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Universidade Federal Fluminense

Hospital Universitário Antônio Pedro

Tipo do PROCEDIMENTO OPERACIONAL


POP.DGC.UMULTI.026 - Página 1 de 8
Documento: PADRÃO (POP)
Emissão: Novembro/ Próxima revisão:
Título do REABILITAÇÃO NO INFARTO AGUDO
2022 Novembro/2024
Documento: DO MIOCÁRDIO
Versão: 01

1. SIGLAS E CONCEITOS

AI: Angina instável


IAMcsST: Infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST
IAMssST: Infarto Agudo do Miocárdio sem supradesnivelamento de segmento ST
IMS: ICU Mobility scale
RCV: Reabilitação cardiovascular
SCAcsST: Síndrome Coronariana Aguda com supradesnivelamento do segmento ST
SCAssST: Síndromes Coronarianas Agudas sem supradesnivelamento do segmento ST
VNI: Ventilação não invasiva
VO2 máximo: Consumo de oxigênio máximo

2. QUEM

Equipe de Fisioterapia da Unidade Coronariana.

3. INTRODUÇÃO 1,2,3,4,5

A Doença Arterial Coronariana é uma das principais causas de mortalidade no


mundo. Segundo o Datasus, a morte cardiovascular corresponde a cerca de 30% das causas
de morte.
O processo de aterosclerose é crônico, progressivo e sistêmico. A
hipercolesterolemia, a hipertensão arterial, o diabete, o tabagismo, a obesidade, o
sedentarismo, o envelhecimento e suscetibilidade genética são fatores de risco para lesão
arterial.
As manifestações clínicas da doença isquêmica incluem a angina estável (forma
crônica) e as síndromes coronarianas agudas, que são classificadas quanto à gravidade ou à
duração, e seu diagnóstico é baseado no quadro clínico, eletrocardiograma e dosagem
enzimática.
As Síndromes Coronarianas Agudas sem supradesnivelamento do segmento ST
(SCAssST) compreendem a angina instável (AI) e o Infarto Agudo do Miocárdio sem
supradesnivelamento de ST (IAMssST) e são diferenciadas pela ausência ou presença de
elevação de biomarcadores de necrose miocárdica. Ambas apresentam dor precordial
intensa em repouso, sendo no IAMssST, mais prolongada (maior que 20 minutos). Já a
Síndrome Coronariana Aguda com supradesnivelamento do segmento ST ou infarto agudo do
miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST (IAMcsST) é uma síndrome clínica
definida por sintomas característicos em associação com achados eletrocardiográficos e
biomarcadores de necrose miocárdica.

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Após a interrupção do fluxo sanguíneo, a área miocárdica lesionada pela isquemia


perde a habilidade de contração, podendo comprometer a bomba ventricular. O processo de
remodelamento ventricular leva a alterações prejudiciais na contratilidade, tamanho e
função do ventrículo, o que influenciará diretamente no prognóstico.
O tratamento inclui terapia medicamentosa e de reperfusão. A estratificação de
risco precoce é necessária para evitar eventos adversos, além de definir qual a melhor
estratégia terapêutica (clínico versus intervencionista versus cirúrgico). Na SCAcsST a
reperfusão é a base terapêutica. A fibrinólise e a intervenção coronariana percutânea são
eficazes, sendo a última o tratamento mais eficiente.
Os programas de reabilitação cardiovascular (RCV) com ênfase nos exercícios
físicos demonstram significativas reduções da morbimortalidade cardiovascular bem como a
taxa de hospitalização.
A fase intra-hospitalar (fase 1) compreende um programa de intervenção que
inclui exercício físico, devendo ser iniciada após o paciente ter sido considerado clinicamente
compensado, como decorrência do tratamento clínico ou intervencionista.

BENEFÍCIOS DA REABILITAÇÃO CARDÍACA

• Redução da demanda de oxigênio pelo miocárdio;


• Aumento do volume sistólico;
• Redução da frequência cardíaca e pressão arterial sistólica em
intensidades submáximas de exercício;
• Melhora do limiar de angina;
• Aumento do VO2 máximo (consumo de oxigênio máximo).

Tabela 1. Benefícios da Reabilitação Cardiovascular. Fonte: Umeda, 2014.2

4. OBJETIVO(S) 2,3,4,5

4.1 Objetivos da reabilitação cardíaca fase 1

• Reduzir os efeitos deletérios do repouso no leito;


• Restaurar a capacidade funcional;
• Reduzir o tempo de permanência hospitalar;
• Melhorar as condições físicas e psicológicas;
• Controlar fatores de risco para doença cardiovascular;
• Reduzir complicações pulmonares.

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5. MATERIAL

O material utilizado nas diversas tarefas deste POP compreende:

• Luva de procedimento;
• Oxímetro;
• Triângulo de posicionamento;
• Cicloergômetro;
• Poltrona;
• Triângulo de posicionamento;
• Ventiladores mecânicos Dixtal DX 3012 e IX5 Carefusion;
• Circuito para ventilação mecânica, de ramo duplo;
• Máscara nasal / oronasal ou facial total (Fullface) com fixador cefálico para realização
de ventilação não invasiva.

6. DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS 2,3,4,6,7,8

6.1- Admissão na Unidade Coronariana


• Realizar avaliação fisioterapêutica, visando atendimento individualizado;
• Avaliar necessidade de oxigenoterapia e Ventilação Não Invasiva (VNI), com possível
indicação em casos Killip II e III;
• Iniciar o protocolo de reabilitação após 12 a 24 horas do evento, desde que o paciente
esteja sem dor precordial, estável do ponto de vista hemodinâmico, elétrico e
ventilatório;
• Utilizar escala funcional IMS (ICU Mobility Scale).

6.1.1- Cuidados Pós Angioplastia 2

• Avaliar presença de sangramentos e hematoma inguinal. Pacientes permanecerão


com curativo compressivo por 24 horas;
• Iniciar protocolo de reabilitação 12 horas após o procedimento.

6.1.2- Oxigenoterapia 2

• Utilizar suplementação de oxigênio em casos de saturação periférica de O2 abaixo de


90%. Evitar hiperóxia devido à vasoconstricção coronariana.

6.1.3- Ventilação Não Invasiva 2

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• Utilizar Suporte Ventilatório Não Invasivo nos pacientes com Insuficiência Cardíaca
Aguda/Edema Agudo Cardiogênico. A classificação clínica de Killip e Kimball nos
pacientes com IAMcsST tem auxiliado no manuseio adequado dos pacientes na fase
aguda.

Realizar os procedimentos de acordo com o fluxograma abaixo:

Insuficiência Cardíaca Aguda / Edema Agudo Cardiogênico / Killip II - III


Ausculta com estertores nas bases pulmonares Infiltrado no raio X

Avaliar contraindicações para VNI
Instabilidade Vômitos, náuseas, Confusão mental, Pneumotórax
hemodinâmica distensão abdominal não cooperação não drenado

Períodos de VNI
CPAP ou BIPAP

Dispneia, taquipneia, hipoxemia
VNI EPAP/CPAP: 5 a FiO2: para
IPAP/PS:
10 manter Reavaliar após
(CPAP ou 2h
VC ≥ 5ml/kg
BIPAP) Até 15cm H20 SaO2 ≥ 92%
Fluxograma 1. Utilização de Ventilação Não Invasiva. Fonte: Umeda,2014.2

Classe Manifestações Clínicas

Pacientes sem evidências clínicas de insuficiência cardíaca, tanto ao exame


Killip I
físico quanto ao raio X de tórax.

Pacientes com evidências clínicas de insuficiência cardíaca, discreta a


Killip II moderada (estertores pulmonares, congestão pulmonar ao raio X, terceira
bulha e taquicardia).

Killip III Pacientes com insuficiência cardíaca grave, edema agudo pulmonar.

Killip IV
Pacientes em choque cardiogênico.
Tabela 2. Classificação Clínica de Killip e Kimball. Fonte: Umeda, 2014. 2

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6.1.4- Prescrição de Exercícios Físicos na Reabilitação Cardíaca 2,3,4,6,7,8

• Aplicar conduta de forma individualizada;


• Verificar condição funcional prévia;
• Utilizar a escala funcional IMS (ICU Mobility Scale);
• Avaliar sinais vitais no repouso, além da saturação periférica de O2;
• Monitorar continuamente frequência cardíaca e saturação periférica de 02;
• Atentar para sinais e sintomas de intolerância aos esforços (cianose, palidez, náuseas,
bradicardia, queda na pressão arterial > 15mmHg em comparação a linha de base,
aumento excessivo na pressão arterial sistólica > 200mmHg, aumento da pressão
arterial diastólica > 110mmHg, dor no peito, escala de percepção do esforço > 6/10 e
sinais eletrocardiográficos de isquemia cardíaca ou arritmias);
• Interromper conduta caso ocorra sinais e sintomas supracitados (comunicar equipe);
• Registrar distância percorrida e tempo durante deambulação.

➢ Frequência: 2 vezes por dia;


➢ Intensidade: 20bpm acima da frequência cardíaca basal e/ou Escala de Borg
modificada de 3 a 4/10;
➢ Gasto energético: 2 a 4METs (incremento progressivo);
➢ Tempo total: 20 minutos por dia;
➢ Tipo: exercícios isotônicos e aeróbicos;
➢ Progressão: aumentar número de série/tempo de exercício.

➢ Sedestação à beira do leito;


➢ Exercícios ativo livre: flexo/extensão de ombros e cotovelos, flexo/extensão
de joelhos e dorsi/plantiflexão de tornozelos (iniciar de 6 a 10 repetições);
➢ Ortostatismo;
➢ Marcha estacionária;
➢ Sedestação fora do leito;
➢ Deambulação (iniciar 25 a 50 metros, objetivando alcançar 200 metros até
a alta hospitalar) ou cicloergômetro ativo 2 vezes de 10 minutos.

Tabela 3. Prescrição de Exercícios Fisicos na Reabilitação Cardíaca. Adaptado de Umeda, 2014;


Peixoto, 2015; Papa, 2020; Alves, 2018; Aquim, 2019; Macedo, 2011; 2,3,4,6,7,8

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CONTRAINDICAÇÕES PARA O PROGRAMA DE EXERCÍCIOS NA REABILITAÇÃO CARDÍACA

➢ Pressão arterial sistólica em repouso > 180mmHg ou pressão arterial diastólica


de repouso > 110mmHg;
➢ Hipotensão ortostática com queda sintomática da pressão sistólica (≥ 20mmHg);
➢ Pressão arterial sistólica < 90mmHg;
➢ Arritmias não controladas;
➢ Angina estável de grau 4 e angina instável;
➢ Insuficiência cardíaca descompensada;
➢ Pericardite e endocardite em atividade;
➢ Trombose venosa profunda;
➢ Infecções agudas;
➢ Estenose aórtica e/ou insuficiência mitral graves não tratados;
➢ Tromboflebite;
➢ Bloqueio atrioventricular de segundo grau.

Tabela 4. Contraindicações para Programa de Exercícios na Reabilitação Cardíaca. Adaptado de


Umeda 2014; Alves, 2018.2,4

7. REFERÊNCIAS

1- Bispo, IGA; Lloret, RR; Abreu, BNA; Guimarães, HP; Jardim, CAP; Janete, IB. Guia Prático
de Cardiologia. Residência em Cardiologia do Hospital do Coração. Editora Atheneu. Rio
de Janeiro. 2017.

2- Umeda, IIK. Manual de Fisioterapia na Reabilitação Cardiovascular. Editora Manole. São


Paulo. 2014.

3- Papa, V; Guizilini, S; Bublitz, CB; Rocco, IS; Bertini, C; Xavier, VB; Jaenisch, RB; Moderno,
EV; et al. Reabilitação Cardiovascular Baseada em Exercício Físico na Insuficiência
Cardíaca – Fase Hospitalar e Ambulatorial. Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo-Supl-
2020; 30(2): 264-272.

4- Alves, FMB; Miranda, VCR; Pereira, WM; et al. A Atuação da Fisioterapia na Fase 1 da
Reabilitação Cardíaca Após Infarto Agudo de Miocárdio. Fisioter Braz. 2018; 19(3): 400-
413.

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5- de Carvalho, T; Milani, M; Ferraz, AS; da Silveira, AD; Herdy, AH; et al. Diretriz Brasileira
de Reabilitação Cardiovascular - 2020. Arq Bras Cardiol. 2020; 114(5):943-987.

6- Peixoto, TCA; Begot, I; Bolzan, DW; Machado, L; Reis, MSR; et al. Early Exercise – Based
Rehabilitation Improves Health-Related Quality of Life and Functional Capacity After
Acute Myocardial Infarction: A Randomized Controlled Trial. Canadian Journal of
Cardiology. 2015; 31: 308–313.

7- Macedo, RM; Neto, JRF; Contantini, CO; Casali, D; et al. Phase I of Cardiac Rehabilitation:
A New Challenge For Evidence Based Physiotherapy. World J Cardiol. 2011 July 26; 3(7):
248-255.

8- Aquim, EE; Bernardo, WM; Buzzini, RF; de Azeredo, NSG; da Cunha, LS; Damasceno, MCP;
et al. Diretrizes Brasileiras de mobilização Precoce em Unidade de Terapia Intensiva. Rev
Bras Ter Intensiva. 2019; 31(4): 434-443.

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8. HITÓRICO DE REVISÃO

VERSÃO DATA DESCRIÇÃO DA ALTERAÇÃO


01 01/11/2022 Elaboração

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