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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

THIAGO MORAIS CARLOS

ELABORAÇÃO DA QUESTÃO PROBLEMA SOBRE O TEMA:


DIVERSIDADE, PRECONCEITO E TRABALHO

TRABALHO ACADÊMICO

CURITIBA
2023
1. RESUMO

A diversidade e o preconceito no ambiente de trabalho são questões de extrema relevância


nos dias atuais, mundialmente e também no Brasil. A diversidade, seja ela étnica, racial, de
gênero, idade, orientação sexual ou deficiência, traz consigo uma riqueza de experiências,
perspectivas e habilidades que podem impulsionar a criatividade, a inovação e o desempenho das
equipes. No entanto, infelizmente, o preconceito ainda persiste em muitos locais de trabalho,
limitando o potencial de colaboradores e gerando um ambiente hostil e excludente.
Neste contexto, um conceito importante é o de gestão da diversidade, que surgiu nos Estados
Unidos no início dos anos 1990, após as primeiras vitórias dos críticos das políticas de ação
afirmativa implementadas desde os anos 1960 (Conceição et al, 2011). Com o declínio dessas
políticas, gestores e consultores de recursos humanos passaram a renomear os antigos programas
de ação afirmativa como "programas" de gestão da diversidade, buscando dar continuidade a
iniciativas já implantadas nas empresas. A partir de então, cada vez mais acadêmicos tem
estudado a gestão da diversidade em vários países como Canadá, Brasil, países da Europa e
outros. É notório uma diferença no objetivo de estudo e implementação da gestão da diversidade
em diferentes países, na literatura estrangeira o principal motivo é trazer maior produtividade à
organização, enquanto no Brasil esse motivo não é o mais presente nos estudos.
Segundo Josiane Silva de Oliveira (2007), a gestão da diversidade no Brasil enfrenta
dificuldades para discutir a condição do negro, apesar do reconhecimento da discriminação
racial. Os programas de gestão da diversidade são implementados de acordo com as estratégias
das organizações, mas muitas vezes perpetuam estereótipos e não priorizam a diversidade. É
necessário que os líderes promovam a diversidade em todas as áreas e relações dentro das
empresas, criando um ambiente de cooperação. A gestão da diversidade no Brasil deve então
incluir os negros e superar os conflitos para promover a equidade social e integrar os negros nas
esferas de poder e nas organizações.
Como exemplo de discriminação e preconceito no Brasil podemos citar o caso dos gays, que,
devido a cultura brasileira no ambiente de trabalho de não separar bem vida pública e privada,
acabam enfrentando dificuldades (Irigaray, 2008). As agressões homofóbicas estão presentes até
mesmo em empresas que aplicam políticas de apoio a diversidade, muitas das vezes tais atos são
mascarados como “humor” e em muitos casos as políticas de diversidade visam apenas proteger
a empresa.
Em suma, a gestão da diversidade é um campo em constante evolução, com diferentes
abordagens e desafios em diversos contextos. Devido à repressão a esse assunto nos séculos
passados, que em parte persiste nos dias atuais, o estudo e discussão do tema é recente e ainda há
muito a ser explorado e compreendido sobre como promover a inclusão e combater o preconceito
no ambiente de trabalho.

2. ELABORAÇÃO DA PERGUNTA

Tendo em vista a questão dos gays no ambiente de trabalho e com relação a


institucionalização e naturalização da homofobia. Quais fatores levam piadas homofóbicas a
não serem vistas como ofensivas e não ser dada a devida atenção?
3. ELABORAÇÃO DA RESPOSTA

De acordo com Pompeu et al. (2019, p. 660), algumas pessoas tendem a naturalizar o
humor homofóbico, não o associando a um ato de discriminação. Elas o enxergam como
parte da cultura brasileira ou de algum determinado local. Na cultura brasileira, o uso de
piadas é comum no dia a dia, o que leva muitas pessoas a terem dificuldades em reconhecê-
las como bullying direcionado a homossexuais. Então muitos funcionários naturalizam esse
humor, não reconhecendo a associação dessas palavras à discriminação.
Outro ponto importante é que as piadas homofóbicas servem como uma forma de
reafirmar e manter a heteronormatividade, ou seja, “a heterossexualidade é uma posição
política hegemônica imposta como fato natural, uma necessidade ontológica colocada como
imprescindível à inteligibilidade dos corpos e condição prévia da identidade humana – não se
trata apenas de exclusão política e social” (MELLO, 2015, p. 233 apud COSTA, 2019, p. 35).
Alguns discursos buscam criar oportunidades para fazer piadas, especialmente quando há
iniciativas anti-homofobia na empresa. Além disso, a associação da homossexualidade a algo
falho, feminino e negativo reforça a ideia de que o masculino é igual ao homem
heterossexual.
Resumindo, os motivos que levam à redução do caráter ofensivo de piadas homofóbicas
são a associação cultural, a dificuldade em reconhecer o bullying e a manutenção da
heteronormatividade.

4. REFERÊNCIAS

COSTA, Fabrício V. Institucionalização da homofobia no brasil: proibição de gays doarem


de sangue, a (IN) constitucionalidade do artigo 64, inciso iv da portaria 158/2016 e resolução
34 da anvisa. Revista de Gênero, Sexualidade e Direito, Belém, v. 5, n. 2, p. 33 – 54, 2019.

POMPEU, Samira Loreto E.; SOUZA, Eloisio M. de. A discriminação homofóbica por meio
do humor: naturalização e manutenção da heteronormatividade no contexto organizacional.
Revista Organizações & Sociedade, v. 26, n. 91, p. 645-664, out./dez. 2019.

OLIVEIRA, J. S. Gestão da Diversidade: O desafio dos negros nas organizações brasileiras.


In. XXXI ENANPAD. 2007, Rio de Janeiro, Anais do XXXI ENANPAD, 2007.

IRIGARAY, H. A. R. Gays no mundo corporativo: rompendo o pacto do silêncio. In. O


social em questão. Ano XI, no. 20. Rio de Janeiro: PUC-Rio. Departamento de Serviço
Social, 2008, v. 20; p.92-116.

CONCEIÇÃO, E. B. da; ROCHA, A. P. D. F. da; BORGES, W. A.; SPINK, P. K. Gestão da


Diversidade: existe diálogo entre as literaturas brasileiras e internacional?. In. XXXV
ENANPAD. 2011, Rio de Janeiro, Anais do XXXV ENANPAD, 2011.

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