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A INFLUÊNCIA NACIONAL
NAS ORGANIZAÇÕES
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MACHADO, Daiani
SST A influência nacional nas organizações / Daiani Machado
Ano: 2020
nº de p. 11

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A INFLUÊNCIA NACIONAL
NAS ORGANIZAÇÕES

APRESENTAÇÃO
Vamos compreender a origem da cultura nacional e entender como é a influência da
cultura brasileira nas organizações. Retornaremos, primeiramente, ao passado, para
entender a formação cultural e os traços da cultura brasileira, chegando à gestão de
pessoas, nas organizações do país.

As organizações sofrem influência de todas as formas, seja pelo ambiente em que


se encontram, seja pelos colaboradores e clientes. A questão cultural tem uma
participação expressiva na forma pela qual as empresas trabalham para alcançar
seus objetivos, e como gerem os processos e pessoas.

INFLUÊNCIA DAS CULTURAS NACIONAIS


NAS ORGANIZAÇÕES
O contexto cultural estabelece como os processos são conduzidos e como se
dá o comportamento dentro das organizações, tanto de colaboradores de níveis
hierárquicos mais altos quanto dos operacionais.
Conforme relatado por Souza (2014), o psicólogo holandês Geert Hofstede
estudou a influência da cultura nacional nas organizações, no período de 1967 a
1973, constatando sua importância para a explicação das diferentes atitudes e
sentimentos em relação ao trabalho, em contextos nacionais distintos. As quatro
dimensões dessas diferenças são:
Distância de poder: representa o quanto os membros pertencentes a níveis mais
operacionais esperam e aceitam que o poder seja distribuído de forma desigual.
Individualismo e coletivismo: o individualismo trata-se da preferência dos
indivíduos por uma vida sem muitos vínculos sociais; já o coletivismo, representa o
prevalecimento dos interesses do grupo em relação aos individuais.
Aversão à incerteza: representa o quanto os indivíduos se sentem ameaçados em
relação a situações incertas.
Masculinidade e feminilidade: a masculinidade refere-se à preferência por
realizações, heroísmo, assertividade e sucesso material; já a feminilidade, o gosto
pelas relações sociais, modéstia, cuidados com as fraquezas e qualidade de vida.

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Partindo do princípio de que cada nação tem um contexto cultural distinto, a


cultura nas organizações torna-se uma grande influência em negociações entre
organizações de diferentes países e até mesmo na contratação de funcionários.
As dimensões de Hofstede têm uma relevância significativa sobre pesquisadores e
gestores do comportamento organizacional (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010).

Saiba mais
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (Unesco), em 2001, publicou a “Declaração Universal sobre
Diversidade Cultural”, acentuando a necessidade de convivência
entre grupos com identidades culturais variadas. Texto disponível
em: <https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000127160>.

A organização está inserida em um ambiente/território, que possui uma cultura,


um “jeito de ser” do local, envolvendo costumes, hábitos, valores da população e
da nação na qual se instalou. Essa cultura nacional se reflete nos comportamentos
dos membros da empresa, influenciando sua cultura e forma de atuação. Quanto
mais traços da cultura nacional forem encontrados na organização, maior é a sua
influência sobre ela. Em linhas gerais, observamos que a relação entre cultura
organizacional e cultura nacional demonstra, segundo Dias (2013), que:

A organização e sua cultura interagem constantemente com o ambiente, em um


sistema aberto.

As pessoas, com culturas e nacionalidades específicas, são cada vez mais


importantes nas organizações, cada uma contribuindo com a instituição, individual,
profissional e culturalmente.
Cultura nas organizações

Fonte: Plataforma Deduca (2018)

Neste tópico, percebemos a influência que a cultura tem nas organizações.

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FORMAÇÃO CULTURAL BRASILEIRA


A cultura brasileira carrega características desde o seu descobrimento, passando
por toda a evolução até chegar aos dias atuais. Cada época deixa uma marca, um
vestígio cultural. A cultura brasileira teve uma influência europeia muito forte, já que
foi colonizada por portugueses.

A presença dos escravos africanos foi fundamental na época da colonização do


Brasil. Eles, no entanto, não se adaptaram à escravidão (HOLANDA, 1995 apud
SOUZA, 2014). O trabalho escravo era o único tipo de trabalho conhecido no Brasil.
Havia desprezo em relação ao trabalho manual e prevalecia uma sociedade rural. O
ano 1851 foi um período em que se desenvolveu a vitalidade em outros negócios.

O capital investido em navios negreiros passou para outros ramos de negócio,


fazendo surgir, a partir de então, novas formas de trabalho, ligados à política
e à burocracia, bem como de profissões liberais, principalmente as que
exigiam diplomas de bacharel, considerado um símbolo de nobreza. Havia um
apego aos valores oriundos do recinto doméstico e uma relutância quanto à
superindividualidade.

Desenvolvimento de novos negócios

Fonte: Plataforma Deduca (2018)

Os profissionais liberais, ao atuarem em sua área de formação, representavam


prestígio na sociedade, o que fazia com que conseguissem alcançar seus
objetivos sem esforço. Holanda (1995, apud SOUZA, 2014) complementa, ainda,
que a revolução brasileira foi um processo demorado, que teve como principal
marco a abolição.

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Saiba mais
O livro “Cultura Brasileira & Identidade Nacional”, de Renato Ortiz,
aborda a questão de a identidade nacional estar profundamente
ligada a uma reinterpretação do popular, pelos grupos sociais,
e à própria construção do Estado brasileiro. Não existe, assim,
uma identidade autêntica, mas uma pluralidade de identidades,
construídas por diferentes grupos sociais, em diferentes momentos
históricos. É uma ótima leitura.

Conhecemos neste tópico, um pouco mais sobre a história e os fatores


influentes para a formação cultural brasileira. Agora, você já ouviu falar sobre
traços culturais?

No cenário brasileiro, há traços culturais nacionais fortes, que influenciam


os membros das organizações aqui instaladas: o coletivismo, a lealdade às
pessoas, a aversão aos conflitos, o personalismo, a cordialidade, a malandragem,
o formalismo, o “jeitinho”, a flexibilidade, a desigualdade de poder, a adoção de
postura de espectador, o paternalismo, a plasticidade e a orientação a curto prazo
(CHU, 2010 apud SOUZA, 2014). Tais traços encontram-se presentes na cultura das
organizações públicas e privadas.

Presença dos traços culturais brasileiros em empresas públicas e privadas

TRAÇOS CULTURAIS BRASILEIROS

Organizações públicas Organizações privadas

Há maior controle sobre as atividades Ocorre a coexistência da relação profissional


desempenhadas nas organizações (formalismo). com a pessoal (personalismo).

O desenvolvimento profissional é enfatizado


O personalismo é apontado como decorrente pela empresa, há diversas premiações
da formalidade e da rigidez das normas e internas e o foco na avaliação dos
regulamentos. funcionários é constante (o formalismo não é
encontrado).

Há a necessidade de se desenvolver internamente


A autonomia dos dirigentes é bastante
uma relação informal e pessoal com as equipes
limitada nessas organizações.
de trabalho e a gerência.

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Esse tipo de organização atribui ao próprio


O “jeitinho” é visto como mecanismo legítimo
excesso de normas a quebra de regras
para se resolverem problemas.
(“jeitinho”).

A gerência da organização adota um estilo de


alto grau de consulta entre líder e liderados, para
fazer frente à presença da orientação a curto Há a orientação a curto prazo, em virtude das
prazo, aversão à incerteza, protecionismo e ao instabilidades econômicas.
personalismo. Há a orientação a curto prazo, em
virtude das instabilidades econômicas.

Fonte: Souza (2014, p. 61-62)

Saiba mais
O Brasil é um país muito grande, com uma considerável diversidade
cultural. Aprofunde seus conhecimentos sobre a cultura de
cada região brasileira, lendo o artigo “Diversidade Cultural no
Brasil”, disponível em: <https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/
geografia/diversidade-cultural-no-brasil.htm>.

Após estudarmos as organizações e os traços culturais brasileiros, percebe-se que


cabe à gestão da organização considerar os valores nacionais e sua cultura, a fim
de administrar sua influência para a cultura da organização, a construção de sua
identidade e a geração de valor.

GESTÃO DE PESSOAS NAS


ORGANIZAÇÕES BRASILEIRAS
Além das diferenças que podem existir no mundo corporativo, referentes ao
gênero, etnia, comportamento político e religioso, formação acadêmica, experiência
profissional etc., há diferentes gerações, convivendo no mesmo ambiente.
Como pensar a gestão nesse caso? As empresas modernas possuem gestores
e colaboradores de todas as idades. A convivência entre eles apresenta pontos
positivos e alguns pontos de atenção.

A integração, em função da diversidade, pode ser um ponto positivo, mas também


pode apresentar alguns conflitos e desequilíbrios, caso não haja uma gestão efetiva
para alinhar as visões das diferentes gerações no ambiente interno.

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Sabemos que as gerações possuem características distintas, de acordo com a


época em que o indivíduo foi criado, tomando por base suas crenças, valores,
atitudes etc. Historicamente, as gerações se modificam, os valores são substituídos
e outros emergem.

Para ilustrar isso, observe um breve comparativo entre as gerações.

As diferentes gerações e seus valores para o trabalho

Ingresso no
Idade atual Valores trabalhistas
Grupo mercado
aproximada dominantes
de trabalho

Década de 1950 Trabalho árduo, conservadorismo,


1. Veteranos Mais de 60 anos
a início de 1960 conformismo, lealdade à organização.

2. Baby Sucesso, realização, ambição, rejeição


1965 a 1985 De 40 a 60 anos
Boomers ao autoritarismo, lealdade à carreira.

Estilo de vida equilibrado, trabalho


3. Geração X 1985 a 2000 De 25 a 40 anos em equipe, rejeição a normas,
lealdade nos relacionamentos.

Autoconfiança, sucesso financeiro,


4. Geração da De 2000 em Menos de 25 independência pessoal junto com
Tecnologia diante anos trabalho de equipe, lealdade a si
mesmo e aos relacionamentos.

Fonte: Adaptado de Robbins, Sobral e Gomes (2011, p. 56)

A partir do contexto em que a cultura tem grande relação com o comportamento


do indivíduo nas organizações, devemos estar tentos aos impactos dos traços
culturais brasileiros nos processos de recursos humanos.

Saiba mais
Para ampliar seu conhecimento sobre o Comportamento
Organizacional, acesse o blog. Acesso disponível em: <https://blog.
acsendo.com/pt/8-passos-gerir-mudanca-cultura-organizacional/>.

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Impacto dos traços culturais brasileiros nos processos de recursos humanos

Processos de Traços Culturais


Impacto
recursos humanos brasileiros

Processos baseados em relações


Seleção Personalismo e Cordialidade.
de amizade e confiança.

Fundamental para sobrevivência do


Personalismo, coletivismo, indivíduo no grupo.
Socialização evitar conflitos, cordialidade Participação “de fachada” no grupo
e lealdade às pessoas. ou como forma de demonstração
de cordialidade.

Subjetiva e pouco meritocrática,


baixa credibilidade, falta de
Avaliação de Paternalismo, evitar conflitos
feedback real, geração de
desempenho e cordialidade.
expectativas falsas, caminha para
a objetividade.

Desigualdade de poder,
coletivismo, postura de
espectador, lealdade às Grande desigualdade, ausência
pessoas, personalismo, de premiação pela eficiência,
paternalismo, planejamento protecionismo (“amigos do rei” têm
Remuneração (crescimento), contexto seus salários ajustados), adoção
nacional (estabilização), de benefícios não monetários,
feminilidade (orientação orientação para a qualidade de
às pessoas), políticas vida, caminha para a objetividade.
de remuneração e
internacionalização.

Fonte: adaptado de Chu (2010, p. 94 apud Souza, 2014, p. 63-65)

Você consegue perceber a responsabilidade que a área de recursos humanos


tem em relação à criação de estratégias para retenção de talentos e a promoção
da qualidade de vida organizacional? Vale ressaltar que, nas organizações, de
forma geral, os fatores de impacto abordados têm grande relação com o clima
organizacional, já estudado anteriormente.

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FECHAMENTO
Nesta unidade, você estudou questões relacionadas à influência das culturas
nacionais nas organizações, a formação cultural e os traços da cultura brasileira,
que vêm desde o período de colonização. Percebemos a importância de
valorizarmos as diversas culturas que fazem a nossa nação e saber trabalhar com
cada uma delas nas organizações.

Além disso, compreendeu a gestão de pessoas nas organizações brasileiras. Vale


lembrar a importância da gestão da diversidade, a valorização das pessoas e a
cultura que cada uma traz consigo, para que os impactos e resultados sejam ao
mais significativos ao negócio. Siga em frente e bons estudos!

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Referências
DIAS, R. Cultura organizacional: construção, consolidação e mudança. São Paulo:
Atlas, 2013.

ROBBINS, S. P.; JUDGE, T. A.; SOBRAL, F. Comportamento Organizacional. 14a ed.


São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.

ROBBINS, S. P.; SOBRAL, F.; GOMES, R. de C. Comportamento organizacional: teoria


e prática no contexto brasileiro. 14. ed. São Paulo: Pearson/Prentice Hall, 2011.

SOUZA, C. P. S. Cultura e clima organizacional: compreendendo a essência das


organizações. Curitiba: Editora InterSaberes, 2014.

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