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Diversidade cultural no
contexto organizacional
Cláudio Vaz Torres e Amalia Raquel Pérez-Nebra

Ao final deste capítulo, espera-se que o leitor seja capaz de:


 Descrever os conceitos básicos de diversidade e inclusão nas organizações
 Distinguir os conceitos de atitude, estereótipo, preconceito e discriminação
 Explicar os paradigmas de diversidade e inclusão
 Descrever como se dá a diversidade e a inclusão no contexto brasileiro
 Identificar possíveis intervenções em diversidade e inclusão nas organizações
 Avaliar a efetividade de intervenções de diversidade e inclusão no trabalho

N ós, autores, recebemos com muita satis­


fação novamente o desafio de repensar a área
nizações (tanto públicas quanto privadas, além
do terceiro setor), representando um movimen­
e revermos o que estava sendo feito em termos to universal e irreversível nas sociedades atuais
de diversidade cultural nas organizações nos (Ferdman; Dease, 2013; Mor Barak, 2005). To­
­úl­timos 10 anos. Afinal, depois de uma déca­ davia, muito ainda se tem a ser feito para a ges­
da, os autores, assim como os leitores, não são tão da diversidade nas organizações brasilei­
os mesmos. Quais avanços poderíamos discu­ ras. Ao mesmo tempo que o Brasil figura entre
tir agora? Provocações foram feitas no capítulo as maiores economias globais, permanece com
anterior; elas surtiram algum efeito? Vale a pe­ indicadores sociais de uma das sociedades mais
na fazer novas provocações neste capítulo? O desiguais do mundo (Instituto Ethos de Respon­
que foi feito pela área desde 2004? Naquele mo­ sabilidade Social [ETHOS], 2010). Embora sen­
mento, pareceu-nos que diversidade era apenas do referência mundial de um grupo cultural di­
uma proposta no País. Hoje, já há o que mos­ verso, o campo de estudos em diversidade cultu­
trar, o que nos deixa feliz. Porém, outros desafios ral no Brasil ainda é muito incipiente, com raras
estão postos. Com base neles, fazemos adiante práticas sistematizadas na área de gestão de pes­
al­gumas propostas para os leitores e pesquisa­ soas (cf. Jabbour; Gordono; Oliveira; Martinez;
dores. Battistelle, 2011), a despeito das leis, dos planos
Torres e Pérez-Nebra (2004), na primei­ nacionais relacionados a mulher, raça e homos­
ra edição deste livro, ressaltam que o Brasil se sexualismo e do movimento político associado à
destaca na literatura internacional como um dos inclusão não apenas nas organizações “tradicio­
principais exemplos de grupos culturais diversos nais” como também em escolas e outras institui­
que convivem e interagem em aparente harmonia. ções e contextos (Ferdman; Dease, 2013). As em­
O tema da diversidade cultural vem conquistan­ presas que ignoram esse fato perdem potencial
do crescente espaço na agenda de muitas orga­ competitivo. Dessa forma, é importante com­
478  Zanelli, Borges-Andrade & Bastos (Orgs.)

preender a diversidade e geri-la, obtendo, assim, migração mundiais e seu impacto no trabalho e
o máximo de vantagens. nas organizações, o transculturalismo e a neces­
As primeiras publicações científicas na­ sidade de desenvolvimento de competências in­
cionais datam do início dos anos de 1990, dei­ terculturais têm ganhado cada vez mais espaço
xando clara a necessidade de que estudos so­ nas discussões sobre diversidade e inclusão (e.g.,
bre a área acompanhem a mudança da força de Bennett, 2013). Graças a essas mudanças existe
trabalho brasileira. É sob essa perspectiva e so­ uma demanda para incluir o conteúdo de diver­
bre esse assunto que trata este capítulo: do pro­ sidade cultural na formação de futuros psicólo­
cesso de inclusão de pessoas diferentes no am­ gos organizacionais (e.g. Robbins, 1999; Spec­
biente de trabalho. Vale notar, contudo, que as tor, 2010).
pesquisas da área enfatizam os diferentes níveis Com o objetivo de avançar a discussão
de análise para tratar do fenômeno (ver o Ca­ desse conteúdo, este capítulo trata diretamen­
pítulo 3 deste livro, sobre os níveis de análise te dos temas de inclusão e diversidade nas or­
nas organizações). O nível de grupo, é o trata­ ganizações, visando dois pontos: o primeiro, de
do aqui, outro é de cultura organizacional (Ca­ atender a uma necessidade organizacional, e o
pítulo 13) e o outro é de equipes de trabalho segundo, de contribuir para a formação de pes­
(Capítulo 11). quisa sobre o tema no País. Logo, são aborda­
A maioria da força de trabalho dentro das dos especificamente aspectos como: o conceito
organizações tem modificado suas característi­ de diversidade nas organizações; inclusão orga­
cas depois dos anos de 1980 (Bento, 2000; Cox, nizacional; impacto do estudo de diferenças hu­
1994), mas as primeiras e talvez mais severas manas nas organizações; importância e reconhe­
ocorreram no período das guerras na Europa e cimento da identidade individual nas equipes de
no pós-guerra, quando as mulheres e os negros trabalho; competência e gestão da diversidade
começaram a adentrar no mundo das organiza­ cultural; e inclusão nas organizações.
ções; depois dessa grande mudança, o mundo
das organizações cada vez se diversificou mais.
Portanto, além de ser um fenômeno muito re­  Conceitos básicos
cente na história, ele está ligado a uma contin­
gência e necessidade localizada, impactando di­ Um mercado de recursos humanos diverso re­
retamente no fazer: como trabalhar, onde tra­ quer pessoal capacitado para geri-lo (Ferdman,
balhar, com quem trabalhar, etc. (Cascio, 2003). 1995; Thomas; Ely, 1996). Embora a heteroge­
O aumento da diversidade da força de trabalho neidade no mercado brasileiro de recursos hu­
ocorre em dimensões como gênero, raça, na­ manos seja uma realidade, são poucos os esfor­
cionalidade, classe social, região cultural, ida­ ços observados que tratam diretamente da in­
de, entre outras (Cascio, 2003). Para uma dis­ clusão e da diversidade nos diversos níveis: do
cussão mais aprofundada sobre as dimensões de profissional que aí atua, nas políticas organiza­
diversidade, recomenda-se a leitura de Torres e cionais ou na sua interação com a sociedade em
Pérez-Nebra (2004). Vale ressaltar porém, uma geral. Inclusão significa que os membros de to-
dimensão que tem tido sua importância ressal­ dos os grupos são tratados de forma justa, sen-
tada nos últimos tempos, graças aos fenôme­ tem-se incluídos, têm igualdade de oportunida-
nos de migração mundiais: aquela relacionada des e são representados em todas as funções e
a diferentes grupos nacionais e étnicos, que vi­ níveis organizacionais (Holvino; Ferdman; Mer­
nha sendo estudada principalmente pela Psico­ rill-Sands, 2004). Diversidade significa dizer que
logia transcultural. Como apontam Ferdman e pessoas diferentes ocupam cargos diferentes. A
Sagiv (2012), os campos da diversidade e trans­ seguir, esses dois conceitos são abordados com
culturalismo nas organizações são claramente mais profundidade.
complementares. Ambos “se relacionam com e
propõem variações importantes de influências
contextuais em construtos e processos psico­ Diversidade
lógicos” (Ferdman; Sagiv, 2012; p. 324), embo­
ra deem diferentes ênfases ao contato intercul­ Que impacto as diferenças demográficas rela­
tural. Assim, observando-se os movimentos de cionadas a gênero, raça, habilidade física, orien­
Psicologia, organizações e trabalho no Brasil  479

tação sexual, idade, etnia, história cultural, en­ bém importam, em si e por si” (Ferdman; Sagiv,
tre outros, têm nas organizações no Brasil? Em 2012, p. 325).
um país de dimensões territoriais bastante am­
plas, como no caso do Brasil, espera-se que exis­
ta uma clara heterogeneidade na sociedade. As Inclusão
diferentes formas de compreensão da realidade,
suas crenças e seus valores influenciam direta­ Ferdman e Brody (1996) apontam que a inclu­
mente o contexto e as relações nas organizações, são nas organizações começou a ser discutida
assim como as experiências individuais aí viven­ no fim do século passado, indo além da gestão
ciadas. Ainda que a diversidade cultural já faça da diversidade da força de trabalho (Roberson,
parte dos estudos da Antropologia há mais de 2006). Para Hayes (2002), inclusão se refere ao
150 anos (Presotti, 2011), o assunto só começou julgamento ou à percepção de aceitação das pes-
a ser abordado na literatura das organizações soas, sendo o sentimento de ser bem-vindo e va-
e da Administração nos últimos 30 anos (Jon­ lorizado como membro daquela organização nos
sen; Maznevski; Schneider, 2011). Nesse perío­ diversos níveis. Como sabemos, para os indiví­
do, a diversidade tem sido definida de diferen­ duos, o sentimento de pertença a um grupo é
tes formas, além de tomada como sinônimo pa­ fundamental (Mor Barak, 2005), sendo este o
ra tantos outros conceitos (cota, ação afirmativa, foco da inclusão: a pertença. Assim, a inclusão
inclusão), o que reflete um de seus dilemas, se­ vai além da diversidade, e sua concretização de­
gundo Nkomo e Cox (1999): a falta de especifi­ pende do gerenciamento da diversidade de mo­
cidade de conceito. do a criar um ambiente organizacional que pos­
Diversidade no sentido estrito é simples­ sibilite a todos o pleno desenvolvimento de seu
mente outro ponto de vista ou falar de variabi­ potencial na realização dos objetivos da empresa
lidade, mas pode ser entendida como a repre­ (Thomas; Ely, 1996).
sentação de pessoas com diferentes identidades Inclusão, comportamentos de inclusão,
grupais em um sistema social (Cox, 1994), com experiência de inclusão, entre outras denomi­
a divisão da força de trabalho em categorias dis­ nações (Ferdman; Davidson, 2002), são algu­
tintas, mas com similaridades intragrupais per­ mas das variações em que o termo aparece na
cebidas em um contexto cultural, que exercem literatura. Para Hanashiro e colaboradores, de
impacto sobre os resultados e as relações de tra­ certa forma, isso contribui para que não se te­
balho (Mor Barak, 2011), como também as va­ nha um conceito claramente definido de inclu­
riadas perspectivas que membros de diferen­ são (Hanashiro et al., 2011). Porém, há um pon­
tes grupos de identidade integram ao trabalho to de concordância entre a maioria dos autores:
(Thomas; Ely, 1996). A primeira definição é sim­ inclusão se relaciona a como o indivíduo percebe
ples e não causa reações; as outras duas tendem que está sendo tratado (na e pela organização)
a pensamentos favoráveis ou desfavoráveis a elas por conta de características que o ligam aos gru­
(Alderfer; Sims, 2003). A diversidade também po- pos aos quais pertence, como raça, gênero, reli­
de ser entendida como demográfica, de habilida- gião, etc. (Davidson; Ferdman, 2001; Ferdman,
de e de valores dos funcionários (Triandis, 2003) e 2010). Assim, o que importa aqui é o efeito do
por isso podem ser categorizadas em duas: cog- tratamento na pessoa, e não o que o outro gosta­
nitivas (relativas às habilidades e aos valores) e ria de ter feito. Intenção e efeito têm, na maioria
demográficas, mais estáveis e mais difíceis de se- das vezes, impactos diferentes. Indivíduos per­
rem modificadas. As diferentes definições de di­ tencentes a grupos de maioria, sistematicamen­
versidade apontadas na literatura são comple­ te, focam-se na primeira (p. ex., “...mas minha
mentares, sendo que, conforme observado em intenção foi das melhores possíveis!”), enquanto
Ferdman e Sagiv (2012), o coração do conceito pessoas de grupos minoritários atêm-se ao efei­
de diversidade se refere às diferentes formas de to (p. ex., “...mas o resultado é que eu fui dis­
se pensar o trabalho e as organizações, assim co­ criminado!”). Mor Barak (2000) agrega à defini­
mo de se abordar as situações a ele relacionadas, ção de inclusão a participação do indivíduo nos
que são profundamente enraizadas nas identi­ processos formais e informais da organização
dades sociais. Ao mesmo tempo, para a diversi­ (i.e., na “hora do cafezinho”), que são encontros
dade, as “categorias, rótulos e identidades tam­ em que informações e decisões fluem informal­
480  Zanelli, Borges-Andrade & Bastos (Orgs.)

mente. A autora vê o local de trabalho inclusi­ rantia de inclusão, o que reforça a necessidade
vo baseado em uma estrutura de valor pluralis­ de explorar os indicadores da inclusão, diferen­
ta que confia no respeito mútuo e em contribui­ ciando-os daqueles da diversidade (Roberson,
ções iguais em perspectivas culturais diferentes 2006). Nesse sentido, com o intuito de compre­
para os valores e as normas da organização. Ou­ ender o processo inclusão-exclusão nas organi­
tras definições referem-se mais a condições ob­ zações, Mor Barak e Cherin (1998) desenvolve­
jetivas, como as práticas formais e informais e as ram uma escala para avaliar o grau em que os in­
políticas organizacionais. divíduos participam ou se sentem excluídos dos
Já a exclusão social é explicada por enfo­ processos organizacionais. Alguns dos resulta­
ques teóricos tão diversos quanto a sociologia dos obtidos nas pesquisas decorrentes da valida­
do trabalho e a administração, por exemplo. Pe­ ção do instrumento indicaram que a percepção
reira e Hanashiro (2010) sugerem a existência de de inclusão estava fortemente relacionada a sa­
uma prática institucionalizada de exclusão e dis­ tisfação no trabalho, comprometimento organi­
criminação, que tem resultados desastrosos pa­ zacional, desempenho organizacional e bem-es­
ra fatores como comprometimento organizacio­ tar (Mor Barak, 2005).
nal, satisfação e significado do trabalho, etc. Para Ferdman e colaboradores (2009) distin­
Mor Barak (2000), na organização não inclusiva, guem dois conceitos pertinentes à inclusão. Se­
os trabalhadores entendem que são obrigados a gundo os autores, por ser um fenômeno multifa­
conformar-se aos valores e às normas da organi­ cetado, a inclusão pode ser operacionalizada em
zação, como um dever, uma obrigação, algo que duas partes: a experiência de inclusão é a percep-
não tem relações com o afeto positivo. ção dos indivíduos quanto a sua aceitação, res-
Os aspectos subjetivos e objetivos da in­ peito e valorização, do ponto de vista de sua iden-
clusão e da exclusão não podem ser dissociados tidade individual e grupal. Consiste no senso psi-
(Hanashiro et al., 2011). Ou seja, as condições cológico individual de que a pessoa está sendo, de
estruturais das organizações podem ser inter­ fato, incluída. Hanashiro e colaboradores (2011)
pretadas tanto como inclusão quanto exclusão, reforçam, ainda, que, ao serem incluídas, as pes­
mas seus efeitos em termos de oportunidades soas têm um sentimento de justiça não só indi­
são concretos e podem ser objetivamente me­ vidual como também com relação ao seu gru­
didos. Apesar dos esforços acrescidos para re­ po de identidade. Para Ferdman e colaboradores
crutar e reter talentos diversos, os membros de (2009), os componentes da expe­riência psicoló­
grupos minoritários continuam a enfrentar dis­ gica de inclusão são categorizados em cinco gru­
criminação, isolamento social e problemas de pos, conforme mostra Figura 13.1.
rotatividade (Hom; Roberson; Ellis, 2008). Esses Já o comportamento inclusivo se refere às
resultados sugerem que a diversidade não é ga­ ações individuais e grupais resultantes ou provo-

Valorização social.
Sentimento de pertença,
de que se é querido
e querer bem.

Influência no poder Autenticidade: não


de decisão. há necessidade de
Sentimento de influência e valori- gerenciamento de impressão
zação social. para ser aceito.
Experiência
Envolvimento/engajamento no psicologia de
inclusão Reconhecer a diversidade.
grupo de trabalho.
Sentimento de
Sentimento de pertença e
interação justa.
ter acesso a informação

Figura 13.1 Componentes da experiência psicológica de inclusão.


Psicologia, organizações e trabalho no Brasil  481

cadoras de políticas e procedimentos organiza- parte dos atores organizacionais pode propor­
cionais, que promovem um clima inclusivo e são cionar o sentimento de que se é incluído. A dis­
adotadas pelo indivíduo, pelos membros do gru- tinção entre os construtos também se faz impor­
po de trabalho e pela organização. Delas depen­ tante no contexto brasileiro. Em primeiro lugar,
de o grau de inclusão dos indivíduos e dos gru­ porque permite a contribuição para a literatu­
pos; logo, do comportamento também depende ra nacional, em que a inclusão ainda se faz inci­
a experiência de inclusão. Os comportamen­ piente como objeto de pesquisa empírico (Ha­
tos inclusivos são categorizados em seis grupos nashiro e cols., 2011). Em segundo, porque pode
por Ferdman e colaboradores (2009), conforme trazer implicações práticas às organizações bra­
aponta a Figura 13.2. sileiras, no sentido de indicar os comportamen­
Ferdman e colaboradores (2009), partin­ tos capazes de promover a experiência de inclu­
do da compreensão da inclusão como um fenô­ são. Vamos retomar alguns conceitos advindos
meno composto pelos comportamentos inclusi­ da cognição social, que provavelmente você já
vos e pela experiência de inclusão, desenvolve­ viu, relacionados à diversidade e à inclusão nas
ram duas escalas: a escala de comportamento organizações: preconceito, estereótipo, discrimi­
inclusivo organizacional e a escala de experiên­ nação e identidade social.
cia de inclusão, em que foram obtidas fortes evi­
dências para a existência de dois construtos dis­
tintos, mas relacionados. O comportamento de  Conceitos relacionados
inclusão, por sua vez, é descrito pelos seis com­
ponentes anteriormente citados. A forte associa­ Alguns conceitos básicos da Psicologia Social,
ção encontrada entre o comportamento inclusi­ especificamente da cognição social, são necessá­
vo e a experiência de inclusão confirma a hipó­ rios para melhor compreensão da definição de
tese de Ferdman e colaboradores (2009) quanto diversidade e de suas implicações. Há três con­
à distinção dos construtos, sendo que o primeiro ceitos que estão mais profundamente ligados
prediz o segundo. A interpretação dos resultados aos temas colocados aqui: estereótipo, precon­
fornece importante indicação de que as duas va­ ceito e discriminação. Para relembrar o leitor:
riáveis formam juntas um círculo vicioso e de estereótipo liga-se à caracterização de pessoas,
que o foco na facilitação de ações inclusivas por mas sem julgamento; é um elemento cognitivo

Criar um ambiente de segurança.


Deixar claro quem é o membro do
grupo, favorecer o compartilhamento
dos recursos, ideias e perspectivas.

Representação de pessoas
Oportunidade de falar, assim diversas no grupo
como de ouvir os outros falando de trabalho, em todos
reforça e experiência de inclusão. os níveis da organização.
I.e. comunicação clara.

Reconhecer os outros.
Habilidade e vontade de aprender
civildade organizacional
sobre a diferença. Quando os
(e.g. cumprimentar)
membros do grupo expressam
com todos os grupos.
comportamentos inclusivos
facilita a aprendizagem.
Lidar com conflitos e diferenças.
Participação em workshops sobre
diversidade, sensibilização e coping.

Figura 13.2 Comportamentos inclusivos que devem ocorrer ao mesmo tempo.


482  Zanelli, Borges-Andrade & Bastos (Orgs.)

de organização. O preconceito apresenta o jul­ que outras em determinados momentos. O re­


gamento e a avaliação sobre essa caracterização conhecimento das semelhanças pressupõe o re­
(i.e., gosto e não gosto). Gouveia e colaborado­ conhecimento das diferenças (Galinkin, 2003),
res (2006) apresentam uma escala para mensu­ o que remete novamente ao conceito de diver­
rar duas tipologias ligadas ao preconceito: in­ sidade. Ainda que existam diferentes concep­
terna e externa. A externa refere-se à tentativa ções acerca da diversidade, “está mais ou me­
de não demonstrar o preconceito; a interna, por nos claro que os acadêmicos estão se referindo
outro lado, é a tentativa de não ter o preconceito, à diversidade de identidades com base na filia­
mas o indivíduo reconhece ter preconceito em ção a grupos sociais e demográficos e como as
ambos casos. A discriminação é o ato, o com­ diferenças de identidades afetam as relações so­
portamento ligado ao preconceito que, na tipo­ ciais nas organizações” (Nkomo; Cox, 1999, p.
logia de Gouveia e colaboradores (2006), se li­ 335). Nesse contexto, é possível entender a di­
ga ao fato de o indivíduo ter e estar em contex­ versidade e a identidade como conceitos com­
to onde essa demonstração seja possível, aceita plementares, uma vez que a identidade se faz no
ou viável. Para aprofundamento desses concei­ reconhecimento do outro, daquele que é dife­
tos con­textualizados ao Brasil e suas possíveis rente, que é diverso, e que a diversidade expri­
medidas, sugere-se a leitura de Pérez-Nebra e Je­ me as diferentes identidades. As explicações aos
sus (2011). fenômenos de proteção e viés ao grupo identitá­
A grande questão colocada pela diversi- rio variam entre discriminação, proteção, entre
dade cultural é como trabalhar com as regras e outros. Um indivíduo que trabalha em uma or­
normas institucionais que geram os ismos orga- ganização não se lembra sempre de sua principal
nizacionais (p. ex., racismo, sexismo, etc.), ou se- concorrente, mas, no caso de um ataque frontal,
ja, facilitam a discriminação institucionalizada. a identidade imediatamente se ressalta.
Quando nos referimos ao gerenciamento da di­ A identificação com um grupo leva ao
versidade, estamos, em grande parte, tratando contato previsível entre grupos. É interessan­
do desenvolvimento e estabelecimento de nor­ te notar, porém, que não necessariamente os
mas organizacionais que valorizam as diferenças grupos devem estar fisicamente presentes para
entre os grupos para a melhora da efetividade que haja o contato. Uma vez que o processo de
organizacional, e não que promovam essa efeti­ identidade grupal se concretizou, é apenas ne­
vidade apesar das diferenças. Essas normas e va­ cessário que indivíduos de diferentes identida­
lores podem não refletir o estado atual da orga­ des grupais se conectem para que o contato in­
nização, mas refletem onde a organização quer tergrupal aconteça (Taylor; Moghaddam, 1994).
chegar. Elas provêm um conjunto de expecta­ Cada indivíduo leva, assim, as posições e expec­
tivas claras de como os empregados devem ser tativas de seu(s) grupo(s). Cada indivíduo en­
tratados e do tipo de comportamento esperado xerga o mundo através das lentes daquela iden­
dos gerentes e supervisores. Para que possamos tidade grupal, agora saliente. Claramente, nem
discutir mais profundamente o gerenciamen­ sempre haverá um conflito entre as identidades
to da diversidade organizacional, é necessário grupais. Diferentes teorias se complementam na
retornarmos ao conceito de identidade grupal, predição do que pode resultar do contato inter­
avançando para as teorias que tentam entender grupal. Essas teorias oferecem contribuições ge­
a relação entre os grupos de identidade. nerosas para a gestão da diversidade, ou para a
Dada a centralidade do conceito de iden­ compreensão do contato entre os diferentes pre­
tidade grupal para o estudo da diversidade e sentes na organização. Diversas teorias podem
inclusão, presentes em Cox (1993) e Nkomo e ser citadas (p. ex., Teoria da Equidade, do Con­
Cox (1999), cabe definir que a identidade gru- flito Realístico, ou Privação Relativa, discutidas
pal consiste na identificação física e cultural com em Torres e Pérez-Nebra, 2004), porém, defini­
um grupo, o que ocorre no contato com o grupo tivamente, a Teoria da Identidade Social (TIS)
em oposição ou contraste (Tajfel; Turner, 1979; (Tajfel, 1982; Tajfel; Turner, 1979) apresenta
Taylor; Moghaddam, 1994). As pessoas se iden­ uma contribuição significativa para a compre­
tificam e se classificam em várias categorias so­ ensão da diversidade e da inclusão nas organi­
ciais, e, por diferentes fatores situacionais, algu­ zações, ao descrever o processo de formação de
mas dessas categorias se tornam mais salientes identidade de seus membros.
Psicologia, organizações e trabalho no Brasil  483

Teoria da identidade social sociais semelhantes quando operam ou têm sa­


lientada a mesma identidade social. Essas com­
A identidade pode ser estudada em dois níveis, parações têm relação com a Teoria da Privação
o pessoal e o social (Nascimento, 2010). Para a Relativa (Stouffer; Suchman; DeVinney; Star;
Teoria da Identidade Social (Tajfel, 1982; Ta­ Williams, 1949), que pode ser encontrada em li­
jfel; Turner, 1979), ela é pensada em termos das vros de Psicologia Social.
nossas identidades sociais. A identidade social
é o conhecimento do indivíduo de que perten­
ce a um grupo, acrescido de significação e valor  Paradigmas e pesquisas
emocional (que é a definição clássica de Tajfel, sobre diversidade e inclusão
1978). Esse processo ocorre com a formação das
identidades na organização. Assim, a identidade Entende-se como gestão da diversidade o plane­
organizacional se refere à representação em um jamento e a implementação, na organização, de
dado período de nossa história atrelado a certo sistemas e práticas para tratar as pessoas de ma­
contexto social, que carrega um sistema de ca­ neira que as potenciais vantagens da diversidade
racterísticas físicas, psicológicas, morais, jurídi­ sejam maximizadas, e suas potenciais desvanta­
cas, sociais e culturais, resultando na definição gens, minimizadas. A literatura de grupos e equi-
da pessoa feita por ela mesma ou por outro. Na pes de trabalho (Kozlowski; Bell, 2003) sugere que
organização, como em qualquer outro grupo so­ os efeitos da diversidade na efetividade ou no de-
cial, reunidos na presença física, o self e a identi­ sempenho das equipes ainda não são claros. Essa
dade grupal se encontram separados nos proces­ falta de claridade se deve principalmente a qua-
sos psíquicos (Machado, 2003). Nesse contexto, tro fatores:
a TIS (Tajfel, 1982) parte da ligação entre três
conceitos básicos: categorização social, identida­ 1. natureza da tarefa;
de social e comparação social. 2. quais são os resultados que se pretende me-
A categorização social é revelada como dir (p. ex., criatividade ou tempo de reação);
um instrumento que segmenta, classifica e or­ 3. tempo (i.e., no curto prazo, seu efeito tende
dena o ambiente social, servindo também como a ser mais lento e conflituoso; com o passar
um sistema de orientação que ajuda a criar e de­ do tempo, seu efeito melhora, com o grupo
finir o lugar do indivíduo na sociedade (Nasci­ tendendo a apresentar-se como mais criati-
mento, 2010). Assim, os grupos sociais (como a vo); e
organização) contribuem para a construção da 4. o atributo de diversidade mensurado (i.e., de-
identidade social dos seus membros. Para Nas­ mografia ou, por exemplo, diferenças em for-
cimento (2010), a identidade social está relacio­ mação profissional, personalidade, níveis de
nada à necessidade de se obter uma imagem po­ habilidade, etc).
sitiva e diferente do grupo próprio, o que trans­
cende os limites da semelhança intergrupal no Todavia, o efeito da diversidade depen­
plano das comparações sociais relevantes, geran­ de diretamente do seu paradigma, ou da forma
do satisfação. Como consequência desse proces­ com que é pensada na organização. Há concor­
so, segundo Tajfel (1983), a pessoa pode se man­ dância na literatura em relação a quais são aos
ter no grupo (ou organização) ou então buscar paradigmas de diversidade que podem ser ado­
novos grupos que contribuam mais para os as­ tados pelas organizações.
pectos da sua identidade que geram maior satis­
fação. Se o grupo não preencher esse aspecto, a
pessoa tenderá a abandonar o grupo, a não ser Paradigmas de diversidade
que isso se mostre impossível por razões exter­ (discriminação e justiça,
nas. Dois ou mais indivíduos que compartilham
a mesma identificação social (e organizacional), acesso e legitimidade,
embora diferentes em outras dimensões sociais aprendizagem e efetividade)
(para uma discussão mais aprofundada acerca
das dimensões sociais e de diversidade, ver Tor­ Três paradigmas são listados por Thomas e Ely
res e Pérez-Nebra, 2004), realizam comparações (1996) ressaltando os motivos da importân­
484  Zanelli, Borges-Andrade & Bastos (Orgs.)

cia das organizações gerirem a diversidade. Os ções que operam com essa orientação filosófica
autores nomeiam esses paradigmas como “dis­ com frequência instituem programas de men­
criminação e justiça”, “acesso e legitimidade” e tores e desenvolvimento de carreira, especifica­
“aprendizagem e efetividade”. Eles estão detalha­ mente para mulheres e pessoas não brancas nos
dos em Torres e Pérez-Nebra (2004). O que se seus postos, e treinam outros empregados para
apresenta em seguida é um breve resumo, com respeitarem diferenças culturais. A medida aqui
a inclusão de discussões até então não incluídas é feita com base na demografia e na estabilidade
(conforme mostra a Figura 13.3, a seguir). no cargo. Muitas vezes, há diversidade horizon­
É importante notar que a maioria das pes­ tal, mas não vertical, ou seja, o quadro fica di­
soas acredita que diversidade no trabalho refe­ verso, mas o tipo de trabalho, não. Sem dúvida,
re-se apenas ao aumento da representação ra­ essa perspectiva tem seus benefícios: ela tende
cial, nacional, de gênero ou classe. A questão a aumentar a diversidade demográfica em uma
da distribuição demográfica é importante, mas organização e, frequentemente, tem sucesso na
não suficiente para entender a diversidade. Ou­ promoção do tratamento justo. Mas esse para­
tras variáveis, como estabilidade no cargo, di­ digma também tem limitações. A principal de­
versidade nos diversos níveis organizacionais e las é a pressuposição implícita de que “nós so­
colaboração ou competição entre os cúmplices/ mos todos iguais” ou “nós aspiramos ser todos
pares (cohort), devem ser consideradas (Alder­ iguais”. Sob esse paradigma, não é desejável que
fer; Sims, 2003). Ou seja, o fenômeno “diversida- a diversificação da força de trabalho influencie
de” nas organizações pode ser uma variável tanto o trabalho ou a cultura da organização. A orga­
antecedente quanto consequente. A diversidade nização deve operar como se todas as pessoas
pode ser antecedente de, por exemplo, clima or­ fossem da mesma raça, gênero, nacionalidade
ganizacional (Ostroff; Kinicki; Tamkins, 2003) e classe social. É pouco provável que os líderes
ou consequente de políticas organizacionais que gerenciam a diversidade sob esse paradig­
(Alderfer; Sims, 2003). Os dois primeiros para­ ma explorem como as diferenças das pessoas
digmas que têm guiado a maioria das iniciativas podem gerar uma diversidade de formas efe­
de diversidade até hoje são o da discriminação e tivas de se executar o trabalho, liderar, enten­
justiça e do acesso e legitimidade. der o mercado, gerenciar os recursos humanos
e aprender.

O paradigma da discriminação e justiça


O paradigma do acesso e legitimidade
O uso do paradigma da discriminação e justi­
ça é a dominante. Seu foco é em igualdade de Esse paradigma está enraizado na aceitação e ce­
oportunidades, tratamento justo, recrutamento lebração das diferenças. Nos locais onde foi im­
e cumprimento de requisitos legais. Organiza­ plementado, as organizações buscaram mais

Paradigma moral. Paradigma legal. No Paradigma da eficiên­


Aprendizagem e efetividade

É prudente para uma Brasil, assim como em cia. Diversidade como


Discriminação e justiça

Acesso e legitimidade

organização promover muitos países, exige-se um fator de desem-


a responsabilidade que haja uma cota reser- penho organizacional.
social e a igualda- vada para trabalhadores Com certeza, esse é
de de chances de de algums minorias. Isso o paradigma que faz
ascensão para todos obriga as organizaçoes a com que a diversidade
os seus membros. conviverem com a diver- venha sendo cada vez
sidade, como é o caso mais procurada pelas
de cotas para deficientes organizações.
físicos.

Figura 13.3 Paradigmas da diversidade cultural em ordem cronológica.


Psicologia, organizações e trabalho no Brasil  485

acesso a – e tiveram legitimidade com – uma A não ser que as organizações que estão
clientela mais diversa, por meio da equiparação atualmente trabalhando com as outras duas
da demografia organizacional com aqueles seg­ perspectivas possam revisar sua visão de diver­
mentos de consumo (Thomas; Ely, 1996). Sua sidade para evitar pontos cegos cognitivos, vá­
principal vantagem refere-se ao fato de que está rias oportunidades serão perdidas, as tensões se­
baseado no mercado, e o potencial para vanta­ rão diagnosticadas erroneamente, e as organiza­
gem competitiva é uma qualidade que normal­ ções irão continuar percebendo os potenciais de
mente toda a organização entende e, logo, po­ diversidade como efusivos. Logo, uma questão
de dar suporte. Porém, sua principal limitação surge: o que acontece com as organizações que
(Cox, 1994; Thomas; Ely, 1996) está na busca de seguem a perspectiva emergente que as faz obter
nichos de mercado. As organizações de acesso e o melhor de sua diversidade? As linhas de pes­
legitimidade tendem a enfatizar o papel das di­ quisa orientadas por Thomas e Ely (1996) suge­
ferenças culturais na organização sem realmente rem pré-condições que ajudam as organizações
analisar essas diferenças para ver se elas na ver­ a utilizar as diferenças de grupos de identidade
dade afetam o trabalho que está sendo feito. Ou em serviço das organizações e do seu crescimen­
seja, o que está por trás é uma perspectiva de que to e renovação. Essas pré-condições podem ser
mérito e diversidade são dois polos em um con­ encontradas no capítulo de Torres e Pérez-Ne­
tínuo: se há mérito, não há possibilidade de di­ bra (2004) e, em geral, referem-se às atitudes,
versidade, e vice-versa (Alderfer; Sims, 2003). aos comportamentos e às políticas da liderança,
Caso essas características sejam avaliadas indivi­ à cultura organizacional, à missão e à estrutura
dualmente: mérito ou diversidade, em um pro­ organizacional.
cesso, por exemplo, de recrutamento e seleção,
o que pode ocorrer e já foi descrito na literatu­
ra, é que os lideres escolham os piores candida­
tos possíveis para minar e afirmar que as políti­
 Pesquisas brasileiras
cas afirmativas não funcionam (cf. Alderfer; Si­ sobre diversidade
ms, 2003).
A literatura brasileira ainda parece carecer de
produção especializada em diversidade e inclu­
O paradigma da aprendizagem e efetividade são. Um levantamento realizado nas bases de da­
dos Web of Science, Portal de Periódicos da CA­
Nele, as organizações desenvolveram uma visão PES, Science Direct, ABI/InformGlobal (Pro­
de diversidade e inclusão que as permite incor­ quest) e Google Acadêmico apontou para 24
porar as contribuições dos empregados ao tra­ artigos publicados sobre o tema em revistas na­
balho da organização. Tais organizações estão cionais. Buscou-se por artigos publicados entre
realmente encontrando os benefícios da diversi­ 2005 e 2013, utilizando-se como palavras-cha­
dade e da inclusão. Se o paradigma da discrimi­ ve os termos “diversidade nas organizações”, “in­
nação e justiça está organizado em torno do te­ clusão nas organizações”, “exclusão nas organi­
ma da assimilação, o paradigma do acesso e legi­ zações”, “diversidade e inclusão” e suas respec­
timidade gira no conceito oposto: diferenciação tivas combinações. Para garantir que todos os
ou contraste, no qual o objetivo é colocar pesso­ estudos sobre o tema fossem identificados, foi
as diferentes em situações nas quais suas carac­ utilizada a técnica da “bola de neve” (snowball),
terísticas demográficas estão de acordo com as que consistiu em verificar as referências biblio­
características dos mercados. Este último para­ gráficas dos estudos selecionados inicialmen­
digma, em contraste aos dois anteriores, orga­ te em busca de trabalhos que por algum motivo
niza-se em torno do tema de integração e inclu­ não tivessem sido apontados pelo levantamen­
são. Esse novo modelo para a diversidade leva to inicial. Assim, teses, dissertações, artigos com­
a organização a internalizar as diferenças entre pletos e resumos publicados em anais de con­
os empregados de forma que possa aprender e gressos, além de trabalhos ainda em desenvol­
crescer com as diferenças. O foco é: “Somos uma vimento (i.e., trabalhos em andamento), mas
mesma equipe, com as nossas diferenças – e não já apresentados, também foram identificados
apesar delas”. e incluídos, resultando em 32 estudos obtidos.
486  Zanelli, Borges-Andrade & Bastos (Orgs.)

A análise das publicações seguiu critérios que trevistas em profundidade. Em geral, nas orga­
abarcassem e descrevessem características rele­ nizações brasileiras, os serventes de limpeza são
vantes da obra, tais como o contexto das publi­ subcontratados (i.e., terceirizados) e, por esse
cações, a base teórica utilizada, os procedimen­ motivo, considerados de segundo escalão pelos
tos metodológicos, as variáveis estudadas e os demais funcionários. Também é um tipo de tra­
resultados encontrados. balho com alto índice de rotatividade, indicati­
Entre os trabalhos encontrados, alguns vo de problema na categoria funcional, e não na
parecem ilustrar bem as principais temáticas empresa. Relatos encontrados sobre a não res­
abordadas no País. Por exemplo, Presotti (2011) posta a um bom-dia na sala, sobre a total igno­
buscou identificar as concepções e práticas pa­ rância ou mesmo curiosidade em saber o nome
ra a gestão da diversidade cultural nas organiza­ do terceirizado pelos outros funcionários, entre
ções de acordo com os três paradigmas de Tho­ outros aspectos, são percebidos como invisibili­
mas e Ely (1996), citados anteriormente. Entre dade do trabalho ou desvalorização social. Es­
as organizações investigadas pela autora, ape­ se tipo de trabalho é executado tipicamente por
nas uma apresentou práticas de gestão coeren­ mulheres (Cerqueira; Pérez-Nebra, 2013), ain­
tes com a perspectiva de aprendizagem e efeti­ da que algumas empresas optem por contra­
vidade. Ao investigar os resultados da perspec­ tar ­homens em função de alguns serviços mais
tiva adotada pela organização, observou-se que pesados (Oliveira; Pérez-Nebra, 2012). A baixa
comportamento inclusivo do grupo de trabalho qualificação profissional, o sentido e o significa­
foi aquele que mais explicou a experiência de in­ do do trabalho esvaziados, a percepção do tra­
clusão dos seus empregados. Em tais resultados balho como discriminado são desafios que esses
– além de indicarem que as organizações brasi­ indivíduos enfrentam no dia a dia do seu am­
leiras atuam, primordialmente, dentro dos para­ biente de trabalho. Invisibilidade social também
digmas de discriminação e justiça e acesso e le­ foi tema de pesquisa de Costa (2004) no seu tra­
gitimidade (i.e., quando se preocupam com di­ balho na Universidade de São Paulo (USP) com
versidade e inclusão) – o grupo de trabalho, e garis.
não a estrutura organizacional como um todo, Zauli, Torres e Galinkin (2012) investi­
é que parece ser o catalisador da experiência de garam as oportunidades das mulheres em ter­
inclusão. mos de igualdade na ocupação de cargos de al­
Já Nascimento (2010) fez uma aplicação ta chefia na Câmara dos Deputados Federal, de­
direta da Teoria da Identidade Social à diversi­ senvolvendo uma medida para analisar a atitude
dade e à identidade entre policiais militares. Sua dos servidores quanto a possibilidades e limi­
“Escala de Identidade Profissional Policial Mili­ tes de ascensão da mulher na estrutura de car­
tar”, construída com base na TIS, capturou va­ gos da organização. Os autores observaram que
liosas evidências sobre ageism (discriminação as oportunidades de ocupar cargo de alta che­
por idade) e promoção dentro da corporação fia são menores para mulheres do que para ho­
policial. Ainda sobre ageism, França e Stepansky mens, mesmo com mulheres apresentando uma
(2012) apresentaram um panorama brasileiro capacitação mais alta do que eles. Tal efeito é
sobre discriminação contra idosos no trabalho e descrito como “teto de vidro” (i.e., glassceiling)
aposentadoria, enquanto França, Menezes e Si­ nas organizações púbicas brasileiras. O mesmo
queira (2012) apontaram para a necessidade de também foi observado por Zidório (2012) em
se desenvolver um programa de preparação para organizações hospitalares. Já Irigaray, Saraiva e
a aposentadoria junto a trabalhadores que atu­ Carrieri (2010) analisaram a discriminação por
am na limpeza urbana, categoria muito pouco orientação sexual nas organizações, destacando
pesquisada e alvo de constantes discriminações o humor dos heterossexuais sobre os homosse­
de classe. xuais como forma de manifestação dessa discri­
Ainda dentro dessa categoria funcional, minação, corriqueiramente legitimado pela or­
serventes de limpeza, dois trabalhos conduzidos ganização.
(Cerqueira; Pérez-Nebra, 2013; Oliveira; Pérez­ Saraiva e Irigaray (2009) analisaram a efe­
-Nebra, 2012;) apontaram que a discriminação tividade da implementação de políticas de di­
no trabalho ocorre de diversas maneiras. Ambas versidade em filiais brasileiras de uma empresa
as pesquisas foram feitas com sequências de en­ multinacional, sugerindo a existência de contra­
Psicologia, organizações e trabalho no Brasil  487

dições entre os discursos e as práticas adotadas. na cultura brasileira. Por exemplo, em 2011, Pe­
Para os autores, essas contradições ocorrem, en­ reira e Hanashiro apresentaram uma escala de
tre outros fatores, por um direcionamento das atitudes para ações organizacionais em prol da
políticas de diversidade e inclusão mais voltadas valorização da diversidade e, em seguida, apre­
para o mercado do que para as demandas da so­ sentaram junto com colegas (Hanashiro; Torres;
ciedade, o que novamente aponta para a preva­ Ferdman; D´Amario, 2011), evidências de va­
lência dos paradigmas de discriminação e justiça lidação da escala de comportamento de inclu­
e acesso e legitimidade (Thomas; Ely, 1996) en­ são organizacional no Brasil, originalmente de­
tre as organizações brasileiras. senvolvida por Ferdman e colaboradores (2009)
Coelho (2012) realizou uma pesquisa so­ nos Estados Unidos, obtendo uma versão emic
bre trabalhadores com deficiência. A autora en­ da medida para o País. Tal escala preenche uma
trevistou diversos trabalhadores com variadas lacuna na operacionalização do conceito de in­
categorias de deficiência e descreveu como as clusão, que sistematicamente (e não apenas na
pessoas com deficiência (PCDs) se percebem no literatura brasileira) tem tido uma evolução nés­
desempenho do seu trabalho. Em termos gerais, cia quando comparado ao de diversidade. Entre
as PCDs não se percebem limitadas. Muito pelo outros trabalhos desenvolvidos pela autora, po­
contrário, elas relatam o espanto das outras pes­ dem ainda ser citadas a proposição de um mo­
soas ao verem uma PCD trabalhando, talvez re­ delo teórico (Pereira; Hanashiro, 2010) para a
lacionando o trabalho a alguma forma de hero­ compreensão da atitude ante a diversidade nas
ísmo, e não à competência ou à possibilidade de organizações e a organização de uma especial da
que aquele tipo de trabalho seja desempenhado Revista de Administração Mackenzie (RAM) so­
por pessoas diferentes. Há, com frequência, rela­ bre diversidade e inclusão nas organizações, na
tos de comparação social downword, ou seja, de qual 6 dos 24 artigos encontrados foram obtidos
se comparar com pessoas com deficiências mais (Hanashiro; Torres, 2010)
severas para se sentirem melhores e mais capa­ Nota-se, no relato apresentado, que alguns
zes (como previsto pela Teoria da Comparação trabalhos acadêmicos no Brasil já estão sendo
Social, Festinger, 1954). O paradigma claro que desenvolvidos, o que claramente mostra uma
vivem esses participantes é de discriminação e diferença do que foi apresentado no capítulo de
justiça, pois todos foram selecionados para o 2004. Ainda há, no entanto, necessidade de in­
trabalho graças a sistemas variados de cotas. Va­ vestigação de vários outros temas de pesquisa.
le notar, entretanto, que os profissionais que tra­ Como agenda de pesquisa, sugere-se a avalia­
balham em recrutamento e seleção, muitas ve­ ção de programas de intervenção. Pesquisas so­
zes, sofrem com os programas governamentais bre intervenção são raras no Brasil, e nessa área
e com o desinteresse de alguns grupos de PCDs não seria diferente. Além disso, aquilo que não é
em trabalhar (Thompson, 2010). Algumas vezes avaliado não é valorizado. Logo, para a própria
se apresenta uma oportunidade de trabalho, o valorização das ações de diversidade e inclusão
profissional é localizado no mercado, mas não no País, há a necessidade de avaliações sistemá­
demonstra interesse no trabalho, uma vez que a ticas dos programas já implementados. Algu­
bolsa provida pelo Estado é similar ou maior ao mas subáreas de pesquisa praticamente inexis­
oferecido pela posição. Assim, os programas as­ tem, como, por exemplo, desempenho no tra­
sistencialistas acabam por também prejudicar a balho (exceção para Falcão, 2007), criatividade,
entrada de PCDs no mercado de trabalho. Apa­ subsistemas organizacionais. Estas e outras são
rentemente, está-se “provendo o peixe”, mas não um campo profícuo de pesquisas na área, além
“ensinando a pescar” e isso tem sido um desafio de prover claras implicações gerenciais.
para a área e para o Estado.
Destaque deve ser dado para os estudos
conduzidos por Hanashiro tanto sobre diversi­  Gerenciamento da diversidade
dade quanto sobre inclusão. Com uma produ­
ção profícua, a autora e seus colaboradores têm Observa-se um crescente movimento de organi­
investigado ambos os conceitos no País, proven­ zações no sentido de adotar programas de ges­
do grande contribuição para a compreensão e tão da diversidade e, em menor grau, de inclusão
mensuração desses fenômenos organizacionais como parte das suas estratégias organizacionais.
488  Zanelli, Borges-Andrade & Bastos (Orgs.)

Para Presotti (2011), porém, esse movimen­ ou descrição de cargo, incluem-se aí os aspectos
to não vem acompanhado de aprofundamento a serem valorizados nos diferentes subsistemas
da literatura sobre o tema, sendo os movimen­ (desde demográficos, passando por competên­
tos sociais antidiscriminação (p. ex., políticas cias e formação). O recrutamento e a seleção
de ação afirmativa) e de responsabilidade social (muitas vezes ligados às ações afirmativas, espe­
das empresas os principais agentes de difusão de cialmente nos casos em que se tem um contin­
práticas de gestão da diversidade para as organi­ gente demograficamente homogêneo na organi­
zações brasileiras (Alves & Galeão-Silva, 2004). zação – seja por razões políticas ou históricas),
As políticas de ações afirmativas atendem às ra­ obtém-se a pluralidade demográfica organiza­
zões morais e legais de favorecer a diversidade cional. Por meio de programas de treinamento
nas organizações. Já a gestão da diversidade e da e de outras ações organizacionais, pode-se con­
inclusão está ligada a motivos econômicos, sen­ cretizar o passo seguinte, a gestão da diversidade
do focada na perspectiva de que administrar a na organização, que vai muito além da sua plu­
diversidade pode trazer benefícios financeiros, ralidade ou heterogeneidade demográfica. As­
além de cumprir com a responsabilidade so­ sim, apenas com a gestão da diversidade em cur­
cial e com a legislação. Mor Barak (2005) e Cox so é que se pode criar uma cultura de inclusão,
(1993) enfatizam a necessidade de administrar a e essa cultura de inclusão é que levará à concre­
diversidade crescente nas organizações, por ser tização de sistema de contratação e promoção
este um processo inevitável e irreversível dian­ que reforçarão a própria diversidade. Esses pas­
te das mudanças demográficas e das exigências sos estão representados na Figura 13.4 a seguir.
do mercado. A gestão da diversidade se distingue das
A gestão da diversidade defende uma ações afirmativas em função de duas variáveis:
transformação sistêmica da organização e não os grupos atingidos e os efeitos nas empresas
se preocupa apenas com os sistemas de recru­ (Alves; Galeão-Silva, 2004). Na ação afirmativa,
tamento e seleção nas organizações. Logo, con­ as mudanças provocadas nas organizações são
forme aponta Presotti (2011), a gestão da diver- decorrências de pressões coercitivas externas,
sidade e da inclusão tem início com um diagnósti- como as leis de cotas para grupos de minoria ou
co acerca da demografia, da diversidade cultural historicamente discriminados. Na diversidade,
da organização e das estatísticas de sua força de todas as diferentes identidades são contempla­
trabalho, ou seja, este seria o primeiro passo. Só das, e sua gestão eficaz e efetiva faz a inclusão ser
então é que se pode desenvolver um plano de di­ vista como vantagem competitiva para a organi­
versidade, que passa por todos os subsistemas zação. Precisamente por esse motivo é que há a
organizacionais. Logo, um ciclo é formado (con­ necessidade de um diagnóstico acerca da demo­
forme mostra a Fig. 15.4). Por meio de políti­ grafia e da diversidade cultural da organização,
cas institucionais, a começar pela profissiografia ou seja, da própria estrutura organizacional.

Diagnóstico Demografia organizacional vertical e horizontal; competências e formação

Desenhar práticas e políticas Valorização da diversidade nos diversos níveis.


Treinamento interno principalmente com os gestores.

Provisão Recrutamento e seleção

Aplicação Descrição de cargo e tarefas; Avaliação de desempenho no nível individual.

Manutenção Compensação e benefícios

Desenvolvimento TD&E; aprendizagem organizacional

Monitoramento Auditoria de RH
Lucro; produtividade; criatividade

Figura 13.4 Etapas a serem seguidas na gestão da diversidade cultural.


Psicologia, organizações e trabalho no Brasil  489

A compreensão da estrutura organizacio­ rantir que as características das pessoas e de seus


nal “ajuda a diferenciar as partes de uma orga­ grupos sejam valorizadas e utilizadas. Mas co­
nização e, simultaneamente, a manter tais par­ mo avaliar esses aspectos do ponto de vista or­
tes interligadas, criando e reforçando, no in­ ganizacional?
terior do grupo e entre os grupos, relações de Programas de diversidade podem ser ava­
interdependência, de previsibilidade e de hierar­ liados sob diferentes aspectos. Uma forma de
quia” (Loiola e cols., 2004, p. 92). Em vista disso, analisar seus impactos é por meio da estrutu-
a compreensão da estrutura permite conhecer as ra organizacional, da sua efetividade e da satis-
partes da organização, seus mecanismos de con­ fação provocada nos empregados e clientes (Ja­
trole e as funções de seus atores, indicando ele­ coby; Hoyer; Brief, 1992; Ryan; Ployhart, 2003).
mentos de relações intergrupais e de poder, fa­ Para tal, variáveis de resultado devem ser clara­
zendo-se relevante na compreensão da diversi­ mente investigadas (Ghiselli, Campbell & Zede­
dade na organização (Presotti, 2011). ck, 1981). Com os empregados, estas são: taxas
Um dos problemas de gerir uma força de de rotatividade e absenteísmo, demografia or­
trabalho diversa advém da dificuldade dos pró­ ganizacional horizontal e vertical, desempenho,
prios gestores de compreender amplamente sua criatividade e aumento de vendas como resulta­
dinâmica e abstrair-se de suas próprias atitudes do da implementação do programa, que podem
preconceituosas para desencadear o potencial ser obtidas por meio da avaliação da satisfação
impingido nos grupos multiculturais (Mor Ba­ dos empregados com o trabalho, da qualidade
rak, 2005). Daí a necessidade, como passo pos­ de vida no trabalho e da percepção de autoefi­
terior ao diagnóstico, dos programas de trei­ cácia (Rossi; Freeman, 1993). Com os clientes,
namento e de ações organizacionais voltados as variáveis de estudo são: satisfação de cliente,
à diversidade e com vistas à inclusão. Tais pro­ avaliação de qualidade de serviço e/ou produ­
gramas, logo, não devem enfocar apenas a for­ to, tipos de interação com o cliente, entre outras
ça de trabalho operacional como também suas (Ryan; Ployhart, 2003).
lideranças. Isso significa ir além da valorização Medidas de rotatividade, absenteísmo e
da diversidade e criar um ambiente de trabalho demografia são simples e fáceis de serem ob­
inclusivo, pois as iniciativas de inclusão contri­ tidas se a área de gestão de pessoas for mini­
buem para a efetividade das ações de diversidade mamente estruturada. Outras medidas podem
(Hanashiro; Torres; Ferdman; D´amario, 2011). ser obtidas por meio de instrumentos psico­
Dessa forma, o desafio que se lança às pessoas métricos válidos e confiáveis, desenvolvidos ou
interessadas na diversidade não é somente de não para a organização avaliada. Instrumentos
promovê-la e valorizá-la como também de al­ que medem clima organizacional, por exemplo,
cançar sua meta última, a inclusão. além de avaliarem a própria percepção do cli­
ma da organização, também fornecem dados e
evidências sobre a satisfação dos empregados
Avaliação da diversidade e inclusão com a organização e seu trabalho, que podem
estar associados diretamente ao programa (há
Retomando o que foi apresentado anteriormen­ vários instrumentos disponíveis em Siqueira,
te, a diversidade é caracterizada pela represen­ Ed. 2008 já validados e com sugestões de uso
tação de pessoas com diferentes níveis de simi­ nas organizações).
laridades, enquanto a inclusão pode ser com­ Ely e Thomas (2001) propuseram um mo­
preendida pelas diferentes perspectivas e por delo de avaliação que destaca as relações entre a
estruturas políticas e práticas para reconhecer e diversidade de identidades culturais e o funcio­
usar essas perspectivas (Roberson, 2006). Logo, namento dos grupos de trabalho com base na
a inclusão vai além da diversidade, referindo-se identificação de resultados intermediários, mais
tanto à representação numérica de todos os gru­ fáceis de identificar por estarem mais proxima­
pos sociais quanto à condição em que estes po­ mente relacionadas à composição cultural do
dem ser autênticos e participar da organização grupo de trabalho (Fig. 13.5). Esses resultados
de forma efetiva (Presotti, 2011). A condução da incluíram processos de grupo e as experiências
diversidade para a inclusão, dessa forma, pare­ individuais que pareciam acompanhar as pers­
ce estar fundamentada nas condições para ga­ pectivas de diversidade, sendo eles:
490  Zanelli, Borges-Andrade & Bastos (Orgs.)

Diversidade nas Funcionamento do


identidades culturais grupo de trabalho

Resultados grupais
intermediários

 Qualidade das relações intergrupais


 Grau em que se sente valorizado e respeitado
 Significado e importância atribuída à identi-
dade cultural no trabalho

Perspectiva de diversidade
do grupo de trabalho

Figura 13.5 Relação entre a diversidade e o funcionamento do grupo de trabalho.


Adaptada de Ely e Thomas (2001, p. 236).

1. a natureza das relações raciais no ambiente as pessoas são tratadas e participam dos proces-
de trabalho imediato das pessoas, incluin­ sos organizacionais. Logo, Ferdman e colabora­
do a natureza do conflito e da resolução de dores (2009) apresentam um modelo que sugere
conflitos; aspectos a serem apreciados em uma avaliação
2. o grau em que os participantes se sentem de inclusão organizacional, resumidos na Figu­
valorizados e respeitados por colegas e su­ ra 13.6.
pervisores; e Após os comentários finais, são apresenta­
3. o significado e a importância atribuída pe­ dos os instrumentos de medida citados ao longo
los participantes a sua própria identidade do capítulo como forma de facilitar e de guiar o
no trabalho, inclusive se e como eles pesso­ leitor que tenha interesse em desenvolver uma
almente se valorizam e se expressam como pesquisa acadêmica ou iniciar um processo de
membros de seu grupo de identidade racial. avaliação da diversidade e de inclusão na sua or­
ganização.
Entre as possíveis dimensões de diversida­
de (raça, gênero, orientação sexual, etc.), Ely e
Thomas (2001) apontam que o fato de compar­  Considerações finais
tilharem muitas das características básicas des­
critas, a proposta de modelo de avaliação pos­ A diversidade cultural nas organizações significa
sibilita sua generalização para as diferentes di­ a inclusão de pessoas diferentes. E o que é mais
mensões de diversidade. importante: a diversidade e a inclusão reconhe­
Outro ponto essencial está na mensura­ cem, reforçam e valorizam as diferenças e simi­
ção dos resultados da inclusão para os grupos laridades entre as pessoas, que irão ajudar a atin­
de trabalho intermediários. Embora diversida­ gir os objetivos organizacionais e individuais em
de e inclusão possam ser consideradas duas fa­ uma proposta ganha-ganha. Organizações cul­
ces da mesma moeda (Hanashiro; Torres; Fer­ turalmente diversas têm o potencial tanto para
dman; D´Amario, 2011), a distinção elementar obter fortes vantagens competitivas como pa­
entre os conceitos se dá na medida em que a di- ra serem disfuncionais. Em uma ilustração sim­
versidade se refere à composição da força de tra- ples dessa ideia, vemos que a ação de apontar os
balho, enquanto a inclusão alude à maneira que grupos raciais por meio de apelidos é conside­
Psicologia, organizações e trabalho no Brasil  491

Características pessoais
(idade, cargo, gênero, raça/etnia, etc.)

Comportamento inclusivo Experiência de inclusão

Fatores de grupo de trabalho e organizacionais


(tamanho da organização, iniciativas de diversidade,
tamanho do grupo de trabalho, etc.)

Figura 13.6 Relação entre o comportamento inclusivo e a experiência de inclusão.


Adaptada de Ferdman e colaboradores (2011).

rada, no Brasil, uma prática amistosa e carinho­ r­eligiões, cores de pele, etc., que são avaliadas
sa (Rothblatt, 2003), contribuindo para a no­ como mais trabalhadoras do que outras. Ou se­
ção de “democracia racial” do País. Todavia, essa ja, chamam pela necessidade de gerenciar a di­
consciência racial é pluralística em simbolismo, versidade. Mas existe uma única maneira de ge­
incluindo raça, classe social e posição social si­ renciar a diversidade? Devemos rejeitar ou acei­
multaneamente, o que cria uma forma particu­ tar e dar ênfase aos sistemas de cotas e às ações
larmente virulenta do racismo: o racismo silen­ afirmativas? E o homem branco, heterosse­xual,
cioso (Mikulak, 2011). 1,8 filhos, não está sendo esquecido? Qual a
A gestão da diversidade ensina, entre ou­ “melhor” forma de tratarmos as mulheres, pes­
tras coisas, que, quando lidamos com ismos nas soas não brancas, PCDs ou pessoas com defi­
organizações, mesmo se a intenção inicial for a ciência, ou pessoas com necessidades especiais
de fazer um elogio ou uma simples brincadei­ (PNEs) e outros grupos de “minorias” na orga­
ra, os efeitos de continuamente se engajar nesses nização?
comportamentos serão detrimentais à organiza­ O tema é inquietante e desafiador. Se vo­
ção. Novamente, o efeito é diferente da intenção. cê já sofreu alguma discriminação por ser, por
Já diz o ditado popular que, “de boas intenções, exemplo, brasileiro (fora do país), por ser mu­
o inferno está cheio”. Logo, diversidade cultural lher, por ser homossexual, por ser mãe ou pai,
relaciona-se a uma comunicação incrementada, por não ter um Camaro ou Lamborghini, por
às melhores formas de resolução de problemas, ser moreno, etc., vai entender que essa discrimi­
às tomadas de decisão mais efetivas, à produti­ nação, ocorrendo todos os dias ao sair de casa, é
vidade aumentada, à maior flexibilidade e à al­ um suplício que pode ser modificado. Essa mu­
ta moral entre os empregados. Estamos falando dança é lenta, mas não é nem tão difícil e me­
claramente de treinamentos de domínio predo­ nos ainda cara. Além de uma questão de lucra­
minantemente afetivo (veja mais no Capítulo tividade (claro, o empresário precisa pensar nis­
7 deste livro e, caso queira aprofundar-se mais so, porque, se não sobreviver, ele manda a todos
em treinamento, veja Borges-Andrade; Abbad; embora), é uma questão humana, de justiça, de
Mourão, 2006). igualdade, de valorização e, por que não, de di­
É importante considerar, contudo, que, no vertimento! O que apresentamos aqui foram al­
Brasil, há certa valorização das origens diferen­ guns conceitos e ferramentas para que se traba­
tes dos indivíduos, mas as posições de trabalho lhe e, fundamentalmente, se entenda o processo
ainda são definidas pelas origens econômicas e da diversidade no contexto organizacional, que
raciais (Fleury, 1999). Ainda, existem regiões, esperamos que sejam úteis.
492  Zanelli, Borges-Andrade & Bastos (Orgs.)

Caso 1

O trabalho aqui apresentado é de Sampaio (2013). A pesquisa realizada por ele foi com sentenciados
em regime de prisão domiciliar e regime semiaberto no Distrito Federal. Os trabalhadores presos são
beneficiados pela Lei de Execução Penal (nº 7.210/84), cujo objetivo é ressocialização e inserção so-
cial pelo aprendizado de novas práticas profissionais e pelo trabalho remunerado. O impacto previsto é
possibilitar melhora no ambiente prisional, gerar uma nova perspectiva de vida fora da prisão e dimi-
nuir os índices de reincidência. Neste caso, os presidiários cumprem pena em regime fechado e saem
durante o dia para trabalhar em um órgão público. Esses funcionários, em processo de ressocialização,
em geral exercem trabalhos relacionados a limpeza e manutenção predial.
Sampaio, em sua pesquisa, teve um interesse preliminar em descrever como os presidiários ava-
liavam essa possibilidade de trabalho (similar ao realizado 15 anos antes por Lemos; Mazzilli; Klering,
1998). Em meio às entrevistas, o tema de discriminação no trabalho apareceu e chamou a atenção. O
foco da pesquisa, portanto, mudou para essa temática, e uma sequência de pesquisas foi realizada. A
primeira comparou o discurso dos servidores públicos que tinham contato com esses presidiários e dos
próprios presidiários. Como resultado, apareceu o medo, em falas como: “Já ouvi nos corredores [o cri-
me cometido] – trato bem porque ele sabe meu endereço, onde deixo o carro, minha família... eu tenho
medo, sabe?”. Até a discriminação é percebida pelos servidores: “Há um preconceito velado por par-
te dos servidores públicos. E que esse preconceito torna-se evidente em situações de comemorações
no órgão. Os sentenciados nunca são convidados para participar de eventos tipo: chá de bebê, aniver-
sários, festa de fim de ano, ou seja, nenhum tipo de comemoração com os servidores. Os sentenciados
são excluídos das festividades do órgão. Mais que isso, para os servidores, eles ‘não existem’ quando se
trata de comemorações festivas. Eles nem sequer são lembrados”. Por parte dos sentenciados, a discri-
minação materializa-se em falas como “trabalho como garçom, e, quando vou servir algumas pessoas,
estas não respondem o cumprimento de bom-dia ou boa-tarde. Muitos viram a cara quando vão receber
o café ou a água, tenho que fingir que as situações são normais para não ser devolvido para a FUNAP.
Esse tipo de discriminação me deixa muito aborrecido e estressado e, quando volto para casa, acabo
descarregando tudo nas pessoas de lá”.
A partir desses relatos, o Estudo 2 descreveu quais as estratégias de enfrentamento (i.e., coping)
utilizadas por esses funcionários para enfrentar a discriminação. Como resultado, obteve que o afasta-
mento (ou distanciamento) é a estratégia mais utilizada pelos beneficiários. O afastamento é uma es-
tratégia pouco adaptativa e “descreve os esforços cognitivos de desprendimento e minimização da situ-
ação” (Pais-Ribeiro; Santos, 2001).
Por fim, o pesquisador (comunicação pessoal) relata que ex-presidiários procuram-no e relataram a
impossibilidade de conseguir um trabalho ou emprego por sua marca de ter sido um presidiário, mar-
ca esta que aparece nos documentos legais individuais e quando as empresas, no processo de recruta-
mento e seleção, fazem levantamento sobre a vida pregressa do indivíduo e impedem sua entrada, em
geral alegando qualquer pretexto.

Questões para reflexão


1. Como você faria a avaliação da estratégia utilizada pelo Estado nesse órgão público?
2. Qual o paradigma utilizado pelo Estado para inclusão desses funcionários no órgão público?
3. Por que a inclusão, como entendida no capítulo, está sendo, ou não, observada nesse caso?
4. Quais os fenômenos sociais nos níveis grupal e individual observados nesse relato?
5. Que estratégia de intervenção você utilizaria para modificar a discriminação percebida pelos grupos
entre os sentenciados e funcionários?
6. Por que a sociedade ainda não aceita esses funcionários, mesmo que tenham cumprido sua pena?
7. O que pode ser feito para modificar o quadro dos ex-sentenciados?
Psicologia, organizações e trabalho no Brasil  493

Caso 2

Amanda Zauli (Zauli-Fellows, 2006; Zauli et al., 2012), observando o aumento do número de mulheres
no mercado de trabalho especializado no Brasil, mas com a manutenção de rendimentos menores e me-
nores oportunidades de ascensão profissional, investigou as oportunidades de ascensão da mulher na
carreira, em termos de igualdade na ocupação de cargos de direção na Câmara dos Deputados Federal
(CD). Seu interesse, pois, era o de investigar a situação da mulher em uma organização pública no País.
Para isso, a autora construiu uma medida para identificar a percepção dos servidores da CD quanto às
oportunidades que as mulheres têm de assumir cargos de direção; verificou a percepção dos funcioná-
rios quanto ao exercício por mulheres de cargos de direção na CD, identificando as diferenças na per-
cepção de servidoras e de servidores; investigou as diferenças na percepção de servidoras ocupantes de
cargos de direção e de servidoras não ocupantes de cargos de direção quanto ao exercício por mulheres
de cargos de direção na CD; e, por último, descreveu como as servidoras da CD percebem as oportuni-
dades de ascensão da mulher na carreira. Após analisar os resultados de 10 entrevistas semiestrutura-
das com servidores da CD, a autora construiu e aplicou sua medida de percepção quanto à igualdade
de oportunidade de ascensão. Pesquisando 1.320 servidores – uma amostra censitária da organização
(50,3% de mulheres), a autora obteve, com a medida, quatro fatores, descritos a seguir:
1. percepção do exercício por homens de cargos de alta chefia (i.e., razões de ocupação de cargos de
chefia por homens; exemplo de item: “os homens têm mais oportunidade de ascensão por causa do
preconceito contra mulheres”);
2. percepção de treinamento e desenvolvimento (crença da organização no valor do desenvolvimento
do colaborador; exemplo de item: “nesta organização se investe muito no treinamento dos funcioná-
rios”);
3. percepção do exercício por mulheres de cargos de alta chefia (aspectos sobre a mulher na chefia;
exemplo de item: “mulheres têm mais sensibilidade do que os homens para tarefas que envolvem
relacionamento interpessoal”);
4. percepção do conservadorismo relativo às mulheres (descrença da mulher na respectiva competên-
cia; exemplo de item: “mesmo que tenham competência, as mulheres não desejam ocupar cargos
de alta chefia”).
Seus principais resultados foram que:
a) mulheres, mais do que os homens, consideram que a dimensão de gênero tem maior influência nas
questões administrativas e hierárquicas;
b) homens são mais conservadores quanto à participação das mulheres em postos de mando na área
administrativa;
c) homens, mais do que as mulheres, atribuem maior importância ao oferecimento de treinamento e ao
desenvolvimento das habilidades e competências dos servidores;
d) os ocupantes de postos de chefia têm visão mais conservadora do exercício do cargo de direção no
que se refere a gênero independente do seu próprio sexo, com a percepção de que ser do sexo mas-
culino habilita mais uma pessoa para ser chefe do que treinamento e desenvolvimento; e
e) mulheres não ocupantes de cargo de chefia se consideram preteridas na indicação para cargo de di-
reção por serem do sexo feminino.
Esses resultados apontam que há uma percepção, entre os servidores, de não igualdade de oportu-
nidades para postos de mando. Apesar de mulheres terem conseguido avanços consideráveis no merca-
do de trabalho e, segundo Zauli e colaboradores (2012), estarem caminhando para romper o teto de vi-
dro, em termos de igualdade de oportunidades, pelo menos nessa organização pública federal, ele ain-
da persiste. O resultado propicia a compreensão da importância que a CD dá à diversidade e à inclusão,
ao menos em termos de igualdade de oportunidades para os sexos.

Questões para reflexão


1. Por que podemos afirmar que o teto de vidro ainda existe para as mulheres no Brasil?
2. Como os resultados de Zauli se relacionam às organizações privadas?

(continua)
494  Zanelli, Borges-Andrade & Bastos (Orgs.)

Caso 2 (continuação)

3. Por que as mulheres, mais do que os homens, consideram que a dimensão de gênero tem maior in-
fluência nas questões administrativas e hierárquicas?
4. Como isso se relaciona aos mecanismos de estereótipo, preconceito e discriminação descritos no ca-
pítulo?
5. Zauli observou que mesmo as mulheres ocupantes de cargos de chefia têm uma visão mais conser-
vadora do exercício do cargo no que se refere a gênero. Como isso se relaciona aos mecanismos de
exclusão nas organizações?
6. Diante da situação apresentada no Caso, como você desenvolveria uma ação de diversidade e inclu-
são para a CD? Quais seriam as etapas a serem implementadas?

Medidas de interesse
A literatura aponta algumas medidas que foram desenvolvidas para avaliar diferentes aspectos rela-
cionados à diversidade e à inclusão nas organizações. Embora algumas ainda não tenham uma versão
adaptada para o contexto brasileiro, ou tenham sido desenvolvidas no País, todas se mostram como fer-
ramentas úteis e de apoio às ações de diversidade e inclusão organizacional. No quadro que segue, são
citadas as medidas encontras na literatura, assim como duas referências mais gerais, mas que também
remetem a medidas de interesse.

Escala/Medida Referência

Escala de Comportamento FERDMAN, B. M; BARRERA, V; ALLEN, A. A; VUONG, V. Inclusive


Inclusivo Organizacional behavior and the experience of inclusion. Gender and diversity in
(ECIO) organizations division. Academy of Management. Chicago, 2009.
Adaptada para o Brasil por:
HANASHIRO, D. M. M.; TORRES, C. V.; FERDMAN, B. M.; D´AMARIO,
E. Q. Medindo Inclusão no Ambiente Organizacional: Uma Visão “Emic”
da Escala de Comportamento Inclusivo. Trabalho apresentado no XXXV
Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em
Administração, Rio de Janeiro, RJ. 2011.
Escala de Inclusão FERDMAN, B. M; BARRERA, V; ALLEN, A. A; VUONG, V. Inclusive
behavior and the experience of inclusion. Gender and diversity in
organizations division. Academy of Management. Chicago, 2009.
Adaptada para o Brasil por:
HANASHIRO, D. M. M.; TORRES, C. V.; FERDMAN, B. M.; D´AMARIO,
E. Q. Medindo Inclusão no Ambiente Organizacional: Uma Visão “Emic”
da Escala de Comportamento Inclusivo. Trabalho apresentado no XXXV
Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em
Administração, Rio de Janeiro, RJ. 2011.
Escala de Percepção de ZAULI, A.; TORRES, C. V.; GALINKIN, A. L. Câmara dos Deputados:
Igualdade de Oportunida- democracia e igualdade de oportunidades entre mulheres e homens?
des entre Mulheres e Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, v. 15, n.1, p. 49-64, 2012.
Homens
Escala de Participação MOR BARAK, M. E.; CHERIN, D. A. A tool to expand Organizational
ou Exclusão de Processos understanding of workforce diversity: Developing a measure of Inclusion-
Organizacionais -Exclusion. Administration in Social Work, v. 22, n. 1, 47-64, 1998.
(sem adaptação para o Brasil)

(continua)
Psicologia, organizações e trabalho no Brasil  495

Caso 2 (continuação)

Escala/Medida Referência
Escala de Preconceito Gouveia, V. V.; Souza, M. L.; Araújo, A. G. T.; Guerra, V. M.;
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