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João Tanaka
jpao.com@gmail.com
Rafael Nagai
rafaelnagaimat@hotmail.com
2021
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Sumário
1 Introdução 3
2 Definições importantes 3
3 Teorema de Stevin 4
3.1 Forças exercidas por um lı́quido em repouso . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
3.2 Pressão exercı́da por uma coluna de água . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
3.3 Diferença de pressão entre dois pontos do lı́quido . . . . . . . . . . . . . . 4
3.4 Experimento de Torricelli . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
3.5 Exercı́cios resolvidos sobre Teorema de Stevin . . . . . . . . . . . . . . . . 6
4 Teorema de Pascal 8
4.1 Exercı́cios resolvidos de Teorema de Pascal . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
5 Princı́pio de Arquimedes 11
5.1 Exercı́cios resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
6 Exercı́cios 13
7 Aprofundamento 17
8 Respostas/Resolução 18
8.1 Gabarito dos Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
8.2 Resolução dos exercı́cios de aprofundamento . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
9 Apoie o projeto! 21
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1 Introdução
A hidrostática ou estática dos fluidos é o estudo do comportamento dos fluidos
em repouso.
Os gases e os lı́quidos são fluidos, que possuem como principal diferença o fato de que o
volume dos lı́quidos permanece constante, enquanto os gases ocupam todo o recipiente em
que estão inseridos. Nesta apostila, focaremos nossa atenção para o estudo dos lı́quidos,
e os consideraremos, para fins de estudo, incompressı́veis.
2 Definições importantes
Para que possamos apresentar as ferramentas que utilizaremos na resolução de pro-
blemas, é necessário, primeiramente, definir ou relembrar algumas definições:
m
µ=
V
kg
Cuja unidade no SI é dada por m3
kg kg
Uma observação importante é que a massa especı́fica da água é de 1000 m3 = 1 L ,
3
3 Teorema de Stevin
3.1 Forças exercidas por um lı́quido em repouso
Um resultado importante a ser provado é o de que as forças exercidas por um lı́quido
em repouso no seu recipiente são sempre perpendiculares às paredes do recipiente.
Imagine que isso não fosse a realidade, e que existisse uma componente tangencial
nessa força. Por Ação e Reação, o lı́quido receberia essa força contrária e se moveria, não
estando em repouso, o que contraria a nossa hipótese inicial.
Uma forma de observar esse fenômeno é fazer um furo em uma bexiga ou em uma
garrafa PET cheia de água e observando o fluxo de água que sairá.
P = Mg = µ · V · g = µ · A · h · g
Podemos calcular a pressão no fundo do copo utilizando a definição:
F µ·A·h·g
P = = =µ·h·g
a A
4
consequentemente, horizontais) A força pode ser escrita em função da pressão em cada
ponto. Assim
F2 = F1 + µ · g · V
P2 · A = P1 · A + µ · g · A · h
P2 = P1 + µ · g · h
Essa equação é conhecida como Teorema de Stevin. Observe que, se a gravidade
for constante e vertical para baixo, todos os pontos de mesma altura do lı́quido terão a
mesma pressão (casos em que a gravidade não é constante no espaço será abordado no
aprofundamento desse material).
Ainda utilizando o Teorema de Stevin, podemos mostrar que, quando a gravidade é
constante e vertical para baixo, todos os pontos da superfı́cie do lı́quido deverão estar na
mesma horizontal, pois os pontos da superfı́cie estarão expostos ao ar, sendo a pressão
exercida sobre eles igual a pressão atmosférica.
P1 = Patm
Podemos calcular a pressão desse ponto também utilizando o Teorema de Stevin e consi-
derando que a pressão no topo da coluna de mercúrio é zero, por ter vácuo:
P1 = P2 + µHg · g · h
P2 = 0
Patm = µHg · g · h
A partir desse resultado, Torricelli conseguiu obter a pressão atmosférica.
5
3.5 Exercı́cios resolvidos sobre Teorema de Stevin
1. Imagine que uma pessoa está em cima de um prédio de 20m com um canudo do
mesmo tamanho, e que ela tenta beber água da piscina que está na base do prédio,
ela conseguirá realizar essa tarefa?
Resolução: Para resolver essa questão, devemos calcular qual seria a altura que
o lı́quido conseguiria alcançar caso a pessoa conseguisse criar um vácuo no canudo
(ou seja, se a pessoa puxasse o ar do canudo com tanta força que todo o ar saı́sse
do canudo)
Neste caso, vamos calcular qual seria a altura da água, tomando o ponto da água
dentro da piscina na altura da superfı́cie, que teria a pressão igual a pressão at-
mosférica, por estar na mesma altura que a superfı́cie, que está em contato com a
atmosfera.
Utilizando o teorema de Stevin, temos:
patm = µgh
Pois a pressão no topo do lı́quido é igual a zero, já que imagina-se que foi criado
vácuo.
Usando g = 10m/s2 , µ = 1, 0 · 103 kg/m3 para a água e que patm = 105 P a. Temos:
105 = 10 · 103 · h
h = 10m
Assim, a altura máxima que se poderia conseguir seria a de 10m, em que seria ne-
cessário que a pessoa sugasse todo o ar existente no canudo, o que é impossı́vel.
Resolução: A força extra exercida devido a presença dos lı́quidos pode ser calculada
simplesmente descobrindo-se a pressão exercida pelos lı́quidos na base e utilizar a
relação entre a força e a pressão, já que nos foi dada a área da base. Neste caso, não
se considera a pressão atmosférica, já que a questão pede a força devido à presença
dos lı́quidos.
Para descobrir a pressão, basta utilizar o teorema de Stevin, lembrando-se de con-
verter os dados do problema para unidades do SI:
1g/cm3 = 1000kg/m3
100cm = 1m
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Temos:
p = µ1 h1 g + µ2 h2 g + µ3 h3 g
p = (1, 5 · 103 · 2 · 10−2 + 2 · 103 · 4 · 10−2 + 4 · 103 · 6 · 10−2 ) · 10
p = 3500P a
F = P · A = 3500 · 20 · 10−4 = 7N
Resolução: Para a pessoa que está deitada na mesa de prego, o seu corpo está
sobre diversos pregos, aumentando a área na qual o seu peso é distribuido e, assim,
diminuindo a pressão dos pregos no seu corpo, em comparação com a pessoa que
está sentada.
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4 Teorema de Pascal
No estudo da Hidrostática, o segundo teorema importante é o de Pascal, que diz que
um aumento na pressão em qualquer ponto de um lı́quido incompressı́vel é distribuida
integralmente a todos os pontos do lı́quido.
Esse conceito é bastante importante para aplicações práticas, como o cálculo da pressão
em um recipiente com lı́quido exposto à atmosfera e para o funcionamento de mecanismos
hidráulicos
Resolução: Esse exemplo mostra como o Princı́pio de Pascal pode ser aplicado para
se diminuir a força necessária para alguma finalidade. Como a pressão é distibuida
igualmente em todos os pontos do lı́quido, podemos escrever simplesmente que:
P1 = P 2
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2. A figura abaixo mostra, de forma simplificada, o sistema de freios a disco de um
automóvel. Ao se pressionar o pedal do freio, este empurra o êmbolo de um primeiro
pistão que, por sua vez, através do óleo do circuito hidráulico, empurra um segundo
pistão. O segundo pistão pressiona uma pastilha de freio contra um disco metálico
preso à roda, fazendo com que ela diminua sua velocidade angular. Considerando
(a) 1/4
(b) 1/2
(c) 2
(d) 4
P1 = P2
F1 F2
=
A1 A2
F1 A1 πd2 /4
= = 12 = 1/4
F2 A2 πd2 /4
Alternativa a)
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3. No sistema representado pela figura, AC contém mercúrio, BC contém óleo e o
tanque contém água, as alturas são h0 = 10cm, h1 = 5cm, h2 = 20cm e as densidades
do mercúrio e do óleo são 13, 6g/cm3 e 0, 8g/cm3 , respectivamente. Determine a
pressão em A, em atm.
PB = 100000 + 1000 · 10 · 0, 1
PB = 101000P a
PC = PB + h1 · g · µHg
PC = PA + h2 · g · µoleo
Assim:
PA = PB + h1 · g · µHg − h2 · g · muoleo
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5 Princı́pio de Arquimedes
A última ferramenta necessária na Hidrostática é o Princı́pio de Arquimedes, que
descreve o empuxo, força causada pela diferença de pressão entre duas alturas diferentes
de um fluido, que é a responsável por diversos fenômenos do cotidiano, como a flutuação
de embarcações no mar ou o fato de nos sentirmos mais leves ao entrar em uma piscina.
Quando um corpo está imerso completa ou parcialmente em um fluido em equilı́brio,
ele recebe uma força que é contrária a gravidade, e tem intensidade igual ao peso do fluido
deslocado pelo corpo.
Podemos demonstrar esse princı́pio para um cilı́ndro imaginário, calculando a força
vertical exercida nas duas bases do cilindro, que serão diferentes devido a diferença de
pressão causada pela diferença de altura.
As forças horizontais se cancelarão, por terem mesma intensidade. Vamos calcular a
diferença entre as forças na parte de cima e na debaixo.
F =p·A
Resolução: Sendo o gelo menos denso que a água, a parte do gelo que ficará imersa
será somente a que desloca uma quantidade de água que causa um empuxo igual ao
peso do gelo.
Como o gelo se transformará em água, o volume que essa água ocupará será igual
ao volume imerso do gelo. Podemos escrever da seguinte forma:
mgelo g = µgVdeslocado
Quando o gelo sofre fusão, poderemos calcular a sua massa em função do volume
de água:
mgelo = µVagua
Substituindo na equação anterior, obteremos:
Vagua = Vdeslocado
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2. Uma pessoa num barco joga uma âncora na água, o nı́vel da água diminui, aumenta,
ou permanece o mesmo?
Resolução: Esse problema é bastante semelhante ao anterior, com a diferença que
o objeto que irá pra água é mais denso que ela.
Sendo o barco menos denso que a água, ao ser lançada a ancora, o que faz com que
o nı́vel da água suba é a âncora em si, e o que faz com que o nı́vel da água desça é
o fato de que o barco deslocará menos lı́quido.
Podemos calcular a diminuição de lı́quido deslocado pelo barco apenas calculando
o lı́quido que é deslocado por causa da âncora que estava nele, da seguinte forma:
3. Existe um ditado que diz que algo é ”só a ponta do iceberg”, se referindo a parte do
iceberg que pode ser vista do lado de fora da água, dado que a densidade do gelo é
de 0, 92g/cm3 e que a densidade da água a 0◦ C é de 1, 025g/cm3 , qual a fração do
iceberg que fica visı́vel?
Resolução: Para que o iceberg fique em equilı́brio, basta que a força de empuxo
seja igual ao peso dele. Lembre-se que a intensidade do empuxo é proporcional ao
volume de lı́quido que é deslocado pelo corpo, não ao volume do corpo.
Resolução: O peso do cilindro deve ser equilibrado com o peso dos lı́quidos deslo-
cados. Ou seja:
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6 Exercı́cios
1. Calcule p1 −p2 em função de ρ, de d, D e da altura h em relação ao nı́vel de equilı́brio
N0 (Ver figura) de quando p1 = p2 .
2. Dois lı́quidos imiscı́veis são postos em um tubo em forma de U, mostre que as alturas
h1 e h2 são inversamente proporcionais às densidades dos lı́quidos.
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6. (IME Adaptada) - Uma barra de metal de massa M uniformemente distribuı́da e
seção reta quadrada de lado L encontra-se totalmente submersa e sustentada pela
estrutura na figura, composta por uma haste e por fios inextensı́veis com massas
desprezı́veis. Em determinado instante, a haste começa a ser puxada lentamente
pelo fio central em D, de modo que a barra começa a emergir. Esse movimento
durou até que apenas 25% da barra estivesse imersa, momento em que ocorreu o
rompimento do fio AB. Dados:
comprimento da barra: h;
aceleração da gravidade: g; e
massa especı́fica da água: µ.
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8. (ITA) Uma esfera maciça de massa especı́fica ρ e volume V está imersa entre dois
lı́quidos, cujas massas especı́ficas são ρ1 e ρ2 , respectivamente, estando suspensa
por uma corda e uma mola de constante elástica k, conforme mostra a figura. No
equilı́brio, 70% do volume da esfera está no lı́quido 1 e 30% no lı́quido 2. Sendo g
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10. (ITA) Um recipiente contém dois lı́quidos homogêneos e imiscı́veis, A e B, com
densidades respectivas ρA e ρB . Uma esfera sólida maciça e homogênea, de massa
m = 5kg, permanece em equilı́brio sob ação de uma mola de constante elástica
k = 800n/m, com metade de seu volume imerso em cada um dos lı́quidos, respecti-
vamente, conforme a figura. Sendo ρA = 4ρ e ρB = 6ρ, em que ρ é a densidade da
esfera, pode se afirmar que a deformação da mola é de:
(a) 0 m
(b) 9/16 m
(c) 3/8 m
(d) 1/4 m
(e) 1/8 m
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7 Aprofundamento
Nesta seção, as questões são mais desafiadoras e terão a resolução comentada na última
seção.
1. Um balde é posto a girar com velocidade angular constante em torno do seu eixo,
determine qual será a curva geométrica dos pontos da sua superfı́cie.
2. Bolhas de sabão cheias de hélio flutuam no ar, qual tem a maior massa: a parede
da bolha ou o hélio contido dentro dele?
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8 Respostas/Resolução
8.1 Gabarito dos Exercı́cios
1. p1 − p2 = ρgh(1 + ( Dd )2 )
2. Demonstração
3. 13,6
4. 90 m
5. A
√
3(4M –µhL2 )g
6. 12
Pa LA
7. (a) APa +mg
m
(b) ρA
√
3
8. V g(ρ − 0, 7ρ1 − 0, 3ρ2 ) 2
9. E
10. D
11. E
12. l = 768 mm
mω 2 r = kx
kx2 mω 2 r2
E= =
2 2
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Sendo r a distância para o eixo de rotação e y a altura em relação ao ponto mais
baixo da curva(que estará no eixo), temos:
mω 2 r2
E = mgy − =0
2
ω 2 r2
y=
2g
Observando essa equação, podemos perceber que a curva geométrica que aparecerá
no balde será um parabolóide, que é gerado pela rotação de uma parábola.
Há outras formas de se chegar a esse mesmo resultado, como utilizar o conceito
de gravidade aparente, que é a força gravitacional que uma pequena fração do
lı́quido sentirá em seu referencial, por causa do campo gravitacional da Terra e da
força centrı́fuga. A curva pode ser obtida sabendo que a superfı́cie do lı́quido deve
sempre ser perpendicular à gravidade naquele referencial.
πa(3r2 + a2 )
F1 = ρgV = ρg ·
6
E descontar a força que o lı́quido exerceria na base da esfera, que é dado utilizando
a definição de pressão.
F2 = P A = ρghπr2
Assim, a força exercida pelo lı́quido na esfera deve ser igual ao peso da esfera(para
que se chegue na situação limite, a normal exercida pelo recipiente deve ser igual a
zero).
πa(3r2 + a2 )
mg = F1 − F2 = ρg · − ρghπr2
6
2 2
a(3r + a ) m
h= 2
−
6r ρπr2
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4. Esse exercı́cio é bastante semelhante ao primeiro, o caso limite será o que energia
potencial das duas superfı́cies sejam iguais. Note que, por consercação da quantidade
de lı́quido, quando uma das superfı́cies do lı́quido está no limite para escapar do
recipiente, a outra superfı́cie estará a 10cm do eixo de rotação, o que fará com que
ela tenha perdido energia potencial em virtude da rotação.
Igualando as energias, temos:
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