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ISSN 2179-1740 Revista de Psicologia

ORIENTAÇÃO SEXUAL E INCLUSÃO:


UM ESTUDO DE CASO EM ORGANIZAÇÃO
Revista VAREJISTA DE FORTALEZA
de Psicologia SEXUAL ORIENTATION AND INCLUSION: A CASE STUDY IN A RETAIL
ISSN 2179-1740 ORGANIZATION IN FORTALEZA.

Elaine Marinho Bastos 1 Marcelo Souza Pinheiro 2 Tereza Cristina Batista de Lima 3

Resumo
A gestão da diversidade nas organizações é tema emergente em estudos organizacionais, apesar de alguns tabus ainda existentes.
Observam-se formas de diversidade em que a invisibilidade é possível e menos estudada que as formas mais visíveis, como gênero
ou etnia. Estudos apontam um crescimento de publicações que analisam a discriminação sofrida por indivíduos de orientação sexual
diversa no ambiente organizacional, embora enfatizem que a diversidade sexual tem sido pouco estudada no Brasil. Ainda existe a
discriminação diante de cargos hierarquicamente mais elevados, evidenciando uso de estereótipos e preconceitos, que comprometem a
autoestima e geram sentimentos de exclusão. Tais aspectos foram evidenciados neste artigo a partir da percepção de inclusão em uma
organização varejista de Fortaleza, Ceará, sob a ótica da orientação sexual dos entrevistados. Dez profissionais masculinos relataram
sobre a percepção da orientação sexual e o sentimento de inclusão na organização em que trabalham. A pesquisa teve foco qualitativo,
descritivo e exploratório, obtendo dados por meio de entrevista. Os principais resultados mostram que os discursos empresariais são
pouco efetivos devido ao preconceito arraigado, a pouca permissividade gerencial e à ausência de senso coletivo de diversidade. Minorias
e não minorias demonstraram preconceito e atitudes discriminatórias entre si, evidenciando dificuldades no respeito às diferenças

Palavras-chave: Homossexualidade, homofobia, heteronormatividade, preconceito, discriminação.

Abstract
Diversity management in organizations is an emerging topic in organizational studies, although there are still some taboos. It is observed
some forms of diversity where invisibility is possible and least studied than most of visible forms, such as gender or ethnicity. Studies
point to a growth of publications that analyze discriminations suffered by individuals of different sexual orientation in the organizational
environment, while emphasize that sexual diversity has been little studied in Brazil. There is still discrimination before hierarchically
higher positions, showing the use of stereotypes and prejudices that undermine self-esteem and lead to feelings of exclusion. These
aspects were highlighted in this article from the perception of inclusion in a retail organization in Fortaleza, Ceará, from the perspective
of sexual orientation of the respondents. Ten male professionals reported on the perception of sexual orientation and sense of belonging
in the organization they work for. This research has qualitative, descriptive and exploratory focus, obtaining data through interviews.
Main results show that business speech are ineffective due to ingrained prejudice, poor management permissiveness and lack of
collective sense of diversity. Minorities and non-minorities demonstrated prejudice and discriminative attitudes among themselves,
showing difficulties regarding differences.

Keywords: Homosexuality, Homophobia, heteronormativity, prejudice, discrimination.

1
Professora Universitária, Mestre em Administração, Psicóloga e Assistente Social. Universidade Federal do Ceará. E-mail: psicologia_elaine@hotmail.com
2
Mestrado Profissional em administração e Controladoria, FEAAC-UFC, msouzapinheiro@uol.com.br.
3
Professora, Doutora, FEAAC - Universidade Federal do Ceará, tereza@prograd.ufc.br

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1 - INTRODUÇÃO Segundo o relatório da OIT (2010) que


fala sobre igualdade de gênero e raça no
O perfil da força de trabalho vem se
mercado de trabalho entender os concei-
diversificando cada vez mais nas últimas
tos de homofobia e heteronormatividade
décadas, com o aumento da diversidade,
é fundamental quando se discute gestão
em diversos aspectos, dos consumidores e
de diversidade no ambiente de trabalho,
da mão de obra de forma geral, como afir-
uma vez que as intolerâncias às diversas
mam Cox (1994) e Fleury (2000). A cons-
orientações sexuais resultam no compro-
cientização da existência da diversidade na
metimento da dignidade destes indivíduos,
sociedade propicia a inclusão nas organiza-
consequentemente aumentando seu nível
ções de pessoas de diferentes culturas, ra-
de estresse (Irigaray, 2007), o que compro-
ças, gêneros, orientações sexuais, classes
mete o desempenho e leva a consequências
sociais, nacionalidades etc., permitindo o
nas organizações.
reconhecimento e a compreensão das dife-
renças e semelhanças entre os indivíduos, Segundo Fleury (2000) diversidade
com objetivo de valorização e reconheci- refere-se a uma variedade de atributos de
mento da importância de sua inserção den- indivíduos e grupos que influenciam positi-
tro das organizações. vamente o ambiente interno multicultural,
com membros de distintas experiências e
As diversidades ou minorias frequen-
habilidades. Assim, a inserção e seus efei-
temente sentem-se menos incluídas do que
tos da diversidade cultural no comporta-
membros do grupo dominante, não por
mento e no desempenho organizacional são
uma possível causa de deficiência de de-
complexos, e a compreensão desses efeitos
sempenho, mas devido ao acesso diferen-
deve ser prioritária, sendo esse um dos ob-
ciado de oportunidades e um clima inóspito
jetivos desse artigo.
em que se sentem inseridos (Cox, 1993). Os
grupos de maioria exercem opressão e le- Um dos grupos pertencentes ao cam-
vam adiante estigmas e preconceitos sobre po de estudo de diversidade cultural no
os diferentes, assim as minorias sofrem a ambiente de trabalho refere-se ao homoa-
opressão e sentem a discriminação sobre fetivo, talvez o tipo de diversidade mais difí-
seus grupos, como também aponta Ozeren cil de trabalhar nas organizações, por uma
(2013). questão histórica não definida. Ao longo
dos séculos, a homoafetividade foi vista
Uma definição clássica do termo di-
como crime, pecado e patologia pelo Es-
versidade refere-se a um misto de pessoas
tado, Religião e Ciência, respectivamente.
com identidades grupais diferentes dentro
Atualmente ainda se observam atitudes de
do mesmo sistema social (Nkomo & Cox,
repulsa por homossexuais e o desejo cons-
1999). Minoria é um termo sociológico que
ciente ou não de punição, o que se denomi-
desconsidera o número de membros do
na homofobia.
grupo, mas contempla sua disposição de
poder na sociedade. No caso, uma mino- Para Irigaray (2007) o homoafetivo vi-
ria dispõe de pouco poder e, por isso, de- vencia nas empresas várias experiências,
pende da arbitrariedade de outro grupo – a tais como: a discriminação no processo de
heteronormatividade. Essa é a terminolo- seleção de pessoal se for visível que ele seja
gia mais usada para se referir aos grupos homossexual, ou declarar explicitamente
favorecidos por ações afirmativas, onde as sua orientação; a perda de emprego em vir-
minorias, recebedoras de atitude, compor- tude da orientação sexual; a perda de uma
tamento e experiências negativas são in- possível promoção, também em virtude da
cluídas na diversidade das organizações e orientação sexual; o discutível fato de o ho-
da sociedade em geral. moafetivo ganhar menos do que o heteros-

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sexual; avaliações de desempenho basea- da palavra grega homos que quer dizer “o
das intensamente em um único traço do in- mesmo, igual” e sexus para definir rela-
divíduo, a identidade homossexual, dentre ções afetivas amorosas entre pessoas do
muitas outras formas de preconceito. Com mesmo sexo.
esse cenário, indivíduos homossexuais das
Conforme Naphy (2006) a homosse-
mais variadas profissões tendem a escon-
xualidade perdurou no contexto da perver-
der a orientação sexual, na tentativa de
são sexual durante décadas. Antes de o ter-
evitar a discriminação e o enfraquecimento
mo homossexualidade ser criado, em 1860,
da carreira profissional. Ainda é indicado
pelo médico austro-húngaro Karoly Maria
como consequência do preconceito o isola-
Benkert (1824-1882), o uso de nomencla-
mento, a perda de chances de promoção,
turas diferenciadas variava de acordo com
a exclusão de redes de trabalho profissio-
as épocas, culturas e discursos vigentes:
nais, a intimidação e a violência física, mo-
sodomitas, invertidos, doentes mentais ou
ral ou sexual.
perversos, dentre outros. Benkert definia a
Neste trabalho, foi analisada a per- expressão criada, explicando ser algo além
cepção da importância da orientação se- do impulso sexual normal dos homens
xual, inclusão e sentimento de inclusão e das mulheres, onde a Natureza, do seu
da carreira de profissionais homossexuais modo soberano, dotou à nascença cer-
masculinos em uma organização varejis- tos indivíduos masculinos e femininos do
ta de Fortaleza, Ceará. Foram levantadas impulso homossexual, onde esse impulso
informações a partir do questionamento a criaria, de antemão, uma aversão direta ao
10 (dez) profissionais, sobre a percepção de sexo oposto (Naphy, 2006).
ser homoafetivo e o sentimento de inclusão
A distinção entre heterossexualida-
na organização em que trabalham. No es-
de e homossexualidade foi demarcada na
tudo foi adotada uma pesquisa qualitativa,
qualificação da identidade dos sujeitos
bibliográfica, descritiva e desenvolvida a
em geral após a Segunda Guerra Mundial
partir de um estudo de caráter explorató-
(Bourdieu, 2003). A heteronormatividade
rio, através de entrevista semiestruturada.
foi instituída e legitimada como preceito
Além desta introdução, este artigo regulador das relações sociais por meio da
está estruturado em cinco seções. A segun- difusão de ideias pejorativas de atribuição
da seção aborda a homossexualidade no social acerca das práticas não heteros-
contexto organizacional, seguida da meto- sexuais, que associavam estas às noções
dologia utilizada na execução da pesquisa. de doença e perversão em decorrência do
Por fim, são analisados os discursos dos imaginário coletivo. Em decorrência do es-
entrevistados, e apresentadas as conside- tabelecimento de tal distinção sexual, os
rações finais. sujeitos assumidamente homossexuais
passaram a ser enquadrados em esferas in-
feriores da hierarquia social e a ser alvos de
2 - A HOMOAFETIVIDADE E O CON- discriminações e inferiorizações, realidade
TEXTO ORGANIZACIONAL de opressão invisibilizada como natural às
Para Ceccarelli (2008) a homoafeti- relações de subordinação (Ceccarelli & Sa-
vidade, o sujeito homossexual ou como é les, 2010)
mais comumente denominado na socieda- A heteronormatividade refere-se à
de brasileira, o gay, são “invenções” do sé- crença na superioridade da orientação he-
culo XIX. Surge uma nova categoria social, terossexual e na consequente exclusão,
que viria a ser marcada, estigmatizada e re- proposital ou não, de indivíduos não hete-
conhecida como desvio da norma. Derivada rossexuais, de políticas públicas e organi-

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zacionais, eventos ou atividades. Existe um dade o termo mais comumente utilizado é


rechaço das mulheres e dos homossexuais, homoafetividade que denota busca de um
já que os mesmos são citados como simbo- menor nível de discriminação.
licamente semelhantes às mulheres. A he-
Assim como as outras minorias, os
terossexualidade é mantida através de uma
gays, objeto deste estudo, têm sido alvo de
dupla negação, igualmente sexualizada:
atitudes discriminatórias ao longo da his-
mulheres e homossexuais, sendo que am-
tória e, não muito raramente, punidos de
bos devem ser “dominados” (Barillo, 2000).
diversas formas que vão desde o confina-
Para Ceccarelli (2010) essa divisão fez mento em prisões e campos de concentra-
com que os indivíduos que se classificassem ção à castração e torturas (Adam, 1987).
como homossexuais passassem a ser vistos O gay, em uma de suas identidades, a se-
como tendo desvios; sendo, assim, relega- xual, é objeto de hostilidades e de exclusão,
dos à marginalidade. Isso ocasionou o sur- inclusive no ambiente de trabalho. Vale
gimento de grupos e consequentemente, de ressaltar que os termos homossexual e gay
uma cultura homossexual caracterizada por são utilizados neste trabalho adotando-
comportamentos, estilos de vida e, princi- -se como mesmo significado, homens cuja
palmente, por uma maneira de viver, sentir, orientação sexual e afetiva principal é para
desejar e amar. Herek (1991) afirma que a com pessoas do mesmo sexo biológico.
hostilidade para com pessoas homossexuais
Segundo Gois (2004) não raramente,
tem sido denominada de diversas formas:
os próprios indivíduos gays compartilham
homofobia, heterossexismo, homossexofo-
deste tipo de sentimento (homofobia ego-
bia, homossexismo, homonegativismo, anti-
-distônica) por autoafirmação, medo de se-
-homossexualismo e anti-homossexualida-
rem expostos em seus grupos e, inclusive,
de, e o termo mais comumente utilizado na
pela dificuldade em lidarem com sua pró-
literatura, homossexualismo.
pria orientação sexual.
Para Borrilo (2001) a delimitação das A homoafetividade como objeto de es-
identidades sexuais faz parte de um amplo tudos acadêmicos foi inicialmente aborda-
processo histórico e cultural de normati- da pela medicina, especialmente visando
zação da sexualidade, ou seja, de institu- uma repressão de tais práticas, considera-
cionalização da heterossexualidade como a das anormais (Góis, 2004). A partir das dé-
única forma “normal” de identidade sexual. cadas de 1970 e 1980 começaram a surgir
Desse modo, o processo de normatização estudos menos preconceituosos e, na déca-
da identidade heterossexual pressupõe um da de 1990, disciplinas como a Psicologia,
processo constante de estigmatização das Antropologia, História, Sociologia, Artes e
identidades sexuais não hegemônicas que Literatura ocuparam-se do assunto.
passam a ser consideradas como identida-
A desvalorização das mulheres e dos
des que escondem uma falha fundamental
gays faz parte da construção social da mas-
(Goffman, 1988).
culinidade e do conceito de gênero desde a
Bourdieu (2007) cita o termo minoria infância, como aponta Ceccarelli (20008) e
como todas as categorias que não perten- (2010). As diferenças entre homens e mu-
çam ao universo masculino, caucasiano, lheres são enfatizadas a partir das pers-
heterossexual e que são subjugadas pela pectivas que se estabelecem nas diversas
mídia, organizações. Desta forma mulhe- culturas. Contudo, a concepção de uma
res, gays, negros, deficientes físicos e men- natureza fundante, capaz de explicar os
tais são caracterizados e estigmatizados comportamentos masculinos e femininos
como antônimos dos atributos masculinos ainda persiste e se revela nos estereótipos
e classificados como minorias. Na atuali- (Bourdieu, 2007).

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A lógica da dominação masculina per- de discriminação, pesa sobre a homosse-


passa todas as relações sociais, visto que é xualidade uma condenação moral, uma
exercida em nome de um princípio simbó- inaceitabilidade social e política e uma atri-
lico conhecido e reconhecido tanto pelo do- buição de relação entre homossexualidade
minador quanto pelo dominado (Bourdieu, e doença (Rios, 2007).
2007). O preconceito com os homossexuais
Os autores defendem que exista uma
é primeiramente uma resposta a um medo,
identidade gay. Esta identidade é desenvol-
que é irracional e disfuncional para os indi-
vida pelo processo de estigmatização, onde
víduos que manifestam o preconceito, pois
os similarmente estigmatizados sentem-se
os homossexuais são primeiramente vistos
mais à vontade entre si, contribuindo com
por eles como uma aberração individual e
o desenvolvimento de um sentimento de co-
as pessoas que manifestam tal preconceito
munidade com tradições e instituições pró-
não veem que, na realidade, esta visão é
prias. Além disso, tratam a formação das
um reflexo dos valores culturais.
comunidades gays como um movimento
A homofobia, fenômeno socialmente característico de grupos minoritários (Fer-
construído, é do mesmo modo que a xeno- reira & Siqueira, 2007), mas desde cedo o
fobia, o racismo ou o antissemitismo, uma homossexual incorpora em suas práticas
manifestação arbitrária que consiste em de- cotidianas a atitude de se calar.
signar o outro como o contrário, inferior ou
Nunan (2003) argumenta que a sínte-
anormal, referindo-se a um prejulgamento
se da identidade gay ocorre quando o su-
e ignorância que consistem em acreditar na
jeito se auto identifica como homoafetivo,
supremacia da heterossexualidade (Borillo,
revelando essa identidade a outras pessoas
2000). É uma modalidade de preconceito e
e se sentindo confortável com ela. Com o
de discriminação direcionada aos homos-
“sair do armário”, o indivíduo gay tende a
sexuais (Rios, 2007), termo que literalmen-
modificar alguns de seus padrões de con-
te significa “medo do igual”. A homofobia é sumo: passa a frequentar lugares de socia-
um dos eixos da identidade sexual mascu- lização homossexual, privilegia serviços e
lina, muitas vezes considerada uma prática produtos especificamente direcionados ao
normal, socialmente aceita e, até mesmo, público gay e, em alguns casos, muda a
esperada por quem defende certo tipo de aparência externa, com a utilização de uma
masculinidade. A hegemonia masculina é grande energia emocional e o medo de re-
imposta por meio de uma violência simbó- taliação e rejeição. Entretanto, ao mesmo
lica, suave, insensível e invisível às vítimas tempo, aqueles que permanecem no “armá-
uma vez que, enquanto poder, ela também rio” manifestam baixos níveis psicológicos
gera prazer e se perpetua (Bourdieu, 2007). de bem-estar e de satisfação na vida, au-
A homoafetividade só pode ser colocada mentando os riscos relacionados à saúde,
como algo visível pela autoidentificação ou além de gastarem muita energia em ativi-
pela atribuição de terceiros (Rios, 2007). dades focadas em esconder sua homosse-
Entretanto, quando se fala de homosse- xualidade, em uma tentativa de evitar qual-
xuais a ocultação é algo possível ao se fa- quer estereotipia e estigmatização.
zer de conta que não é homossexual, isto é, Como aponta Ceccarelli (2010) a for-
assumindo uma identidade sexual que não ma como a sociedade percebe a homoafeti-
é a sua: a identidade heterossexual (Medei- vidade foi se modificando com o passar dos
ros, 2007), escondendo características de anos, em especial quando do aparecimen-
sua forma de ser, trazendo consequências to da AIDS, nos anos 80, que fez com que
para a vida pessoal e profissional deste in- mais uma vez a sociedade associasse uma
divíduo. Diversamente das outras formas doença à homossexualidade e a nomeasse

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“câncer gay”. Apesar disso, a epidemia da Medeiros (2007) enfatiza que dos três
AIDS, também trouxe à tona novas formas espaços sociais onde as pessoas desenvol-
de organização social do movimento GLBT vem sua vida: familiar, social e profissio-
(Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transexuais) nal; é no profissional que a discriminação
e uma maior visibilidade e discussão des- contra homossexuais se torna mais pre-
te tema pela sociedade brasileira (Pereira, sente, mas nos demais existe a discrimi-
2004). nação velada e que interfere nas questões
profissionais.
Para Fleury (2000), a diversidade se
relaciona ao respeito à individualidade e ao A presença de discriminação no local
seu reconhecimento, a forma pela qual os de trabalho colabora com a existência no
indivíduos se percebem – suas identidades ambiente laboral do que Meyer (1995) de-
visíveis e invisíveis. Pode ser dividida em nominou de “estresse de minorias”. O con-
duas classes: as primárias, inatas, imutá- ceito de “estresse de minorias” surge para
veis e centrais na formação da identidade explicar o estresse psicológico vivenciado
do ser humano; e as secundárias, que, ad- por grupos estigmatizados. Para o autor,
quiridas ao longo da vida, mutáveis, não al- trata-se de um estado interveniente entre
teram o núcleo principal da identidade do agentes estressores antecedentes e viven-
indivíduo. ciados sequencialmente em uma cultura
estigmatizada, que define um determinado
Cox (1993) define diversidade como:
grupo com um status inferior, resultan-
(...) a representação, em um siste- te do preconceito e discriminação social.
ma social, de pessoas com afiliações Uma sobrecarga físico-psicológica a qual
a grupos claramente diferentes em um indivíduo está sujeito quando perten-
termos de significado cultural. A ce a uma minoria, conforme sugerido por
questão da diversidade em um con- Irigaray (2006). Ou seja, estresse de mino-
texto de sistema social é caracteri- ria é o estresse vivenciado por pertencer a
zada por um grupo majoritário e por um grupo minoritário que é marginalizado
grupos minoritários, isto é, aqueles e oprimido. Pode provocar alienação, inter-
grupos com menor quantidade de nalização dos valores sociais negativos e
membros representados no sistema atitude negativa relacionada com determi-
social (Cox, 1993, p. 5-6). nada orientação sexual. Assim, é operacio-
nalizado por meio de três componentes: ho-
mofobia internalizada, estigma percebido e
As práticas homofóbicas e heterocên- atitudes preconceituosas.
ticas impedem que os homoafetivo vivam
plenamente suas vidas afetivo-sexuais, bem A diversidade passou a ser tomada sob
como criam barreiras para que os mesmos um olhar mais pragmático, ou seja, poderia
se insiram e ascendam no mundo organiza- traduzir-se em vantagem competitiva para
cional (Irigaray, 2008; 2007). A rigor, essa as organizações que a adotassem. Segun-
hegemonia masculina sequestra o capital do Fleury (2000), a gestão da diversidade
social das minorias (Bourdieu, 2007). Po- surgiu da constatação de que o contingente
cahy (2007) também defende que a homo- de trabalhadores do sexo masculino e de
fobia e a hierarquização das relações entre cor branca diminuiria, fazendo com que o
homens e mulheres, também denominadas percentual de mulheres, negros e homoa-
de sexismo, são fruto de uma sexualidade fetivos, no mercado de trabalho crescesse.
binária que cria um espaço social sexuali- Desta forma, Ferreira e Siqueira
zado, que atua como sinalizador dos possí- (2007) concluem que homossexuais assu-
veis lugares a serem ocupados. midos são alvo de ações homofóbicas que

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criam barreiras para a ascensão profissio- estresse e depressão, dentre outras conse-
nal e que também dificultam o relaciona- quências como: isolamento, baixa autoes-
mento com o restante do grupo. Os pesqui- tima, chegando, em alguns casos, a ocor-
sadores defendem que os gays assumidos rer automutilação e tentativa de suicídio
são mais voltados para a carreira que per- (Guedes, 2003). Constata-se assim, que a
mita expressar a orientação sexual no tra- discriminação por orientação sexual possui
balho, enquanto os gays enrustidos estão dimensões psicológicas e sociológicas.
mais focados para escolhas fundamenta-
Como aponta Ozerene (2013), Cox
das em valores de trabalho mais tradicio-
(1994) e Costa (2007) as principais situa-
nais e relacionados a status, compromisso
ções de preconceito são: discriminação,
e estabilidade, como aponta Ozeren (2013).
inapropriação de profissões para os ho-
Partindo do pressuposto de que a mossexuais, homofobia, estereótipos ne-
homofobia pode alterar negativamente a gativos, estigmas sociais e o medo da AIDS
visibilidade da organização na sociedade, no ambiente de trabalho e a consequente
empresas vêm implementando políticas de exclusão, proposital ou não, de indivíduos
combate à discriminação e estigma ao ho- não heterossexuais das políticas públicas
mossexual. e organizacionais, eventos ou atividades
Estigma é um fenômeno socialmente sociais.
construído, com fortes implicações nega- Como aponta os autores citados aci-
tivas em suas vítimas, dado que se funda ma, caso o indivíduo seja identificado como
numa relação assimétrica, que referenda gay, ele pode absorver todos os impactos
atributos tidos como depreciativos a uma de tal revelação, como a discriminação, a
pessoa ou grupo social (Goffman, 1963). homofobia, o desprezo de colegas, a perda
Definir o preconceito é algo difícil, as- da imagem com que seus colegas o perce-
sim como aponta Devine (1995) pois indica biam. Do outro lado, o sujeito sofrerá sozi-
ser um sentimento negativo relacionado às nho o fato de não se sentir íntegro, ou seja,
pessoas e baseado em associações grupais. da necessidade de estar sempre ocultando
Para Torres e Pérez-Nebra (2004), precon- algo das outras pessoas.
ceito é uma atitude negativa, com grande A sexualidade não é uma área de
carga afetiva, relacionada a um grupo e estudos facilmente relacionada à área
seus integrantes, considerando as diferen- organizacional, fato comprovado pela pouca
ças existentes entre os grupos, podendo ser produção acadêmica com esse tema. Muito
indicados como fraquezas, e a discrimina- embora esteja nela inserida o gênero mas-
ção é definida como o comportamento em si. culino e feminino e sua diversidade, onde
Assim a discriminação pode levar a se inclui os homossexuais, gays, lésbicas,
perda de oportunidades futuras, como afir- transexuais, dentre outras formas de ex-
ma Ozeren (2013), com uma omissão da pressão da sexualidade e diversidade inse-
homossexualidade gerando conflitos psí- rida nas organizações. Ainda hoje se vê uma
quicos pela necessidade de manutenção de imagem inegavelmente preconceituosa, ati-
aparências e imitação de um estilo de vida tudes homofóbicas e de preconceito em rela-
heterossexual. ção aos sujeitos e suas escolhas considera-
Ser alvo de preconceito e estigma ho- das diferentes dos heterossexuais.
mofóbico no trabalho pode predispor ao No âmbito das organizações, a sexua-
desenvolvimento de reações psíquicas com lidade sempre foi cercada de tabus, Góis
sintomas psicossomáticos como: enurese, (2004), deste modo, evitada, mas aqueles
taquicardia, sudorese, ansiedade, insônia, pertencentes a minorias estão inseridos

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cada vez mais juntos aos demais. Nos úl- sionais. Não raramente, os homossexuais
timos anos, muito da literatura em admi- masculinos são associados à fragilidade,
nistração tratou do assunto, pois o tema medo e inconsequência (Irigaray, 2007a),
diversidade tem se consolidado na pauta o que confirma a heteronormatividade (He-
empresarial em todo o mundo, principal- rek, 1998) como um dos pilares de nossa
mente em razão das diferenças na força sociedade. Esta crença na superioridade da
de trabalho. A partir da década de 1980, orientação heterossexual reforça a exclu-
segundo Torres e Pérez-Nebra (2004), a di- são de indivíduos não heterossexuais das
versidade emergiu como um dos mais pro- políticas públicas e organizacionais. Por
fícuos temas em estudos organizacionais. não ser explícita, a heteronormatividade
Estas podem ser visíveis (gênero, etnia) ou estigmatiza, nega e denigre manifestações
invisíveis (religião, doenças crônicas). Ape- das minorias.
sar de serem dificilmente mensuradas, as
Para Fleury (2000: 21), a gestão da
identidades sociais invisíveis não são in-
diversidade cultural deve ter como objetivo
comuns.
principal administrar as relações de traba-
Observa-se, no Brasil, que tem ocor- lho, as práticas de emprego e a composição
rido pouco interesse na realização de pes- interna da força de trabalho, a fim de atrair
quisas que analisam a discriminação so- e reter os melhores talentos dentre os cha-
frida por homoafetivos no ambiente orga- mados grupos de minoria. Complementa
nizacional, como reforça Irigaray (2007) a ainda que quanto maior a diversidade da
diversidade sexual ainda tem sido pouco mão-de-obra maior o incentivo a criativi-
estudada nos estudos organizacionais no dade dos empregados, contribuindo para a
Brasil. Com essa limitação do reconheci- melhoria no processo decisório da empre-
mento e da valorização dos estudos so- sa, uma vez que a torna mais flexível e ágil,
bre diversidade nas organizações, a ho- facilitando a troca de informações sobre ex-
mossexualidade tem foco restrito da área periências, valores, atitudes e a apreensão
de estudos, além de ser visto como tema de novas abordagens.
constante de piadas e desprezo na cena
Irigaray (2006) afirma que ser identifi-
organizacional, por consequência de sua
cado como homo ou bissexual no ambiente
exclusão na sociedade e pouco foco aca- de trabalho pode comprometer a ascensão
dêmico. O gay assumido é discriminado profissional de um indivíduo em função de
devido à orientação sexual, principalmen- sua dificuldade em elaborar uma rede de
te para ocupar cargos hierarquicamente contatos.
mais elevados, sendo claramente objeto de
Para Irigaray (2006) a inclusão é um
estereótipos e de preconceitos, o que com-
paradigma que se fundamenta na neces-
promete sua autoestima e gera sentimen-
sidade de tornar as organizações um es-
tos de exclusão.
paço viável de convivência entre pessoas
A heterogeneidade do ambiente de de todos os tipos, assegurando a inserção
trabalho não é um desafio apenas para os e concretização de seus direitos, necessi-
indivíduos, mas para as organizações tam- dades e reconhecimento de possibilidades
bém, como afirmam Herek (1998) e Ozeren e potencialidades, assim a inclusão tem
(2013). Ao contrário dos negros, mulheres, compromisso com as minorias e com a
deficientes e obesos, discriminados e estig- diversidade. As transformações dos sen-
matizados pelas suas características físicas timentos de inclusão são essenciais para
e mentais, os gays o são pela percepção so- construção de uma sociedade mais justa
cial de um desvio de conduta moral, que e mais igualitária. Inclusão é a convicção
comprometeria seus desempenhos profis- de que todos terão os mesmos direitos de

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participar das atividades das organiza- da flexibilidade organizacional e, como foi


ções, derrubando obstáculos em torno dos acrescentado por Fleury (2000), adiciona
preconceitos e estigmas. valor à organização.
A Constituição Federal Brasileira Para Costa (2007), a discriminação de
(CFB, 1988) assegura em seu Art.3°, inciso trabalhadores no local de trabalho pode ser
IV que “promover o bem de todos, sem pre- direta quando pressupõe um tratamento di-
conceitos de origem, raça, sexo, cor, idade ferenciado proibido; e indireta quando o ob-
e qualquer outra forma de discriminação”. jetivo discriminador não é explícito. Para Iri-
Siqueira et al. (2006, p.4), verificara que garay (2008) as piadas, comentários inapro-
37% (trinta e sete por cento) das produções priados, ridicularização e as humilhações
científicas tratam de discriminação, do es- relacionadas aos homossexuais constituem
tigma e da homofobia, além de frisar a falta uma forma de discriminação indireta.
de leis que penalizem atos discriminatórios
A ideia de inclusão carrega em si am-
contra homossexuais, efeitos da discrimi-
biguidades, em virtude da complexidade
nação no indivíduo e no ambiente de traba-
lho, formas de discriminação e não inclu- e contraditoriedade do próprio fenômeno,
são homofóbica. podendo significar diferentes experiências
e realidades sociais, a depender da forma
A diversidade nas organizações signifi-
como se encontram articuladas suas múlti-
ca a inclusão de trabalhadores nas diversas
plas dimensões, como afirma Ozeren (2013)
dimensões, com o intuito de valorizar as di-
ferenças e semelhanças entre os indivíduos. A exclusão é o sintoma grave de uma
Para Fleury (2000), o ganho da organização transformação social que rapidamente faz
está na geração de valor, além das questões com que todos os seres humanos sejam
sociais: administrar a diversidade significa descartáveis, reduzidos à condição de coi-
adicionar valor à organização. sa, forma extrema de vivência da alienação.
A discriminação e a estigmatização levam
Como comentado anteriormente,
a um tratamento diferenciado do indivíduo
poucas são as pesquisas desenvolvidas na
no grupo. Ambos os sentimentos geram in-
área, como as que se referem aos efeitos do
segurança nas relações sociais de afetivida-
coming out — o “sair do armário” — da ho-
de levando a consequências diferenciadas.
mofobia, do impacto na carreira do indiví- Para Goffman (1988) o indivíduo estigmati-
duo assumidamente homossexual, dentre zado sente insegurança em relação a como
outros temas ignorados pela academia no serão identificados e recebidos.
Brasil. A homoafetividade ainda é um estig-
A estigmatização favorece também à
ma que carrega a representação do proibi-
desigualdade social por desempenhar pa-
do e do pecado.
pel central na produção e reprodução das
Diversidade é uma busca de amplia- relações de poder. Para Ceccarelli (2010) a
ção da variedade de identidades sociais e exclusão é um processo multidimensional,
culturais entre pessoas que vivem jun-
pois envolve aspectos históricos, culturais,
tas no local ou no mercado de trabalho, e
sociais, econômicos e, se apresenta de for-
não uma ação afirmativa (Cox, 1994), ou
ma diferenciada entre países. A exclusão é
seja, são as diferenças entre elas. Para Cox
(1994), a gestão da diversidade no trabalho a impossibilidade de partilhar, o que leva à
traz potencialmente os benefícios de atra- privação, recusa, abandono e expulsão, in-
ção e retenção de talentos, participação clusive com violência, de um conjunto sig-
em mercados diferenciados, promoção da nificativo da população. Por isso é uma ex-
criatividade e inovação, desenvolvimento clusão social e não pessoal (Sposati, 1999).

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3 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS amplo, que envolve muitos detalhes e no


qual o contato com o consumidor é direto.
Este artigo decorre de uma pesquisa Em função dessa característica, o perfil dos
qualitativa, bibliográfica, descritiva e de- trabalhadores vem mudando, exigindo-se
senvolvida a partir de um estudo explora- maior qualificação e capacitação. Quanto à
tório. Busca o entendimento de experiên- gestão, o varejo vem passando por um pro-
cias subjetivas e descreve significados. O cesso de profissionalização e mudança da
objetivo principal da pesquisa foi ampliar visão sobre a qualidade dos serviços e pro-
o conhecimento sobre o fenômeno e per- dutos prestados.
mitir desvelar processos sociais pouco co- A rede de supermercados pesquisada
nhecidos referentes a grupos particulares. tem duas décadas de inserção na área va-
A pesquisa qualitativa teve como principal rejista, com lojas distribuídas geografica-
instrumento de coleta de dados um roteiro mente em toda a cidade de Fortaleza e com
de entrevista semi-estruturado, aplicado a aproximadamente 2.500 colaboradores.
trabalhadores homossexuais masculinos.
Os resultados foram analisados com
base em análise de conteúdo, que verifica 4.2 Caracterização do grupo pesquisado
o que está sendo dito sobre determinado Em outubro de 2014 foram realiza-
tema, com a definição de categorias que das entrevistas semiestruturadas junto a
fazem relação com o tema estudado. Para 10 (dez) funcionários, com idade entre 26 e
Bardin (1977, p. 9), “corresponde a um con- 39 anos, reconhecidos na organização pes-
junto de instrumentos metodológicos que quisada como homossexuais masculinos.
tem como fator comum a inferência”. Essa Todos com nível médio completo de esco-
técnica leva o investigador a atrair-se pelo laridade e tempo de inserção na organiza-
escondido, pelo latente, o não aparente, o ção entre um e cinco anos. Para 03 deles,
não dito, o retido na mensagem expressa. tratava-se do primeiro emprego. Os demais
É um método empírico que depende do tipo já acumulavam outras experiências profis-
de fala a que se dedica e do tipo de inter- sionais em organizações diversas.
pretação que se pretende como objetivo.
Os entrevistados aceitaram participar
da pesquisa diante da apresentação do as-
sunto objeto de estudo desse artigo, com
4 - ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS esclarecimento e anuência. Utilizou-se a
RESULTADOS técnica de bola de neve onde um entrevis-
tado indicou outro. O sentimento de inclu-
4.1 Contexto do ambiente estudado são no trabalho foi a pergunta orientadora
inicial. A partir da fluência, novas pergun-
Segundo Kotler (1998), organizações tas surgiam para permitir maiores esclare-
do ramo varejista ou supermercado é or- cimentos sobre o que estava sendo falado
ganização de autosserviço que deve de- pelo entrevistado.
senvolver operações de baixo custo e alto
volume projetado para atender as neces-
sidades de alimentação, higiene e limpeza 4.3 Análise das falas
da população.
A análise dos conteúdos produzidos
Conforme o Banco Nacional de De- permitiu a criação de quatro categorias a
senvolvimento Econômico e Social - BN- partir das quais a compreensão dos senti-
DES (1998), o varejo se caracteriza como dos atribuídos pode ser compreendida, que
um setor de trabalho intenso, em horário foram escolhidas pela análise das falas e

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implicações das mesmas diante da teoria além dos conflitos internos por eles viven-
apresentada: i) orientação sexual e carrei- ciados, como a violência, a discriminação e
ra; ii) ser gay na organização; iii) estereóti- o preconceito.
po e experiências negativas e, iv) sentimen-
Entrevista 7 - Somos iguais e dife-
to de inclusão na organização.
rentes. E a empresa percebe isso, mas nem
A discussão dos dados por catego- todos aceitam, daí fica difícil conseguir
rias acompanha alguns trechos de verba- conquistar coisas boas.
lizações dos entrevistados. Serão tratados
apenas os temas mais presentes nos dis-
cursos respeitando a natureza do estudo A gestão da diversidade amplia a va-
qualitativo. riedade de habilidades, competências e de
ideias. A orientação sexual é um conceito
com múltiplas interpretações que devem
I) Orientação sexual e carreira ser absorvidas para uma melhor aceitação
dessas diferenças.
Diante da realidade da inserção do
homossexual nas organizações percebe-se
que na organização pesquisada existe uma
II) Ser gay na organização
aceitação da diversidade, mas com formas
veladas de preconceito, onde a dificuldade Um dos desafios mais importantes e
de ascensão profissional é percebida. abrangentes enfrentados pelas organiza-
ções atualmente é a adaptação e aceitação
Entrevistado 1- O discurso é muito
das diferenças entre as pessoas. O termo
bonitinho, mas não tem nenhum gay ge-
utilizado para descrever esse desafio é di-
rente ou diretor
versidade da força de trabalho. A diversi-
Entrevistado 2 – se for olhar não tem dade é encontrada na organização pesqui-
ninguém que seja bicha, a gente fica aqui sada, pois todos são unânimes em apontar
mesmo, sem chegar ao topo que os gays estão “dominando” a empresa.
Entrevista 3- Nós estamos em todo
Nas falas, é apresentado que o fun- lugar, tem que aceitar
cionário não consegue expor muito de seus Entrevista 4 - Em toda loja tem bicha
conhecimentos e possibilidades de cresci- igual a nós
mento. Um colaborador que possa se ex-
Mas vale ressaltar que o trabalho e
pressar sem medo de represálias terá uma
sexualidade são partes constituintes dos
tendência maior de se sentir psicologica-
sujeitos, mas existem contradições sobre
mente comprometido com a organização.
os discursos adotados por ser um assunto
Em determinadas ocupações a atuação do
arraigado de preconceito. Discurso de acei-
homossexual é tolerada, sendo mais visível
tação de homossexuais inseridos e com-
no setor de atendimento ao público.
portamentos de rejeição e discriminação
Entrevistado 4 – A gente fica aqui surgem nas falas dos entrevistados e foram
atendendo os clientes, tem uns que gos- evidenciados na pesquisa.
tam, outros não. A gente é mais alegre né e
Entrevista 2- Se você for afeminado,
os machistas não gostam.
se tiver trejeitos, ou seja, se a pessoa pos-
sa perceber mais facilmente que a pessoa
Por ser o gay visto como diferente e é gay, com certeza as pessoas riem e, com
anormal, são supostas as limitações no certeza, ela pode ficar esquecida em um
comportamento e a pouca aceitação social, canto para não aparecer muito

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São percebidas várias formas de dis- buscando maior produtividade, mas sem
criminação no local de trabalho, direciona- cometer nenhuma discriminação. Segundo
do a funcionários homossexuais masculi- Fleury (2000) a diversidade serve para criar
nos, com mecanismos de exclusão dos in- competitividade, atraindo e desenvolvendo
divíduos que apresentam comportamentos competências.
considerados não desejados, pois há sem-
pre barreiras e dificuldades vivenciadas pe-
los gays em seus ambientes de trabalho. III) Estereótipos e experiências negativas
Homens gays negociam e administram sua O estereótipo limita a capacidade
homossexualidade frente a um contexto técnica e intelectual dos homossexuais. É
heteronormativo, para sobreviver até se ca- demonstrado diante de expressões discri-
lam, escondendo-se sob a impessoalidade minatórias direcionadas a essas categorias
profissional. direta e indiretamente no local de trabalho.
Entrevista 6 – Meu futuro é esse. Vou Entrevista 6 - Brasileiro é machista,
fazer faculdade, mas sei que não vou subir não importa em que empresa ele trabalhe.
muito, nem aqui, nem em nenhuma em- E aqui é assim também. Sou inteligente
presa. Bicha aqui morre no chão, como eu. igual aos outros, mas por ser gay tenho
Percebe-se que há dissonância entre o menos oportunidades e também nem vou
conteúdo das falas e as práticas de diversi- atrás, para que né?
dade na organização. Entrevista 1 - Aqui tem gente que
Entrevista 5 - Se tem preconceito? trata bem, tem outros que não. Tiram brin-
Não sei, acho que não, porque se tiver eu cadeiras e falam coisas sem graça, achando
denuncio, mas vira e mexe a gente ouve que tão abafando
piadinhas sobre gays (...) isso enche o saco. O medo da AIDS aparece no discurso
O que se percebe é que os segmentos diante da realidade de morte de um amigo
ditos “invisíveis” se escondem para conti- de trabalho que havia contraído a doença.
nuar empregados, silenciando sobre as Entrevista 2 - Sabe o (nome do fun-
variadas formas de discriminações que so- cionário), ele morreu né? e a gente sabe que
frem e se excluindo de temas que possam foi da doença que ele pegou. Aqui tem gente
ressaltar as diferenças. Mas eles criam es- que tá com medo por ter ficado com ele.
tratégias de sobrevivência nesse meio con- Que tava perto dele e trabalhou com ele.
siderado inóspito em alguns momentos. Todo mundo sabe que não pega pelo conta-
Brincadeiras e comportamentos de nega- to, mas fica o medo.
ção de certos preconceitos são constantes
no discurso. Nota-se que o gay também é precon-
ceituoso com o gay afeminado, inclusive, e
Entrevista 1- Eu levo na brincadeira, age, em determinadas situações, próximo
acho que quem fala é um homossexual in- ao que age um homofóbico. Mencionou-se
rustido. a analogia que se faz em relação ao gay e
à mulher. Nesse caso, afirma-se que o gay
Entrevista 3 - Fico é curtindo com a
é tão desvalorizado socialmente quanto a
situação, vou ficar com raiva para quê, não
mulher, fruto de um processo social histó-
resolve, tô é acostumada. rico pelo qual se vê a mulher como pessoa
Deve-se mudar a visão das organi- frágil e sensível e o gay, por ser visto roti-
zações e inclusive da área de gestão de neiramente como a pessoa que quer se pas-
pessoas para reconhecer as diferenças e sar por mulher, também sofre preconceito
assegurar a retenção dos funcionários, de gênero.

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Entrevista 4 - Não importa o que fa- IV) Sentimento de inclusão ou exclusão


lam ou façam, desde pequeno eu sei que na organização
sou diferente (...) não sei se aceita, mas to-
lerada pelos amigos de trabalho A inclusão é o estado de ser valoriza-
Entrevista 1 - Mas aqui eu sei qual é do, respeitado e apoiado nas relações in-
a minha função, o que devo fazer, o que es- terpessoais. Situações de remoção de obs-
peram de mim e não faço mais do que devo, táculos para participação e contribuição
para quê, não vou ter boas oportunidades dos empregados nas questões internas da
mesmo. Vão falar mal de mim e dizer que organização.
não consigo Entrevista 4 - A gente se sente fora às
Os entrevistados revelam que se es- vezes, parece que é bicho e a gente nem é né,
condem sob os papéis profissionais, não somos só diferentes. Mas aqui é diferente dos
importando o custo que tal estratégia de outros. Aqui tem muito gay, daí a gente se
sobrevivência traga (Irigaray, 2008). Citam integra. Tem muito preconceito não.
que são aceitos, mas que não percebem Entrevista 3 - Aqui sinto que não tem
possibilidades de crescimento, mas que exclusão não, a gente só não consegue cres-
conseguem manter-se no trabalho e de- cer, mas viado não consegue mesmo né?
sempenhar bem a função. Existe uma des-
Percebe-se sentimento de inclusão,
construção da hegemonia masculina, mas
mas sem a percepção clara de exclusão de
com alguns pontos a melhorar.
possibilidades de crescimento. Aqui, perce-
As violências simbólicas mais recor- be-se a naturalização do preconceito.
rentes envolvem a depreciação do homos-
Entrevista 6 - Eles gostam da gente,
sexual. É importante a necessidade de se
a gente é bem tratado, com condições de
examinar os aspectos relacionados à discri-
fazer um bom trabalho igual aos outros
minação contra os homossexuais no traba-
lho com perdas de promoções, benefícios, Entrevista 4 - Já trabalhei em ou-
diferença de salários, dentre outros que re- tros lugares que não era legal como aqui.
forçam atitudes de preconceito. Aqui a gente pode ser quem é, sem fingir.
Entrevista 1- Mas meu companheiro Eu faço shows, sou travesti, mas aqui to-
não tem os mesmos direitos que as mulhe- dos sabem e ninguém critica, tem gente
res dos meus amigos têm: plano de saúde. que até gosta, acha legal. Na outra empre-
Entrevista 7 - Eu sei que não vou sa eu não podia falar.
conseguir ser gerente, nem mesmo chefe Diante das análises das categorias
de setor, eles acham que gay não conse- pode-se afirmar que a organização tem a
gue. Sei que tenho potencial, mas to tra- diversidade inserida em seu contexto com
balhando né? Poderia ser pior, estar sem sentimentos revelados de inclusão, mas
trabalhar. com percepção de que existem ainda si-
Entrevista 9 - Um questionamento tuações e comportamentos de exclusão,
que pode ser feito é que somos tolerados ou deixando claro que não há uma total par-
respeitados? Eu não sei, acho que é mais ticipação nos processos organizacionais.
obrigação de aceitação O que permite inferir que apesar de haver
aceitação pela diversidade, por parte da or-
Percebe-se que surge a punição à ganização, as relações sociais históricas de
medida que não são concedidos direitos, preconceito e discriminação, se mostram
oportunidades e tratamentos compatíveis mais visíveis e não aceitas para uns, mais
com aqueles dados aos heterossexuais. explicitas e menos toleráveis por outros.

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5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS de estímulo à diversidade parecem não ser


adequadamente compreendidas pelos en-
Sexualidade e minorias sociais são tó- trevistados, diante da explanação do não
picos de destaque nas teorias organizacio- reconhecimento em lidar com a diversida-
nais contemporâneas. O ambiente de tra- de, porque não dizem respeito a lidar com
balho nas organizações tem se tornado um todos como iguais, mas de perceber e tratar
espaço cada vez mais heterogêneo, onde as diferenças com equidade. Não é descon-
convivem indivíduos de diferentes sexos, siderando as assimetrias que se incluem
etnias, religiões e orientações sexuais. segmentos discriminados nas organiza-
ções, mas considerando que as diferenças
Os resultados sugerem contradições
são um ganho ao refletirem a heterogenei-
entre as falas e as práticas adotadas, o que
dade da sociedade.
possivelmente se devem a arraigados pro-
cessos de preconceito por parte dos pró- É claro que alguns avanços já são
prios empregados, a certa permissividade identificados, mas a realidade está longe
no nível gerencial e a um direcionamento do desejável e do que é esperado por esse
das políticas de estímulo à diversidade e grupo social.
inclusão, mais voltadas para o mercado do Ademais, acredita-se que, uma com-
que para as demandas da sociedade. preensão mais profunda das múltiplas
Conclui-se que os entrevistados são orientações sexuais existentes no mun-
alvo de discriminação direta e indireta em do organizacional resultará na elaboração
razão de sua sexualidade, percebem-se e implantação de políticas de diversida-
submetidos a práticas discriminatórias no de mais eficazes, bem como em sugestões
ambiente de trabalho, os quais, não rara- para coibir práticas de violência moral no
mente, se escondem sob a máscara do hu- ambiente de trabalho, o que poderá resul-
mor e da informalidade, com possibilidades tar na melhoria da qualidade de vida dos
de emprego, mas sem chances de ascensão empregados.
profissional, comprometendo assim o cres- Os principais resultados mostram
cimento do indivíduo no mercado de tra- que as práticas empresariais nas organi-
balho e também sua ascensão profissional zações, embora expressos em políticas or-
pelo fato de alguém ser identificado como ganizacionais, são pouco efetivos devido ao
homo ou bissexual (Irigaray, 2007). preconceito arraigado dos empregados, a
Contudo, o que mais causa incômo- certa permissividade gerencial e à ausência
do aos entrevistados são as expressões de de senso coletivo de diversidade. Minorias
discriminação indireta manifestadas no lo- e não minorias demonstraram preconceito
cal de trabalho, tais como piadas e brin- e atitudes discriminatórias entre si, eviden-
cadeiras. Outro ponto observado é que a ciando dificuldades no respeito às suas di-
discriminação que os homossexuais entre- ferenças.
vistados têm para com homossexuais é ma-
nifesta exatamente nesse mecanismo que
ao mesmo tempo em que inclui o indivíduo REFERÊNCIAS
como pertencente a um grupo, também o
exclui e o discrimina exatamente por ter as
BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMEN-
características do grupo a que pertence.
TO ECONÔMICO E SOCIAL - BNDES.
Em geral, estas entrevistas mostram (1998). Hiper e supermercados no Brasil.
o posicionamento das minorias quanto à Estudos setoriais: comércio e serviços.
tentativa de homogeneização. As políticas Brasília.

178 Revista de Psicologia, Fortaleza, v.7 n.1, p. 165-180, jan./jun. 2016


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