado nos termos do art. 31, da Lei de Arbitragem, e, deve ser proferida por escrito (art. 24, da Lei de
Arbitragem).393
Tal conceito não é problemático de se encontrar, como ocorre com a sentença arbitral, sendo correto afirmar que, com base no art. 29, da Lei de
Arbitragem, optou o legislador por adotar um critério finalístico para a sentença arbitral, uma vez que, proferida a sentença, dá-se por finda a arbitragem.394
Assim como a sentença judicial pode decidir o litígio quanto à matéria de fundo, ou apenas concluir pelo não cabimento da arbitragem, ao menos
naquele instante, inclusive, dentre outros motivos, até mesmo por faltar ao caso de arbitrabilidade objetiva ou subjetiva. Nestes casos, aos interessados
restará o judiciário para análise do mérito da controvérsia.395
Lembre-se que o árbitro é o juiz de fato e de direito e, nessa qualidade, nos termos dos arts. 18 e 31, da Lei de Arbitragem, prolata a sentença que
constitui título executivo judicial (art. 515, VII, do CPC). 396
Todavia, como não tem poderes coercitivos, o cumprimento forçado da sentença dar-se-á pelo procedimento judicial, conforme veremos.
As sentenças arbitrais, assim como as judiciais podem ser, portanto:
a) Terminativas, de conteúdo meramente processual, quando, por exemplo, reconhecem a invalidade do compromisso arbitral ou o impedimento
ou a suspeição sem que haja possibilidade de substituição do árbitro, porque assim foi convencionado (art. 12, I e II, da Lei de Arbitragem);
b) Definitivas, aquelas que reconhecem o direito de uma das partes e podem ser, assim como as sentenças judiciais, condenatórias, constitutivas
ou declaratórias.
A sentença pode ser terminativa ou definitiva, esta julga o mérito, enquanto que aquela, não. A sentença que julga o pedido procedente, no todo ou em
parte, e a de improcedência, são exemplos de sentenças definitivas. A sentença que extingue o feito, sem resolução de mérito, ao argumento de que a
matéria é inarbitrável (objetiva ou subjetiva), ou, ainda, que reputa como nula a convenção de arbitragem, é exemplo de sentença terminativa. Neste caso,
as partes precisarão resolver o conflito no Poder Judiciário.397
A classificação realmente importante das sentenças (considerando tanto a decisão do juiz singular como o acórdão dos tribunais) é a que leva em conta
a natureza do bem jurídico visado pelo julgamento, ou seja, a espécie de tutela jurisdicional concedida à parte.398
Tanto as que se dizem executivas como as mandamentais realizam a essência das condenatórias, isto é, declaram a situação jurídica dos litigantes e
ordenam uma prestação de uma parte em favor da outra. A forma de realizar processualmente essa prestação, isto é, de executá-la, é que diverge. A
diferença reside, pois, na execução e respectivo procedimento. Sendo assim, não há razão para atribuir uma natureza diferente a tais sentenças.399
Pontes de Miranda entende que deve prevalecer a classificação quinária, senão vejamos:
a) A ação declarativa é a ação a respeito de ser ou não ser a relação jurídica;
b) De regra, a ação constitutiva prende-se à pretensão constitutiva, res deducta, quando se exerce a pretensão à tutela jurídica. Quando a ação constitutiva é ligada ao direito,
imediatamente, não há, no plano da res in iudicium deducta, pretensão constitutiva (há-a, no plano do direito subjetivo à tutela jurídica, que é a especialização, pelo exercício da pretensão à
tutela jurídica em pretensão constitutiva);
c) A ação de condenação supõe que aquele ou aqueles, a quem ela se dirige tenham obrado contra direito , que tenha causado dano e mereçam, por isso, ser condenados (condamnare);
d) A ação mandamental prende-se a atos que o juiz ou outra autoridade deve mandar que se pratique. O juiz expede o mandado, porque o autor tem pretensão ao mandamento e, exercendo
a pretensão à tutela jurídica, propôs a ação mandamental;
e) A ação executiva é aquela pela qual se passa para a esfera jurídica de alguém o que nela devia estar, e não está.400

Sendo terminativa ou definitiva, quanto à abrangência, a sentença arbitral poderá ser:


a) Parcial, nos termos do § 1.º, do art. 23 da Lei de Arbitragem, incluído pela Lei n.º 13.129/2015, segundo o qual “os árbitros poderão proferir sentenças parciais”. Com a sentença parcial,
a parte interessada pode, desde logo, exigir o cumprimento daquilo que já foi decidido e prosseguir na parte que ainda dependa de decisão arbitral;
b) Total, na exata medida em que enfrentar a integralidade da pretensão deduzida no processo.401

Não obstante o assunto de execução de sentença arbitral não tenha por objeto este capítulo, necessário se faz abordar a distinção acima, haja vista que
corrobora com a celeridade, característica do procedimento arbitral, não permitindo que a parte do pedido dependente de prova pericial, ou outra que
demande tempo, prejudique a parte do pedido que pode, desde logo, ser objeto de decisão e eventual execução.
Importante mencionar que a sentença arbitral tem a mesma força no nosso ordenamento jurídico que a sentença judicial. Ambas são títulos executivos
judiciais e, caso não sejam cumpridas espontaneamente, far-se-á necessário instaurar procedimento de cumprimento de sentença.402
Cumpre salientar que, assim como ocorre com a sentença judicial, a sentença arbitral deve ser fundamentada, sob pena de nulidade, haja vista o
disposto no art. 93, IX, da Constituição Federal de 1988.403
Destaca-se, ainda, que quanto à previsibilidade da decisão, também não haverá nenhuma grande diferença entre as sentenças arbitral e judicial. Isso
porque o árbitro, assim como o juiz togado, deve julgar com base nas leis e o espaço para interpretação é restrito. Lembremos que o julgamento de
equidade só é possível se as partes expressamente autorizarem. A solução para a lide deve ser a mais justa possível, com base nas provas que estão nos
autos, e observando-se o fim social e o bem comum da lei.404
Ademais, apesar de não estar escrito na Lei de Arbitragem, obviamente é o árbitro que está obrigado a decidir a lide, não podendo alegar que a causa é
complexa e não sabe como decidir. Neste sentido, aliás, o art. 140, do CPC/15, in verbis:
Art. 140 O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico.

A sentença arbitral poderá ser definitiva, decidindo o conflito (por exemplo, condenando ao pagamento da multa pelo descumprimento contratual), ou
meramente terminativa, pela qual o procedimento se encerra, mas a controvérsia persiste, e pode ser levada ao juízo estatal405 (por exemplo, reconhecida na
arbitragem a nulidade da convenção e, assim, o interessado deve apresentar sua pretensão perante o Poder Judiciário). Anote-se, nesta hipótese, que a
instauração da arbitragem interrompe a prescrição, conforme art. 19, § 2.º, da Lei n.º 9.307/96, de acordo com a inovação introduzida pela Lei n.º
13.129/2015.406
Decidindo pelo mérito, a sentença poderá ser condenatória, constitutiva ou declaratória, conceitos estes já conhecidos, relativos à tutela jurisdicional
outorgada de acordo com a pretensão das partes e a solução dada ao caso.
As sentenças de natureza declaratória e constitutiva não precisam passar pela fase de cumprimento de sentença. Destarte, num caso em que decida algo
sobre hipoteca ou propriedade de bem imóvel, é possível, ao vencedor da causa, levar a sentença arbitral para ser registrada diretamente ao tabelionato de
registro de imóveis. Contudo, se o tabelião se recusar a cumprir a decisão arbitral, que, repita-se, equivale a uma sentença judicial, então neste caso far-se-á
necessária intervenção do Judiciário, que determinará seja praticado o ato de registro.407
Também a sentença poderá ser meramente homologatória de acordo alcançado pelas partes e levado a conhecimento do árbitro (art. 28, da Lei n.º
9.307/96), mas mesmo nesta situação o pronunciamento deve preencher os requisitos obrigatórios (art. 26, da Lei n.º 9.307/96). 408
Em qualquer das situações, a sentença decidirá, como já visto, sobre a responsabilidade de litigância de má-fé (art. 27, da Lei n.º 9.307/96).
A nacionalidade da sentença dependerá estritamente do local em que for proferida, por força do parágrafo único do art. 34 da Lei de Arbitragem.409
Neste sentido, decidiu o Superior Tribunal de Justiça (STJ) que “o fato de o requerimento para instauração do procedimento arbitral ter sido apresentado à
Corte Internacional de Arbitragem da Câmara do Comércio Internacional não tem o condão de alterar a nacionalidade dessa sentença, que permanece
brasileira”.410 Melhor dizendo, pouco importa se o procedimento arbitral estiver sendo conduzido por uma instituição estrangeira, uma vez que o que
importa é o local no qual for proferida a sentença.
O controle dos tribunais estatais não se realiza da mesma maneira, segundo a internacionalidade ou nacionalidade da sentença arbitral. Na verdade,
certos países preveem um regime de controle judicial mais liberal das sentenças arbitrais internacionais proferidas em seu território, tendo como exemplo o
Decreto francês de 12.05.1981. Tal tendência não é seguida pelas legislações dos países referidos neste estudo, já que elas não fazem a distinção entre
arbitragem interna e arbitragem internacional. Todavia, o direito dos países do MERCOSUL distingue as sentenças nacionais das estrangeiras. Para
determinar a “nacionalidade” da sentença, o direito brasileiro e o uruguaio, por exemplo, adotam o critério geográfico,411 ou seja, tenha sido proferida fora
do território nacional.412
Uma parte da doutrina brasileira criticou a adoção de critério geográfico para determinar a nacionalidade da sentença,413 uma sentença arbitral proferida
no estrangeiro, entre partes brasileiras, sendo o direito brasileiro aplicável ao procedimento e ao mérito do litígio, deveria ser considerada uma sentença
nacional. Desta forma, esta sentença pronunciada num país estrangeiro receberia um tratamento diferenciado em relação às proferidas no território
brasileiro. Esta crítica foi também formulada no direito francês.414
Trata-se de situações excepcionais, escolhendo que a sentença arbitral seja proferida no estrangeiro, as partes devem assumir as consequências de suas
escolhas, considerando assim o regime de reconhecimento e de execução das sentenças arbitrais.415
Do mesmo modo no direito argentino, há esta controvérsia. Werner Goldschmidt considera que uma sentença proferida no estrangeiro, respeitando as
regras processuais argentinas, será uma sentença arbitral argentina.416 Grigera Naón observa, entretanto, que o art. 1.º, do CPCCN, estabelece que são
estrangeiras todas as arbitragens que se desenvolvem fora da Argentina e, por analogia, todas as sentenças arbitrais proferidas fora do território argentino
são estrangeiras, independentemente do direito aplicável ao procedimento.417
Quanto ao direito paraguaio, Mersan, escreve que “as sentenças arbitrais são consideradas internas quando proferidas no território nacional, mesmo que
os diversos elementos que interferem no processo da arbitragem (partes, árbitros, lei escolhida) sejam estrangeiros”.418 Mesmo assim, trata-se de uma
interpretação do art. 536, do CPC paraguaio. Na realidade, esta disposição faz referência às sentenças arbitrais proferidas por tribunais estrangeiros, de
forma que o legislador paraguaio uniu, portanto, a “nacionalidade” da sentença com a “nacionalidade” do tribunal arbitral. Porém, o tribunal arbitral não
possui foro, portanto, ele não tem “nacionalidade”.
Qual seria então o critério para determinar o caráter estrangeiro do tribunal arbitral? Poderíamos pensar na nacionalidade dos árbitros ou no lugar do
desenvolvimento da arbitragem. Mas, esses critérios não são determinantes para estabelecer a “nacionalidade” da sentença. Teria sido bem mais simples
fazer referência a um critério mais objetivo, como o do país onde a sentença é proferida, com o fim de se chegar a uma solução mais previsível.419
No que concerne à terminologia, no sistema primitivo a Lei n.º 9.307/96 falava-se em Laudo Arbitral, como ainda hoje algumas legislações estrangeiras
se referem a este pronunciamento.420 Mais adequada, porém, a terminologia atual, para marcar a nova sistemática introduzida pela lei, conferindo a força de
título executivo judicial à sentença arbitral,421 independentemente de homologação ou exame pelo Judiciário, como antes se fazia. E mais: deixa-se clara a
jurisdição exercida na arbitragem, inclusive confirmada pelo CPC/15 (art. 3.º, § 1.º).
A terminologia “sentença arbitral” é a mais utilizada atualmente em nosso direito, consoante podemos vislumbrar da Lei n.º 9.307/96. Tal nomenclatura
é utilizada no referido texto legal 36 vezes, sendo, inclusive, o nome atribuído ao Capítulo V da Lei de Arbitragem.
Não obstante, o Acordo sobre arbitragem comercial internacional do Mercosul realizado em Buenos Aires, promulgado no Brasil por meio do Decreto
n.º 4.719, de 04 de junho de 2003, prevê, também, a terminologia “laudo arbitral”, nos termos de seu artigo 20.1.422 Isso se dá, principalmente, pelo
ordenamento jurídico interno dos Estados-parte que ainda se utilizam desse termo.
Mais importante, porém, que a terminologia adotada é o significado deste pronunciamento que, em tudo e por tudo, equivale à sentença judicial. Assim,
em linguagem corriqueira, inexiste erro imperdoável falar-se em laudo arbitral como, aliás, a própria Lei n.º 9.307/96 na sua versão anterior à reforma de
2015, em uma passagem, assim se referia à sentença arbitral (art. 33, § 2.º, II).
A arbitragem é a atividade jurisdicional sim e, por essa razão, não há qualquer impropriedade em se referir à decisão final do árbitro como sentença
arbitral.
Existem dois motivos que levaram o legislador a abandonar a clássica dicotomia sentença-laudo adotada nos Códigos de Processo Civil de 1939 e
1973: o primeiro, mais importante e de ordem científica, diz respeito ao reconhecimento da natureza jurisdicional da arbitragem, de modo que não se
justificaria a adoção de diferença substancial (ontológica) – inexistente – entre a decisão do juiz togado e a do árbitro; e o segundo motivo para a alteração
da terminologia foi político, eis que o legislador mostrou sua intenção de fortalecer o resultado prático da atividade arbitral, deixando clara a equiparação
de efeitos entre a sentença estatal e sentença arbitral.423
42. PRAZO PARA SER PROFERIDA
O art. 23, da Lei de Arbitragem, determina que “a sentença arbitral será proferida no prazo estipulado pelas partes”. Caso nada tenha sido
convencionado, o prazo para a apresentação da sentença é de seis meses, contado da instituição da arbitragem ou da substituição do árbitro. O seu parágrafo
único, por outro lado, dispõe que “as partes e os árbitros, de comum acordo, poderão prorrogar o prazo estipulado”.424
O grande risco em se prever o prazo para a sentença arbitral, seja na convenção de arbitragem ou na ata de missão, prazo mais dilatado para a prolação
da sentença, é não conseguir cumpri-lo e, como consequência disso, a sentença pode ser anulada. Diz-se isso, porque o art. 32, VII, da Lei de Arbitragem
estabelece que “é nula a sentença arbitral se proferida fora do prazo, respeitado o disposto no artigo 12, inciso III, desta Lei”.425
O art. 12, III, da Lei de Arbitragem, dispõe que se extingue o compromisso arbitral tendo expirado o prazo a que se refere o art. 11, inciso III, desde que
a parte interessada tenha notificado o árbitro, ou o presidente do tribunal arbitral, concedendo-lhe o prazo de dez dias para a prolação e apresentação da
sentença arbitral.
A doutrina e a jurisprudência entendem que para ser requerida a nulidade da sentença arbitral prolatada fora do prazo, seja o de seis meses, ou outro
qualquer por elas entabulado, é imprescindível, ao se perceber que o prazo para tanto se escoou, que a parte interessada notifique o árbitro ou o presidente
do Tribunal arbitral para que profira sentença e apresente às partes, no prazo de dez dias.
A finalização do procedimento arbitral tem data conhecida, por definição das partes (na convenção arbitral ou no termo de arbitragem), ou por
disposição legal fixando o prazo de seis meses para ser proferida a sentença arbitral, como já mencionado o art. 23, da Lei de Arbitragem.426
O prazo legal conta-se da instituição da arbitragem (aceitando da investidura pelo árbitro ou árbitros – art. 19, da Lei n.º 9.307/96), facultado às partes
estabelecer outro termo, inclusive ao elegerem instituição arbitral que, em seu regulamento, adota regra diversa, como, por exemplo, considerando o prazo
a partir das alegações finais.427
Quando se projeta no procedimento a necessidade de ampla e complexa instrução probatória (inclusive por meio de prova pericial) é natural que, de
pronto, as partes já se manifestem a respeito da maior duração da arbitragem. De outro modo, se for menor a complexidade da matéria ou com prova
produzida de imediato, pode-se, inclusive, reduzir o prazo legal, optando por uma arbitragem expedita, como a proposta por alguns regulamentos de
instituição arbitral.428
Sendo legal ou convencional, o prazo pode ser alterado no curso do procedimento, e a qualquer momento, por vontade das partes, ao perceberem a
necessidade de sua prorrogação. Indispensável, para tanto, o consenso de todos os interessados, salvo, como sempre, diversa a previsão em convenção ou
regulamento.429
Além disso, a substituição do árbitro, por sua vez, faz restaurar o prazo primitivo, passando a ser a sua aceitação o marco inicial da contagem, se como
termo na instituição da arbitragem.
Verifica-se o impacto deste prazo na arbitragem, pois se fosse “impróprio” como é para a sentença judicial (e há previsão, em certos casos, para ser
proferida), e desprovido de qualquer repercussão prática, de nada adiantaria ocupar-se com a questão.
Neste aspecto, a Lei é severa, uma vez que a sentença arbitral proferida fora do prazo será nula (art. 32, VII, da Lei n.º 9.307/96), porém, para tanto,
deve ser “respeitado o disposto no art. 12, inciso III, desta Lei”, ou seja, cabe à parte interessada notificar o árbitro ou o presidente do tribunal arbitral.
Grave será o efeito do julgamento extemporâneo, porém, este rigor se ameniza pela inércia das partes em provocar o julgamento mediante comunicação
ao juízo arbitral específica para este fim.430
A lei, impropriamente, só se refere a esta comunicação prévia para impedir a “extinção do compromisso arbitral”, pois a esta regra se reporta o artigo
no qual se prevê a nulidade da sentença (art. 32, VII, c/c art. 12, da Lei n.º 9.307/96). Em outras palavras, pela literalidade da norma, a exigência da prévia
comunicação só seria para o caso de prazo instituído pelo compromisso arbitral, e não para aqueles estabelecidos pela cláusula, ou mesmo para o prazo
legal.
A lei disse menos que deveria, o princípio da provocação pelo interessado para obter o cumprimento do prazo, sem o qual não se pode vulnerar a
sentença arbitral tardia.431 Diz-se isso porque, primeiro se prestigia a vontade das partes, como é comum na arbitragem, de tal sorte que, se satisfeitos os
interessados com o desenrolar do procedimento, não seria adequado uma decisão precipitada, às vezes por poucos dias, apenas para cumprir o prazo,
deixando, assim, adequadamente nas mãos destes o poder para provocar o encerramento da arbitragem. A seu turno, como em relação a diversas outras
questões, o quanto se tem para o compromisso também se terá para a cláusula arbitral, guardadas as suas particularidades, tanto é que também se
extinguirá, tal qual o compromisso, pela inércia do árbitro após devidamente provocado.
Ademais, seria também inadequado deixar a critério da parte passar o prazo para, segundo o resultado da sentença, se em seu desfavor (e sempre haverá
um “vencido” ao menos em parte), invocar o vício; melhor seria, neste caso, que a sentença nem fosse proferida.
De qualquer modo, sempre o bom-senso e a razoabilidade na interpretação das regras recomendam que seja necessária a prévia comunicação, em
qualquer situação (prazo legal ou convencional, previsto em compromisso ou cláusula, ou seja, na Convenção Arbitral), como requisito indispensável à
drástica medida de invalidação da sentença arbitral.
Feitas estas considerações sobre o prazo final, tem-se pouca importância a forma de contagem do período mensal (diferente que é da fluência do prazo
em dias) e, ainda, igualmente de menor significado discutir quando se considera prolatada a decisão, pois para cumprimento do prazo legal de tolerâncias
de 10 (dez) dias, conforme a Lei n.º 9.307/96.
43. REQUISITOS DA SENTENÇA ARBITRAL: RELATÓRIO, FUNDAMENTAÇÃO E DISPOSITIVO
Ao tratar do tema em questão, é essencial expor que o modelo adotado pelo nosso legislador para a sentença arbitral é o mesmo da sentença estatal,
consoante dispõe o art. 489, do CPC/15, de forma que fortalece a identidade das sentenças respectivas quanto à eficácia jurídica do pronunciamento
jurisdicional.432
Neste sentido de identidade de modelos, podemos entender que tanto o arcabouço doutrinário quanto jurisprudencial adotados na sentença estatal
(judicial), também deverão ser aplicados em sentença arbitral, com algumas particularidades.
O art. 26 da Lei n.º 9.307/96 elenca a ideia de que o legislador buscou assemelhar a estrutura da sentença arbitral com a estrutura da sentença estatal, de
forma a estabelecer um modelo lógico que possibilite às partes aferir o trabalho do árbitro e verificar se suas teses, requerimentos e provas foram
apreciados pelo julgador, com o devido cuidado e atenção.433
Conforme o art. 26 da Lei n.º 9.307/96, a sentença arbitral possui requisitos obrigatórios, quais sejam: o relatório, que conterá os nomes das partes e um
resumo do litígio (inciso I), os fundamentos da decisão, onde serão analisadas as questões de fato e de direito, mencionando-se, expressamente, se os
árbitros julgaram por equidade (inciso II), o dispositivo, em que os árbitros resolverão as questões que lhes forem submetidas e estabelecerão o prazo para
o cumprimento da decisão, se for o caso (inciso III); e, a data e o lugar em que foi proferida (inciso IV).
A importância desses requisitos é de que todos os envolvidos com o processo arbitral saibam como foi o trabalho do árbitro, de forma que cada
requisito presta essencial papel dentro do decisório arbitral.434
Cumpre salientar, que a ausência de qualquer desses requisitos impõe a nulidade da sentença arbitral, consoante o art. 32, III, da Lei de Arbitragem.
O art. 33, da Lei de Arbitragem, dispõe que a parte interessada poderá pleitear ao órgão do Poder Judiciário competente a decretação da nulidade da
sentença arbitral, como nos casos previstos na lei. Caso intenta a demanda de nulidade de sentença arbitral, esta seguirá o procedimento comum, previsto
no CPC/15, e deverá ser proposta no prazo de 90 (noventa) dias após o recebimento da notificação da sentença arbitral ou de seu aditamento.
Desta forma, a sentença que julgar procedente o pedido, decretará nulidade de sentença arbitral, conforme § 2.º, do art. 33, da Lei de Arbitragem.
Já os Códigos de Processo Civil da República Argentina e do Uruguai não impõem condições especiais para decisão final dos árbitros, mas o direito
brasileiro e direito paraguaio aplicam às sentenças arbitrais as menções que são obrigatórias para os julgamentos estatais.435
Entretanto, o método adotado por esses países é distinto, o art. 806, do CPC, do Paraguai dispõe expressamente que a sentença terá a mesma forma de
um julgamento e menciona diretamente o art. 159, do referido CPC.436
43.1. RELATÓRIO
No relatório se identifica o litígio tal como apresentado, seja convenção ou na ata de missão (termo de arbitragem).437 Isto porque, as partes podem
moldurar o conflito, excluídas questões da jurisdição arbitral (por exemplo, submetendo tal ou qual previsão contratual à arbitragem, mas não todas as
potenciais divergências possíveis de ocorrer quanto ao contrato).
O relatório deve conter os nomes das partes e um resumo do litígio, consoante art. 26 da Lei de Arbitragem. Também no relatório devem ser pontuados
os pedidos formulados pelas partes, pontos controvertidos, provas produzidas, dando a exata dimensão da arbitragem.438
Assim como na sentença estatal, o relatório é uma síntese do processo e demonstra que o julgador analisou todo conteúdo do processo e tem o pleno
conhecimento da demanda que está sob sua análise.439
O relatório da sentença arbitral possui duas funções: a primeira é que serve para identificar o litígio que está sendo dirimido, estabelecendo os
parâmetros e as balizas da sentença, e, a segunda, indica a função psicológica de demonstrar aos litigantes que suas razões foram analisadas no julgamento
que culminou na sentença arbitral.440
Um relatório bem feito ajuda os árbitros a entender quais são as questões postas, assim como o teor das provas apresentadas e, ainda, passa as partes e
seus advogados que o árbitro conhece os fatos do processo.441
A ausência do relatório implica em nulidade insanável442 da sentença arbitral, nos termos do art. 32, III, da Lei n.º 9.307/96, pois demonstra ou, ao
menos, não há a demonstração efetiva de que, em tese, o árbitro fez a devida análise da lide levada pelas partes.
No processo civil brasileiro, salvo exceções legais, o relatório é uma exigência que visa assegurar que o juiz tenha tomado conhecimento do que há de
relevante para o julgamento, sob pena de nulidade.443
O relatório se presta a estabelecer os limites do que foi submetido à arbitragem, com reflexos, inclusive, em eventual nulidade da sentença arbitral, vez
que será nula se “for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem” ou “não decidir todo o litígio submetido à arbitragem.444
Destaca-se que, além de demonstrar o conhecimento da lide quando da feitura do relatório pelo árbitro, ao fixar os parâmetros e as balizas da sentença,
o mesmo possibilita aos litigantes, na própria sentença, verificar se a atuação ocorreu dentro dos limites da convenção de arbitragem, que em caso de
desrespeito pode implicar na nulidade reflexa da sentença arbitral, nos termos do art. 32, IV da Lei de Arbitragem.
43.2. FUNDAMENTAÇÃO
A propósito da fundamentação mantém a norma a necessidade de motivação das decisões jurisdicionais, sendo, portanto, modelo histórico em nosso
sistema jurídico, adotando, portanto, a fundamentação das decisões judiciais e administrativas (princípio constitucionalmente assegurado no art. 93, IX da
Constituição Federal de 1988).445
Na fundamentação ocorre uma subsunção dos fatos à norma ou ao equilíbrio da justiça proclamado pelo julgador (quando se fizer a arbitragem por
equidade).
Neste momento, o árbitro oferece aos destinatários da arbitragem a racionalidade de sua convicção em um ou outro sentido, desde sua leitura da
situação fática até as razões pelas quais, em seu entender, autorizam a solução adotada por tê-la como a mais adequada ao caso concreto.
Mesmo que não houvesse previsão da fundamentação como requisito da sentença arbitral, haveria a necessidade de que a sentença arbitral fosse
motivada, sob pena de nulidade, por ser este um requisito de ordem constitucional.446
É, portanto, de grande valia que uma sentença arbitral seja bem delineada fundamentalmente, até mesmo para, diante das partes e seus patronos,
esclarecer a importância, o acerto na escolha do árbitro, dando valor à confiança nele depositada.
Assim, seguindo a diretriz constitucional, o inciso II, do art. 26, da Lei n.º 9.307/96, impôs como requisito obrigatório da sentença arbitral a
apresentação dos fundamentos da decisão, com a análise das questões de fato e de direito, devendo ainda os árbitros mencionarem se podem julgar por
equidade
Na arbitragem por equidade, deve se ter em mente que quando assim autorizado pelas partes, maior atenção deverá ter o árbitro ao informar seus
elementos de convicção para, no caso em exame, encontrar a solução que lhe pareceu mais justa, devendo ser expressamente indicada na convenção arbitral
ou no termo de arbitragem a utilização desta forma de resolução de conflito.
Compreende a fundamentação como sendo uma análise das questões de fato e de direito que o julgador, ora árbitro, tem a tarefa de demonstrar o seu
raciocínio fático e jurídico que desenvolveu para chegar às conclusões contidas na decisão.447
Esclarece ainda, ser a fundamentação um preceito constitucional, em um primeiro prisma, sendo voltada ao sucumbente, que através dela pode
impugnar a sentença através de seu recurso, e, em um segundo prisma, possibilita ao órgão responsável pela análise do recurso que verifique o acerto ou o
equívoco da sentença impugnada.
Para embasar a decisão, pode o árbitro citar doutrina, jurisprudência, usos e costumes e princípios gerais de direito nacional e internacional.448 Ao
contrário da jurisprudência já consolidada no âmbito do Judiciário, o árbitro deve responder a todas as questões, teses e argumentos postos pelas partes,
mesmo que de forma sucinta, justamente porque se trata de uma jurisdição privada, em que o árbitro tem muito mais tempo para se dedicar ao processo.
Do ponto de vista político, a fundamentação se presta a demonstrar a correção, imparcialidade e lisura do julgador ao proferir a decisão.
A fundamentação permite o controle crítico da sentença arbitral, e, mesmo que não haja previsão de recurso arbitral na convenção de arbitragem,
possibilita às partes litigantes a análise da capacidade profissional do árbitro.449
Uma sentença arbitral com graves equívocos, que em regra não estará sujeito a anulação, importa em prejuízo ao próprio árbitro e à Câmara Arbitral,
pois terá a imagem manchada junto à comunidade arbitral e certamente não será chamado para apreciar e julgar outras lides.450
É a partir de uma decisão fundamentada que as partes podem conferir eventual vício na sentença, que possam ensejar pedido de esclarecimento, sendo,
portanto, uma garantia às partes.451
A fundamentação equivocada não leva à invalidação da sentença, mas pode ser desastroso para o árbitro no meio em que atua, vez que provavelmente
não será mais chamado, notadamente por perder a confiança das partes.452
É uma questão moral, que por essa razão, que havendo diversos árbitros, a declaração de voto vencido, para que o árbitro inconformado com o
julgamento da maioria e com as teratologias eventualmente expressas na sentença, dela possa se desvencilhar, sendo que a referida declaração não tem
efeito prático, haja vista a impossibilidade de recurso da sentença arbitral.
43.3. DISPOSITIVO
Realizada a exposição dos fundamentos jurídicos, os árbitros passam a decidir, sendo o dispositivo a conclusão da sentença, parte responsável pela
produção dos efeitos da decisão no mundo concreto.
Na Lei de Arbitragem o dispositivo é um requisito obrigatório, onde os árbitros resolverão as questões que lhe forem submetidas e, se for o caso,
estabelecerão prazo para o cumprimento da decisão (art. 26, III, da Lei n.º 9.307/96).
Não menos o dispositivo ser um requisito obrigatório, visto que sua ausência, além de gerar um vício gravíssimo, torna inexistente o ato judicial, posto
que uma decisão sem dispositivo nada decide.453
É na parte dispositiva da sentença que o árbitro deve se ater ao princípio da congruência, decidindo dentro dos limites da convenção arbitral e dos
pedidos formulados pelas partes. Não pode o árbitro, por exemplo, decidir sobre questão não apresentada pelas partes, sob pena de ensejar em vício extra
petita. De igual modo, não pode se omitir a proferir decisão sobre pedido ou pleito estabelecido em convenção arbitral, sob pena de vício cintra petita, e,
por fim, não pode conceder ou condenar em parâmetros acima do pleiteado, sob pena de caracterizar sua sentença em ultra petita.
Em outras palavras, cumpre ao árbitro decidir os pedidos, tais como formulados pelas partes. Nem mais, nem menos, tampouco concedendo tutela
diversa da que foi pleiteada e, tudo, ainda, como padrão delineado na convenção arbitral.
A inobservância ao princípio da congruência, com os consequentes vícios decorrentes de tal inobservância (sentença extra, cintra e ultra petita) pode
ensejar na nulidade da sentença arbitral, conforme dispõe o art. 32, IV, da Lei de Arbitragem, pois haverá evidente decisão proferida fora dos limites e
parâmetros da convenção de arbitragem.
Caso o julgamento incluiu provimento fora ou além dos limites do pedido, ainda que subordinado à convenção de arbitragem, viciará a sentença, assim
como obviamente viciará se for proferida além dos limites impostos pela convenção de arbitragem.454
O acolhimento dos pedidos passa não só pela aplicação do direito ao caso concreto, como também pela sua pertinência em relação à própria convenção.
Ou seja, mesmo com razão uma das partes quanto ao seu pleito, se excluído da abrangência da arbitragem, o pedido não poderá ser acolhido, sob pena de
invalidação da sentença (art. 32, IV, da Lei n.º 9.307/96).455
Portanto, a decisão (sentença) arbitral deve correspondência ao pedido, limitada ao convencionado pelas partes.456
Não há, na Lei de Arbitragem, obrigatoriedade de que a sentença arbitral seja sempre líquida, não obstante ser o ideal e o esperado. Desta forma, podem
as partes para evitar problemas prever a indispensabilidade aos árbitros, de se proferir sentença líquida, sob pena de nulidade.
O dispositivo é a parte da sentença em que está o conteúdo decisório, sendo a síntese da fundamentação, que, por sua vez, decide os fatos postos no
relatório, de forma que se tem a lógica que todas as três partes da sentença estão interligadas.457
44. REQUISITOS DA SENTENÇA ARBITRAL: DATA E LOCAL
Além do relatório, da fundamentação e do dispositivo, o árbitro deverá indicar na sentença a data e o local em que foi prolatada sua decisão, conforme
prescrito no inciso IV, do art. 26, da Lei de Arbitragem.
Algumas finalidades justificam a obrigatoriedade em incluir a data e local na sentença arbitral, entre elas: a de identificar a nacionalidade da sentença; a
possibilidade de identificar a competência do feito executivo ou da pretensão anulatória; criar marco para aferição da prescrição do feito executivo e da
pretensão anulatória de cunho não exclusivamente declaratório.
A sentença arbitral é título executivo judicial, nos termos do art. 515, VII e § 1.º, do CPC/15, sendo a data e o local, informações importantes para
aferição do juízo competente e sobre a ocorrência de prescrição do feito executivo.
De igual importância é a indicação na sentença arbitral sobre o local e a data em que foi proferida para fins de ajuizamento de pretensão anulatória do
referido título, nos moldes do art. 33, da Lei de Arbitragem, observando-se a imprescritibilidade das ações de cunho meramente declaratório.
A finalidade principal da imposição do requisito da data na sentença arbitral é o de provar que a sentença arbitral foi proferida dentro do prazo legal ou
convencional, visto que sentença arbitral proferida fora do prazo é nula, nos termos do art. 32, VII, da Lei de Arbitragem.458
A data que se deve constar na sentença é a data em que foi proferida, a data em que a decisão foi tomada e não a data em que ela foi escrita e assinada,
visto que o termo proferir significa falar, dizer oralmente.459
De igual modo, a finalidade de indicar o local em que foi proferida a sentença arbitral é para demonstrar se a sentença é nacional ou estrangeira,
especialmente em razão de que sentenças expedidas fora do território nacional devem ser homologadas junto ao STJ, conforme previsão no art. 105, inciso
I, item “i”, da Constituição Federal.460
Em observância ao atual comando previsto no art. 105, inciso I, item “i”, da Constituição Federal, a Lei n.º 13.129/2015 atualizou o disposto no art. 35,
da Lei de Arbitragem, que passa a ter a seguinte disposição: “Para ser reconhecida ou executada no Brasil, a sentença arbitral estrangeira está sujeita,
unicamente, à homologação do Superior Tribunal de Justiça.”
Visando evitar fastigiosa tautologia remete-se o leitor para o capítulo de homologação de sentença estrangeira para maiores informações sobre o
procedimento a ser adotado, limitando-se ao presente tópico demostrar a importância da demonstração do local em que foi proferida a sentença arbitral.
O silêncio a respeito do local a ser proferida a sentença não invalida a convenção de arbitragem se o regulamento da entidade especializada (à qual se
refere o art. 5.º) escolhida pelas partes contiver previsão a respeito da matéria, dando-lhes poderes para fixar o local no qual o processo deve ter sua sede.461
A doutrina vem destacando a importância de flexibilização de tal requisito, especialmente em razão do avanço da tecnologia que possibilita a reunião
de pessoas através de videoconferência.
Assim, tal como o entendimento indicado acima que deve-se considerar a data em que a decisão foi proferida e não escrita, deve-se considerar o local
em que a sentença foi proferida e não assinada, especialmente diante da possibilidade de haver diversos árbitros de nacionalidades distintas que apenas se
reúnem e deliberam em um determinado local, mas assinam o documento em país distinto de onde ocorreu a deliberação.462
No entanto, como se aplicaria a norma no caso de deliberação através de videoconferência, onde cada um dos árbitros, em seu país de domicílio,
proferisse sua decisão? No nosso sentir não há qualquer nulidade caso os árbitros estejam vinculados a um determinado órgão arbitral institucional ou
entidade especializada baseada no local estabelecido na convenção arbitral, especialmente que, diante dos atuais meios tecnológicos, poderia realizar o
julgamento, com a presença física das partes ou de seus representantes, dentro do próprio órgão arbitral, ou até mesmo, em local previamente estabelecido
dentro da base territorial ora estabelecida pelas partes.
O afastamento do critério territorialista seria possível, bastando as partes deixarem expressamente consignado na convenção ou em adendo que a
nacionalidade escolhida é independente do local onde ela venha a ser proferida. Segundo o entendimento do citado autor, quando a Lei n.º 9.307/96 deixa à
escolha das partes a definição do local da sentença, está, em última análise, deixando à escolha das partes a definição da nacionalidade da sentença.463
45. JULGAMENTO PROFERIDO POR TRIBUNAL ARBITRAL
O julgamento no processo arbitral é o objetivo da arbitragem, fruto da vontade das partes em solucionar seus conflitos, baseados em direitos
disponíveis, perante juízo arbitral.
A sentença arbitral pode tanto emanar da decisão de único árbitro ou de um colegiado denominado de tribunal arbitral, a depender da escolha dos
litigantes quanto à composição do órgão julgador.
No âmbito da arbitragem, tanto a decisão proferida por juízo singular como ato decisório proferido por um Tribunal Arbitral são denominados de
sentença arbitral. O que diferencia um ou outro é o número de julgadores.
As regras de instituição do tribunal arbitral estão presentes nos parágrafos do art. 13, da Lei de Arbitragem, com alterações importantes trazidas pela
Lei n.º 13.129/15, que dispõe sobre a ampliação do âmbito de aplicação da arbitragem e a escolha dos árbitros quando as partes recorrem a órgão arbitral,
dentre outras alterações.
O número de árbitros necessários para composição do órgão colegiado será sempre em número ímpar, como cita a Lei de Arbitragem, não inferior a
três integrantes, podendo as partes também nomearem os respectivos suplentes.
Em caso de as partes nomearem árbitros em número par e nada estipularem quanto à complementação do número de integrantes, os escolhidos terão a
prerrogativa de promover a nomeação de outro para tornar o colegiado em número ímpar, requisito este necessário para se ter um órgão julgador válido, e
assim seja instituída a Arbitragem (Art. 13, § 1.º e § 2.º).
Nada obsta que os litigantes escolham um tribunal arbitral com prévia formatação quantitativa, a depender do previsto no regulamento adotado pelo
órgão arbitral ou instituição especializada.
Por questões lógicas, ressalta-se quanto maior for o número de árbitros, maior será os honorários a serem pagos pelas partes.
A exigência de número ímpar de árbitros se revela com o objetivo de evitar empate na votação dos árbitros.
Haja vista a arbitragem compreender o acordo entre as partes, estas podem estabelecer o processo de escolha dos árbitros que irão compor o tribunal
arbitral ou adotar diretamente as regras de um órgão arbitral institucional ou entidade especializada em Arbitragem (Art. 13, § 3.º).
Uma das inovações trazidas pela Lei n.º 13.129/2015 é a possibilidade de as partes ajustarem sobre o afastamento de regras estabelecidas em
dispositivo de regulamento de órgão arbitral ou entidade especializada, que limite a escolha do julgador da demanda arbitrável a um único árbitro, coárbitro
ou presidente do tribunal à própria lista de árbitros (Art. 13, § 4.º).
O presidente do tribunal designará um secretário que poderá ser um dos árbitros, se conveniente lhe parecer. O tribunal poderá também determinar às
partes o aditamento de verbas para despesas e diligências que julgar necessárias para proferir a sentença (Art. 13, § 5.º e § 7.º).
A sentença do Tribunal Arbitral poderá ser por unanimidade de votos, por consagração do mesmo entendimento apresentado pela maioria ou, ainda, por
decisão do presidente em caso de voto divergente entre os integrantes, sem com isso, por óbvio, ocorrer entendimento majoritário.
Destaca-se que os votos dos integrantes do tribunal possuem peso igualitário, assim, por exemplo, no caso de um tribunal composto por três árbitros,
dois deles decidirem de igual modo, tendo apenas um divergente, a decisão proferida pela maioria prevalecerá. Por voto divergente, acontece quando
apesar de haver composição ímpar, visando evitar o empate na sentença, as conclusões dos três árbitros, do exemplo, forem diferentes, não havendo
nenhuma posição majoritária para o desfecho da demanda.
Caso inexista um entendimento dominante ou unânime, divergindo todos os árbitros quanto à solução do caso concreto, o voto de qualidade que define
a sentença pertence ao presidente do tribunal arbitral, fazendo prevalecer a sua própria conclusão que pode ou não ser igual ao seu próprio voto, ou ainda, o
presidente pode adotar nova conclusão para a sentença da demanda com base no voto dos outros árbitros (art. 24, § 1.º).
O voto de qualidade do presidente do tribunal arbitral, não significa que ele deva fazer valer a sua votação, o seu pensamento a qualquer custo, haja
vista, o voto de qualidade ser uma responsabilidade e não um privilégio.
O voto de qualidade deve vir acompanhado de “sabedoria para encontrar o equilíbrio na condenação, mais do que pura e simplesmente impor com
prepotência e arrogância a sua posição, apenas pelo sabor da prerrogativa que lhe é conferida”.464
O árbitro que divergir da maioria poderá apresentar seu voto por escrito. A declaração de voto vencido serve para tornar conhecido os elementos de
convicção levados em consideração pelo árbitro vencido, por qualquer motivo que ele julgar importante. A declaração é facultativa.
A regra do voto de qualidade do Presidente, no caso de divergências, é um critério supletivo, se a convenção de arbitragem ou o regulamento da
instituição que for adotado, prever, por exemplo, outra maneira de solucionar o impasse nas votações, segue o que cita a convenção ou regulamento.
A sentença do Tribunal Arbitral obedece às regras gerais previstas para os árbitros individuais, como prazo para proferir sentença, e ainda deve conter
os requisitos da sentença arbitral de igual modo.
Os árbitros poderão proferir sentenças parciais no decorrer da arbitragem e, de comum acordo com as partes, poderão estipular novo prazo para proferir
a sentença final. Estas inovações foram trazidas pela Lei n.º 13.129/15 que gerou nova redação do art. 23, § 1.º e § 2.º, da Lei de Arbitragem.
Um dos requisitos obrigatórios do julgamento proferido por tribunal arbitral é a assinatura da sentença por todos os árbitros que compuseram o painel
de árbitros. A assinatura da sentença é uma obrigação, porém, se um ou alguns dos árbitros não puderem assinar a sentença, no caso dos árbitros que
apresentam seus votos em dias diferentes e não estejam presentes no dia da sentença, por exemplo, ou na hipótese de estando presente e se negar a assiná-
la, o Presidente do Tribunal Arbitral tem o dever de certificar o fato, e concluir o procedimento da arbitragem, comunicando às partes sobre a sentença
considerada colegiada, sob pena de eternizar o procedimento, de acordo com o art. 26, parágrafo único, da Lei n.º 9.307/96.
Na sentença do Tribunal será decido sobre a responsabilidade das partes acerca das custas do procedimento adotado, o que cada um irá pagar, e as
despesas com a arbitragem, aqui se inclui os honorários dos árbitros, peritos, e ainda, se houver, verba de litigância de má-fé, salvo outra disposição
prevista como regra na convenção ou regulamento.
Por ser consagrado na Arbitragem o princípio da autonomia da vontade, se no decorrer do procedimento arbitral, as partes transigirem, as partes devem
requerer ao Tribunal que declare o fato por meio da sentença arbitral, que deverá obedecer aos requisitos do art. 26, da Lei de Arbitragem.
Considera-se encerrado o trabalho do Tribunal Arbitral após proferido o seu julgamento, quando o Presidente do Tribunal enviar cópia da sentença às
partes, que pode ser por via postal ou outro meio de comunicação, que forneça comprovação de recebimento, ou ainda, entregando a cópia da sentença
diretamente às partes, exigindo a comprovação da entrega por meio de recibo (Art. 29, da Lei n.º 9.307/96).
46. EFEITOS DA SENTENÇA ARBITRAL E SENTENÇA PARCIAL (JULGAMENTO POR ETAPAS)
46.1. SENTENÇA PARCIAL (JULGAMENTO POR ETAPAS)
A possibilidade ou não de proferição de sentença parcial, ou julgamento por etapas, nos termos da Lei de Arbitragem, é um tema que fora bastante discutido antes de sua atualização pela Lei n.º
13.129/2015.
A redação original da Lei de Arbitragem previa, no art. 32, inciso V, in verbis:
Art. 32. É nula a sentença arbitral se: (...)
V - não decidir todo o litígio submetido à arbitragem;

Quanto à proferição de sentenças parciais (ou julgamento por etapas), inobstante a literalidade do dispositivo legal, a prática deu espaço à utilização da
técnica, permitindo-se solucionar primeiramente questões de fundo, as quais impactariam diretamente em outras matérias decorrentes.465
Na verdade, a inteligência da lei seria a de salvaguardar o direito da parte à tutela jurisdicional completa, invalidando a sentença arbitral que não
solucionasse todo o litígio submetido à arbitragem. Assim, se a tutela jurisdicional tivesse sido alcançada ao final por sentença parcial, “por tantas etapas
quanto necessárias, nada haveria a se reprovar”.466
A fim de se evitar polêmicas quanto à sua adoção na prática, com o objetivo de se evitar a nulidade da sentença arbitral, em vez de se proferir sentença
parcial, “as decisões tomadas a respeito das parcelas de mérito (...) vinham por vezes feitas por meio de ordem processual, e confirmadas na sentença
final”.467
Dessa feita, já adotada nos procedimentos arbitrais, a técnica de julgamento por etapas permitia um pronunciamento mais econômico, eficiente e
adequado.
Promovida então a reforma da Lei de Arbitragem, por meio da Lei n.º 13.129/15, o indigitado inciso V, do art. 32, foi revogado, introduzindo-se, ainda,
o seguinte parágrafo ao art. 23, não mais restando quaisquer dúvidas quanto à possibilidade de realização do julgamento por etapas:
Art. 23. A sentença arbitral será proferida no prazo estipulado pelas partes. Nada tendo sido convencionado, o prazo para a apresentação da sentença é de seis meses, contado da instituição
da arbitragem ou da substituição do árbitro.
§ 1.º Os árbitros poderão proferir sentenças parciais.

O julgamento por etapas pode realmente trazer inúmeros benefícios ao procedimento, e até por vezes pode facilitar a composição. E pela previsão legal
inovada, até mesmo se mostrará desnecessária a usual anuência prévia das partes para o julgamento fracionado, em convenção, ata de missão ou termo de
arbitragem.468 Quando são levadas ao árbitro várias controvérsias oriundas de conversões arbitrais distintas, mas que envolvam as mesmas partes, ou que
tenham alguma relação ainda que envolvam contratos coligados, na qual os árbitros podem se julgar competentes para prosseguir no julgamento de
algumas controvérsias e encerrar sua competência para as que não podem ser objeto de julgamento por este juízo.
Dessa forma, o litígio será analisado em sua integralidade, mas cada questão de fundo a seu tempo e hora, por meio das sentenças parciais, até o
completo esgotamento de todas as questões postas à atividade do juízo arbitral.
46.2. EFEITOS DA SENTENÇA ARBITRAL
A Lei de Arbitragem, nos termos do art. 29, advinda a sentença, dá-se o fim da arbitragem, encerrando-se a própria jurisdição arbitral, a qual caberá
apenas as providências de praxe para garantir a eficácia da decisão proferida, tais como os atos de comunicação das partes.
Aprofundando o tema:
Superada a dedicada resposta ao pedido de esclarecimento, e inexistente, ou ultrapassada a etapa de sentença parcial, com o julgamento de todos os pedidos, Proferida a sentença arbitral,
dá-se por finda a arbitragem. (...) Significa dizer que se encerra, com a sentença, a investidura dos árbitros. E mais, termina a própria jurisdição, não mais se podendo falar em juízo arbitral
para aquela questão ou outras a ela relacionada. Enfim, deixa de existir procedimento, árbitro, jurisdição, atribuição ou função do árbitro, juízo arbitral, e tudo mais.469

Ademais, proferida a sentença arbitral condenatória, esta se constitui em título executivo judicial, por força do art. 31, da Lei n.º 9.307/96:
Art. 31. A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título
executivo.

No entanto, a sentença arbitral, no que concerne a sua natureza, pode ser declaratória, constitutiva, condenatória, mandamental e executiva lato sensu.
Não são apenas as sentenças condenatórias, mas, igualmente, as mandamentais e declaratórias líquidas, que estão sujeitas à execução.470
Nesse mesmo sentido:
Ora, se tal sentença traz definição de certeza a respeito, não apenas da existência da relação jurídica, mas também da exigibilidade da prestação devida, não há como negar-lhe,
categoricamente, eficácia executiva. (...) ao legislador ordinário não é dado negar executividade à norma jurídica concreta, certificada por sentença, se nela estiverem presentes todos os
elementos identificadores da obrigação (sujeitos, prestação, liquidez, exigibilidade), pois isso representaria atentado ao direito constitucional à tutela executiva, que é inerente e
complemento necessário do direito de ação.471

Mantendo o raciocínio do art. 475-N, inciso IV, do revogado Código Buzaid, dispôs o CPC/15:
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título:
VII - a sentença arbitral;

Destarte, a lei conferiu ao decisório arbitral o nome e o status de sentença, conferindo-lhe o poder de estabelecer a coisa julgada entre as partes,
igualmente o de convolar a decisão em título executivo judicial, sem qualquer interferência da justiça estatal, dispensada a homologação judicial,472
conforme o art. 18, da Lei de Arbitragem, a seguir:
Art. 18. O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica sujeita a recurso ou a homologação pelo Poder Judiciário.

Por fim, retira-se do preceito legal que outro efeito da sentença arbitral é o da sua irrecorribilidade, não havendo espaço para inconformismo da parte
sucumbente.
Ultrapassada a leitura das normas, tem-se que a sentença arbitral exerce, portanto, o mesmo efeito da sentença judicial transitada em julgado. A única
diferença é que o árbitro não é dotado de coerção de tal sorte que a execução de suas decisões demandará, diante da resistência, a atuação do juiz togado, a
quem competirá materializar a sentença arbitral.473
Assim, pode haver a necessidade de se socorrer do Poder Judiciário para o cumprimento forçoso da sentença arbitral, o que será visto mais adiante.
Além de constituir título executivo judicial, a sentença arbitral condenatória, para que seja levada a seu cumprimento, deve ser líquida, cabendo ao
processo judicial instaurado apenas a atualização de taxas e juros antes estabelecidos.
Nesse contexto, podem partes, por expressa manifestação da vontade, excluir da arbitragem a apuração da quantia devida, ficando a liquidação a cargo
do juízo estatal. Contudo, tal hipótese se resumiria em mera possibilidade teórica, pois, na prática, a celeridade e demais qualidades do procedimento
arbitral avocam para este Juízo, evidentemente, a completa solução do litígio.474
Logo, a apuração do quantum debeatur, deve ser realizada na arbitragem, ainda que os pedidos sejam genéricos, a fim de que seja devidamente
constituído o título executivo judicial.
47. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA ARBITRAL
A sentença arbitral constitui título executivo judicial, com previsão no art. 515, VII, do CPC/15, sujeita, portanto, ao procedimento de cumprimento de
sentença judicial e não se aplicando as regras de procedimento de execução de título extrajudicial. Dessa escolha legislativa decorrem algumas
consequências, “muitos são os impactos daí advindos, particularmente a limitação de matérias que podem ser deduzidas na defesa do executado e a
aplicação de multa na hipótese de não haver o adimplemento espontâneo da sentença arbitral condenatória”. 475
Sendo assim:
No Novo CPC, não ocorrendo pagamento voluntário no prazo legal, o débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento (art. 523, §
1.º). Ou seja, com o Novo CPC, se não houver o pagamento no prazo legal, incidirá não apenas multa no valor de 10٪ da condenação, mas serão, igualmente, devidos honorários
advocatícios fixados de pronto em 10٪ do valor da condenação. Tais regras serão aplicáveis, também, na execução da sentença arbitral. 476

A multa objetiva dá maior efetividade e celeridade à prestação jurisdicional. Logo, sua incidência também no âmbito do cumprimento da sentença
arbitral visa garantir seu principal atrativo, qual seja a rápida solução do conflito posto, conforme o Ministro Marco Buzzi, no julgamento de recurso
repetitivo pela Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça – STJ, Tema 893 – REsp 1102460, tendo sido firmada a seguinte tese:
No âmbito do cumprimento de sentença arbitral condenatória de prestação pecuniária, a multa de 10% (dez por cento) do artigo 475-J do CPC deverá incidir se o executado não proceder
ao pagamento espontâneo no prazo de 15 (quinze) dias contados da juntada do mandado de citação devidamente cumprido aos autos (em caso de título executivo contendo quantia líquida)
ou da intimação do devedor, na pessoa de seu advogado, mediante publicação na imprensa oficial (em havendo prévia liquidação da obrigação certificada pelo juízo arbitral).477

Conforme se observa das supramencionadas normas, as implicações para o descumprimento de sentença arbitral são as mesmas da sentença judicial.
Pode-se afirmar, assim, de acordo com Carmona, que:
A decisão dos árbitros produzirá os mesmos efeitos da sentença estatal, constituindo a sentença condenatória título executivo que embora não oriundo do Poder Judiciário, assume a
categoria judicial. O legislador optou, assim, por adotar a tese da jurisdicionalidade da arbitragem, pondo termo à atividade homologatória do juiz, fato de emperramento da arbitragem.478

De acordo com o art. 18, da Lei n.º 9.307/96, a sentença proferida pelo árbitro não se sujeita à homologação ou recurso perante órgão jurisdicional,
provocando, dessa forma, a extinção do litígio, o que, em tese, obriga os litigantes a acatarem a decisão proferida pelo árbitro. Todavia, essa decisão, por
ser destituída de poder coativo, pode vir a ser cumprida perante o Judiciário.
Nesse sentido, para Scavone Júnior, ocorre que:
Havendo resistência da parte contra quem foi proferida a decisão a ele comunicada e que reconheça- como deve ser- obrigação líquida de dar, fazer ou não fazer, independentemente da
natureza do provimento, o beneficiário da obrigação reconhecida na sentença poderá requerer o seu cumprimento no Poder Judiciário, tendo em vista que ao árbitro, embora seja dotado de
jurisdição, não se confere poder coercitivo.479

Dessa maneira, caso não ocorra o cumprimento voluntário da sentença arbitral proferida, embora esta seja a regra, conforme art. 29, da Lei de
Arbitragem, devendo ser cumprida com a comunicação da sentença, a parte lesada vai requerer seu cumprimento no judiciário, que deverá ater-se aos
limites da sentença.
Oportuna, nesse aspecto, a observação feita por Cahali:
Talvez se façam necessárias medidas para se impor ou exigir o cumprimento da sentença, e ausente a coercio ou executio no juízo estatal, estas tutelas serão buscadas no Poder Judiciário.
Mas não se poderá no juízo estatal, “a título de balizar alegado excesso de execução, modificar o teor da sentença arbitral. Incumbi-lhes apenas fazer cumprir a decisão, sem exceder os
limites do compromisso.480

Faz-se por oportuno mencionar, que apenas se condenatória, qualifica-se como título executivo judicial apto a ensejar o cumprimento (ou execução
forçada) perante o juízo estatal, ou seja, o juízo estatal somente será instaurado, a pedido, para cumprimento de sentença arbitral condenatória, podendo
haver, todavia, conforme o conteúdo da tutela jurisdicional deferida (definitiva ou provisória), para sua efetivação apenas se pede a cooperação do
Judiciário, através de carta arbitral ou outros meios antes referidos, sem aparelhar o processo judicial necessário ao implemento de sentença
condenatória.481
Vale ressaltar que:
Com respeito às teses defendidas pelos processualistas quanto à classificação das sentenças, cada qual com sólidos fundamentos a autorizar a opção por uma ou outra posição ao sabor da
escolha, para se buscar o cumprimento de uma sentença arbitral, pouco importa se a obrigação de fazer e não fazer é mandamental ou obrigatória. Também irrelevante tratar como
cumprimento, ou execução.482

Sendo assim, de acordo com o supramencionado entendimento, o termo condenatório para cumprimento de sentença arbitral é compreendido de forma
ampla, não interessando a classificação das sentenças utilizada pela doutrina.
Reforça-se, então, a interpretação sistemática do texto legal, devendo-se abstrair a literalidade do art. 31, da Lei n.º 9.307/96, estando sujeitas à
execução, igualmente, as sentenças mandamentais e declaratórias líquidas.483
Para o cumprimento dessa sentença, deve ser observado o procedimento de cumprimento de sentença como uma fase do procedimento, posterior ao
trânsito em julgado, não se fazendo necessária a instauração de uma nova demanda para execução.
Como se pode observar, o cumprimento da sentença arbitral não pode ser considerado como fase do processo de conhecimento, tendo em vista que se
iniciará uma nova demanda judicial.
Uma ressalva faz-se oportuna, a sentença arbitral deve ser líquida e, se não for, a competência para liquidação será do árbitro – e não do juiz togado –,
que deve proferir a sentença parcial naquilo que puder e prosseguir com a liquidação da parte que não for possível, desde logo, quantificar.484
Sendo assim, o cumprimento de sentença arbitral iniciar-se-á por petição, que deverá atender aos pré-requisitos do art. 319 do CPC/15. O requerimento
de sentença arbitral será levado a efeitos por petição dirigida ao juízo que seria competente para julgar o mérito caso não houvesse a convenção de
arbitragem. O exequente instruirá a petição com cópia integral do processo arbitral, atribuindo o valor correspondente ao conteúdo econômico da sentença
arbitral e requererá a citação daquele contra quem foi prolatada.485
Tratando-se de nova ação, para a triangulação processual (autor-exequente, juiz, réu-executado), necessária, evidentemente, a citação pessoal do
devedor (e não na pessoa do advogado constituído na arbitragem), pois sem esta não se completa o processo, impedindo a prática de atividade jurisdicional
complementar buscada nesta ação.486
Dessa maneira, para o cumprimento de sentença arbitral líquida, o devedor será citado para pagar em quinze dias o valor da condenação. Esses quinze
dias devem ser contados a partir da juntada aos autos do cumprimento de sentença do mandado de citação. Sendo, todavia, a sentença ilíquida, os quinze
dias para pagamento são contados a partir da intimação do julgamento definitivo da liquidação da sentença arbitral, feita por meio do advogado do devedor.
Sendo assim, instaurada a relação processual na ação de execução de sentença arbitral, será iniciada uma sequência de atos processuais previstos no
Código Processual, dependendo da forma aí prevista para se impor o cumprimento da obrigação estabelecida no juízo arbitral (pagar, fazer, não fazer e
dar).487
Portanto, o cumprimento de sentença arbitral, caso não ocorra de forma espontânea, deverá ser realizado pelo Poder Judiciário, atendidas às
peculiaridades previstas para tanto. Noutra banda, caso a parte vencida deseje suspender o cumprimento da sentença arbitral, poderá lançar mão de outros
meios de impugnação, requerendo ao juiz a concessão de efeito suspensivo à impugnação ou ajuizando ação anulatória de sentença arbitral.
48. DA EFICÁCIA DA SENTENÇA ARBITRAL DECLARATÓRIA, CONSTITUTIVA OU EXECUTIVA LATO SENSU
O art. 458, do CPC/15, reforçou o disposto no art. 26, da Lei de Arbitragem, colocando a sentença arbitral no mesmo patamar da sentença judicial, o
que importa dizer que ambas formam títulos executivos judiciais que, se não cumpridos espontaneamente, ensejam a necessidade de procedimento de
cumprimento de sentença.
Sendo assim, afirma-se que para não deixar qualquer dúvida quanto à sua natureza, a lei determina que a decisão do árbitro constitui uma sentença e,
como tal, sem se ater a um apego literal ao art. 203, § 1.º, do CPC, segundo o qual a sentença é ato que revela o conteúdo dos arts. 485 e 487, do mesmo
diploma legal, é dotada da mesma eficácia do provimento judicial transitado em julgado nos termos do art. 31, da Lei de Arbitragem, e deve ser proferida
por escrito (art. 24 da Lei de Arbitragem).488
Segundo prevê o CPC e a Lei de Arbitragem, a sentença arbitral tem os mesmos requisitos que a sentença judicial, devendo ser fundamentada, sob pena
de nulidade. Isso se dá pela interpretação sistemática do artigo 93, IX, da Constituição Federal de 1988.
Quanto à sua classificação, as sentenças arbitrais, assim como as judiciais, podem ser: terminativa, de conteúdo meramente processual, que põe fim ao
processo sem julgamento do mérito; ou definitiva, aquelas julgadoras do mérito, aplicando o direito material ao caso concreto.
A sentença arbitral pode ainda, de acordo com seu resultado, ser classificada, de acordo com a doutrina, em: sentenças declaratórias, constitutivas e
condenatórias.
Na sentença arbitral declaratória, há mera declaração de um direito solucionando a dúvida que terá sido sobre ele instaurada, pronunciando-se a
existência ou inexistência de uma relação jurídica entre as partes. Por exemplo, a nulidade de uma cláusula contratual ou mesmo de todo contrato por um
vício reconhecido no direito é um dos exemplos de sentença declaratória. A invalidação da própria convenção arbitral é um dos exemplos desse tipo de
sentença.489
Já a sentença arbitral constitutiva é aquela na qual se constitui, modifica ou extingue determinada relação jurídica. Por intermédio da sentença
constitutiva, inaugura-se uma nova relação jurídica, pois ela estabelece o status jurídico que passa a se reger entre as partes. De forma prática, pode-se
observar essa mudança de status no resultado acolhendo a ação revisional de aluguel, o que poderá exigir, sem a necessidade de outro provimento judicial,
reciprocamente, eventual cumprimento da obrigação.
Finalmente, a sentença condenatória, assim como as sentenças estatais, impõe ao vencido o cumprimento de determinada prestação, obrigação.
Contudo, para muitos doutrinadores, essas classificações não são imprescindíveis:
A classificação realmente importante das sentenças (considerando tanto a decisão do juiz singular como o acordão dos tribunais) é a que leva em conta a natureza do bem jurídico visado
pelo julgamento, ou seja, a espécie de tutela jurisdicional concedida à parte (...). Tanto as que se denominam executivas como as mandamentais realizam a essência das condenatórias, isto
é, declaram a situação jurídica dos litigantes e ordenam uma prestação de uma parte em favor da outra. A forma de realizar processualmente essa prestação, isto é, de executá-la, é que
diverge. (...) Sendo assim, não há razão para atribuir uma natureza diferente a tais sentenças.490

Sendo assim, a sentença declaratória arbitral vincula as partes, pois o comando declaratório nela contido se realiza automaticamente, não havendo
necessidade de outra atividade jurisdicional para complementar a decisão. Nesse sentido, é imposto às partes a solução do conflito dada pelo árbitro ou pelo
Tribunal Arbitral.
Da mesma forma, ocorre com a sentença arbitral constitutiva, na qual se declara o direito pretendido por um dos litigantes, com a constituição,
modificação ou extinção da relação jurídica, tendo em vista que tem a mesma eficácia da sentença declaratória.
Nesse diapasão:
Enfim, em ambas as situações acima narradas (tutela declaratória ou tutela constitutiva), o provimento será em si bastante para se realizar entre as partes, sem necessidade de outro ato ou
providência, podendo entre os envolvidos ser exigido reciprocamente eventual cumprimento da obrigação, se for o caso, na forma decidida.491

Dessa forma, pode-se afirmar que tanto na tutela declaratória quanto na tutela constitutiva o provimento arbitral na prática já está garantido, não se
fazendo necessário, no plano teórico, se implementar medidas para tanto. Se o mero reconhecimento do direito, e a declaração ou (des)constituição da
relação jurídica forem suficientes às necessidades do caso concreto, ou seja, bastar em si mesmo para tornar útil o comando contido no pronunciamento,
tudo estará resolvido com a comunicação da sentença às partes.492
Corroborando esse entendimento, muito pertinente apontamento de Scavone:
A sentença arbitral, portanto, sem qualquer distinção da natureza do provimento nela contido, está no rol dos títulos executivos do art. 515, do Código de Processo Civil. A lei processual
civil, portanto, diferentemente da redação original do CPC/73, não fez qualquer distinção. Não exigiu que a sentença judicial ou a sentença arbitral sejam condenatórias para admitir o
cumprimento forçado.493

Caso haja necessidade de atos materiais complementares, para dar efetividade ao comando da sentença, esses podem ser efetivados diretamente pelo
árbitro, por meio de “carta de sentença”, sem a necessidade de intervenção judicial, por não se tratar de uma atividade coercitiva e sim informativa.494
É importante observar que embora pareça que a sentença contenha a imposição de fazer, na verdade, conforme seu conteúdo ela poderá produzir efeitos
declaratórios ou constitutivos, dispensando ação de execução de sentença arbitral.495
Existe a sentença classificada como executiva lato sensu, “que contém em potencial a determinação de ato sub-rogatório da vontade da parte hesitante
no seu cumprimento espontâneo. Porém, não por meio de processo ou fase própria, como se faz para as sentenças condenatórias e/ou mandamentais”.496 Ou
seja, ocorre diretamente, prescindindo de novas e diversas atividades jurisdicionais complementares.
Dessa forma, a sentença executiva lato sensu terá uma providência específica, prevista na lei, a ser determinada pelo juiz para a materialização do
provimento. Assim há implícita autorização para executar a transformação no mundo dos fatos para se obter o resultado prático objeto do provimento
contido na decisão.
Como exemplos, podem ser citadas as ações cujo pedido seja a reintegração de posse e despejo, sendo que sua concretização conta com atos de apoio
para a realização da tutela, os quais serão manejados perante o juízo estatal, por meio de pedido de cooperação feito a partir da Carta Arbitral.
Assim, em atos como desocupação ou reintegração de um imóvel, nos quais o juízo arbitral não tem poderes efetivos, o árbitro solicita ao juiz togado
que promova os atos materiais de efetivação da ordem, tal qual se faz no cumprimento de tutelas de urgência ou cautelares, caracterizando-se assim uma
atividade jurisdicional complementar, provocada pelo árbitro, mas realizada pelo juízo estatal no regime de cooperação, propiciado pela carta arbitral.
Nesse sentido, ocorre que:
Quando a lei assim estabelece, a imposição do cumprimento de um provimento executivo lato sensu, se faz na forma prevista no Direito Positivo que lhe deu esta característica, com uma
providência específica decorrente da resistência do vencido; desocupação forçada ou reintegração de posse, inclusive com força policial. E, desprovido o árbitro da necessária
coercitividade, a força para se impor o efeito inerente à sentença busca-se na cooperação do Judiciário através da carta arbitral.497

Dessa forma, nesses casos específicos, as providências materiais para a efetivação da sentença se farão por solicitação arbitral, mas sob a autoridade
judicial, não havendo um novo processo de cumprimento de sentença condenatória, mas sim a materialização da sentença executiva lato sensu, por carta
arbitral.
Portanto, a imposição do cumprimento de um provimento executivo lato sensu se faz na forma prevista na lei, com uma providência específica
decorrente da resistência do vencido, devendo o árbitro buscar a força coercitiva na cooperação do judiciário.
49. DA EXECUÇÃO DA SENTENÇA ARBITRAL CONDENATÓRIA AO PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA EM DINHEIRO
Nosso ordenamento jurídico em um contexto lato, buscando garantir à sociedade um maior acesso à justiça, e dentro deste contexto vale acrescentar a
celeridade processual, instituiu a arbitragem como um dos mecanismos hábeis a tal, tendo em vista que existem prazos próprios (art. 23, Lei de Arbitragem)
ao árbitro para o deslinde do feito.498
Acrescendo ainda a fiabilidade à arbitragem, o CPC instituiu a mesma como um título executivo judicial, bem como previu ainda a própria Lei de
Arbitragem no art. 31, ou seja, este é hábil a conhecer do processo bem como atribuir culpa a pagamentos de quantia certa vindo então a gerar o referido
título.
A Arbitragem como a forma passiva de resolução de conflitos, perceba-se que é necessário a manifestação de vontade dos litigantes, sendo que ao final
desta, independentemente do resultado almejado pela sentença arbitral a condenação a uma das partes virá e esta deverá estar de bom acordo para o seu
cumprimento, pois como diz Carmona,499 espera-se a boa-fé entre os litigantes.
O modelo arbitral possui alguns mecanismos próprios, não coercitivos (haja vista que somente o poder Estatal poderá se utilizar de tais), mas há de se
destacar que são mecanismos de árduo pesar ao de má-fé, podendo vir a serem utilizadas as cláusulas compromissórias,500 quanto à imagem do ente
empresário, bem como de sua atuação na bolsa de mercadorias e futuros, onde ao ver de empresas de grande porte é de grande valia.
O pagamento do valor condenatório em quantia certa pela sentença arbitral deve ser arcado pelo devedor voluntariamente por um prazo de até 15 dias,
pois, como o art. 31, da Lei n.º 9.307/96, institui à sentença arbitral os mesmos efeitos da sentença proferida pelo judiciário cabe aqui fazermos analogia ao
art. 523, do CPC/15,501 onde há o prazo ora acima citado para o pagamento do débito.
Tem-se por diferente do procedimento executivo judicial comum, por não ser adotado o método sincrético, haja vista estar inaugurando no cenário do
poder Judiciário o conhecimento da causa através da execução.
Normalmente teríamos logo após a sentença judicial, a intimação do autor para que em 15 dias realize o pagamento voluntário, porém, em sede de
execução de título executivo pelo tipo da sentença arbitral, deve ser utilizado o procedimento inicial,502 deve ser feito o chamamento pessoal (citação), bem
como instruir o processo com a cópia integral dos autos e da sentença arbitral, requerendo o juiz a citação, agora judicial do devedor para pagamento.503
O grande diferencial, é que com o mandado de citação do devedor, além da dívida líquida e certa em pecúnia, já acrescido irá a multa no valor de 10%,
bem como os honorários advocatícios acrescidos na mesma proporcionalidade,504 bem como já é entendimento firmado pelo STJ,505 tendo em vista que o
pagamento voluntário de 15 dias se perfez no citado prazo ante a tentativa de execução forçada pelo Judiciário.506
Após o transcurso do prazo in albis, o exequente inaugurará o processo através de petição inicial, seguindo todos os conformes do art. 319, do CPC/15,
no qual juntará ao processo a sentença arbitral, bem como o demonstrativo de cálculo presente no art. 524, do mesmo diploma legal, requerendo a citação
do executado para que este impugne a execução no prazo de 15 dias, como assim descrito no art. 525, do CPC/15, tendo em vista que o prazo para
cumprimento voluntário já fluiu in albis ante a tentativa da execução coercitiva.
Além disso, porém, e por não ter a impugnação – ao menos em regra – o condão de suspender o andamento do procedimento executivo (art. 525, § 6.º),
deverá desde logo expedir-se mandado de penhora e de avaliação de bens, seguindo-se, a partir daí, a prática dos atos de expropriação (art. 523, § 3.º).
Sobre o como são realizadas a penhora, a avaliação, a expropriação de bens e, posteriormente, a satisfação forçada do crédito exequendo, nada há na lei
processual que se refira especificamente ao procedimento do cumprimento de sentença, razão pela qual devem tais atos ser regidos pelas disposições
concernentes ao processo de execução fundado em título extrajudicial, nos termos do que estabelece o art. 771.507
O art. 23, da Lei n.º 9.307/96 estabelece:
A sentença arbitral será proferida no prazo estipulado pelas partes. Nada tendo sido convencionado, o prazo para a apresentação da sentença é de 6 (seis) meses, contado da instrução da
arbitragem ou da substituição do árbitro.
Parágrafo único: As partes e os árbitros de comum acordo poderão prorrogar o prazo estipulado.

O art. 509, § 2.º, do CPC/15, dispõe que:


Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo aritmético, o credor poderá prover desde logo o cumprimento da sentença.

O art. 516, do CPC/15, dispõe que:


O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: (...)
III – o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral ou de sentença estrangeira.

A multa por não pagamento espontâneo de condenação no prazo de 15 dias, também pode ser aplicada no caso de sentença arbitral. A decisão é da
Corte Especial do STJ, em julgamento de recurso repetitivo, o relator, ministro Marco Buzzi, levou o recurso a julgamento porque a questão afeta
diferentes seções temáticas. A tese fixada na Corte foi:
No âmbito do cumprimento de sentença arbitral condenatória de prestação pecuniária, a multa de 10% (dez por cento) do artigo 475-J do CPC deverá incidir se o executado não proceder
ao pagamento espontâneo no prazo de 15 (quinze) dias contados da juntada do mandado de citação devidamente cumprido aos autos (em caso de título executivo contendo quantia líquida)
ou da intimação do devedor, na pessoa de seu advogado, mediante publicação na imprensa oficial (em havendo prévia liquidação da obrigação certificada pelo juízo arbitral).

A sentença condenatória é título executivo judicial e se não for cumprida espontaneamente pelo devedor, haverá necessidade de tutela executiva
judicial.
50. PRAZO PARA CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
A Lei n.º 9.307/96 confere à sentença a natureza de título executivo judicial, o seu cumprimento poderá ser realizado voluntariamente ou deverá
observar os requisitos do art. 798, do CPC/15, por meio de petição inicial, perante o juízo cível competente, no cumprimento da sentença o procedimento a
ser observado dependerá do tipo de obrigação que deverá ser cumprida (arts. 513 usque 538, do CPC/15).
O art. 26, da Lei de Arbitragem, aduz que o árbitro estabelecerá prazo para cumprimento da decisão, ao mesmo tempo em que o CPC/15 estabelece o
prazo de 15 dias para cumprimento da obrigação, no art. 523.
Normalmente teríamos logo após a sentença judicial, a intimação do autor para que em 15 dias realize o pagamento voluntário, porém, em sede de
execução de título executivo pelo tipo da sentença arbitral, deve ser utilizado o procedimento inicial,508 deve ser feito o chamamento pessoal (citação), bem
como instruir o processo com a cópia integral dos autos e da sentença arbitral, requerendo o juiz a citação, agora judicial do devedor para pagamento.509
Nesse meio tempo, não se admite a prática de atos satisfativos, pois a execução não teve início. O prazo é um tempo que se dá ao devedor para,
ponderando as desvantagens de uma execução subsequente, cumprir a obrigação.
Outra questão é se na fase executória, apesar de se saber o início do cômputo para pagamento da quantia exequenda, não foi regulamentado se o
pagamento deverá ser realizado em dias úteis ou corridos. O modo de contagem de prazos processuais se contam em dias510 úteis com o CPC/15. No
mesmo sentido, se ato (pagamento) também se destina (ainda que não exclusivamente) a produzir efeitos no processo, inibindo a deflagração das próximas
etapas do cumprimento de sentença, com a realização de atos constritivos sobre o patrimônio do executado, parece que o prazo deve ser qualificado como
processual, computando-se apenas nos dias úteis.511
Assim, a penhora só é possível após o término do prazo para pagamento, se não houver o pagamento voluntário no prazo de 15 dias, haverá a incidência
da multa no valor de 10% (dez por cento), o prazo para impugnar terá início após o término do prazo para pagamento voluntário.
51. POLÊMICA A RESPEITO DA MULTA PELO NÃO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA
O procedimento de arbitragem é feito através de árbitros escolhidos pelas partes, árbitros são escolhidos pela confiança e credibilidade na capacidade
que têm em encontrar a melhor solução para os conflitos, com fundamento no princípio da autonomia privada e boa-fé, portanto, a propensão é que haja o
cumprimento espontâneo das decisões arbitrais.
Conforme o art. 515, inciso VII, do CPC/15, a sentença arbitral constitui título executivo judicial, logo, as regras aplicáveis à execução desta são
aquelas relativas ao cumprimento de sentença, e não as de execução de título extrajudicial.
Com isso surgem impactos, em especial a limitação de matérias que podem ser deduzidas na defesa do executado e na aplicação de multa, no caso de
não haver o adimplemento espontâneo da sentença arbitral condenatória.
Decidido o conflito no juízo arbitral, o pedido de cumprimento da sentença deve ser manejado por intermédio da instauração de um novo processo
perante o juízo estatal.512 Assim, distribuída a petição inicial e depois de citado o devedor, no que concerne à fluência do prazo no cumprimento espontâneo
(após a ciência pela citação), e à incidência de multa no caso de descumprimento. Neste sentido, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que no caso do não
cumprimento do laudo arbitral de devedor de quantia certa em 15 dias, deverá incidir a multa de 10% sob a condenação.513
O acórdão do STJ determinou como regra geral que o devedor de quantia certa que não paga a dívida fixada em sentença arbitral no prazo de quinze
dias de sua intimação estará sujeito à sanção da multa de 10% (dez por cento) do valor da execução, conforme o procedimento de cumprimento de sentença
previsto nos artigos 475-J e seguintes do CPC/73, os quais foram mantidos e atualizados pelo CPC/15, art. 523 e seguintes.
O árbitro pode estabelecer multa na sentença e é possível a cumulação da multa fixada na sentença arbitral com o da legislação processual? A Lei de
Arbitragem é anterior à reforma processual que introduziu novidades na fase de cumprimento de sentença, como é o caso das contidas no CPC/73, e das
modificações introduzidas através da Lei n.º 11.232/2005, assim, o que tinha na lei seguia simetria com o processo de execução. Portanto, deve-se buscar a
interpretação mais harmônica entre as inovações processuais e a Lei de Arbitragem.
Em princípio, entende que é vedado ao árbitro estabelecer sanção processual em função de execução forçada em razão de faltar-se jurisdição pertinente,
entretanto, no caso em que a multa eventualmente estabelecida na arbitragem se conterá na decisão e, assim, integrará a condenação, na forma e condições,
então estabelecidas.514
Assim, só é cabível ao árbitro decidir sobre matéria de punição de fato processual que houve previsão da sanção na convenção de arbitragem e essa
seria distinta e independente da multa de caráter processual prevista no CPC/15, art. 523, § 1.º.
Quanto à possibilidade de redução da multa já vencida? No âmbito jurisprudencial a discussão está superada no sentido da possibilidade de redução da
multa a qualquer tempo, mesmo em processo de execução, de maneira a impossibilitar o enriquecimento sem causa, art. 537, § 1.º, do CPC/15. 515
No STJ prevalece o entendimento, mesmo que com alguma variação, da premissa de que a execução provisória da multa só é possível se houver
impugnação por recurso sem efeito suspensivo e quando o pedido a que ela se vincula for procedente. Já o CPC/15, mesmo adotando essa posição
intermediária, traz outros requisitos, conforme regulamentação no art. 537:
§ 3.º A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo ser depositado em juízo, permitindo o levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença
favorável à parte ou na pendência do agravo fundado nos incisos II e III do art. 1.042.

Na execução da sentença arbitral a citação do executado deve ser pessoal, no processo de liquidação ou de execução, o que difere do cumprimento da
sentença judicial, no qual se intima a pessoa do advogado para honrar a obrigação estabelecida na sentença condenatória do devedor.
Existem muitas inovações legislativas no tocante à execução de sentença arbitral que provocarão uma série de discussões com o novo diploma
processual vigente no país, tais como: esgotam-se os poderes do árbitro logo após ser proferida a sentença e no caso de alguma das partes opuser embargos
de declaração ou se o laudo for anulado, restauram-se os poderes do árbitro para proferir nova decisão?
52. DA EXECUÇÃO DA SENTENÇA ARBITRAL IMPONDO OBRIGAÇÃO DE FAZER E NÃO FAZER
A Lei n.º 9.307/96 estabelece que a sentença arbitral produzirá os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário, constituirá
título executivo quando for condenatória, art. 515, VII, CPC/15.
A sentença arbitral pode estabelecer obrigações entre as partes, ou seja, constituir um vínculo jurídico que concederá ao credor o direito de demandar
do devedor o cumprimento da prestação estabelecida.
A obrigação de fazer (obligatio ad faciendum) prevista nos art. 247 usque 249, do Código Civil, é uma obrigação positiva cujo cumprimento decorre de
uma ação por parte do devedor, e a obrigação de não fazer (obligatio ad non faciendum) prevista nos arts. 250 e 251, do Código Civil, é uma obrigação
negativa cujo objeto é a abstenção de uma conduta.516
Destaca-se que quando o conteúdo da sentença arbitral é a imposição de uma obrigação (de fazer ou não fazer) esta será considerada uma sentença
condenatória e, por conseguinte, um título executivo judicial, e não havendo o cumprimento espontâneo deste no prazo estabelecido, a parte que se sentir
lesada poderá propor ação de execução de sentença arbitral, frente à imprescindibilidade da atuação do Poder Judiciário para garantia de direito perquirido,
uma vez que o árbitro não possui os poderes coercitivos necessários para efetivar o cumprimento da referida sentença.517
O cumprimento da sentença condenatória de obrigação de fazer e não fazer assemelha-se à sentença condenatória de quantia certa, destacando-se que a
ação de execução de sentença arbitral deve ser proposta, por meio de petição inicial nos moldes do art. 319, do CPC/15, perante o juízo competente para
ação de conhecimento originária, conforme art. 516, III, do CPC/15, petição esta na qual deverá constar o título executivo e demais documentos
comprobatórios da legalidade do feito, fazendo-se necessária a citação do executado.518
A citação da parte devedora além de ser imprescindível para regularização da relação processual também objetiva conceder-lhe a oportunidade de
cumprir espontaneamente a obrigação, antes de serem utilizadas as medidas processuais coercitivas para garantir o cumprimento da sentença arbitral,
momento em que o Estado atuará diante da possível inércia da parte devedora.519
E no que versa os interesses do executado, admite-se que o vencido na arbitragem questione a nulidade da sentença arbitral e se utilize da ação de
invalidação ou impugnação ao cumprimento da sentença arbitral,520 valendo-se do disposto no art. 32, da Lei n.º 9.307/96, e também do artigo 525, § 1.º, do
CPC/15, uma vez que o § 4.º, do art. 536, do mesmo codex, estabelece que no cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de
fazer ou de não fazer, aplica-se o art. 525, no que couber, de modo a garantir ao executado uma defesa efetiva.
Assim, verifica-se que quando a parte devedora não cumpre tempestivamente a obrigação estabelecida na arbitragem, há outros meios para se garantir a
execução da sentença arbitral que impõe obrigação de fazer e não fazer, e é neste contexto que o Estado atuará buscando a atividade satisfativa, baseando-
se no princípio da efetividade do processo poderá utilizar-se de mecanismos coercitivos para alcançar o resultado esperado pela parte prejudicada, fazendo
com que a sentença arbitral outrora proferida, considerada título executivo judicial, seja efetivamente cumprida no mundo fático.
52.1. A FIXAÇÃO DE PRAZO PARA CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO E MULTA PELA INÉRCIA
Alguns elementos extraprocessuais que levam a parte vencida a cumprir espontaneamente a decisão arbitral, sem a necessidade de intervenção do Poder
Judiciário, dentre eles: a) a boa-fé; b) a necessidade de credibilidade no mundo dos negócios; e, c) sanções corporativas.521
Contudo, o descumprimento da obrigação estabelecida na sentença arbitral é algo que, muito embora não seja o desejável, pode vir a ocorrer e neste
viés há a necessidade de se analisar a questão atinente à fixação de prazo para o cumprimento espontâneo e à aplicação de multa em caso de
descumprimento no prazo estabelecido.522
Qualquer título somente pode ser executado judicialmente depois de vencido o prazo para o cumprimento da obrigação nele estabelecido, por isso
acertou o legislador ao impor a obrigação de fixação de prazo para o cumprimento da obrigação na sentença arbitral.
Proferida a sentença arbitral, “aquele contra quem é proferida será dela intimado, nos termos do art. 29, da Lei de Arbitragem, e deve cumprir o
julgado, equiparado à sentença judicial transitada em julgado”.523 A fixação do prazo para o cumprimento da obrigação é um requisito de validade da
sentença arbitral que deve estar na parte do dispositivo, nos termos do artigo 26, inciso III, da Lei n.º 9.307/96.
Na Lei de Arbitragem não existe um prazo determinado para o cumprimento da obrigação imposta na sentença, aplicando por analogia o Código de
Processo Civil, entende que o cumprimento espontâneo da obrigação deve se dar no prazo de quinze dias, contados do recebimento da comunicação da
sentença arbitral.524
Contudo, a Lei n.º 9.307/96 expressamente atribui ao árbitro o poder de estabelecer na sentença arbitral o prazo para o cumprimento do decisum pelo
devedor.525 O árbitro é livre para definir o prazo que achar razoável para o cumprimento da obrigação, inclusive, em caso de decisão liminar.
É imperioso ressaltar que a fixação do prazo para cumprimento da obrigação, prevista na decisão arbitral, deve estar fixada na parte do dispositivo por
ser requisito de validade da própria sentença arbitral. E como forma de provocar a parte, o árbitro pode, ainda, estabelecer multa para o caso de
descumprimento da obrigação no prazo imposto. E quanto à execução da sentença arbitral, o Poder Judiciário como forma de coagir o executado, também
poderá se utilizar de uma multa, a qual poderá ser prevista de ofício pelo juiz, nos moldes do artigo 537 do CPC, destacando-se que esta será devida ao
exequente que poderá levantar o valor após o trânsito em julgado da sentença que lhe for favorável.
53. DA EXECUÇÃO DA SENTENÇA ARBITRAL CONTRA A FAZENDA PÚBLICA
Exercida a arbitragem e prolatada a sentença arbitral, a satisfação dos direitos do credor ocorrerá com o cumprimento pelo devedor de uma obrigação
de pagar quantia certa, fazer ou deixar de fazer.
Quando o devedor da relação jurídica processual é o Estado (englobando todas as pessoas jurídicas de direito público da Administração Direta e
Indireta), a Constituição Federal e o Código de Processo Civil estabelecem um procedimento diferenciado, tendo em vista a indisponibilidade do interesse
público.
O procedimento de execução contra a Fazenda Pública deve observar o que dispõe os arts. 534 e 535, do Código de Processo Civil. Em regra, o Poder
Público, quando condenado a pagar quantia certa, obedece ao Sistema de Precatórios estabelecido no art. 100, da CF/1988, ou de RPV (Requisição de
Pequeno Valor),526 salvo as pessoas jurídicas de direito privado integrantes da Administração Indireta (Empresas Públicas e Sociedades de Economia
Mista).527
O sistema de precatórios objetiva a preservação da igualdade de tratamento entre os credores do Poder Público e a Moralidade, visto que a estipulação
de ordem cronológica de pagamento busca evitar favorecimentos pessoais de credores mais recentes em detrimento dos credores mais antigos.
Vale informar que o Supremo Tribunal Federal (STF) tem-se mostrado alinhado à adoção do Sistema de Precatórios, conforme se assevera nos autos do
Recurso Extraordinário n.º 132.031/SP, demonstrado abaixo:
O regime constitucional de execução por quantia certa contra o Poder Público – qualquer que seja a natureza do crédito exequendo (RTJ 150/337) – impõe a necessária extração de
precatório, cujo pagamento deve observar, em obséquio aos princípios éticos-jurídicos da moralidade, da impessoalidade e da igualdade, aa regra fundamental que outorga preferência
apenas a quem dispuser de precedência cronológica (prior in tempore, potior injure).
A exigência constitucional pertinente a expedição de precatório – com a consequência obrigação imposta ao Estado de estrita observância da ordem cronológica de apresentação desse
instrumento de requisição judicial de pagamento – tem por finalidade: (a) assegurar a igualdade entre os credores e proclamar a inafastabilidade do dever estatal de solver os débitos
judicialmente reconhecidos (RTJ 108/463), (b) impedir favorecimentos pessoais indevidos e (c) frustrar tratamentos discriminatórios, evitando injustas perseguições ditadas por razões de
caráter político-administrativo”.
O pagamento antecipado de credor mais recente, em detrimento daquele que dispõe de precedência cronológica, não se legitima em face da Constituição, pois representa comportamento
estatal infringente a ordem de prioridade temporal assegurada a todos os credores do Estado, de maneira objetiva e impessoal, pela Carta Política.
O legislador constituinte, ao editar a norma inscrita no art. 100 da Carta Magna, teve por objetivo evitar a escolha de credores pelo Poder Público. Eventual vantagem concedida ao erário
público por credor mais recente não justifica, para efeito de pagamento antecipado de seu crédito, a quebra da ordem constitucional de precedência cronológica.
O pagamento antecipado que daí resulte – exatamente por caracterizar escolha ilegítima do credor – transgride o postulado constitucional que tutela, a prioridade cronológica na satisfação
dos débitos estatais e autoriza, em consequência – sem prejuízo de outros efeitos de natureza jurídica e de caráter político administrativo -, a efetivação do ato de sequestro.

Contudo, mesmo havendo previsão constitucional sobre o procedimento para pagamento das condenações da Fazenda Pública, a realidade prática tem
mostrado que os entes políticos, em todas as esferas de atuação, têm continuamente acumulado precatórios pendentes.
A falta de pagamento de precatórios pendentes no Estado de São Paulo atingiu tamanha gravidade, que a OAB/SP estampou um vigoroso protesto no
seu Boletim Semanal (n.º 2.394, de 22 a 28 de novembro de 2004):
É acaciano proclamar que uma Constituição só exista de fato na medida em que suas disposições são efetivamente obedecidas, seja voluntariamente, seja pela imposição do Poder
Judiciário nos casos de violação pelos demais Poderes da República.
Entre nós, como é público e notório, há um sem-número de disposições constitucionais que não passam de meras declarações pomposas. E disso não passam porque, desrespeitadas, o
Poder Judiciário não as faz valer. São peças de ficção.
Exemplo típico é a norma que prescreve o modo de tornar efetivo os direitos dos credores da Fazenda Pública. Pelo menos em São Paulo, seja em nível estadual, seja em nível municipal,
tal norma não vale nada. E nada vale graças, principalmente, ao Supremo Tribunal Federal, que, exceção feita ao voto do Ministro Marco Aurélio, acabou retirando a força do instrumento
de intervenção federal no Estado, ou do Estado no Município, com o fim de realizar os pagamentos, sob o pretexto de que não se pode obrigar o governante a honrar precatórios quando
não há recursos suficientes para tanto.528

A Emenda Constitucional n.º 94, de 2016, foi promulgada com o objetivo de agilizar o pagamento dos precatórios, de modo que eles levem, no
máximo, cinco anos para serem quitados. Contudo, somente o tempo irá demonstrar se as novas regras terão aplicabilidade fática possível.
Neste sentido, mesmo que a regra geral imponha a utilização do sistema de precatório e RPV para satisfação de créditos da Fazenda Pública, os
operadores do direito buscam discutir sobre a possibilidade de realizar o pagamento espontâneo de sentença arbitral, ou seja, sem a necessidade da
observância do sistema de precatórios.
Não há necessidade da expedição de precatório, visto que:
Assim como o Poder Público está autorizado, pela via administrativa, a promover a recomposição do equilíbrio econômico financeiro de um contrato administrativo, pode reconhecer a
dívida cristalizada em sentença arbitral e efetuar o pagamento de forma espontânea, dispensada a execução do título na esfera judicial, desde que haja previsão na lei Orçamentária Anual,
na linha do disposto no art. 167, inciso II, da Constituição da República.529

A Lei Orçamentária Anual – LOA, é elaborada pelo Poder Executivo e estabelece as despesas e receitas que serão realizadas no ano seguinte à sua
aprovação. Assim sendo, havendo uma sentença arbitral que condene a fazenda pública a pagar quantia certa, essa obrigação poderá ser resolvida sem
necessidade da emissão de precatório, desde que haja previsão expressa na Lei Orçamentária.
O sistema de precatórios é a regra geral na execução de sentença arbitral, todavia, de forma excepcional, a obrigação pecuniária poderá ser satisfeita
sem necessidade de precatório, desde que exista previsão legal e contratual neste sentido, inclusive, que os valores sejam suportados por fundos públicos ou
privados criados para este fim.530
Caso o credor da Fazenda Pública conceda uma vantagem econômica para o recebimento imediato, caberá ao Poder Público, alicerçado nos princípios
da eficiência e da economicidade, não observar o sistema de precatório.531
Assim, a arbitragem, método de resolução consensual de conflitos, poderá ter como parte a Fazenda Pública, desde que verse sobre direitos
patrimoniais disponíveis. O processo de arbitragem culmina em uma sentença arbitral, título executivo judicial.
Em suma, a regra ordinária para a execução da sentença arbitral contra a Fazenda Pública é utilização de precatório ou RPV, como qualquer título
executivo judicial comum, contudo, vislumbra-se possibilidade de essa regra ser mitigada. De qualquer modo, é fato incontroverso que as normas
brasileiras têm muito a evoluir para tornar a arbitragem com a Fazenda Pública ainda mais atraente.
54. INVALIDAÇÃO DA SENTENÇA ARBITRAL
Quanto ao tema nulidade da sentença arbitral existe um grande equívoco com relação à análise inadequada ao tratamento jurídico da patologia da
sentença final.
Isso ocorre porque se costuma confundir, induzidos pela própria literalidade dos arts. 32 e 33, da Lei de Arbitragem, a invalidação da sentença com a
invalidação do negócio jurídico em geral, pois se assemelha, este, aos efeitos dos vícios dos atos jurídicos apresentados no Direito Civil e no Processo
Civil. Destarte os avanços trazidos pela reforma apresentada pela Lei n.º 13.129/2015, o legislador perdeu a oportunidade de melhor adequar essa
sistemática.
É importante destacar que não se podem confundir as nulidades civis com as nulidades processuais e muito menos assimilar os efeitos de uma pela
outra, pois as nulidades explanadas pelos civilistas e contidas nos arts. 166, 167 e 171, da Lei Civil, são absolutas ou relativas – sendo que as primeiras são
insanáveis, inclusive diante da vontade das partes, e também imunes à decadência e à prescrição.
As nulidades processuais se apresentam como relativas e absolutas. Elas têm critérios específicos para identificação de vício, porém, são possíveis de
serem sanáveis por vontade das partes ou por outro motivo legal, inclusive pela preclusão e decadência.
Quando a Lei de Arbitragem diz, no art. 32, que: é nula a sentença arbitral, será equivocado tratar desta nulidade pelo regime jurídico do direito material, impondo-se aplicar o sistema
processual a respeito do vício e seus efeitos. Diferente, porém, quanto à causa em si da primeira hipótese de nulidade: nula a convenção. Enquanto negócio jurídico, seu defeito submete-se
às categorias civis, e não processuais. Mas proferida a sentença, esta substitui a convenção, e o quanto nela se contém, de tal forma que se não atacado o pronunciamento a tempo, eventual
vício da convenção pode subsistir para outras situações, mas no objeto da sentença arbitral, sucumbe à impugnação na forma prevista para tanto, podendo o julgamento inclusive alcançar a
imutabilidade. 532

Diante de tal fato, pode-se afirmar que a invalidade da sentença é um assunto que deve ser analisado de forma cautelosa, levando-se em consideração o
Direito Processual Civil. Por sua vez, a nulidade da convenção é uma causa legal a ser apurada no Direito Civil sob a égide do direito material em si.
A invalidade da sentença arbitral submete-se ao prazo decadencial previsto em lei, art. 33, § 1.º, da Lei n.º 9.307/96, que estabelece o prazo de 90
(noventa) dias, ressalvando, apenas, que a parte deve possuir legitimidade para propor ação.
O árbitro é juiz de fato e de direito, conforme o art. 18, da Lei n.º 9.307/96, exerce jurisdição e consequentemente profere a sentença arbitral com
natureza definitiva, sujeita à imutabilidade decorrente da coisa julgada material, assim como ocorre com a sentença judicial, conforme dispõe o art. 31, da
Lei n.º 9.037/1996, pois a sentença arbitral é considerada pela Lei Processual um título executivo judicial, conforme o art. 515, VII, do CPC/15.
Portanto, as sentenças arbitrais e judiciais têm suas semelhanças quanto à essência, pois o regime jurídico para desconstituição de uma é o mesmo para
outra. Porém, cada qual com suas especialidades ora às vezes comuns ora fundamentadas em causa.
Diante deste cenário, o art. 33, da Lei de Arbitragem, estabelece a invalidação da sentença arbitral com a propositura de ação rescisória e não como
ação declaratória de nulidade para correção do vício do ato jurídico.
A tutela jurisdicional usada para atacar a sentença arbitral quando qualificada como nula pela lei, considerados os vícios tipificados na norma, tem sua
natureza qualificada como desconstitutiva, pois a sentença arbitral viciada, nula ou anulável apenas pode ser desconstituída e não declarar sua nulidade.
Os vícios legais especificados no art. 32, da Lei n.º 9.307/96, são de ordem processual e material, conforme o caso relativo à sentença por meio do seu
instrumento jurídico, pois existem os elementos internos e externos à arbitragem que podem ocasionar a quebra do laudo.
Nessa esteira, o prazo decadencial para a desconstituição da sentença arbitral é de 90 (noventa) dias para ser proposta pela parte interessada, pois,
passado este prazo, a sentença torna-se definitivamente imutável, qual seja a coisa julgada da sentença judicial após o prazo para a propositura de ação
rescisória.
Ressalta-se que, em situações excepcionais, por via indireta, pode ser retirada a eficácia da sentença arbitral em razão de nulidade absoluta da
convenção que a originou.
Em relação à ação prevista para o rompimento da sentença arbitral na esfera processual, o legislador buscou identificar determinados vícios como
suficientes para acarretar o reconhecimento da sua invalidade, a ser promovida através da ação desconstitutiva, prevista no art. 33, da Lei de Arbitragem. O
legislador buscou equiparar a ação rescisória, embora essa mais restrita com relação à sentença de mérito, e o rompimento da sentença arbitral, bem como
evidenciou que, nas hipóteses legais, pode-se atingir as sentenças terminativas, conforme o caso. Porém, a ideia central é a desconstituição da sentença
arbitral, a qual está amparada no art. 32, da Lei de Arbitragem. Todavia, a tutela não é declaratória de nulidade, como trouxe a reforma de 2015, mas sim
desconstitutiva pelo vício de nulidade processual que esteja contido na sentença.
A reforma da Lei de Arbitragem retrocedeu, alterou somente o termo decretação por declaração, confirmando a confusão entre as nulidades do mundo
jurídico. Ao se encerrar o procedimento por sentença e for possível exclusão de seus efeitos, faz-se através de desconstituição, e não por decretação ou
declaração.
Todavia, a decretação e a declaração estão contidas na desconstituição, mas a invalidação do art. 33 é muito mais que decretar ou declarar o vício em
razão do seu defeito, onde ocorre a quebra, ou seja, é muito mais que o rompimento de sua imutabilidade desfazendo a relação jurídica, a qual retira os
efeitos do seu título com eficácia plena.
A ação tem situações restritas e exclusivas das circunstâncias identificadas como taxativas em numerus clausus, pois na verdade as partes não podem
expandir o rol de nulidades elencadas na sentença e muito menos renunciar de forma prévia a incidência dos arts. 32 e 33, da Lei de Arbitragem,
considerados cogentes e a despeito da maior autonomia da vontade em sede arbitral.
Ainda sobre a nulidade, a mesma convalesce pelo decurso de prazo em razão da segurança jurídica, pois, busca-se, da lei, a estabilização da decisão
arbitral em curto tempo. Os vícios propriamente ditos guarnecem a ação, conforme o caso, para que encontre na legislação civil a sua identificação, mas a
sentença será nula sempre no âmbito processual se verificadas as hipóteses para uma propositura oportuna da ação, sob pena do exaurimento do prazo a fim
de imunizar o julgado.
O sistema de rompimento da sentença arbitral como sendo: “a sentença arbitral poderá ser desconstituída se (...)”, em vez de “É nula a sentença arbitral
se (...)”. Para evitar uma confusão entre os intérpretes, a ação (de desconstituição) será proposta pela parte interessada no órgão do Poder Judiciário
competente, no prazo de 90 dias do recebimento da notificação da sentença, parcial ou final, ou da decisão do pedido de esclarecimentos.533
A reconhecida semelhança entre a sentença arbitral e judicial não permite, porém, admite, que aquela submeta-se à ação rescisória, privativa desta, a
qual o legislador apresentou a patologia de cada ação própria para sua desconstituição.
A sentença arbitral tem o seu prazo mínimo para buscar de forma mais rápida a celeridade nas relações privadas, gerando maior expectativa para
estabilização da solução imposta à causa.
Entretanto, de forma alguma pode-se utilizar deste expediente para se rediscutir a matéria que já fora decidida, pois a inconformidade do vencido pela
solução jurídica, apresentada do conflito com o árbitro ou mesmo o tribunal arbitral, não é motivo para invalidação da sentença arbitral. Ou seja, error in
judicando é matéria estranha à desconstituição do julgado, pela forma prevista na Lei de Arbitragem, e o Poder Judiciário não é instância revisora ou
recursal da sentença arbitral.534
55. DAS CAUSAS DE INVALIDAÇÃO DA SENTENÇA ARBITRAL
As causas da invalidação da sentença arbitral estão elencadas no art. 32, as quais remetem para alguns outros artigos, dependendo da situação da
invalidação, quais sejam os art. 26, art. 12, III e o art. 21, § 2.º, todos da Lei de Arbitragem.
Percebe-se que com a introdução da Lei n.º 13.129/2015, há correção do dispositivo em substituir a referência à nulidade do compromisso por nulidade
da convenção arbitral.
A convenção arbitral é um negócio jurídico resultante da autonomia privada, ou seja, essa autonomia que vem da vontade das partes de afastar o
conflito da jurisdição estatal, pois assim deve ser tratado o negócio jurídico.
Deve-se observar os elementos essenciais à convenção arbitral que devem estar presentes e verificar o comprometimento da convenção em relação à
incapacidade das partes ou quando o objeto da arbitragem versar sobre direitos indisponíveis, que para este caso faltará o requisito da arbitrabilidade
subjetiva do art. 1.º, da Lei n.º 9.807/1996.
Diante dos vícios verificados na convenção, serão apurados de acordo com o direito material, ou seja, a Lei de Arbitragem e o Código Civil, onde
haverá fundamento para desconstituição da sentença arbitral.
Ainda sobre o vício da convenção, cabe destacar que o negócio jurídico é conhecido pelo direito material como sendo de nulidade absoluta, pois neste
caso será desnecessário a arguição durante o procedimento de arbitragem, tendo em vista que, sendo de ordem pública, não depende da disponibilidade das
partes, o que impende o saneamento durante o decorrer do procedimento. Entretanto, o ato nulo não se convalida e, mesmo sendo omisso dessa parte até a
sentença, contamina toda a arbitragem, o que compromete inclusive a decisão, que ficará exposta à invalidação, nos termos dos arts. 32 e 33, da Lei de
Arbitragem.
De outro lado, o possível vício da convenção pode ser considerado pelo direito material como sendo relativo, pois sua menção deve ser feita no
momento oportuno, como a exemplo do art. 20, da Lei n.º 9.307/96, sob a pena de impedir que venha a ser invocado como causa de invalidação da
sentença.
Frise-se que vale mesmo sendo o caso de nulidade absoluta, pois o rompimento do julgado com base nesta causa em específico deve ser feito por meio
do ajuizamento da desconstituição da sentença, que deverá respeitar o prazo decadencial de 90 (noventa) dias.
Superado o prazo, não caberá mais a ação de desconstituição da sentença arbitral fundamentada nos arts. 32, I e 33, da Lei de Arbitragem, mesmo se for
constatado o vício de nulidade absoluta no compromisso, pois a nulidade da patologia processual sucumbe à inércia. Todavia, será possível reconhecer a
nulidade em ação própria para declarar inexistência da decisão ou da própria jurisdição arbitral.
Na forma de impugnação da sentença arbitral pelo vício de nulidade da convenção, é que o mesmo pode ser atacado pelo julgamento através do art. 33,
da Lei de Arbitragem, ou em impugnação ao cumprimento judicial da sentença arbitral condenatória, conforme dispõe o art. 33, § 3.º, da Lei n.º 9.307/96,
ou ainda por consequência da ação declaratória de nulidade.
No inciso I, do art. 32, estão contidos os efeitos da convenção que se encontram elencados no art. 20, da Lei de Arbitragem, ou seja, nulidade,
invalidade ou ineficácia da convenção, bem como o modo como este deve ser agregado ao parágrafo único, do art. 8.º, o qual confere ao árbitro a jurisdição
para decidir as questões acerca da existência da validade e eficácia da convenção.
As causas de nulidades e anulabilidades previstas na legislação civil são tal como na legislação especial, com relação à convenção de arbitragem, a qual
também autoriza a ação de desconstituição da sentença arbitral.
Conforme a patologia se for admitido o defeito em seu andamento nada impede que seja sanado pelas partes perante o juízo arbitral em qualquer
momento, e principalmente quando for instituída a arbitragem, assim preservando o procedimento e, por consequência, a sentença.
O art. 14, da Lei de Arbitragem, prevê as pessoas que são impedidas de funcionar como árbitro, ou seja, que tenham com as partes ou com litígio
alguma relação que caracterize impedimento ou suspeição de juízes, os quais estão descritos nos arts. 144 e 145, do CPC/15. Além dessas causas também
não podem funcionar como árbitro aqueles que tenham com as partes qualquer relação que cause a elas alguma desconfiança em relação a sua
independência, imparcialidade e que não tenha sido revelada em tempo oportuno e aceita por elas, pois cabe aos árbitros o dever de revelação.
Quanto à recusa do árbitro, ou seja, quando o mesmo se encontra impedido ou sem qualificação desejada na convenção pelas partes, deve ser
previamente manifestada em momento oportuno, conforme prevê os artigos 14, 15 e 20, da Lei n.º 9.307/96.
Outro ponto que se deve atentar são os requisitos contidos no art. 26, da Lei de Arbitragem, que deve conter obrigatoriamente na sentença arbitral o
relatório, fundamentação, dispositivo, assinatura, data e local em que foi proferida, bem como deve ter as exigências da forma escrita, conforme o art. 24,
da Lei n.º 9.307/96, sendo assim a ausência de qualquer um desses elementos causadora de desconstituição por vício de forma.
A escolha do tribunal de arbitragem quanto ao número de árbitros e do presidente deve ser feita conforme estipula a convenção, pois caso haja mal
desenvolvimento da sentença arbitral a mesma poderá ser invalidada.
É permitido na arbitragem o julgamento por equidade, mesmo nas hipóteses em que a lei material eventualmente autorize este método, pois o árbitro
estará adstrito à vontade das partes, e caso a sentença venha a ser decidida por equidade, será nula, na forma prevista no inciso IV, do art. 26, da Lei de
Arbitragem.
Ainda sobre o art. 32, VI, comprovada que a sentença arbitral foi proferida e incorreu nos crimes de prevaricação, concussão ou corrupção passiva, os
árbitros serão equiparados a funcionários públicos, inclusive na legislação penal, em que tais crimes estão previstos nos artigos 319, 316 e 317 do Código
Penal Brasileiro e no art. 17, da Lei n.º 9.307/96, pois, havendo qualquer interesse pessoal ou alguma vantagem para si ou para outrem, o julgador que
atrasa a sentença ou direciona seu julgamento a uma das partes, que da mesma forma ocorre com o juiz togado, previsto no art. 966, I, do CPC/15, a
sentença estará comprometida pela objetiva e macroscópica parcialidade detectada a posteriori.535
A finalização do procedimento arbitral tem um tempo estipulado por definição das partes, e que se encontra disposto no art. 12, III, da Lei de
Arbitragem, e por disposição legal este prazo é fixado em até 6 (seis) meses para ser proferida a sentença, conforme o art. 23, da Lei n.º 9.307/96.
Tal descumprimento do prazo expõe a sentença à invalidação, porém, para ser aplicada de forma rigorosa essa prática, é indispensável que se faça uma
prévia notificação ao árbitro ou ao presidente do Tribunal Arbitral, para que a decisão seja proferida no prazo de 10 (dez) dias, e esta notificação encontra-
se prevista no art. 12, III, da Lei de Arbitragem.
O último vício a ser tipificado está elencado no art. 21, § 2.º, da Lei de Arbitragem, o qual se refere à imparcialidade e ao livre convencimento do
árbitro, bem como à violação dos princípios do contraditório e da igualdade entre as partes, a qual está contida na regra maior do devido processo legal, que
deve ser obrigatoriamente observado no procedimento de arbitragem.
56. EFEITOS DA DESCONSTITUIÇÃO DA SENTENÇA ARBITRAL
Desconstituição da sentença arbitral é uma possível garantia às partes envolvidas que optam pela via arbitral e a possibilidade de que estas reclamem o
controle judicial sobre a sentença proferida pelos árbitros, tal qual dispõe no art. 33, da Lei de Arbitragem. De fato, a existência da ação anulatória é a
previsão legal que confirma a constitucionalidade do instituto, uma vez que assegura a possibilidade de apreciação do litígio pelo Judiciário.
Portanto, desde que instituída a arbitragem de forma explícita e sua sentença com seus requisitos obrigatórios devidamente claros evitando assim sua
nulidade. Para tanto, ideia baseia-se na confiança que as partes depositam no árbitro para solucionar a controvérsia, no ofício jurisdicional do árbitro, bem
como na nova leitura que deve ser dada ao art. 29, da Lei n.º 9.307/96, que dispõe sobre a sentença arbitral.
O art. 33, da Lei n.º 9.307/96, prevê a possibilidade do ajuizamento de uma ação anulatória específica para obter-se a anulação da sentença arbitral,
caso esta esteja viciada por alguma das formas previstas estabelecidas no art. 32.
Art. 32. É nula a sentença arbitral se:
I - for nula a convenção de arbitragem
II - emanou de quem não podia ser árbitro;
III - não contiver os requisitos do art. 26 desta Lei;
IV - for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem;
V - não decidir todo o litígio submetido à arbitragem; (Revogado pela Lei n.º 13.129, de 2015)
VI - comprovado que foi proferida por prevaricação, concussão ou corrupção passiva;
VII - proferida fora do prazo, respeitado o disposto no art. 12, inciso III, desta Lei; e
VIII - forem desrespeitados os princípios de que trata o art. 21, § 2º, desta Lei.

A parte interessada poderá pleitear ao Poder Judiciário a declaração de desconstituição da sentença, cuja declaração de nulidade da sentença arbitral,
parcial ou final, ou da decisão do pedido de esclarecimentos. Se caso julgado procedente o pedido proferirá nova sentença arbitral. Ou requerida ainda na
impugnação ao cumprimento da sentença.
Conforme Jurisprudências de alguns Tribunais:
AÇÃO ANULATÓRIA DE SENTENÇA ARBITRAL. JUNTADA DE DOCUMENTOS SEM A POSSIBILIDADE DE IMPUGNAÇÃO PELA PARTE CONTRÁRIA. VIOLAÇÃO AO
CONTRADITÓRIO. SENTENÇA ANULADA. Neste caso, o Tribunal Arbitral permitiu a juntada de documentos novos pela Requerente em réplica, sem, contudo, conceder prazo para
que a Requerida se manifestasse sobre os mesmos. A Requerida, então, após o fim do procedimento arbitral, propôs ação anulatória perante o Judiciário, requerendo a anulação da sentença
arbitral por uma suposta violação ao princípio do contraditório. O TJSP entendeu que a não concessão de prazo para que a Requerida se manifestasse sobre os documentos juntados
desrespeita o princípio do contraditório, implicando assim na nulidade da sentença arbitral.536
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. LITISPENDÊNCIA. EMBARGOS DO DEVEDOR. AÇÃO DE NULIDADE DE COMPROMISSO ARBITRAL. Não há
litispendência entre ação declaratória de compromisso arbitral e embargos do devedor objetivando a desconstituição da sentença arbitral. Embora exista coincidência entre alguns
fundamentos jurídicos apresentados em ambas as ações, é inviável reconhecer a litispendência, pois seria necessária não apenas semelhança, mas identidade entre as causas de pedir. Não é
possível a análise do mérito da sentença arbitral pelo Poder Judiciário, sendo, contudo, viável a apreciação de eventual nulidade no procedimento arbitral. O Tribunal de origem, na
hipótese, apenas deferiu a produção de provas para que pudesse analisar a ocorrência ou não de nulidade no procedimento arbitral.537

Uma vez a sentença arbitral proferida por árbitro nomeado pelas partes, não cabe qualquer recurso, exceto no caso desta ferir algum dos dispositivos
contidos na lei, ou se incidir sobre alguma das hipóteses de nulidade, contidas também na própria lei.
Quanto ao procedimento comum para o início da ação para desconstituição da sentença arbitral, a qual está elencada nos art. 318 e ss., do CPC/15,
quando se tratar de arbitragem com sede fixada no Brasil, o órgão de primeiro grau do poder judiciário que seria competente originariamente para julgar a
causa.
Ao ser julgado procedente o pedido contido na ação com a qual se pretende a desconstituição da sentença arbitral seja no todo ou parcialmente sua
invalidação, sendo assim a depender do caso poderá ficar comprometida perante a jurisdição arbitral, pois o resultado é circunstancial dependendo da causa
que lhe deu origem.
A sentença arbitral após desconstituída por nulidade total da convenção ou por sua extinção será imediatamente afastada e definitivamente a jurisdição
arbitral, porém, nada impede que as partes formalizem nova convenção para levar até à arbitragem, e se assim optarem e cumprirem as exigências legais.
Caso a causa da desconstituição for atingida apenas uma parte do procedimento, este pode será recuperado, assim afastando o árbitro impedido, sendo
aconselhável o reinício do procedimento com o cumprimento das exigências pertinentes à nomeação do seu substituto. E desrespeitando o contraditório
invalida-se os atos posteriores, mas preservando-se o quanto até onde se caminhou.
Nas hipóteses de exclusão do juízo arbitral, até mesmo quando afastada a jurisdição arbitral por inteiro sobre a matéria, o julgamento pelo judiciário do
conflito submetido à arbitragem, que na oportunidade da apreciação da desconstituição da sentença arbitral permite, além do juízo rescindente, o juízo
rescisório ou revisório, não ocorrerá o julgamento pelo judiciário em substituição à decisão rompida.
A propositura da ação de desconstituição da sentença arbitral, bem como a apresentação de impugnação com esse teor, por si só não impede o
prosseguimento do cumprimento judicial da condenação prevista e muito menos desfaz os efeitos declaratórios ou constitutivos estabelecidos, porém, como
ocorre nos litígios nada impede que seja requerida a tutela provisória de urgência ou evidência para suspender os efeitos da decisão contraposta, desde que
sejam preenchidos os requisitos legais.
Cabe registrar que, com o intuito de ampliar a utilização da jurisdição arbitral, a referida Lei de Arbitragem à luz do CPC/15, modificou nosso
ordenamento jurídico processual sensivelmente, dispensando o aval do Juiz na sentença arbitral, dando, assim, ao instituto da arbitragem uma maior
autonomia e eficácia.
57. ARBITRAGEM NO DIREITO FALIMENTAR
A arbitragem é meio alternativo de solução de controvérsias através da intervenção de uma ou de mais pessoas que recebem seus poderes de uma
convenção privada – decorre do princípio da autonomia da vontade das partes – para exercer sua função, decidindo com base em tal convenção, sem
intervenção estatal, tendo a decisão idêntica eficácia de sentença proferida pelo Poder Judiciário. 538 Está regulada pela Lei n.o 9.307/96.
O instituto da recuperação de empresas foi positivado por meio da Lei n.o 11.101/2005, que regula os mecanismos para solucionar a situação de crise
econômico-financeira pela qual pode passar o empresário ou a sociedade empresária. Nesse sentido prevê o artigo 47, da referida lei, in verbis:
Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do
emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.

A recuperação de empresas é uma tentativa de saneamento/reorganização da empresa em crise, a fim de evitar o processo falimentar, 539 processado
integralmente no âmbito do Poder Judiciário, por meio de uma ação judicial, com rito processual próprio, visando a solução para a crise econômica ou
financeira da empresa.540
57.1. A ARBITRAGEM NA FALÊNCIA
O instituto da falência, também é regulado pela Lei n.o 11.101/2005, sendo um processo de execução coletiva, ou um concurso de credores, no qual os
bens do falido são arrecadados para uma venda judicial forçada, com a distribuição proporcional do resultado entre todos os credores.541
No tocante à possibilidade de utilização do procedimento arbitral no processo de recuperação judicial e na falência, a Lei n.o 9.307/96, prevê no artigo
1.º, a chamada arbitrabilidade subjetiva. A Lei de Falências estabelece a perda da capacidade de disposição da sociedade falida e a consequente necessidade
de representação para ela, assim entre em cena a figura do administrador judicial conforme dispõe os arts. 76, parágrafo único e 103, in verbis:
Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido, ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não
reguladas nesta Lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo.
Parágrafo único. Todas as ações, inclusive as excetuadas no caput deste artigo, terão prosseguimento com o administrador judicial, que deverá ser intimado para representar a massa falida,
sob pena de nulidade do processo.
Art. 103. Desde a decretação da falência ou do sequestro, o devedor perde o direito de administrar os seus bens ou deles dispor.

Infere-se que o empresário é afastado de suas atividades e da empresa devido à decretação da falência e, o conjunto de bens passará a ser administrado
por um profissional, o qual é denominado pela referida lei como administrador judicial. Assim, todos os assuntos pertinentes a essa massa falida
dependerão da participação do administrador judicial, que representará seus interesses.
A Lei de Arbitragem é expressa ao afirmar que pode ser objeto de arbitragem, somente os direitos patrimoniais disponíveis, arbitrabilidade objetiva.
Além do mais os objetos devem ser lícitos, possíveis, física e juridicamente, e obedecer a formas previstas em lei.
A Lei de Arbitragem indica que as questões devem ser passíveis de constar do patrimônio daqueles capazes de utilizar o procedimento arbitral e, além
disso, devem ser disponíveis.
A própria Lei n.º 11.101/2005 prevê no art. 103, que após a decretação da falência o devedor perderá o direito de administrar seus bens ou deles dispor,
sem prejuízo de acompanhar o processo de falência.
A doutrina brasileira tem entendimento pacífico sobre as consequências da perda da capacidade de disposição da sociedade falida e que, por isso, resta
impossibilitada a alienação ou oneração de seus bens, eis que fazem parte da massa falida.
A participação da massa falida em um procedimento arbitral não pretende onerar bens, como na hipótese vedada pelo dispositivo da lei de falências,
mas sim caráter meramente declaratório, eis que a solução do litígio posto em seu âmbito tem o condão apenas de tornar o direito da massa falida líquido e
assim ser encaminhado ao juízo universal da falência nos termos do art. 76, caput e parágrafo único, da Lei n.º 11.101/2005.
Ademais, a massa falida estaria devidamente representada por seu administrador estando assim seus direitos assegurados.
Por conseguinte, o Superior Tribunal de Justiça também corrobora esse entendimento, a saber:
Com efeito, a participação da massa liquidanda no procedimento arbitral, a rigor, não exige a prática de nenhum ato inclinado a concluir negócios pendentes, tampouco a onerar ou alienar
bens. O fato de a arbitragem envolver direitos disponíveis não significa que haverá, necessariamente, no curso do procedimento arbitral, atos do liquidante que impliquem na
disponibilização de tais direitos.542

Não existem impedimentos ao prosseguimento de arbitragem que verse sobre quantias ilíquidas e rompimentos contratuais pelo simples fato de que a
sociedade falida (parte na convenção de arbitragem) teria perdido sua capacidade de disposição ou, teria sido substituída pela massa falida e, portanto, nem
existiria mais.543
O art. 6.º, § 1.º, da Lei n.º 11.101/2005, in verbis:
Art. 6.º A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive
aquelas dos credores particulares do sócio solidário.
§ 1.º Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que demandar quantia ilíquida.

Com fundamento no art. 6.º, havendo decretação da falência do demandante, a arbitragem deve ter seu curso normal para a verificação de eventual
crédito, impulsionada pelo administrador judicial nos termos do parágrafo único, do art. 76, da Lei n.º 11.101/2005, ou seja, em razão de quantias ilíquidas,
que devam ser apuradas em razão da arbitragem decorrente de convenção anterior à quebra, por demandas já propostas.544
Deve-se observar qual o momento em que a convenção de arbitragem fora assinada pelas partes de modo a verificar sua capacidade e a disponibilidade
de seu patrimônio (art. 1.º, da Lei de Arbitragem).
Posterior à decretação da falência, é evidente que a convenção de arbitragem será inválida, art. 103 da Lei n.º 11.101/2005, pois o devedor perderá a
capacidade de administrar seus bens (capacidade processual) e que, portanto, estará impedido de ser parte em qualquer negócio jurídico que disponha ou
onere seus bens.
Anterior à decretação da falência deve ser afastada a alegação de sua invalidade, pois a sociedade estaria cumprindo os requisitos do art. 1.º, da Lei n.º
9.307/96, qual seja, ser capaz de contratar naquele momento, podendo, portanto, estabelecer compromisso e dispor de seus bens da forma que lhe
conviesse.
As ações anteriormente distribuídas, envolvendo bens, interesses e negócios do falido, serão remetidas ao juízo falimentar para julgamento, salvo
aquelas que demandarem quantia ilíquida contra o falido que terão prosseguimento no Juízo ao qual foram anteriormente distribuídas, por força da
disposição geral aplicável aos processos de falência e de recuperação (art. 6º, § 1.º).545
A respeito desse aspecto de validade, o Superior Tribunal de Justiça em sede de Medida Cautelar afirmou que:
O primeiro aspecto a ser ressaltado é que a cláusula compromissória foi firmada pelas partes antes da decretação da liquidação extrajudicial, oportunidade em que esta [parte na arbitragem]
detinha capacidade plena para contratar, tendo então optado por sujeitar à arbitragem a resolução de direitos patrimoniais disponíveis. Assim, no ato de celebração do compromisso arbitral
estavam presentes tanto o seu requisito subjetivo, previsto na primeira parte do art. 1º da Lei n.º 9.307/96, consistente na capacidade civil para contratar, quanto seu requisito objetivo,
também contido no referido art. 1º, in fine, correspondente à disponibilidade do direito patrimonial. Não há, pois, dúvida alguma acerca da validade da cláusula compromissória na
espécie.546

Nesse sentido é o entendimento do Tribunal de Justiça de São Paulo, ipsis litteris:


Agravo de instrumento – Falência – Impugnação judicial objetivando habilitação de crédito fundamentado em sentença arbitral – Cláusula compromissória pactuada em contrato de
construção de edifício firmado entre as partes. Inadimplemento contratual gerador de resolução do contrato e formulação de demanda perante a Câmara de Arbitragem – Posterior
decretação da falência da demandada – Intervenção do administrador judicial da massa falida no procedimento arbitral, com alegação de incompetência do juízo arbitral, em face da falta de
capacidade processual da falida e indisponibilidade dos bens da devedora, com base no art. 25, da Lei n.º 9.307/96, sustentando dever a demanda ser atraída para o juízo universal da
falência. Prosseguimento da demanda arbitral com condenação da devedora na indenização fixada pela Câmara de Arbitragem. Aplicabilidade do art. 6º, § 1º, da Lei 11.101/2005, eis
que, versando a demanda sobre quantia ilíquida, o processo não é suspenso em virtude da falência da devedora, inexistindo a vis attractiva do art. 76, caput, devendo o
procedimento arbitral prosseguir com o administrador judicial que representará a massa falida, sob pena de nulidade. Inaplicabilidade do art. 117 à convenção de arbitragem.
Inexistência de previsão legal de intervenção do Ministério Público nas demandas arbitrais em que a massa falida seja parte, especialmente sob a óptica do veto ao art. 4º, da Lei
11.101/2005, que não manteve norma similar ao art. 210 do Dec.-lei 7.661/1945. Legitimidade da inclusão do crédito reconhecido no Tribunal Arbitral no Quadro-Geral de Credores da
falida, pelo valor determinado no juízo arbitral, limitada a atualização monetária e os juros até a data do decreto da quebra, a teor dos arts. 9.º, inciso II, e 124, ambos da Lei 11.101/2005.
Agravo parcialmente provido para ser deferida a impugnação e a habilitação do crédito da agravante, observados os limites acima estabelecidos.547

É possível ratificar o entendimento de que o estado de falência superveniente ao processo arbitral não apresenta obstáculo ao desenvolvimento da
arbitragem já instaurada. E, se a decretação de falência não foi considerada motivo suficiente para a suspensão do procedimento arbitral nos termos do art.
6.º, da Lei de Falências, que é mais grave, nada obsta que o mesmo entendimento seja aplicado em caso de processamento ou concessão da recuperação
judicial incidental à arbitragem.
Ainda no contexto supramencionado, destacam-se as principais hipóteses encontradas na doutrina jurídica sobre o uso da arbitragem no processo
falimentar.
Dessa forma, ficam evidentes os limites materiais e temporais da convenção de arbitragem que denotam a compatibilidade do procedimento arbitral
mesmo à parte que teve sua falência decretada, mas desde que tenha sido pactuada em momento anterior a essa decretação.
57.2. A ARBITRAGEM NA RECUPERAÇÃO JUDICIAL
A Recuperação judicial, nos termos do art. 47, da Lei n.º 11.101/2005, tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-
financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim,
a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.
A crescente utilização da arbitragem e da recuperação judicial tem proporcionado inevitáveis interações e conflitos entre estes dois institutos legais.
Algumas hipóteses são apresentadas tanto na doutrina quanto nos tribunais e suscitam questões interessantes à discussão, dentre elas a possibilidade do uso
da arbitragem como forma de solução dos litígios entre os credores da sociedade em recuperação judicial ou entre esta última e os seus credores
regularmente habilitados.
O art. 103, da Lei n.o 11.101/2005, prevê que após a decretação da quebra ou do sequestro o devedor perde o direito de administrar os seus bens ou
deles dispor. Portanto, verifica-se que a perda do poder de disposição implica a descaracterização da arbitrabilidade objetiva.
No entanto, quanto à possibilidade da utilização do processo arbitral no instituto da recuperação judicial, a questão reflete um aparente conflito em
razão da natureza privada da arbitragem e os efeitos da recuperação judicial, deferida de forma superveniente, efeitos estes que implicam certos limites à
parte recuperanda em favor dos interesses da coletividade de credores abrangidos pelo processo de recuperação judicial.548
O Superior Tribunal de Justiça, em decisão monocrática, em sede da Medida Cautelar MC 14.295/SP - 2008/0122928-4, que envolvia uma empresa em
liquidação extrajudicial, adotou entendimento que pode ser utilizado também para a hipótese envolvendo uma recuperação judicial. A Ministra Relatora
considerou válido o compromisso arbitral celebrado antes da decretação da liquidação extrajudicial, uma vez que, à época da contratação, a autora tinha
plena capacidade civil para contratar (requisito subjetivo), tendo submetido à arbitragem a resolução de direitos patrimoniais disponíveis (requisito
objetivo).
Além disto, o Superior Tribunal de Justiça entendeu que a arbitragem não diferiria da fase de conhecimento dos processos judiciais, não envolvendo
atos de disposição dos bens da massa. Assim, a alegação de indisponibilidade dos bens não configuraria impedimento para o prosseguimento do
procedimento arbitral. Desta forma, verifica-se que o entendimento adotado pelo STJ foi o de respeitar os efeitos da cláusula compromissória anteriormente
firmada mesmo quando o procedimento arbitral é instaurado após o início do estado falimentar ou da recuperação judicial, desde que presentes os
requisitos legais de validade da cláusula compromissória à época da contratação.
Cabe trazer à baila, ainda, a respeito da instauração da arbitragem envolvendo empresa em recuperação judicial, ou seja, instaura-se a arbitragem após o
processamento da recuperação judicial, com base em cláusula compromissória regularmente pactuada.
Quanto às ações arbitrais ainda não propostas quando do deferimento do processamento da recuperação judicial, deve se aplicar o art. 6.º, caput e § 4.º,
da Lei n.º 11.101/2005, que suspende, pelo prazo de 180 dias, todas as ações e execuções em face do devedor,549 in verbis:
Art. 6.º A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive
aquelas dos credores particulares do sócio solidário. (...)
§ 4.º Na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput deste artigo em hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias contado do deferimento do
processamento da recuperação, restabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas ações e execuções, independentemente de pronunciamento
judicial.

O deferimento da recuperação deve ser informado ao árbitro que suspenderá o curso da arbitragem, sem prejuízo do prazo remanescente para prolação
da sentença arbitral, demandando quantia ilíquida, assim como na falência e nos termos do art. 6.º, §§ 1.º e 4.º, da Lei n.º 11.101/2005, após os 180 dias, a
ação prosseguirá no juízo arbitral até formação do crédito.
O caráter judicial do processo, uma recuperação judicial via arbitragem não pode ser considerada uma hipótese viável.550 A recuperação judicial é, por
expressa definição legal, uma ação judicial e, muito embora os direitos objeto da recuperação judicial sejam, em sua essência, direitos patrimoniais
disponíveis, optou o legislador por colocar todo o procedimento sob exclusiva fiscalização do Poder Judiciário.551
É quase certo que no curso do processo de recuperação judicial, surjam conflitos incidentais entre os credores e a sociedade em recuperação ou mesmo
entre os credores entre si relativos à própria recuperação judicial ou a questões relativas ao plano de recuperação proposto para tanto e é neste cenário que
se poderia considerar o uso da arbitragem.
Posta assim a questão, juntamente com o plano, podem as partes requerer a inclusão de cláusula arbitral para dirimir os conflitos concernentes à dúvida
quanto ao cumprimento dos meios aprovados para a recuperação. Tem-se que a crescente utilização da arbitragem como meio alternativo de solução de
conflitos, combinado com pedidos de recuperação judicial ou falência, tende a se tornar cada vez mais frequente na sociedade atual, eis que demanda por
soluções mais eficientes e céleres dos seus conflitos e também por se mostrar predisposta a inúmeras reviravoltas econômicas e sociais que impactam
diretamente nos conflitos empresariais e interpessoais.
A tendência da jurisprudência tem sido a de privilegiar o prosseguimento da arbitragem, existem argumentos razoáveis para se defender a
inexigibilidade de suspensão do procedimento arbitral caso uma das partes ou até mesmo ambas ingressem com pedido de recuperação judicial.
Já em relação à utilização da arbitragem no curso do processo de falência, a tendência também é a de prestigiar a utilização deste meio alternativo de resolução de conflitos como mecanismo célere e
eficiente para a solução de disputas entre os credores da empresa em processo de falência ou entre estes mesmos credores e a parte recuperanda.
Salienta-se que a falência implica em restrições aos direitos e obrigações do devedor e dos terceiros que com ele contrataram e, em determinados casos, podem impactar os procedimentos arbitrais e
acarretar a nulidade ou ineficácia das convenções de arbitragem.
Diante todo o exposto, a falência e a recuperação judicial tutelam, em grande parte, interesses públicos, deixando espaço reduzido para a instituição da
arbitragem, destinada à solução de litígios relativos a direitos disponíveis.
Como se isso não bastasse, teríamos grande dificuldade de formar o polo de demandantes e demandados em um processo arbitral que viesse a ser
instaurado para reger o processo de recuperação judicial. Estaríamos diante de um caso de arbitragem multiparte no polo ativo, por meio do qual a inclusão
de terceiros dependeria da concordância das partes e dos árbitros.
Diante dos interesses multifacetários do processo de recuperação judicial, mostra-se quase impossível a obtenção desse consenso no caso concreto, de
modo a viabilizar a instituição da arbitragem como técnica capaz de regular integralmente o processo de recuperação judicial.
58. A ARBITRAGEM NO DIREITO SOCIETÁRIO
No que tange ao Direito Empresarial, a arbitragem se desenvolveu efetivamente a partir do Século XVIII com a finalidade de solucionar conflitos
comerciais internacionais, podendo ser entendida como a submissão, a um ou mais árbitros, de divergência havida entre comerciantes em virtude do
negócio mercantil contratado.552
Assim é que, seguindo a dinâmica internacional, a possibilidade de resolução dos conflitos societários através do juízo arbitral no direito brasileiro é
antiga, figurando no ordenamento jurídico pátrio desde as Ordenações Filipinas, inserida na Constituição de 1824 (art. 160) e, posteriormente, no Código
Comercial de 1850, por força do qual era de utilização obrigatória para a solução de litígios entre sócios (art. 294).
Com exceção dos arts. 109, § 3.º, e 136-A, da Lei n.º 6.404/1976, 553 os quais expressamente preveem a aplicação da arbitragem para solucionar
conflitos nas Sociedades Anônimas, as sociedades empresárias em nome coletivo, em comandita simples e limitada, regidas supletivamente pelas normas
das sociedades simples (arts. 997 a 1.038, do Código Civil), podem se utilizar do meio heterocompositivo em comento pela faculdade prevista no art. 997,
consistente em incluir outras espécies de cláusulas no contrato social além daquelas expressamente elencadas, bem como pelo art. 853, ambos do Código
Civil, e do art. 1.º, da Lei n.º 9.307/96, in verbis:
Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará.
Art. 853. Admite-se nos contratos a cláusula compromissória, para resolver divergências mediante juízo arbitral, na forma estabelecida em lei especial.

Ademais, os arts. 851, do Código Civil, e, 9.º, da Lei n.º 9.307/96, preveem a possibilidade de os sócios firmarem compromisso arbitral extrajudicial, o
qual, diferentemente da cláusula compromissória, não vincula os sócios não participantes.
Art. 851. É admitido compromisso, judicial ou extrajudicial, para resolver litígios entre pessoas que podem contratar.
Art. 9.º O compromisso arbitral é a convenção através da qual as partes submetem um litígio à arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial.
§ 1.º O compromisso arbitral judicial celebrar-se-á por termo nos autos, perante o juízo ou tribunal, onde tem curso a demanda.
§ 2.º O compromisso arbitral extrajudicial será celebrado por escrito particular, assinado por duas testemunhas, ou por instrumento público.

Importante destacar que, por força do princípio da inafastabilidade da jurisdição, insculpido no art. 5.º, XXXV, da CF/1988, o sistema arbitral é regido
pelo princípio da autonomia da vontade, que consiste no fato de que o juízo arbitral depende da vontade das partes para ser utilizado na solução do conflito,
ou seja, as partes precisam pactuar que a lide seja apreciada pelo juízo arbitral, abdicando a via judicial.
A autonomia aqui confirma o poder das partes de modelar, em conjunto, toda a arbitragem, desde sua eleição e seu início, até a sua conclusão, passando
pelo seu conteúdo, sendo este princípio a essência da arbitragem. 554
Concernente ao direito empresarial, interessante é a previsão do art. 2.º, § 2.º, da Lei n.º 9.307/96, ao elencar as regras internacionais de comércio como
possível fundamento jurídico da sentença arbitral, in verbis:
Art. 2º. A arbitragem poderá ser de direito ou de equidade, a critério das partes. (...)
§ 2.º, Poderão, também, a partes convencionar que a arbitragem se realize com base nos princípios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais de comércio.

É indiscutível que a utilização da arbitragem no Direito Empresarial apresenta diversas vantagens, tendo em vista, sobretudo, a necessidade de se
preservarem as relações comerciais para que a atividade empresarial continue a ser exercida.
Nesse sentido:
O método estatal de diluição de controvérsias é altamente estimulador do litígio entre as partes, gerando traumas e rompimentos na relação, na medida em que produz um vencedor e um
vencido. Este não é notadamente o interesse de parceiros comerciais que estabelecem, durante anos, profícuos relacionamentos e que, pela superveniência de uma controvérsia contratual,
perdem esta parcela efetiva do seu patrimônio. O interesse precípuo desses agentes econômicos, ao contrário, é congregar, fortalecer e, juntos, ampliarem espaço no mercado.555

Desse modo, verifica-se que tais vantagens estão intimamente ligadas à dinâmica do mercado empresarial atual, que exige respostas cada vez mais
velozes para se manter competitiva.
A fim de dirimir dúvidas quanto à incidência da decisão proferida pelo juízo arbitral, é necessário delimitar a eficácia da cláusula compromissória no
direito societário. A convenção de arbitragem é o meio pelo qual as partes no contrato social se comprometem a submeter à arbitragem os litígios que
possam vir a surgir, relativamente a tal contrato. Tendo em vista sua anterioridade em relação ao conflito, define apenas o âmbito de incidência da
arbitragem, motivo pelo qual é regida pelo princípio da necessária incidência sobre o pacto social, isto é, tem como limites objetivos os interesses
existentes na relação sociedade-associado e associado-associado.
Pode-se dividir a eficácia da cláusula compromissória em eficácia subjetiva e eficácia objetiva. A eficácia subjetiva busca definir aqueles, pertencentes
à sociedade empresária, que estão vinculados à arbitragem instituída pela cláusula compromissória. Como regra, tem-se que todos os sócios/acionistas se
submetem à referida cláusula, inclusive os ausentes à assembleia geral que deliberou sobre sua inserção no estatuto ou contrato social e aqueles que
expressamente foram contrários a esta alteração.
Assim, pode-se resumir da seguinte forma a regra geral sobre a vinculação dos sócios/acionistas à cláusula compromissória, a saber:
Inclusão na constituição da Vincula os fundadores e demais É considerada regra orgânica societária.
Companhia e elaboração do acionistas.
Estatuto
Inclusão por reforma do Vincula todos os acionistas. Prevalência da vontade social. O insatisfeito pode retirar-se da sociedade,
Estatuto, com decisão não mediante liquidação parcial ou alienação de participação societária. Art. 136-A,
unânime. Lei 6.404/1976.
Novos acionistas Vincula, sem necessidade de Inaplicabilidade do art. 4.º, § 2.º, da Lei n.º 9.307/96,(*) aos contratos e estatutos
concordância expressa à cláusula sociais, uma vez que não se confundem com contratos de adesão.
compromissória.
Administradores Vincula, desde que manifestem seu Os administradores, uma vez não serem, em regra, acionistas, não são partes no
consentimento de forma expressa. ato de constituição da sociedade.
Existe exceção a essa regra, pois inexistindo no contrato social a cláusula compromissória, ou sendo inserida posteriormente à sua constituição por
decisão dos sócios/acionistas de forma majoritária, somente estes se vincularão à arbitragem como forma de solucionar controvérsias.
Os sócios minoritários que não votaram a favor, assim como aqueles que estiveram ausentes da assembleia ou reunião que adotou tal cláusula ou dela
não tiveram notícia, a ela não se vincularão, por se tratar a arbitragem de instituto derivado de declaração personalíssima de vontade, não podendo a
decisão de alguns, ainda que a maioria, excluir da parte recalcitrante ou ausente o direito constitucionalmente garantido de resolver suas questões pelo juízo
estatal.
No entanto, uma vez tendo ciência da existência de tal cláusula, competirá ao sócio/acionista a opção de continuar ou não vinculado à empresa,
devendo, se nela permanecer, sujeitar-se ao procedimento arbitral.
Por outro lado, a eficácia objetiva estabelece quais direitos podem ser discutidos em sede de juízo arbitral, a regra, estabelecida no art. 1.º, da Lei n.º
9.307/96, é a incidência sobre direitos disponíveis de natureza patrimonial. Todavia, o art. 109, § 3.º, da Lei n.º 6.404/1976, permite que sejam objetos de
arbitragem todos os direitos especificados pelo estatuto social.
Conclui-se que podem ser solucionados por via arbitral conflitos envolvendo, v.g., direito de voto, nulidades e normas de organização societária, bem
como exclusão de sócios. Em que pese a interpretação literal do art. 1.030, do Código Civil, dispor sobre a exclusão de sócio por via judicial, necessária se
faz a interpretação sistemática e teleológica com a Lei n.º 9.307/96, que prevê já no art. 1.º, que a arbitragem pode ser utilizada nos litígios relativos a
direitos patrimoniais disponíveis, de onde se inclui logicamente o procedimento de exclusão de sócios por envolver sua quota social.
Deve-se levar em consideração que o texto do art. 1.030, do Código Civil, traz a expressão “pode o sócio ser excluído judicialmente”, e que, portanto,
caso não seja convencionado a utilização do procedimento arbitral, aí sim será realizado via judicial. Corroborando esse entendimento, o art. 1.085, do
Código Civil, prevê a exclusão de sócio extrajudicialmente, in verbis:
Art. 1.085. Ressalvado o disposto no art. 1.030, quando a maioria dos sócios, representativa de mais da metade do capital social, entender que um ou mais sócios estão pondo em risco a
continuidade da empresa, em virtude de atos de inegável gravidade, poderá excluí-los da sociedade, mediante alteração do contrato social, desde que prevista neste a exclusão por justa
causa.
Parágrafo único. A exclusão somente poderá ser determinada em reunião ou assembleia especialmente convocada para esse fim, ciente o acusado em tempo hábil para permitir seu
comparecimento e o exercício do direito de defesa.

Verifica-se que após o advento da Lei n.º 9.307/96 o direito societário vem cada vez mais sendo influenciado positivamente pela possibilidade de
utilização da Arbitragem, eis que este instrumento alternativo de solução de conflitos vem se mostrando como um meio eficaz e válido para a solução de
litígios no âmbito das relações empresariais, seja interna ou externamente, proporcionando maior celeridade, informalidade, sigilosidade, economia e
tecnicidade às decisões.
A mudança legislativa ocorrida no Brasil, introduzindo um estatuto próprio à arbitragem, reforçado pela alteração na Lei das S/A., propiciou ao direito
brasileiro introduzir a arbitragem como forma de solução de suas controvérsias, consubstanciado ao Direito Empresarial atual.
59. ARBITRAGEM NO DIREITO PÚBLICO
A Lei n.º 13.129/15, expandiu a possibilidade legal de aplicação da arbitragem, abarcando, assim, os órgãos da administração pública, direta e indireta,
incluindo o § 1.°, ao art. 1.º, da Lei de Arbitragem, dispondo que a administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir
conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis.
A arbitragem é “uma técnica para a solução de controvérsias, através da intervenção de uma ou mais pessoas, que recebe seus poderes de uma
convenção privada, decidindo com base nesta convenção, sem intervenção do Estado, sendo a decisão destinada a assumir eficácia de sentença judicial”.556
A arbitragem se caracteriza como meio heterocompositivo de solução de conflitos, uma vez que o poder de decisão é transferido a um terceiro estranho
à relação, anterior ou posteriormente ao surgimento do conflito.
Com a legalização da possibilidade da resolução de conflitos de natureza pública através da arbitragem, tornaram-se explícitas algumas distinções e
particularidades no processo arbitral, uma vez que, pelo princípio da legalidade, o processo arbitral em que a Fazenda Pública figure como parte não pode
estar sujeito a qualquer espécie de sigilo, devendo ser observados os princípios constitucionais que regem os órgãos e entidades de natureza pública.
A arbitragem poderá ocorrer nos contratos celebrados pela Administração, vinculando-se à autorização legal e à existência de contrato regido pelo
direito privado, como, por exemplo, a locação de imóveis urbanos, em que a Administração figure como locatária.
Neste sentido o julgado do Superior Tribunal de Justiça:
ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. PERMISSÃO DE ÁREA PORTUÁRIA. CELEBRAÇÃO DE CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA. JUÍZO ARBITRAL.
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. POSSIBILIDADE. ATENTADO. 1. A sociedade de economia mista, quando engendra vínculo de natureza disponível, encartado na mesma
cláusula compromissória de submissão do litígio ao Juízo Arbitral, não pode pretender exercer poderes de supremacia contratual previsto na Lei n.º 8.666/93. 2. A decisão judicial que
confere eficácia à cláusula compromissória e julga extinto o processo pelo “compromisso arbitral”, se desrespeitada pela edição de Portaria que eclipsa a medida afastada pelo ato
jurisdicional, caracteriza a figura do “atentado” (art. 880, do CPC). 3. O atentado, como manifestação consistente na alteração do estado fático da lide influente para o desate da causa, pode
ocorrer em qualquer processo. Impõe-se, contudo, esclarecer que, quando a ação é proposta, as partes não se imobilizam em relação ao bem sobre o qual gravita a lide. Nesse sentido, não
se vislumbra na fruição normal da coisa ou na continuação de atos anteriores à lide (qui continuat non attentan). Assim, v.g., ‘em ação de usucapião, como posse justificada, o usucapiente
pode construir no imóvel; ao revés, há inovação no estado de fato e, portanto, comete atentado o réu que em ação reivindicatória procura valorizar o imóvel erigindo benfeitorias úteis no
bem, ou o demandado que violando liminar deferida aumenta em extensão a sua infringência à posse alheia. De toda sorte, é imperioso assentar-se que só há atentado quando a inovação é
prejudicial à apuração da verdade. O atentado pode ocorrer a qualquer tempo, inclusive, após a condenação e na relação de execução. (FUX, Luiz. Curso de Direito Processual Civil, 3.ª
ed., Editora Forense, pp. 1637/1638) 4. Mandado de segurança impetrado contra ato do Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia, ante a publicação da Portaria Ministerial n.º 782,
publicada no dia 07 de dezembro de 2005, que ratificou os termos da rescisão contratual procedida pela Nuclebrás Equipamentos Pesados S/A - NUCLEP, em 14 de junho de 2004, Ato
Administrativo n.º 01/2005, de 05 de setembro de 2005, do contrato administrativo de arrendamento C-291/AB -001, celebrado em 16 de dezembro de 1997, com a empresa TMC, terminal
Multimodal de Coroa Grande S/A e autorizou tanto a assunção imediata pela NUCLEP, do objeto do contrato de arrendamento C-291/AB 001, conforme permissivo legal expresso no art.
80, inc. I da Lei 8.666/93, como a ocupação e utilização do local, instalações, necessárias à continuidade do objeto do contrato de arrendamento C-291-001, conforme permissivo legal
expresso no art. 80, inc. II e § 3º, da Lei n.º 8.666/93, em afronta às cláusulas 21.1 e 21.2, do Contrato de Arrendamento para Administração, Exploração e Operação do Terminal Portuário
e de Área Retroportuária (Complexo Portuário), lavrado em 16/12/1997 (fls. 31/42), de seguinte teor: Cláusula 21.1. Para dirimir as controvérsias resultantes deste Contrato e que não
tenham podido ser resolvidas por negociações amigáveis, fica eleito o foro da Comarca do Rio de Janeiro, RJ, em detrimento de outro qualquer, por mais privilegiado que seja. Cláusula
21.2 - Antes de ingressar em juízo, as partes recorrerão ao processo de arbitragem previsto na Lei n.º 9.307/96. 5. Questão gravitante sobre ser possível o juízo arbitral em contrato
administrativo, posto relacionar-se a direitos indisponíveis. 6. A doutrina do tema sustenta a legalidade da submissão do Poder Público ao juízo arbitral, calcado em precedente do E. STF,
in litteris: “Esse fenômeno, até certo ponto paradoxal, pode encontrar inúmeras explicações, e uma delas pode ser o erro, muito comum de relacionar a indisponibilidade de direitos a tudo
quanto se puder associar, ainda que ligeiramente, à Administração.” Um pesquisador atento e diligente poderá facilmente verificar que não existe qualquer razão que inviabilize o uso dos
tribunais arbitrais por agentes do Estado. Aliás, os anais do STF dão conta de precedente muito expressivo, conhecido como ‘caso Lage’, no qual a própria União submeteu-se a um juízo
arbitral para resolver questão pendente com a Organização Lage, constituída de empresas privadas que se dedicassem a navegação, estaleiros e portos. A decisão nesse caso unanimemente
proferida pelo Plenário do STF é de extrema importância porque reconheceu especificamente ‘a legalidade do juízo arbitral, que o nosso direito sempre admitiu e consagrou, até mesmo nas
causas contra a Fazenda.’ Esse acórdão encampou a tese defendida em parecer da lavra do eminente Castro Nunes e fez honra a acórdão anterior, relatado pela autorizada pena do Min,
Amaral Santos. Não só o uso da arbitragem não é defeso aos agentes da administração, como, antes é recomendável, posto que privilegia o interesse público.”(Da Arbitrabilidade de
Litígios Envolvendo Sociedades de Economia Mista e da Interpretação de Cláusula Compromissória “, publicado na Revista de Direito Bancário do Mercado de Capitais e da Arbitragem,
Editora Revista dos Tribunais, Ano 5, outubro - dezembro de 2002, coordenada por Arnold Wald, esclarece às páginas 398/399). 7. Deveras, não é qualquer direito público sindicável na
via arbitral, mas somente aqueles cognominados como” disponíveis “, porquanto de natureza contratual ou privada. 8. A escorreita exegese da dicção legal impõe a distinção jus-filosófica
entre o interesse público primário e o interesse da administração, cognominado interesse público secundário. Lições de Carnelutti, Renato Alessi, Celso Antônio Bandeira de Mello e Min.
Eros Roberto Grau. 9. O Estado, quando atestada a sua responsabilidade, revela-se tendente ao adimplemento da correspectiva indenização, coloca-se na posição de atendimento ao
interesse público. Ao revés, quando visa a evadir-se de sua responsabilidade no afã de minimizar os seus prejuízos patrimoniais, persegue nítido interesse secundário, subjetivamente
pertinente ao aparelho estatal em subtrair-se de despesas, engendrando locupletamento à custa do dano alheio. 10. Destarte, é assente na doutrina e na jurisprudência que indisponível é o
interesse público, e não o interesse da administração. 11. Sob esse enfoque, saliente-se que dentre os diversos atos praticados pela Administração, para a realização do interesse público
primário, destacam-se aqueles em que se dispõe de determinados direitos patrimoniais, pragmáticos, cuja disponibilidade, em nome do bem coletivo, justifica a convenção da cláusula de
arbitragem em sede de contrato administrativo. 12. As sociedades de economia mista encontram-se em situação paritária em relação às empresas privadas nas suas atividades comerciais,
consoante leitura do artigo 173, § 1.º, inciso II, da Constituição Federal, evidenciando-se a inocorrência de quaisquer restrições quanto à possibilidade de celebrarem convenções de
arbitragem para solução de conflitos de interesses, uma vez legitimadas para tal as suas congêneres. 13. Outrossim, a ausência de óbice na estipulação da arbitragem pelo Poder Público
encontra supedâneo na doutrina clássica do tema, verbis: Ao optar pela arbitragem o contratante público não está transigindo com o interesse público, nem abrindo mão de instrumentos de
defesa de interesses públicos. Está, sim, escolhendo uma forma mais expedita, ou um meio mais hábil, para a defesa do interesse público. Assim como o juiz no procedimento judicial deve
ser imparcial, também o árbitro deve decidir com imparcialidade, O interesse público não se confunde com o mero interesse da Administração ou da Fazenda Pública; o interesse público
está na correta aplicação da lei e se confunde com a realização correta da Justiça. (No sentido da conclusão Dalmo Dallari, citado por Arnold Wald, Atlhos Gusmão Carneiro, Miguel
Tostes de Alencar e Ruy Janoni Doutrado, em artigo intitulado “Da Validade de Convenção de Arbitragem Pactuada por Sociedade de Economia Mista”, publicado na Revista de Direito
Bancário do Mercado de Capitais e da Arbitragem, n.º 18, ano 5, outubro-dezembro de 2002, à página 418). 14. A aplicabilidade do juízo arbitral em litígios administrativos, quando
presentes direitos patrimoniais disponíveis do Estado é fomentada pela lei específica, porquanto mais célere, consoante se colhe do art. 23, da Lei n.º 8987/95, que dispõe acerca de
concessões e permissões de serviços e obras públicas, e prevê em seu inciso XV, dentre as cláusulas essenciais do contrato de concessão de serviço público, as relativas ao”foro e ao modo
amigável de solução de divergências contratuais”. (Precedentes do Supremo Tribunal Federal: SE 5206 AgR / EP, de relatoria do Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, publicado no DJ de 30-
04-2004 e AI. 52.191, Pleno, Rel. Min. Bilac Pinto. in RTJ 68/382 - “Caso Lage”. Cite-se ainda MS 199800200366-9, Conselho Especial, TJDF, J. 18.05.1999, Relatora Desembargadora
Nancy Andrighi, DJ 18.08.1999.) 15. A aplicação da Lei n.º 9.307/96 e do artigo 267, inc. VII do CPC à matéria sub judice, afasta a jurisdição estatal, in casu em obediência ao princípio
do juiz natural (artigo 5.º, LII da Constituição Federal de 1988). 16. É cediço que o juízo arbitral não subtrai a garantia constitucional do juiz natural, ao contrário, implica realizá-la,
porquanto somente cabível por mútua concessão entre as partes, inaplicável, por isso, de forma coercitiva, tendo em vista que ambas as partes assumem o “risco” de serem derrotadas na
arbitragem. (Precedente: REsp n.º 450881 de relatoria do Ministro Castro Filho, publicado no DJ 26.05.2003) 17. Destarte, uma vez convencionado pelas partes cláusula arbitral, o árbitro
vira juiz de fato e de direito da causa, e a decisão que então proferir não ficará sujeita a recurso ou à homologação judicial, segundo dispõe o art. 18, da Lei n.º 9.307/96, o que significa
categorizá-lo como equivalente jurisdicional, porquanto terá os mesmos poderes do juiz togado, não sofrendo restrições na sua competência. 18. Outrossim, vige na jurisdição privada, tal
como sucede naquela pública, o princípio do Kompetenz-Kompetenz, que estabelece ser o próprio juiz quem decide a respeito de sua competência. 19. Consequentemente, o fumus boni
iuris assenta-se não apenas na cláusula compromissória, como também em decisão judicial que não pode ser infirmada por Portaria ulterior, porquanto a isso corresponderia verdadeiro
“atentado” (art. 879 e ss. do CPC) em face da sentença proferida pelo Juízo da 42ª Vara Cível da Comarca do Rio de Janeiro. 20. A título de argumento obiter dictum pretendesse a parte
afastar a cláusula compromissória, cumprir-lhe-ia anular o contrato ao invés de sobrejulgá-lo por portaria ilegal. 21. Por fim, conclui com acerto Ministério Público, verbis: “In casu, por se
tratar tão somente de contrato administrativo versando cláusulas pelas quais a Administração está submetida a uma contraprestação financeira, indubitável o cabimento da arbitragem. Não
faria sentido ampliar o conceito de indisponibilidade à obrigação de pagar vinculada à obra ou serviço executado a benefício auferido pela Administração em virtude da prestação regular
do outro contratante. A arbitragem se revela, portanto, como o mecanismo adequado para a solução da presente controvérsia, haja vista, tratar-se de relação contratual de natureza
disponível, conforme dispõe o art. 1.º, da Lei n.º 9.307/96: “as pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais
disponíveis.” (fls. 472/473) 22. Ex positis, concedo a segurança, para confirmar o teor da liminar dantes deferida, em que se determinava a conservação do status quo ante, face a sentença
proferida pelo Juízo da 42.ª Vara Cível da Comarca do Rio de Janeiro, porquanto o presente litígio deverá ser conhecido e solucionado por juízo arbitral competente, eleito pelas partes.557

Ante o exposto, verifica-se a possibilidade de a Administração Pública submeter-se à arbitragem quando os litígios versarem sobre direitos individuais
disponíveis, em nítida evolução legislativa e jurisprudencial. Sobre o tema, leciona Enrico Ferrari Nogueira:
Se em outros tempos a atuação do Estado em igualdade de condições com o particular era inconcebível, à luz da interpretação dos princípios da supremacia do interesse público e da
indisponibilidade do interesse público, tal não ocorre nos dias atuais, em que a existência de prerrogativas especiais do Estado em face do particular somente se faz legítima nos casos em
que há justa razão para tanto. Por esse motivo é que as ditas cláusulas exorbitantes conferem prerrogativas e não privilégios do Estado.558

Ademais, é importante ressaltar que, no ano de 2007, a Portaria AGU n.º 1.281 disciplinou a adoção da arbitragem nos ajustes da Administração
Pública Federal.
Uma vez respeitadas as particularidades da Administração Pública, o juízo arbitral pode e deve ser aplicado a fim de evitar demandas judiciais e
reduzir, consequentemente, a sobrecarga do Poder Judiciário e o tempo para a prestação jurisdicional.
60. AUTOCOMPOSIÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: CÂMARA DE CONCILIAÇÃO E ARBITRAGEM DA ADMINISTRAÇÃO
FEDERAL E ASPECTOS DA LEI DE MEDIAÇÃO
O Poder Judiciário finalizou o ano de 2016 com 79,7 milhões de processos em tramitação, à espera de alguma solução definitiva. Desses, 13,1 milhões,
ou seja, 16,4% estavam suspensos ou sobrestados ou em arquivo provisório, aguardando alguma situação jurídica futura.
O Brasil tem 206,08 milhões de habitantes, conforme os dados divulgados em 2016, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao
cotejar a população com a quantidade de processos, verifica-se que são dois habitantes para aproximadamente um processo.
A continuar nessa escala, o esgotamento do sistema é um passo irreversível, eis que a resposta tradicional à demanda por justiça é o crescimento
vegetativo das estruturas.
A procura pelo Judiciário é tão excessiva, que o congestionamento dos tribunais inviabiliza o cumprimento de um comando fundante incluído na
Constituição da República pela Emenda Constitucional 45/2004: a duração razoável do processo.
Ocorre que a justiça estatal clássica, adjudicada pelo juiz, não é mais o único meio adequado para a solução de conflitos. Ao lado desta justiça de porta
única, surgem novas formas de acesso, chamado de sistema multiportas.
Nesta nova proposta, a solução judicial deixa de ter primazia nos litígios que permitem a autocomposição e passa a ser a ultima ratio, extrema ratio.
Assim, da ideia de acesso à justiça dos tribunais avança-se ao acesso aos direitos pela adequada via de composição.
E sob tal prisma, o trabalho busca apresentar a possibilidade do uso da via alternativa pela Fazenda Pública para acionar o sistema multiportas e
participar, nas lides em que se encontra envolvida, de soluções extrajudiciais que proporcionem a autocomposição.
Contudo, para atender o objetivo proposto, busca-se erguer algumas premissas que ajudarão na discussão almejada. Assim, o itinerário argumentativo
abraça desde o conceito de Fazenda Pública, a discussão sobre o federalismo brasileiro, litigância intragovernamental até chegar à explicação sobre os
métodos autopositivos de conflito, como a negociação, mediação e conciliação.
Estabelecidas as premissas, envereda-se pela discussão teórica proposta, qual seja, a explicação sobre a Câmara de Conciliação e Arbitragem Federal e
a análise de pontos controvertidos da Lei nº 13.140/2015, conhecida como a Lei de Mediação.
Para tanto, verificou-se ser oportuno investigar a gênese da Lei de Medição, a partir da confecção do projeto de lei e suas alterações. Esclarecidos tais
fatos, são apresentados alguns pontos controvertidos sobre o Capítulo II da lei em comento, que trata da autocomposição de conflitos em que for parte
pessoa jurídica de direito público.
A discussão inicial aborda a possibilidade da exata correlação entre a autocomposição praticada em âmbito privado em relação à conciliação e
mediação aplicadas para conflitos envolvendo entes públicos, sob o prisma dos princípios da isonomia, autonomia da vontade das partes e a
confidencialidade.
Outro ponto que chamou atenção para discussão teórica diz respeito à previsão na Lei de Medição da possibilidade de quebra do pacto federativo pela
criação de Câmaras de prevenção e resolução administrativa de conflitos por parte dos Estados, Distrito Federal e Municípios, sendo, contudo, estabelecido
que os litígios com órgãos ou entidades da administração pública federal devem ser submetidos à Advocacia-Geral da União.
Por fim, consta um tópico sobre a necessidade de formação da cultura de soluções consensuais nas lides que envolvam a Administração Pública, sendo
realizada uma reflexão em razão de dados quantitativos referentes à Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal e sobre as mudanças
legislativas realizadas nos últimos anos.
60.1. ORIGEM DO MONOPÓLIO DA JURISDIÇÃO
Ao buscar uma concepção inicial em relação à origem da jurisdição, cumpre partir do momento no qual o Estado era fraco e limitava-se a definir os
direitos. Competia aos próprios titulares dos direitos reconhecidos pelos órgãos estatais defendê-los e realizá-los com os meios de que dispunham.
Eram os tempos da justiça privada ou justiça pelas próprias mãos, que, naturalmente, era imperfeita e incapaz de gerar a paz social desejada por todos.
Com o fortalecimento, o Estado moderno, então, assumiu para si o encargo e o monopólio de definir o direito concretamente aplicável diante das
situações litigiosas, bem como o de realizar esse mesmo direito, se a parte recalcitrante recusar-se a cumprir o comando contido na ordem jurídica.
A partir da longa experiência humana envolvida por uma cultura formada por constantes conflitos, a sociedade iniciou um processo moroso e gradual
de organização política.
Houve a formação do Estado como ente que, dentre várias atribuições, reservou-se o papel de decidir os conflitos sociais. Para tanto, o tempo serviu
como grande fator para criação de uma estrutura de órgãos com competências específicas voltadas para melhor para resolver os litígios.
A expressão Jurisdição surge do latim jurisdictio que em livre tradução significa “dizer o direito”. Assim, ao se organizar, o Estado chamou para si o
monopólio de apreciar em cada caso a “lesão ou ameaça a direito”, ou em outras palavras, interpretar e concretizar a norma jurídica.
Muito embora não haja um conceito único sobre jurisdição, ao contrário, na verdade existe grande controvérsia,559 pode-se ressaltar uma concepção
mais abrangente que se agarra a três de seus relevantes aspectos, a saber: poder, função e atividade.
Coadunam dessa visão Cintra, Grinover e Dinamarco com os seguintes esclarecimentos:
Como poder, é manifestação do poder estatal, conceituado como capacidade de decidir imperativamente e impor decisões. Como função, expressa o encargo que têm os órgãos estatais de
promover a pacificação de conflitos interindividuais, mediante a realização do direito justo e através do processo. E como atividade ela é o complexo de atos do juiz no processo, exercendo
o poder e cumprindo a função que a lei lhe comete. O poder, a função e a atividade somente transparecem legitimamente através do processo devidamente estruturado (devido processo
legal).560

Os autores ainda destacam que dentre os critérios distintivos propostos pela doutrina tradicional, mostram-se suficientes para a caracterização da
jurisdição, dois indicados por Chiovenda: a) caráter substitutivo; b) escopo de atuação do direito.
Quanto ao caráter substitutivo, o monopólio de decidir o conflito levado ao conhecimento estatal é incumbência específica do Poder Judiciário, que tem
a função de ser o pacificador social.
No que tange à atuação do direito, cabe ao Judiciário a concretização, por meio da Jurisdição, das normas de direito material com a devida observância,
por outro lado, das normas que servem de instrumento para adequada apreciação da causa.
60.1.1. DO ESGOTAMENTO DO SISTEMA DO MONOPÓLIO DE JURISDIÇÃO
O Poder Judiciário finalizou o ano de 2016 com 79,7 milhões de processos em tramitação, à espera de alguma solução definitiva. Desses, 13,1 milhões,
ou seja, 16,4% estavam suspensos ou sobrestados ou em arquivo provisório, aguardando alguma situação jurídica futura.561
Durante o ano de 2016, ingressaram 29,4 milhões de processos e foram baixados 29,4 milhões. Um crescimento em relação ao ano anterior na ordem de
5,6% e 2,7%, respectivamente.
Mesmo tendo baixado praticamente o mesmo quantitativo ingressado, com Índice de Atendimento à Demanda na ordem de 100,3% o estoque de
processos cresceu em 2,7 milhões, ou seja, em 3,6% e chegou ao final do ano de 2016 com 79,7 milhões de processos em tramitação aguardando alguma
solução definitiva.
Tais fatores ajudam a entender o porquê de, apesar de se verificar um número de processos baixados quase sempre equivalente ao número de casos
novos, o estoque de processos no Poder Judiciário (79,7 milhões) continua aumentando desde o ano de 2009, conforme demonstra o gráfico abaixo:
O Brasil tem 206,08 milhões de habitantes, conforme os dados divulgados em 2016, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao
cotejar a população com a quantidade de processos, verifica-se que são dois habitantes para aproximadamente um processo.
O país ainda tem outros números que assombram o restante do planeta. Mais de 711 mil sentenciados,562 o que coloca entre os primeiros no ranking da
população carcerária mundial.
A continuar nessa escala, o esgotamento do sistema é um passo irreversível, eis que a resposta tradicional à demanda por justiça é o crescimento
vegetativo das estruturas.
Assim, o processo pode não ser a única solução para resolver um conflito entre pessoas.
Os números demonstram que a exaustão do modelo é algo que não pode ser desconsiderado. Por esse modelo apresentado, que restou aplicado no país
nos últimos tempos, converteu-se praticamente na única resposta que se oferece para todo e qualquer conflito.
A procura pelo Judiciário é tão excessiva, que o congestionamento dos tribunais inviabiliza o cumprimento de um comando fundante incluído na
Constituição da República pela Emenda Constitucional n.º 45/2004: a duração razoável do processo.
Cabe observar que para encerrar uma lide, o brasileiro pode ser obrigado a percorrer quatro instâncias e se valer de dezenas de oportunidades de
reapreciação do mesmo tema, ante um quadro recursal caótico.
Por isso, cresce a preocupação e o interesse por adoção de alternativas ao processo convencional.
60.1.2. DO SISTEMA MULTIPORTAS
A justiça estatal clássica, adjudicada pelo juiz, não é mais o único meio adequado para a solução de conflitos. Ao lado desta justiça de porta única,
surgem novas formas de acesso, chamadas de sistema multiportas.
Com efeito, ao tratar da mediação e da conciliação, o CPC/15 prevê sua realização no processo judicial, sem, todavia, eliminar sua independência e
flexibilidade, criando, ademais, instrumentos de comunicação e troca cooperativa com a arbitragem, como a carta arbitral.
Assim, nesta nova proposta, a solução judicial deixa de ter primazia nos litígios que permitem a autocomposição e passa a ser a ultima ratio, extrema
ratio.563 Assim, da ideia de acesso à justiça dos tribunais avança-se ao acesso aos direitos pela adequada via de composição.
A doutrina reafirma esta mudança, que significa, além da necessidade de adequação da justiça, a emergência da atipicidade dos meios de solução de
conflitos:
(...) o direito de acesso ao Direito, pilar fundamental do Estado de Direito, vem sofrendo profundas transformações. Deixou de ser um direito de acesso ao Direito através do direito de
aceso aos tribunais para passar a ser um direito de acesso ao direito, de preferência sem contato ou sem passagem pelos tribunais (...) Agora, o direito de acesso aos tribunais é um direito de
retaguarda, sendo seu exercício legítimo antecedido de uma série de filtros.564

Isso propicia um redimensionamento e democratização do próprio papel do Poder Judiciário e do modelo de prestação jurisdicional pretendido:
A busca pela tutela dos direitos adequada, tempestiva e efetiva, exige a adequação do acesso à tutela, ocorrendo uma passagem necessária da justiça estatal imperativa, com aplicação do
Direito objetivo como única finalidade do modelo de justiça, para aplicação da justiça coexistencial, um mending justice (uma justiça capaz de remendar o tecido social), focada na
pacificação e na continuidade da convivência das pessoas, na condição de indivíduos, comunidade ou grupos envolvidos.565

Cabe ressaltar que segundo a linha defendida pelo CPC/15 não há superioridade da justiça estatal em relação aos demais meios de solução das
controvérsias.
Afirma a doutrina que:
(...) a única relação que, num Estado de Direito, pode legitimamente existir é uma relação de adequação. A mediação e a conciliação serão modos legítimos de resolução de conflitos se
forem os modos adequados de resolução desses conflitos. Esta observação não é inconsequente, pois ela repercute efeitos sobre a compatibilidade constitucional de soluções que impliquem
a criação de entraves processuais ou desvantagens patrimoniais no acesso aos tribunais.566

Além de propiciar um redimensionamento e democratização do próprio papel do Poder Judiciário e do modelo de prestação jurisdicional pretendido, o
sistema multiportas contribui para ampliar o acesso democrático à justiça, pois, como esclarecem Dierle Nunes e Ludmila Teixeira: “o acesso à justiça
democrático exige que as autonomias do cidadão sejam respeitadas não somente no momento da gênese do direito, mas sobretudo no momento
aplicativo”.567
60.1.3. DO CONCEITO DE FAZENDA PÚBLICA
Para melhor compreensão da abordagem do tema, cumpre considerar que, sendo a sociedade composta por diferentes atores sociais (pessoas físicas e
jurídicas), as instituições que se constroem não são meras entidades abstratas: são organizações formadas e tornadas vivas pelos indivíduos que as
integram. Esses sujeitos, com preferências, valores, pré-conceitos e interesses compõem as estruturas do Estado e a ele dão vida.
Nesse sentido, não há como definir o Estado e suas diversas imbricações por meio de uma construção inanimada ou desprovida de sentido e vida
próprios. O Estado, assim, não é mero receptor de demandas sociais a atuar como árbitro dos conflitos em sociedade, pois há também dentro dele interesses
e valores diversos, representados pelos interesses e valores daqueles que o dirigem e o compõem.
Essa estrutura composta por atores sociais, que dá vida e movimento ao Estado é chamada de Administração Pública. A expressão Fazenda Pública
identifica-se tradicionalmente como a área da Administração Pública que trata da gestão das finanças, bem como da fixação e implementação de políticas
econômicas, conforme explica Leonardo Cunha:
(...) Fazenda Pública é expressão que se relaciona com as finanças estatais, estando imbricada com o termo Erário, representando o aspecto financeiro do ente público. Não é por acaso a
utilização, com frequência, da terminologia Ministério da Fazenda ou Secretaria da Fazenda para designar, respectivamente, o órgão despersonalizado da União ou do Estado responsável
pela política econômica desenvolvida pelo Governo.568

Contudo, o termo ganhou novo sentido, conforme continua a explicação:


O uso frequente do termo Fazenda Pública fez com que se passasse a adotá-lo num sentido mais lato, traduzindo a atuação do Estado em juízo; em Direito Processual, quando se alude à
Fazenda Pública em juízo, a expressão apresenta-se como sinônimo do Poder Público em juízo, ou o Estado em juízo, ou de ente público em juízo, ou, ainda, pessoa jurídica de direito
público em juízo.569

Na verdade, a palavra Fazenda Pública representa a personificação do Estado, abrangendo as pessoas jurídicas de direito público.
Sedimenta a explicação, o conceito elaborado pelo saudoso jurista Hely Lopes Meirelles:
A Administração Pública, quando ingressa em juízo por qualquer de suas entidades estatais, por suas autarquias, por suas fundações públicas ou por seus órgãos que tenham capacidade
processual, recebe a designação tradicional de Fazenda Pública, porque seu erário é que suporta os encargos patrimoniais da demanda.570

Assim, para verificar a possibilidade de aplicação do sistema multiportas às causas que envolvem a Fazenda Pública, mister registrar que o uso da
terminologia guarda pertinência com a presença de uma pessoa jurídica de direito público na causa objeto de conflito.
60.1.4. DOS LIMITES NORMATIVOS NAS CAUSAS QUE ENVOLVEM A FAZENDA PÚBLICA
Em breve pesquisa feita para construção do presente capítulo, constatou-se que o legislador conferiu singular importância à utilização do sistema
multiportas no sistema processual brasileiro, meios alternativos de resolução de disputas (ADR – Alternative Dispute Resolution Methods), a partir da
valorização do consenso por meio da criação de espaços que sirvam para solução de conflitos.
Ao erguer tais balizas, parte-se para discorrer acerca do problema: de que maneira e em que medida o sistema multiportas de soluções pode servir para
resolver de forma mais efetiva e célere os conflitos sociais que envolvem os Entes Públicos.
Isso porque é fundamental examinar como aplicar os dispositivos processuais e, por extensão, as normas administrativas de sede constitucional e
infraconstitucional que autorizam a disposição sobre direitos e interesses deduzidos nas causas que envolvam a Fazenda Pública.
Para tanto, deve-se ressaltar que existem limites legais que orientam a atuação dos entes públicos, como os princípios constitucionais da legalidade
administrativa, da supremacia do interesse público e da indisponibilidade do interesse público, ao mitigar a discricionariedade do agente estatal, em razão
da vinculação das pessoas jurídicas de direito público à atuação nos moldes do ordenamento jurídico.
De antemão, cumpre descrever o modo como se processa, no âmbito administrativo, a deliberação pela disposição sobre direitos e interesses deduzidos
em juízo pelo poder público, ou contra a entidade estatal, mais especificamente, como é tomada no âmbito da Advocacia Pública uma decisão sobre a
possibilidade de composição consensual.571
A questão inicial diz respeito a examinar como é tomada, no âmbito da Advocacia Pública, uma decisão por apresentar defesa no processo, ou, em vez
disso, por reconhecer o pedido ou formular proposta de acordo, bem como à sua resolução por interpor recurso contra uma determinada decisão judicial,
ou, diversamente, por deixar de articular pretensão recursal.
Sob tal prisma, a orientação administrativa que é adotada no âmbito interno da Administração Pública, conquanto não se integre primariamente a seara
de direito processual, tem evidentes reflexos sobre o desenvolvimento do processo, que pode ter o seu desfecho abreviado por uma decisão eminentemente
técnica manifestada pelo corpo jurídico da Fazenda Pública.
A isso se poderia objetar que o poder público não faz acordos, que não deixa de apresentar defesas e recursos, porque a atividade de seus advogados ou
procuradores é plenamente vinculada.
No que concerne à análise temática sob a ótica doutrinária, verifica-se que a corrente administrativista clássica entendia no sentido da impossibilidade
da Administração Pública de se submeter, por exemplo, ao processo arbitral, em virtude da indisponibilidade do interesse público. Nesse sentido, a saudosa
Lúcia Valle Figueiredo, o ilustre jurista Celso Antônio Bandeira de Mello e os professores Alexandre de Freitas Câmara e Sidney Bittencourt.572
Hoje a corrente majoritária já assentou a possibilidade e constitucionalidade no uso da arbitragem pela Administração Pública. Nesse sentido, Adilson
Abreu Dallari, Eros Roberto Grau, Aline Lícia Klein, Carlos Alberto Carmona, entre outros.573
Sob tal perspectiva, há que se esclarecer que atualmente a Fazenda Pública, dada a incidência dos princípios administrativos da legalidade, da
supremacia do interesse público574 e da indisponibilidade do interesse público, não está autorizada a, em juízo, contestar o incontestável, ou sustentar o
insustentável, contrapondo-se, assim, ao Direito pátrio, ainda que a pretexto de ampliar as suas receitas e/ou de minimizar as suas despesas.
Tal posição deve se amoldar ao atual sistema normativo brasileiro, pois a partir da Resolução 125/2010 do CNJ e do CPC/15 há uma abertura para
consolidação do sistema multiportas, com cada caso sendo indicado o método ou técnica mais adequada para a solução do conflito.
Com base na lição de Lorena Barreiros,575 é possível afirmar uma ampliação gradativa, ao longo dos anos, de manifestações de consensualidade
administrativa no Direito brasileiro. De igual modo, o ambiente da consensualidade tem sido incrementado no Direito Penal, no Direito Processual e, em
geral, no Direito Público. Com efeito, existem a desapropriação amigável, a colaboração premiada, a transação penal e a suspensão condicional do
processo, a autocomposição nos processos que tramitam nos Juizados Especiais Federais e nos Juizados Especiais da Fazenda Pública, os acordos de
leniência, além do próprio incremento das Parcerias Público-Privadas.
O CPC/15 prestigia a autonomia da vontade das partes, com base na liberdade, um dos principais direitos fundamentais previstos no art. 5.º, da
Constituição Federal. O direito à liberdade contém o direito ao autorregramento, o que justifica o chamado princípio do respeito ao autorregramento da
vontade no processo.576
Leonardo Cunha, ressalta a valorização da autonomia da vontade das partes, a partir do seguinte panorama processual:
Com efeito, o CPC contém diversas normas que prestigiam a autonomia da vontade das partes, permitindo que elas negociem sobre o processo, de modo mais evidente do que no CPC/73.
O autorregramento da vontade no processo é permitido, assegurado e respeitado. O Código de 2015 é estruturado de maneira a estimular a solução do conflito pela via que parecer mais
adequada a cada caso, não erigindo a jurisdição como necessariamente a melhor opção para eliminar a disputa de interesses. O Código trata, por exemplo, da autocompoisção, regulando a
mediação e a conciliação (arts. 165 a 175), inserindo a tentativa de autocomposição como ato anterior à defesa do réu (arts. 334 e 695), permitindo, no acordo judicial, a inclusão de matéria
estranha ao objeto litigioso do processo (art. 515, §2º) e admitindo acordos sobre o processo (art. 190). Há, enfim, um estímulo à autocomposição, destacando-se os §§ 2ºe 3º do seu art. 3º.
A consagração do princípio da cooperação (art. 6º) relaciona-se com o fenômeno da valorização da autonomia da vontade no processo. O art. 190 prevê uma cláusula geral de negociação
processual, permitindo a celebração de negócios processuais atípicos.577

Portanto, resta evidenciado a abertura para que as partes de um conflito busquem a solução mais adequada por meio das diferentes portas existentes no
atual sistema normativo.
60.1.5 DO PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA ADMINISTRATIVA
Prevista no art. 37, caput, da Constituição Federal, a eficiência administrativa não é fruto do trabalho do legislador constituinte originário, pois resulta
do movimento reformador do final dos anos 90, momento em que o aparato estatal brasileiro passou por uma série de reformas estruturais.
Inserida no caput do referido art. 37, pela Emenda Constitucional n.º 19, de 5 de dezembro de 1998, passou a dispor que a Administração Pública direta
e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência. Tal inclusão partiu da intenção do Governo de conferir prerrogativas aos usuários dos serviços prestados pela
Administração ou por seus delegados e de estabelecer obrigações efetivas aos prestadores.
A inserção do princípio tem como gênese o descontentamento da sociedade diante de sua antiga impotência para lutar contra a deficiência na prestação
dos serviços públicos, que incontáveis prejuízos já causaram aos usuários. “De fato, sendo tais serviços prestados pelo Estado ou por delegados seus,
sempre ficaram inacessíveis para os usuários os meios efetivos para assegurar seus direitos”.578
Eficiente é, portanto, aquilo que tem capacidade de realizar tarefas ou trabalhos de modo eficaz e com o mínimo de desperdício, como sinônimo de
produtividade, noção essa que se aproxima consideravelmente da definição de eficiência para o Direito Administrativo.
Carvalho Filho, define que o:
(...) núcleo do princípio é a procura de produtividade e economicidade e, o que é mais importante, a exigência de reduzir os desperdícios de dinheiro público, o que impõe a execução dos
serviços públicos com presteza, perfeição e rendimento funcional.579

A inserção do princípio da eficiência enquanto vetor constitucional representa uma reação contra o modelo de Estado burocrático adotado pelo
administrador, que substituiu, pelo menos em teoria, o modelo de Estado patrimonialista vigente até os idos do século XX, “contudo, consta que se trata de
um modelo em que a Administração se torna lenta, cara, autorreferente, e neste sentido, desviada das finalidades de atendimento do cidadão”.580
A ideia, ao inserir o princípio da eficiência na Constituição Federal, foi apontar que a estrutura administrativa deveria passar para o modelo gerencial,
que objetiva a obtenção de resultados positivos, prestação de serviços com qualidade, atentando-se principalmente aos anseios da coletividade. Nesse
sentido, explica Bruno Miragem:
A marca mais visível da reforma do Estado brasileiro foi a introdução da exigência de conduta eficiente, elevada à condição de princípio constitucional informador da Administração
Pública pela EC/1998, como critério de avaliação sobre a correção do procedimento dos agentes públicos e da própria atuação administrativa. Não há dúvida que a inserção no contexto
jurídico-constitucional da Administração e da Economia gerou – e ainda gera – incompreensões e críticas. Sobretudo, a de que a imposição da eficiência como princípio da administração
visa a uma aproximação entre a gestão pública e sua vinculação ao princípio da legalidade. Destaca-se assim, ‘acentuada oposição entre o princípio da eficiência, pregado pela Ciência da
Administração e o princípio da legalidade, imposto pela Constituição como inerente ao Estado de Direito.581

Esse aparente conflito entre uma gestão pública eficiente e o princípio da legalidade, assim é respondido por Celso Antonio Bandeira de Mello:
(...) a Constituição se refere, no art. 37, ao princípio da eficiência. Advirta-se que tal princípio não pode ser concebido (entre nós nunca é demais fazer ressalvas óbvias) senão na intimidade
do princípio da legalidade, pois jamais uma suposta busca de eficiência justificaria postergação daquele que é o dever administrativo por excelência.582

Para completar a linha desenvolvida acerca do princípio da eficiência, cumpre observar que, conforme doutrina de Juliana Bonacorsi de Palma,583 no
Direito Administrativo contemporâneo, há considerável ascensão da consensualidade no exercício das atividades administrativas.
Assim, o movimento pró-consenso é apontado como decorrência da celebração de acordos no âmbito da Administração Pública para se coadunar com
as demandas, pela necessidade de celeridade no provimento administrativo, participação do administrado na tomada de decisões administrativas e
eficiência quanto à conformação da atuação administrativa.
60.2. O FEDERALISMO BRASILEIRO
A Constituição dos Estados Unidos da América, que entrou em vigor em 1789, foi o primeiro exemplo de pacto federal entre Estados soberanos e, ao
mesmo tempo, a experiência constitucional mais marcante sobre o tema.
Os ensaios da obra “O Federalista” Federalist Papers,584 que Alexander Hamilton publicou entre 1787 e 1788, em colaboração com John Jay, Thomas
Jefferson e James Madison, servem para sustentar a formulação da teoria do Estado federal.
O princípio constitucional no qual se baseia o Estado federal é a pluralidade de centros de poder soberanos coordenados entre eles, de tal modo que ao
Governo Federal, que tem competência sobre o inteiro território da federação, seja conferida uma quantidade de poderes, indispensável para garantir a
unidade política e econômica, e aos Estados federais, que têm competência cada um sobre o próprio território, sejam assinalados os demais poderes.
(...) A atribuição ao Governo federal do monopólio das competências relativas à política externa e militar permite eliminar fronteiras militares entre os Estados, de modo que as relações
entre os Estados perdem o caráter violento e adquirem um caráter jurídico e todos os conflitos podem ser resolvidos perante um tribunal. A transferência para os órgãos federais de algumas
competências no campo econômico tem por objetivo eliminar os obstáculos de natureza alfandegária e monetária, que impedem a unificação do mercado, a atribuir ao Governo federal uma
capacidade autônoma de decisão no setor da política econômica. A consequência desta distribuição de competências entre uma pluralidade de centros de poder independentes e
coordenados (esta fórmula é de Wheare) é que cada parte do território e cada indivíduo estão submetidos a dois centros de poder: ao Governo federal e ao de um Estado federado, sem que
por isso seja prejudicado o princípio da unicidade sobre cada problema.585

Nos Estados Unidos, a formação do modelo federativo deu-se de fora para dentro, num movimento centrípeto, pois os Estados soberanos cederam
parcela de sua autonomia para o estabelecimento do pacto federativo.586
A federação brasileira formou-se de dentro para fora, num movimento centrífugo, pois partiu de um Estado unitário que se descentralizou para formar
unidades autônomas de poder.
Noutra margem, a doutrina também apresenta considerações a respeito do princípio da simetria federativa. Nesse sentido:
Por meio da simetria federativa, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios procuram seguir o modelo traçado na Constituição da República, evitando, assim, lacunas,
discrepâncias e, sobretudo, antagonismos.
O princípio da simetria é implícito, porque não se encontra grafado no texto das constituições. Dessume-se de vários princípios explícitos, tais como a legalidade, a isonomia, o devido
processo legal, e, também, de inúmeros ditames implícitos, da boa-fé, da razoabilidade (proporcionalidade ou proibição de excesso) etc. (...)
A etimologia do vocábulo muito tem que ver com o significado do princípio implícito da simetria federativa, por intermédio do qual as entidades federativas procuram seguir o padrão, o
modelo, a forma pré-traçada na Carta Magna.587

Acompanha a simetria o seu outro lado, que diz respeito ao federalismo assimétrico:
Diz-se federalismo assimétrico a busca do equilíbrio, da cooperação, do entendimento entre ordens jurídicas parciais perante o poder central, dentro de uma realidade naturalmente
contraditória e nebulosa, em que o interesse de uns sobrepõe-se às necessidades de muitos. Por isso, são depositadas nas constituições normas destinadas a minorar essas diferenças.
O federalismo assimétrico está presente no Brasil, em diversos preceitos constitucionais, inclusive aqueles de natureza tributária (CF, arts. 23; 43; 151, I; 155, I, b, §2º, VI e XII, g).
Não se trata de uma modalidade nova na Teoria Geral das Federações, e sim de um método para estudar uma característica intrínseca do fenômeno federativo: a desconformidade.
É esse caractere que preside a ideia nuclear que anima a própria existência do pactum foederis, no sentido de que os Estados-membros, com os seus diversos graus de autonomia e de poder,
apresentam traços próprios, peculiares culturais, sociais, econômicas e políticas, as quais convergem para a autoridade federal.
A assimetria é um caractere imanente a toda e qualquer federação, porque no atual estágio evolutivo da humanidade o esquema de configurações institucionais do processo governamental
encontra-se pejado de desequilíbrios diversos.588

Diante da realidade nacional, formada uma por sociedade plural e complexa, não é tarefa simples identificar o ponto médio entre a simetria e a
assimetria, de maneira a valorizar o equilíbrio das relações institucionais.
Para Dircêo Torrecillas Ramos, deve-se buscar a união na diversidade como um dos elementos do federalismo, convivendo-se com opiniões
divergentes e opostas sob o manto da tolerância. Porém, se os princípios federalistas não surgem de tradições históricas e culturais, eles devem ser
cultivados em razão da pura escolha política da forma de estado adotada em dado país:
(...) muitos países não têm esta herança cultural, mas adotam o Estado federal para solucionar problemas, como, por exemplo, de reintegração de Biafra na Nigéria. De qualquer forma,
adotado, deve ser mantido o pensamento federal. O papel da cultura política é relevante e deve, como de fato é, ser manifestado na literatura, na política, no folclore, na música, conforme
ocorre nos Estados Unidos e na Suíça ou cultivado como um ideal, como uma vontade, onde falta o requisito de cultura política federal, que é o caso da América Latina.589

Para Marcelo Labanca,590 sendo o federalismo composto por “partes em união”, a própria ideia de partes diversas sugere um mínimo de assimetria entre
elas, já que, se simétricas fossem, não seriam partes diferentes. Assim, a diversidade entre as partes do todo implicaria na aceitação da tese da assimetria,
mesmo que mínima, entre as unidades da federação.
60.2.1. DA LITIGÂNCIA INTRAGOVERNAMENTAL
Diante da ideia de federalismo, percebe-se que há uma pluralidade de produção normativa por pessoas políticas distintas. Sendo plural a manifestação
jurídica, há possibilidade de conflitos federativos. A manutenção da federação deriva também da necessidade em prever elementos de estabilização
constitucional do pacto federativo.
Afirma Carl Schmitt que a federação implica duas ordens existenciais: a da federação e a dos estados-membros, sendo que a existência do poder central
não pode suprir a existência particular dos entes locais. Um não existe sem o outro. Eles existem mutuamente, de modo que: “ni los Estados-miembros son
simplesmente subordinados de la Federación, ni ésta se encuentra subordinada a ellos. La Federación consiste tan solo en essa vinculación existencial y
esse equilibrio”.591
Assim, não há como desconsiderar a importância da Jurisdição para manutenção do equilíbrio federativo.
Por outro lado, ao analisar o papel da jurisdição, verifica-se que ao lado das lides que envolvem somente os particulares em um dos polos e a Fazenda
Pública em outro, há que se ressaltar a litigância entre órgãos e entes da Administração, expressada pela judicialização de conflitos de diferentes problemas
internos.
Os conflitos administrativos de órgãos e entes indicam uma instável governabilidade e a falta de entendimento e coordenação das ações do governo, em
prejuízo à eficiência que se espera na condução da máquina pública.
Com efeito, tal situação se intensifica na mesma proporção em que cresce a complexidade do Estado, de suas atribuições, e suas esferas de atuação.
Sobre a litigância intragovernamental, merece destaque seu conceito, em obra dedicada ao tema:
(...) se denomina de litigância intragovernamental, isto é, o recorrente conflito entre órgãos e entes da Administração, que pode revelar baixo nível de articulação e de coordenação política,
e desse modo levar a uma fragilização da autoridade presidencial. Essa litigância ocorre no Judiciário, ainda que não haja dados confiáveis para se aferir sua extensão. E é crônica na
própria Administração, onde há dados, e onde pode ser mais bem controlada.592

Para o autor,593 o enfrentamento dessa litigância intragovernamental propõe-se a concepção de mecanismos de obtenção de consenso ou, no limite,
fórmulas de decisão que superem os impasses, e de onde deve emergir um “presidencialismo de articulação institucional”.
A litigância interna entre órgãos e entes da Administração, e eventual judicialização dos problemas decorrentes de desentendimento interno, é
indicativo de instável governabilidade e de falta de entendimento governamental.
Trata-se de sintoma de possível fragilidade do modelo presidencialista apresentado pelo direito público brasileiro.
Por isso, a relevância que se atribui à possibilidade de criação de espaços de diálogo e produção de consenso.
Uma outra problemática posta pela litigância intragovernamental diz respeito ao desperdício de potencialidade institucional, na medida em que a
Administração precisa colocar seus advogados públicos medindo força entre si. Esse aspecto, mas não só ele, pode acarretar o desperdício de recursos
públicos, em afronta ao mandamento constitucional contido no princípio da eficiência.
A litigância entre órgãos e entes da Administração, como uma anomalia do presidencialismo, potencializaria gasto público indireto, não aferível objetivamente e, portanto, desconhecido.
Suas causas radicam na insistência com fórmulas rígidas de relacionamento interno, bem como na inexistência de marcos regulatórios mais realisticamente dinâmicos e mais concretamente
objetivos. E do ponto de vista ideológico, das várias vontades corporativas que há. Em muitas das divergências ocorridas na Administração tem-se a impressão que cada um dos envolvidos
tende a compreender o problema exclusivamente a partir de seu ponto de vista. É a vontade corporativa, que a tese procura captar no pensamento de Jean-Jacques Rousseau.
Suas consequências redundam na má utilização de recursos escassos, sempre em face de necessidades públicas infinitas. Tem-se, na raiz, problema que é também de economia política. Não
se tem, efetivamente, pelo menos até o presente momento, como se fazer uma análise entre o custo e o benefício, no que se refere a eventual controle da litigância interna na Administração.
Cuida-se de uma patologia do modelo presidencialista. E que se arrasta ao longo dos anos.594

Além das características formais do direito moderno, a superposição de competências, atribuições e responsabilidades decorrentes de descentralização e
desconcentração contribuem para a existência da litigância.
Todo esse quadro é agravado em razão da mentalidade burocrática existente da Administração Pública que se recusa a estabelecer comunicação interna,
eis que em certos setores ainda triunfa nichos insulados de poder.595
Em última análise:
(...) A excessiva litigância intragovernamental pode revelar historicamente um presidencialismo de pouca articulação interna, cujo resultado, a par da ameaça de ineficiência do Poder
Executivo e da perpetuação do impasse, produz recorrente judicialização de problemas internos, fomentando-se, ainda mais, a chamada crise do Poder Judiciário. A crise, no entanto, e na
profundeza, poderia estar no próprio Executivo, que demoraria na resposta aos problemas internos que enfrenta. Insista-se, o problema não é exclusivo desse atual governo. É estrutural. É
uma herança de uma cultura burocrática preocupada com formas, e não com conteúdos, com procedimentos, e não com resultados.596

Do contexto traçado, pode-se concluir que o ponto central a ser trabalhado decorre da constatação de que a intensa litigiosidade, judiciária e
administrativa, entre órgãos e entes da Administração, é quase sempre improdutiva.
60.2.2. MÉTODOS AUTOCOMPOSITIVOS DE CONFLITO (NEGOCIAÇÃO, MEDIAÇÃO E CONCILIAÇÃO)
A palavra conflito pode ser definida597 como falta de entendimento grave ou oposição violenta ente duas ou mais partes, um desacordo agudo ou um
antagonismo de interesses, ideias, valores ou posturas, em que existe uma resistência recíproca por parte dos envolvidos.
No Estado federativo, várias são as causas que podem ocasionar o surgimento de um conflito intragovernamental ou entre os entes da federação.
Os métodos para resolução de conflitos podem ser divididos em adversariais e não adversariais. Conforme explica a doutrina, os métodos adversariais
assim poderiam ser caracterizados:
Os métodos adversariais são:
• Partes se enfrentando;
• Um terceiro supre a vontade das partes e toma a decisão;
• Se um ganha o outro perde. Tudo ou nada;
• A decisão é baseada na lei ou em precedente, mas não necessariamente resolve o problema satisfazendo as partes.
Os métodos não adversariais são:
• Partes juntas e cooperativas;
• Partes mantêm o controle do procedimento e acordam a própria decisão;
• Todos se beneficiam com a solução que criaram;
• A decisão a que chegaram resolve o problema em conformidade com os interesses, sem o auxílio da lei ou de precedente.
Quanto às formas de resolução de conflitos, poderíamos resumir em:
• Autotutela (ou autodefesa) – imposição pela violência moral ou física de uma vontade sobre a outra. Ex: legítima defesa, estado de
necessidade, desforço imediato;
• Autocomposição – partes chegam voluntariamente ao acordo que construíram, sem intervenção vinculativa de terceiro. Podendo ser dividida
em:
a.1 direta ou bipolar. Ex: negociação
a.2 assistida, triangular ou indireta
• Heterocomposição – imposição de uma decisão por um terceiro, ao qual as partes estão vinculadas. Caracteriza-se pela lide, substutividade e
definitividade. Poder ser:
b.1 pura – processo judicial
b.2 arbitragem
A autocomposição pode ser realizada por meio da conciliação ou da mediação.
Sobre a diferença fundamental sobre os dois institutos, o CPC/15 no art. 165, §§ 2.º e 3.º, apresenta a distinção:
Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento
de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição. (...)
§ 2.º O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer
tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem.
§ 3.º O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito,
de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos.598

A partir de tais classificações, pode-se avançar para o emprego pela Administração Pública da autocomposição.
60.2.3. USO DA AUTOCOMPOSIÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Após apresentar a classificação feita pela doutrina, a concepção de implementação de métodos autocompositivos para resolução de controvérsias no
âmbito da Administração Pública ganhou ao longo dos anos relevância, de maneira que em 2015 recebeu acabamento legislativo mais robusto.
No dia 26 de junho de 2015 foi promulgada a Lei n.º 13.140, marco legal da mediação no Brasil que dispõe, dentre outras questões, sobre a
autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública.
Um dos desafios impostos à Administração será o de regulamentar quais as causas serão encaminhadas para a autocomposição, pois é muito importante
o filtro adequado das causas pelos gestores do conflito, que, após a sua análise, encaminharão, para o mecanismo mais eficiente, de acordo com suas
peculiaridades. A filtragem adequada da controvérsia está em consonância com o modelo proposto pelo sistema multiportas.
Nesse sentido, é preciso considerar que são as pessoas que ocupam os cargos e funções na seara pública e que são elas que precisam tratar as
controvérsias, para que se operacionalize a norma no plano administrativo. Nas palavras de Coelho e Lúcio:
Faz-se importante notar que os órgãos e as instituições públicas existem e são estruturados por pessoas, por mais que estejam imbuídas dos atributos de gestão de impessoalidade e
eficiência, findam por levar para esses ambientes toda a sua história e a sua composição subjetiva. Com efeito, são eles os condutores de todo o processo de instalação do conflito e, por
conseguinte, de sua solução. Cabe, então, analisar o procedimento de solução das querelas, preconizando que a mediação seria uma forma útil e promissora de solução dessas questões.599

No que diz respeito aos conflitos envolvendo a Administração Pública Federal, a Lei n.º 13.140/2015 previu regras mais detalhadas.
Ela prevê que a União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios possam criar câmaras de prevenção e resolução administrativa de conflitos, no
âmbito dos respectivos órgãos da Advocacia Pública, onde houver.
As câmaras previstas na Lei n.º 13.140/2015 têm competência para dirimir conflitos entre órgãos e entidades da administração pública; avaliar a
admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de composição, no caso de controvérsia entre particular e pessoa jurídica de direito
público; e promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta.
Restou consignado que o modo de composição e funcionamento das câmaras será estabelecido em regulamento de cada ente federado, sendo facultativa
sua utilização.
Estão compreendidas na competência das câmaras a prevenção e a resolução de conflitos que envolvam equilíbrio econômico-financeiro de contratos
celebrados pela administração com particulares, sendo excluídas as controvérsias que somente possam ser resolvidas por atos ou concessões de direitos
sujeitos a autorização do Poder Legislativo.
Na seção referente aos conflitos envolvendo a Administração Pública Federal Direta, suas Autarquias e Fundações, a lei estabelece que as controvérsias
jurídicas poderão ser objeto de transação por adesão, com fundamento em autorização do Advogado-Geral da União, com base na jurisprudência pacífica
do Supremo Tribunal Federal ou de tribunais superiores; ou parecer do Advogado-Geral da União, aprovado pelo Presidente da República.
A resolução administrativa terá efeitos gerais e será aplicada aos casos idênticos, tempestivamente habilitados mediante pedido de adesão, ainda que
solucione apenas parte da controvérsia.
No caso de conflitos que envolvam controvérsia jurídica entre órgãos ou entidades de direito público que integram a administração pública federal, a
Advocacia-Geral da União deverá realizar composição extrajudicial do conflito, observados os procedimentos previstos em ato do Advogado-Geral da
União. Caso não haja acordo quanto à controvérsia jurídica, caberá ao Advogado-Geral da União dirimi-la, com fundamento na legislação afeta.
Por outro lado, é facultado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, suas autarquias e fundações públicas, bem como às empresas públicas e
sociedades de economia mista federais, submeter seus litígios com órgãos ou entidades da administração pública federal à Advocacia-Geral da União, para
fins de composição extrajudicial do conflito.
Ainda com base na Lei n.º 13.140/2015, art. 39, a propositura de ação judicial em que figurem concomitantemente nos polos ativo e passivo órgãos ou
entidades de direito público que integrem a administração pública federal deverá ser previamente autorizada pelo Advogado-Geral da União.
Os servidores e empregados públicos que participarem do processo de composição extrajudicial do conflito, somente poderão ser responsabilizados
civil, administrativa ou criminalmente quando, mediante dolo ou fraude, receberem qualquer vantagem patrimonial indevida, permitirem ou facilitarem sua
recepção por terceiro, ou para tal concorrerem.
Diante da abertura dessa possibilidade, a Escola Nacional de Mediação e Conciliação, no âmbito do Ministério da Justiça, poderá criar banco de dados
sobre boas práticas em mediação, bem como manter relação de mediadores e de instituições de mediação.
Verifica-se, portanto, que a Lei n.º 13.140/2015 apresenta-se como um marco normativo vocacionado a quebrar alguns paradigmas arraigados em nossa
sociedade, como a cultura da litigiosidade e necessidade de levar ao Poder Judiciário demandas que poderiam ser solucionadas em um ambiente mais
propício e com mecanismos mais eficientes.
Por isso, há um estímulo normativo para o incremento do relacionamento entre órgãos e entes da Administração Pública, por meio de coordenação de
ações e o estabelecimento de redes de comunicação dentro do Estado, assim como o incentivo da cultura de cooperação e diálogo com vistas à produção de
consensos.
Cumpre registrar que a desjudicialização das controvérsias e a autocomposição pelas partes do processo é uma realidade nos grandes sistemas
processuais como forma de resolver os problemas estruturais da justiça e, acima de tudo, como meio de se atingir uma satisfação mais plena por parte dos
envolvidos nos conflitos.
60.2.4. HISTÓRICO NORMATIVO DA CÂMARA DE CONCILIAÇÃO E ARBITRAGEM DA ADMINISTRAÇÃO FEDERAL
Muito antes do advento da Lei n.º 13.140/2015 foi criada pelo Ato Regimental AGU n.º 05, de 27 de setembro de 2007, a Câmara de Conciliação e
Arbitragem da Administração Federal – CCAF – com a finalidade de dar continuidade às atividades conciliatórias que já eram desenvolvidas no âmbito da
Advocacia-Geral da União pelas Câmaras de Conciliação ad hoc, assim designadas porque eram instaladas pelo Advogado-Geral da União para atuar
exclusivamente na solução de cada caso concreto, conforme previsto no parágrafo único do art. 11, da Medida Provisória n.º 2.180-35, de 24 de agosto de
2001, e na Portaria AGU nº 118, de 1º de fevereiro de 2007 (posteriormente revogada pela Portaria AGU n.º 1.281, de 27 de setembro de 2007).600
A Portaria AGU n.º 1.281, de 27 de setembro de 2007, instituiu a CCFA com a previsão de competência para promover o deslinde, no âmbito da
Advocacia-Geral da União, em sede administrativa, de controvérsias de natureza jurídica entre órgãos e entidades da Administração Pública Federal, por
meio de conciliação ou arbitramento.
Em 2008, foi estendida a possibilidade de solução administrativa, aqui somente pela via da conciliação, para controvérsias de natureza jurídica entre a
Administração Pública Federal e a Administração Pública dos Estados ou do Distrito Federal, conforme a Portaria AGU n.º 1.099, de 28 de julho de 2008.
No ano seguinte (2009), a Portaria n.º 1.099/2008 foi alterada pela Portaria AGU n.º 481, de 06 de abril de 2009, para incluir na possibilidade de
conciliação com a Administração Pública Federal, além da Administração Pública dos Estados, do Distrito Federal, a de Municípios que fossem Capital de
Estado ou que possuam mais de duzentos mil habitantes.
Em 2010, sobreveio o Decreto n.º 7.392, de 13 de dezembro de 2010, que ampliou a competência da CCAF, prevendo a possibilidade de promover a
resolução de conflitos judicializados e de controvérsias administrativas, por meio de conciliação, entre entes e órgãos da Administração Pública Federal,
bem como entre esses e a Administração Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (sem limitador do número de habitantes).
O principal objetivo de sua criação foi prevenir e reduzir o número de litígios judiciais que envolviam a União, suas autarquias, fundações, sociedades
de economia mista e empresas públicas federais.
Atualmente, as competências da CCAF encontram-se dispostas no Decreto n.º 7.392, de 13 de dezembro de 2010, que enumera, em seu art. 18, as
seguintes:
Art. 18. A Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal compete:
I - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da Advocacia-Geral da União;
II - requisitar aos órgãos e entidades da Administração Pública Federal informações para subsidiar sua atuação;
III - dirimir, por meio de conciliação, as controvérsias entre órgãos e entidades da Administração Pública Federal, bem como entre esses e a Administração Pública dos Estados, do Distrito
Federal, e dos Municípios;
IV - buscar a solução de conflitos judicializados, nos casos remetidos pelos Ministros dos Tribunais Superiores e demais membros do Judiciário, ou por proposta dos órgãos de direção
superior que atuam no contencioso judicial;
V - promover, quando couber, a celebração de Termo de Ajustamento de Conduta nos casos submetidos a procedimento conciliatório;
VI - propor, quando couber, ao Consultor-Geral da União o arbitramento das controvérsias não solucionadas por conciliação; e
VII - orientar e supervisionar as atividades conciliatórias no âmbito das Consultorias Jurídicas nos Estados.

Assim, ressalte-se que a CCAF possui competência para encerrar processos judicializados, por meio da autocomposição das partes, de modo a servir de
meio alternativo para as demandas que estão em curso.
60.2.5. DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA CÂMARA DE CONCILIAÇÃO E ARBITRAGEM DA ADMINISTRAÇÃO FEDERAL
A Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal – CCAF – é uma unidade institucional da Consultoria-Geral da União (CGU), órgão
de direção superior integrante da Advocacia-Geral da União (AGU).601
A Advocacia-Geral da União é a instituição que, segundo o art. 131, da Constituição Federal, diretamente ou por meio de órgão vinculado, representa a
União judicial e extrajudicialmente, incumbindo-lhe, as atividades de consultoria e assessoramento do Poder Executivo, nos termos de lei complementar.
Assim, a AGU desempenha atividade jurídica tanto contenciosa como consultiva. A contenciosa diz respeito à representação judicial nos litígios nos
quais a União ou qualquer de suas entidades (autarquias e fundações) seja parte. A consultiva diz respeito ao assessoramento jurídico do Poder Executivo.
A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente da República, dentre cidadãos maiores de
trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
O Advogado-Geral da União é o mais elevado órgão de assessoramento jurídico do Poder Executivo, submetido à direta, pessoal e imediata supervisão
do Presidente da República.
A Lei Orgânica da Advocacia-Geral da União é a Lei Complementar n.º 73/1993, que regulamenta o exercício das atribuições dos órgãos e estabelece
que a Advocacia-Geral da União compreende enquanto órgãos de direção superior, além do Advogado-Geral da União, a Procuradoria-Geral da União e da
Fazenda Nacional; a Consultoria-Geral da União; o Conselho Superior da Advocacia-Geral da União; e a Corregedoria-Geral da Advocacia da União.
A estrutura pode ser melhor compreendida a partir do organograma abaixo:

Fonte: AGU 2017

Entre os órgãos de direção superior da AGU, encontra-se a Consultoria-Geral da União (CGU), direta e imediatamente subordinada ao Advogado-Geral
da União, a qual incumbe, principalmente, colaborar com este em seu assessoramento jurídico ao Presidente da República produzindo pareceres,
informações e demais trabalhos jurídicos que lhes sejam atribuídos pelo chefe da instituição.
Pelo Ato Regimental n.º 5, de 27 de setembro de 2007 da própria AGU, cabe à CGU, dentre outras atribuições, participar do deslinde de controvérsia
jurídica entre órgãos e entidades da Administração Federal, para sua solução em sede administrativa.
É dentro da estrutura da CGU que se encontra a Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal – CCAF, conforme ilustrado no
organograma abaixo:
Fonte CGU: 2017.

60.2.6. DO PROCEDIMENTO ADOTADO NA CÂMARA DE CONCILIAÇÃO E ARBITRAGEM DA ADMINISTRAÇÃO FEDERAL


O procedimento conciliatório na Câmara tem início mediante solicitação escrita do representante do órgão ou entidade pública interessada, na qual é
relatada a questão controvertida, indicados os outros órgãos envolvidos, designados os representantes para participar das atividades conciliatórias e
instruído com documentos necessários para o deslinde da causa.602
A instauração de procedimento conciliatório pode ocorrer por iniciativa de órgão ou ente da Administração Pública Federal, Ministro de Estado,
dirigentes de entidades da Administração Federal indireta, Consultor-Geral da União, Procurador-Geral da Fazenda Nacional, Procurador-Geral Federal e
Secretários-Gerais de Contencioso e de Consultoria.
É oportuno esclarecer que, embora tecnicamente não sejam integrantes da Administração Pública Federal, os órgãos ou entes que compõem o Poder
Legislativo (Senado e Câmara dos Deputados), Judiciário e Ministério Público da União, também podem ter iniciativa de encaminhar suas controvérsias
com entes e órgãos da Administração Pública Federal para a CCAF.
No caso de ente da Administração Pública Estadual, a iniciativa compete aos Governadores ou Procuradores-Gerais dos Estados e do Distrito Federal.
Para os Municípios a iniciativa é atribuída aos Prefeitos ou Procuradores-Gerais dos Municípios.
Caso os conflitos estejam judicializados, podem ser remetidos pelos Ministros dos Tribunais Superiores e demais membros do Judiciário, ou por
proposta dos órgãos de direção superior que atuam no contencioso judicial.
Cumpre esclarecer também que estão legitimados a participar da conciliação os agentes públicos que representam os órgãos e entidades públicas em
conflito. Inclusive, pode ser sugerido pelos representantes dos interessados para que sejam convidados outros órgãos ou entes públicos que possam
contribuir para a solução da controvérsia.
Os representantes indicados pela direção superior dos órgãos e entes interessados, deverão ser, preferencialmente, da área jurídica, sem prejuízo de que
se faça acompanhar, nas reuniões, por outros servidores da área técnica, quando referidos conhecimentos forem relevantes para os esclarecimentos acerca
da questão controvertida.
Para iniciar o procedimento conciliatório deve ser feita uma solicitação escrita, firmada pelo representante do órgão ou entidade (ou do jurídico),
dirigida ao Consultor-Geral da União ou ao Advogado-Geral da União, a qual conterá um relato da questão controvertida, indicados os outros órgãos
envolvidos, designados os representantes para participar das atividades conciliatórias e, por fim, requerida a submissão da controvérsia ao procedimento
conciliatório.
A solicitação é recebida e verificada se o processo administrativo está devidamente instruído.
Após é feito o exame de admissibilidade, e caso admitida a controvérsia, o Conciliador designará uma data para uma primeira reunião de conciliação.
Contudo, em qualquer fase do procedimento, o conciliador poderá solicitar informações ou documentos complementares necessários ao esclarecimento
da controvérsia.
Em não ocorrendo conciliação na primeira reunião, e, conforme os encaminhamentos a serem dados para a questão, poderão ser designadas outras
reuniões, tantas quantas se mostrarem necessárias para solucionar a questão, ou então, para se concluir pela inviabilidade do acordo.
Oportuno esclarecer que, a princípio, qualquer tipo de controvérsia, sobre as mais variadas matérias pode ser submetida ao procedimento conciliatório,
desde que um dos órgãos interessados seja, necessariamente, um órgão ou ente da Administração Pública Federal.
No entanto, compete ao CCAF fazer um exame prévio de admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da
Advocacia-Geral da União, exame nos quais são considerados, principalmente, os entes e órgãos envolvidos na controvérsia e o objeto do conflito.
O procedimento conciliatório, em regra, é realizado pela CCAF sediada em Brasília-DF.
Todavia, o processo pode ser descentralizado para as unidades das Consultorias Jurídicas da União existentes em cada Estado, quando do exame prévio
de admissibilidade do processo ou em qualquer fase do procedimento, por sugestão do conciliador, e decisão do diretor da CCAF. Mas, mesmo que ocorra
a delegação, as atividades conciliatórias são supervisionadas pela CCAF.
No procedimento, o conciliador atua como um facilitador do acordo, ao criar um contexto propício para o entendimento mútuo, aproximação dos
interesses e harmonização das relações conflituosas.
Por fim, cumpre destacar que a CCAF pode celebrar Termos de Ajustamento de Conduta, quando couber, e somente nas matérias que tenham sido
submetidas preliminarmente a procedimento conciliatório, e que não tenha sido firmado Termo de Conciliação, cabendo ao Advogado-Geral da União a
decisão final sobre a celebração do TAC.
60.3.1. DA CONCEPÇÃO DA LEI N.º 13.140/2015
Para as ponderações deste último capítulo, importante analisar a gênese da Lei n.º 13.140/2015, que inseriu no seu texto um Capítulo II que trata da
autocomposição de conflitos nos quais figuram como parte os entes públicos.
A primeira proposta legislativa efetiva sobre o assunto mediação, que foi a responsável por gerar a Lei n.º 13.140/2015, foi o Projeto de Lei do Senado
n.º 517, de 2011, de autoria do Senador Ricardo Ferraço, que tinha o objetivo de instituir e disciplinar o uso da mediação como instrumento para a
prevenção e solução consensual de conflitos.
O Projeto de Lei do Senado n.º 517, apresentou como justificação:
(...) Dessa forma, a mediação não se limita ao campo judicial, possuindo um leque de abrangência amplíssimo, já tendo a sua utilização colhido bons frutos por onde foi explorada. Com
efeito, o instituto pode ser aplicado na solução dos conflitos: administrativos, escolares, familiares, infanto-juvenis, empresariais, empregatícios, prisionais, ambientais, etc. Assim, tanto os
órgãos públicos como os privados devem atentar para a importância de se adotar a mediação em suas relações interpessoais, especialmente nas de trato continuado, garantindo sentimentos
de satisfação mútua. Academicamente, é a mudança do modelo perde-ganha para o modelo ganha-ganha.
Não obstante, a mediação tenta quebrar alguns paradigmas arraigados em nossa sociedade, como a cultura da litigiosidade e necessidade de levar ao Poder Judiciário demandas que
poderiam ser solucionadas em um ambiente mais propício e com mecanismos mais apropriados. Trata-se, pois, de instrumento capaz de incentivar outras formas de solução das pendências,
de reduzir o número de processos judiciais e de combater o desvirtuamento da função judicial do Estado, conferindo, assim, uma leitura contemporânea do acesso à justiça previsto no art.
5º, XXXV, da Constituição Federal do Brasil. (...)
O instituto da mediação, já introduzido em diversos ordenamentos jurídicos, está regulamentado nos Estados Unidos, na Argentina, no Uruguai, no Japão, na Austrália, na Itália, na
Espanha, na França, dentre outros. O Conselho da União Europeia, inclusive, emitiu a Diretiva n.º 52, de 21 de maio de 2008, em que define a mediação como um processo estruturado no
qual duas ou mais partes em litígio tentam, voluntariamente, alcançar por si mesmas um acordo sobre a resolução de seu litígio, com a ajuda de um mediador. Como se vê, hoje há uma
tendência de se resolver os conflitos de interesses por outras vias que não a imposição de um provimento judicial.
No Brasil, apesar de ainda não existir legislação que trate do tema, este vem sendo amplamente difundido, sendo que a prática da mediação já é exercida inclusive dentro dos órgãos do
Poder Judiciário, na medida em que se funda na livre manifestação de vontade das partes, e na escolha por um instrumento mais profundo de solução do conflito.603

Na marcha legislativa houve a solicitação para a tramitação conjunta de outros dois projetos de Lei do Senado, números 405 e 434, sendo o primeiro de
autoria do Senador Renan Calheiros para dispor sobre a mediação extrajudicial, o qual tratou da possibilidade de mediação pelos órgãos da Administração
Pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, sob a seguinte justificação:
A presente proposta legislativa, porém, está focada na mediação extrajudicial, e na contribuição que esta também tem oferecido à resolução de litígios nos mais variados segmentos –
Administração Pública, direito de família, empresarial, dentre outros –, que adequadamente praticada diminui o aforamento de novas demandas judiciais. A mediação extrajudicial poderá
ser utilizada para qualquer tipo de litígio. Nos casos que envolvam direitos indisponíveis, o acordo deverá ser homologado em juízo e, antes da homologação, será necessária a oitiva do
Ministério Público. Prevê a possibilidade do procedimento de mediação operar-se via internet ou por outros meios de comunicação não presencial. A proposta também regula a mediação
envolvendo conflitos entre entes do Poder Público, entre este e o particular. Uma vez que a utilização da mediação extrajudicial depende de uma alteração de paradigma e de uma mudança
de cultura na sociedade, a proposta traz em seu bojo norma programática, com o objetivo de que o Ministério da Educação – MEC incentivar as instituições de ensino superior a incluírem
em seus currículos a disciplina de mediação como método extrajudicial consensual de prevenção e resolução de conflitos. De igual forma, propõe que o Conselho Nacional de Justiça –
CNJ e o Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP incentivem a inclusão, nos conteúdos programáticos de concursos públicos para o ingresso nas carreiras do Poder Judiciário e
do Ministério Público, respectivamente, de matérias relacionadas à mediação como método alternativo consensual de prevenção e resolução de conflitos.604

Ainda durante a tramitação no Senado, houve a incorporação ao texto as sugestões ofertadas pela Advocacia-Geral da União (AGU), por intermédio da
Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República.
As sugestões da AGU versavam sobre a solução consensual de conflitos no âmbito da Administração Pública, a qual acabou sendo dedicado um
capítulo na atual Lei n.º 13.140/2015.
Conforme as normas sugeridas, a AGU passaria a promover – como já vinha fazendo em razão da criação da Câmara de Conciliação e Arbitragem
Federal – a conciliação e passaria dirimir os conflitos relacionados somente aos órgãos e pessoas jurídicas de direito público vinculados à Administração
Pública Federal.
Assim, os dispositivos que constam atualmente da Lei n.º 13.140/2015 acerca da possibilidade de conciliação e arbitragem foram sugeridos pelo
próprio órgão, de maneira que as normas infralegais que disciplinavam a matéria receberam um reforço legislativo para amparar a dinâmica que vinha
sendo desenvolvida no âmbito da Administração Pública Federal.
Os projetos foram encaminhados à Câmara dos Deputados, sendo unificado o texto no Projeto de Lei n.º 7.169/2014, o qual tinha a seguinte ementa:
“Dispõe sobre a mediação entre particulares como meio alternativo de solução de controvérsias e sobre a composição de conflitos no âmbito da
Administração Pública (...)”.
Ao final, o Projeto de Lei n.º 7.169/2014 foi aprovado pela Câmara dos Deputados sendo publicado como a Lei n.º 13.140/2015, que dispõe sobre “a
mediação entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflito no âmbito da administração pública (...)”.
Pelo contexto apresentado, demonstra-se que em um mesmo texto legislativo restou contida a previsão da mediação entre os particulares e a mediação
relativa às pessoas jurídicas de direito público, que são regidas por um regime jurídico distinto com particularidades próprias.
60.3.2. DA POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO AOS ENTES PÚBLICOS DOS PRINCÍPIOS ORIENTADORES DA AUTOCOMPOSIÇÃO
PRIVADA
O art. 166, do CPC/15, estabelece os princípios da conciliação e da mediação que podem ser aproveitados em qualquer caso, ainda que a atividade seja
extrajudicial.605
Especificamente para a mediação, o art. 2.º, da Lei n.º 13.140/2015, estabelece princípios comuns e outros que se aplicam apenas à mediação.606
No rol dos princípios, a norma elenca a isonomia, a autonomia da vontade das partes e a confidencialidade.
A primeira questão que se coloca diz respeito à possibilidade da exata correlação entre a autocomposição praticada em âmbito privado em relação à
conciliação e mediação aplicada para conflitos envolvendo entes públicos.
Em relação à isonomia, cumpre destacar que a lógica do regime jurídico-administrativo brasileiro ainda é pautada na supremacia do interesse público, o
que reveste os entes públicos das chamadas prerrogativas, características que não são comuns aos entes privados, que ficam em posição de nítida
inferioridade em relação ao ente público.
Essa verticalidade nas relações de direito público é desejável pelo regime jurídico-administrativo pela justificativa da supremacia estatal pela
titularidade e defesa dos interesses públicos pelo Estado.
Tornou-se clássica, na literatura administrativista brasileira, a definição de Celso Antônio Bandeira de Mello para o princípio da supremacia do
interesse público sobre os interesses particulares:
Trata-se de verdadeiro axioma reconhecível no moderno Direito Público. Proclama a superioridade do interesse da coletividade, firmando a prevalência dele sobre o do particular, como
condição, até mesmo, da sobrevivência e asseguramento deste último. É pressuposto de uma ordem estável, em que todos e cada um possam sentir-se garantidos e resguardados.607

A compreensão pela doutrina clássica do regime jurídico-administrativo passa a ser mais completa a partir da seguinte abordagem contida na obra de
Celso Antônio Bandeira de Mello:
Todo o sistema de Direito Administrativo, a nosso ver, se constrói sobre os mencionados princípios da supremacia do interesse público sobre o particular e indisponibilidade do interesse
público pela Administração.
Em verdade, como bem disse Garrido Falla, o Direito Administrativo se erige sobre o binômio ‘prerrogativas da Administração – direitos dos administrados’. É o entrosamento destes dois
termos que lhe delineia a fisionomia. Sua compostura, pois, irá variar de um para outro sistema jurídico positivo, retratando uma feição mais autoritária ou, opostamente, um caráter mais
obsequioso aos valores democráticos.
São os elementos deste binômio que, ao nosso ver, se encontram expressados, respectivamente, no que denominados ‘supremacia do interesse público’ e ‘indisponibilidade dos interesses
públicos pela Administração’.608

Contudo, ganha força na doutrina brasileira a superação e a relativização do princípio da supremacia do interesse público em situações específicas,
conforme defende Gustavo Binenbojm:
Como agente condutor básico da superação de tais categorias jurídicas, erige-se hodiernamente a ideia de constitucionalização do direito administrativo como alternativa ao déficit teórico
apontado nos itens anteriores, pela adoção do sistema de direitos fundamentais e do sistema democrático qual vetores axiológicos – traduzidos em princípios e regras constitucionais – a
pautar a atuação da Administração Pública. Tais vetores convergem no princípio maior da dignidade da pessoa humana e, [I] ao se situarem acima e para além da lei, [II] vincularem
juridicamente o conceito de interesse público, [III] estabelecerem balizas principiológicas para o exercício legítimo da discricionariedade administrativa e [IV] admitirem um espaço
próprio para as autoridades administrativas independentes no esquema de separação de poderes e na lógica do regime democrático, fazem ruir o arcabouço do velho direito administrativo.
Assim, tem-se que:
[i] a Constituição, e não mais a lei, passa a situar-se no cerne da vinculação administrativa à juridicidade;
[ii] a definição do que é interesse público, e de sua propalada supremacia sobre os interesses particulares, deixa de estar ao inteiro arbítrio do administrador, passando a depender de juízos
de ponderação proporcional entre os direitos fundamentais e outros valores e interesses metaindividuais constitucionalmente consagrados;
[iii] a discricionariedade deixa de ser um espaço de livre escolha do administrador para se convolar em um resíduo de legitimidade, a ser preenchido por procedimentos técnicos e jurídicos
prescritos pela Constituição e pela lei com vistas à otimização do grau de legitimidade da decisão administrativa. Com o incremento da incidência direta dos princípios constitucionais
sobre a atividade administrativa e a entrada no Brasil da teoria dos conceitos jurídicos indeterminados, abandona-se a tradicional dicotomia entre o ato vinculado e ato discricionário,
passando-se a um sistema de graus de vinculação à juridicidade;
[iv] a noção de um Poder Executivo unitário cede espaço a uma miríade de autoridades administrativas independentes, denominadas entre nós, à moda anglo-saxônica, agências reguladoras
independentes (...).609

Ainda merece menção a posição intermediária capitaneada por Luís Roberto Barroso no prefácio do livro “Interesses Públicos versus Interesses
Privados: descontruindo o princípio de supremacia do interesse público”,610 segundo a qual se, de um lado, não descarta inteiramente a utilidade da ideia de
supremacia do interesse público, de outro lado procede a uma ampla revisão de seus pressupostos teóricos.
Ao resgatar a antiga bipartição do interesse público em primário e secundário, formulada por Renato Alessi e introduzida no Brasil por Celso Antônio
Bandeira de Mello, Barroso identifica o primeiro como “a razão de ser do Estado e sintetiza-se nos fins que cabe a ele promover: justiça, segurança e bem-
estar social”. Já no segundo é caracterizado como “o interesse da pessoa jurídica de direito público que seja parte em uma determinada relação jurídica”.
Pois bem. Segundo o autor, o interesse público secundário jamais desfrutará de supremacia a priori e abstrata em face do interesse particular. “Se
ambos entrarem em rota de colisão, caberá ao intérprete proceder à ponderação adequada, à vista dos elementos normativos e fáticos relevantes para o caso
concreto”. Todavia, em relação ao interesse público primário, afirma que este “há de desfrutar de supremacia constitucional e democrático”. Ele “desfruta
de supremacia porque não é passível de ponderação. Ele é o parâmetro de podenderação”.
Mas, para compreender a explicação do autor é preciso saber o que entende por interesse público primário. Conforme Barroso, o interesse público
primário consiste “na melhor realização possível, à vista da situação concreta a ser apreciada, da vontade constitucional, dos valores fundamentais que ao
intérprete cabe preservar ou promover”. Logo em seguida, admite expressamente a necessidade de ponderação entre interesses coletivos e individuais,
situados no interior do seu conceito abstrato de interesse público primário, como única forma de alcançar sua conceituação no caso concreto.
As diferentes posições doutrinárias servem para revelar a dificuldade das pessoas jurídicas de direito público relacionarem-se com os particulares sob a
perspectiva da horizontalidade, com autonomia de vontade e sob o manto da confidencialidade.
Contudo, isso é possível e viável. Não na plenitude exteriorizada pela vontade de um particular, é lógico. A vontade administrativa é institucional, não
se confunde com a do sujeito por intermédio do qual se opera. A vontade administrativa nunca poderá ser livre ou autônoma, nem subjetiva, tampouco
fruto de um artifício mental, interno e psicológico.
A vontade administrativa é institucional, objetiva, externa e deverá ser sempre procedimentalizada para que seja alcançada pelos mecanismos de
controle. Se o particular é autônomo para decidir livremente com base em sua vontade, mesmo que sobre ele, posteriormente, pese uma sanção; o ente
público, não. Esse ente, por ser púbico, está vinculado ao direito, em todos os seus atos, e, mesmo antes da formação completa desses atos, quando eles
estão sendo concebidos, pensados, estruturados, esses elementos já devem estar vinculados ao direito. Assim, não há espaço para autonomia.
O que deve ficar claro é que o administrador público ao decidir participar de uma autocomposição administrativa não estará transigindo com o interesse
público, nem abrindo mão de instrumentos de sua defesa. Pode, ao contrário, escolher uma forma mais expedita, ou um meio mais hábil, para a defesa
desse interesse.
Isso porque o interesse público também está na correta aplicação da lei e na realização concreta da Justiça, o que garante a proteção quanto à
imparcialidade e isonomia.
Quanto à confidencialidade, poderia surgir um aparente conflito com o princípio da publicidade, até porque com o advento da lei de informação (Lei n.º
12.527/2011) houve um alargamento da extensão do princípio da publicidade.
Importante registrar que a confidencialidade é regra universal em termos de mediação, até porque é uma das propaladas vantagens desse procedimento,
e responsável por atrair muitos interessados.
O art. 30 da lei de mediação assim dispõe:
Art. 30. Toda e qualquer informação relativa ao procedimento de mediação será confidencial em relação a terceiros, não podendo ser revelada sequer em processo arbitral ou judicial salvo
se as partes expressamente decidirem de forma diversa ou quando sua divulgação for exigida por lei ou necessária para cumprimento de acordo obtido pela mediação.

Sobre a matéria, valiosa é a lição de Eugênia Cristina Cleto Marolla, ao tratar do sigilo no âmbito da arbitragem:
O princípio constitucional da publicidade é imposto à Administração Pública e não aos particulares, estabelecendo dever de transparência e de divulgação dos atos por ela praticados, de
forma a viabilizar o controle externo de sua atuação. Isso não significa a vedação a atos sigilos em âmbito administrativo mas, como se trata de exceção, deve estar previamente regulado
em lei. O administrador público não possui poder para dispor sobre tal princípio.
Consequentemente, se não houver previsão legal que abarque a hipótese de sigilo, a Administração Pública não poderá dele se valer, nem quando houver previsão nos regulamentos das
câmaras arbitrais. Nesses casos, a celebração de cláusula de sigilo de arbitragem em contratos administrativos afigura-se nula, não podendo produzir efeitos. A convenção privada não pode
se sobrepor às normas legais.
Isto não significa que a Administração não possa participar de um procedimento arbitral sigiloso, o que poderá ocorrer se o caso se enquadrar em um permissivo legal.
Uma vez que o sigilo não é inerente ao procedimento arbitral e que a ausência de menção expressa nesse sentido não gera obrigação para as partes, não há qualquer incompatibilidade entre
a arbitragem e o princípio da publicidade ao qual a Administração Pública está submetida.611

Com base na mesma lógica do sigilo na arbitragem, o princípio da confidencialidade não pode ser aplicado integralmente à autocomposição quando for
parte pessoa jurídica de direito público.
No caso, como é consenso que rege toda a estrutura da lei, é permitido que as partes interessadas, de comum acordo, renunciem ao sigilo. Essa
circunstância deve ser esclarecida, ao início do procedimento, pelo mediador.
Para sedimentar o pensamento, oportuno transcrever a posição de Ravi Peixoto, cujo embasamento teórico é proveniente de precedentes de cortes
norte-americanas:612
De fato, é possível que a exigência de publicidade, na mediação, desencoraje algumas partes à realização de acordos com o poder público, justamente porque o seu interesse seria o sigilo.
No entanto, haveria prevalência do interesse público na publicidade das informações, em detrimento do interesse no acordo sobre o litígio que envolva o poder público.613

Por conta desses fatores, a mediação e a conciliação das quais faça parte o poder público não seriam abrangidas pelo dever de confidencialidade, com
exceção dos casos em que a Lei nº 12.527/2011 e a Constituição da República assegura o sigilo das informações.
60.3.3. DA POSSIBILIDADE DE CRIAÇÃO DE CÂMARAS PELOS ENTES E O PACTO FEDERATIVO
A discussão proposta neste capítulo final surge da possibilidade criada pelo art. 32, da Lei n.º 13.140/2015, ao prever que: “A União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios poderão criar câmaras de prevenção e resolução administrativa de conflitos, no âmbito dos respectivos órgãos da
Advocacia Pública”.
Essa possibilidade estendida aos Estados, Distrito Federal e Municípios, já vinha sendo vivenciada no âmbito da União em razão da criação da Câmara
de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal, criada desde 2007, conforme bem detalhado no capítulo anterior.
Ocorre que o art. 37, da Lei em comento, estabeleceu que:
Art. 37. É facultado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, suas autarquias e fundações públicas, bem como às empresas públicas e sociedades de economia mista federais,
submeter seus litígios com órgãos ou entidades da administração pública federal à Advocacia-Geral da União, para fins de composição extrajudicial do conflito.

Para entender a previsão contida no artigo 37, a interpretação histórica mostra-se fundamental, pois, como visto no início deste capítulo, a AGU teve
participação na formulação da lei em comento. Sendo assim, restou facultado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, suas autarquias e
fundações públicas, a submissão de seus litígios com órgãos ou entidades da administração pública federal à Advocacia-Geral da União, para fins de
composição extrajudicial do conflito.
Sendo assim, não houve previsão legal para as procuradorias gerais dos estados ou dos municípios mediar conflitos que envolvessem a União. Tal fato
poderia sugerir a quebra do pacto federativo.
Na análise, a partir do estudo feito por Marcelo Labanca, mostra-se compreensível entender que o federalismo é um tema eminentemente político614.
Contudo, mesmo havendo a opção legislativa de atrair a matéria relativa a União para a Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal,
poderia residir a dúvida sobre a constitucionalidade da norma, eis que aparentemente parecer afrontar o pacto federativo, tendo em vista que a mesma
possibilidade – a depender da matéria em discussão – pudesse ser estendida aos Estados, Distrito Federal e Municípios.
Até o momento, ainda não houve ajuizamento no STF de demanda para questionar a constitucionalidade da norma. De todo modo, o escólio de Marcelo
Labanca apresenta um caminho para responder à questão:
Considerando então que o federalismo é um tema eminentemente político, e considerando que ele vem sendo trabalhado e construído judicialmente, seria possível falar em uma
judicialização do federalismo?
De acordo com o que foi exposto acima, forçoso é reconhecer uma judicialização do federalismo. O tema, que se insere num locus de debate político, termina sendo modelado pelos
magistrados da Suprema Corte brasileira. Deveras, partindo da premissa de que o tema federação e as normas que se situam nesse espectro material se inserem no debate político, a decisão,
pois, de construir, ou não, e de como construir as normas federativas, são, em verdade, decisões políticas. E tais decisões são partilhadas não apenas por órgãos sabidamente políticos, como
o Legislativo ou o Executivo, mas também pelo próprio Supremo Tribunal Federal, como afirmado até então.615

Ainda sobre o tema, oportuno acrescentar que antes da aprovação da Lei n.º 13.140/2015, o Consultor-Geral da União, em 11 de julho de 2014, editou a
Portaria n.º 18, com a seguinte previsão no art. 1º:
Art. 1.º Recomendar às Consultorias Jurídicas da União nos Estados a instalação das Câmaras Locais de Conciliação possibilitando a instauração e a condução de procedimentos
conciliatórios, com o objetivo de solucionar controvérsias entre órgãos e entidades da Administração Púbica Federal, bem como entre esses e a Administração Pública dos Estados, do
Distrito Federal, e dos Municípios.616

Portanto, aparentemente parece que a questão encontra-se remediada, mas, com base na formação do pacto federativo brasileiro, a discussão permanece
aberta, até porque, caso ocorra o questionamento da matéria, caberá ao Judiciário dar a palavra final.
60.3.4. DA NECESSIDADE DE FORMAÇÃO DA CULTURA DE SOLUÇÕES CONSENSUAIS NAS LIDES QUE ENVOLVAM A
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Tanto a Lei de Mediação quanto o CPC/15 tratam da utilização da mediação e da conciliação envolvendo a Administração Pública.
Em consonância, a Lei nº 13.129/2015, que incluiu na Lei n.º 9.307/1996, expressamente, a arbitragem relacionada à Administração Pública (arts. 1.º,
§§ 1.º e 2.º e art. 2.º, § 3.º).617
Assim, os dispositivos em tela aclararam a possibilidade já prevista na legislação especial, com a novidade em relação à competência, eis que restou
estabelecido que a mesma autoridade ou órgão competente para acordos ou transações é competente para celebrar a cláusula arbitral.
No CPC/15, o assunto está disposto no art. 174, que estabelece que a União, Estados, Distrito Federal e Municípios criarão câmaras de mediação e
conciliação para a resolução de conflitos no âmbito administrativo.
Sem dúvida, esse arcabouço legislativo representa uma quebra de paradigmas envolvendo a possibilidade de disputas que envolvam o interesse público
serem também resolvidas por meio da autocomposição realizada fora do Poder Judiciário.
Contudo, mesmo com a formação da Câmara de Conciliação e Arbitragem de Administração Federal no âmbito da AGU, os números ainda não
conseguem traduzir a formação de uma cultura que incentive a busca de novas portas fora do Poder Judiciário.
Apenas como meio de reflexão, para efeitos meramente quantitativos, cabe apresentar os números fornecidos pelo Departamento de Informações
Jurídico-Estratégicas – DEINF – da CGU:

Os dados da tabela acima revelam que houve total de 1.412 reuniões conciliatórias e 208 autocomposições durante a trajetória de atuação da CCAF.
Assim, o percentual de acordos firmados comparativamente à quantidade de reuniões realizadas é de aproximadamente 15%. Cabe esclarecer que os dados
de 2016 no momento da divulgação estavam incompletos.
Esse percentual pode ser representado graficamente assim:
De todos os aspectos previstos em relação à Administração Pública, tem-se que a criação de órgãos especializados para a realização de conciliação,
mediação e arbitragem é medida que se faz imperiosa para garantir a padronização de procedimento e a capacitação dos indicados a atuar nessa espécie de
resolução de conflito.
O uso de Câmaras no âmbito federal, estadual e municipal pode servir para harmonizar, pacificar e acalmar os ânimos. Pode ser uma estratégia mais
eficiente e mais ética do que buscar a todo momento o Poder Judiciário.
Sucede, todavia, que os números apresentados pela CCAF ainda parecem muito tímidos.
A concepção de criação da CCAF parece trilhar o caminho certo, tanto que no final de 2008 a iniciativa de criação da Câmara recebeu menção honrosa
concedida pelo Prêmio Innovare. Mas, sua efetividade necessita de melhor incremento.
Não se questiona o fator qualitativo do projeto desenvolvido. Possui os seus méritos. A questão é como buscar incrementar e incentivar sua atuação.
O primordial, na adoção de soluções alternativas para as lides que envolvam a Administração Pública, é edificar um ambiente em que o diálogo não
seja substituído pela intervenção obrigatória, automática e excessivamente técnica do ente público. Isso não ajuda a construir uma possibilidade de criação
de um ambiente participativo.
O que se percebe em razão do atual ordenamento jurídico e das recentes reformas promovidas é que a resolução de disputas por mecanismos
consensuais é hoje uma prioridade a curto e a longo prazo. São diferentes leis no mesmo sentido, que contam com todo o apoio do Conselho Nacional de
Justiça, a partir de ações que estimulam a prática da conciliação e mediação.
Assim, impõe-se a disseminação dessa cultura. Decidir se os métodos alternativos são viáveis para a solução de determinado conflito é um processo que
envolve mais o bom senso do que a ciência. Há que se ter em conta objetivos primordiais, objetivos legais e objetivos pragmáticos nessa análise do que
será melhor para a solução do conflito e a preservação do interesse público em jogo.
Contudo, um dos signos desta era é a absoluta falta de consenso. O Brasil por ser um país plural e complexo convive com a falta de consenso social e
político. Sem falar no conservadorismo de gestores que não contemplam outra solução que não o processo judicial, que preferem enxergar no Judiciário a
feição da soberania em lugar de serviço estatal encarregado de pacificar e de resolver problemas concretos.
Desse modo, a quebra dessas barreiras passa pela formação de uma cultura jurídica que incentive as soluções dos conflitos a partir de outras vias
possíveis e efetivas.
A construção desse novo caminho faz parte de um processo lento e gradual, mas que pode ser incentivado desde os bancos acadêmicos e aprimorados
durante a carreira profissional.
60.4. CONCLUSÕES
O conceito de acesso à justiça tem sofrido uma transformação importante, correspondente a uma mudança equivalente no estudo e ensino jurídico.
A explicação passa pelo atual momento vivido pelo Poder Judiciário. O Brasil tem 206,08 milhões de habitantes, conforme os dados divulgados em
2016, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao cotejar a população com a quantidade de processos, verifica-se que são dois habitantes
para aproximadamente um processo.
A continuar nessa escala, o esgotamento do sistema é um passo irreversível, eis que a resposta tradicional à demanda por justiça é o crescimento
vegetativo das estruturas.
Assim, o processo pode não ser a única solução para resolver um conflito entre pessoas.
Os números demonstram que a exaustão do modelo é algo que não pode ser desconsiderado. Por esse modelo apresentado, que restou aplicado no país
nos últimos tempos, converteu-se praticamente na única resposta que se oferece para todo e qualquer conflito.
A justiça estatal clássica, adjudicada pelo juiz, não é mais o único meio adequado para a solução de conflitos. Ao lado desta justiça de porta única,
surgem novas formas de acesso, o chamado sistema multiportas.
A inserção do princípio da eficiência enquanto vetor constitucional representa uma reação contra o modelo de Estado burocrático adotado pelo
administrador, que substituiu, pelo menos em teoria, o modelo de Estado patrimonialista vigente até os idos do século XX.
A ideia, ao inserir o princípio da eficiência na Constituição Federal, foi apontar que a estrutura administrativa deveria passar para o modelo gerencial,
que objetiva a obtenção de resultados positivos, prestação de serviços com qualidade, atentando-se principalmente aos anseios da coletividade.
Em síntese, a Fazenda Pública, a partir de uma conduta vinculada à legalidade e à indisponibilidade do interesse público, pode, em diferentes situações,
com supedâneo no princípio da eficiência, utilizar de meios alternativos de soluções de controvérsias, tais como a conciliação, a mediação e a arbitragem.
Pode-se extrair, outrossim, que a utilização do sistema multiportas pelo Poder Público encontra-se inserida na ideia de consensualidade na
Administração Pública – já no contexto do modelo gerencial – que é fenômeno recente que leva a Administração a adotar mecanismos de diálogo,
composição e engajamento do administrado na consecução da finalidade pública.
A Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal – CCAF – incorporou os novos mecanismos e deu um passo adiante no sentido de
firmar-se como instrumento de promoção da cooperação nas relações intragovernamentais.
O trabalho realizado na CCAF teve repercussão não apenas prática, como meio de resolução de conflitos de forma extrajudicial, mas, como modelo
fundamental e gênese para inserção da ideia pela AGU no projeto de lei sobre a mediação.
Apesar de apresentar um enorme potencial de crescimento e de ainda não haver se fixado com soberania uma nova cultura autocompositiva dentro da
Administração Pública brasileira, a Lei de Mediação parece indicar a possibilidade de que isso ocorra.
Contudo, a Lei de Mediação não foi concebida inicialmente para mediação envolvendo os entes públicos. Pelo estudo do processo legislativo,
verificou-se que o projeto de lei apenas agregou a parte relacionada aos entes públicos, e assim, cometeu o seu principal equívoco, considerar a mediação
do direito privado possível de ser aplicada ao direito público, sem qualquer tipo de filtragem.
Em relação à Fazenda Pública participar da Justiça multiportas, cabe destacar a dificuldade de as pessoas jurídicas de direito público relacionarem-se
com os particulares sob a perspectiva da horizontalidade, com autonomia de vontade e sob o manto da confidencialidade.
Contudo, isso é possível e viável. Não na plenitude exteriorizada pela vontade de um particular, é lógico. A vontade administrativa é institucional, não
se confunde com a do sujeito por intermédio do qual se opera. A vontade administrativa nunca poderá ser livre ou autônoma, nem subjetiva, tampouco
fruto de um artifício mental, interno e psicológico.
A indisponibilidade dos bens e dos interesses públicos se justifica, na medida em que eles não pertencem à Administração nem a seus agentes. Cabe-
lhes apenas geri-los, conservá-los e por eles velar em prol da coletividade, que é a verdadeira titular dos direitos e interesses públicos.
Nesse contexto, a disponibilidade da Administração é moldada pela lei, não existindo bem ou direito público absolutamente disponível, há sempre
limites de ordem material ou procedimental decorrentes do regime de direito público.
Além disso, é imperioso que se busque uma gradativa mudança de mentalidade da cultura jurídica, com a conscientização de que o acesso à Justiça não
é um convite e menos ainda um incentivo para um estado de beligerância entre entes integrantes do Poder Público, e sim uma garantia residual.
Conclui-se, assim, que a Fazenda Pública deve assimilar essa nova realidade, quebrar os dogmas que impedem o consenso e investir nas possibilidades
amparadas pelo sistema multiportas de resolução de conflitos, com a criação de novas Câmaras de prevenção e resolução administrativa de conflitos no
âmbito dos Estados, Distrito Federal e dos Municípios, assim como o fortalecimento da atuação da Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração
Federal e sua expansão para todas as capitais do Brasil.
61. ARBITRAGEM NO DIREITO DE FAMÍLIA
A partir da vigência do CPC/15, valorizou-se a utilização de mecanismos extrajudiciais para a solução de controvérsias, sendo permitida a arbitragem,
na forma da legislação especial. Ademais, o Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos, sendo expresso que a conciliação,
a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do
Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial, conforme legislação abaixo:
Art. 3.º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.
§ 1.º É permitida a arbitragem, na forma da lei.
§ 2.º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.
§ 3.º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público,
inclusive no curso do processo judicial.

Considerando a pertinência da arbitragem no direito de família, como temática a ser desenvolvida neste artigo, cumpre destacar, inicialmente, que a
Constituição Federal de 1998 tem por objetivo a proteção da família e, consequentemente, a uma nova noção de família, tanto nas relações afetivas quanto
na dignidade de seus membros, independentemente, da sua origem. Sendo assim, a família merece proteção do Estado, sendo essa família advinda de um
matrimônio ou não, como por exemplo, os casos de união estável ou a família monoparental, conforme art. 226, da Constituição Federal de 1988.
Além da proteção da família a Constituição prevê o princípio da Igualdade entre os cônjuges e facilita a dissolução do vínculo do casamento pelo
divórcio, de acordo com os §§ 5° e 6° do referido artigo. Diante desses conceitos, entende-se que é perfeitamente cabível o uso da mediação e arbitragem
como meio de solução dos conflitos no âmbito familiar, buscando sempre trazer vantagens para ambas as partes e celeridade processual.
No ordenamento jurídico brasileiro, a arbitragem é regulada pela Lei n.º 9.307/96, e determina que “as pessoas capazes de contratar poderão valer-se da
arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis”. Ademais, os arts. 851 a 853, do Código Civil Brasileiro, determinam a
possibilidade de se pactuar compromisso para a solução de conflitos, vedando-se, contudo, que o objeto de tal pacto seja questões de estado, direito pessoal
de família e de outras questões que não tenham caráter estritamente patrimonial.618 Ou seja, é apenas em relação a direitos patrimoniais disponíveis que é
possível a utilização da arbitragem, o que dificulta a sua aplicabilidade em relação ao Direito de Família, o qual trata, em sua maioria, de direitos
indisponíveis.
Ressalta-se que, de modo geral, a arbitragem é um procedimento bastante vantajoso se considerados os menores custos, maior celeridade e autonomia
das partes, na medida em que lhes é permitido convencionar quais as regras de Direito que serão aplicadas, desde que não ofendam a ordem pública e os
bons costumes (art. 2.º, da Lei n.º 9.307/96).
Porém, na seara do Direito de Família, não há previsão legal expressa, que relacione a arbitralidade da matéria, sendo imprescindível se verificar “se
existem óbices à sua utilização na legislação especial de um ou de outro instituto (direito de família e direito arbitral) cuja interseção aqui se pretende, para,
então se alcançar o resultado desses filtros”.619 Ou seja, percebe-se que há certa dificuldade existente na separação das matérias puramente patrimoniais
daquelas de feição existencial, no âmbito familiar.
Observa-se que no direito de Família, devido à sua pluralidade de questões de conteúdo sensível, é necessária uma enorme cautela no julgamento de
suas lides. Isto ocorre devido às figuras presentes na demanda, muitas das vezes menores impúberes, e, ainda, a incidência do próprio poder patriarcal.
Dessa forma, limitou-se a aplicação da arbitragem, que apesar de regras procedimentais seguras e revestidas de legalidade, em direitos disponíveis,
impedindo que as questões íntimas, pessoais e de importância vital sejam decididas por terceiro e sem a supervisão direta de órgãos especializados no caso.
Partindo deste viés, cabe ressaltar a diferenciação entre direitos disponíveis e indisponíveis.
Direitos patrimoniais disponíveis são assim definidos, conceitualmente:
Diz-se que um direito é disponível quando ele pode ser ou não exercido livremente pelo seu titular, sem que haja norma cogente impondo o cumprimento do preceito, sob pena de nulidade
ou anulabilidade do ato praticado com sua infringência. Assim, são disponíveis (do latim disponere, dispor, pôr em vários lugares, regular) aqueles bens que podem ser livremente
alienados ou negociados, por encontrarem-se desembaraçados, tendo o alienante plena capacidade jurídica para tanto. De maneira geral, não estão no âmbito do direito disponível as
questões relativas ao direito de família – e em especial ao estado das pessoas (filiação, pátrio poder, casamento, alimentos) – aquelas atinentes ao direito de sucessão, as que têm por
objetivo as coisas fora do comércio, as obrigações naturais, as relativas ao direito penal, entre tantas outras, já que ficam estas matérias todas fora dos limites em que pode atuar a
autonomia da vontade dos contendentes.620

Não estando no âmbito dos direitos indisponíveis das partes, pode-se dizer que é aplicável o instituto da arbitragem. Nos termos da legislação brasileira,
as pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis. Ademais, o Código Civil é
claro aos excluir da arbitragem as questões relativas ao direito existencial ao Direito de Família, enunciando o seu art. 852, que é vedado compromisso
arbitral para solução de questões de estado (filiação, poder familiar, estado civil, etc.) de Direito Pessoal de Família e de outras que não tenham caráter
estritamente patrimonial.
Nesse sentido, mesmo havendo a restrição do litígio a efeitos patrimoniais, mesmo sendo referente a questões familiares:
(...) inexiste óbice legal, tanto no direito de família, como na legislação sobre arbitragem para a utilização deste expediente na solução de conflitos (arbitralidade objetiva), sempre no
pressuposto de se verificar a capacidade das partes (arbitralidade subjetiva).621

O que significa dizer reconhecer a viabilidade da artbitralidade relativa à partilha de bens decorrentes da dissolução do casamento, da união estável, ou
mesmo da relação homoafetiva, a partir da vontade das partes, de comum acordo, no exercício da autonomia da vontade. Somente pela expressão da
vontade das partes é que se viabiliza a utilização da arbitragem, bem como é a expressão desta vontade que determina o conteúdo e a abrangência (dentro
do critério legal) do que será decidido pelo árbitro.
Uma das vantagens da utilização da arbitragem no direito de família está relacionada ao tempo do processo judicial, visto que o mesmo demora tanto
que muitas vezes os sujeitos envolvidos desistem de buscar seus direitos, conformando-se até mesmo com soluções desvantajosas,622 enquanto que pela via
da arbitralidade, as soluções são mais céleres e por vezes, vantajosas para ambos. Todavia, o próprio autor ressalta a importância de as partes constituírem
advogados,623 sendo os mesmos indispensáveis.
Do ponto de vista prático, algumas situações acerca da arbitralidade no direito de família, nas quais podem ser possíveis: a partilha de bens, porém, um
dos entraves é que, adjacente a ela surge outras questões, como alimentos, guarda dos filhos, discussões sobre o casamento etc. E, ainda que a partilha seja
decorrente do casamento, faz-se necessário a dissolução do vínculo, seja pela separação ou pelo divórcio (judicial ou extrajudicialmente). Do contrário,
“não há como cogitar-se em divisão de bens (judicial ou arbitral)”.624
Em caso da união estável, ou ainda, da união homossexual (homoafetiva), discute-se inclusive sobre o reconhecimento da mesma e o tempo de
convívio, ou seja, são colocadas questões muito subjetivas, que são vedadas à jurisdição arbitral, já que “pode-se levar à arbitragem apenas as questões
relacionadas à partilha no espaço de tempo de união que as partes, de comum acordo, estabeleceram”.625
A união homoafetiva é reconhecida e equiparada à união heteroafetiva em nosso ordenamento jurídico. Apesar da ausência de uma lei específica que
autorize, o Supremo Tribunal Federal já reconhece sua legalidade, isto é, não deve haver distinção acerca da aplicação da arbitragem em relação entre
casais de sexos opostos ou do mesmo sexo, aplicando-se a regra da disponibilidade ou não da matéria suscitada.
Importante ressaltar ainda, sobre a possibilidade de arbitragem no contrato de convivência ou no pacto antenupcial, é possível ser inserido cláusula
compromissária tanto em um, quanto em outro, poderá ser feita a inclusão da cláusula compromissória, embora o mais comum seja a opção pela arbitragem
através de compromisso arbitral.626 Nesse sentido, podemos elencar algumas situações fáticas, objeto de cláusulas compromissórias, tais como, a forma de
contribuição do casal nas despesas familiares, multas/indenização em caso de relacionamento com terceiros (traição), compensação financeira de um dos
cônjuges no caso de separação, definição de quem ficará com animais de estimação, se houver, etc., e, inclusive a convenção de que as questões
patrimoniais serão resolvidas através da arbitragem. Aliás, tais medidas são eficazes para a prevenção de conflitos.
Ademais, importante ressaltar, que desde que não se esteja discutindo o tempo da relação estável ou a existência efetiva da união estável em
determinado período, as questões poderão ser resolvidas por arbitralidade. Do contrário, a controvérsia somente poderá ser decidida pelo poder judiciário.
Com relação aos alimentos, a situação também é discutível, visto que a obrigação de alimentar é irrenunciável, portanto, exclui-se da seara arbitral.
Todavia, a lei permite a transação entre as partes a respeito do quantum dos alimentos prestados, analisando o pressuposto da capacidade civil das partes e a
existência da obrigação. Assim, há de se entender que o quantum dos alimentos prestados não está na esfera do direito patrimonial indisponível.
Mesmo reconhecido o direito a alimentos como sendo indisponível, seu valor tem caráter nítido patrimonial. E, assim, tem-se que os efeitos patrimoniais derivados da obrigação alimentar,
ou seja, o valor da pensão propriamente dito, e não o reconhecimento do direito de percebê-la ou a obrigação de honrá-la é matéria que pode ser objeto de arbitragem.627

Ou seja, se é verdade que uma demanda que verse sobre o direito de prestar e receber alimentos trata de direito indisponível, não é menos verdadeiro
que o quantum dos alimentos pode ser livremente pactuado pelas partes, e isto torna arbitrável esta questão, pois as consequências patrimoniais tanto num
caso como no outro podem ser objeto de solução extrajudicial, portanto, arbitrável.
Por fim, é necessário buscar novas formas de conciliação entre as partes, e o CPC/15, inovou, nesse sentido. Porém, o uso destes institutos, no caso, da
Arbitragem, ainda é difícil de ser aplicado, sobretudo no Direito de Família, por envolver, quase sempre, direitos indisponíveis. Faz-se necessário então,
uma maior discussão da temática na academia e demais órgãos públicos, no sentido de transmitir a legitimidade e a confiança das partes envolvidas, através
da informação e conhecimento da Lei, além dos operadores de direito, culturalmente acostumados em resolver apenas pela via judicial.
Devido à quase inexistente prática do instituto da arbitragem e presença ainda constante de sentimentos patriarcais e opressores, a aplicação da
Arbitragem no direito de Família deve ser cautelosa, a fim de evitar que haja uma prorrogação legal da vontade de uma das partes em detrimento de outra,
como na escolha do árbitro ou na tramitação do procedimento arbitral. Dessa forma, grande parte da doutrina continua a defender a aplicação do referido
instituto apenas na questão patrimonial, evitando que os considerados “bem maiores” sejam suprimidos ante a ausência de supervisão e determinação
imparcial ou especializada na matéria.
62. ARBITRAGEM NO DIREITO DAS SUCESSÕES
Segundo a doutrina especializada, o Direito das Sucessões “cuida da transmissão de bens realizada com o advento da morte de determinada pessoa”,
sendo o patrimônio do de cujus constituído de suas relações jurídicas em geral, sejam elas ativas (créditos) ou passivas (débitos).628 Tratando-se de
transmissão de patrimônio, e, por consequência, de direito eminentemente patrimonial, o Direito das Sucessões preenche com facilidade o primeiro
requisito da arbitrabilidade objetiva, nos termos do art. 1.o, da Lei n.º 9.307/96.
Isso não obstante, não é possível dizer a priori que todas as matérias tratadas pelo Direito das Sucessões são arbitráveis, tendo em vista que nem sempre
os direitos patrimoniais discutidos nesta seara são também dotados de disponibilidade, ou seja, o segundo requisito de arbitrabilidade objetiva exigido pela
legislação brasileira. Isto é, existem situações abordadas pelo direito sucessório que, em que pese patrimoniais, versam sobre direitos indisponíveis e que
são insuscetíveis de solução por jurisdição privada, mormente face à expressa vedação legal.
A propósito, o art. 610, do CPC/15, dispõe que “Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial”, excluindo-se, de
saída, as sucessões que envolvam menores. Em tais casos, dúvidas não há de que a matéria não pode ser arbitrada, não só porque essa vedação decorreria
da própria redação do art. 1.o, da Lei n.º 9.307/96, mas da própria natureza do direito sucessório quando este envolve o interesse do menor. Outrossim, o
mesmo dispositivo processual também impõe inventário judicial à sucessão testamentária, consequentemente a excluindo, em um primeiro momento, da
possibilidade de solução de controvérsias por arbitragem.
Nesse contexto, restaria apenas à sucessão legítima a possibilidade de instauração do juízo arbitral, sempre mediante compromisso, a ser firmado por
todos os herdeiros, inclusive com a chancela do art. 2.015, do Código Civil.629
Todavia, há doutrina que reconhece a possibilidade de arbitragem mesmo em face de sucessão testamentária, a despeito da vedação incluída no já
aludido art. 610, do Código de Processo Civil. É possível ser feita a partilha no juízo arbitral, desde que a sentença retorne ao Poder Judiciário, para
verificação do cumprimento das disposições testamentárias.630
Nesse hipótese, poder-se-ia instituir a arbitragem para resolução de questões pertinentes ao juízo arbitral, levando-se ao Poder Judiciário para
“homologação integrativa” no que toca ao cumprimento das disposições testamentárias, matéria de competência exclusiva do juiz estatal.
É importante gizar a possibilidade,631 de arbitragem testamentária, ou seja, a perspectiva de cláusula arbitral inserida no próprio testamento, oponível
aos herdeiros. O instituto é previsto no Direito Espanhol, mas a legislação pátria, da forma como estrutura a sucessão testamentária, restringe por demais a
possibilidade de arbitragem testamentária, dela excluindo a legítima e os herdeiros necessários, o que não inviabiliza o instituto, mas o limita bastante,
retirando dele utilidade.
Outrossim, é relevante ressaltar que a prestação de contas do inventariante aos herdeiros poderá ser levada ao juízo arbitral, desde que haja
concordância de todos os herdeiros, inclusive viúvo(a). A vantagem estaria no julgamento em instância única, além de um sistema mais bem aparelhado
para solucionar os conflitos.632
Por fim, cabe tecer algumas considerações em relação aos aspectos práticos sobre o tema. Como cediço, a arbitragem é método de solução de litígios
que possui alto custo, de modo a atrair apenas as controvérsias mais relevantes economicamente. No que toca ao Direito das Sucessões, é evidente que a
arbitragem será interessante em poucos casos, nomeadamente naqueles em que empresas familiares com grande patrimônio precisam estruturar a sucessão
de maneira a garantir sustentabilidade dos negócios, perpetuação dos investimentos e qualidade de gestão.
A propósito, é extremamente comum e salutar que, em quais casos, seja feito o planejamento sucessório, o que reduz a possibilidade de conflitos, de um
lado, e, por outro, torna fértil o terreno para a utilização de institutos como a arbitragem testamentária, ou a resolução arbitral de eventuais conflitos que
advenham da partilha.
63. ARBITRAGEM DOMÉSTICA E ARBITRAGEM INTERNACIONAL
O método arbitral pode ser classificado como doméstico e internacional: “A arbitragem doméstica ou nacional ocorre envolvendo sujeitos de um
mesmo Estado e sociedade, em torno de interesses essencialmente ali localizados, ou cuja resolução não exija a participação de entes ou poderes
estrangeiros, consumando-se através de árbitros cujos poderes circunscrevem-se, basicamente, às fronteiras do respectivo Estado”.633
A arbitragem para ser doméstica precisa ser realizada no território nacional, o laudo arbitral precisa ser proferido no mesmo Estado, a lei brasileira de
arbitragem, regula apenas a arbitragem doméstica. Na área internacional dispõe sobre a forma de homologação de sentença estrangeira, esclarecendo que é
a proferida fora do território nacional.
Muitos países, tais como a Espanha em 1988 e a Holanda em 1986 (que possui uma das legislações mais completas sobre arbitragem), também
preferiram este sistema monista.
A lei prevê os princípios jurídicos a serem observados; a possibilidade de os árbitros decidirem por equidade, isto é, de acordo com o seu real saber e
entender; que a arbitragem seja administrada por uma instituição arbitral; os requisitos para que uma pessoa possa ser nomeada árbitro; a determinação,
pelos árbitros, de medidas cautelares e coercitivas; enfim, tudo de acordo com os princípios e os conceitos mais modernos sedimentados na doutrina e
jurisprudência forâneas, em consonância com as demais regras do nosso arcabouço jurídico.
Na outra forma de dispor sobre a arbitragem, denominada de sistema dualista, os Estados, além de regularem as arbitragens domésticas, também
dispõem sobre as arbitragens internacionais realizadas em seus territórios. Para conceituar a arbitragem como internacional, os países adotam diversos
critérios, tais como as arbitragens entre pessoas jurídicas com domicílio em países diferentes ou quando o objeto do contrato seja referente ao comércio
internacional.
No último quartel do século passado, muitos países revisaram suas legislações internas, algumas com peculiaridades estratégicas para atrair arbitragens
internacionais, tais como as leis francesa de 1981, inglesa de 1996, belga de 1998 e suíça de 1987. As leis dualistas têm por escopo facilitar a solução de
controvérsias internacionais; avocar para seus países a sede de arbitragens, e com isso auferir rendimentos com a prestação de serviços; propiciar ambiente
neutro para as partes; menor interferência do Judiciário local; enfim, dar tratamento diferenciado e condizente com as especificidades do comércio
internacional. Neste sentido, as leis belga e suíça possibilitam até que as partes renunciem à possibilidade de recurso da sentença arbitral final. É
indubitável que a arbitragem é a forma mais usada e recomendada de solução de controvérsias surgidas no comércio internacional. Contudo, do ponto de
vista operacional, algumas questões devem ser analisadas no momento em que os contratos internacionais são elaborados, pois geralmente a cláusula
arbitral é relegada ao esquecimento, para não dizer à indiferença. Somente é notada, e aí passa a ser execrada, quando surge a controvérsia e se verifica que
a pílula é amarga para o bolso.
O contratante brasileiro aceita passivamente cláusulas arbitrais sugeridas pelo parceiro estrangeiro que, geralmente, indica a sede da arbitragem no
exterior e elege instituições arbitrais com taxas e emolumentos excessivamente altos, que chegam até a inviabilizar o acesso à arbitragem. Todavia, como a
cláusula arbitral tem efeito vinculante, é obrigatória e foi fruto de consenso das partes, deve ser cumprida e honrada sem discussão, posto que se assim não
for violará o contrato, a lei e os tratados internacionais.
Outro fator importante é a verificação da lei processual do local escolhido como sede da arbitragem, posto que pode ocasionar desagradável surpresa ao
se deparar com legislação que prevê a possibilidade de adoção de medidas judiciais coercitivas de garantias, preparatórias ou no curso da arbitragem, que
podem colocar em xeque os interesses das empresas, além, evidentemente, dos altos honorários de advogados locais, dos mencionados custos das
instituições arbitrais e dos elevados honorários dos árbitros.
Mas tudo isso poderia ser evitado se atitudes propedêuticas fossem adotadas com cláusulas arbitrais bem redigidas, verificando-se previamente o
regulamento e custos da instituição eleita. Talvez seria melhor, no caso, estabelecer que a arbitragem fosse “ad hoc” (as próprias partes criam as regras sem
utilizar os serviços de uma instituição arbitral). Ademais, seria salutar se os consultores das empresas, ao negociarem contratos internacionais, atentassem
para a possibilidade de avocar a sede de arbitragens para o Brasil, pois nossa lei concede muita flexibilidade para as partes, outorga as garantias de um
julgamento justo, possibilita a escolha da lei aplicável, vigora no Brasil a Convenção Internacional sobre Reconhecimento e Execução de Sentenças
Arbitrais Estrangeiras (Nova Iorque, 1958) etc. Ademais, os custos das arbitragens administradas pelas instituições brasileiras com profissionais
especializados e árbitros indicados pelas partes são muito mais compensadores. Arbitragem ideal é a que transcorre rápido, com árbitros diligentes e partes
colaboradoras, seja no Brasil ou no exterior.
A arbitragem, enquanto método de resolução de conflitos, classifica-se de acordo com diversos referenciais. A título de exemplo, a arbitragem pode ser
classificada levando-se em consideração a vontade das partes em se submeter ao juízo arbitral. Quando as partes voluntariamente aceitam a submissão a um
juízo arbitral, diz-se que tal arbitragem é do tipo voluntária. Por outro lado, quando as partes são obrigadas a se submeter à arbitragem, esta classifica-se
como compulsória, obrigatória.
Importante classificação da arbitragem diz respeito às características dos sujeitos envolvidos em determinado termo arbitral, sejam as partes, o próprio
árbitro ou o objeto em litígio. A análise dessas características busca delimitar se a arbitragem em questão é nacional, também chamada de doméstica, ou
internacional. Cumpre destacar que a relevância da classificação reside na necessidade de se delimitar qual legislação regerá a matéria, se será a lei
específica de um Estado, ou um tratado internacional.
Ainda, para alguns ordenamentos jurídicos, saber se a sentença arbitral é doméstica ou estrangeira é de extrema relevância, tendo em vista que os dois
laudos podem receber tratamento diferente, como ocorre no Brasil, a despeito de orientação diversa constar na Convenção de Nova York, tratado
internacional do qual o Brasil é signatário desde 2002. Normalmente, os critérios para se definir uma arbitragem como internacional são estabelecidos pelas
leis de cada país, sendo comum, em virtude dessa circunstância, haver diferenças entre as classificações. A França, por exemplo, considera uma arbitragem
como internacional quando houver no termo arbitral um interesse comercial internacional, ainda que as partes sejam de um mesmo Estado. Já a Suíça, por
outro lado, considera como internacional uma arbitragem em que as partes têm nacionalidades distintas. Por fim, o Brasil não adota expressamente uma
definição de arbitragem internacional, mas tão somente um critério definidor de sentença arbitral estrangeira, que é exclusivamente o da territorialidade,
consoante se lê no art. 34, parágrafo único, da Lei de Arbitragem.634
A Lei Modelo da UNCITRAL sobre Arbitragem Comercial Internacional prevê, no art. 1.º, § 3.º, que uma arbitragem será considerada internacional se
correr uma das seguintes hipóteses: (1) quando, no momento da conclusão do termo de arbitragem, as sedes comerciais das partes se situarem em diferentes
Estados; (2) quando o local onde será realizada a arbitragem, determinado pelo termo arbitral, for um país distinto do das partes; ou (3) quando a obrigação
do contrato dever ser realizada em outro país, que não os das partes.
De outra feita, quando a arbitragem envolver somente partes situadas em um mesmo Estado, dispondo sobre interesses localizados no âmbito desse
mesmo Estado, não sendo necessária a manifestação de nenhuma outra parte alienígena, e a sentença arbitral tiver efeitos circunscritos ao Estado em
questão, não há que se falar em arbitragem internacional, sendo esta considerada nacional ou doméstica.
A arbitragem doméstica é aquela realizada no território nacional e/ou quando a sentença arbitral é aqui proferida.635
A Lei n.º 9.307/96, legislação pátria que dispõe sobre a arbitragem, prescreve disposições somente sobre a arbitragem doméstica, referindo-se à
arbitragem internacional quando sistematiza o procedimento de homologação de sentença arbitral estrangeira. Vale ressaltar que reside aí uma certa
polêmica doutrinária, porquanto o preceptivo legal estabelece o procedimento para homologação do laudo arbitral estrangeiro como se fosse uma sentença
judicial, impondo-lhe os ônus e as burocracias da máquina estatal para poder executar o laudo internacional. Ao mesmo tempo, contudo, a lei reconhece
validade dos tratados internacionais sobre a matéria (art. 34), ignorando que o Artigo III da Convenção de Nova York afirma que “não serão impostas
condições substancialmente mais onerosas” para a homologação de laudos arbitrais estrangeiros. Ou seja, um verdadeiro contrassenso.
Alguns países, buscando lucros com a prestação de serviços arbitrais, inserem em suas legislações sobre o tema a possibilidade de solução de
controvérsias internacionais, como é o caso da Suíça, Inglaterra, França e Bélgica.
64. ESCOLHA DE LEI APLICÁVEL AO MÉRITO DA CONTROVÉRSIA
No direito brasileiro, o Decreto-lei n.º 4.657, de 04 de setembro de 1942, atualmente denominado Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
(LINDB), possui dispositivo de resolução de controvérsia quando se estiver diante de situação em que se questione qual legislação será aplicável para reger
determinada obrigação, especialmente quando se tratar de celeuma envolvendo legislações de Estados distintos.
O art. 9.º, da LINDB, dispõe que “para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem”. Logo adiante, no parágrafo
segundo, a norma citada especifica o que entende ser o local em que determinada obrigação se constitui, veja-se: “obrigação resultante do contrato reputa-
se constituída no lugar em que residir o proponente”.
Ante tal dispositivo legal, entende-se que o Brasil adotou o princípio da lex fori, que dispõe que as normas que regem determinada obrigação são as do
local em que a própria obrigação se constituiu, ou seja, regem a obrigação a lei do lugar em que tais obrigações foram compostas e estabelecidas pelas
partes.
No que se refere à arbitragem a Lei n.º 9.307/96 flexibiliza o critério previsto no art. 9.º, da LINDB, ao dispor no art. 2.º que “a arbitragem poderá ser
de direito ou de equidade, a critério das partes.”. Ao permitir a escolha da fundamentação da arbitragem, podendo ser tanto no direito positivo quanto na
equidade, concede às partes a faculdade de dispor sobre qual lei vigorará o acordo.
É cediço que a jurisdição exercida pelo Estado-Juiz deve se pautar em julgar os litígios seguindo as determinações do direito, ou em caso de omissão,
segundo o preceituado no art. 4.º, da LINDB, segundo a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. E ainda, em contratos entre particulares,
deve seguir o que determina o art. 9.º, da LINDB, senão vejamos:
Art. 4.º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
(...)
Art. 9.º Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem.

Dessa forma, verifica-se que o legislador estabeleceu o critério da lex fori. Ou seja, deve-se aplicar a legislação do local onde a obrigação está sendo
pactuada, ou, ainda, no lugar em que residir o proponente (art. 9.º, § 2.º, da LINDB).
Conquanto os aludidos preceitos legais estipulam normas tidas como cogentes, a Lei de Arbitragem vem mitigar tal obrigatoriedade, em que pese
alguns autores entenderem que não há que se falar em mitigação, continuando a prevalecer o estampado no art. 9.º, da LINDB.
A Lei n.º 9.307/96 outorga poderes às partes para que escolham a forma e regra da solução da contenda, contudo, verifica-se que tal permissão requer a
observância de dois pontos, óbices à escolha das normas regentes da arbitragem, quais sejam, a não violação aos bons costumes e a não violação à ordem
pública.
Noutro giro, podem as partes utilizar-se de leis nacionais, estrangeiras, equidade, princípios gerais de direito, usos e costumes e regras internacionais de
comércio, neste caso a Lex mercatoria.
A discussão sobre a autonomia da vontade das partes que optam por um juízo arbitral reside na suposta antinomia entre os artigos 2.º, da Lei n.º
9.307/96, e o art. 9.º da LINDB. O art. 2.º, da Lei de Arbitragem, assevera que a arbitragem poderá ser de direito ou de equidade, conforme liberalidade das
partes contratantes, já o art. 9.º, da LINDB, dispõe que para qualificar e reger as obrigações aplicar-se-á a lei do país em que estas se constituírem.
A aparente dicotomia existente entre os dois dispositivos citados pode ser resolvida interpretando-se as disposições do art. 2.º, da Lei n.º 9.307/96, à
arbitragem de âmbito internacional, haja vista a determinação contida no art. 9.º, da LINDB, que em síntese impede o afastamento das normas do direito
brasileiro em negócios jurídicos aqui constituídos. A autonomia da vontade das partes aplica-se, deste modo, a arbitragens internacionais, sendo as
arbitragens domésticas realizadas no Brasil regidas pela própria legislação brasileira.
Um dos pontos fortes da arbitragem consiste na liberdade concedida às partes do litígio, vejamos:
Ponto fundamental da arbitragem é a liberdade dos contratantes ao estabelecer o modo pelo qual seu litígio será resolvido. Tal liberdade diz respeito ao procedimento a ser adotado pelos
árbitros e ao direito material a ser aplicado na solução do litígio, de sorte que o dispositivo legal comentado, ao referir-se no parágrafo primeiro a ‘regras de direito’, está-se reportando às
regras de forma e de fundo.636

Ainda:
Segundo a Lei de Arbitragem, as partes têm liberdade de escolher o direito – material e processual – aplicável à solução da controvérsia, podendo optar pela decisão por equidade ou ainda
fazer decidir o litígio com base nos princípios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais do comércio.637

Por fim, prestigiou-se em grau máximo e de modo expresso o princípio da autonomia da vontade, de forma a evitar dúvidas na aplicação da Lei.638
A Lei de Arbitragem busca cumprir a natureza mesma de um acordo arbitral, que é permitir às partes a deliberação sobre o processo de decisão do
árbitro e em que este se fundamentará para decidir, respeitando os bons costumes e a ordem pública, mas permitindo com que tais premissas não tolham a
liberalidade dos contratantes, sob pena de deixar de ser um acordo arbitral.
Contudo, há autores que entendem não existir esta autonomia da vontade, nesse sentido João Grandino, explica que:
perante o caput taxativo do art. 9.º da Lei de Introdução vigente, não se pode afirmar a existência da autonomia da vontade para indicação da norma aplicável, no Direito Internacional
Privado brasileiro, razão pela qual fica às partes unicamente o exercício da liberdade contratual na esfera das disposições supletivas da lei aplicável, por determinação da lex loci
contractus.639

Atualmente não se pode afirmar a existência da autonomia da vontade para escolher a lei aplicável aos contratos internacionais no direito brasileiro,
ante o caput taxativo do art. 9.º, da LINDB, expresso ao determinar como elemento de conexão a lex loci contractus. 640
Entende que:
A princípio, a Lei não abre qualquer exceção a permitir que as partes escolham outro direito aplicável. A doutrina internacionalista debateu muito esse aspecto e, hoje, predominantemente,
considera que nosso ordenamento não consagrou o critério da autonomia da vontade das partes para escolha da norma de incidência às obrigações assumidas, razão pela qual o direito
aplicável aos contratos atende exclusivamente ao critério do local da sua celebração.641

No entanto:
No âmbito da arbitragem, porém, a Lei de Arbitragem trouxe uma regra sobre direito aplicável a princípio bastante diversa daquela constante do art. 9.º. Em exame. Isso porque o parágrafo
1.º, do art. 2.º, da Lei n.º 9.307/96 dispõe que: ‘poderão as partes escolher livremente, as regras de direito que serão aplicadas na arbitragem, desde que não haja violação aos bons costumes
e à ordem pública’. Como se vê, a princípio, desde que não haja violação à ordem pública e aos bons costumes, as partes estão livres para escolher o direito aplicável na arbitragem.642

João Bosco Lee converge no início, mas diverge ao final, afirma ser:
O reconhecimento da autonomia da vontade é certamente uma revolução no direito internacional privado brasileiro e era mesmo imperativo para que a Lei de Arbitragem fosse eficaz, mas
a sua extensão à arbitragem interna é excessiva e descabida. A possibilidade de designação de lei aplicável ao contrato pelas partes supõe que a arbitragem esteja revestida pelo caráter
internacional, como exigência prévia.643

E, ainda, no entendimento da existência da autonomia da vontade das partes:


O art. 2º da Lei de Arbitragem autoriza as partes a escolherem, livremente, as regras aplicáveis à solução do mérito do litígio. Essa autorização engloba não só a possibilidade de eleger a lei
de países estrangeiros, como também de escolher fontes que não sejam propriamente ordenamentos jurídicos, tais como princípios gerais de direito, usos e costumes, regras internacionais
do comércio e até mesmo julgamento por equidade. Essa escolha não poderá, contudo, resultar em infração aos bons costumes ou à ordem pública.644
Beat Walter Rechsteiner salienta que:
Para o tribunal arbitral inexiste qualquer lei do foro (lex fori), prescrevendo-lhe sua aplicação, pois a competência dos árbitros para decidir uma lide decorre diretamente da convenção de
arbitragem, sendo a localização da sede do tribunal, frequentemente casual.645

Assim, percebe-se que apesar de alguns autores ainda não admitirem a autonomia da vontade das partes como incursa no ordenamento jurídico
brasileiro pela Lei de Arbitragem, muitos já admitem e a praticam.
Entende-se a equidade mais como um valor de justiça do que um critério de julgamento. Entendida como o senso do justo, a equidade é uma forma de
se resolver determinada controvérsia. O art. 2.º, da Lei de Arbitragem, concede às partes dispor sobre o que fundamentará eventual termo arbitral, se as leis
de um país, ou de alguns, ou a equidade, o senso de justiça, a imparcialidade e a virtude do bem.
Cumpre destacar, neste ponto, a distinção entre o julgar com equidade e o julgar por equidade. O julgamento com equidade tem por base as normas
positivadas de determinado ordenamento jurídico, fundamentando-se na lei, latu senso, para que se decida eventual questão. De outra feita, o julgamento
por equidade é o que se fundamenta no senso de justiça do árbitro, podendo se fundamentar não somente nas leis, mas também nos costumes, analogias,
experiências e valores de determinada cultura.
A Lei de Arbitragem permite que o árbitro faça o julgamento do mérito por meio da equidade. Porém, resta imperioso diferenciar o julgamento por
equidade e o julgamento com equidade.
Couture leciona a respeito ensinando que:
Julgamento por equidade, e não julgamento com equidade é relevante, eis que o julgamento com equidade faz-se ‘interpretando a norma jurídica’, enquanto o julgamento por equidade
pode levar o julgador a afastar a regra, decidindo segundo seu próprio senso de justiça. Dito de outro modo, todos os julgamentos são realizados com equidade, em maior ou menor dose, e
esta é uma situação fisiológica. A expressão julgamento por equidade expressa a ideia de equidade substitutiva, ou seja, autorização para deixar de lado as normas de direito posto e julgar
segundo o que parecer justo no caso concreto.646

Na mesma senda, Selma e Inez:


Adota-se o termo julgamento por equidade quando esta estiver em sua função substitutiva e o julgador tiver a faculdade de não se ater a uma norma jurídica pré-existente, criando seu
próprio comando para resolver a disputa, com base em sua consciência de qual resultado seria mais justo.647

Eduardo Bittar lecionando acerca da equidade, afirma:


A necessidade de aplicação da equidade decorre do fato de que as leis dizem genericamente e para todos, sem diferenciar todas as nuanças que possam existir na esfera dos fenômenos, de
modo que surgem casos para os quais, se aplicada a lei em sua literalidade estar-se-á a causar uma injustiça por meio do próprio justo legal.648

Dessa forma, uma vez pactuado que a decisão se dará por equidade, resta claro que o árbitro se utilizará de todo o seu conhecimento e de sua
sensibilidade a fim de afastar as normas contrárias à justiça, sempre em busca da verdadeira justiça.
Os princípios gerais de direito funcionam como norte interpretativo do ordenamento jurídico, auxiliando também na elaboração das normas e incutindo
nas mesmas as cargas valorativas que determinada sociedade comunga em certo período de tempo. A Lei de Arbitragem, no art. 2.º, § 2.º, permite que as
partes escolham os princípios gerais de direito como fundamento para determinado contrato.
O princípio geral de direito consiste que todo ordenamento jurídico observa linhas gerais de orientação, premissas e tendências, de tal sorte que a
análise destes itens revelará princípios dominantes que constituem o substrato comum das diversas normas positivas.649
De par com isso, princípios gerais de direito são enunciações normativas de valor genérico, que condicionam e orientam a compreensão do
ordenamento jurídico, quer para a sua aplicação e integração, quer para a elaboração de novas normas.650 A opção pelos princípios gerais de direito ocorre,
em regra, em duas situações: a) quando as partes visam a decisão calcada mais em noções gerais de justiça do que em normas positivas; ou b) quando as
partes de jurisdições distintas desejam regular seu relacionamento por princípios de direito que sejam comuns a seus ordenamentos.651
Explica, ainda, que deve-se entender, no primeiro caso, a observância de alguns princípios inatos ao ordenamento jurídico pátrio tais como boa-fé,
prevenção de enriquecimento sem causa, proteção à parte hipossuficiente, devido processo legal, privacidade, direito autoral etc. Enquanto no segundo
caso, foca-se mais nas regras gerais de comércio internacional tais como UNIDROIT, publicados em 1994, como a Lei Modelo da UNCITRAL, da
International Centre of Dispute Resolution – ICDR.
As partes podem estipular que não será aplicado norma jurídica de determinado país. Para tanto, será aplicado regras do comércio internacional, como
organismos e/ou entidades renomadas internacionalmente.
Assim, as partes que, por exemplo, não possuem em seus respectivos ordenamentos jurídicos pátrios norma que regule de forma segura, clara e
satisfatória o objeto do pacto, podem entender por bem definir as regras da lex mercatoria para solucionar eventual lide acerca do objeto da obrigação.
Considerando a globalização, seguida por ordenamentos jurídicos silentes ou lacunosos em legislações incapazes de resolver controvérsias comerciais
de âmbito internacional, muitos empresários desenvolveram uma praxe que ao longo do tempo vem crescendo,652 dando azo, por alguns doutrinadores
dentre eles Irineu Strenger, ao desenvolvimento da noção de “lex mercatoria”, como sendo o “conjunto de regras emanadas de entidades particulares,
organismos internacionais ou de origem convencional, de natureza ‘quase-legal’, que atua desvinculada das jurisdições específicas ou de sistemas legais de
qualquer país.”653
Carmona, por sua vez, esclarece:
que a moderna lex mercatoria desenvolve-se a partir de três circunstâncias bem distintas: a afirmação crescente de práticas contratuais uniformes no comércio internacional, a consolidação
de regras autônomas relativamente às legislações nacionais (o que ocorreu especialmente nas relações entre empresas e Estado, pois este raramente aceita submeter-se à lei daquelas – e
vice versa – de tal sorte que os contratos acabam submetidos a princípios gerais de direito) e a crescente conscientização dos operadores do comércio internacional da inadequação das leis
nacionais para responder aos problemas decorrentes de contratos transnacionais. Como resultado, integram a lex mercatoria as práticas contratuais, os usos do comércio e os princípios
gerais do direito, aos quais podem ser acrescentadas as normas de direito material uniforme, os princípios de direito comuns aos ordenamentos das partes as codificações privadas de
princípios gerais em matéria de contratos (como os Princípios dos Contratos Comerciais Internacionais da Unidroit, ou como os Princípios da Lei Contratual Europeia da Comissão sobre a
Lei Contratual Europeia, entre outros.).654

Por fim:
A lex mercatoria não consiste em uma legislação, mas sim em uma combinação de usos e costumes, regras internacionais de comércio e princípios universais de direito empresarial,
utilizada como ‘língua franca’ entre empresários de diversas jurisdições em operações internacionais. Trata-se de uma resposta espontânea à ausência de um sistema jurídico internacional
mais abrangente para regular negócios envolvendo mais de um ordenamento jurídico.655

Portanto, uma vez autorizado o uso dos princípios gerais de direito, usos e costumes e regras internacionais de comércio, não há óbice ao uso da lex
mercatoria na solução de controvérsia arbitral. A lex mercatoria consiste em fonte do direito arbitral internacional, pois é oriunda de reiteradas práticas que
escapam a um legislador específico (Estado-Nação), configurando-se como costumes fortemente aceitos pelas partes no comércio internacional.
65. HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ARBITRAL ESTRANGEIRA
A Cooperação Jurídica Internacional emerge da necessidade de que um Estado, no exercício de sua função jurisdicional, pratique determinados atos
processuais em outro Estado, como a coleta de provas, a oitiva de testemunhas, a execução de uma sentença, o auxílio direto e etc. Como o ente estatal não
pode tomar tais providências fora do respectivo território sem interferir indevidamente em assuntos internos de outro Estado será preciso pedir o apoio das
autoridades estrangeiras para a prática desses atos.
É que uma das premissas do Direito Internacional é a de que os Estados são soberanos, e em decorrência disso, o ente estatal, por meio de seus
respectivos órgãos competentes, tem independência política para tratar de seus temas em caráter exclusivo, não admitindo, em regra, a intervenção ou
qualquer ação de outros Estados dentro do espaço sob sua jurisdição.
Isto decorre do princípio da territorialidade ou da territorialidade de jurisdição, que é inerente ao princípio da soberania, insculpido nos arts. 1.º, I e 4.º,
I e IV, da Constituição Federal de 1988.
Assim sendo, por força da independência de cada Estado, se faz necessária a instrumentalização de acordo de cooperação mútua, que se fará entre os
Estados signatários, que serão na forma de tratados, permitindo a realização das ações de interesse dos Estados as regulando. Entretanto, além dos tratados
formalizados, a cooperação jurídica internacional também é fundamentada na garantia da aplicação do princípio da reciprocidade, que pode ser exigida
dentro do marco de um tratado ou na hipótese de a cooperação ocorrer quando ainda não houver qualquer tratado entre as partes.
Por sua vez, realizado o tratado ou satisfeito o critério da reciprocidade, de modo sucinto, os principais instrumentos de cooperação jurídica
internacional são as cartas rogatórias, a homologação de sentenças estrangeiras, a extradição, o auxílio direto e a cooperação estabelecida por meio de
tratados sobre temas específicos, como a adoção internacional e o sequestro internacional de crianças.
O CPC/15 inovou ao trazer capítulo dedicado à Cooperação Internacional, dispondo inclusive no art. 27, os objetos desta, dentre os quais destaca-se a
homologação e cumprimento de decisão, posto de modo bem genérico, visto englobar sua espécie laudo arbitral – sentença arbitral.
A homologação de sentença estrangeira é gênero da homologação de sentença arbitral estrangeira, diferenciando-se quanto à natureza, a definitividade
da decisão e do órgão que a emana, vez que a arbitragem como forma alternativa de solução de conflitos é instaurada por livre iniciativa e manifestação de
vontade de ambas as partes, recaindo sua matéria apenas sobre direitos disponíveis, elegendo-se árbitro, que poderá ser profissional de área não jurídica e
sem estar investido em cargo público qualquer, para a solução de determinada matéria futura ou de litígio já existente, sendo por todas estas razões,
diferente do ato jurisdicional emanado de órgão judicial e público que possui efeito de coisa julgada.
Destaca-se que a Lei n.º 9.307/96, que rege a arbitragem no Brasil, adotou o critério geográfico para determinar o caráter estrangeiro da sentença. Nesse
sentido dispõe o parágrafo único, do art. 34, que “considera-se sentença arbitral estrangeira a que tenha sido proferida fora do território nacional”.
Neste caso, sendo a sentença arbitral exarada no território brasileiro será nacional. Este foi o entendimento do STJ quando do julgamento do caso Nu
ovo Penhores SpA v. Petromec Inc.656
Compreendendo a homologação de sentença estrangeria em seu sentido mais amplo, as sentenças arbitrais proferidas em outros Estados, um dos
instrumentos da cooperação jurídica internacional, tem como sua definição:
A homologação de sentença estrangeira é o ato que permite que uma decisão judicial proferida em um Estado possa ser executada no território de outro entre estatal. É, portanto, o instituto
que viabiliza a eficácia jurídica de um provimento jurisdicional estrangeiro em outro Estado. É também conhecido como “reconhecimento”, “ratificação” ou “execução” de sentença
estrangeira.657

Exsurge a problemática quanto à definição e extensão do que seja “sentença” para a homologação no âmbito nacional, se aí, estaria de fato
compreendida o laudo arbitral como sentença, e por sua vez, adstrita a homologação pela corte nacional brasileira, vez que, como livre manifestação de
vontade entre as partes, se trata de simples contrato e não de provimento jurisdicional emanado de órgão público:
Decisão arbitral é sentença de conteúdo prático idêntico à decisão judicial e que produz os mesmos efeitos que esta; logo, é sentença estrangeira, cujas espécies são decisões judiciais
arbitrais e administrativas (restringida esta última àquela categoria admitida como homologável pelo STF agora, pelo STJ).658

Se assim o é, submete-se ao mesmo regime das demais sentenças estrangeiras, ou seja, ao art. 105, I, “i”, da Constituição Federal de 1988, segundo o
qual compete ao Superior Tribunal de Justiça a homologação de sentenças estrangeiras.
É que há muito se discutia acerca da necessidade em se homologar os laudos arbitrais, que nada mais são que sentenças arbitrais, havendo parte da
doutrina nacional se posicionado e defendendo que a eficácia dos laudos estrangeiros no Brasil não estaria sujeita à homologação do judiciário nacional, a
despeito de estar contido no art. 35, da Lei de Arbitragem a obrigatoriedade da homologação dos laudos arbitrais.
A diferenciação que queria se impor implica no revolvimento hermenêutico da expressão homologação de sentença estrangeira e de todo o conteúdo
das normas que disponham sobre o referido instituto, por isso, que, inicialmente, cabe analisar a Convenção sobre o Reconhecimento e a execução de
Sentenças Arbitrais Estrangeiras de Nova York, feita em 10 de Junho de 1958, ratificada pelo Brasil mediante o Decreto Presidencial n.º 4.311/02.
Existe uma corrente que acredita que após a ratificação da aludida Convenção de Nova York, o disposto no artigo III teria revogado o art. 35, da Lei de
Arbitragem, que contém o juízo de delibação, por conter em sua redação que: “Para fins de reconhecimento ou de execução das sentenças arbitrais às quais
a presente Convenção se aplica, não serão impostas condições substancialmente mais onerosas ou taxas ou cobranças mais altas do que as impostas para o
reconhecimento ou a execução de sentenças arbitrais domésticas”. É que se as condições impostas não podem ser mais onerosas que a execução de
sentenças arbitrais domésticas, então não poderia haver um procedimento predecessor homologatório, para que o provimento emanado de Estado
estrangeiro signatário da Convenção de Nova York tivesse efeitos jurídicos automáticos no estado brasileiro, podendo ser proposta sua execução de
imediato. Uma análise sistemática do artigo III demonstra que este pensamento é equivocado.
É o mesmo artigo que prevê que cada Estado regule o reconhecimento e a homologação das sentenças estrangeiras de acordo com suas próprias regras,
além de que, quanto à definição do que seja “sentença”, esta competência deságua nas normas de direito processual, portanto, a Lei n.º 9.307/96, no art. 35,
equiparou a homologação de sentença arbitral às demais sentenças jurisdicionais estrangeiras, caindo por terra, todo e qualquer argumento contrário a este
entendimento já superado, devendo ao fim, o STJ, conforme a competência que lhe impõe o art. 105, I, “i”, da Constituição Federal de 1988, homologar em
pé de igualdade os laudos arbitrais, no mesmo procedimento destinado às sentenças jurisdicionais emanadas de órgãos públicos do judiciário estrangeiro.
Não só por força do art. 35, da Lei n.º 9.307/96, é que a sentença arbitral estrangeira deverá ser igualmente homologada, mas, por força do art. 216-B
do Regimento Interno do STJ, que determina: “A decisão estrangeira não terá eficácia sem a prévia homologação do Superior Tribunal de Justiça” . E, pela
expressa no § 3.º, do art. 960 e § 1.º, do art. 961, do CPC/15.
Dúvidas não há quanto à equiparação de sentença arbitral às sentenças jurisdicionais, seja pela interpretação sistemática da Convenção de Nova York
de 1958, em conjunto com o disposto na Constituição da República de 1988, seja pela atual legislação processual que pôs uma pá de cal sobre o assunto.
65.1. NOÇÕES GERAIS
Em detrimento da soberania dos Estados estrangeiros, assim como do Brasil, a convivência internacional, junto à globalização e à expansão
mercantilista, trouxe ao mundo necessidade de se regular as relações de comércio, primeiramente, internacionais, dando mais consistência e segurança
jurídica aos contraentes, impondo necessariamente o reconhecimento de sentenças estrangeiras. O fato é que a posição de diversos países acerca da eficácia
das decisões estrangeiras não é uniforme, comenta:
Há países que simplesmente negam efeito a tais julgados (Holanda, Noruega e Dinamarca, v.g.); outros países condicionam a validade da sentença estrangeira a revisão absoluta, inclusive
no que tange ao mérito (França e Bélgica, v.g.); finalmente, há países que adotam o sistema de controle limitado, o qual incide somente sobre determinados aspectos do julgamento (Itália e
Brasil, v.g.).659

O Brasil, como dito, e como descrito na norma nacional, apenas homologa a sentença judicial ou arbitral estrangeira, realizando análise perfunctória do
direito nela imbuído, sem adentrar ao mérito, sob um aspecto estritamente objetivo, sem buscar cassar decisão proferida por autoridade estrangeira, mas, se
constatado na ação de homologação de sentença estrangeira estarem os requisitos não atendidos, poderá ser considerada nula a decisão alienígena,
propondo ao final, a correção da invalidade verificada, revisão esta, que somente poderá ser realizada pela autoridade prolatora ou por quem a legislação
aplicável do país estrangeiro determine, nunca podendo ser tribunal brasileiro. Em resumo, o Superior Tribunal de Justiça, a quem é conferida a
competência originária, nunca poderá cassar e revisar decisão estrangeira, apenas, torná-la nula de eficácia no direito interno.
Este juízo é chamado de delibação, quando não se entra no mérito da decisão a ser homologada, examinando-se apenas certos pressupostos formais.
A Jurisprudência nacional não é dissonante quanto ao juízo de delibação, vide:
AÇÃO DE COBRANÇA E DE INDENIZAÇÃO. CONTRATO DE EXPORTAÇÃO DE SOJA. HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ARBITRAL ESTRANGEIRA EM QUE
APRECIADA CAUSA DE PEDIR E PEDIDO QUE ABRANGEM O DA PRESENTE AÇÃO DE COBRANÇA. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM O JULGAMENTO DO MÉRITO.
NECESSIDADE. 1. Ação de cobrança cumulada com pedido de indenização ajuizada por sociedade brasileira exportadora em face de sociedade italiana em razão de problemas na
execução de contrato de exportação de soja. 2. Homologação, pela Corte Especial do STJ, antes da prolação do acórdão recorrido, de sentença arbitral estrangeira relativa às mesmas partes
com a mesma causa de pedir e o mesmo pedido, englobando a pretensão veiculada na presente ação de cobrança. 3. Não conhecimento de parte do recurso especial com base na Súmula
284 do STF. 4. Ausência de violação ao art. 535 do CPC. 5. Impossibilidade de apreciação, na presente demanda, de aspectos relativos à regularidade do procedimento arbitral, os quais
deveriam ter sido suscitados no momento da homologação da sentença arbitral. 6. Inexistência de contrariedade ao art. 515 do CPC, porque, com a extinção, no acórdão recorrido, do
processo sem o julgamento do mérito em razão da convenção de arbitragem, não mais pode subsistir, como decorrência lógica, qualquer capítulo da sentença, ainda que não impugnado. 7.
Uma vez homologada, a sentença arbitral estrangeira adquire plena eficácia no território nacional. 8. A obrigatoriedade da sentença arbitral estrangeira homologada por esta Corte
determina a impossibilidade de ser ela revista ou modificada pelo Poder Judiciário, aplicando-se o disposto no art. 3º da Convenção de Nova York. 9. A continuidade de processo judicial,
em que veiculados causa de pedir e pedido apreciados na sentença arbitral estrangeira homologada, colocaria em risco a obrigatoriedade desta. 10. Recurso Especial conhecido em parte e,
nesta, desprovido.660

Quanto à extensão dos efeitos de uma decisão estrangeira pode-se afirmar que:
A sentença homologada poderá estender seus efeitos ao território do outro Estado, exceto aqueles não admitidos pelo ordenamento estatal. Uma sentença estrangeira apenas pode ter os
efeitos jurídicos dentro do território nacional que lhe concede o país de origem. Mas esses efeitos jurídicos jamais podem ir além daqueles que um país admite para as sentenças proferidas
pelos juízes com base na lex fori. Dessa forma, a sentença estrangeira, após o seu reconhecimento, estará, no máximo, apta a produzir os mesmos efeitos jurídicos de uma sentença
nacional.661

Quanto à competência, dispunha a Constituição da República na revogada alínea “h”, inciso I, do art. 102, a competência originária do Supremo
Tribunal Federal para conhecer das ações de homologação de sentença estrangeira, contudo, após a promulgação da Emenda Constitucional n.º 45/2004,
houve transferência desta competência ao tribunal cidadão, inserindo em seu rol do art. 105, I, “i”, da Constituição Federal de 1988. A despeito desta
modificação constitucional, ainda se lê no art. 35, da Lei de Arbitragem, o STF como competente ao conhecimento de determinada matéria, contudo, deve
ser lido STJ, ante a modificação constitucional e o não acompanhamento da legislação infra.
A Presidência do Superior Tribunal de Justiça então expediu a Resolução n.º 22/2004, que permitia a aplicação naquele Tribunal, do Regimento do STF
no julgamento das homologações. Este diploma foi revogado pela Resolução n.º 09/2005 do STJ, que dispôs, em caráter transitório, sobre esta nova
competência, sem prever aplicação, entretanto, do Regimento Interno do STF. Apenas em 2014, a Emenda Regimental n.º 18 de 17 de dezembro de 2014
revogou a Resolução n.º 09/2005 e acrescentou os artigos 216-A a 216-X ao Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça.
A homologação será precedida na forma ditada pela legislação processual para a homologação de sentenças estrangeiras, vide arts. 216-A e ss., do
Regimento Interno do STJ, bem como os arts. 960 e ss., do CPC/15, tratando-se, normalmente, de procedimento simples e sem maiores complicações, em
adendo, por tratar-se de arbitragem, deverá respeito ainda aos arts. 34 e ss., da Lei n.º 9.307/96.
65.2. DO TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA ARBITRAL ESTRANGEIRA
A propositura da ação homologatória de sentença arbitral será por meio de petição dirigida ao STJ, por ser este o competente originário, respeitando as
condições da petição inicial, insculpidas no art. 319 de ss., do CPC/15 – é como deve ser lida a exigência do art. 37, da Lei de Arbitragem, por não ter esta
acompanhado as alterações constitucionais e processuais.
Indo além, dispõe o art. 37, da referida lei, que:
Art. 37. A homologação de sentença arbitral estrangeira será requerida pela parte interessada, devendo a petição inicial conter as indicações da lei processual, conforme o art. 282 do
Código de Processo Civil, e ser instruída, necessariamente, com:
I - o original da sentença arbitral ou uma cópia devidamente certificada, autenticada pelo consulado brasileiro e acompanhada de tradução oficial;
II - o original da convenção de arbitragem ou cópia devidamente certificada, acompanhada de tradução oficial.

A Lei de Arbitragem traz o que seriam as condições da ação, fazendo referência ao respeito das regras processuais e seu formalismo, devendo estar
adstrita aos termos da petição inicial, a qual, confirma-se, deverá ser assinada por advogado devidamente habilitado. Ademais, o contexto histórico da
arbitragem no Brasil, faz com que, a revolucionária Lei n.º 9.307/96, que trouxe consigo a pacificação de velhas celeumas, se deu em virtude de seu imenso
respeito à Convenção de Nova York de 1958, que fora promulgada pelo Decreto presidencial n.º 4.311/02, bastando observar seu artigo IV, para verificar a
similitude com a redação do retro citado art. 37, senão veja:
Artigo IV
1. A fim de obter o reconhecimento e a execução mencionados no artigo precedente, a parte que solicitar o reconhecimento e a execução fornecerá, quando da solicitação:
a) a sentença original devidamente autenticada ou uma cópia da mesma devidamente certificada;
b) o acordo original a que se refere o Artigo II ou uma cópia do mesmo devidamente autenticada.
2. Caso tal sentença ou tal acordo não for feito em um idioma oficial do país no qual a sentença é invocada, a parte que solicitar o reconhecimento e a execução da sentença produzirá uma
tradução desses documentos para tal idioma. A tradução será certificada por um tradutor oficial ou juramentado ou por um agente diplomático ou consular.

Assim sendo, como condição sine qua non da ação, deverá vir ela acompanhada da sentença arbitral original devidamente autenticada ou uma cópia
certificando sua originalidade e veracidade, acompanhada ainda do acordo ou contrato que contenha a convenção de arbitragem, podendo ser a cláusula
compromissória ou compromisso arbitral.
Verificada as formalidades na propositura da ação, atendidas às condições da ação, passa-se a verificação do mérito, onde sua matéria encontra-se
objetivamente e taxativamente prevista na legislação pátria, até pelo fato de no Brasil apenas se fazer uso do juízo de delibação, sem alcançar o meritum
causae que levou determinada solução do litígio submetido à arbitragem, ante isto, eis o que dispõe a LINDB, no art. 15:
Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes requisitos:
a) haver sido proferida por juiz competente;
b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi proferida;
d) estar traduzida por intérprete autorizado;
e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal. (leia-se Resolução n.º 09/2005 do STJ foi revogada pela Emenda Regimental n.º 18, de 17 de dezembro de 2014).

Na mesma toada dispõe o Regimento Interno do STJ no art. 216-D, que dispõe:
Art. 216-D. A decisão estrangeira deverá:
I – Ter sido proferida por autoridade competente;
II – conter elementos que comprovem terem sido as partes regularmente citadas ou ter sido legalmente verificada a revelia;
III – ter transitado em julgado.
As legislações se repetem, relatando o mérito da ação de homologação de sentença estrangeira, incluindo a arbitral, vide a expressa previsão do § 1.º, no
art. 4.º, que assim dispõe: “§ 1.º Serão homologados os provimentos não-judiciais que, pela lei brasileira, teriam natureza de sentença.”, e pelo fato do art.
35, da Lei de Arbitragem, já ter realizado esta equiparação.
O CPC/15 trouxe consigo a ampliação do capítulo destinado à homologação de sentença estrangeira, ultrapassando a tímida regra contida nos
revogados arts. 483 e 484, do CPC/73, surgindo inovações salutares ao desenvolvimento do instituto, inseridas nos arts. 960 e ss, do CPC/15.
Quanto aos requisitos para apreciação do mérito da ação de homologação, dispõe o art. 963, do CPC/15, que:
Art. 963. Constituem requisitos indispensáveis à homologação da decisão:
I - ser proferida por autoridade competente;
II - ser precedida de citação regular, ainda que verificada a revelia;
III - ser eficaz no país em que foi proferida;
IV - não ofender a coisa julgada brasileira;
V - estar acompanhada de tradução oficial, salvo disposição que a dispense prevista em tratado;
VI - não conter manifesta ofensa à ordem pública.
Parágrafo único. Para a concessão do exequatur às cartas rogatórias, observar-se-ão os pressupostos previstos no caput deste artigo e no art. 962, § 2.º.

Mais uma vez, vê-se a similitude entre as leis, contudo, o CPC/15 veio a corrigir e a revogar parcialmente as disposições contidas no inciso III do art.
3.º, do Regimento Interno do STJ, e da letra “c”, do art. 15, da LINDB, que dispõem sobre a necessidade de estar passada em julgado ou ter transitado em
julgado o decisum estrangeiro, como se não houvesse a possibilidade de cumprir-se, internamente, tutelas de urgência, cognoscíveis sob jurisdição sumária.
Neste sentido:
Os requisitos são similares àqueles previstos no art. 15, da LINDB. A diferença todavia, consiste na inexigência de formação de coisa julgada material para posterior homologação (art. 15,
“c”, da LINDB). Exige-se, tão somente, a sua eficácia no Estado estrangeiro (o que não coincide, necessariamente, com o trânsito em julgado) e a não ofensa à coisa julgada formada pela
jurisdição nacional. Ademais, o inciso VI, determina a averiguação da conformidade da decisão com a ordem pública nacional, previsão já contida no art. 17 da LINDB.662

Assim sendo, há entendimento do douto processualista de que o CPC/15 revogou parcialmente a LINDB, ao dispensar a coisa julgada para o
processamento da ação homologatória, além de prever, expressamente, no lugar destinado aos requisitos, de forma ordenada, o respeito à ordem pública.
Ademais, terá de ser revista a Súmula n.º 420, do STF, que prevê: “Não se homologa sentença proferida no estrangeiro sem prova do trânsito em
julgado”, até por ser antiga a referida Súmula, tendo seus precedentes remontarem a década de 1960 e sua sessão plenária de aprovação ter ocorrido em
01/06/1964, não sendo mais aplicável.
Ora, a revogação é de um todo salutar, até mesmo por conta do entendimento do STJ, que antes da promulgação do CPC/15, já mitigava a aplicação da
coisa julgada nas homologações, senão veja:
SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA Nº 651 - EX (2009/0107926-8) RELATOR: MINISTRO FERNANDO GONÇALVES REQUERENTE: MINISTÉRIO DA JUSTIÇA DA
REPÚBLICA FRANCESA. REQUERIDO: A. M. V. DE B. ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO - CURADOR ESPECIAL - SENTENÇA ESTRANGEIRA. ACORDO
DE COOPERAÇAO EM MATÉRIA CIVIL ENTRE O GOVERNO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E O GOVERNO DA REPÚBLICA FRANCESA. DECRETO Nº
3.598/2000. GUARDA PROVISÓRIA DE MENOR. MÉRITO DA SENTENÇA. ANÁLISE NO STJ. IMPOSSIBILIDADE. DISPENSA DE LEGALIZAÇAO. 1. O mérito da sentença
estrangeira não pode ser apreciado pelo Superior Tribunal de Justiça, pois o ato homologatório restringe-se à análise dos seus requisitos formais. Precedentes. 2. Consoante artigo 18, c, do
Decreto n.º 3.598/2000, em matéria relativa à guarda de menor, não é necessário que a sentença tenha transitado em julgado para ser reconhecida no território brasileiro, mas deve ter força
executória. 3. O pedido de homologação merece deferimento, uma vez que, a par da ausência de ofensa à ordem pública, reúne os requisitos essenciais e necessários a este desideratum,
previstos na Resolução n.º 9/2005 do Superior Tribunal de Justiça e no Decreto n.º 3.598/2000. 4. Pedido de homologação deferido.
SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA Nº 7.746 - EX (2013/0072368-0) RELATOR: MINISTRO HUMBERTO MARTINS. REQUERENTE: V. M. B. ADVOGADO:
GIOVANNA FURTADO CHIABAI. REQUERIDO: J. A. L. ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO - CURADOR ESPECIAL- PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA
ESTRANGEIRA CONTESTADA. DIVÓRCIO CONSENSUAL. TRÂNSITO EM JULGADO. INFERIDO PELA NATUREZA DO PROCEDIMENTO. PRECEDENTES. REQUISITOS
DE HOMOLOGAÇAO PRESENTES. 1. Cuida-se de requerimento contestado em prol da homologação de sentença estrangeira de divórcio; é trazido um óbice à homologação,
consubstanciado na alegação de inexistência de comprovação do trânsito em julgado. 2. No caso concreto, tem-se que a ação de divórcio foi ajuizada pelo requerido, assim como a sentença
demonstra que o provimento judicial teve caráter consensual. 3. A jurisprudência do STJ é clara no sentido que, quando se trata de sentença homologanda de divórcio consensual, é
possível inferir a característica de trânsito em julgado. Precedente: SEC 352/US, Rel. Ministro Nilson Naves, Corte Especial, DJ 19.3.2007, p. 268. No mesmo sentido: SEC 6.512/EX, Rel.
Ministro Sidnei Beneti, Corte Especial, DJe 25.3.2013; SEC 3535/IT, rel. Ministra Laurita Vaz, Corte Especial, DJe 16.2.2011; e AgRg na SE 3731/FR, Rel. Ministro Cesar Asfor Rocha,
Corte Especial, DJe 1º.3.2010. Pedido de homologação deferido.

Inova o CPC/15 ao prever, em seus arts. 960 usque 965, procedimentos para o cumprimento e execução de decisões estrangeiras, antes relegados a
normas regimentais dos tribunais superiores competentes, a tratados ou leis específicas.
65.3. DO PROCEDIMENTO DE HOMOLOGAÇÃO
Quanto à homologação de sentença arbitral estrangeira, aplica-se apenas subsidiariamente o CPC/15 a ela, devendo aplicar-se o disposto em tratado e
em lei especial, diga-se Lei de Arbitragem, Regimento Interno do STJ, notadamente a Convenção de Nova York de 1958, ratificada nacionalmente será a
aplicável ao caso.
A Lei de Arbitragem, no art. 34, estabelece uma hierarquia a ser seguida, in verbis:
Art. 34 A sentença arbitral estrangeira será reconhecida ou executada no Brasil de conformidade com os tratados internacionais com eficácia no ordenamento interno e, na sua ausência,
estritamente de acordo com os termos desta Lei.

Assim sendo, no que couber, aplicar-se-á as regras do CPC/15, conforme prevê o § 3.º, do art. 960, segundo o qual a homologação de sentença
estrangeira “obedecerá ao disposto em tratado e em lei, aplicando-se subsidiariamente, as disposições deste capítulo”. Como são similares as regras
predecessoras, antinomias não haverá, mas, atingido estará o objetivo da nova norma processual em complementar a esparsa legislação acerca das
homologações de sentença estrangeira.
Quanto à mencionada hierarquia entre as normas, deve ser aplicada a Convenção de Nova York de 1958 e, subsidiariamente, a Lei de Arbitragem e o
Regimento Interno do STJ. Aquela estabelecendo as condições formais para a homologação da sentença estrangeira e os motivos de denegação da
homologação do laudo arbitral estrangeiro. Cabendo à Lei de Arbitragem e ao Regimento Interno do STJ, por sua vez, estabelecerem os aspectos
procedimentais.
Nos termos do que dispõe o art. 216-A c/c o art. 216-K do Regimento Interno do STJ, a competência para homologação da sentença estrangeira será,
inicialmente, do Presidente do STJ, todavia, havendo contestação do pedido, o processo será distribuído para julgamento perante a Corte Especial, cabendo
ao relator dar andamento à instrução do processo.
Destaca-se, nos termos do parágrafo único, do art. 216-K, do Regimento Interno do STJ, a possibilidade de o relator decidir monocraticamente quando
já houver jurisprudência consolidada da Corte Especial sobre o tema. O pedido de homologação de sentença arbitral deverá conter, além das formalidades
previstas no CPC/15 para as demais petições iniciais, os documentos previstos no art. 37, da Lei n.º 9.307/96, a saber:
I - o original da sentença arbitral ou uma cópia devidamente certificada, autenticada pelo consulado brasileiro e acompanhada de tradução oficial;
II - o original da convenção de arbitragem ou cópia devidamente certificada, acompanhada de tradução oficial.

O art. 38, da Lei de Arbitragem, relaciona os motivos pelos quais a homologação da sentença arbitral estrangeira será denegada, a saber: a incapacidade
das partes; a invalidade da sentença arbitral segundo as leis que as partes a submeteram; falta de designação de árbitro ou violação do contraditório ou
ampla defesa; sentença arbitral proferida fora dos limites da convenção de arbitragem; a instituição em desacordo com o compromisso arbitral ou cláusula
compromissória; e ausência de obrigatoriedade da sentença arbitral em relação às partes, ou obrigatoriedade suspensa por órgão judicial do país onde a
sentença arbitral foi prolatada.
Destaca, ainda, o art. 39, da Lei de Arbitragem, outros motivos pelos quais a homologação da sentença será denegada, a saber: se o Superior Tribunal
de Justiça constatar que: I - segundo a lei brasileira, o objeto do litígio não é suscetível de ser resolvido por arbitragem; II - a decisão ofende a ordem
pública nacional.
Por fim, cabe asseverar que ao tribunal não cabe, em regra, analisar o mérito da sentença arbitral estrangeira, não tendo poder de substituir ou anular a
decisão emanada pelo tribunal arbitral. Deve limitar-se a analisar se preenche os requisitos positivos e negativos para sua homologação. Por esses motivos,
eventual indeferimento da homologação da sentença arbitral estrangeira por vício formal, por não resolver o mérito, não impede que novo pedido seja
formulado, desde que sanados os vícios do pedido anterior.
66. ARBITRAGEM INTERNACIONAL NORMATIVA, OBJETO E COMPETÊNCIA
A arbitragem internacional é um mecanismo de solução de conflitos com dimensão cujos horizontes são largos não se restringindo apenas no âmbito de
uma nação, fato que no mecanismo da arbitragem tanto pessoas físicas ou pessoas jurídicas podem utilizar deste mecanismo.663
A arbitragem internacional é uma das alternativas para a solução pacífica dos conflitos internacionais, consistindo em um meio para que os países
possam solucionar os mais variados desacordos existentes, como a interpretação de normas ou mero desconhecimento de leis de outro Estado.664
A solução arbitral se desenvolveu para suprir a falta de um tribunal e de uma regra única para dirimir os conflitos internacionais. Nesse passo, podem as
partes eleger um árbitro, com conhecimentos técnicos, a fim de alcançar uma solução célere, segura e sigilosa. Depois de prolatada a decisão, o tribunal é
desfeito e as partes se submetem à sentença exarada.665
A sentença arbitral resultante do julgamento internacional, conforme dispõe a Lei n.º 9.307/96, no art. 34, somente terá eficácia em território brasileiro
após a devida homologação e, além disso, estabelece a supremacia dos tratados internacionais sobre a legislação interna na matéria.666
A vigência do CPC/15 trouxe mais alguns artigos a respeito da homologação de sentença arbitral estrangeira, tais artigos confirmam a prevalência dos
tratados e lei especial no que diz respeito à arbitragem.
Cabe salientar que toda e qualquer espécie de decisão está sujeita à homologação, seja interlocutória ou sentença, seja declaratória, constitutiva ou
condenatória. Somente após a validação a sentença produzirá plenos efeitos no território brasileiro.
No tocante à arbitragem internacional e o estabelecimento de suas regras, normalmente ocorre perante um tribunal arbitral já constituído, tais como a
Câmara de Comércio Internacional de Paris – CCI, a American Arbitration Association – AAA ou International Chamber of Commerce – ICC. Tal
tendência se dá diante da segurança processual oferecida por um tribunal arbitral em relação à aplicação das normas processuais de determinado país,
diante do desconhecimento de suas leis locais.
Ressalta-se que a sentença arbitral proferida em território nacional não necessita de homologação, mesmo se administrada a arbitragem por instituição
estrangeira e apreciando arbitragem internacional.667 Tal regra prevalece em razão do critério geográfico adotado pela Lei de Arbitragem.
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p. 34 apud SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antonio. Manual de arbitragem. 5.a ed., rev., atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014.
NOTAS DE RODAPÉ

1 DIDIER JÚNIOR, Fredie. Curso de direito processual civil: Introdução ao Direito Processual Civil, Parte Geral e Processo de Conhecimento. 17.a ed., Salvador: Ed. JusPodivm, 2015. p. 169.
CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: resolução CNJ 125/2010 (e respectiva emenda de 31 de janeiro de 2013): mediação e conciliação. 3.a ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 85.
2 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo curso de processo civil: teoria do processo civil, volume I. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015. v. 1., p. 174.
3 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: resolução CNJ 125/2010 (e respectiva emenda de 31 de janeiro de 2013): mediação e conciliação. 3.a ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p.
85.
4 SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. 23ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 129.
5 ALVIM, Carreira, Apud Cavalcanti, Fabiano Robalinho. Curso de Arbitragem. 1.ª ed., Rio de Janeiro: FGV, 2014. p. 35.
6 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5.ª ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014, p.17.
7 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 31.
a

8 LEMES, Selma Ferreira; BALBINO, Inez (coord.). Arbitragem. Temas Contemporâneos. São Paulo: Quartier Latin, 2012, p. 75.
9 RECHSTEINER, Beat Walter. Arbitragem privada internacional no Brasil depois da nova Lei 9.307, 23.09.1996 : teoria e prática. – 2. a
ed., rev. atual e ampl., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2001, p. 19.
10 LEMES, Selma Ferreira; BALBINO, Inez (coord.). Arbitragem. Temas Contemporâneos. São Paulo: Quartier Latin, 2012, p. 100.
11 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9307.htm, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
12 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1996/D1902.htm, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
13 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4311.htm, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
14 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4311.htm, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
15 LEMES, Selma Ferreira; BALBINO, Inez (coord.). Arbitragem. Temas Contemporâneos. São Paulo: Quartier Latin, 2012, p. 75.
16 LEMES, Selma Ferreira; BALBINO, Inez (coord.). Arbitragem. Temas Contemporâneos. São Paulo: Quartier Latin, 2012, p. 77.
17 RECHSTEINER, Beat Walter. Arbitragem privada internacional no Brasil depois da nova Lei 9.307, 23.09.1996 : teoria e prática. 2. a
ed., rev. atual e ampl., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2001, p. 15.
18 http://www.internacional.mpf.mp.br/normas-e-legislacao/portarias-pgr/resolucao-no-9-stj-homologacao-de-sentencas-estrangeiras-e-concessao-de-exequartur.pdf/view?set_language=pt-br,
pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
19 RECHSTEINER, Beat Walter. Arbitragem privada internacional no Brasil depois da nova Lei 9.307, 23.09.1996 : teoria e prática. 2.a ed., rev. atual e ampl., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2001, p. 41.
20 RECHSTEINER, Beat Walter. Arbitragem privada internacional no Brasil depois da nova Lei 9.307, 23.09.1996 : teoria e prática. 2.a ed., rev. atual e ampl., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2001, p. 138.
21 RECHSTEINER, Beat Walter. Arbitragem privada internacional no Brasil depois da nova Lei 9.307, 23.09.1996 : teoria e prática. 2.a ed., rev. atual e ampl., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2001, p. 140.
22 RECHSTEINER, Beat Walter. Arbitragem privada internacional no Brasil depois da nova Lei 9.307, 23.09.1996 : teoria e prática. 2.a ed., rev. atual e ampl., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2001, p. 143.
23 LEE, João Bosco. A homologação de Sentença Arbitral Estrangeira. Estudos em Homenagem ao prof. Guido Fernando da Silva Soares. In Memoriam, Selma Ferreira Lemes, Carlos Alberto
Carmona e Pedro Batista Martins, coordenadores. São Paulo: Atlas, 2007.
24 https://www.uncitral.org/pdf/english/texts/arbitration/ml-arb/07-86998_Ebook.pdf, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
25 RECHSTEINER, Beat Walter. Arbitragem privada internacional no Brasil depois da nova Lei 9.307, 23.09.1996 : teoria e prática. 2. a
ed., rev. atual e ampl., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2001, p. 178.
26 Analytical Commentary on the Draft Text of a Model Law on International Commercial Arbitration, Eighteenth session of the United Nations Commission on International Trade Law, Supplement
Canada Gazette - Part I, Ottawa: Queen’s Printer, 1986.
27 Anotações sobre a Arbitragem no Brasil e o Projeto de Lei do Senado n.º 78/92, Revista de Processo, n.º 77, 1995.
28 RECHSTEINER, Beat Walter. Arbitragem privada internacional no Brasil depois da nova Lei 9.307, 23.09.1996 : teoria e prática. 2.a ed., rev. atual e ampl., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2001, p. 178.
29 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil: Procedimentos Especiais. v. II., 50. a
ed., Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 360.

30 OLIVEIRA FILHO, Cândido de. Curso de prática do processo. v. l, Rio de Janeiro: Cândido de Oliveira Filho, 1938, p. 318.
31 MORAIS, José Luis Bolzan de. Mediação e arbitragem: alternativa à jurisdição! 3. ed. rev. e atual. com o Projeto de Lei do novo CPC brasileiro (PL 166/2010), Resolução 125/2010 do CNJ. Porto
Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2012, p. 214.
32 GUILHERME, Luiz Fernando do Vale de Almeida. Manual de Arbitragem. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 32.
33 MORAIS, José Luis Bolzan de. Mediação e arbitragem: alternativa à jurisdição! 3. ed. rev. e atual. com o Projeto de Lei do novo CPC brasileiro (PL 166/2010), Resolução 125/2010 do CNJ. Porto
Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2012, p. 214.
34 DELGADO, José Augusto. A arbitragem no Brasil. Disponível em: http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/29798-29814-1-PB.pdf, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
35 SZKLAROWSKY, Leon Frejda. Evolução História da Arbitragem. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/6842/evolucao-historica-da-arbitragem, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
36 DELGADO, José Augusto. A arbitragem no Brasil. Disponível em: http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/29798-29814-1-PB.pdf, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
37 SZKLAROWSKY, Leon Frejda. Evolução História da Arbitragem. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/6842/evolucao-historica-da-arbitragem, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
38 DELGADO, José Augusto. A arbitragem no Brasil. Disponível em: http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/29798-29814-1-PB.pdf, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
39 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e processo: um comentário à Lei nº 9.307/96. 3. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2009, p. 09.
a

40 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: resolução CNJ 125/2010 (e respectiva emenda de 31 de janeiro de 2013): mediação e conciliação. 3.a ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p.
88.
41 CACHAPUZ, Rozane da Rosa. Uma visão geral da arbitragem de acordo com a lei 9.307/96. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, IX, n. 35, dez 2006. Disponível em: <http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=1432>. Acesso em 02 jan. 2017.
42 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e processo: um comentário à Lei nº 9.307/96. 3. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2009, p. 10.
43 GUILHERME, Luiz Fernando do Vale de Almeida. Manual de Arbitragem. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 65 e 185.
44 GUILHERME, Luiz Fernando do Vale de Almeida. Manual de Arbitragem. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 65.
45 Aprovada no Brasil através do Decreto Legislativo n. 52, de 25/04/2002 e promulgada através do Decreto n. 4.311, de 23/07/2012. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d4311.htm, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
46 Promulgada pelo Decreto n. 1.902, de 09/05/1996. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1996/D1902.htm, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
47 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: resolução CNJ 125/2010 (e respectiva emenda de 31 de janeiro de 2013): mediação e conciliação. 3.a ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p.
88.
48 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: resolução CNJ 125/2010 (e respectiva emenda de 31 de janeiro de 2013): mediação e conciliação. 3.a ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p.
88-89.
49 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e processo: um comentário à Lei nº 9.307/96. 3. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2009, p. 12.
a

50 DELGADO, José Augusto. A arbitragem no Brasil. Disponível em: http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/29798-29814-1-PB.pdf, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
51 CASTRO, Graciely Maria de Oliveira. Breve histório da arbitragem. Disponível em: http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,breve-historico-da-arbitragem,39929.html, pesquisado em 27 de
dezembro de 2017.
52 MAIA NETO, Francisco; MUNIZ, Joaquim de Paiva. Reforma da Lei de Arbitragem, comentários ao texto complete da Lei n.º 9.307, de 23 de setembro de 1996, com as alterações da Lei n.º
13.129, de 26 de maio de 2015. Belo Horizonte: Francisco Maia, 2015.
53 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: resolução CNJ 125/2010 (e respectiva emenda de 31 de janeiro de 2013): mediação e conciliação. 3.a ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p.
91.
54 RODOVALHO, Thiago. Aspectos introdutórios da arbitragem. Manual de arbitragem para advogados. Brasília: Confederação das associações comerciais e empresariais do Brasil, 2015.
55 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: resolução CNJ 125/2010 (e respectiva emenda de 31 de janeiro de 2013): mediação e conciliação. 3.a ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p.
91.
56 BACELLAR, Roberto Portugal. Mediação e arbitragem. Ed. - São Paulo: Saraiva, 2012.
57 BACELLAR, Roberto Portugal. Mediação e arbitragem. Ed. - São Paulo: Saraiva, 2012.
58 BACELLAR, Roberto Portugal. Mediação e arbitragem. Ed. - São Paulo: Saraiva, 2012.
59 BACELLAR, Roberto Portugal. Mediação e arbitragem. Ed. - São Paulo: Saraiva, 2012.
60 BACELLAR, Roberto Portugal. Mediação e arbitragem. Ed. - São Paulo: Saraiva, 2012.
61 OLIVEIRA, Geisa Cadilhe de. Técnicas de solução de conflitos : autocomposição e heterocomposição. In: Conteúdo Jurídico, Brasília, 19 dez. 2013. Disponível em:
http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.46327&seo=1, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
62 Supremo Tribunal Federal julga constitucional a Lei de Arbitragem (republicação). In: Supremo Tribunal Federal. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?
idConteudo=58198, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
63 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Agravo Regimental na Sentença Estrangeira 5.206-7 Reino da Espanha. Relator: PERTENCE, Sepúlveda. Brasília, 12 de dezembro de 2001. Disponível em:
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=345889, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
64 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: resolução CNJ 125/2010 (e respectiva emenda de 31 de janeiro de 2013): mediação e conciliação. 3.a ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p.
91.
65 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Agravo Regimental na Sentença Estrangeira n.º 5.206-7 Reino da Espanha. Relator: PERTENCE, Sepúlveda. Brasília, 12 de dezembro de 2001. Disponível em:
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=345889, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
66 SCAVONE JR., Luiz Antônio. Manual de Arbitragem. 5. a
ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 75.

67 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Agravo Regimental na Sentença Estrangeira n.º 5.206-7 Reino da Espanha. Relator: PERTENCE, Sepúlveda. Brasília, 12 de dezembro de 2001. Disponível em:
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=345889, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
68 DIDIER JÚNIOR, Fredie. Curso de direito processual civil: Introdução ao Direito Processual Civil, Parte Geral e Processo de Conhecimento. 17. a
ed., Salvador: Ed. JusPodivm, 2015, p. 171.

69 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: resolução CNJ 125/2010 (e respectiva emenda de 31 de janeiro de 2013): mediação e conciliação. 3. a
ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p.
91.
70 CARNELUTTI, Francesco. Diritto e processo, Nápoles, Morano, 1953-1958, p. 550.
71 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo curso de processo civil: teoria do processo civil, v I. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, pp. 174-176.
72 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo curso de processo civil: teoria do processo civil, v I. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, pp. 174-176.
73 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 01.
a

74 SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. 23.ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 944.
75 SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. 23. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 802.
a

76 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: resolução CNJ 125/2010 (e respectiva emenda de 31 de janeiro de 2013): mediação e conciliação. 3. a
ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p.
92.
77 RANZOLIN, Ricardo. Controle Judicial da Arbitragem. Rio de Janeiro: GZ Editora, 2012, p. 51.
78 GUILHERME, Luiz Fernando do Vale de Almeida. Manual de Arbitragem. 3. ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 33.
a

79 RANZOLIN, Ricardo. Controle Judicial da Arbitragem. Rio de Janeiro: GZ Editora, 2012, p. 52.
80 RANZOLIN, Ricardo. Controle Judicial da Arbitragem. Rio de Janeiro: GZ Editora, 2012, p. 53.
81 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: resolução CNJ 125/2010 (e respectiva emenda de 31 de janeiro de 2013): mediação e conciliação. 3. a
ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p.
94.
82 CAHALI, Francisco José: Curso de arbitragem: Resolução CNJ 125/2010 (e respectiva emenda de 31 de janeiro de 2013): mediação e conciliação. 2. a
ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p.
86.
83 NERY JUNIOR, Nelson. Código de Processo Civil comentado. 3. ed. São Paulo: RT, 1997, p. 1300.
84 RANZOLIN, Ricardo. Controle Judicial da Arbitragem. Rio de Janeiro: GZ Editora, 2012, p. 57.
85 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo curso de processo civil: tutela dos direitos mediante procedimentos diferenciados, volume 3. 2 ed. rev., atual. e
ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016. v. 3., p. 486.
86 GUILHERME, Luiz Fernando do Vale de Almeida. Manual de Arbitragem. 3. a
ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 33.

87 RANZOLIN, Ricardo. Controle Judicial da Arbitragem. Rio de Janeiro: GZ Editora, 2012, p. 52.
88 RANZOLIN, Ricardo. Controle Judicial da Arbitragem. Rio de Janeiro: GZ Editora, 2012, p. 54.
89 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e processo: um comentário à Lei nº 9.307/96. 3. a
ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 15.
90 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: resolução CNJ 125/2010 (e respectiva emenda de 31 de janeiro de 2013): mediação e conciliação. 3. a
ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p.
93.
91 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: resolução CNJ 125/2010 (e respectiva emenda de 31 de janeiro de 2013): mediação e conciliação. 3. a
ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p.
93.
92 GUILHERME, Luiz Fernando do Vale de Almeida. Manual de Arbitragem. 3. a
ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 33.

93 CÂMARA, Alexandre Freitas. Arbitragem. Lei n.º 9.307/96. 5. ed., rev. ampl. e atual.,, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009, p. 10.
a

94 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: resolução CNJ 125/2010 (e respectiva emenda de 31 de janeiro de 2013): mediação e conciliação. 3. a
ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p.
94.
95 SZKLAROWSKY, Leon Frejda. Arbitragem. Uma nova visão da arbitragem. Disponível em http://artigoscheckpoint.thomsonreuters.com.br/a/2msj/arbitragemuma-nova-visao-da-arbitragem-leon-
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96 SZKLAROWSKY, Leon Frejda. Arbitragem. Uma nova visão da arbitragem. Disponível em http://artigoscheckpoint.thomsonreuters.com.br/a/2msj/arbitragemuma-nova-visao-da-arbitragem-leon-
frejda-szklarowsky-elaborado-em-062004, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
97 TIBÚRCIO, Carmen. Arbitragem Envolvendo a Administração Pública: estado atual no direito brasileiro. Direito Público, Brasília v. 11, ano XI, n.º 58, pp. 62-82, jul./ago. 2014. Disponível em:
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98 CAHALI, Francisco José. Curso de Arbitragem: mediação, conciliação e resolução do CNJ 125/2010. 5. a
ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, pp. 133-136.

99 OLIVEIRA. Ana Perestrelo. Arbitragem de litígios com entes públicos. Coimbra: Ed. Almedina, 2007, p. 10, apud SANTANNA, Ana Carolina Squadri. Sobre a Participação do Estado na
Arbitragem Comercial Internacional: arbitrabilidade subjetiva e objetiva. Revista Eletrônica de Direito Processual, Rio de Janeiro, v. VIII, ano 5, n.º 8, pp. 6-37, jul./dez. 2011. Disponível em: http://www.e-
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100 TIBÚRCIO, Carmen. Arbitragem Envolvendo a Administração Pública: estado atual no direito brasileiro. Direito Público, Brasília v. 11, ano XI, n.º 58, pp. 62-82, jul./ago. 2014. Disponível em:
https://www.portaldeperiodicos.idp.edu.br/direitopublico/article/view/2559/1268, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.

101 CAHALI, Francisco José. Curso de Arbitragem: mediação, conciliação e resolução do CNJ 125/2010. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, pp. 133-136.
a

102 PEREIRA, Cesar A. Guimarães. Arbitrabilidade. Manual de Arbitragem para Advogados, pp. 48-63. Disponível em: http://oabam.org.br/downloads/manual-arbitragem.pdf, pesquisado em 27 de
dezembro de 2017.
103 JUNIOR SCAVONE, Luiz Antonio. Manual de Arbitragem: mediação e conciliação. 3. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010, pp. 20-21.
a

104 CAHALI, Francisco José. Curso de Arbitragem: mediação, conciliação e resolução do CNJ 125/2010. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, pp. 133-136.
a

105 TIBÚRCIO, Carmen. Arbitragem Envolvendo a Administração Pública: estado atual no direito brasileiro. Direito Público, Brasília v. 11, ano XI, n.º 58, pp. 62-82, jul./ago. 2014. Disponível em:
https://www.portaldeperiodicos.idp.edu.br/direitopublico/article/view/2559/1268, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
106 PEREIRA, Cesar A. Guimarães. Arbitrabilidade. Manual de Arbitragem para Advogados. pp. 48-63. Disponível em: http://oabam.org.br/downloads/manual-arbitragem.pdf, pesquisado em 27 de
dezembro de 2017.
107 PEREIRA, Cesar A. Guimarães. Arbitrabilidade. Manual de Arbitragem para Advogados. pp. 48-63. Disponível em: http://oabam.org.br/downloads/manual-arbitragem.pdf, pesquisado em 27 de
dezembro de 2017.
108 PEREIRA, Cesar A. Guimarães. Arbitrabilidade. Manual de Arbitragem para Advogados. pp. 48-63. Disponível em: http://oabam.org.br/downloads/manual-arbitragem.pdf, pesquisado em 27 de
dezembro de 2017.
109 CAHALI, Francisco José. Curso de Arbitragem: mediação, conciliação e resolução do CNJ 125/2010. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 133-136.
a

110 PEREIRA, Cesar A. Guimarães. Arbitrabilidade. Manual de Arbitragem para Advogados. pp. 48-63. Disponível em: http://oabam.org.br/downloads/manual-arbitragem.pdf, pesquisado em 27 de
dezembro de 2017.
111 FREITAS, Rafael Véras de. Novos Desafios da Arbitrabilidade Objetiva nas Concessões. Revista de Direito Público da Economia. Belo Horizonte, ano 14, n.º 53, pp. 199-227, jan./mar. 2016.
112 Tribunal de Contas da União, Acórdão n.º 391/2008, Plenário, Rel. Min. Marcos Vilaça, Ata 07/2008, DOU 14/03/2008, disponível no site www.tcu.gov.br, pesquisado em 27 de dezembro de
2017.
113 Superior Tribunal de Justiça, MS n.º 11308/DF. Min. Luiz Fux, Data do julgamento 09/04/2008.
114 DIDIER JÚNIOR, Fredie. Curso de direito processual civil: Introdução ao Direito Processual Civil, Parte Geral e Processo de Conhecimento. 17. a
ed., Salvador: Ed. JusPodivm, 2015, pp. 169-174.

115 LARENZ, Karl. Derecho Civil. Parte General. Madrid: Editorial Revista de Derecho Privado, 1978, p. 55.
116 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo – um Comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., Revista atualizada e ampliada. Editora Atlas: São Paulo, 2009, p. 64.
a

117 VERDE, Giovanni - Arbitrato e giurisdizione. L’arbitrato secondo la Legge 28/1983. Napoli: Jovene, 1985, p. 168.
118 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo – um Comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., Revista atualizada e ampliada. Editora Atlas: São Paulo, 2009, p. 160.
a

119 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil: Procedimentos Especiais. v. II., 50. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2016.
a

120 SOUSA, Wagner Mota Alves de. A teoria dos atos próprio: da proibição do venire contra factum proprio. Salvador: Jus Podivm, 2008, p. 116.
121 RABAY, Arthur. Princípios da arbitragem. www.agu.gov.br/page/download/index/id/20999214, pesquisado em 29 de dezembro de 2017.
122 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo – um Comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., Revista atualizada e ampliada. Editora Atlas: São Paulo, 2009, p. 63.
a

123 CAHALI, Francisco José; Curso de Arbitragem: resolução CNJ 125/2010: mediação e conciliação. 2. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012, p. 104.
a

124 Note-se que a pesquisa tem por referencial os valores das arbitragens iniciadas no ano indicado, a fim de permitir aferição comparativa uniforme. Todavia, os valores das arbitragens no período são
maiores, pois há processos em curso referentes aos anos anteriores; portanto, as quantias envolvidas nas arbitragens são maiores naquele ano indicado. À guisa de exemplo, pode-se citar o caso da AMCHAM
no ano de 2013: os valores envolvidos nos casos tramitados foi de R$ 433.835.644,64 e os iniciados nesse ano (utilizado na tabela da pesquisa ) foi de R$ 100.344.333,95. Estas observações constam em nota
explicativa na tabela. http://selmalemes.adv.br/noticias/An%C3%A1lise%20da%20pesquisa%20arbitragens%20em%20n%C3%BAmeros%202010%20a%202015.pdf, pesquisado em 27 de dezembro de
2017.
125 PEREIRA, Ana Lúcia. A Função das Entidades Arbitrais. In: Manual de Arbitragem para Advogados. Brasília: Comissão Especial de Mediação, Conciliação e Arbitragem – Conselho Federal da
Ordem dos Advogados do Brasil, 2014, pp. 88-95.
126 Chama-se de cheia aquela cláusula compromissória que já contém todos os elementos para o início do processo arbitral, seja por indicar como serão designados os árbitros em uma arbitragem ad
hoc, seja por fazer referência às regras de alguma instituição arbitral. LESSA NETO, João Luiz. Arbitragem e Poder Judiciário: A Definição da Competência do Árbitro. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 46.
127 Art. 10. Constará, obrigatoriamente, do compromisso arbitral: I - o nome, profissão, estado civil e domicílio das partes; II - o nome, profissão e domicílio do árbitro, ou dos árbitros, ou, se for o
caso, a identificação da entidade à qual as partes delegaram a indicação de árbitros; III - a matéria que será objeto da arbitragem; e IV - o lugar em que será proferida a sentença arbitral.
128 Art. 11. Poderá, ainda, o compromisso arbitral conter: I - local, ou locais, onde se desenvolverá a arbitragem; II - a autorização para que o árbitro ou os árbitros julguem por equidade, se assim for
convencionado pelas partes; III - o prazo para apresentação da sentença arbitral; IV - a indicação da lei nacional ou das regras corporativas aplicáveis à arbitragem, quando assim convencionarem as partes; V
- a declaração da responsabilidade pelo pagamento dos honorários e das despesas com a arbitragem; e VI - a fixação dos honorários do árbitro, ou dos árbitros. Parágrafo único. Fixando as partes os
honorários do árbitro, ou dos árbitros, no compromisso arbitral, este constituirá título executivo extrajudicial; não havendo tal estipulação, o árbitro requererá ao órgão do Poder Judiciário que seria
competente para julgar, originariamente, a causa que os fixe por sentença.
129 Art. 7.º. Existindo cláusula compromissória e havendo resistência quanto à instituição da arbitragem, poderá a parte interessada requerer a citação da outra parte para comparecer em juízo a fim de
lavrar-se o compromisso, designando o juiz audiência especial para tal fim.
130 MAIA NETO, Francisco; MUNIZ, Joaquim de Paiva. Reforma da Lei de Arbitragem, comentários ao texto complete da Lei n.º 9.307, de 23 de setembro de 1996, com as alterações da Lei n.º
13.129, de 26 de maio de 2015. Belo Horizonte: Francisco Maia, 2015, pp. 106-107.
131 PEREIRA, Ana Lúcia. A Função das Entidades Arbitrais. In: Manual de Arbitragem para Advogados. Brasília: Comissão Especial de Mediação, Conciliação e Arbitragem – Conselho Federal da
Ordem dos Advogados do Brasil, 2014, p. 90.
132 BERALDO, Leonardo de Faria. Curso de Arbitragem: nos termos da Lei n.º 9.0307/96. São Paulo: Atlas, 2014. p. 31
133 CAHALI, Francisco José. Curso de Arbitragem. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 153.
134 CAHALI, Francisco José. Curso de Arbitragem. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 153.
135 Art. 3.º As partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção de arbitragem, assim entendida a cláusula compromissória e o compromisso arbitral.
136 Conforme a Ley n. 60/2003, em seu artigo 9. : “El convenio arbitral, que podrá adoptar lá forma de cláusula incorporada a un contrato o de acuerdo independiente, deberá expresar la voluntad de
o o

las partes de someter a arbitraje todas o algunas de las controversias que hayan surgido o puedan surgir respecto de una determinada relación jurídica, contractual o no contractual”.
137 BERALDO, Leonardo de Faria. Curso de Arbitragem: nos termos da lei n.º 9.307/96. São Paulo: Atlas, 2014, p. 158.
138 Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; III - o motivo determinante, comum a ambas
as partes, for ilícito; IV - não revestir a forma prescrita em lei; V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; VII - a lei
taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
139 Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. § 1.o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I - aparentarem
conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III - os instrumentos
particulares forem antedatados, ou pós-datados. § 2.o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado.
140 BERALDO, Leonardo Faria. Curso de Arbitragem: nos termos da Lei n.º 9.307/96. São Paulo, 2014, p. 159.
141 VISCONTE, Débora. A Jurisdição dos Árbitros e seus Efeitos, p. 42. A Suprema Corte dos Estados Unidos, ao decidir o caso Prima Paint v. Flood Conklin, lapidou o conceito da autonomia da
cláusula compromissória, ao declarar que quando a alegação de fraude se refere ao contrato como um todo, e não especificamente em relação a convenção de arbitragem, e não houver nenhuma evidência de
que a intenção das partes era de que a questão não fosse resolvida por arbitragem, a alegação de fraude não afetará a convenção. E, com base nisso, determinou o prosseguimento da arbitragem.
142 BERALDO, Leonardo Faria. Curso de Arbitragem: nos termos da Lei n.º 9.307/96. São Paulo, 2014, p. 158.
143 CAHALI, Francisco José. Manual de Arbitragem para Advogados, p. 71.
144 Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: [...] VII – acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência.
145 CAHALI, Francisco José. Curso de Arbitragem. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais: 2015, p. 153.
146 CÂMARA, Alexandre Freitas. Arbitragem. Lei n.º 9.307/96. 5. ed., rev. ampl. e atual., Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009, p. 28.
147 BERALDO, Leonardo Faria. Curso de Arbitragem: nos termos da Lei n.º 9.307/96. São Paulo, 2014, p. 161.
148 NERY, Ana Luiza. Arbitragem Coletiva. Ed. Revista dos Tribunais: 2016, p. 66.
149 KROETZ, Tarcísio Araújo. Arbitragem – conceito e pressupostos de validade. São Paulo: RT, 1997, p. 130, apud CÂMARA, Alexandre Freitas. Arbitragem. Lei n.º 9.307/96. 5.a ed., rev. ampl. e
atual., Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009, pp. 26-27.
150 CÂMARA, Alexandre Freitas. Arbitragem. Lei n.º 9.307/96. 5. a
ed., rev. ampl. e atual., Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009.

151 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 2.
o a
ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012, p. 155.
152 NERY, Ana Luiza. Arbitragem Coletiva. Ed. Revista dos Tribunais: 2016, p. 66.
153 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o
125/2010: mediação e conciliação. 2.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012, p. 175.
154 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o
125/2010: mediação e conciliação. 2.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012, p. 176.

155 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo – um Comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., Revista, atualizada e ampliada, Editora Atlas: São Paulo, 2009.
a

156 A primeira referência às Cláusulas Patológicas é atribuída ao Sr. Frederick Eisemamm, no ano de 1974, quando servia como Secretário Geral da Corte Internacional de Arbitragem da ICC
(Internacional Court of Arbitration).
157 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 2. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012, p. 167.
o a

158 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 112.
a

159 STJ 3.ª Turma. Resp 10602.076-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/09/016 (info. 591).
160 CRUZ, Marcilia. Cláusula Compromissória. Universo Jurídico, Juiz de Fora, ano XI, 23 de abril de 2009. Disponível em: http://uj.novaprolink.com.br/doutrina/6211/clausula_compromissoria,
pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
161 BRASIL. Ministério da Justiça. M.J. Manual de Mediação de Conflitos para Advogados, 2014. Secretaria de Reforma do Judiciário. ENAM- Escola Nacional de Mediação e Conciliação. Brasília-
DF, Brasil.
162 BERGER, Klaus Peter. Law and Practice of Escalation Clauses. Arbitration International: Journal of the London Court of International Arbitration. V. 22, n.º 1. Londres: Kluwer Law International,
2006. p. 1.
163 BRASIL. Ministério da Justiça. M.J. Manual de Mediação de Conflitos para Advogados, 2014. Secretaria de Reforma do Judiciário. ENAM- Escola Nacional de Mediação e Conciliação. Brasília-
DF, Brasil, p. 25.
164 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. a
ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 78.

165 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 77.
a

166 Manual de Arbitragem para Advogados elaborado pela Comissão de Conciliação, Mediação e Arbitragem do Conselho Federal e pelo Colégio de Presidentes de Comissões de Arbitragem e
Mediações das seccionais, OAB, p. 65.
167 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 2.
o a
ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012, p. 177.
168 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Editora Saraiva, 2002, p. 537.
169 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 2. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012, p. 177.
o a

170 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, pp. 189-190
a

171 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o


125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 178.
172 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o
125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 178.

173 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 186
o a

174 Manual de Arbitragem para Advogados elaborado pela Comissão de Conciliação, Mediação e Arbitragem do Conselho Federal e pelo Colégio de Presidentes de Comissões de Arbitragem e
Mediações das seccionais, OAB, p. 71.
175 CASASANTA, M. Eleição do foro em contratos decide lei aplicável. EPD. Disponivel em: https://www.epd.edu.br/artigos/2010/10/elei-o-do-foro-em-contratos-decide-lei-aplic-vel, pesquisado em
27 de dezembro de 2017.
176 Cláusula compromissória. Câmara de Mediação e Arbitragem de Blumenau e Região. Disponível em: http://www.cmablu.com.br/clausula, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
177 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o
125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 201.

178 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5.
o a
ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.
179 AgIn 892851-8 do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
180 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5.
o a
ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.
181 REsp 904.813/PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª Turma, j. 20.10.2011, DJe 28.02.2012.
182 TJMG, Ap. 1.002.405.773.271-1/003(1), rel. Des. Batista de Abreu, j. 30.05.2007.
183 LEMES, S. F. Cláusulas Combinadas ou Fracionadas: Arbitragem e Eleição de Foro. Revista do Advogado - Associação dos Advogados de São Paulo - AASP, São Paulo, 2013, pp. 153-158.
184 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014.
a

185 CARMONA, Carlos Alberto. Considerações sobre a Cláusula Compromissória e a Eleição de Foro. In: Arbitragem, Estudos em Homenagem ao Prof. Guido da Silva Soares, In Memoriam,
LEMES, Selma F., CARMONA, Carlos Alberto e MARTINS, Pedro Batista (coords.), São Paulo: Atlas, 2007, p. 46.
186 GRAU, Eros Roberto. Da Arbitrabilidade de Litígios Envolvendo Sociedades de Economia Mista e da Interpretação de Cláusula Compromissória. Pareceres, Revista de Direito Bancário do
Mercado de Capitais e da Arbitragem, n.º 18, 2002, p. 404.
187 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o
125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 151.

188 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 153.
o a

189 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 229.
a

190 ROSA, Isabella. A arbitragem e seus pontos principais. Disponível em https://isabellarosa.jusbrasil.com.br/artigos/189325889/a-arbitragem-e-seus-pontos-principais, pesquisado em 27 de
dezembro de 2017.
191 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. a
ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 94.

192 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 154.
o a

193 HOFFMAN, Paulo. Arbitragem: algumas dúvidas processuais práticas quando o juízo estatal é chamado a intervir. In: Jobim, Eduardo; Machado, Rafael Bicca. Arbitragem no Brasil – aspectos
jurídicos relevantes. São Paulo: Quartier Latin, 2008, p. 315.
194 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. a
ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 231.
195 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. a
ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 127.

196 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 232.
a

197 SCAVONE JUNIOR, Luiz Antonio. Manual de Arbitragem – 5. ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 98.
a

198 NOGUEIRA, Daniel F. Jacob. Manual de Arbitragem para Advogados elaborado pela Comissão de Conciliação, Mediação e Arbitragem do Conselho Federal e pelo Colégio de Presidentes de
Comissões de Arbitragem e Mediações das seccionais, OAB, p. 78.
199 NOGUEIRA, Daniel F. Jacob. Manual de Arbitragem para Advogados elaborado pela Comissão de Conciliação, Mediação e Arbitragem do Conselho Federal e pelo Colégio de Presidentes de
Comissões de Arbitragem e Mediações das seccionais, OAB, p. 78.
200 NOGUEIRA, Daniel F. Jacob. Manual de Arbitragem para Advogados elaborado pela Comissão de Conciliação, Mediação e Arbitragem do Conselho Federal e pelo Colégio de Presidentes de
Comissões de Arbitragem e Mediações das seccionais, OAB, p. 80.
201 Esta era também a solução encontrada pela Ley de Arbitraje espanhola de 1988 (art. 13), já revogada.
202 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, pp. 235-236.
a

203 A redação original deste “§ 4.º sendo nomeados vários árbitros, estes, por maioria, elegerão o presidente do tribunal arbitral. Não havendo consenso, será designado presidente o mais idoso.” A
previsão tinha como pressuposto que o colegiado era eleito integralmente pelas partes, e sem maioria quanto a escolha do presidente; porém, o que ocorre é a indicação por cada parte, de um co-árbitro, e estes
escolhem o terceiro presidente, e desta forma, esvazia-se a hipótese prevista na norma revogada.
204 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, pp. 235-236.
a

205 Embora alguns árbitros sejam advogados, muitos são escolhidos a partir de diferentes áreas de negócios, com base em sua experiência profissional. Independentemente da formação e do histórico
profissional do árbitro, entretanto, todos eles devem ser treinados no processo de arbitragem. “E, mais adiante, concluem os autores: “Um árbitro não necessita ser treinado em todas as minúcias da lei. Na
verdade, muitos árbitros eficazes não são advogados e não têm qualquer tipo de treinamento ou formação jurídicos. Do ponto de vista do funcionamento, é muito mais importante que o árbitro seja razoável,
flexível e esteja desejoso de conduzir o processo de modo um resultado justo. Um árbitro que deixe ficar à margem e deixe as partes brigarem por suas posições não se qualifica como um árbitro eficaz. São
prudentes as observações de COOLEY John W; LUBERT, Steven. Advocacia de Arbitragem, Brasília, Ed. UnB, 2001, trad. de René Loncon, p. 79.
206 O dispositivo legal encontra paralelo na Ley de Arbitraje espanhola de 1988 (já revogada), art. 34: “O laudo arbitral, assim como qualquer acordo ou resolução do colégio arbitral, decidir-se-á por
maioria de votos, dirimindo os empates o voto da Presidente. Se não houver acordo majoritário, o laudo será editado pelo Presidente” (trad. livre). A mesma regra foi basicamente repetida no primeiro
parágrafo do art. 35 da nova lei espanhola de arbitragem (Lei 60/2003, de 23 de dezembro de 2003).
207 MOREIRA, José Carlos Barbosa. Comentários ao código de Processo Civil. Rio de Janeiro: Editora Forense, p. 581.
208 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, pp. 208/210.
o a

209 LEMES, Selma Maria Ferreira. Árbitro. O padrão de conduta ideal. http://selmalemes.adv.br/artigos/artigo_juri33.pdf, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
210 LEMES, Selma Maria Ferreira. Árbitro. O padrão de conduta ideal. http://selmalemes.adv.br/artigos/artigo_juri33.pdf, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
211 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.
o a

212 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009.
a

213 NOGUEIRA, Daniel Fábio Jacob; SOARES JÚNIOR, Ney Bastos. Reforma da Lei de Arbitragem: Comentários ao texto completo. Edição dos Autores. Belo Horizonte, 2015, p. 66.
214 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009.
a

215 NOGUEIRA, Daniel Fábio Jacob; SOARES JÚNIOR, Ney Bastos. Reforma da Lei de Arbitragem: Comentários ao texto completo. Edição dos Autores. Belo Horizonte, 2015, p. 70.
216 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009.
o

217 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.
o a

218 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. a
ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009.
219 BACELLAR, Roberto Portugal. Mediação e arbitragem. São Paulo: Saraiva, 2012.
220 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009.
a

221 CÂMARA, Alexandre Freitas. Arbitragem. Lei n.º 9.307/96. 5. ed., rev. ampl. e atual., Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009, p. 46.
a

222 LEMES, Selma Maria Ferreira. No sentido de que não existe a profissão de árbitro e em contraposição à assertiva inválida. Árbitro. O padrão de conduta ideal.
http://selmalemes.adv.br/artigos/artigo_juri33.pdf, pesquisado em 27 de dezembro de 2017, p.12.
223 LEMES, Selma Ferreira, “Arbitragem e a Decisão por Equidade no Direito Brasileiro e Comparado” In: Arbitragem. Estudos em Homenagem ao Prof. Guido Fernandes da Silva Soares, in
memoriam, Selma Ferreira Hemes, Carlos Alberto Carmona e Pedro Batista Martins, São Paulo, Atlas, 2007, pp. 189-229.
224 LEMES, Selma Ferreira, “Arbitragem e a Decisão por Equidade no Direito Brasileiro e Comparado” In: Arbitragem. Estudos em Homenagem ao Prof. Guido Fernandes da Silva Soares, in
memoriam, Selma Ferreira Hemes, Carlos Alberto Carmona e Pedro Batista Martins, São Paulo, Atlas, 2007, pp. 189/229.
225 As principais condições para ser árbitro são a independência e a imparcialidade. A independência tem sido definida como um elemento objetivo que se traduz na liberdade de julgamento do árbitro;
a imparcialidade, por sua vez, é descrita como um elemento subjetivo, que significa que o espírito do árbitro não está preconcebido. DOLINGER, Jacob; TIBURCIO, Carmen. Arbitragem Comercial
Internacional. Rio de Janeiro: Renovar. 2003, p. 234.
226 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. a
ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 252.

227 Esse motivo exige a efetiva existência de laços de amizade estreita, na primeira parte do dispositivo. Não é qualquer amizade, mas sim a que se revista do caráter de intimidade. Esta se revela pela
convivência frequente, familiaridade no tratamento, prestação repetida por obséquio e outras manifestações exteriores de acentuada estima. Não é possível fixar aprioristicamente quais os sinais distintivos
dessa amizade. (...) Não apenas a amizade, mais frequente entre pessoas do mesmo sexo, se inclui no conceito, mas também a afeição amorosa, que, por ser, em geral, de natureza mais intensa, tem maior
probabilidade de quebrar a imparcialidade. BARBI, Celso Agrícola. Comentários ao Código de Processo Civil. 9.a ed., Rio de Janeiro: Forense, 1994, p. 419.
228 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o
125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 219.

229 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o


125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 220.
230 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o
125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 220.

231 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 221.
o a

232 Se convencionado pelas partes que o impedimento ou suspeição não poderá ser apreciada pelo próprio arbitro, em função do principio da autonomia da clausula compromissória, resta afastada a
competência do arbitro para decidir sobre essa matéria, de forma que se o arbitro verificar que as partes expressamente não lhe concederam poderes para decidir esta questão, deverá extinguir o processo
arbitral, sem julgamento de mérito.
233 A sentença proferida não fica sujeita a qualquer recurso. Nada impede, porém, que as partes estabeleçam que a sentença arbitral possa ser submetida a reexame por outro órgão arbitral ou por outros
árbitros, ou ainda que, na hipótese de não ser a decisão unânime, possa o vencido interpor recurso semelhante aos embargos infringentes previstos no Código de Processo Civil, fazendo integrar o tribunal
arbitral por outros membros, escolhidos da forma estabelecida pelos contendores. Importa ressaltar, porém, que tais recursos são sempre internos, nunca dirigidos a órgãos da justiça estatal. E a decisão
arbitral que obrigará as partes e que se sujeitará ao ataque previsto no art. 33 será aquela final, após a decisão dos referidos recursos. Apesar de aventada possibilidade de disporem as partes acerca de recursos,
como parte do procedimento arbitral, o fato é que tais recursos são de todo inconvenientes e a sua utilização não parece corriqueira em países onde a arbitragem vem florescendo. CARMONA, Carlos Alberto.
Arbitragem e Processo. 2.ª ed., São Paulo: Atlas. 2004, p. 44.
234 Art. 16. Se o árbitro escusar-se antes da aceitação da nomeação, ou, após a aceitação, vier a falecer, tornar-se impossibilitado para o exercício da função, ou for recusado, assumirá seu lugar o
substituto indicado no compromisso, se houver. § 1.º Não havendo substituto indicado para o árbitro, aplicar-se-ão as regras do órgão arbitral institucional ou entidade especializada, se as partes as tiverem
invocado na convenção de arbitragem. § 2.º Nada dispondo a convenção de arbitragem e não chegando as partes a um acordo sobre a nomeação do árbitro a ser substituído, procederá a parte interessada da
forma prevista no art. 7.º desta Lei, a menos que as partes tenham declarado, expressamente, na convenção de arbitragem, não aceitar substituto.
235 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 263.
a

236 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 223.
o a

237 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 264.
a

238 LEVY, Fernanda Rocha Lourenço. Da responsabilidade civil dos árbitros e das instituições arbitrais. In Responsabilidade Civil. Estudos em homenagem ao Professor Rui Geraldo Camargo Viana.
Coord. Rosa Maria de Andrade Nery e Rogério Donnini. São Paulo: RT 2009, p. 223.
239 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, pp. 265-266.
a

240 LEVY, Fernanda Rocha Lourenço. Da responsabilidade civil dos árbitros e das instituições arbitrais. In Responsabilidade Civil. Estudos em homenagem ao Professor Rui Geraldo Camargo Viana.
Coord. Rosa Maria de Andrade Nery e Rogério Donnini. São Paulo: RT 2009, p. 179.
241 LEMES, Selma Maria Ferreira. et ali. Dos Árbitros. In Aspectos fundamentais da Lei de arbitragem. Rio de Janeiro: Forense, 1999, p. 282.
242 CAZZARO, Kleber; PEREIRA, Jailson. O instituto da arbitragem no Brasil e na Espanha: comparações legislativas. In: http://seer.upf.br/index.php/rjd/article/view/4830, pesquisado em 01 de
janeiro de 2018.
243 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 225.
o a

244 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 266.
a

245 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 269.
a

246 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 227.
o a

247 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 227.
o a

248 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014.
a

249 CÂMARA, Alexandre Freitas Câmara. Lições de direito processual civil. V. 1, São Paulo: Atlas, 2012, p. 59.
250 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 295.
a

251 Comissão de Conciliação, Mediação e Arbitragem do Conselho Federal da Ordem Dos Advogados do Brasil (CEMCA/CFOAB). Manual de arbitragem para advogados. Brasília, 2015, pp. 102-
103.
252 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. o
ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 296.

253 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014, (s.p.)
a

254 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015 (p. 235).
255 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 239.
a

256 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014, (s.p.)
a

257 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 236.
o a

258 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, pp. 297-298.
a

259 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 236.
o a

260 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014.
a

261 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 236.
o a

262 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 298.
a

263 Comissão de Conciliação, Mediação e Arbitragem do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CEMCA/CFOAB). Manual de arbitragem para advogados. Brasília, 2015, pp. 98-99.
264 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 233.
o a

265 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, pp. 293-294.
a

266 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, pp. 233-234.
o a

267 Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e
convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo. Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções previstas
neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.
268 Comissão Especial de Mediação, Conciliação e Arbitragem do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CEMCA/CFOAB). Reforma da Lei de arbitragem. Belo Horizonte, 2015, p.
99.
269 Art. 32. É nula a sentença arbitral se: [...] VIII - forem desrespeitados os princípios de que trata o art. 21, § 2.º, desta Lei.
Art. 33. A parte interessada poderá pleitear ao órgão do Poder Judiciário competente a declaração de nulidade da sentença arbitral, nos casos previstos nesta Lei. [...] § 2.o A sentença que julgar
procedente o pedido declarará a nulidade da sentença arbitral, nos casos do art. 32, e determinará, se for o caso, que o árbitro ou o tribunal profira nova sentença arbitral.
270 Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Apelação n.º 12011921-88.2014.8.26.0602. Apelantes: Carlos Alberto Simões e Fabia Marcussi Carvalho Simões. Apelados: Brudovan Escapamentos
Ltda., Câmara Arbitral de Sorocaba e Região e Lisiane Nicolodi Câmara. Disponível em: http://esaj.tjsp.jus.br/cjsg/getArquivo.do;jsessionid=4C8D2AC64FF7D46170174E29FADF51E3.cjsg2?
cdAcordao=8052666&cdForo=0&vlCaptcha=mywxD, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
271 Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Apelação nº 653454020148090051. Apelante: Raimunda Lopes de Oliveira. Apelado: Recanto do Bosque Empreendimentos Imobiliários Ltda. Disponível
em: <http://tj-go.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/351098009/apelacao-civel-ac-653454020148090051>. Acesso em: 10 jan. 2017.
272 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5.
o a
ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 237.
273 MARTINS, Pedro A. Batista. As três fases da arbitragem. Revista do advogado. Ano XXVI, set. 2006.
274 TUCCI, José Rogério Cruz, Código de Processo Civil Anotado, OAB – Paraná - AASP, 2015.
275 LEMES, Selma Ferreira. Convenção de Arbitragem e Termo de Arbitragem. Características, efeitos e funções. Revista do Advogado, 2012.
276 Julgamento unânime pela 3.ª Turma do STJ no REsp n.º 1.389.763, de 12.11.2013.
277 MAIA NETO, Francisco; MUNIZ, Joaquim de Paiva. Reforma da Lei de Arbitragem, comentários ao texto complete da Lei n.º 9.307, de 23 de setembro de 1996, com as alterações da Lei n.º
13.129, de 26 de maio de 2015. Belo Horizonte: Francisco Maia, 2015.
278 Disponível em: http://www.euroarbitragem.com.br/pt/qsoApresentacao.php, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
279 Disponível em: http://www.euroarbitragem.com.br/pt/qsoApresentacao.php, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
280 MAIA NETO, Francisco; MUNIZ, Joaquim de Paiva. Reforma da Lei de Arbitragem, comentários ao texto complete da Lei n.º 9.307, de 23 de setembro de 1996, com as alterações da Lei n.º
13.129, de 26 de maio de 2015. Belo Horizonte: Francisco Maia, 2015.
281 MAIA NETO, Francisco; MUNIZ, Joaquim de Paiva. Reforma da Lei de Arbitragem, comentários ao texto complete da Lei n.º 9.307, de 23 de setembro de 1996, com as alterações da Lei n.º
13.129, de 26 de maio de 2015. Belo Horizonte: Francisco Maia, 2015.
282 MAIA NETO, Francisco; MUNIZ, Joaquim de Paiva. Reforma da Lei de Arbitragem, comentários ao texto complete da Lei n.º 9.307, de 23 de setembro de 1996, com as alterações da Lei n.º
13.129, de 26 de maio de 2015. Belo Horizonte: Francisco Maia, 2015.
283 Art. 20. A parte que pretender arguir questões relativas à competência, suspeição ou impedimento do árbitro ou dos árbitros, bem como nulidade, invalidade ou ineficácia da convenção de
arbitragem, deverá fazê-lo na primeira oportunidade que tiver de se manifestar, após a instituição da arbitragem.
284 RODOVALHO, Thiago. Aspectos introdutórios da arbitragem. Manual de arbitragem para advogados. Brasília: Confederação das associações comerciais e empresariais do Brasil, 2015.
285 NUNES, Thiago Marinho. Arbitragem e prescrição. Rio de Janeiro: Atlas, 2013.
286 ANCEL, Bertrand. Controle de Validade da Convenção de Arbitragem: o efeito negativo da “competência-competência”. Tradução: Maria Claudia de Assis Procopiak. Revista Brasileira de
Arbitragem, Porto Alegre, v. 2, n.º 6, pp. 52-64, abr./jun. 2005.
287 Superior Tribunal de Justiça. Medida Cautelar n.º 13.274-SP. Relator: Ministra Nancy Andrighi. Brasília, DF, 20 de setembro de 2007.
288 TUCCI, José Rogério Cruz. Código de Processo Civil Anotado, OAB – Paraná - AASP, 2015.
289 TUCCI, José Rogério Cruz. Código de Processo Civil Anotado, OAB – Paraná - AASP, 2015.
290 TUCCI, José Rogerio Cruz, Código de Processo Civil Anotado, OAB – Paraná - AASP, 2015.
291 MAIA NETO, Francisco; MUNIZ, Joaquim de Paiva. Reforma da Lei de Arbitragem, comentários ao texto complete da Lei n.º 9.307, de 23 de setembro de 1996, com as alterações da Lei n.º
13.129, de 26 de maio de 2015. Belo Horizonte: Francisco Maia, 2015.
292 MAIA NETO, Francisco; MUNIZ, Joaquim de Paiva. Reforma da Lei de Arbitragem, comentários ao texto complete da Lei n.º 9.307, de 23 de setembro de 1996, com as alterações da Lei n.º
13.129, de 26 de maio de 2015. Belo Horizonte: Francisco Maia, 2015.
293 RODOVALHO, Thiago. Aspectos introdutórios da arbitragem. Manual de arbitragem para advogados. Brasília: Confederação das associações comerciais e empresariais do Brasil, 2015.
294 RODOVALHO, Thiago. Aspectos introdutórios da arbitragem. Manual de arbitragem para advogados. Brasília: Confederação das associações comerciais e empresariais do Brasil, 2015.
295 http://www.revistacobertura.com.br/lermais_materias.php?cd_materias=33637&friurl=:-A-funcao-e-uso-do-termo-de-arbitragem, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
296 http://www.revistacobertura.com.br/lermais_materias.php?cd_materias=33637&friurl=:-A-funcao-e-uso-do-termo-de-arbitragem, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
297 LEMES, Selma Ferreira. Convenção de Arbitragem e Termo de Arbitragem. Características, efeitos e funções. Revista do Advogado (2012).
298 http://www.revistacobertura.com.br/lermais_materias.php?cd_materias=33637&friurl=:-A-funcao-e-uso-do-termo-de-arbitragem, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
299 Disponível em: http://www.conima.org.br/regula_modarb, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
300 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5.
o a
ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.
301 RANZOLIN, Ricardo. Controle Judicial da Arbitragem. Rio de Janeiro: GZ Editora, 2012, p. 96.
302 Em síntese, a Inepar apresentou exceção de pré-executividade no âmbito da ação de execução de sentença arbitral, arguindo a nulidade da decisão, em razão de alegado vício na formação do
procedimento arbitral, que teria se iniciado sem a assinatura de compromisso arbitral. O pedido da Inepar foi negado em primeira instância, haja vista a presença de cláusula arbitral cheia no contrato firmado
entre as partes, que torna desnecessária a celebração de compromisso arbitral. A Inepar recorreu desta decisão e o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná deu provimento ao recurso e reverteu a decisão de
primeira instância, argumentou que somente após a celebração do compromisso arbitral é que haverá o deslocamento da jurisdição, pois a simples existência de cláusula compromissória não é suficiente para
submeter o litígio à arbitragem. A Itiquira buscou modificar esta decisão por meio da interposição de Embargos Infringentes, julgado pelo referido Tribunal de Justiça, que desta feita reconheceu a validade da
sentença arbitral. Contra esta decisão, a Inepar interpôs Recurso Especial perante o STJ, a fim de ver declarada a nulidade da sentença arbitral, diante da ausência de assinatura do compromisso arbitral,
requisito essencial à válida instalação do juízo arbitral. A Terceira Turma do STJ rejeitou o recurso interposto por Inepar, confirmando a validade da instalação do Tribunal Arbitral e da sentença por este
proferida. A Ministra-relatora Nancy Andrighi, além de traçar as diferenças entre cláusula compromissória (cheia e vazia) e compromisso arbitral, asseverou que tendo em vista a contratação pelas partes de
cláusula compromissória cheia [...], não há qualquer necessidade de assinatura posterior de compromisso arbitral. Por outro lado, a decisão atribuiu relevância à conduta das partes ao longo do procedimento
para verificação do interesse em se anular a sentença arbitral. Segundo a relatora, não fosse a existência da cláusula cheia, ainda assim seria válida a instituição do juízo arbitral, porquanto as partes
participaram de todos os atos e todas as fases de forma regular e sem qualquer oposição à instituição ou à necessidade de compromisso arbitral. Vale salientar que com esta decisão o STJ confirmou, uma vez
mais, sua postura favorável à arbitragem, afirmando, categoricamente, que a força motriz da arbitragem e a razão de sua constitucionalidade é o reconhecimento da total liberdade das partes quanto à
submissão dos interesses disponíveis à jurisdição privada. Esclarece, ainda, que quando as partes são convocadas pelos árbitros e firmam conjuntamente o Termo de Arbitragem poderá ser alterado
inteiramente o anteriormente estipulado na convenção arbitral, seja ela cláusula compromissória, seja compromisso arbitral. Acórdão proferido pela 3.ª Turma do STJ - Recurso Especial 1.389.763-PR n.°
2013⁄0186578-8
303 O conflito, em síntese, envolve a compra de ações de uma companhia de navegação do Rio de Janeiro, os sócios haviam firmado um compromisso de compra e venda, mas sem a definição dos
valores. Nas correspondências trocadas, sugeriam que eventual divergência deveria ser resolvida por avaliadores, um nomeado por cada parte. Não havendo consenso, estes, em conjunto, indicariam um
terceiro, cuja decisão seria final, definitiva e acatada por ambos. O relator do caso, ministro Marco Aurélio Belizze, entendeu ser o acordo “inequívoca cláusula compromissória”. Ele usou como base para a
decisão o artigo 4.º, da então nova Lei de Arbitragem. No dispositivo consta que a cláusula compromissória pode estar em documento apartado do contrato, conforme disse o relator: Se assim ajustaram as
partes em delegar a solução de específica controvérsia a um terceiro, cuja decisão seria final, definitiva e por elas acatadas, não cabe ao Poder Judiciário imiscuir-se nessa tarefa, sobre o termo ‘avaliador’
utilizado pelas contratantes, este deve, sim, ser compreendido como árbitro. A parte que entendia pela instauração do procedimento de arbitragem havia perdido na primeira e na segunda instância do Rio de
Janeiro. E no tribunal superior, o julgamento foi apertado dois ministros acompanharam o relator e os outros dois divergiram. Para o ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, que abriu divergência, não existia
elementos mínimos para concluir que as partes tinham demonstrado a intenção de abrir mão da jurisdição estatal ou de submeter o conflito a um órgão arbitral. Ele entendeu que não se tratava de cláusula
compromissória em razão de dois fundamentos, a falta de assinatura de ambas as partes e porque a cláusula remetia à nomeação de avaliadores profissionais, não de árbitros. O fato de tal documento ter sido
redigido muito antes da entrada em vigor da Lei de Arbitragem só reforça essa conclusão. Acórdão proferido pela 3.ª Turma do STJ Recurso Especial nº 1.602.076 - SP n.° 2016/0134010-1
304 Disponível em: http://alfonsin.com.br/stj-julga-validade-de-clusula-arbitral/, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
305 Disponível em: http://www.bhauditores.com.br/Noticias_Fiscais/Arquivos/NF%203342.pdf, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
306 FIGUEIRA JÚNIOR, Joel Dias. Manual de Arbitragem. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997, p. 209.
307 Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/do-processo-e-do-procedimento-arbitral/4306/#ixzz4UdF4VQ, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
308 Disponível em http://www.webartigos.com/articles/4306/1/do-processo-e-do-procedimentoarbitral/pagina1.html, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
309 Disponível em: https://www.passeidireto.com/arquivo/6608290/da-arbitragem---tgp, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
310 Disponível em http://www.webartigos.com/articles/4306/1/do-processo-e-do-procedimentoarbitral/pagina1.html, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
311 MARCONDES, Fernando. Arbitragem comercial: guia prático para o cidadão. São Paulo: Códex, 2004.
312 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.
o a

313 DINAMARCO, Candido Rangel. Introduções ao direito processual civil. 3. ed., revisada e atualizada. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 470.
a

314 DIDIER JÚNIOR, Fredie. Curso de direito processual civil: Introdução ao Direito Processual Civil, Parte Geral e Processo de Conhecimento. 17. ed., Salvador: Ed. JusPodivm, 2015, p. 296.
a

315 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 267.
o a

316 MONTORO, Marcos André Franco. Flexibilidade do Procedimento Arbitral. TESE. Faculdade de Direito de São Paulo, 2010, p. 22.
317 MONTORO, Marcos André Franco. Flexibilidade do Procedimento Arbitral. TESE. Faculdade de Direito de São Paulo, 2010, p. 22.
318 http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI245509,11049um+paralelo+entre+os+negocios+juridicos+processuais+e+a+arbitragem, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
319 http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI245509,11049um+paralelo+entre+os+negocios+juridicos+processuais+e+a+arbitragem, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
320 Extraído do artigo: A revelia no procedimento arbitral. Disponível em: http://lexuniversal.com/pt/articles/16080, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
321 TUCCI, Rogério Lauría. Da contumácia no processo civil brasileiro. São Paulo: José Bushatsky, 1964. p. 123; DINIZ, Maria Helena. Dicionário jurídico. São Paulo: Saraiva, v. 1, 1998. p. 875.
322 DIDIER JÚNIOR, Fredie. Curso de direito processual civil: Introdução ao Direito Processual Civil, Parte Geral e Processo de Conhecimento. 17. ed., Salvador: Ed. JusPodivm, 2015, p. 674
a

323 Extraído do artigo: A revelia na lei n.º 9.307/96. Disponível em: http://www.cadf.org.br/?p=noticias&id=240, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
324 Extraído do artigo: O tratamento da revelia no procedimento arbitral. Disponível em
http://bdjur.tjdft.jus.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/8812/O%20tratamento%20da%20revelia%20no%20procedimento%20arbitral.pdf?sequence=1, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
325 Extraído do artigo: A arbitragem e a jurisprudência paulistas. Disponível em http://selmalemes.adv.br/artigos/artigo_juri05.pdf, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
326 RODRIGUES, Flávia Benzatti Tremura Polli. Contumácia e Revelia na Arbitragem. Revista Brasileira de Arbitragem. n.º 42. ISSN 1806-809X. Ed. Síntese, 2014.
327 Extraído do artigo: Lei de arbitragem comentada. In: http://www.direitocom.com/lei-de-arbitragem-comentada/capitulo-iv-do-procedimento-arbitral-lei-de-arbitragem-comentada/artigo-22,
pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
328 RODRIGUES, Flávia Benzatti Tremura Polli. Contumácia e Revelia na Arbitragem. Revista Brasileira de Arbitragem. n.º 42. ISSN 1806-809X. Ed. Síntese, 2014.
329 OLIVEIRA, Geisa Cadilhe de. Técnicas de solução de conflitos: autocomposição e heterocomposição. In: Conteúdo Jurídico, Brasília, 19 dez. 2013. Disponível em:
http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.46327&seo=1, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
330 TURA, Adevanir. Arbitragem Nacional e Internacional. JH Mizuno. São Paulo. 2.ª ed., 2012, p. 78.
331 BARBOSA MOREIRA, José Carlos. Novo processo civil brasileiro. Rio de Janeiro: Forense, 2009.
332 Extraído do sítio: http://www.direitocom.com/lei-de-arbitragem-comentada/capitulo-iv-do-procedimento-arbitral-lei-de-arbitragem-comentada/artigo-21, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
333 TURA, Adevanir. Arbitragem Nacional e Internacional. JH Mizuno. São Paulo. 2.ª Ed., 2012, p. 78.
334 DIDIER JÚNIOR, Fredie. Curso de direito processual civil: Introdução ao Direito Processual Civil, Parte Geral e Processo de Conhecimento. 17. ed., Salvador: Ed. JusPodivm, 2015.
a

335 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 303.
o

336 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 143.
a

337 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.
o a

338 Art. 22. Poderá o árbitro ou o tribunal arbitral tomar o depoimento das partes, ouvir testemunhas e determinar a realização de perícias ou outras provas que julgar necessárias, mediante
requerimento das partes ou de ofício. § 1.º O depoimento das partes e das testemunhas será tomado em local, dia e hora previamente comunicados, por escrito, e reduzido a termo, assinado pelo depoente, ou a
seu rogo, e pelos árbitros. § 2.º Em caso de desatendimento, sem justa causa, da convocação para prestar depoimento pessoal, o árbitro ou o tribunal arbitral levará em consideração o comportamento da parte
faltosa, ao proferir sua sentença; se a ausência for de testemunha, nas mesmas circunstâncias, poderá o árbitro ou o presidente do tribunal arbitral requerer à autoridade judiciária que conduza a testemunha
renitente, comprovando a existência da convenção de arbitragem.
339 O Tribunal Arbitral poderá ouvir testemunhas, peritos nomeados pelas partes ou qualquer outra pessoa, na presença das partes ou na sua ausência, desde que tenham sido devidamente convocadas.
(Regulamento de Arbitragem). Câmara de Comércio Internacional. Disponível em: http://cbar.org.br/PDF/rules_arb_brazilian.pdf, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
340 Instalada a audiência, serão produzidas as provas orais, iniciando-se pelos esclarecimentos do perito, se for o caso, seguindo-se pelo depoimento pessoal das partes e, logo após, pela inquirição de
testemunhas arroladas. (Regulamento de Arbitragem). Câmara de Arbitragem Empresarial – Brasil. Disponível em: http://camarb.com.br/regulamento-de-arbitragem/, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
341 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. a
ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 315.

342 SCAVONE Junior, Luiz Antonio – Manual de arbitragem. 5ª. Edição. Rio de Janeiro. Forense. 2014. p. 162.
343 A consequente inserção do art. 22-B na Lei de Arbitragem, regulava de modo genérico a concessão de tutelas de urgência, estabelecendo que e medidas coercitivas ou cautelares, os árbitros
poderão solicitá-las. Contudo, aquele dispositivo desconsiderava o fato de que podem transcorrer algumas semanas desde o surgimento de uma lide entre as partes signatárias de uma cláusula compromissória
até a efetiva instituição do procedimento arbitral que se dá somente após a aceitação pelos árbitros de sua nomeação. Assim, com a previsão de que tocaria aos árbitros decidir acerca do deferimento ou não
das tutelas de urgência, dito dispositivo revogado não abarcava a situação em que as partes ainda não tinham árbitro ou tribunal arbitral instituído para julgar o conflito; e, na maior parte das vezes, a tutela de
urgência é necessária quando do desabrochar da lide entre as partes. NOGUEIRA, Daniel Fábio Jacob; SOARES JÚNIOR, Ney Bastos. Reforma da Lei de Arbitragem: Comentários ao texto completo.
Edição dos Autores. Belo Horizonte, 2015, p. 62.
344 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 317.
a

345 Evidente que esta drástica medida, inclusive consumindo tempo de arbitragem, deve ser ao máximo evitada, competindo, por exemplo, à parte que arrolou a testemunha concentrar esforços para
seu comparecimento, cuidando diretamente, quando necessário, de seu deslocamento etc.”. CAHALI, 2015, p. 275.
346 TURA, Adevanir. Arbitragem nacional e internacional. 2.ª ed., Leme: J. H. Mizuno, 2012, p. 82.
347 Lei Modelo da UNCITRAL sobre Arbitragem Comercial Internacional, 1985, com as alterações adaptadas em 2006. Versão Portuguesa. Disponível em:
http://www.dgpj.mj.pt/sections/home/DGPJ/sections/politica-legislativa/anexos/lei-modelo-uncitral/downloadFile/file/Lei-modelo_uncitral.pdf?nocache=1305106921.57, pesquisado em 27 de dezembro de
2017.
348 O objeto da prova será pontual, e mais direcionado ao fornecimento, pelo expert, de informações técnicas sobre questões relevantes ao julgamento da causa. Nesse sentido, talvez nada saibam sobre
o conflito, nem tampouco sobre os fatos relacionados ao processo. Porém, muito tem a contribuir quanto a determinado assunto de seu profundo conhecimento importante para a correta interpretação dos
árbitros. CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n.o 125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 276.
349 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. a
ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 319.
350 NOGUEIRA, Daniel Fábio Jacob; SOARES JÚNIOR, Ney Bastos. Reforma da Lei de Arbitragem: Comentários ao texto completo. Edição dos Autores. Belo Horizonte, 2015, p. 59.
351 Ainda sobre a peculiar relevância desse tipo de produção de prova no procedimento arbitral, comentam Rutting e Meadows que “enquanto o especialista escolhido possa oferecer testemunho
relevante e robusto, ele ou ela podem testemunhar como testemunha na audiência de arbitragem e introduzir uma opinião técnica. Esse testemunho pode ser admitido e sopesado de acordo com o desejo dos
árbitros. RUTTING, George. MEADOWS, Joe. Using experts in arbitration. 2007. Disponível em: <https://www.crowell.com/documents/Using-experts-in-Arbitration_Dispute-Resolution-Journal_Ruttinger-
Meadows.pdf>. Acesso em 8 jan. 2017.
352 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. a
ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 38.

353 LIMA, Alex Oliveira Rodrigues de. Arbitragem : um novo campo de trabalho. 2. ed., rev. e ampl., São Paulo : Iglu, 1998.
a

354 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 475.
a

355 BERALDO, Leonardo Faria. Curso de Arbitragem: nos termos da Lei n.º 9.307/96. São Paulo, 2014, p. 18.
356 Agravo Interno/AC 200351010236805 RJ 2003.51.01.023680-5. 5. Turma Especializada. E-DJF2R - Data::06/07/2012. Relator Desembargador Federal Guilherme Diefenthaeler.
a

357 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 277.
o a

358 SOUZA, Luciany. Aspectos gerais de arbitragem. Disponível em http://www.ambito-juridico.com.br, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
359 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o
125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 278.
360 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o
125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, pp. 277-278.

361 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 278.
o a

362 TIMM, Luciano Benetti. Os custos da arbitragem e o Poder Público. Disponível em http://ie.org.br/site/ieadm/arquivos/arqnot9470.pdf, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
363 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o
125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 279.

364 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o


125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 279.

365 DIDIER JÚNIOR, Fredie. Curso de direito processual civil: Introdução ao Direito Processual Civil, Parte Geral e Processo de Conhecimento. 17. ed., Salvador: Ed. JusPodivm, 2015, p. 175.
a

366 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 279.
o a

367 BRAGHETTA, Adriana. Confidencialidade é a regra geral na arbitragem. Disponível em http://www.conjur.com.br/2013-abr-19/adriana-bragheta-confidencialidade-regra-geral-arbitragem,


pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
368 BARCELLAR, Roberto Portugal. Mediação e arbitragem. São Paulo: Editora Saraiva, 2012, p. 209.
369 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014.
a

370 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009.
a

371 REsp 1297974/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi. 3.ª Turma, j. 12.06.2012, DJE.
372 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil, 39. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2003, v. 1.
a

373 TJSP - Apelação 0130332-32.2012.8.26.0100, Rel. José Marcos Marrone, São Paulo, 23.ª Câmara de Direito Privado, j. 17.10.2012, Registro: 19.10.2012. Outros números: 1303323220128260100
374 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5.ª ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014.
375 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 304.
o a

376 FREIRE, Alexandre. RODOVALHO, Thiago. CAHALI, Francisco José. Arbitragem. Estudos sobre a Lei n. 13.129, de 26-5-2015. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 465.
377 FREIRE, Alexandre. RODOVALHO, Thiago. CAHALI, Francisco José. Arbitragem. Estudos sobre a Lei n. 13.129, de 26-5-2015. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 463.
378 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 226.
o a

379 MARTINS, Pedro A. Batista. Da Ausência de Poderes Coercitivos e Cautelares do Árbitro. In: MARTINS, Pedro A. Batista; LEMES, Selma M. Ferreira; CARMONA, Carlos Alberto. Aspectos
fundamentais da lei de arbitragem. Rio de Janeiro: Forense, 1999. p. 364.
380 FREIRE, Alexandre. RODOVALHO, Thiago. CAHALI, Francisco José. Arbitragem. Estudos sobre a Lei n. 13.129, de 26-5-2015. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 465.
381 VIANNA, Durval. Comentário à lei de arbitragem. Rio de Janeiro : Adcoas, 1998. p. 28.
382 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5.
o a
ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 300; BACELLAR, Roberto
Portugal. Mediação e Arbitragem. Ed. São Paulo: Saraiva, 2012, Coleção saberes do direito, 53, p. 146.
383 CARNELUTTI, Francesco. Diritto e processo, Nápoles, Morano, 1953-1958, p. 109.
384 CÂMARA, Alexandre Freitas. Das Relações entre a Arbitragem e o Poder Judiciário. Revista Brasileira de Arbitragem. CBAr & IOB, Volume II, Issue 6, 2005, pp. 22-23.
385 CÂMARA, Alexandre Freitas. Das Relações entre a Arbitragem e o Poder Judiciário. Revista Brasileira de Arbitragem. CBAr & IOB, Volume II, Issue 6, 2005, p. 14.
386 CÂMARA, Alexandre Freitas. Das Relações entre a Arbitragem e o Poder Judiciário. Revista Brasileira de Arbitragem. CBAr & IOB, Volume II, Issue 6, 2005, p. 12.
387 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 377.
a

388 COUTURE, Eduardo J. Fundamentos del Derecho Procesal Civil, Buenos Aires, Ed. Depalma, 1981, p. 277.
389 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 377.
o

390 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 320.
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391 Como no direito italiano que intitula a sentença arbitral como “laudo”, a legislação argentina, paraguaia e uruguaia a chamam de “laudo” arbitral. Esse termo também era utilizado pelo CPC
brasileiro. Todavia, com a reforma da arbitragem de 1996, a lei brasileira adotou a expressão “sentença arbitral” para definir a decisão final dos árbitros. Certos autores criticam, no entanto, essa mudança de
terminologia, pois inspirados no direito francês e suíço, dizem que essa expressão acarreta uma assimilação ao julgamento de primeira instância que também é chamado de “sentença” CÂMARA, Alexandre
Freitas. Arbitragem. Lei n.º 9.307/96. 5.a ed., rev. ampl. e atual., Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009, p. 88.
392 LEE, João Bosco. Arbitragem comercial internacional nos países do Mercosul. 5.ª reimpr., Curitiba: Juruá, 2008, pp. 182-183.
393 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014, pp. 191-192.
a

394 BERALDO, Leonardo Faria. Curso de Arbitragem: nos termos da Lei n.º 9.307/96. São Paulo, 2014, p. 414.
395 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 319.
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396 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 192.
a

397 BERALDO, Leonardo Faria. Curso de Arbitragem: nos termos da Lei n.º 9.307/96. São Paulo, 2014, p. 416.
398 THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil, 39. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2003, v. 1, p. 470.
a

399 THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil, 39. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2003, v. 1, pp. 468-469.
a

400 MIRANDA, Pontes de. Tratado das ações. São Paulo: RT, 1970, t. I, pp. 118-122.
401 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. a
ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 193.

402 BERALDO, Leonardo Faria. Curso de Arbitragem: nos termos da Lei n.º 9.307/96. São Paulo, 2014, p. 414.
403 Art. 93. IX- todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos,
às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em caso de nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação.
404 BERALDO, Leonardo Faria. Curso de Arbitragem: nos termos da Lei n.º 9.307/96. São Paulo, 2014, p. 416.
405 Similar à extinção do processo sem resolução do mérito (CPC/2015).
406 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 319.
o a

407 BERALDO, Leonardo Faria. Curso de Arbitragem: nos termos da Lei n.º 9.307/96. São Paulo, 2014, p. 415.
408 Evidentemente com adequações, pois dispensada fundamentação além da referência ao acordo, e dispositivo restrito e pontual ao acolhimento do quanto estabelecido pelas partes, liberado o árbitro,
por óbvio, de resolver as questões que lhe foram submetidas, limitando-se a ratificar o quanto deliberado consensualmente a respeito do conflito.
409 Art. 34. (...) parágrafo único. Considera-se sentença arbitral estrangeira a que tenha sido proferida fora do território nacional.
410 STJ, 3.ª T., REsp n.º 1.231.554/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 24/05/2011, DJe 1º/06/20116.
411 LEE, João Bosco. Arbitragem comercial internacional nos países do Mercosul. 5.ª reimpr., Curitiba: Juruá, 2008, p. 193.
412 Brasil, art. 34, da Lei de Arbitragem; Uruguai, arts. 502 e 537.1, CGP.
413 LEE, João Bosco. Arbitragem comercial internacional nos países do Mercosul. 5.ª reimpr., Curitiba: Juruá, 2008, p. 193.
414 P. BELLET e E. MEZGER. “L’arbitrage international dans le nouveau Code de procédure civile”. Rev. Crit., 1981, p. 611; P. MAYER. “L’insertion de la sentence dans l’ ordre juridique français”.
In Droit et pratique de l’arbitrage international em France. p.103.
415 FOUCHARD. “L’arbitrage international em France aprés le décret du 12 mai 1981”. JDI, 1982, p. 375, em especial p. 403.
416 W. GOLDSCHMITD. Derecho international privado. p. 488, citado por H. Grigera NAÓN. In Ratificatión por la Argentina de la Conventión de Nueva York sobre reconocimiento y ejecución de
laudo arbitrales extranjeros. p. 882.
417 W. GOLDSCHMITD. Derecho international privado. p. 488, citado por H. Grigera NAÓN. In Ratificatión por la Argentina de la Conventión de Nueva York sobre reconocimiento y ejecución de
laudo arbitrales extranjeros. p. 883.
418 Les sentences arbitrales sont considérées comme internes quando elles sont rendues sur le territoire national, indépendamment du fait que les divers éléments intervenant dans le processus d
´arbitrage (parties, arbitres, loi choisie) puissent être étrangers”. C. A. MERSAN. L’arbitrage international au Paraguay. p. 71.
419 LEE, João Bosco. Arbitragem comercial internacional nos países do Mercosul. 5.ª reimpr., Curitiba: Juruá, 2008, pp. 194-195.
420 Espanha, Peru, Uruguai e Itália.
421 França, Bélgica e México.
422 Artigo 20.1 - O laudo ou sentença arbitral será escrito, fundamentado e decidirá completamente o litígio. O laudo ou sentença será definitivo e obrigatório para as partes e não admitirá recursos,
exceto os estabelecidos nos arts. 21 e 22.
423 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. a
ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 338.

424 BERALDO, Leonardo Faria. Curso de Arbitragem: nos termos da Lei n.º 9.307/96. São Paulo, 2014, pp. 417-418.
425 BERALDO, Leonardo Faria. Curso de Arbitragem: nos termos da Lei n.º 9.307/96. São Paulo, 2014, p. 418.
426 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 321.
o a

427 Centro de Arbitragem e Mediação da CCBC, art. 10.1; Regulamento da CCI, art. 24.1; Regulamento da CMA (Câmara de Mediação e Arbitragem de São Paulo), art. 13.1; Regulamento da SP-
Arbitral, art. 9.1.
428 Embora não seja propriamente uma arbitragem, com estrutura e regulamentos próprios para solução de controvérsias sobre o registro do domínio “.br”, de acordo com o Sistema Administrativo de
Conflitos de Internet Relativos a Nomes de Domínios de Primeiro Nível “.br”, o CAM-CCBC estima, o encerramento do procedimento no prazo de 90 (noventa) dias. www.ccbc.org.br/ccrd.asp, pesquisado
em 27 de dezembro de 2017.
429 Por exemplo, do Centro de Arbitragem e Mediação da CCBC outorgando ao presidente do tribunal arbitral a prerrogativa de dilatar por até 30 dias o prazo para ser proferida a sentença (art. 10.1.1),
e da CCI, permitindo a prorrogação por iniciativa da própria corte ou a pedido dos árbitros (art. 24.2). Neste particular, interessante a solução dada pela Lei espanhola: salvo convenção em contrário, o prazo
de seis meses (contados da contestação) poderá ser prorrogado pelos árbitros por um período não superior a dois meses, mediante decisão fundamentada (art. 37.2).
430 Como se verá, esta comunicação representa conditio sine qua non para se pretender a invalidação da sentença arbitral, e só pode ser invocado o vício por quem provocou a comunicação, não peal
outra parte.
431 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o
125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 322.

432 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 324.
o a

433 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 368.
a

434 BERALDO, Leonardo Faria. Curso de Arbitragem: nos termos da Lei n.º 9.307/96. São Paulo, 2014, p. 426
435 LEE, João Bosco. Arbitragem comercial internacional nos países do Mercosul. 5.ª reimpr., Curitiba: Juruá, 2008, p. 186.
436 O art. 806 do CPC paraguaio dispõe, entretanto, que os árbitros que julgam em equidade também devem respeitar as condições de validade previstas para o julgamento, sem que isto traga prejuízos
a sua faculdade de decidir em equidade.
437 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o
125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 324.

438 BERALDO, Leonardo Faria. Curso de Arbitragem: nos termos da Lei n.º 9.307/96. São Paulo, 2014, p. 426
439 CÂMARA, Alexandre Freitas. O novo processo civil brasileiro. 2. ed., São Paulo: Atlas, 2016, p. 393.
a

440 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 369.
a

441 BERALDO, Leonardo Faria. Curso de Arbitragem: nos termos da Lei n.º 9.307/96. São Paulo, 2014, p. 426
442 GUILHERME, Luiz Fernando do Vale Almeida. Manual de arbitragem. 3.ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 147.
443 GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado. 4.ª ed., São Paulo: Saraiva, 2014, p. 524.
444 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 210.
a

445 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 324.
o a

446 BERALDO, Leonardo Faria. Curso de Arbitragem: nos termos da Lei n.º 9.307/96. São Paulo, 2014, p. 426.
447 GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado. 4.ª ed., São Paulo: Saraiva, 2014, p. 524.
448 BERALDO, Leonardo Faria. Curso de Arbitragem: nos termos da Lei n.º 9.307/96. São Paulo, 2014, p. 426.
449 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 370.
a
450 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. a
ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 370.

451 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 324.
o a

452 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 210.
a

453 GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado. 4.ª ed., São Paulo: Saraiva, 2014, p. 1.578.
454 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 210.
a

455 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 335.
o a

456 A Lei Modelo UNCITRAL trata da decisão ultra ou extra petita, em seu art. 34 (2) (a) (iii), bem como a Convenção de Nova Iorque refere-se a estes pronunciamentos no art. V, (1) (c). Ambos os
regramentos são claros no sentido de que o árbitro não pode decidir fora dos parâmetros traçados na Convenção Arbitral. Por sua vez, José Emílio Nunes Pinto, em excelente artigo intitulado “Sentença
arbitral infra petita, extra petita ou ultra petita”, explica que é muito importante que se constate que os textos mencionados, cada um deles com uma destinação específica, convergem no ponto de preservar o
que contenha a sentença arbitral. Portanto, a regra é resgatar o que haja de bom em cada sentença arbitral, segregando-o da parte contaminada pelo vício de consentimento. JOBIIM, Eduardo; MACHADO,
Rafael Bicca (Coord.). Arbitragem no Brasil – Aspectos jurídicos relevantes. São Paulo: Quartier Latin, 2008, p. 260.
457 Não basta que a decisão judicial seja clara e direta; é necessário que ela seja concludente, e dizer, que haja uma vinculação lógica entre tudo o que se narrou no relatório os fundamentos lançados na
motivação e a conclusão alcançada no dispositivo. DIDIER JÚNIOR, Fredie. Curso de direito processual civil: Introdução ao Direito Processual Civil, Parte Geral e Processo de Conhecimento. 17.a ed.,
Salvador: Ed. JusPodivm, 2015, p. 337.
458 BERALDO, Leonardo Faria. Curso de Arbitragem: nos termos da Lei n.º 9.307/96. São Paulo, 2014, p. 427.
459 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 372.
a

460 Registra-se um dado histórico de que a competência para homologação da sentença estrangeira era inicialmente do STF. Contudo, com a Emenda Constitucional de n.º 45, de 2004, ocorreu a
transferência dessa titularidade ao STJ.
461 BERALDO, Leonardo Faria. Curso de Arbitragem: nos termos da Lei n.º 9.307/96. São Paulo, 2014, p. 427.
462 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 372.
a

463 WLADECK, Felipe Scripes. Meios de controle judicial da sentença arbitral nacional. Dissertação (Mestrado em Direito). Faculdade de Direito da USP, São Paulo, 2013, p. 23.
464 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 335.
o a

465 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o


125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 335.
466 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o
125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 338.

467 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o


125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 337.
468 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o
125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 338.

469 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 339.
o a

470 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 149.
a

471 ZAVASCKI, Teori Albino. Sentenças declaratórias, sentenças condenatórias e eficácia executiva dos julgados, DIDIER JÚNIOR, Fredie. Curso de direito processual civil: Introdução ao Direito
Processual Civil, Parte Geral e Processo de Conhecimento. 17.a ed., Salvador: Ed. JusPodivm, 2015, p. 34 apud SCAVONE JUNIOR, Luiz Antonio. Manual de arbitragem. 5. ed. rev., atual. e ampl. Rio de
Janeiro: Forense, 2014, p. 150.
472 ARAÚJO, Edgar Luiz de. Sentença Arbitral - efeitos no judiciário. Âmbito Jurídico, 2014. Disponível em: http://www.ambito-juridico.com.br/site/?
n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=15046, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
473 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 149.
a

474 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 340.
o a

475 LESSA NETO. João Luiz. Execução de sentença arbitral e a multa do artigo 475-J do CPC de 1973 e o disposto no artigo 520, parágrafo 1.º do CPC/15. Disponível em
http://www.migalhas.com.br, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
476 LESSA NETO. João Luiz. Execução de sentença arbitral e a multa do artigo 475-J do CPC de 1973 e o disposto no artigo 520, parágrafo 1.º do CPC/15. Disponível em
http://www.migalhas.com.br, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
477 Superior Tribunal de Justiça, Núcleo de Repercussão Geral e Recursos Repetitivos – NURER. Coordenadoria de Repercussão Geral e Recursos Repetitivos – CRER. Principais Recursos
Repetitivos Julgados em 2015. Disponível em http://s.conjur.com.br/dl/retrospectiva-principais-recursos.pdf, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
478 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. o
ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 38.

479 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 198.
a

480 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 346.
o a

481 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o


125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 346.
482 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o
125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 348.

483 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. a


ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 149.
484 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. a
ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 197.

485 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 200.
a

486 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 349.
o a

487 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 350.
o a

488 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 191.
a

489 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 351.
o a

490 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 192.
a

491 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o


125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 352.
492 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o
125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 353.

493 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 194.
a

494 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 354.
o a

495 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o


125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 355.
496 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o
125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 356.

497 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 357.
o a

498 As partes envolvidas na disputa poderão, de comum acordo, fixar previamente na Convenção de Arbitragem (Cláusula Compromissória ou Termo de Compromisso Arbitral), ou, em termo aditivo
ou complementar ao início da instituição da arbitragem, o prazo em que a sentença do árbitro, ou do Tribunal arbitral, deva ser proferida, desde que tal prazo conte com a expressa ou tácita anuência do
árbitro, ou do tribunal arbitral, que aceitar(em) a missão de arbitrar(em) o conflito.(Reforma Da Lei De Arbitragem – Comentários ao texto completo – OAB, p. 66.)
499 Espera-se, dado o relacionamento entre os litigantes e por força do princípio da boa-fé que deve portar o comportamento daqueles que escolhem a via alternativa para a solução de controvérsia, que
o laudo seja espontaneamente cumprido, sem a necessidade de intervenção do Poder Judiciário. CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3.o ed., rev. atual. e
ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 381.
500 À obrigação moral carreada à parte sucumbente, de cumprir o laudo que lhe é desfavorável, somam-se, portanto, vários outros elementos de pressão, que estão longe de ser qualificados como
meramente psicológicos. O Primeiro deles pode ser vislumbrado na imagem negativa formada em relação ao inadimplente; (...) o terceiro concretiza-se nas sanções corporativas. CARMONA, Carlos Alberto.
Arbitragem e Processo: um comentário à lei 9.307/96. 3.ª ed., Atlas, 2009, p. 381.

501 Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do
exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver.
502 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. a
ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014, pp. 151-152.

503 Por conta disso, será sempre preciso ter em mente a necessidade de que o interessado ajuíze uma petição inicial para formular sua demanda executiva e, preenchendo ela todos os seus requisitos,
será determinada a citação do demandado (art. 515, § 1.o) para o regular desenvolvimento do procedimento executivo. CÂMARA, Alexandre Freitas. O novo processo civil brasileiro. 2.a ed., São Paulo: Atlas,
2016.
504 Com efeito, diferente da discussão existente quanto ao termo inicial do prazo de quinze dias para o cumprimento da sentença judicial, tratando-se de sentença arbitral, aquele contra quem é
proferida será dela intimado, nos termos do art. 29 da Lei de Arbitragem, e deve cumprir o julgado, equiparado à sentença judicial transitada em julgado (art. 31, da Lei de Arbitragem). Portanto, o
cumprimento espontâneo deve se dar no prazo de quinze dias contados do recebimento da comunicação da sentença arbitral. Se o condenado não o fizer, tratando-se de sentença condenatória por quantia
certa, sofrerá a sanção decorrente da multa de dez por cento do valor da condenação. SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5.a ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014, pp.
151-152.
505 Resp n.º 1102460.
506 Ultrapassado in albis o prazo de quinze dias, o credor deverá instruir o pedido de execução da obrigação de pagar quantia certa constante do título executivo judicial (art. 515, VII, do CPC) com
cópia do processo arbitral bem como o demonstrativo de crédito (art. 524, do CPC), incluindo a multa de 10% (dez por cento) e requerendo, além da citação, a expedição de mandado de penhora e avaliação.
SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5.a ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014.

507 CÂMARA, Alexandre Freitas. O novo processo civil brasileiro. 2. ed., São Paulo: Atlas, 2016.
a

508 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014, pp. 151-152.
a

509 Por conta disso, será sempre preciso ter em mente a necessidade de que o interessado ajuíze uma petição inicial para formular sua demanda executiva e, preenchendo ela todos os seus requisitos,
será determinada a citação do demandado (art. 515, § 1.o) para o regular desenvolvimento do procedimento executivo. CÂMARA, Alexandre Freitas. O novo processo civil brasileiro. 2.a ed., São Paulo: Atlas,
2016.
510 MEDINA, José Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil Comentado. 5. a
ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017, p. 243.

511 ROQUE, André Vasconcelos. http://jota.uol.com.br/as-armadilhas-dos-prazos-no-novo-cpc, pesquisado em 05 de janeiro de 2018.


512 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.
o a

513 Direito Processual Civil. Multa do art. 475-J do CPC em cumprimento de sentença arbitral. Recurso Repetitivo (Art. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ) Tema 893. Disponível em:
http://www.stj.jus.br/SCON/Jurisprudencia/toc/jsp?livre=20088022558447.REG, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
514 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o
125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 362.

515 DELLORE, Luiz. Aspectos da multa diária no novo CPC. Disponível em: http//:jota.info/artigos/aspectos-da-multa-diaria-no-novo-cpc-14122015, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
516 TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil. Rio de Janeiro: Forense, 2014, pp. 335-336.
517 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 397.
a

518 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, pp. 348-349.
o a

519 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 374.
o a

520 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 171.
a

521 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. a
ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 381.
522 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. a
ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 381.

523 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. a


ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 160
524 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. a
ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 160

525 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 375.
o a

526 COUTO, Leonardo Lício. Parecer 58/PGF/LLC/2008. Processo Administrativo 00407.001306/2009-57. Disponível em http://webcache.googleusercontent.com/search?
q=cache:Vm3O0xzZ_twJ:www.agu.gov.br/page/download/index/id/25049633+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.

527 CUNHA, Leonardo Carneiro. A Arbitragem e a Administração Pública. Disponível em http://www.leonardocarneirodacunha.com.br/opiniao/opiniao-47-a-arbitragem-e-a-administracao-publica-2/,


pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
528 DALLARI, Adilson Abreu. Acordo para recebimento de crédito perante a Fazenda Pública. Disponível em http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/view/43866/44724, pesquisado em
27 de dezembro de 2017.
529 SCHMIDT, Gustavo da Rocha. A Arbitragem nos conflitos envolvendo a Administração Pública: Uma proposta de regulamentação. Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre em
Direito de Regulação pela Fundação Getúlio Vargas – FGV/Direito. Rio de Janeiro, 2016.
530 WILLEMAN, Flávio de Araújo. Acordos Administrativos, decisões arbitrais e pagamentos de condenações pecuniárias por precatórios judiciais. Disponível em
http://download.rj.gov.br/documentos/10112/392202/DLFE-26509.pdf/07ArcodosAdministrativosDecisoesArbitrais.pdf, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
531 DALLARI, Adilson Abreu. Acordo para recebimento de crédito perante a Fazenda Pública. Disponível em http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/view/43866/44724, pesquisado em
27 de dezembro de 2017.
532 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o
125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 384.

533 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o


125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 388.
534 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o
125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 389.

535 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o


125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.
536 TJSP – Apelação n.º 12011921-88.2014.8.26.0602.
537 REsp 693.219/PR, Rel. Ministra Nancy Andrighi, 3. Turma, julgado em 19/04/2005, DJ 06/06/2005, p. 327.
a

538 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009.
a

539 COELHO, Fábio Ulhôa. Curso de Direito Comercial: direito de empresa. 8. ed., São Paulo: Saraiva, 2008, vol. 3.
a

540 TEIXEIRA, Tarcísio. A recuperação judicial de empresas. Disponível em: www.revistas.usp.br/rfdusp/article/viewFile/67943/70551. pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
541 COELHO, Fábio Ulhôa. Curso de Direito Empresarial. 23. a
ed., São Paulo: Saraiva, 2011.
542 STJ, MC 14.295-SP, Rel. Min.Nancy Andrighi, DJe: 13/06/2008. Superior Tribunal de Justiça. Medida Cautelar n.o14.295-SP. Relatora: Min. Nancy Andrighi. Pesquisa de jurisprudência, decisão
monocrática, 13/06/2008. Disponível em: http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=mc+14.295+procedimento+arbitral&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true, pesquisado em 27 de dezembro
de 2017.
543 SOARES, Pedro Silveira Campos. A Arbitragem e os procedimentos concursais: o princípio da autonomia da vontade e as normas de ordem pública. Disponível em:
http://www.fmd.pucminas.br/Virtuajus/2_2010/discentes/A%20ARBITRAGEM%20E%20OS%20PROCEDIMENTOS%20CONCURSAIS%20o%20princIpio%20da%20autonomia%20da%20vontade%20e%20as%20normas%20de%20ord
pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
544 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. a
ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014.

545 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial e de empresa. 3.ª ed., São Paulo: Saraiva, 2008, vol. 3.
546 STJ, MC 14.295, Rel. Min. Nancy Andrighi, 2008.
547 TJSP, Câmara Especial de Falências e Recuperações Judiciais, Agravo de Instrumento 5310204300 – São Paulo, Rel. Des. Pereira Calças, j. 25.06.2008.
548 FARIA, Luís Cláudio Furtado; COZER, Felipe Rodrigues. A Arbitragem e a Recuperação Judicial. Um Estudo sobre a Convivência e Possíveis Conflitos entre os Institutos. Revista de Arbitragem
e Mediação - RArb, ano 8, vol. 31, Out.-Dez., 2011. p. 250.
549 SCAVONE JÚNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. ed., rev. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014.
a

550 CRIPPA, Carla de Vasconcellos. Recuperação judicial, falência e arbitragem. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, vol. 8, n. o
29.

551 PINTO, José Emílio Nunes. A arbitragem na recuperação de empresas. Revista Jus Navigandi, Teresina, Ano 10, n . 780, 22.8.2005. Disponível em: http://jus.com.br/artigos/7170/a-arbitragem-na-
o

recuperacao-de-empresas, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.


552 MARTINS, Pedro Batista. Aspectos jurídicos da arbitragem comercial no Brasil. São Paulo: Lumen Juris, 1990, p. 1.
553 Art. 109. §3.º. O estatuto da sociedade pode estabelecer que as divergências entre os acionistas e a companhia, ou entre os acionistas controladores e os acionistas minoritários, poderão ser
solucionadas mediante arbitragem, nos termos em que especificar.
Art. 136-A. A aprovação da inserção de convenção de arbitragem no estatuto social, observado o quorum do art. 136, obriga a todos os acionistas, assegurado ao acionista dissidente o direito de retirar-se
da companhia mediante o reembolso do valor de suas ações, nos termos do art. 45. § 1o A convenção somente terá eficácia após o decurso do prazo de 30 (trinta) dias, contado da publicação da ata da
assembleia geral que a aprovou. § 2o O direito de retirada previsto no caput não será aplicável: I - caso a inclusão da convenção de arbitragem no estatuto social represente condição para que os valores
mobiliários de emissão da companhia sejam admitidos à negociação em segmento de listagem de bolsa de valores ou de mercado de balcão organizado que exija dispersão acionária mínima de 25% (vinte e
cinco por cento) das ações de cada espécie ou classe; II - caso a inclusão da convenção de arbitragem seja efetuada no estatuto social de companhia aberta cujas ações sejam dotadas de liquidez e dispersão no
mercado, nos termos das alíneas “a” e “b” do inciso II do art. 137 desta Lei.
554 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 97.
o a

555 SILVA, Eduardo Silva da. Arbitragem no direito da empresa. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003, pp. 43-44.
556 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009.
a

557 STJ - MS: 11308 DF 2005/0212763-0, Relator Ministro Luiz Fux, Data de Julgamento 09/04/2008, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação 19.05.2008, p. 1.
558 NOGUEIRA, Enrico Ferrari. A arbitragem e sua utilização na administração pública. Disponível em: www.agu.gov.br/page/download/index/id/692918, pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
559 FRIEDE, Reis. Vícios de capacidade subjetiva do julgador: do impedimento e da suspeição do Magistrado. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p.61/64. O professor aponta os conceitos clássicos e os
atuais entendimentos acerca do vocábulo jurisdição.
560 CINTRA, Antonio Carlos de Araújo. DINAMARCO, Cândido Rangel e GRINOVER, Ada Pellegrini. Teoria Geral do Processo. 19.ª ed., São Paulo: Malheiros, 2003, p. 131.
561 Justiça em Números 2017: ano-base 2016/Conselho Nacional de Justiça. Brasília: CNJ, 2017, p. 67.
562 MONTENEGRO, Manuel. CNJ divulga dados sobre nova população carcerária brasileira. Disponível em: http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/61762-cnj-divulga-dados-sobre-nova-populacao-
carceraria-brasileir, acesso em 05 jun. 2017.
563 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo Curso de Processo Civil. Tutela de Direitos mediante o procedimento comum. Volume 2., São Paulo: RT,
2015, p. 173.
564 COSTA E SILVA, Paula. A Nova Face da Justiça. Os Meios Extrajudiciais de Resolução de Controvérsias. Lisboa: Coimbra Editora, 2009, p. 19
565 CAPPELLETTI, Mauro. Processo, Ideologias e Sociedade. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 2010, p. 183.
566 COSTA E SILVA, Paula. A Nova Face da Justiça. Os Meios Extrajudiciais de Resolução de Controvérsias. Lisboa: Coimbra Editora, 2009, p. 35.
567 NUNES, Dierle; TEIXEIRA, Ludmila. Acesso à justiça democrático. Brasília: Gazeta Jurídica, 2013, p. 67.
568 CUNHA, Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em juízo. 14.ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2017, p. 1.
569 CUNHA, Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em juízo. 14.ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2017, p. 1.
570 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 23ª ed. São Paulo: Malheiros, 1998, p. 590.
571 No contexto de ampliação da utilização de métodos alternativos de resolução de conflitos, insere-se a criação em 2007 (art. 11, da Medida Provisória n.º 2.180-35/2001), no âmbito da Advocacia
Geral da União, da Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal – CCAF, uma instituição de caráter permanente com o fim de conciliar órgãos e entidades da União, seja diretamente ou
supervisionando outros órgãos dela encarregados.
572 HIGA, Alberto Shinji. Notas sobre o uso da arbitragem pela Administração Pública. Revista Brasileira de Direito Público. Belo Horizonte, ano 13 – n.º 50 julho/setembro, 2015, pp. 142-145.
573 HIGA, Alberto Shinji. Notas sobre o uso da arbitragem pela Administração Pública. Revista Brasileira de Direito Público. Belo Horizonte, ano 13 – n.º 50 julho/setembro, 2015, pp. 145-149
574 não significa que os interesses estatais devem prevalecer sobre os dos administrados, mas que o interesse público, definido a partir da ponderação, deve prevalecer em certa atividade concreta sobre
interesses isolados, sejam particulares, sejam estatais. Assim, sugere-se falar não em supremacia do interesse público sobre o privado, mas simplesmente em supremacia do interesse público, já que este pode
representar a proteção a um interesse de um ou alguns administrados apenas. In RODRIGUES, Marco Antonio. A Fazenda Pública no processo civil. São Paulo: Atlas, 2016, p. 10-11.
575 BARREIROS, Lorena Miranda Santos. Convenções Processuais e Poder Público. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 49.
576 CABRAL, Antonio do Passo; Nogueira, Pedro Henrique Pedrosa. Negócios processuais. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 19.
577 CUNHA, Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em juízo. 14ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017, p. 664.
578 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 28.ª ed., São Paulo: Atlas, 2015, p. 31.
579 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 28.ª ed., São Paulo: Atlas, 2015, p. 32.
580 MIRAGEM, Bruno. A nova administração pública e o direito administrativo. 2.ª ed., São Paulo, RT, 2013, p. 36.
581 MIRAGEM, Bruno. A nova administração pública e o direito administrativo. 2.ª ed.. São Paulo, RT, 2013, pp. 35-36.
582 MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 27. ed., São Paulo: Malheiros, 2010. p. 122.
a

583 SCHIRATO, Vitor Rhein; PALMA, Juliana Bonacorsi de. Consenso e Legalidade: vinculação da atividade administrativa consensual do direito. Revista Eletrônica sobre a Reforma do Estado
(RERE), Salvador, Instituto Brasileiro de Direito Público, n.º 24, dez./jan./fev. 2011. Disponível em: http://www.direitodoestado.com/revista/RERE-24-DEZEMBRO-JANEIRO-FEVEREIRO-2011-VITOR-
JULIANA.pdf, acesso em 09 de julho de 2017.
584 É uma série de 85 artigos que argumentam para ratificar a Constituição dos Estados Unidos. É o resultado de reuniões que ocorreram na Filadélfia em 1787, para elaborar a Constituição Americana,
e renderam vários artigos publicados em Nova York com o intuito de ratificar a Constituição Americana.
585 BOBBIO, Norberto; MATTEUCI, Nicola; e PASQUINO, Gianfranco. Trad. VARRIALE, Carmen et al; coord. trad. FERREIRA, João. Dicionário de Política. 10.ª ed., Editora Universidade de
Brasília, 1997, p. 481.
586 BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 5.ª ed., São Paulo: Saraiva, 2010, p. 891.
587 BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 5.ª ed., São Paulo: Saraiva, 2010, p. 895.
588 BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 5.ª ed., São Paulo: Saraiva, 2010, p. 895.
589 RAMOS, Dircêo Torrecillas. O federalismo assimétrico. Rio de Janeiro: Forense, 2000, p. 58.
590 ARAÚJO, Marcelo Labanca Corrêa de. Jurisdição constitucional e federação: o princípio da simetria na jurisprudência do STF. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009, p. 12.
591 SCHMITT, Carl. Teoria de la Constitución. Madrid: Alianza Editorial, 1982, p. 352.
592 GODOY, Arnaldo Sampaio de Moraes. Domesticando o Leviatã: litigância intragovernamental e presidencialismo de articulação institucional. Brasília, 2013, p. 6.
593 GODOY, Arnaldo Sampaio de Moraes. Domesticando o Leviatã: litigância intragovernamental e presidencialismo de articulação institucional. Brasília, 2013, p. 6.
594 GODOY, Arnaldo Sampaio de Moraes. Domesticando o Leviatã: litigância intragovernamental e presidencialismo de articulação institucional. Brasília, 2013, p. 76.
595 GODOY, Arnaldo Sampaio de Moraes. Domesticando o Leviatã: litigância intragovernamental e presidencialismo de articulação institucional. Brasília, 2013, p. 74.
596 GODOY, Arnaldo Sampaio de Moraes. Domesticando o Leviatã: litigância intragovernamental e presidencialismo de articulação institucional. Brasília, 2013, p. 78
597 Dicionário Michaelis online. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/conflito/> Acesso em 26. dez. 2017.
598 BRASIL. Lei nº 13.105 de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Diário Oficial da União, Brasília 17 de março de 2015.
599 COELHO. Meire Lúcia Monteiro Mota; LÚCIO, Magda de Lima. A advocacia pública federal nas metas do centenário: a mediação como instrumento de gestão. Revista de Direito dos Advogados
da União, Brasília, v. 9, n.º 9, p. 11-24, out. 2010. Disponível em: http://bdjur.stj.jus.br/dspace/handle/2011/63003, acesso em 26 dez 2017.

600 A apresentação do contexto histórico tem por base a 3ª edição da Cartilha lançada pela AGU sobre a Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal – CCAF no ano de 2012. AGU.
Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal. 3.ª ed., Disponível em:
file:///C:/Users/USUARIO/Downloads/cartilha_da_camara_de_conciliacao_e_arbitragem_da_administracao_federal%20(4).pdf, acesso em 30 dez. 2017.
601 Esse tópico reúne informações contidas na 3.ª ed. da Cartilha lançada pela AGU sobre a Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal – CCAF no ano de 2012.
602 Esse tópico tem por base as informações contidas na 3.ª ed. da Cartilha lançada pela AGU sobre a Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal – CCAF no ano de 2012.
603 FERRAÇO, Ricardo de Rezende. Projeto de Lei do Senado n.º 517, de 2011. Institui e disciplina o uso da mediação como instrumento para a prevenção e solução consensual de conflitos.
Disponível em: http://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?dm=2947679&disposition=inline, acesso em 28 dezembro 2017.
604 CALHEIROS. José Renan Vasconcelos. Projeto de Lei do Senado n.º 405, de 2013. Dispõe sobre a mediação extrajudicial. Disponível em: http://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?
dm=2930478&disposition=inline, acesso em 28 dezembro de 2017.
605 Art. 166. A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da independência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da
decisão informada.
606 Art. 2.º A mediação será orientada pelos seguintes princípios: I - imparcialidade do mediador; II - isonomia entre as partes; III - oralidade; IV - informalidade; V - autonomia da vontade das partes;
VI - busca do consenso; VII - confidencialidade; VIII - boa-fé.
607 BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo: Malheiros, 2010, p. 69.
608 BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo: Malheiros, 2010, pp. 56-57.
609 BINENBOJM, Gustavo. Uma teoria do direito administrativo: direitos fundamentais, democracia e constitucionalização. 3.ª ed., Rio de Janeiro: Renovar, 2004, pp. 25-26.
610 SARMENTO, Daniel. Interesses públicos vs. Interesses Privados: desconstruindo o princípio de supremacia do interesse público. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005, p. vii-xviii.
611 MAROLLA, Eugenia Cristina Cleto. A arbitragem e os contratos da administração pública. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2016, pp. 156-157.
612 LEATHERBURY, Thomas S.; COVER, Mark. Mediation public: exploring the conflict between confidential mediation and open government. SMU Law Review, n.º 46, 1993, p. 2229.
613 PEIXOTO, Ravi. Coord. ZANETI JUNIOR, Hermes; CABRAL, Trícia Navarro Xavier. Justiça Multiportas: mediação, conciliação, arbitragem e outros meios de solução adequada de conflitos.
Salvador: Juspodivm, 2017, p. 100.
614 ARAÚJO, Marcelo Labanca Corrêa de. Jurisdição constitucional e federação: o princípio da simetria na jurisprudência do STF. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009, p. 63.
615 ARAÚJO, Marcelo Labanca Corrêa de. Jurisdição constitucional e federação: o princípio da simetria na jurisprudência do STF. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009, p. 63.
616 BRASIL. Portaria nº 018, de 11 de julho de 2014. Consultoria-Geral da União. Diário Oficial da União de 11 de julho de 2014.
617 BRASIL. Lei nº 13.129, de 26 de maio de 2015. Altera a Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996. DOU de 27.5.2015. Art. 1º As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para
dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis. § 1.º A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis. §
2.º A autoridade ou o órgão competente da administração pública direta para a celebração de convenção de arbitragem é a mesma para a realização de acordos ou transações.
618 GONÇALVES, Marcos Alberto Rocha. Arbitragem no Direito de Família: Uma apreciação dos limites e possibilidades. In: Cadernos da Escola de Direito e Relações Internacionais da
UNIBRASIL, Curitiba: 2011, n.º 14, p. 252, disponível em http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/arbitragem-no-direito-de-fam%C3%ADlia-uma-aprecia%C3%A7%C3%A3o-dos-limites-e-possibilidades,
pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
619 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o
125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, pp. 432-433.

620 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 56.
o

621 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 433.
o a

622 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o


125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 434.
623 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o
125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 435.

624 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o


125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 435.
625 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o
125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 435.

626 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o


125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 436.
627 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o
125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 436.

628 TARTUCE, Flávio; SIMÃO, José Fernando. Direito Civil. Direito das Sucessões. 6. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2013, p. 31.
a

629 Art. 2.015. Se os herdeiros forem capazes, poderão fazer partilha amigável, por escritura pública, termo nos autos do inventário, ou escrito particular, homologado pelo juiz.
630 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o
125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 438.
631 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o
125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 439.

632 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. 125/2010: mediação e conciliação. 5. ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 438.
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634 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o
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637 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 15.
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638 STRENGER, Irineu. Curso de Direito Internacional Privado. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 1978, p. 396.
639 RODAS, João Grandino. Elementos de conexão no direito internacional privado brasileiro relativamente às obrigações contratuais. In: Rodas, João Grandino (coord.).Contratos internacionais. 3.a
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125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 449.
642 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o
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643 LEE João Bosco. A Lei n.º 9.307/96 e o direito aplicável ao mérito do litígio na arbitragem comercial internacional. Revista de Direito Bancário e do Mercado de Capitais. jan. 2001. vol. 11, p.
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644 LEMES, Selma Ferreira; BALBINO, Inez (coord.). Arbitragem. Temas Contemporâneos. São Paulo: Quartier Latin, 2012, p. 231
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648 BITTAR, Eduardo C. B. A Justiça em Aristóteles. 2. ed., Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001, p. 139.
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649 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. a
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650 REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. São Paulo: Ed. Saraiva, 1976, p. 299.
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653 STRENGER, Irineu. Direito do Comércio Internacional e Lex Mercatoria. São Paulo: LTr, 1996, p. 145.
654 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei n.º 9.307/96. 3. ed., rev. atual. e ampl., São Paulo: Atlas, 2009, p. 74.
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655 LEMES, Selma Ferreira; BALBINO, Inez (coord.) . Arbitragem. Temas Contemporâneos. São Paulo: Quartier Latin, 2012, p. 235.
656 Superior Tribunal de Justiça, Recurso Especial n.º 1.231.544/RJ, 24.11.2011.
657 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado, 7.ª ed., Salvador: Editora JusPodivm, p.725.
658 MARTINS, Pedro A. Batista; LEMES, Selma M. Ferreira; CARMONA, Carlos Alberto. Aspectos Fundamentais da Lei de Arbitragem, Rio de Janeiro: Editora Forense, 1999, p. 440.
659 DONIZETTI, Elpídio. Curso Didático de Direito Processual Civil. 19.ª ed., São Paulo: Atlas, 2016.
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662 DONIZETTI, Elpídio. Curso Didático de Direito Processual Civil. 19.ª ed., São Paulo: Atlas, 2016, pp. 1352-1353.
663 SILVA, Samuel Santos da. Lex mercatoria fonte normativa para resolução dos conflitos do comércio internacional. Disponível em: http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=17116,
pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
664 SILVA, Samuel Santos da. Lex mercatoria fonte normativa para resolução dos conflitos do comércio internacional. Disponível em: http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=17116,
pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
665 ZANINI, Glayara Dulce; VAZ, Wanderson Lago. Arbitragem internacional. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 19, n.o4099, 21 set. 2014. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/32082,
pesquisado em 27 de dezembro de 2017.
666 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o
125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.

667 CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: Resolução CNJ n. o


125/2010: mediação e conciliação. 5.a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.

(*) § 2.º. Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só terá eficácia se o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar, expressamente, com a sua instituição, desde que por
escrito em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou visto especialmente para essa cláusula.

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