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MINEIRO
HOSPITAL DE CLÍNICAS
Tipo do POP.UMULTI.026 - Página 1/20
PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO
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Título do REABILITAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NOS Emissão: 21/1/2022 Próxima revisão:
Documento PACIENTES COM DIAGNÓSTICO DE ACIDENTE Versão: 3 21/1/2024
VASCULAR ENCEFÁLICO
1. OBJETIVO
Padronizar o atendimento da equipe de fisioterapia da Unidade Multiprofissional (UMULTI)
aos pacientes com diagnóstico de Acidente Vascular Cerebral (AVC) internados no Hospital de
Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM).
2. GLOSSÁRIO
ADM – Amplitude de movimento
AFE - Aceleração do fluxo expiratório
AVC –Acidente Vascular Cerebral
AVCh- Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico
AVCi- Acidente Vascular Cerebral Isquêmico
AVDs – Atividades de vida diária
DA - Drenagem autógena
DPOC – Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
Ebserh – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
EPAP - Pressão positiva expiratória nas vias aéreas
HC- UFTM – Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro
IOT – Intubação orotraqueal
MMII - Membros inferiores
MMSS - Membros superiores
NIHSS - National Institute of Health Stroke Scale
OMS – Organização Mundial de Saúde
PEEP - Positive expiratory end pressure
PImax - Pressão inspiratória máxima
POP – Procedimento Operacional Padrão
SMI - Sustentação máxima da inspiração
SpO2 – Saturação periférica de oxigênio
TMR - Treinamento muscular respiratório
TOT – Tubo orotraqueal
TQT - Traqueostomia
UMULTI – Unidade Multiprofissional
UPLAG – Unidade de Planejamento, Gestão de Riscos e Controles Internos
VA - Vias aéreas
VM - Ventilação Mecânica
3. APLICAÇÃO
Nas unidades do HC-UFTM que prestam assistência aos pacientes internados com
diagnóstico de AVC.
4. INFORMAÇÕES GERAIS
4.1. Introdução
Acidente vascular cerebral (AVC) é a perda abrupta da função neurológica causada por
uma interrupção do fluxo sanguíneo para o encéfalo. O AVC isquêmico ocorre quando há um
bloqueio do fluxo sanguíneo, privando o encéfalo de oxigênio e de nutrientes necessários. O AVC
hemorrágico dá-se quando os vasos se rompem, causando exteriorização de sangue no interior
ou ao redor do encéfalo (O'SULLIVAN; SCHMITZ, 2010).
No Brasil, o AVC representa a segunda causa de morte e principal causa de incapacidade
em adultos no país, criando assim grande impacto econômico e social. Dados provenientes de
estudo indicaram incidência anual de 108 casos por 100 mil habitantes, taxa de fatalidade aos 30
dias de 18,5% e aos 12 meses de 30,9%, sendo o índice de recorrência após um ano de 15,9%
(TORRIANI-PASIN, 2014).
Segundo Suzan et. al a etiologia mais comum do AVC isquêmico decorre de doenças
cardiovasculares como doença valvular, infarto do miocárdio, arritmias, doença cardíaca
congênitas e as doenças sistêmicas podem produzir êmbolos sépticos, gordurosos ou de ar, que
afetam a circulação cerebral. Esse tipo de AVC também pode ocorrer de uma perfusão sistêmica
baixa, como resultado de insuficiência cardíaca ou perda importante de sangue. A consequente
escassez de fluxo sanguíneo cerebral priva o cérebro de glicose e oxigênio que lhe são
necessários, prejudicando assim o metabolismo celular levando à lesão e morte dos tecidos.
A aterosclerose é um importante fator que contribui para a doença cerebrovascular.
Caracteriza-se pela formação de placas, com acúmulo de lipídeos, fibrina, carboidratos
complexos e depósitos de cálcio nas paredes arteriais, que levam a um estreitamento progressivo
dos vasos sanguíneos. A interrupção do fluxo sanguíneo por parte das placas ateroscleróticas
ocorre em determinados locais de predileção, que geralmente envolvem bifurcações,
constrições, dilatações ou angulações de artérias (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2010).
O AVC hemorrágico resulta de aneurisma ou trauma dentro das áreas extra vasculares
do cérebro. Os fatores que mais contribuem para a formação de um aneurisma são os defeitos
de desenvolvimento que causam fraqueza na parede do vaso sanguíneo. A hemorragia está
diretamente relacionada à hipertensão arterial. O sangramento cerebral repentino e grave pode
levar à morte em algumas horas, pois a pressão intracraniana aumenta rapidamente e os tecidos
corticais adjacentes são comprimidos ou deslocados (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2010; SUSAN et al,
2012).
Os sintomas mais característicos do quadro clínico são perda súbita de força em um dos
lados do corpo (incluindo face, membros superiores e/ou inferiores), perda da fala ou
compreensão da fala, perda da visão completa de um olho ou de metade do campo visual de
ambos os olhos, perda de consciência, convulsões, perda da coordenação, alteração da marcha
(SUZAN; et al 2012).
Para serem classificados como AVC os déficits neurológicos focais incluindo alteração do
nível de consciência e comprometimento das funções sensoriais, motora, cognitiva, perceptiva,
linguagem devem persistir por pelo menos vinte quatro horas e serem confirmados por meio de
exame de imagem. Os déficits motores são designados por paralisia (hemiplegia) ou fraqueza
(hemiparesia), geralmente ao lado oposto da lesão (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2010). Dentre eles
estão as alterações do tônus (o hemicorpo afetado apresenta flacidez sem movimentos
voluntários, a qual permanece durante algumas horas ou dias e também pode permanecer
indefinidamente, levando a ausência de conscientização e de perda dos padrões de movimento
do hemicorpo afetado; a hipotonia pode persistir e frequentemente é seguida por um quadro de
hipertonia elástica), a presença de reações associadas (respostas automáticas anormais
estereotipadas dos membros afetados, devido uma ação por estímulo reflexo ou voluntário,
ocorrida em qualquer parte do corpo) e a perda do controle postural (ausência de reações
posturais, a qual impede o indivíduo de realizar atividades funcionais – transferências, rolar,
sedestação, ortostatismo, deambulação e realização de atividades de vida diária) (BOBATH,
1990).
Além disso, as complicações advindas do quadro clínico neurológico podem contribuir
para aumento do tempo do indivíduo hospitalizado e acamado. Entendendo que a gravidade de
suas complicações é diretamente proporcional ao imobilismo no leito, torna-se indispensável o
planejamento de um protocolo de mobilização precoce dentro dos critérios de segurança
prescritos (BRITO et al, 2015). As complicações do sistema respiratório estão entre as mais
ameaçadoras na imobilidade prolongada, uma vez que a literatura evidencia redução de 25 a
50% de volumes e capacidades, redução da PaO2 e alterações na relação V/Q. O déficit de força
muscular altera o mecanismo da tosse dificultando a eliminação de secreção, criando um
ambiente favorável para o alojamento e desenvolvimento de microrganismos (VOJVDIC, 2004;
PALUDO, 2005).
A mobilização precoce do paciente neurológico após o AVC vem sendo cada vez mais
desenvolvida em estudos. Trata-se de uma estratégia de intervenção mais precoce e mais
frequente do que os tratamentos habituais. Os resultados apresentados na literatura sugerem
que, apesar da necessidade de mais estudos investigando a intensidade ideal dos exercícios, está
certo que a mobilização precoce aumenta as chances de um prognóstico geral favorável e
diminuição da taxa de mortalidade em 3 meses (AVERT, 2015).
Após a anamnese pode ser realizado um rápido exame físico geral e psíquico (Imagem
2).
5.1.1 Avaliação
Consiste em observação do padrão respiratório, uso de musculatura acessória, tiragem
muscular, frequência respiratória, oximetria de pulso, expansibilidade torácica, ausculta
Copia eletrônica não controlada
Permitida a reprodução parcial ou total, desde que indicada a fonte e sem fins lucrativos.
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VASCULAR ENCEFÁLICO
5.1.2.2 Tosse
A tosse consiste em uma expiração forçada explosiva onde atua como mecanismo
mecânico em defesa da árvore traqueobrônica. A tosse pode ser espontânea, provocada
(reflexa) ou voluntária. A tosse dirigida trata-se de um esforço de tosse voluntária que o
fisioterapeuta obtém quando solicita ao paciente cooperante (estímulo verbal de tosse). A
tosse provocada é uma tosse aplicada no paciente incapaz de cooperar e, portanto, de realizar
uma tosse ativa. É induzida pela estimulação dos receptores mecânicos situados na parede da
traquéia extratorácica. Obtida pela indução manual denominada tic-traqueal, o qual consiste
em realizar um movimento lateral da traqueia durante a fase inspiratória auxiliando o ato de
tossir.
e ataxia, seus valores servem como indicativos de possibilidades para mobilização de acordo com
o fluxograma acima (MORO, et al., 2018).
Quando possível a mobilização pelo próprio paciente a orientação deve ser dada como forma
educativa e empoderando o mesmo pelo seu processo de recuperação e independência.
● Mudança de decúbito de dorsal para decúbito lateral: Caso o paciente seja capaz de
ajudar na transferência, o terapeuta deve solicitar que o paciente dobre os joelhos, mantendo
os pés no leito e depois simplesmente deixar as pernas “rolarem” para o lado, fazendo uma
dissociação de cinturas, depois é só elevar a cintura escapular e ajustar o paciente.
● Mudança de decúbito de lateral para sentado: Deixar as pernas do paciente para fora
do leito. Elas farão um braço de alavanca que irá ajudar o terapeuta na transferência. Apoiar
o braço direito passando sobre o ombro esquerdo do paciente. O terapeuta irá posicionar a
mão sobre o dorso ou sobre a região posterior do ombro direito dele. A mão esquerda do
terapeuta irá "abraçar" as pernas do paciente ou em paciente mais colaborativos, mas ainda
debilitados, o terapeuta poderá apenas fazer uma pressão para baixo sobre a crista ilíaca
direita para guiar o movimento. Terapeuta deverá posicionar-se em inclinação lateral do
tronco, mantendo o paciente o mais próximo possível dele e, com o paciente bem apoiado
retornar lentamente o seu tronco da posição de inclinação lateral para a posição vertical
mantendo o tronco do paciente ereto, evitando inclinações;
● Mudança de sentado para em pé: Para maior segurança, o terapeuta deve se
posicionar próximo ao lado afetado do paciente. O terapeuta usará as próprias pernas para
bloquear a perna afetada na altura do joelho e pé do paciente para evitar que a perna
escorregue ou se dobre, e assim garantir uma descarga de peso adequada sobre o lado
plégico. O paciente é orientado a inclinar o tronco para frente no momento de iniciar o
movimento. O paciente deve usar o lado sadio para ficar de pé, enquanto o terapeuta ajuda
elevando o quadril e/ou tronco do lado plégico. Mesmo depois de ficar de pé, o terapeuta
deve se manter bloqueando o membro inferior plégico para evitar que se dobre.
5.2.12 Ortostatismo
● Treino de levantar e sentar com auxílio do terapeuta e/ou de um andador;
● Marcha estacionária, com auxílio do terapeuta, paciente flexiona quadril e joelho;
● Flexão plantar em cadeia cinética fechada, pedir para o paciente ficar na ponta dos
pés e voltar.
5.3. Observações
Monitorar os sinais vitais dos pacientes antes, durante e após intervenção;
Orientar o posicionamento adequado do paciente no leito e em sedestação, transferências de um
local para o outro após liberação médica, realizar treinamentos e orientações complementares ao
tratamento para pacientes, familiares e cuidadores;
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6. INTERCORRÊNCIAS
O fisioterapeuta deverá suspender a fisioterapia e comunicar à equipe médica para
providências, caso o paciente apresente:
Instabilidade hemodinâmica;
Arritmias no eletrocardiograma ou monitor cardíaco;
Intenso desconforto respiratório;
Mudanças excessivas na frequência cardíaca (menor que 55 ou acima de 120 bpm);
Pressão arterial menor que 80 X 60 mmHg ou acima de 150 X 100 mmHg;
SpO2 menor que 90%;
Temperatura corporal acima de 37.5 °C.
7. REFERENCIAIS TEÓRICOS
● ACÓRDÃO N° 474, de 20/05/2016, CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA
OCUPACIONAL (COFFITO).
● Brito SCM, Silva WL, Ribeiro E. Mobilização precoce em pacientes adultos submetidos à
ventilação mecânica (VM) na unidade de terapia intensiva (UTI). Rev Eletrôn Atualiza Saúde. 2015;
2(2).
● CONCEIÇÃO, Thais Martins Albanaz da et al Safety criteria to start early mobilization in
intensive care units. Systematic review. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v. 29, n. 4, p. 509-
519, 2017. GN1 Genesis Network. http://dx.doi.org/10.5935/0103-507x.20170076.
● MACHADO, MGR. Bases da fisioterapia respiratória: terapia intensiva e reabilitação. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
● MORO, C. H. C., et al. Escalas de avaliação. Módulo 3, 2018.
● O'SULLIVAN, S.B.; SCHMITZ, T.J. Fisioterapia- Avaliação e tratamento; 5° ed. Ed.
Manole,2010. PIASSAROLI, C.A.P; ALMEIDA, G.C.; LUVIZOTTO, J.C.; SUZAN, A.B.M. Revista de
Neurocienciência;20(1):128-137,2012.
● PALUDO, C. Relato de Caso: Osteomielite Pós-Traumática Bilateral da Articulação Coxo-
Femoral. Disponível em www.upf.br/feff/download/mono_camila_palu do_total.pdf . Passo Fundo
2005.
● VOJVDIC, C. Síndrome do Imobilismo. Disponível em
www.geriatriagerontologia.com.br/si.pdf, São Paulo,Julho, 2004.
8. HISTÓRICO DE ELABORAÇÃO/REVISÃO
VERSÃO DATA DESCRIÇÃO DA AÇÃO/ALTERAÇÃO
3 28/10/2021 Realizada a formatação na nova versão e atualização científica.