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Hidrostática

João Tanaka
jpao.com@gmail.com

Rafael Nagai
rafaelnagaimat@hotmail.com

2021

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Sumário
1 Introdução 3

2 Definições importantes 3

3 Teorema de Stevin 4
3.1 Forças exercidas por um lı́quido em repouso . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
3.2 Pressão exercı́da por uma coluna de água . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
3.3 Diferença de pressão entre dois pontos do lı́quido . . . . . . . . . . . . . . 4
3.4 Experimento de Torricelli . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
3.5 Exercı́cios resolvidos sobre Teorema de Stevin . . . . . . . . . . . . . . . . 6

4 Teorema de Pascal 8
4.1 Exercı́cios resolvidos de Teorema de Pascal . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

5 Princı́pio de Arquimedes 11
5.1 Exercı́cios resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

6 Exercı́cios 13

7 Aprofundamento 17

8 Respostas/Resolução 18
8.1 Gabarito dos Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
8.2 Resolução dos exercı́cios de aprofundamento . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

9 Apoie o projeto! 21

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1 Introdução
A hidrostática ou estática dos fluidos é o estudo do comportamento dos fluidos
em repouso.
Os gases e os lı́quidos são fluidos, que possuem como principal diferença o fato de que o
volume dos lı́quidos permanece constante, enquanto os gases ocupam todo o recipiente em
que estão inseridos. Nesta apostila, focaremos nossa atenção para o estudo dos lı́quidos,
e os consideraremos, para fins de estudo, incompressı́veis.

2 Definições importantes
Para que possamos apresentar as ferramentas que utilizaremos na resolução de pro-
blemas, é necessário, primeiramente, definir ou relembrar algumas definições:

• Massa especı́fica ou densidade absoluta (µ): A massa especı́fica é uma caracterı́stica


do material, em que a massa de um corpo dividida pelo seu volume de matéria é
sempre constante, caso a temperatura e a pressão se mantenham constantes, isto é:

m
µ=
V
kg
Cuja unidade no SI é dada por m3
kg kg
Uma observação importante é que a massa especı́fica da água é de 1000 m3 = 1 L ,

ou seja, um litro de água tem massa de 1kg

• Densidade(d): caracterı́stica do corpo, que é calculada dividindo a massa do corpo


pelo volume externo dele:
m
d=
Vexterno
Ou seja, um corpo maciço tem a densidade igual à massa especı́fica mas, caso o
corpo seja oco, a sua densidade será menor.

• Pressão(P): A pressão é definida como o módulo da componente normal da força


aplicada numa área dividida pela área, ou seja:
F
P =
A
Caso você segure uma caneta com dois dedos, uma em cada ponta da caneta, e
aperte, você perceberá que o lado que doerá mais será o da ponta da caneta, pois a
área é menor e, portanto, a pressão é maior, mesmo que a força seja igual.
N
A unidade de pressão no SI é dada por m2
= Pa
Um caso importante de pressão é o da pressão atmosférica, que pode ser simpli-
ficadamente descrito como a pressão da força exercida pelo peso da atmosfera da
Terra.

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3 Teorema de Stevin
3.1 Forças exercidas por um lı́quido em repouso
Um resultado importante a ser provado é o de que as forças exercidas por um lı́quido
em repouso no seu recipiente são sempre perpendiculares às paredes do recipiente.
Imagine que isso não fosse a realidade, e que existisse uma componente tangencial
nessa força. Por Ação e Reação, o lı́quido receberia essa força contrária e se moveria, não
estando em repouso, o que contraria a nossa hipótese inicial.
Uma forma de observar esse fenômeno é fazer um furo em uma bexiga ou em uma
garrafa PET cheia de água e observando o fluxo de água que sairá.

Figura 1: Note que a água sai perpendicularmente à superfı́cie da garrafa.

3.2 Pressão exercı́da por uma coluna de água


Imagine um copo cheio de água, vamos calcular a pressão exercida por uma coluna de
água de secção transversal A na base do copo, utilizando que a aceleração da gravidade é
g, que a massa especı́fica da água é µ e que a altura da coluna de água seja h.
Podemos calcular a força que a água exercerá no fundo do copo, que será somente a
força peso.

P = Mg = µ · V · g = µ · A · h · g
Podemos calcular a pressão no fundo do copo utilizando a definição:
F µ·A·h·g
P = = =µ·h·g
a A

3.3 Diferença de pressão entre dois pontos do lı́quido


Podemos calcular a diferença de pressão entre dois pontos de um mesmo lı́quido de
forma parecida ao que acabamos de fazer.
Vamos tomar os pontos 1 e 2 de um mesmo lı́quido, que possuem diferença de altura
h, e imaginar um cilindro fino de lı́quido entre esses dois pontos, de tamanho h.
A força exercida na parte de baixo desse cilindro deve ser igual à força exercida na
parte de cima desse cilindro mais o peso do lı́quido contido neste(note que a pressão
exercida nas paredes desse cilindro imaginário serão perpendiculares à sua superfı́cie e,

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consequentemente, horizontais) A força pode ser escrita em função da pressão em cada
ponto. Assim
F2 = F1 + µ · g · V
P2 · A = P1 · A + µ · g · A · h
P2 = P1 + µ · g · h
Essa equação é conhecida como Teorema de Stevin. Observe que, se a gravidade
for constante e vertical para baixo, todos os pontos de mesma altura do lı́quido terão a
mesma pressão (casos em que a gravidade não é constante no espaço será abordado no
aprofundamento desse material).
Ainda utilizando o Teorema de Stevin, podemos mostrar que, quando a gravidade é
constante e vertical para baixo, todos os pontos da superfı́cie do lı́quido deverão estar na
mesma horizontal, pois os pontos da superfı́cie estarão expostos ao ar, sendo a pressão
exercida sobre eles igual a pressão atmosférica.

3.4 Experimento de Torricelli


O experimento de Torricelli é uma grande demonstração de como o Teorema de Stevin
pode ser aplicado.
O experimento consiste em um tubo de aproximadamente um metro, completamente
cheio de mercúrio, e uma bacia, também cheia de mercúrio.
O tubo é colocado de cabeça para baixo dentro da bacia, sem que entre ar por ele.
Após certo tempo, parte do mercúrio do tubo vai para a bacia. Como o tubo estava
completamente cheio de mercúrio, o espaço vazio da parte de cima do tubo pode ser
considerada como quase vácuo.
Como a pressão é igual em dois pontos de mesma altura do lı́quido, sabemos que o
ponto embaixo da coluna de mercúrio que tem a mesma altura da superfı́cie terá a mesma
pressão de um ponto na superfı́cie, que é igual a pressão atmosférica.

P1 = Patm

Podemos calcular a pressão desse ponto também utilizando o Teorema de Stevin e consi-
derando que a pressão no topo da coluna de mercúrio é zero, por ter vácuo:

P1 = P2 + µHg · g · h

P2 = 0
Patm = µHg · g · h
A partir desse resultado, Torricelli conseguiu obter a pressão atmosférica.

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3.5 Exercı́cios resolvidos sobre Teorema de Stevin
1. Imagine que uma pessoa está em cima de um prédio de 20m com um canudo do
mesmo tamanho, e que ela tenta beber água da piscina que está na base do prédio,
ela conseguirá realizar essa tarefa?

Resolução: Para resolver essa questão, devemos calcular qual seria a altura que
o lı́quido conseguiria alcançar caso a pessoa conseguisse criar um vácuo no canudo
(ou seja, se a pessoa puxasse o ar do canudo com tanta força que todo o ar saı́sse
do canudo)
Neste caso, vamos calcular qual seria a altura da água, tomando o ponto da água
dentro da piscina na altura da superfı́cie, que teria a pressão igual a pressão at-
mosférica, por estar na mesma altura que a superfı́cie, que está em contato com a
atmosfera.
Utilizando o teorema de Stevin, temos:

patm = µgh

Pois a pressão no topo do lı́quido é igual a zero, já que imagina-se que foi criado
vácuo.
Usando g = 10m/s2 , µ = 1, 0 · 103 kg/m3 para a água e que patm = 105 P a. Temos:

105 = 10 · 103 · h

h = 10m
Assim, a altura máxima que se poderia conseguir seria a de 10m, em que seria ne-
cessário que a pessoa sugasse todo o ar existente no canudo, o que é impossı́vel.

2. (PUC-RJ) Em um vaso em forma de cone truncado, são colocados três lı́quidos


imiscı́veis. O menos denso ocupa um volume cuja altura vale 2, 0cm; o de densi-
dade intermediária ocupa um volume de altura igual a 4, 0cm, e o mais denso ocupa
um volume de altura igual a 6, 0cm. Supondo que as densidades dos lı́quidos se-
jam 1, 5g/cm3 , 2, 0g/cm3 e 4, 0g/cm3 , respectivamente, responda: qual é a força
extra exercida sobre o fundo do vaso devido à presença dos lı́quidos? A área da
superfı́cie inferior do vaso é 20cm2 e a área da superfı́cie livre do lı́quido queestá
na primeira camada superior vale 40cm2 . A aceleração gravitacional local é 10m/s2 .

Resolução: A força extra exercida devido a presença dos lı́quidos pode ser calculada
simplesmente descobrindo-se a pressão exercida pelos lı́quidos na base e utilizar a
relação entre a força e a pressão, já que nos foi dada a área da base. Neste caso, não
se considera a pressão atmosférica, já que a questão pede a força devido à presença
dos lı́quidos.
Para descobrir a pressão, basta utilizar o teorema de Stevin, lembrando-se de con-
verter os dados do problema para unidades do SI:

1g/cm3 = 1000kg/m3
100cm = 1m

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Temos:

p = µ1 h1 g + µ2 h2 g + µ3 h3 g
p = (1, 5 · 103 · 2 · 10−2 + 2 · 103 · 4 · 10−2 + 4 · 103 · 6 · 10−2 ) · 10
p = 3500P a

Assim, a força exercida na base do recipiente será de:

F = P · A = 3500 · 20 · 10−4 = 7N

3. Se é conhecido sobre os homens que deitam sobre mesas de prego em apresentações


de resistência. Mostre que seria muito mais difı́cil sentar numa dessas mesas do que
deitar nelas.

Resolução: Para a pessoa que está deitada na mesa de prego, o seu corpo está
sobre diversos pregos, aumentando a área na qual o seu peso é distribuido e, assim,
diminuindo a pressão dos pregos no seu corpo, em comparação com a pessoa que
está sentada.

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4 Teorema de Pascal
No estudo da Hidrostática, o segundo teorema importante é o de Pascal, que diz que
um aumento na pressão em qualquer ponto de um lı́quido incompressı́vel é distribuida
integralmente a todos os pontos do lı́quido.
Esse conceito é bastante importante para aplicações práticas, como o cálculo da pressão
em um recipiente com lı́quido exposto à atmosfera e para o funcionamento de mecanismos
hidráulicos

4.1 Exercı́cios resolvidos de Teorema de Pascal


1. Uerj - Um adestrador quer saber o peso de um elefante. Utilizando uma prensa
hidráulica, consegue equilibrar o elefante sobre um pistão de 2000cm2 de área, exer-
cendo uma força vertical F equivalente a 200N , de cima para baixo, sobre o outro
pistão da prensa, cuja área é igual a 25cm2 .

Calcule o peso do elefante.

Resolução: Esse exemplo mostra como o Princı́pio de Pascal pode ser aplicado para
se diminuir a força necessária para alguma finalidade. Como a pressão é distibuida
igualmente em todos os pontos do lı́quido, podemos escrever simplesmente que:

P1 = P 2

Em que P1 é o aumento de pressão feita pelo adestrador, no pistão menor, e P2 é a


pressão na plataforma do elefante. Utilizando a definição de pressão, temos:
F1 F2
=
A1 A2
Nesta equação, vemos que quanto maior a área, maior a força necessária para se
manter o equilı́brio, substituindo os valores dados no enunciado, temos
200 F2
=
25 2000
F2 = 16000N

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2. A figura abaixo mostra, de forma simplificada, o sistema de freios a disco de um
automóvel. Ao se pressionar o pedal do freio, este empurra o êmbolo de um primeiro
pistão que, por sua vez, através do óleo do circuito hidráulico, empurra um segundo
pistão. O segundo pistão pressiona uma pastilha de freio contra um disco metálico
preso à roda, fazendo com que ela diminua sua velocidade angular. Considerando

o diâmetro d2 do segundo pistão duas vezes maior que o diâmetro d1 do primeiro,


qual a razão entre a força aplicada ao pedal de freio pelo pé do motorista e a força
aplicada à pastilha de freio?

(a) 1/4
(b) 1/2
(c) 2
(d) 4

Resolução: Essa questão é bastante semelhante a anterior, com a diferença mais


significativa que a razão dada no enunciado é entre os diametros, não entre as áreas.
Assim que o motorista aplicar uma força no pedal de freio, a pressão se distribuirá
pelo óleo integralmente, chegando na pastilha de freio e fazendo com que o pneu
pare, para a pastilha de freio e para o pedal de freio, podemos escrever:

P1 = P2
F1 F2
=
A1 A2
F1 A1 πd2 /4
= = 12 = 1/4
F2 A2 πd2 /4
Alternativa a)

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3. No sistema representado pela figura, AC contém mercúrio, BC contém óleo e o
tanque contém água, as alturas são h0 = 10cm, h1 = 5cm, h2 = 20cm e as densidades
do mercúrio e do óleo são 13, 6g/cm3 e 0, 8g/cm3 , respectivamente. Determine a
pressão em A, em atm.

Resolução: A pressão em B será igual da coluna de água no tanque mais a pressão


atmosférica(entenda a pressão atmosférica como um extra de pressão que é dis-
tribuı́do pelo lı́quido), a pressão em C será igual a pressão em B somada a pressão
devido a coluna de óleo de altura h1 , a pressão em C também é igual a pressão em
A somada a pressão devido a coluna de mercúrio de altura h2 . Temos:

PB = Patm + µagua · gh0

PB = 100000 + 1000 · 10 · 0, 1
PB = 101000P a
PC = PB + h1 · g · µHg
PC = PA + h2 · g · µoleo
Assim:
PA = PB + h1 · g · µHg − h2 · g · muoleo

PA = 101000 + 0, 05 · 10 · 13600 − 0, 2 · 10 · 800


Pa = 101000 + 6800 − 1600 = 106200pa = 1, 062atm

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5 Princı́pio de Arquimedes
A última ferramenta necessária na Hidrostática é o Princı́pio de Arquimedes, que
descreve o empuxo, força causada pela diferença de pressão entre duas alturas diferentes
de um fluido, que é a responsável por diversos fenômenos do cotidiano, como a flutuação
de embarcações no mar ou o fato de nos sentirmos mais leves ao entrar em uma piscina.
Quando um corpo está imerso completa ou parcialmente em um fluido em equilı́brio,
ele recebe uma força que é contrária a gravidade, e tem intensidade igual ao peso do fluido
deslocado pelo corpo.
Podemos demonstrar esse princı́pio para um cilı́ndro imaginário, calculando a força
vertical exercida nas duas bases do cilindro, que serão diferentes devido a diferença de
pressão causada pela diferença de altura.
As forças horizontais se cancelarão, por terem mesma intensidade. Vamos calcular a
diferença entre as forças na parte de cima e na debaixo.

F =p·A

Pelo Teorema de Stevin:


p2 = p1 + µgh
F2 − F1 = p2 A − p1 A = (µgh)A = µgV = Pdeslocado
Apesar de demonstrarmos apenas para um cilindro, é possı́vel mostrar que esse princı́pio
se estende a todos os corpos.
Observe que a intensidade do empuxo está relacionada ao volume de fluido deslocado,
e não ao peso do corpo em si, ou seja, um corpo oco receberá o mesmo empuxo de um
corpo maciço de mesmo volume. Além disso, caso o corpo não esteja totalmente imerso,
o volume a ser considerado é apenas o da parte imersa.
Observação: nas questões sobre o princı́pio de Arquimedes, costuma ser muito útil
utilizar a relação m = ρV .

5.1 Exercı́cios resolvidos


1. Um cubo de gelo derrete na água, o volume aumenta, diminui ou permanece o
mesmo?

Resolução: Sendo o gelo menos denso que a água, a parte do gelo que ficará imersa
será somente a que desloca uma quantidade de água que causa um empuxo igual ao
peso do gelo.
Como o gelo se transformará em água, o volume que essa água ocupará será igual
ao volume imerso do gelo. Podemos escrever da seguinte forma:

mgelo g = µgVdeslocado
Quando o gelo sofre fusão, poderemos calcular a sua massa em função do volume
de água:
mgelo = µVagua
Substituindo na equação anterior, obteremos:

Vagua = Vdeslocado

Mostrando que o nı́vel da água não se alterará.

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2. Uma pessoa num barco joga uma âncora na água, o nı́vel da água diminui, aumenta,
ou permanece o mesmo?
Resolução: Esse problema é bastante semelhante ao anterior, com a diferença que
o objeto que irá pra água é mais denso que ela.
Sendo o barco menos denso que a água, ao ser lançada a ancora, o que faz com que
o nı́vel da água suba é a âncora em si, e o que faz com que o nı́vel da água desça é
o fato de que o barco deslocará menos lı́quido.
Podemos calcular a diminuição de lı́quido deslocado pelo barco apenas calculando
o lı́quido que é deslocado por causa da âncora que estava nele, da seguinte forma:

Mancora g = µagua gVdeslocado


µancora Vancora = µagua vdeslocado
Como o µancora é maior que o µagua , o volume da âncora será menor que o volume
da água deslocada, o que fará com que o nı́vel da água diminua.

3. Existe um ditado que diz que algo é ”só a ponta do iceberg”, se referindo a parte do
iceberg que pode ser vista do lado de fora da água, dado que a densidade do gelo é
de 0, 92g/cm3 e que a densidade da água a 0◦ C é de 1, 025g/cm3 , qual a fração do
iceberg que fica visı́vel?
Resolução: Para que o iceberg fique em equilı́brio, basta que a força de empuxo
seja igual ao peso dele. Lembre-se que a intensidade do empuxo é proporcional ao
volume de lı́quido que é deslocado pelo corpo, não ao volume do corpo.

µgelo gVgelo = µagua gVdeslocado


vdeslocado µgelo
= = 0, 89
Vgelo µagua
Assim, a fração do gelo que está fora da água será de 0, 11

4. Em uma mistura de dois liquidos imisciveis de densidade p1 e p2 , é colocado um


cilindro de altura H e densidade p3 tal que p1 > p3 > p2 , calcule a altura do cilindro
imersa no lı́quido de densidade p1 .

Resolução: O peso do cilindro deve ser equilibrado com o peso dos lı́quidos deslo-
cados. Ou seja:

p3 HAg = p1 hAg + p2 (H − h)Ag


Sendo A a área de secção transversal do cilindro e h a altura do cilindro no lı́quido
de densidade p1 .
p3 H − p2 H = p 1 h − p2 h
(p3 − p2 )H
h=
p1 − p2

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6 Exercı́cios
1. Calcule p1 −p2 em função de ρ, de d, D e da altura h em relação ao nı́vel de equilı́brio
N0 (Ver figura) de quando p1 = p2 .

2. Dois lı́quidos imiscı́veis são postos em um tubo em forma de U, mostre que as alturas
h1 e h2 são inversamente proporcionais às densidades dos lı́quidos.

3. Da conhecida experiência de Torricelli originou-se o Barômetro de mercúrio, que


por sua vez foi usado para determinar a atmosfera padrão, ao nı́vel do mar, ou seja,
1atm = 760mmHg.
Sabendo que a densidade do mercúrio é 13, 6g/cm3 e que em um outro barômetro
foi utilizado um óleo com densidade de 0, 76g/cm3 , qual será a altura indicada por
esse novo barômetro, ao nı́vel do mar?

4. Um mergulhador pode suportar uma pressão máxima de 10 vezes a pressão at-


mosférica p0. Tomando g = 10m/s2 e p0 = 1, 0.105 N/m2 , calcule a que profundi-
dade máxima, em metros, pode o mergulhador descer abaixo da superfı́cie de um
lago, onde a densidade da água é 1, 0 · 103 kg/m3 .

5. (ITA)Um cubo de peso P1 , construı́do com um material cuja densidade é ρ1 , dispõe


de uma região vazia em seu interior e, quando inteiramente imerso em um lı́quido de
densidade ρ2 , seu peso reduz-se a P2 . Assinale a expressão com o volume da região
vazia deste cubo.
P1 −P2 P1
(a) gρ2
− gρ1
P1 −P2 P1
(b) gρ1
− gρ2
P1 −P2 P1
(c) gρ2
− gρ2
P1 −P2 P2
(d) gρ1
− gρ1
P1 −P2 P2
(e) gρ1
− gρ2

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6. (IME Adaptada) - Uma barra de metal de massa M uniformemente distribuı́da e
seção reta quadrada de lado L encontra-se totalmente submersa e sustentada pela
estrutura na figura, composta por uma haste e por fios inextensı́veis com massas
desprezı́veis. Em determinado instante, a haste começa a ser puxada lentamente
pelo fio central em D, de modo que a barra começa a emergir. Esse movimento
durou até que apenas 25% da barra estivesse imersa, momento em que ocorreu o
rompimento do fio AB. Dados:
comprimento da barra: h;
aceleração da gravidade: g; e
massa especı́fica da água: µ.

Calcule a força de tração que leva a ruptura do fio AB

7. (ITA) Para ilustrar os princı́pios de Arquimedes e de Pascal, Descartes emborcou


na água um tubo de ensaio de massa m, comprimento L e área da seção transversal
A. Sendo g a aceleração da gravidade, ρ a massa especı́fica da água, e desprezando
variações de temperatura no processo, calcule:

(a) o comprimento da coluna de ar no tubo, estando o tanque aberto sob pressão


atmosférica Pa , e
(b) o comprimento da coluna de ar no tubo, de modo que a pressão no interior do
tanque fechado possibilite uma posição de equilı́brio em que o topo do tubo se
situe no nı́vel da água(ver figura)

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8. (ITA) Uma esfera maciça de massa especı́fica ρ e volume V está imersa entre dois
lı́quidos, cujas massas especı́ficas são ρ1 e ρ2 , respectivamente, estando suspensa
por uma corda e uma mola de constante elástica k, conforme mostra a figura. No
equilı́brio, 70% do volume da esfera está no lı́quido 1 e 30% no lı́quido 2. Sendo g

a aceleração da gravidade, determine a força de tração na corda.

9. (ITA) No interior de um elevador encontra-se um tubo de vidro fino, em forma de


U, contendo um lı́quido sob vácuo na extremidade vedada, sendo a outra conectada
a um recipiente de volume V com ar mantido à temperatura constante. Com o
elevador em repouso, verifica-se uma altura h de 10cm entre os nı́veis do lı́quido em
ambos os braços do tubo. Com o elevador subindo com aceleração constante ~a (ver
figura), os nı́veis do lı́quido sofrem um deslocamento de altura de 1, 0cm. Pode-se

dizer então que a aceleração do elevador é igual a

(a) -1,1 m/s2


(b) -0,91 m/s2
(c) 0,91 m/s2
(d) 1,1 m/s2
(e) 2,5 m/s2

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10. (ITA) Um recipiente contém dois lı́quidos homogêneos e imiscı́veis, A e B, com
densidades respectivas ρA e ρB . Uma esfera sólida maciça e homogênea, de massa
m = 5kg, permanece em equilı́brio sob ação de uma mola de constante elástica
k = 800n/m, com metade de seu volume imerso em cada um dos lı́quidos, respecti-
vamente, conforme a figura. Sendo ρA = 4ρ e ρB = 6ρ, em que ρ é a densidade da
esfera, pode se afirmar que a deformação da mola é de:

(a) 0 m
(b) 9/16 m
(c) 3/8 m
(d) 1/4 m
(e) 1/8 m

11. (ITA) Um tubo em forma de U de seção transversal uniforme, parcialmente cheio


até uma altura h com um determinado lı́quido, é posto num veı́culo que viaja com
aceleração horizontal, o que resulta numa diferença de altura z do lı́quido entre os
braços do tubo interdistantes de um comprimento L. Sendo desprezı́vel o diâmetro
do tubo em relação à L, a aceleração do veı́culo é dada por
2zg
(a) L
(h−z)g
(b) L
(h+z)g
(c) L
2gh
(d) L
zg
(e) L

12. (ITA) Em equilı́brio, o tubo emborcado da figura contém mercúrio e ar aprisionado.


Com a pressão atmosférica de 760mm de Hg a uma temperatura de 27◦ C, a altura
da coluna de mercúrio é de 750mm. Se a pressão atmosférica cai a 740mm de
Hg a uma temperatura de 2◦ C, a coluna de mercúrio é de 735mm. Determine o
comprimento l aparente do tubo.

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7 Aprofundamento
Nesta seção, as questões são mais desafiadoras e terão a resolução comentada na última
seção.

1. Um balde é posto a girar com velocidade angular constante em torno do seu eixo,
determine qual será a curva geométrica dos pontos da sua superfı́cie.

2. Bolhas de sabão cheias de hélio flutuam no ar, qual tem a maior massa: a parede
da bolha ou o hélio contido dentro dele?

3. (ITA - Adaptada) Uma esfera de massa m tampa um buraco circular de raio r no


fundo de um recipiente cheio de água de massa especı́fica ρ. Baixando-se lentamente
o nı́vel da água, num dado momento a esfera se desprende do fundo do recipiente.
Determine a altura h do nı́vel de água para que isto aconteça, sabendo que o topo da
esfera, a uma altura a do fundo do recipiente, permanece sempre coberto de água.

4. (OBF - Adaptada) A figura abaixo ilustra um tubo fino de extremidades abertas


em forma de U, em repouso, e que contém água até o nı́vel H = 10cm. Acionando
um motor é possı́vel fazer com que o tudo gire com velocidade angular constante ω
em torno do eixo vertical y centrado no ramo esquerdo do tubo. Para que valor de
ω a água está no limite de escapar do tubo?

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8 Respostas/Resolução
8.1 Gabarito dos Exercı́cios
1. p1 − p2 = ρgh(1 + ( Dd )2 )

2. Demonstração

3. 13,6

4. 90 m

5. A

3(4M –µhL2 )g
6. 12
Pa LA
7. (a) APa +mg
m
(b) ρA

3
8. V g(ρ − 0, 7ρ1 − 0, 3ρ2 ) 2

9. E

10. D

11. E

12. l = 768 mm

8.2 Resolução dos exercı́cios de aprofundamento


1. Esse exercı́cio trata de uma experiência conhecida como Balde de Newton, onde um
balde de água gira em torno do seu eixo.
Uma das formas de se resolver esse problema é a partir da análise da energia do
lı́quido na superfı́cie.
Quanto mais longe uma parte do lı́quido está do eixo, menos energia potencial
ele terá por causa da rotação do balde, essa energia será compensada pela energia
potencial gravitacional que ele recebe, de forma que todos os pontos da superfı́cie
tenham a mesma quantidade de energia.
A quantidade de energia devido a rotação do lı́quido pode ser descoberta a partir de
uma analogia entre a força centrı́fuga e a força elástica, pois as duas são da forma
F = kx, sendo a única diferença entre as duas o sentido da força.
A força centrı́fuga será da forma

mω 2 r = kx

A energia associada à rotação será da forma

kx2 mω 2 r2
E= =
2 2

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Sendo r a distância para o eixo de rotação e y a altura em relação ao ponto mais
baixo da curva(que estará no eixo), temos:

mω 2 r2
E = mgy − =0
2
ω 2 r2
y=
2g
Observando essa equação, podemos perceber que a curva geométrica que aparecerá
no balde será um parabolóide, que é gerado pela rotação de uma parábola.
Há outras formas de se chegar a esse mesmo resultado, como utilizar o conceito
de gravidade aparente, que é a força gravitacional que uma pequena fração do
lı́quido sentirá em seu referencial, por causa do campo gravitacional da Terra e da
força centrı́fuga. A curva pode ser obtida sabendo que a superfı́cie do lı́quido deve
sempre ser perpendicular à gravidade naquele referencial.

2. O ar é composto de aproximadamente 80% de nitrogênio(N2 ) e 20% de oxigênio(O2 ),


o que faz com que a sua massa mola média esteja entre a massa molar dessas duas
moléculas. Aplicando a fórmula da densidade de gases
P · MM P · 28
d= >
RT RT
(Note que 28 é a massa molar do N2 )
Enquando a densidade do hélio é de:
P ·4
d=
RT

Como a bolha flutua no ar, o empuxo devido ao ar deslocado é igual ao peso do


hélio e do sabão das paredes da bolha. Como a densidade do hélio é menor que
metade da densidade do ar, e o volume de hélio é quase igual ao de ar deslocado, o
peso das paredes da bolha deve ser maior do que do hélio, para que o equilı́brio de
forças seja mantido.

3. Podemos calcular a força exercı́da pelo lı́quido na esfera primeiramente imaginando


qual seria essa força caso o lı́quido banhasse a base da esfera.

πa(3r2 + a2 )
F1 = ρgV = ρg ·
6
E descontar a força que o lı́quido exerceria na base da esfera, que é dado utilizando
a definição de pressão.
F2 = P A = ρghπr2
Assim, a força exercida pelo lı́quido na esfera deve ser igual ao peso da esfera(para
que se chegue na situação limite, a normal exercida pelo recipiente deve ser igual a
zero).
πa(3r2 + a2 )
mg = F1 − F2 = ρg · − ρghπr2
6
2 2
a(3r + a ) m
h= 2

6r ρπr2

19
4. Esse exercı́cio é bastante semelhante ao primeiro, o caso limite será o que energia
potencial das duas superfı́cies sejam iguais. Note que, por consercação da quantidade
de lı́quido, quando uma das superfı́cies do lı́quido está no limite para escapar do
recipiente, a outra superfı́cie estará a 10cm do eixo de rotação, o que fará com que
ela tenha perdido energia potencial em virtude da rotação.
Igualando as energias, temos:

mω 2 (0, 1)2 mω 2 (0, 3)2


− =− + mg(0, 3)
2 2
0, 08ω 2
= 10 · 0, 3
2
ω 2 = 75
ω ≈ 8, 5

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