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BPI E FINANCEIROS
Angola
Dezembro 2006
Fax: 21 353 56 94
p No final do ano, as atenções começam a voltar-se para as estimativas referentes à
http://www.bfa.ao
evolução da economia durante o próximo ano. Neste aspecto, destaca-se as primeiras
indicações sobre as estimativas do governo utilizadas no Orçamento para 2007, mas
também as estimativas do FMI e do Banco Mundial. Saliente-se o facto de, em comum,
existir uma forte expectativa de que a economia angolana crescerá em 2007 perto dos
30%, impulsionada por um forte aumento da produção petrolífera. De qualquer forma,
acredita-se que o sector não petrolífero irá contribuir mais fortemente, impulsionado
pelo grande esforço de reconstrução que se regista no país.
p A inflação poderá ficar acima dos 10% no final deste ano, podendo o presente movimento
(marginal) de apreciação da kwanza poderá ter como objectivo o controlo da inflação
importada.
OPINIÃO
Os sistemas fiscais e a sua eficiência têm sido um tema largamente debatido desde meados da década de 90, tendo-se as reformas
tributárias popularizado quando os países de economia planificada evoluiram para economias de mercado. A Rússia1 foi percursora do
movimento em 1991, com a introdução de um sistema de taxa fixa no imposto sobre rendimentos de pessoas singulares (IRS), copiado
pelas economias bálticas. Outros países emergentes, como a Índia2 ou a China, a par de várias economias desenvolvidas, têm vindo a
promover alterações do seu sistema tributário.
O principal objectivo destas mudanças consiste na promoção de crescimento, mediante criação de mais emprego e maior eficiência na
alocação de recursos. Todavia, a evidência da sua concretização é inconclusiva para economias em vias de desenvolvimento; pois, a
confirmação empírica do incremento do crescimento económico é difícil. Relativamente aos efeitos da tributação sobre o consumo e sobre
os rendimentos pessoais, a evidência é mista, embora pareça dominar um impacto negativo sobre o crescimento. No que concerne a
tributação das empresas, confirma-se o efeito perverso entre elevada taxa de imposto e reduzido crescimento económico, sobretudo nos
estudos realizados ao nível das empresas.
1
Ivanova, A., Michael Keen e Alexander Klemm (2005) "The Russian Flat Tax Reform", IMF Working Paper/05/16, Washington D.C., International Monetary Fund.
2
Poirson, H. (2006) "The Tax System in India: Could Reform Spur Growth?". IMF Working Paper/06/93, Washington D.C., International Monetary Fund.
3
Stepanyan, V. (2003) "Reforming Tax Systems: Experience of the Baltics, Russia, and Other Countries of the Former Soviet Union". IMF Working Paper/03/173. Washington D.C.,
International Monetary Fund.
3
E.E.F. - Angola * Dezembro 2006
OPINIÃO
Em trabalhos realizados pela OCDE, comparando níveis de fiscalidade Níveis de Receita Fiscal
entre as décadas de 80 (1985-87) e 90 (1995-97), observa-se, em percentagem do PIB, 1985-1997
que, apesar das mudanças registadas nos últimos anos, o nível de
1985-87 1995-97
tributação mantém-se relativamente estável, a despeito da tendência
Países da OCDE 36.6 37.9
marginal para aumento. Os acréscimos mais notórios registaram-se América 30.6 32.6
em economias da OCDE, enquanto os menores observaram-se em Pacífico 30.7 31.6
África. Europa 38.2 39.4
Países em vias de desenvolvimento 17.5 18.2
África 19.6 19.8
Ásia 16.1 17.4
Médio Oriente 16.5 18.1
América Latina 17.6 18.0
Angola (c/receitas de act. extractivas) 35.9
Angola (s/receitas de act. extractivas) 6.3
Fonte: Tanzi e Zee (2000) e Ministério das Finanças para Angola, referente a 2005.
Trabalhos recentes da Comissão Europeia4 , evidenciam que, na Europa - designadamente nos novos países membros -excelentes exemplos
da adopção das alterações fiscais referidas-, embora as taxas liberatórias dos impostos directos tenham diminuído, a taxa efectiva de
tributação aumentou devido ao alargamento da base de incidência e à redução das isenções, excepções e benefícios fiscais. Devido à
menor mobilidade do factor trabalho e à mais intensa concorrência ao nível da tributação sobre empresas no âmbito da atracção de
investimento estrangeiro, a queda da taxa liberatória foi mais generalizada e acentuada no caso do IRC, muito embora a taxa implícita
sobre o capital se tenha mantido relativamente inalterada, assegurando a estabilidade da receita.
35.0 30.0
30.0 25.0
25.0 20.0
20.0 15.0
15.0 10.0
1995 1997 1999 2001 2003 2005 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
EU-25 EU-15 Novos Membros-10
EU-25 EU-15 Novos Membros-10
Fonte: Comissão Europeia.
Fonte: Comissão Europeia.
10 6
4
5
2
0
0
EU-25 EU-15 EU-12 Novos
EU-25 EU-15 EU-12 Novos
Membros-10
Fonte: Comissão Europeia. Membros-10
Fonte: Comissão Europeia.
4
Comissão Europeia, (2006), "Structures of the Taxation Systems in the European Union: 1995-2004", Bruxelas.
4
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OPINIÃO
5 2
0 0
EU-25 EU-15 EU-12 Novos EU-25 EU-15 EU-12 Novos
Membros-10 Membros-10
Fonte: Comissão Europeia. Fonte: Comissão Europeia.
O desafio de redução da dependência da tributação sobre o comércio externo, substituída por agravamento da carga fiscal doméstica,
prevalecente nas economias emergentes, é exacerbado pela perda de controlo dos movimentos de capitais e limitada capacidade de
monitorização pela máquina administrativa, impondo aumento dos meios coercivos e de detecção de fraude. Esta questão coloca-se com
particular acuidade actualmente; pois, as economias em vias de desenvolvimento têm-se envolvido numa luta concorrencial por investimento
directo estrangeiro (IDE) através da redução das taxas liberatórias de IRC, compensada pelo alargamento da base de incidência e pelo
combate à evasão fiscal. Para além da fraca evidência de contribuição para o aumento do IDE, o esperado efeito da queda da taxa de
imposto em aumento de receitas, apenas se materializará, se paralelamente à diminuição da taxa de imposto, se fortalecer o desincentivo
ao incumprimento fiscal, aumentando os métodos de detecção de fraude ou evasão e as penalizações associadas. Para tal é indispensável
a melhoria da máquina administrativa, quer em termos de meios físicos quer em termos de qualificação da força de trabalho.
As alterações verificadas não têm registado idêntico grau de sucesso (medido pela manutenção do nível de receita), destacando-se alguns
factores fundamentais para a concretização dos objectivos. O sucesso depende da conjugação de vários factores, onde avultam5 :
- os esforços reformistas ultrapassam as meras alterações das políticas fiscais, incluindo medidas com vista à simplificação da
administração fiscal e melhoria do cumprimento das obrigações por parte dos contribuintes;
- existência de convergência para estruturas tributárias simples com taxas reduzidas e tendencialmente uniformes, afastando-se de
sistemas com elevadas taxas marginais e muitas excepções e isenções;
- prevalência de sistemas de retenção na fonte, os quais se têm revelado cruciais, na medida em que asseguram um nível mínimo de
receita em fases de transição, quando os sistemas de vigilância da máquina administrativa não estão em pleno funcionamento;
- ir mais longe na satisfação de objectivos redistributivos, de crescimento, simplificação e alocação de recursos; e
- falta de necessidade da reforma em termos de receita; ou seja a proposta de alteração não resulta de necessidades impostas por
crises de curto prazo. Nestes casos, a urgência tende a pôr em risco a qualidade da reforma e a sua implementação.
5
Ver nota 3.
5
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OPINIÃO
devido ao baixo preço do petróleo, numa altura em que o nível de produção também era inferior ao actual. Angola goza de conforto
orçamental, mas revela forte dependência do sector extractivo. Este ambiente tende a ser benéfico para a introdução de mudanças que,
possibilitam às autoridades apropriarem-se mais dos resultados da normalização da economia e do desenvolvimento dos vários sectores da
economia, assegurando fontes de receitas sustentáveis fora do sector extractivo. Saliente-se, ainda que, com a crescente integração
internacional, esta economia depara-se com desafios de ordem fiscal, motivados pela liberalização do comércio internacional e pela
crescente mobilidade de capitais.
Angola, à semelhança de outras economias em vias de desenvolvimento, apresenta algumas especificidades que obstam ao alinhamento
com as tendências fiscais globais dominantes6 . Concretamente:
- a estrutura da economia tende a dificultar a adopção de determinados impostos: excluindo o sector extractivo, a agricultura tem um
peso significativo no PIB e no emprego; a economia informal é relevante, dominando pequenas empresas; é baixa a percentagem de
salários no rendimento total da economia; o peso do consumo privado realizado em estabelecimentos modernos e de dimensões
razoáveis é diminuto;
- limitada capacidade da administração fiscal para fazer cumprir as regras;
- a baixa qualidade dos dados impede uma correcta avaliação da situação e impacto de alterações.
Estas características diminuem a possibilidade de dependência de impostos directos, designadamente IRS, e de se atingirem níveis de
tributação elevados.
Uma vez que as actividades informais representam uma parcela muito significativa do produto e, na sua grande parte, são desenvolvidas
segundo lógicas tradicionais, as autoridades fiscais defrontam dificuldades na identificação do "universo tributável", inviabilizando a
adopção de técnicas de detecção de fraude ou métodos coercivos dissuasores ou, noutro plano, a elaboração e produção de estatísticas
representativas fiáveis. Se a incapacidade de obtenção de dados impede a avaliação do impacto de alterações fiscais, favorecendo
mudanças marginais, a impossibilidade de identificação clara da base de incidência conjugada com o baixo rendimento médio da população
e a assimetria social impossibilitam a geração de receitas fiscais em sede de IRS consideráveis, impondo adicionalmente que escalões
mais altos tenham de ser taxados com níveis progressivamente mais elevados.
À medida que os mercados ganham relevância na afectação de recursos, a principal preocupação da reforma fiscal desloca-se para a
minimização da interferência da estrutura fiscal no processo de alocação de recursos, sujeito a pré-requisitos de geração de receita e
melhoria da equidade. O sistema deverá ser neutral, não só ex-ante, mas também ex-post. Exige-se, então, uma administração fiscal
simples e transparente, de modo a que a neutralidade conceptual não seja comprometida pela execução administrativa.
Outra importante discussão sobre fiscalidade radica na escolha entre tributação sobre rendimento e sobre consumo. A tendência actual
vai no sentido de preferência por tributação indirecta, considerada um mal menor no que concerne ao impacto sobre o crescimento no
longo prazo. Dadas as actuais condições económicas de Angola, esta escolha ganha pertinência, podendo a tributação sobre o consumo
revelar-se mais adequada, na medida em que a tributação sobre rendimentos exige maiores recursos e uma máquina administrativa com
mais formação, experiência e meios, muito embora a concretização de objectivos de equidade através da tributação directa seja mais
questionável.
Como consequência dos obstáculos acima enunciados, "aa política fiscal é frequentemente a arte do possível em vez da prossecução do
óptimo"7 . A concretização de mudanças fiscais em países em vias de desenvolvimento, consiste em, mais que definir uma estrutura de
óptimo
impostos e suas taxas, criar uma máquina administrativa eficiente e fazer frutificar a vontade política para pôr em prática essas alterações.
Os principais impostos angolanos, excluindo a tributação específica dos sectores petrolífero e diamantífero, são:
- imposto sobre o rendimento do trabalho;
- imposto industrial: imposto sobre os rendimentos das empresas;
- imposto sobre aplicações de capitais: imposto sobre remunerações do capital (juros e dividendos);
- imposto de consumo: imposto sobre transacções comerciais;
- taxa de importação e emolumentos aduaneiros;
- outros: sisa ou imposto sobre transferência de propriedades a título oneroso; imposto de sucessões e doações; e imposto de selo.
6
Tanzi, V. & Howell H. Zee. (2000) "Tax Policy for Emerging Markets: Developing Countries". IMF Working Paper/00/035, Washington D.C., International Monetary Fund.
7
Ver nota anterior.
6
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OPINIÃO
Impostos directos vs indirectos, % do total (2004) Composição da receita fiscal (% do total) (2004)
75
100 IVA Outros, incl. Aduaneiros IRS IRC
Impostos indirectos Impostos directos 60
80
45
60
30
40
15
20
0
0
EU-25 EU-12 Novos Angola Angola EU-25 EU-12 Novos Angola Angola
Membros- (s/petróleo) Membros- (s/petróleo)
10 10
Fonte: CE, Min. Finanças para Angola. Fonte: CE, Min. Finanças para Angola.
Importa referir que, os impostos recolhidos da actividade extractiva, em 2005, representaram cerca de 82% da arrecadação fiscal do
Estado angolano, mas o contributo deste sector para o PIB foi de cerca de 57%. Portanto, a dependência do Estado face a esta actividade
é superior à da economia, revelando-se a máquina fiscal, por ora, incapaz de se apropriar eficazmente dos benefícios do processo de
normalização da economia. Dado o crescimento dos restantes sectores da economia, importa as autoridades desenvolverem meios que
lhes permitam aproveitar a sua expansão, reforçando a capacidade de arrecadação e diversificação de fontes de receitas.
Os impostos mais relevantes, em termos de receita, são o imposto industrial (2.3% do PIB), o imposto de consumo (1.8% do PIB) e a
tributação sobre o comércio externo (1.5% do PIB). Os impostos indirectos são significativamente mais revelantes. Comparativamente,
com outras economias em vias de desenvolvimento, excluindo as receitas petrolíferas, constata-se que o Estado angolano aufere receitas
com origem nos rendimentos pessoais e de empresas inferiores à média regional. Relativamente à tributação sobre o consumo, no caso
angolano, o peso do comércio externo é menor e o peso genérico das transações comerciais domésticas também é inferior à média, embora
se aproxime desta se se excluir o sector extractivo.
Presentemente, o sistema fiscal angolano não reflecte as principais tendências globais. Um sistema fiscal eficiente tende a possuir as
seguintes características8; aliás, conformes com as alterações mais populares:
- forte dependência de impostos indirectos, com destaque para o IVA, com base de incidência alargada e isenções mínimas, sendo
considerados outros impostos sobre transacções sobre produtos petrolíferos ou tabaco e bebidas alcoólicas e produtos de luxo;
- não dependência de impostos sobre exportações, que inibem a concorrência internacional e são, na maioria dos casos, inviabilizados
pelas novas regras do comércio internacional;
- impostos sobre importações em valores mínimos com limitada dispersão de taxas para minimizar o efeito de protecção;
- IRS administrativamente fácil, com deduções limitadas, taxa máxima moderada, limite de isenção suficientemente elevado para
excluir pessoas com baixos rendimentos, e substancial dependência de retenção na fonte;
- IRC com uma única taxa baixa a moderada alinhada com a taxa máxima do IRS, tratamento da depreciação e outras despesas não
monetárias uniforme entre sectores e recurso marginal a esquemas de incentivo sectorial.
8
Moore, D. (2005) "Slovakia's 2004 Tax and Welfare Reforms", IMF Working Paper/05/133, Washington D.C., International Monetary Fund.
7
8
Composi‡Æo da Receita Fiscal
em percentagem do PIB, 1985-1997
1985-87 1995-97
Imposto sobre o Rend. de Pessoas... Imposto sobre o Consumo Imposto sobre o Rend. de Pessoas... Imposto sobre o Consumo
Total Colectivas Singulares Total Geral Outros Com. Ext. Total Colectivas Singulares Total Geral Outros Com. Ext.
Países da OCDE 13.9 2.8 11.3 11.3 6.0 3.8 0.7 14.2 3.1 10.8 11.4 6.6 3.6 0.3
América 14.0 2.5 11.4 7.6 3.4 2.2 0.6 15.4 3.0 12.3 7.0 3.7 2.0 0.3
Pacífico 17.1 3.9 13.2 7.5 2.3 3.7 0.8 16.3 4.3 11.4 8.4 4.3 2.6 0.6
Europa 13.3 2.7 11.0 12.4 6.8 4.0 0.7 13.7 2.9 10.6 12.4 7.3 4.0 0.3
Países em vias de desenvolvimento 4.9 2.8 1.7 10.3 2.3 2.6 4.2 5.2 2.6 2.2 10.5 3.6 2.4 3.5
África 6.3 2.9 3.1 11.7 3.2 2.3 5.7 6.9 2.4 3.9 11.6 3.8 2.3 5.1
Ásia 5.7 3.5 2.1 9.5 1.9 2.5 3.6 6.2 3.0 3.0 9.7 3.1 2.2 2.7
Médio Oriente 4.7 4.3 1.0 9.1 1.5 2.4 4.4 5.0 3.2 1.3 10.3 1.5 3.0 4.3
América Latina 3.7 1.8 1.0 10.6 2.6 3.0 3.7 3.7 2.3 1.0 10.6 4.8 2.3 2.6
2005
Angola 2.3 2.3 0.0 4.1 1.8 0.8 1.5
Angola (PIB s/Act. extractivas) 5.2 5.2 0.0 9.6 4.2 1.9 3.5
mpostos Rendimento/Consumo
Impostos Impostos Empresas/Pessoas
(em %) 1985-87 1995-97 1985-87 1995-97
Países da OCDE 1.2 1.2 0.2 0.3
América 1.8 2.2 0.2 0.2
Pacífico 2.3 1.9 0.3 0.4
Europa 1.1 1.1 0.2 0.3
Países em vias de desenvolvimento 0.5 0.5 1.6 1.2
África 0.5 0.6 0.9 0.6
Angola 0.6 260
Ásia 0.6 0.6 1.6 1.0
Médio Oriente 0.5 0.5 4.3 2.5
América Latina 0.4 0.4 1.8 2.3
Fonte: Tanzi e Zee (2000) e Ministério das Finanças para Angola, referente a 2005.
OPINIÃO
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OPINIÃO
IRS
Taxas Taxa mínima s/isenção # de escalões IRC IVAA
IV
África do Sul1 0-40 18 7 29 14
Botsuana2 0-25 5 - -3 10
Burundi4 10-60 10 12 35 18
Camarões5 10-35 - - 35 19.25
Gabão5 0-55 2 3 35 -
Guiné Equatorial5 0-35 - - 35 15
Malaui6 0-40 10 5 30 17.5
Moçambique4 10-32 10 5 32 17
Namibia7 0-35 17.5 5 35 15
Nigéria5 5-25 5 5 308 5
Quénia4 10-30 10 5 30 16
República do Congo5 5 - - 38 18
Ruanda4 0-35 - 5 35 18
S. Tomé e Príncipe5 - - - 15-30 -
Tanzânia4 0-30 18.5 5 30 20
Uganda4 0-30 10 4 30 17
Zimbabué9 0-40 10 7 30 15
Angola5 0-15 2 9 35 -
Fonte: FMI, KPMG.
Notas: 1. Em vigor em Jun 2006; 2. Em vigor no final de 2004; 3. Manufacturas: 15%; Não manufacturas: 25%; Não residentes: 25%. Possui outras especificidades; 4. Em vigor
em Ago 2005; 5. KPMG, 2006; 6. Em vigor em Julho 2004; 7. Em vigor em Nov 2005; 8. Acrescida de um imposto para educação de 2%; 9. Em vigor em Junho 2005.
Contudo, apresenta algumas especificidades dignas de nota, as quais poderiam justificar algum esforço de ajustamento ou refinamento:
- inexistência de um imposto sobre valor acrescentado (IVA): a ausência de IVA substituído por um imposto sobre as transacções é
particularmente ineficiente, pois sugere tributação em cascata. Esta inibe a especialização produtiva e, consequentemente, a promoção
da eficiência económica, favorecendo a internalização dos custos fiscais através da criação de conglomerados. Esta particularidade do
9
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regime fiscal angolano é, presentemente, a mais inibidora da prossecução da melhoria de eficiência económica, comprometendo a
competitividade da economia angolana, e o elemento mais diferenciador da economia local no contexto regional (apenas S. Tomé e
Príncipe e o Gabão não têm IVA);
- baixa taxa e o número considerável de escalões de IRS: a taxa máxima do IRS é semelhante à taxa mínima de algumas economias da
região. A diminuição de escalões poderá reduzir a carga administrativa sem lesar a receita arrecadada;
- a taxa liberatória de IRC conforme com a prática regional, embora se situe na parte superior do intervalo observado Porém, Angola
não deverá alhear-se do movimento internacional de redução da taxa de IRC, importante instrumento de competição por IDE. Refira-
se, contudo, que o regime angolano de tributação do rendimento das empresas é relativamente generoso em termos de isenções e
excepções.
a) Imposto sobr
sobree o rrendimento
endimento do trabalho (IR T)
(IRT)
A estrutura actual deste imposto é a seguinte:
A base de incidência é: a remuneração total mensal (incluindo todas as regalias auferidas) recebida pela prestação de trabalho.
As taxas aplicadas a trabalhadores por conta de outrém são as seguintes, procedendo-se à retenção na fonte:
Os trabalhadores por conta própria estão sujeitos a IRT à taxa fixa de 15% sobre 70% do seu rendimento total, retidos na fonte
pela entidade pagadora das prestações laborais.
Em Angola, os rendimentos das pessoas singulares são tributados de acordo com o factor produtivo associado, não existindo a figura de um
imposto englobante dos rendimentos de cada agregado familiar. Os rendimentos pessoais dos factores trabalho e capital são taxados em
sedes diferentes e a taxas liberatórias distintas. Tal opção justifica-se pela dificuldade de apuramento de rendimentos de capital das
famílias e do baixo número de agregados em que os rendimentos de capital são revelantes.
Em economias em vias de desenvolvimento, o rendimento do trabalho
Taxas de Imposto sobre rendimentos de pessoas singulares
é frequentemente uma parcela pequena do rendimento nacional,
levantando dificuldades à instrumentalização do imposto sobre o Rendimento mínimo Taxas marginais
marginais
rendimento do trabalho ou rendimentos de pessoas singulares como sujeito a imposto 1 Número Intervalo
principal fonte de receitas. Este facto é confirmado em Angola pelo África
Quénia 4.1 6 10,0-32,5
contributo muito reduzido deste imposto para a receita total (inferior
África do Sul 0.8 7 19,0-45,0
a 100 milhões de kuanzas em 2005). Tanzânia 2.1 11 7,5-35,0
Uganda 4.2 3 10,0-30,0
Comparativamente com outras economias, observa-se que apresenta Zâmbia 1.3 3 10,0-30,0
um nível de isenção relativamente elevado, estreitando ainda mais Zimbabué 0.5 5 20,0-40,0
a base de incidência, sobretudo nos escalões superiores. Os escalões América Latina
Argentina 1.6 7 6,0-33,0
são numerosos, implicando assinalável trabalho administrativo para
Brasil 3.5 2 15,0-25,0
um nível de arrecadação diminuto, tanto mais que a taxa marginal Chile 0.2 6 5,0-45,0
máxima é baixa, segundo os padrões regionais. Tradicionalmente, a Costa Rica 1.3 4 10,0-25,0
multiplicidade de escalões visa reforçar o esforço com a México 0.1 8 3,0-35,0
progressividade fiscal, a expensas de custos administrativos e maior Nicarágua 9.3 5 7,0-30,0
possibilidade de evasão fiscal. Angola 4.4 8 2,0-15,0
9
Informação obtida junto da KPMG Angola. Fonte: Tanzi e Zee (2000) e Ministério das Finanças para Angola, referente a 2005.
10
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OPINIÃO
Segundo as tendências globais dominantes, esta estrutura, caracterizada por elevado nível de isenção, taxas baixas e múltiplos escalões,
poderia ser optimizada. Contudo, quando se discute a alteração da estrutura deste imposto, importa considerar que proporciona receitas
reduzidas e que o número de famílias afectadas será pequeno, especialmente nos escalões superiores. A arrecadação do IRT representa
menos de 0.1% do PIB. Mantendo a preocupação de promoção de equidade, a taxa de progressividade poderá ser melhorada com a
redução do número de escalões e eventual aumento das taxas para os escalões superiores.
Taxa de imposto sobre rendimentos de pessoas singulares (média de várias taxas marginais), % 1
Angola 8.7
1. Países de alto rendimento da OCDE 2. Economias de transição 3. Economias emergentes 4. Antigas repúblicas soviéticas
Canadá 34.0 Bulgária 29.0 Argentina 22.6 Arménia 15.0
EUA 20.1 República Checa 23.0 Bolívia 13.0 Azerbaijão 24.0
Austrália 31.2 Estónia 26.0 Brasil 21.3 Bielorrússia 19.8
Japão 10.7 Hungria 30.0 China 25.0 Geórgia 16.0
Coreia do Sul 25.0 Letónia 25.0 Colômbia 18.5 Cazaquistão 17.5
Nova Zelândia 27.3 Lituânia 25.9 Equador 15.0 Quirguízia 15.0
Aústria 31.2 Polónia 29.7 Egipto 26.0 Moldávia 17.7
Bélgica 42.5 Roménia 28.6 Índia 21.4 Rússia 13.0
Dinamarca 49.1 Eslováquia 29.1 Indonésia 18.0 Tadjiquistão 15.0
Finlândia 41.9 Eslovénia 37.3 México 26.7 Turcomenistão 15.1
França 20.7 Nigéria 15.0 Ucrânia 23.0
Alemanha 28.7 Média simples 28.4 Paquistão 27.5 Uzbequistão 24.3
Grécia 27.0 Perú 17.5
Irlanda 35.0 Filipinas 19.6 Média simples 18.0
Itália 33.0 África do Sul 29.3
Luxemburgo 15.5 Tailândia 20.4
Holanda 16.5 Turquia 27.5
Noruega 41.5 Venezuela 18.8
Portugal 28.8
Espanha 33.3 Média simples 21.3
Suécia 53.5
Suíça 19.6
Reino Unido 24.3
Média da OCDE 30.0
Média da EU 32.1
Fonte: FMI, BBPI para Angola.
Nota: 1 O ano de referência das taxas apresentadas pode ser consultado na pág. 19.
Relativamente à taxa máxima marginal, quando esta difere significativamente da taxa de tributação de rendimentos das empresas,
incentiva arbitragem fiscal, provocando eventuais distorções na afectação de recursos. Tipicamente, a taxa máxima do rendimento do
trabalho ou sobre o rendimento das pessoas singulares tende a aproximar-se da taxa de IRC, procedendo-se ao englobamento de rendimentos.
Efectivamente, por questões de combate à evasão fiscal e de eliminação de possibilidade de arbitragem fiscal, seria aconselhável se os
rendimentos das famílias fossem englobados e tributados à mesma taxa independentemente do factor que os gerou, pois, doutro modo,
provoca-se distorção na decisão de utilização de factores produtivos, deixando a estrutura fiscal de ser neutra.
A taxa é única, fixa em 35%, mas estão previstas isenções como incentivo ao investimento. Estes incentivos compreendem, entre
outros: isenção de 3 a 5 anos e redução em 50% do imposto industrial durante 10 anos, sendo concedidos pelo Ministro das
Finanças.
11
E.E.F. - Angola * Dezembro 2006
OPINIÃO
Em Angola, os lucros das empresas são, genericamente, tributados à taxa única de 35%. Contrariamente a uma prática típica de países em
vias de desenvolvimento, que aplicam múltiplas taxas de imposto sobre os rendimentos das empresas e diferentes esquemas de amortização
com base em diferenciação sectorial com intuitos de incentivo económico, em Angola pratica-se uma taxa uniforme para todos os
sectores, evitando-se distorções na afectação de recursos. Embora a taxa aplicada seja relativamente elevada face aos padrões internacionais,
encontra-se enquadrada na sua zona geográfica. Apesar da elevada taxa liberatória, em termos de receita arrecadada, constata-se que o
seu nível é semelhantes à dos países com características idênticas. Donde, a base de incidência é inferior, devido ao regime de incentivos
fiscais e ao menor contributo dos lucros das empresas para o PIB. Decorrente das vastas isenções de Imposto Industrial, aparentemente,
o erário público não se estará a apropriar dos benefícios de normalização da actividade económica angolana e do ressurgimento de
iniciativa empresarial, podendo eventualmente comprometer a sua receita a prazo, pois as excepções poderão estender-se por mais de dez
anos. Dado o regime de incentivos, uma parcela muito significativa das novas empresas angolanas não é tributada em sede de Imposto
Industrial.
Angola 35.0
1. Países de alto rendimento da OCDE 2. Economias de transição 3. Economias emergentes 4. Antigas repúblicas soviéticas
Canadá 27.2 Bulgária 28.0 Argentina 35.0 Arménia 20.0
EUA 26.0 República Checa 31.0 Bolívia 25.0 Azerbaijão 25.0
Austrália 36.0 Estónia 26.0 Brasil 22.5 Bielorrússia 30.0
Japão 34.5 Hungria 18.0 China 35.0 Geórgia 20.0
Coreia do Sul 22.2 Letónia 25.0 Colômbia 35.0 Cazaquistão 30.0
Nova Zelândia 33.0 Lituânia 24.0 Equador 25.0 Quirguízia 20.0
Aústria 34.0 Polónia 28.0 Egipto 42.0 Moldávia 28.0
Bélgica 40.2 Roménia 25.0 Índia 35.0 Rússia 24.0
Dinamarca 32.0 Eslováquia 29.0 Indonésia 28.5 Tadjiquistão 30.0
Finlândia 28.0 Eslovénia 25.0 México 35.0 Turcomenistão 25.0
França 33.3 Nigéria 30.0 Ucrânia 30.0
Alemanha 29.4 Média simples 25.9 Perú 30.0 Uzbequistão 24.0
Grécia 40.0 Filipinas 33.0
Irlanda 30.8 África do Sul 35.0 Média simples 25.5
Itália 37.0 Tailândia 30.0
Luxemburgo 31.8 Turquia 30.0
Holanda 35.0 Uruguai 30.0
Noruega 28.0 Venezuela 34.0
Portugal 34.0
Espanha 35.0 Média simples 31.7
Suécia 28.0
Suíça 8.5
Reino Unido 31.0
Média da OCDE 31.1
Média da EU 33.3
Fonte: Lorie (2003), BBPI para Angola.
Nota: 1 O ano de referência das taxas apresentadas pode ser consultado na pág. 19.
Internacionalmente, intensificaram-se as críticas a generosos regimes de incentivos fiscais (que se referem mais à frente). Assiste-se,
então, a uma tendência de queda da taxa liberatória de IRC a par de redução ou eliminação de benefícios fiscais específicos, assentando
a concorrência internacional por atracção de IDE em taxas de imposto baixas. Angola não pode alhear-se deste movimento e, embora a
taxa de IRC não se destaque pela negativa, a carga fiscal sobre as empresas (excluindo o efeito do petróleo no PIB) é relativamente elevada
em termos regionais (ver quadro da página 8). Neste contexto, poder-se-ia advogar a redução da taxa e aumento da base de incidência por
eliminação das isenções, ampliando o potencial de retenção pelo erário público dos proveitos da normalização da economia. Atente-se que
aumento de receita com queda da taxa de imposto apenas se poderá materializar mediante limitação do regime de isenções e excepções;
porque, para se concretizar um acréscimo de receita por queda do incentivo ao incumprimento, os meios de vigilância e coercivos do
Ministério das Finanças terão de melhorar significativamente: processo que será necessariamente lento. Aliás, no caso de economias com
máquinas administrativas frágeis, o argumento a favor da redução da taxa tem de ser, inevitável e imprescindivelmente, acompanhado do
reforço da acção coerciva para evitar perda de receita. Mais, dada a prevalência de formas tradicionais de produção e transacção e
carências ao nível de obtenção de dados é impossível assegurar, satisfatoriamente, meios eficazes de detecção, controlo e penalização da
evasão fiscal.
12
E.E.F. - Angola * Dezembro 2006
OPINIÃO
Um dos aspectos estruturais deste imposto é a consideração da Taxas liberatórias e efectivas - Comparação - Imposto sobre rendimento das
depreciação de activos reais para efeitos fiscais - factor fundamental empresas (em percentagem)
para a determinação do custo de capital. Ora, em países em vias de
Taxa Liberatória Taxa mar ginal
marginal
desenvolvimento, os esquemas de depreciação autorizados para
2004 1999 efectiva
efeitos fiscais apresentam algumas falhas características; Angola 35.0 - -
concretamente: número excessivo de categorias de activos e taxas Austrália 30.0 - -
de depreciação; taxas de depreciação excessivamente baixas; e Áustria 34.0 34.0 17.4
esquemas de depreciação desajustados do ritmo de obsolescência Bélgica 34.0 40.2 25.6
dos vários activos. A rectificação destas questões deverá ser uma Canadá 36.1 34.6 24
Rep. Checa 28.0 35.0 -
prioridade.
Dinamarca 30.0 32.0 -
Finlândia 29.0 28.0 19.5
Segundo Tanzi e Zee (2000), os esquemas de depreciação deverão França 35.4 40.0 29.9
ter em consideração os seguintes aspectos: Alemanha 38.3 51.6 28.3
- a classificação dos activos reais em três ou quatro classes Grécia 35.0 40.0 27.7
tende a ser suficiente; Hungria 17.6 19.6 -
- apenas uma taxa de depreciação deverá ser afecta a cada Irlanda 12.5 28.0 6.6
Itália 37.3 41.3 9.2
classe de activos;
Japão 42.0 40.9 31.8
- taxas de depreciação deverão ser, geralmente, fixadas acima Coreia 29.7 - -
da deterioração efectiva do activo para compensar a ausência Luxemburgo 30.4 37.5 -
de um forma compensatória para a evolução dos preços nominais Holanda 34.5 35.0 24.3
do activo. A taxa de depreciação incide sobre o valor de balanço, Nova Zelândia 33.0 - -
embora a inflação eleve o seu custo de reposição; e Noruega 28.0 - -
Polónia 19.0 34.0 -
- um método decrescente tende a ser preferível a um método de
Portugal 27.5 37.4 20.3
taxas fixas. Espanha 35.0 35.0 29.5
Suécia 28.0 28.0 16.1
No caso angolano, existem oito classes de activos e as taxas de Suíça 24.1 - -
depreciação são anunciadas anualmente pelo Ministério das Reino Unido 30.0 30.0 20.3
Finanças. EUA 40.0 39.3 23.8
Média simples 30.7 34.0 22.1
EUR-15 média 32.2 34.4 22.3
Fonte: Poirson (2006), Comissão Europeia (2006), KPMG para Angola, referente a
2006.
c) Imposto sobre a aplicação de capitais
1. Tributação de mais-valias:
- se o rendimento for auferido por uma pessoa colectiva, a mais-valia fica sujeita a Imposto Industrial;
- se o rendimento for auferido por uma pessoa singular, a mais-valia é tributada segundo o IRT.
O esquema deste imposto é comum à maioria das economias africanas, embora a taxa aplicada aos dividendos ronde os 15% e às mais-
valias 25%. As mais-valias e os dividendos pagos por entidades não residentes a pessoas singulares ou colectivas estão sujeitas,
respectivamente, ao regime de IRT e Imposto Industrial. Porém, a possibilidade de englobamento permitiria agilizar a máquina administrativa,
13
E.E.F. - Angola * Dezembro 2006
OPINIÃO
promover maior equidade e tornar a tributação mais eficiente, porque actuando directamente sobre a totalidade dos rendimentos obtidos
pelos contribuintes independentemente da origem. A adopção do englobamento e o consequente desaparecimento deste imposto sobre
aplicação de capitais poderão continuar a presumir a possibilidade de benefícios fiscais para juros, que até têm retenção na fonte, e
dividendos. É comum em economias emergentes que, numa fase inicial de desenvolvimento do mercado de capitais, adoptam benefícios
fiscais para activos financeiros, os quais, progressivamente, são eliminados.
Angola 10.0
1. Países de alto rendimento da OCDE 2. Economias de transição 3. Economias emergentes 4. Antigas repúblicas soviéticas
Canadá 7.0 Bulgária 20.0 Argentina 21.0 Arménia 20.0
EUA - República Checa 22.0 Bolívia 14.9 Azerbaijão 18.0
Austrália 10.0 Estónia 18.0 Brasil 20.5 Bielorrússia 20.0
Japão 5.0 Hungria 25.0 China 17.0 Geórgia 20.0
Coreia do Sul 10.0 Letónia 18.0 Colômbia 16.0 Cazaquistão 16.0
Nova Zelândia 12.5 Lituânia 18.0 Equador 12.0 Quirguízia 20.0
Aústria 20.0 Polónia 22.0 Egipto 10.0 Moldávia 20.0
Bélgica 21.0 Roménia 19.0 Indonésia 10.0 Rússia 20.0
Dinamarca 25.0 Eslováquia 23.0 México 15.0 Tadjiquistão 20.0
Finlândia 22.0 Eslovénia 20.0 Nigéria 5.0 Turcomenistão 20.0
França 19.6 Paquistão 15.0 Ucrânia 20.0
Alemanha 16.0 Média simples 20.5 Perú 18.0 Uzbequistão 20.0
Grécia 18.0 Filipinas 10.0
Islândia 24.5 África do Sul 14.0 Média simples 19.5
Irlanda 20.0 Tailândia 7.0
Itália 20.0 Turquia 18.0
Luxemburgo 15.0 Uruguai 23.0
Holanda 19.0 Venezuela 14.5
Noruega 24.0
Portugal 17.0 Média simples 14.5
Espanha 16.0
Suécia 25.0
Suíça 7.6
Reino Unido 18.0
Média da OCDE 17.8
Média da EU 19.5
Fonte: Lorie (2003), BBPI para Angola.
Nota: 1 O ano de referência das taxas apresentadas pode ser consultado na pág. 19.
Em Angola, não existe imposto sobre o valor acrescentado, mas um imposto ad valorem sobre as transacções que, implica o surgimento de
tributação em cascata, ampliando a carga fiscal. Este tipo de imposto é criticável, sendo, tipicamente, um dos aspectos que as reformas
tributárias mais incipientes pretendem alterar; na medida em que um bem é tributado mais de uma vez: quando é adquirido como
consumível e, depois, quando adquirido como produto final. Quanto mais transformações/transacções sofrer ao longo do ciclo produtivo
mais encarecido acabará devido à tributação sucessiva em cada fase intermédia. Esta característica penaliza a especialização produtiva
e fomenta a internalização do custo fiscal mediante a concentração organizacional de todas as fases do ciclo produtivo, ou seja favorece
o surgimento de conglomerados. Adicionalmente, se, na aparência, a taxa normal de imposto de transacções de 10% compara, nominalmente,
de forma positiva com a prática observada em economias emergentes, na realidade, um produto que esteja sujeito a mais de uma
transacção ao longo do seu ciclo produtivo, vê a taxa de imposto passar de 10%, para 21% no caso de duas transacções ou 33% no caso
de três. Portanto, não é comparável a taxa de um imposto tipo IVA, que tributa apenas valores acrescentados, com a taxa de um imposto
ad valorem. Assim, muito embora a taxa de imposto sobre o consumo seja reduzida em Angola, este imposto é muito mais pesado que a
tributação sobre o consumo seguindo a metodologia do valor acrescentado adoptada pela maioria dos países africanos, porque facilmente
a taxa de 10% se converte numa taxa total de 21% ou 33%. Aliás, a configuração do imposto sobre o consumo é, provavelmente, o
elemento fiscal mais penalizador da eficiência económica angolana no presente, comprometendo a competitividade e, consequentemente,
14
E.E.F. - Angola * Dezembro 2006
OPINIÃO
obstando ao desenvolvimento do sector insustrial. Com esta fiscalidade, a produção doméstica compara negativamentecom os produtos
importados (apesar da eventual taxa de 35% sobre bens importados).
A adopção do imposto sobre as transacções do tipo ad valorem radica em argumentos de rapidez na obtenção de receita e facilidade de
gestão da máquina administrativa. Dadas as características da economia, este imposto constitui uma fonte de receitas fundamental. Para
evitar situações de cascata poderá ponderar-se a adopção de um imposto tipo IVA, apesar de dificuldades de implementação de curto
prazo. Entre estas destacam-se exiguidade de informação indisponibilidade de informação necessária para os reembolsos e aos obstáculos
à correcta e incompleta disponível das empresas angolanas; o domínio de formas tradicionais de transacção; e a debilidade da máquina
administrativa.
A introdução do IVA, nas economias em vias de desenvolvimento, é o aspecto mais saliente das reformas concretizadas nas últimas três
décadas. Contudo, ainda persistem impostos sobre transacções com formas mais arcaicas. Mais do que a adopção do IVA, o maior desafio,
que se coloca, prende-se com a concepção de uma estrutura adequada de IVA e dos outros impostos sobre o consumo. Efectivamente,
constata-se que facilmente a introdução do IVA enferma de problemas; designadamente no que se refere ao mecanismo de reembolso, que
tende a sofrer limitações várias decorrentes da sua aplicação incompleta de uma forma ou outra. Frequentemente, alguns sectores ficam
excluídos, concretamente serviços, e o mecanismo de reembolsos tende a ser excessivamente restritivo (e.g. atrasos e recusas de reembolso
são comuns), especialmente no que se refere a bens de capital. Estes aspectos contribuem para que o sistema mantenha aspectos de
tributação em cascata, pelo que deve dar-se prioridade à rectificação das limitações conceptuais e de aplicabilidade antes de se ponderar
a adopção do IVA.
Adicionalmente, há tendência para a adopção de duas ou mais taxas de IVA, incluindo uma taxa zero. Embora esta prática complique a
tarefa administrativa, é politicamente atraente porque aparentemente promove o princípio de equidade. Contudo, falta evidência empírica
da bondade da multiplicidade de taxas de IVA com vista à prossecução de igualdade.
Para além do imposto sobre importações e os emolumentos aduaneiros, incidem sobre os bens importados o imposto de selo (à taxa
de 0.5%) e o imposto de consumo.
A relevância desta forma de tributação é, no caso angolano, menos significativa que noutras economias emergentes, dada a sua história
recente e baixa participação no comércio internacional; porquanto, o desafio de redução desta forma de tributação deverá ser menos
penoso. Dada a dependência externa para muitos produtos destinados à satisfação de necessidades básicas e à promoção do investimento,
as taxas associadas a este imposto deverão ser relativamente baixas, sobretudo no caso de bens de primeira necessidade, de equipamento
e matérias-primas.
Em Angola, as taxas oscilam entre 5% para os bens primários e 35% para bens de luxo ou superflúos, gerando um volume não negligenciável
15
E.E.F. - Angola * Dezembro 2006
OPINIÃO
de receitas para o Estado. Actualmente, é o terceiro imposto mais revelante em termos de receita, registando-se uma tendência para
aumento da sua representatividade nesta fase inicial de regularização da actividade produtiva. Existe uma grande disparidade entre as
taxas aplicadas, em contraponto com as recomendações específicas do FMI, que advoga pouca dispersão nas taxas para evitar ineficiência.
Angola não poderá alhear-se do programa global de intensificação do comércio internacional, que impõe a redução de tarifas e direitos.
Embora levante menores preocupações ao nível de receita que noutras economias, esta tendência envolve dois aspectos que terão de ser
acautelados. Primeiro, é importante assegurar que a redução nominal das taxas aduaneiras não implica alterações indesejadas nas taxas
de protecção efectiva entre sectores da economia. Uma solução para este problema passa pela redução nominal de todas as tarifas na
mesma proporção, sempre as taxas tenham de ser alteradas. Segundo, a possibilidade de perda temporária de receita tem de ser obviada
ou compensada. Neste caso, a estratégia seguida por vários países é relativamente simples e passa pela adopção de medidas compensatórias,
as quais têm sido contempladas na seguinte sequência: redução do âmbito de isenções; compensação da perda de arrecadação com o
agravamento proporcional de impostos sobre o consumo de bens específicos, como tabaco, bebidas alcoólicas, etc,...; e ajustamento da
taxa geral do imposto sobre consumo para fazer face ao diferencial remanescente de receita.
16
E.E.F. - Angola * Dezembro 2006
OPINIÃO
Outros casos:
- transportes de médio e longo curso: isenção de direitos aduaneiros;
- estabelecimentos de ensino particular e clínicas: rendimentos sujeitos à tributação à taxa de 20%. A taxa é reduzida para 10%
sempre que o estabelecimento de ensino e de saúde ofereçam gratuitamente 10% da sua capacidade a alunos de classes
desfavorecidas.
A concessão de incentivos fiscais é prática corrente em países em vias de desenvolvimento, embora também exista em países desenvolvidos.
A eficiência de custo da concessão de incentivos fiscais para promoção de investimento, sobretudo de não-residentes, é controversa
devido ao fracos resultados produzidos e à frequência de ocorrência de abusos. O valor dos incentivos fiscais também é questionável para
o investidor, porque, na maioria dos casos, o verdadeiro beneficiário é o erário do seu país. Apesar das desvantagens óbvias, pode
contemplar-se a sua adopção na perspectiva de forma de compensação de algumas falhas de mercado, designadamente, envolvendo
externalidades. Aí reside a justificação para a adopção de incentivos fiscais em indústrias de alta tecnologia. Outro argumento radica na
necessidade de cumprimento de metas de desenvolvimento regional.
De acordo com resultados empíricos, a melhor estratégia com vista à captação de IDE consiste invariavelmente em assegurar enquadramentos
legais e regulamentares estáveis e transparentes, conjuntamente com instituições e infra-estratuturas adequadas (designadamente ao
nível da mão-de-obra) e um sistema fiscal em linha com os padrões internacionais. Na eventualidade de se adoptarem incentivos, na
medida em que não são todos igualmente meritórios10, convém primeiro escolher o método das taxas de depreciação acelerada no caso do
IRC, porque apresenta menos desvantagens comparativas, sendo as isenções fiscais e os subsídios as alternativas mais desinteressantes,
embora paradoxalmente sejam as mais populares.
Angola é um caso típico, dominando a adopção de isenções e taxas reduzidas no IRC, direitos aduaneiros e no imposto sobre aplicação de
capitais. As isenções fiscais11 são os incentivos mais populares entre países em vias de desenvolvimento, porventura devido à facilidade
de execução. Porém, apresentam numerosas desvantagens. Pelo facto de isentarem lucros independentemente do seu montante, beneficiam
os projectos com maiores lucros esperados, os quais, em princípio, seriam levados a cabo indiferentemente dos benefícios fiscais. As
isenções incentivam a evasão fiscal, na medida em que várias empresas podem entrar em acordo entre si com vista a promoverem a
eficiência fiscal à custa do erário público. A duração das isenções, embora limitada do tempo, tende a ser objecto de abusos, através do
encerramento da empresa beneficiária e abertura de outra absolutamente igual apenas para voltar a aproveitar a vantagem fiscal. Acresce
que o facto dos benefícios serem limitados temporalmente favorece o aparecimento de projectos de curto prazo, quando as economias
pretendem atrair investimento de longo prazo. O custo deste benefícios, em termos de orçamento do Estado, é pouco transparente, sendo
difícil ao Estado ser ressarcido em situações de abuso ou utilização indevida.
Cristina Casalinho
10
Tanzi, V. & Howell H. Zee. (2000) "Tax Policy for Emerging Markets: Developing Countries". IMF Working Paper/00/035, Washington D.C., International Monetary Fund
11
A isenção fiscal é um caso extremo de aplicação de taxas reduzidas: taxa zero.
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E.E.F. - Angola * Dezembro 2006
OPINIÃO
ANEXOS
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E.E.F. - Angola * Dezembro 2006
OPINIÃO
Média da OCDE 38.6 14.9 11.0 3.7 6.6 3.5 0.3 2.3
Média da EU 40.7 14.5 10.5 3.8 7.1 3.9 0.2 2.1
2. Economias de transição
Bulgária 2001 28.7 7.4 3.6 2.5 8.3 3.7 0.7 0.0
República Checa 2001 36.4 9.1 4.8 3.2 5.6 3.5 0.5 0.3
Estónia 2001 32.5 8.2 7.4 0.8 9.1 3.6 0.0 0.0
Hungria 2001 37.6 9.9 7.5 2.4 8.4 3.6 0.8 0.2
Letónia 2001 29.6 8.0 6.0 2.1 7.4 3.4 0.3 0.0
Lituânia 2001 28.1 7.9 7.3 0.5 8.0 3.4 0.3 0.0
Polónia 2001 33.6 6.5 4.6 1.8 7.4 4.0 0.6 0.0
Roménia 2001 28.2 5.4 3.3 1.9 4.5 3.5 0.8 0.0
Eslováquia 2001 31.0 6.6 3.5 2.0 7.4 2.9 0.4 0.2
Eslovénia 2000 39.8 7.7 4.2 1.3 10.2 3.3 0.9 0.7
Média simples 32.5 7.7 5.2 1.9 7.6 3.5 0.5 0.1
Fonte: Lorie (2003), FMI; BBPI para Angola.
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E.E.F. - Angola * Dezembro 2006
OPINIÃO
Média simples 18.1 5.7 2.3 3.5 4.7 2.2 2.3 0.9
Média simples 23.4 6.1 2.4 2.8 6.7 2.3 1.3 0.7
20
E.E.F. - Angola * Dezembro 2006
OPINIÃO
21
E.E.F. - Angola * Dezembro 2006
OPINIÃO
22
E.E.F. - Angola * Dezembro 2006
ANÁLISE DE CONJUNTURA
C ENÁRIO POLÍTICO
Nos últimos tempos, assistiu-se a novos desenvolvimentos relativos ao processo eleitoral. No passado dia 20 de Dezembro, o Conselho da
República, órgão consultivo da presidência, decidiu propor ao Presidente da República a convocação de eleições legislativas no período
entre Maio e Agosto de 2008, e as presidenciais para um ano mais tarde. Há, no entanto, quem continue a prever que as eleições poderão
realizar-se só em 2010. Por sua vez, o Presidente da República admitiu ser "difícil" a convocação de eleições para 2007, e sugeriu
também a realização separada das eleições legislativas e presidenciais. Mas seja qual for o cenário que se concretize, o governo disporá
de uma maior margem de manobra para executar o processo de registo eleitoral. Ou seja, uma maior probabilidade de, por essa altura, o
processo de recenseamento já estar completo, condição necessária para se poderem realizar as eleições. Acresce que o MPLA condiciona
uma eventual discussão sobre a Constituição angolana à realização das eleições.
Entretanto, o processo eleitoral continua a avançar. No passado dia 15, terminou a primeira fase do registo eleitoral, a qual se estendeu
por 30 dias, tendo o ministro da Administração do Território e coordenador da Comissão Interministerial para o Processo Eleitoral (CIPE),
afirmado que os dados desta primeira fase foram "positivos e encorajadores para a dinâmica do processo, visando atingir o patamar que se
deseja, com o empenho das próprias brigadas e da população." Foi no entanto referido que existiram dificuldades no processo, nomeadamente
no que diz respeito à sua implementação no terreno. De acordo com os dados conhecidos, existe a possibilidade de durante esta fase
terem sido registados entre 800 mil e um milhão de cidadãos. O processo será retomado no dia 15 de Janeiro de 2007. As autoridades
prevêem registar, até ao final do processo, em Novembro de 2007, cerca de 7 a 8 milhões de cidadãos. Note-se que inicialmente era
previsto que o processo terminasse em Junho de 2007. Sendo assim, este alargamento do processo de registo poderá também ter sido uma
das razões que levou o Conselho da República a propor eleições só em 2008.
O Governo estará a preparar a realização de um censo populacional, para se efectivar durante os próximos anos. Para tal, o Instituto
Nacional de Estatística (INE) está a levar a cabo o processo de actualização da cartografia censitária e a preparação dos diplomas legais
para suportar a actividade. Em Angola, não se realiza nenhum censo populacional há 30 anos. Apesar das dificuldades financeiras e
técnicas que estes estudos acarretam, o registo eleitoral em curso poderá ser uma boa base para iniciar o censo.
C ENÁRIO ECONÓMICO
Relativamente ao programa do Governo para 2007-2008, os objectivos definidos são a consolidação da paz e a reconciliação nacional, a
edificação das bases para a construção de uma economia nacional integrada e auto-sustentada, e o desenvolvimento harmonioso do
território e dos recursos humanos. Prevê uma redução da taxa de inflação em 2008 para os 8% e um crescimento acelerado dos níveis de
produção de petróleo bruto que se revelarão determinantes para a concretização do PIB nominal esperado. Nesse ano, espera-se que a
composição do PIB seja a seguinte: sector petrolífero: 57%; sector não petrolífero 29.4%; e os sectores comercial, bancário, de seguros
e outros com os restantes 13.6%.
23
E.E.F. - Angola * Dezembro 2006
ANÁLISE DE CONJUNTURA
com que se mantenha elevada a procura de petróleo e de gás natural. Não deixam no entanto de ser feitas chamadas de atenção à
possibilidade de que o abrandamento da economia norte-americana poderá ser superior ao esperado, o que terá certamente impacto no
nível de procura do petróleo.
Foi já anunciado que irá passar à prática, no segundo semestre do próximo ano, o projecto de construção de uma fábrica de Gás Natural
Liquefeito, o denominado projecto "Angola LNG", joint-venture entre a Sonangol (22.8%) e as filiadas Chevron (36.4%), Exxon Mobil
(13.6%), Total (13.6%) e BP (13.6%). Sendo liderado pela Sonangol e pela Chevron, este projecto deverá empregar um total de 6 mil
pessoas, privilegiando uma força de trabalho jovem e local (da vila petrolífera de Soyo, em cujo município a fábrica será instalada, e da
província do Zaire em geral). A primeira produção de gás deverá acontecer em finais de 2010. Soube-se também que o governo pretende
importar "know how" do Qatar. Com este projecto, Angola pretende incorporar o gás natural no conjunto dos principais produtos de
exportação. O Banco Mundial acredita que Angola poderá, nos próximos cinco anos, elevar as suas reservas de gás natural para 25 biliões
(1012) de pés cúbicos, contra os actuais 1.6 biliões, em função das expectativas existentes quanto às descobertas de novas jazidas.
Uma outra vantagem que poderá advir desta adesão diz respeito à possibilidade de vir a existir a necessidade de reorganizar o sector
petrolífero angolano, nomeadamente de resolver uma das questões mais polémicas: o facto de a Sonangol ter um papel de concessionária
e agente regulador do sector, ao mesmo tempo que é um dos concorrentes nos concursos de exploração.
De acordo com o Banco Mundial, o Estado Angolano poderá arrecadar 152 milhões de USD em receitas petrolíferas entre 2005 e 2009 (4
anos), no caso de o preço petrolífero se manter entre os 54 USD e os 76 USD por barril. Ou seja, em média arrecadará cerca de 38 milhões
de USD por ano, contra os 10 mil milhões de USD arrecadados em 2005. O estudo refere ainda que Angola deverá atingir em 2011 o seu
nível mais alto de produção petrolífera (cerca de 2 milhões e seiscentos mil barris por dia contra os 2 milhões esperados no próximo ano),
fenómeno possibilitado pela descoberta de novas jazidas nas águas profundas e ultra profundas. Refere ainda que em 2020 a produção
petrolífera deverá registar uma queda para os níveis registados em 2000 (cerca de 740 mil barris por dia).
Actualmente um dos objectivos é que o país se venha a assumir como referência no mercado mundial de transformação de pedras
24
E.E.F. - Angola * Dezembro 2006
ANÁLISE DE CONJUNTURA
preciosas, para o que deverá continuar a contribuir o trabalho desenvolvido na fábrica de lapidação, a Angola Polishing Diamonds, que
actualmente tem capacidade para processar diamantes no valor de 240 milhões de dólares por ano. De forma a motivar a criação de uma
indústria de joalharia nacional, a ENDIAMA iniciou uma campanha de motivação de empreendedores locais. De acordo com a ENDIAMA,
"com a indústria nacional de joalharia, Angola cimentará a sua posição de grande produtora de diamantes, bem como de transformadora
dos mesmos, através de operadores privados."
No que diz respeito ao crescimento do PIB, as projecções do Banco Mundial estão em consonância com as projecções do Governo e
também do FMI.
Com o BDA, o Governo cria um instrumento para implementar o modelo de desenvolvimento que recomenda para o país, com níveis cada
vez menores de dependência dos recursos naturais, como os diamantes e petróleo. Serão assim transferidos recursos para outras áreas da
economia nacional, gerando um crescimento mais equilibrado, responsável e comprometido com a sustentabilidade das futuras gerações.
No entanto, de acordo com o Banco Mundial, a criação do BDA não ajudará o desenvolvimento do sector privado no caso de o ambiente
de negócios não mudar, não facilitar a criação de empresas.
A evolução dos projectos relacionados com o desenvolvimento social continua a ser um dos pontos que recebe maiores críticas por parte
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ANÁLISE DE CONJUNTURA
das organizações governamentais e não-governamentais a nível internacional. Mas, recentemente, a ONU reconheceu o empenho do
Governo na recuperação económica do país, e consequentemente nas condições sociais da população. De qualquer forma, frisou a
necessidade de alocar mais recursos para projectos de desenvolvimento social, visando a redução da pobreza e o alcance de um crescimento
económico sustentado e desenvolvimento sustentável. Mas não deixa de ser importante referir que, nesse mesmo relatório, é feita referência
à necessidade de a comunidade internacional se direccionar fortemente para o apoio dos esforços do governo angolano, para que seja
possível reduzir significativamente os níveis de pobreza do país.
Segundo a Ministra do Planeamento, Angola ainda não está em condições de aderir à zona de comércio livre da SADC (Comunidade de
Desenvolvimento da África Austral) já em 2008, como estava previsto. O principal factor de impedimento é a falta de infra-estruturas que
possibilitem a ligação entre Angola e a região. De qualquer forma, o processo de reconstrução do país continua a registar desenvolvimentos
significativos.
No entanto, para que a análise possa ficar mais completa, interessa tentar perceber quais as questões que estão por detrás destes
números. A verdade é que não existem ainda as condições necessárias para que os bancos possam conceder mais crédito. Estas condições
passam por exemplo pela fraca existência de legislação que proteja a posição dos bancos em casos de incumprimento. Por outro lado,
existem problemas estruturais. O facto de a actividade económica nos sectores não petrolíferos ser ainda incipiente justifica que seja
ainda baixa a necessidade, e possibilidade, de pedir crédito. Esta é talvez a razão pela qual, e segundo o BNA, 67% do crédito concedido
ter sido destinado a particulares, e que sectores importantes da economia tenham recebido uma pequena percentagem: a indústria
transformadora recebeu 2%; a indústria extractiva recebeu 3%; a agricultura recebeu 1%; a construção 5%; a saúde, educação e acções
sociais no total receberam 1%; e o crédito concedido ao comércio representou já 11%. Ou seja, em Angola as taxas de juro, baixas, não
são restrição à concessão de crédito, estas resultam essencialmente da falta de procura de crédito por incipiente desenvolvimento da
actividade económica fora do sector extractivo.
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ANÁLISE DE CONJUNTURA
30 %
82
25
20
15
80
10
5
0
78
Nov-05 Fev-06 Mai-06 Ago-06 Nov-06
Jan-06 Mar-06 Mai-06 Jul-06 Out-06 Dez-06
Fonte: BNA. TBC 91 dias TBC 182 dias Fonte: BNA.
As taxas de juro continuam a registar subidas em todos os prazos, mantendo-se assim, um processo de regularização da liquidez, e
também do nível do prémio face às taxas de juro do dólar.
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BPI