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FICHAMENTO DO CASO XIMENES LOPES versus BRASIL

Aluna:Thais Kétura Borges de Lima

O Brasil foi réu da Corte Interamericana de Direitos Humanos no caso


Damião Ximenes Lopes. Um idoso que morreu na clínica psiquiátrica Guararapes
pertencente ao SUS e localizada no Ceará. Foram constatados maus tratos,
violação do direito à vida, desrespeito dos direitos e da dignidade humana, violação
a integridade física, uso de sujeição exacerbada, dentre outros fatores que levaram
a Corte ao convencimento de que o Brasil fosse condenado por isso. Pois como
Estado, e em se tratando de clínica estatal que lida com deficientes mentais o país
deveria cuidar, regular e fiscalizar., investigar o caso e garantir a observação dos
Direitos Humanos. O Estado detinha o dever direto de zelar pela observância dos
direitos fundamentais do Sr. Damião Ximenes Lopes. O Brasil violou o artigo 1.1, o
parágrafo 1 do artigo 4 e o artigo 5 da Convenção Americana.
A Corte também alegou que o Brasil violou um preceito a integridade
psíquica da família da vítima, seus pais e seus dois irmãos. Diante da morte de
Damião parte de sua família sofreu depressão, alguns abandonaram seus
empregos por não terem condições para continuarem trabalhando, o pai ficou com u
intenso desejo de vingança, a mãe não queria mais viver, seu irmão entrou em
choque e chegou a perder o emprego, sua irmã não conseguiu amamentar a filha,
teve depressão e chegou a dedicar cerca de 6 anos para acompanhar judicialmente
o caso e levá-lo até a Corte. Todos os 4 sofreram danos pela perda do ente querido
e tais danos afetaram sua integridade pessoal. O Estado, portanto, tem
responsabilidade pela violação da integridade pessoal dessa família.
O Brasil negligenciou a investigação do caso Damião Ximenes Lopes,
decorridos 6 anos nenhuma sentença foi proferida. O inquérito policial demorou
para ser instalado, a perícia foi imprecisa, a causa da morte “indeterminada”. Não
se ouviram as testemunhas oculares e tampouco os acusados. Apesar da
contribuição incansável da família da vítima a polícia e o ministério público não
avançaram nas investigações. Com o decurso do tempo o caso foi ficando cada vez
mais complicado de se investigar, provas foram perdidas e grande foi a inércia do
judiciário. Os responsáveis não foram punidos. O Estado precisa não apenas
cumprir as formalidades do devido processo, mas realmente buscar a verdade real,
em um tempo razoável, apurando os fatos e submetendo a julgamento, coisa que
não ocorreu no caso em tela.
Toda a fase de investigação policial do caso foi comprometida, pois não
começou imediatamente após o fato, mas apenas um mês depois. O médico que
deu o laudo sobre a morte não foi preciso em suas descrições do cadáver e mais
tarde a necropsia também falhou ao não avaliar o cérebro da vítima. Uma série de
erros se sucederam e claramente houve negligência na apuração dos fatos o que
prejudicou demasiadamente a investigação. A Corte condenou o Estado nos artigos
8.1 e 25.1 da Convenção Americana.
A família da vítima solicitou reparação material e moral por meio de
indenização. Tendo em vista os prejuízos financeiros e psíquicos que sofreram por
causa da morte de Ximenes Lopes. O Brasil fez sua defesa alegando que já estava
reparando alguns danos e que outros inexistiam. Mas a comissão americana deu
seu parecer dizendo serem cabíveis as indenizações pretendidas pelos familiares.
Por último o Tribunal fez sua sentença ponderando alguns valores e determinando
uma reparação razoável à família Ximenes Lopes.
Dentro da reparação o Estado Brasileiro adotou posturas visando sanar a
política psiquiátrica do país, adotando medidas de fiscalização, programas como os
CAPS, promovendo seminários sobre Saúde Mental, nomeando uma sala com o
nome de Damião Ximenes Lopes. O Estado reconheceu as violações feitas à vítima
dentro do SUS. O fato do Brasil de submeter a tal Corte trouxe então vários
benefícios na política de saúde do país. O caso foi um marco de mudança no país e
trouxe avanço na questão psiquiátrica interna do Brasil.
Infelizmente casos como esse existiram e talvez ainda existam no Brasil,
mas o importante papel da Corte Interamericana de Direitos Humanos pode trazer
significativo impacto e repressão na violação da integridade pessoal de pacientes
com doenças mentais. A Corte foi muito equilibrada em sua sentença cujos
principais pontos elenco abaixo:
6. O Estado deve garantir, em um prazo razoável, que o processo interno destinado
a investigar e sancionar os responsáveis pelos fatos deste caso surta seus devidos
efeitos, nos termos dos parágrafos 245 a 248 da presente Sentença.
7. O Estado deve publicar, no prazo de seis meses, no Diário Oficial e em outro
jornal de ampla circulação nacional, uma só vez, o Capítulo VII relativo aos fatos
provados desta Sentença, sem as respectivas notas de pé de página, bem como
sua parte resolutiva, nos termos do parágrafo 249 da presente Sentença.
8. O Estado deve continuar a desenvolver um programa de formação e capacitação
para o pessoal médico, de psiquiatria e psicologia, de enfermagem e auxiliares de
enfermagem e para todas as pessoas vinculadas ao atendimento de saúde mental,
em especial sobre os princípios que devem reger o trato das pessoas portadoras de
deficiência mental, conforme os padrões internacionais sobre a matéria e aqueles
dispostos nesta Sentença, nos termos do parágrafo 250 da presente Sentença.
9. O Estado deve pagar em dinheiro para as senhoras Albertina Viana Lopes e
Irene Ximenes Lopes Miranda, no prazo de um ano, a título de indenização por
dano material, a quantia fixada nos parágrafos 225 e 226, nos termos dos
parágrafos 224 a 226 da presente Sentença.
10. O Estado deve pagar em dinheiro para as senhoras Albertina Viana Lopes e
Irene Ximenes Lopes Miranda e para os senhores Francisco Leopoldino Lopes e
Cosme Ximenes Lopes, no prazo de um ano, a título de indenização por dano
imaterial, a quantia fixada no parágrafo 238, nos termos dos parágrafos 237 a 239
da presente Sentença.
11. O Estado deve pagar em dinheiro, no prazo de um ano, a título de custas e
gastos gerados no âmbito interno e no processo internacional perante o sistema
interamericano de proteção dos direitos humanos, a quantia fixada no parágrafo
253, a qual deverá ser entregue à senhora Albertina Viana Lopes, nos termos dos
parágrafos 252 e 253 da presente Sentença.
12. Supervisionará o cumprimento íntegro desta Sentença e dará por concluído
este caso uma vez que o Estado tenha dado cabal cumprimento ao disposto nesta
Sentença. No prazo de um ano, contado a partir da notificação desta Sentença, o
Estado deverá apresentar à Corte relatório sobre as medidas adotadas para o seu
cumprimento.

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