O Brasil foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos no caso de Damião Ximenes Lopes, um idoso que morreu em uma clínica psiquiátrica pública após maus-tratos. A investigação do caso pelo Brasil foi negligente e os responsáveis não foram punidos. A Corte ordenou indenizações para a família e medidas para prevenir novos casos.
Descrição original:
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O Brasil foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos no caso de Damião Ximenes Lopes, um idoso que morreu em uma clínica psiquiátrica pública após maus-tratos. A investigação do caso pelo Brasil foi negligente e os responsáveis não foram punidos. A Corte ordenou indenizações para a família e medidas para prevenir novos casos.
O Brasil foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos no caso de Damião Ximenes Lopes, um idoso que morreu em uma clínica psiquiátrica pública após maus-tratos. A investigação do caso pelo Brasil foi negligente e os responsáveis não foram punidos. A Corte ordenou indenizações para a família e medidas para prevenir novos casos.
O Brasil foi réu da Corte Interamericana de Direitos Humanos no caso
Damião Ximenes Lopes. Um idoso que morreu na clínica psiquiátrica Guararapes pertencente ao SUS e localizada no Ceará. Foram constatados maus tratos, violação do direito à vida, desrespeito dos direitos e da dignidade humana, violação a integridade física, uso de sujeição exacerbada, dentre outros fatores que levaram a Corte ao convencimento de que o Brasil fosse condenado por isso. Pois como Estado, e em se tratando de clínica estatal que lida com deficientes mentais o país deveria cuidar, regular e fiscalizar., investigar o caso e garantir a observação dos Direitos Humanos. O Estado detinha o dever direto de zelar pela observância dos direitos fundamentais do Sr. Damião Ximenes Lopes. O Brasil violou o artigo 1.1, o parágrafo 1 do artigo 4 e o artigo 5 da Convenção Americana. A Corte também alegou que o Brasil violou um preceito a integridade psíquica da família da vítima, seus pais e seus dois irmãos. Diante da morte de Damião parte de sua família sofreu depressão, alguns abandonaram seus empregos por não terem condições para continuarem trabalhando, o pai ficou com u intenso desejo de vingança, a mãe não queria mais viver, seu irmão entrou em choque e chegou a perder o emprego, sua irmã não conseguiu amamentar a filha, teve depressão e chegou a dedicar cerca de 6 anos para acompanhar judicialmente o caso e levá-lo até a Corte. Todos os 4 sofreram danos pela perda do ente querido e tais danos afetaram sua integridade pessoal. O Estado, portanto, tem responsabilidade pela violação da integridade pessoal dessa família. O Brasil negligenciou a investigação do caso Damião Ximenes Lopes, decorridos 6 anos nenhuma sentença foi proferida. O inquérito policial demorou para ser instalado, a perícia foi imprecisa, a causa da morte “indeterminada”. Não se ouviram as testemunhas oculares e tampouco os acusados. Apesar da contribuição incansável da família da vítima a polícia e o ministério público não avançaram nas investigações. Com o decurso do tempo o caso foi ficando cada vez mais complicado de se investigar, provas foram perdidas e grande foi a inércia do judiciário. Os responsáveis não foram punidos. O Estado precisa não apenas cumprir as formalidades do devido processo, mas realmente buscar a verdade real, em um tempo razoável, apurando os fatos e submetendo a julgamento, coisa que não ocorreu no caso em tela. Toda a fase de investigação policial do caso foi comprometida, pois não começou imediatamente após o fato, mas apenas um mês depois. O médico que deu o laudo sobre a morte não foi preciso em suas descrições do cadáver e mais tarde a necropsia também falhou ao não avaliar o cérebro da vítima. Uma série de erros se sucederam e claramente houve negligência na apuração dos fatos o que prejudicou demasiadamente a investigação. A Corte condenou o Estado nos artigos 8.1 e 25.1 da Convenção Americana. A família da vítima solicitou reparação material e moral por meio de indenização. Tendo em vista os prejuízos financeiros e psíquicos que sofreram por causa da morte de Ximenes Lopes. O Brasil fez sua defesa alegando que já estava reparando alguns danos e que outros inexistiam. Mas a comissão americana deu seu parecer dizendo serem cabíveis as indenizações pretendidas pelos familiares. Por último o Tribunal fez sua sentença ponderando alguns valores e determinando uma reparação razoável à família Ximenes Lopes. Dentro da reparação o Estado Brasileiro adotou posturas visando sanar a política psiquiátrica do país, adotando medidas de fiscalização, programas como os CAPS, promovendo seminários sobre Saúde Mental, nomeando uma sala com o nome de Damião Ximenes Lopes. O Estado reconheceu as violações feitas à vítima dentro do SUS. O fato do Brasil de submeter a tal Corte trouxe então vários benefícios na política de saúde do país. O caso foi um marco de mudança no país e trouxe avanço na questão psiquiátrica interna do Brasil. Infelizmente casos como esse existiram e talvez ainda existam no Brasil, mas o importante papel da Corte Interamericana de Direitos Humanos pode trazer significativo impacto e repressão na violação da integridade pessoal de pacientes com doenças mentais. A Corte foi muito equilibrada em sua sentença cujos principais pontos elenco abaixo: 6. O Estado deve garantir, em um prazo razoável, que o processo interno destinado a investigar e sancionar os responsáveis pelos fatos deste caso surta seus devidos efeitos, nos termos dos parágrafos 245 a 248 da presente Sentença. 7. O Estado deve publicar, no prazo de seis meses, no Diário Oficial e em outro jornal de ampla circulação nacional, uma só vez, o Capítulo VII relativo aos fatos provados desta Sentença, sem as respectivas notas de pé de página, bem como sua parte resolutiva, nos termos do parágrafo 249 da presente Sentença. 8. O Estado deve continuar a desenvolver um programa de formação e capacitação para o pessoal médico, de psiquiatria e psicologia, de enfermagem e auxiliares de enfermagem e para todas as pessoas vinculadas ao atendimento de saúde mental, em especial sobre os princípios que devem reger o trato das pessoas portadoras de deficiência mental, conforme os padrões internacionais sobre a matéria e aqueles dispostos nesta Sentença, nos termos do parágrafo 250 da presente Sentença. 9. O Estado deve pagar em dinheiro para as senhoras Albertina Viana Lopes e Irene Ximenes Lopes Miranda, no prazo de um ano, a título de indenização por dano material, a quantia fixada nos parágrafos 225 e 226, nos termos dos parágrafos 224 a 226 da presente Sentença. 10. O Estado deve pagar em dinheiro para as senhoras Albertina Viana Lopes e Irene Ximenes Lopes Miranda e para os senhores Francisco Leopoldino Lopes e Cosme Ximenes Lopes, no prazo de um ano, a título de indenização por dano imaterial, a quantia fixada no parágrafo 238, nos termos dos parágrafos 237 a 239 da presente Sentença. 11. O Estado deve pagar em dinheiro, no prazo de um ano, a título de custas e gastos gerados no âmbito interno e no processo internacional perante o sistema interamericano de proteção dos direitos humanos, a quantia fixada no parágrafo 253, a qual deverá ser entregue à senhora Albertina Viana Lopes, nos termos dos parágrafos 252 e 253 da presente Sentença. 12. Supervisionará o cumprimento íntegro desta Sentença e dará por concluído este caso uma vez que o Estado tenha dado cabal cumprimento ao disposto nesta Sentença. No prazo de um ano, contado a partir da notificação desta Sentença, o Estado deverá apresentar à Corte relatório sobre as medidas adotadas para o seu cumprimento.
LIMONGI, Fernando Papaterra. O Federalista: Remédios Republicanos para Males Republicanos. In: WEFFORT, Francisco C. (Org.) Os Clássicos Da Política. São Paulo, Editora Ática, 2004, Vol. 1.