Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Antes de começar o texto, vale o adendo de que aqui não me refiro à alimentação, mas aos
efeitos da flor de Belladonna e suas contribuições para a saúde. Algo que, inclusive, lhe concedeu a
fama de “erva de bruxa” ou “flor de sabbat”, como veremos adiante.
A planta é altamente tóxica e não deve ser ingerida. Vale o alerta inicial de que nossa
intenção é apenas a transmissão do conhecimento e é fundamental conhecê-la, pois seu uso
indevido pode ocasionar, inclusive, morte. A prescrição medicinal e para fins homeopáticos de
belladonna, bem como uso fitoterápico, sempre deverá ser feita por um profissional da saúde.
A Belladonna é conhecida popularmente como “Planta-do-diabo” ou “Bagas-do-diabo”, e isso
se deve à fama do uso da flor em sabbats, por feiticeiras. Inclusive, é muito comum a confusão da
planta com a Mandrágora, e vice versa. Belladonna produz um fascínio, como toda bela mulher, que
pode ser letal.
Fonte: Greenme. Beladonna na homeopatia e fitoterapia. Benefícios e
riscos.
LENDAS E HISTÓRIAS
Belladonna é uma planta envolta em mitos,
suspense e admiração. Já foi causa de muitos
envenenamentos na antiguidade. Nos tempos
medievais foi muito utilizada por feiticeiros e bruxas.
Era considerada na antiguidade a planta favorita
do diabo, tendo este então o que chamaríamos de
exclusividade do uso e cultivo. De acordo com mitos
históricos, ele próprio espalhava todas as noites o seu sangue na planta para que ela crescesse.
Ao contrário das bruxas, os camponeses eram temerosos à Belladonna, pois acreditavam que
se alguma parte da planta fosse mantida em casa, iria chamar os espíritos do mal, o que permitiria
que os demônios atacassem suas famílias, plantações ou gados. Quem se atrevesse a descumprir
essa espécie de “lei” e mantivesse a planta em suas casas seria visitado pelo próprio diabo, que iria
então punir os “ousados”, determinando inclusive a morte como penalidade.
Além disso, as bagas de Belladonna seriam um teste para crianças gulosas, que caso a
provassem poderiam não resistir às punições dolorosas. Em festas dionísicas ou bacanais, o vinho
era geralmente adulterado com a planta de belladonna, que gerava efeitos de alucinações.
O VÔO DAS BRUXAS
Na Idade Média, fazia parte do “unguento das bruxas”, tendo sido aplicado sobre a pele para
gerar estados alterados de consciência. O efeito causado dava a impressão de estar voando por
lugares imaginários e outras experiências psicodélicas, no que foi retratado como o “vôo das bruxas”.
Muitos dos que prepararam o tal unguento acabaram nas fogueiras da Inquisição.
Esses unguentos, conhecidos como “fórmulas de voo”, era passado em certas partes do corpo,
principalmente nas mais peludas, e esfregado sobre o cabo de uma vassoura, que era colocada entre
as pernas pelas bruxas como se fosse um instrumento de voo. Na verdade, a vassoura da bruxa
funcionava como um instrumento de masturbação. Em contato com as mucosas vaginal e anal o
unguento era absorvido mais rapidamente pelo organismo.
Em resumo, as bruxas teriam então usado a planta em seus preparos, junto com mandrágoras
e outras plantas com efeito alucinógeno.
Fonte: O voo das bruxas, por
Francisco de Goya.
Algumas feiticeiras utilizavam a belladonna também para adivinhar o futuro, pegando
carona nas alucinações e estados alterados de consciência, tomando quantidades
regulares da planta por via oral – prática bastante perigosa.
Belladonna era adicionada ao vinho em festas dionísicas, o que gerava uma espécie de
alucinação coletiva e como fonte de desinibição para orgias e transes mágicos ou delírios.
BELLADONNA E PARACELSO
A ligação com o signo de escorpião se deve ao fato do remédio ser associado aos surtos
de raiva, violência e distruição. As “larvas do astral”, de acordo com Paracelso, são
elementos que atuam de forma danosa na psique humana e na alma gerando uma perda
de controle por meio de obsessões e alucinações, durante esses estados de convulsão. A
energia do signo de escorpião passa pela compreensão da sexualidade e do poder de
transformação. Utilizando esse poder de forma abusiva e sem equilíbrio fugimos da
nossa ação com livre arbítrio voltada ao bem, para sermos governados pelas moiras da
mitologia, ou seja, termos nosso destino controlado por terceiros e eventualmente, a
morte.
Para entender o lado oculto, para ter acesso ao conhecimento, é preciso consciência em
seu uso e em todo poder que ele lhe acarreta. Toda ação gera consequências.
Fonte: Kanashimi on
Belladonna (1973).
A tintura de Beladona é atualmente usada na homeopatia como tratamento de tosse,
febre, epilepsia, entre outros. De acordo com o professor Moreno, personalidade atropa
belladonna se refere a uma pessoa compassiva, protetora, amável, comportando-se como
um anjo na saúde e um demônio quando adoecido. Harmonizado é benevolente,
podendo anular-se para o bem do outro. No entanto, o excesso de renúncia do “eu” pode
desconectá-lo de si próprio, torná-lo sem vontade própria, é o escravo, humilhado e
subjugado. Na doença, bate com a cabeça na parede e arranca seus cabelos, por isso se
agravam seus sintomas quando lhe cortam o cabelo.
Quando em fúria, agride a si mesmo e aos outros à sua volta. Quando desarmonizado,
perde a consciência e não reconhece mais a si mesmo, começa a delirar. Muitas vezes
utilizado em processos inflamatórios de aparecimento brusco e violento, com face
avermelhada, olhar brilhante, calor facial (calor, vermelhidão e queimação – tríade de
identificação belladonna na homeopatia). Deitado na cama de noite, possui a sensação de
flutuar.
Do ponto de vista simbólico, belladonna é relacionada ao elemento fogo, então quando
adoece o paciente tem tudo dentro de si em ardência muito alta, como se queimasse.
Fortes espasmos, contração do ventre e tosse rouca intensa e pronunciada.
De acordo com Vannier, o complementar na homeopatia para belladonna geralmente é o
sulphur e a calcarea carbonica.
Belladonna é preventivo homeopático, de acordo com Moreno, para apendicites,
pneumonias e hidrofobia (o medo da água).
CASO CLÍNICO:
* Cadela Nina, pequeno porte, raça spitz alemão, 3 anos. Apliquei belladonna 6CH porque
agia com latidos violentos na aproximação de qualquer estranho (depois também para os
próximos).
Cadela com crises de sufocamento, especialmente quando se excitava pela presença de
pessoas ao redor, com latidos muito estridentes e excesso de ansiedade.
Tosse muito rouca, “de cachorro”, como se fosse sufocar e vir a óbito.
Ministrei belladonna 6CH por um mês, tendo melhorado cerca de 80% de seus sintomas.
Isenção de responsabilidade: Conteúdo para fins informativos e educativos. Não
recomendamos, sob qualquer hipótese, o abandono de remédios ou quaisquer
substituições por conta própria. Não utilize flores e ervas, sem o acompanhamento de
profissionais da saúde, indicados a acompanhar o seu caso. Não utilize qualquer
medicamento homeopático sem orientação profissional.