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- Introdução

- Breve discussão sobre incineração de resíduos líquidos

- Reação de combustão estequiométrica incluindo o resíduo

- Reação de combustão com excesso de ar genérico

- Temperatura média no incinerador

- Tempo de residência

- Dimensões da câmara

- Verificação do regime de escoamento


➢ No final da década 70 / início da década 80 - consenso de - grande parte das
agressões ao meio ambiente - processamento inadequado de resíduos industriais

➢ Maior parte dos países – arsenal de regras/leis/mecanismos de controle - visando


o correto tratamento de resíduos

➢ Consequência do aparecimento destas regulamentações - substituição dos


métodos tradicionais processamento por outros:

- Minimização de resíduos no local de sua geração


- Reutilização
- Incineração
➢ Incineração - recurso largamente empregado no tratamento de resíduos:
- alta eficiência de destruição
- aplicabilidade p/ grande espectro de produtos terminais

➢ Consciência pública - é hoje - grande censor para as questões de meio ambiente

➢ Assim:

Projeto de um incinerador tem de ser o resultado de uma


criteriosa investigação de engenharia:

- Garantia Máxima Eficiência e

Mínima Interferência no Meio Ambiente


➢ Classificação dos incineradores - vinculada ao tipo de câmara de combustão usada:

a) Tipo de injeção

b) Se o forno é rotativo

c) Se o é leito fixo

d) Se o leito é fluidizado
Leito fixo - fase fluida (líquido ou gás) - escoa através de uma fase sólida
particulada (fase sólida estacionária)

✓ Fluido - passa através


de um leito de
partículas (baixas
velocidades) - apenas
percolando através dos
espaços vazios
existentes entre as
partículas estacionárias
Leito fluidizado - refere-se a um leito de sólidos - finamente divididos...

✓ através dos quais - se passa um gás ou um


líquido e este comporta-se num estado
intermediário entre um leito estático e um em
que os sólidos estejam suspensos num fluxo
gasoso
➢ Leito fixo - Aplicações

✓ Um dos principais objetivos de leito partículas (recheio) - promover contato


entre as fases envolvidas no processo:
- Fase fluida gasosa e/ou líquida c/ fase estacionária/partículas

- Entre diferentes fases fluidas

✓ Material de empacotamento pode ser:

▪ Esferas
▪ Partículas irregulares

▪ Cilindros
▪ Diversos tipos materiais disponíveis no comércio
➢ Leito fixo - Aplicações
✓ Aplicações:

▪ Processos de adsorção (recuperação de aromas na ind. alimentos)

▪ Processos de absorção de gases (limpeza de gases, tratamento de água)

▪ Coluna de destilação com recheio (produção de etanol, tratamento de resíduos)

▪ Extração líquido-líquido

▪ Leitos de reação catalítica

▪ Secagem (cereais e grãos)

▪ Torres de recheio p/ resfriamento ou umidificação


➢ Leito fluidizado - Aplicações

▪ Processos de secagem em indústrias, como do cloreto de sódio e carbonato de sódio

▪ Tratamento de resíduos industriais

▪ Queima de enxofre e pirita* na produção de ácido sulfúrico

▪ Queima de biomassa e carvão mineral na gaseificação de carvão

▪ Queima de biomassa e carvão mineral na produção de energia elétrica em termoelétricas

* PIRITA - sulfeto de ferro cúbico, usado na fabricação de ácido sulfúrico e na obtenção de


enxofre, ouro e, às vezes, ferro.
Simularemos o cálculo de uma câmara de combustão considerando:

➢ Estudo conceitual  balanços de massa e energia da combustão

➢ Estudo de caso de um incinerador de injeção líquida - capaz de processar um


resíduo aquoso: à razão de 120 kg/h

➢ Combustível: óleo combustível: PCI de 9400 kcal/kg

➢ Temperatura de projeto: 1000ºC

➢ Tempo de residência: 1 segundo

OBS: Tais parâmetros podem variar dependendo da natureza do resíduo e da


recomendação do cliente
Parâmetros de projeto são:

➢ Resíduo: aquoso – p/ fins de projeto será considerado como sendo 100% água

➢ Vazão mássica a ser incinerada: 120 kg/hora

➢ Operação do incinerador- contínua: 24 horas/dia

➢ Oxidante: ar

➢ Combustível auxiliar: óleo combustível

➢ Temperatura no interior da câmara: 1000ºC

➢ Tempo de residência: 1 s

➢ Composição do óleo combustível: 85 % C, 10 % H, 5 % S (em massa)

➢ Poder calorífico inferior aproximado do óleo combustível: 9400 kcal/kg


➢ Diagrama do incinerador de injeção líquida é mostrado na Figura a seguir

➢ Normalmente consiste em um cilindro refratário que pode ser instalado


horizontal ou verticalmente - dependendo do tipo de resíduo a ser processado

➢ Resíduo também pode - ser introduzido na câmara alinhado c/ combustível


auxiliar
➢ Atomização e combustão eficientes das partículas líquidas - parâmetros
críticos neste tipo de câmara de combustão – necessidade de tempo p/
realizar corretos projeto, dimensionamento e testes de injetores, expansores,
swirlers e outros componentes para injeção de combustível, resíduo e ar

➢ Projeto do incinerador - levar em consideração:


- custos envolvidos
- temperatura no interior da câmara

- excesso de ar
- razão combustível auxiliar/resíduo
- tempo de residência*

*Tempo de residência - tempo médio em que o resíduo é exposto às altas temperaturas, sendo
importante devido ao fato de que um intervalo de tempo finito é necessário para a conclusão de
cada etapa dos processos de transferência de calor e massa e trajetória das reações
Exemplo 34

Calcular as dimensões do incinerador de resíduo líquido (água) da Figura


apresentada anteriormente, bem como, tempo de residência (tR), vazão,
viscosidade dos gases da combustão. O combustível tem composição mássica:
85% de C, 10% de H e 5% de S, sendo a temperatura de incineração em torno de
1000ºC.
Dado: Tf
 
H =   niCp ,i dT + H1 tR =
V
Ti  i  q

- Admite-se que 5% do calor gerado serão transferidos para o exterior através da


parede da câmara
- Hcomb. auxiliar = 940 kcal para 100g combustível auxiliar
- H1 o calor latente de vaporização da água a 25ºC = 578,5 cal/g
Exemplo 34

Supondo uma massa de 100 g de combustível de composição mássica 85% de C,


10% de H e 5% de S, os respectivos números de moles serão:

Carbono: 85 g / 12 g/mol 7,08 moles 0,41


Hidrogênio: 10 g / 1 g/mol 10,00 moles 0,58
Enxofre: 5 g / 32 g/mol 0,16 moles 0,01
TOTAL: 17,24 moles 1,00

➢ Não será especificada inicialmente a quantidade de resíduo, suposto 100%


água, a ser incinerada. Pode-se então introduzi-la na reação como xH2O, o
que fornecerá a expressão 18x/100 para a relação entre as vazões de
resíduo e combustível
Exemplo 34
A reação estequiométrica será:

100 g de óleo combustível + resíduo + ar estequiométrico → produtos

7,08 C + 10 H + 0,156 S + x H 2 O + 9,74 O 2 + 36,61 N 2

→ 7,08 CO 2 + (5 + x ) H 2 O + 0,156 SO 2 + 36,61 N 2

A reação com excesso de oxidante será:

7,08 C + 10 H + 0,156 S + x H 2 O + 9,74 O 2 + 36,61 N 2 →

7,08 CO 2 + (5 + x ) H 2 O + 0,156 SO 2 + 9,74( − 1) O 2 + 36,61 N 2


Exemplo 34

Aceitando como restrição o fato de que 5% do calor gerado serão transferidos


para o exterior através da parede da câmara (Bonner et al., 1981), pode-se
determinar a temperatura de chama através do balanço de energia:
Tf
 
H =   niCp ,i dT + H1
Ti  i 
H o calor de combustão do combustível auxiliar (0,95*940 kcal/100 g de
combustível auxiliar); ni o número de moles de cada um dos componentes gasosos
dos produtos de combustão (i = CO2, H2O, SO2, O2, N2); Cpi o calor específico a
pressão constante de cada componente gasoso; Ti a temperatura inicial dos
reagentes (tomada como 25ºC = 298 K); Tf a temperatura dos gases de combustão
(a ser calculada); H1 o calor latente de vaporização da água a 25ºC (578,5 cal/g).
Exemplo 34

Os calores específicos a pressão constante dos produtos de combustão são,


conforme a seção 4 (Perry & Chilton, 1980):

CpCO 2 = 10,34 + 0,00274T − 195500 T −2

CpH2 O = 8,22 + 0,00015T + 0,00000134T 2

CpSO 2 = 7,70 + 0,00530T − 0,00000083T 2


[cal/ oC.mol].
CpO 2 = 8,27 + 0,000258T − 187700 T −2

CpN2 = 6,50 + 0,00100T


Exemplo 34
7,08 C + 10 H + 0,156 S + x H 2 O + 9,74 O 2 + 36,61 N 2 →

7,08 CO 2 + (5 + x ) H 2 O + 0,156 SO 2 + 9,74( − 1) O 2 + 36,61 N 2


Substituindo as expressões de Cp na equação do balanço de energia, introduzindo os valores
numéricos de H e H1:

0,95 ∗ 940000𝑐𝑎𝑙
=
100𝑔 𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡í𝑣𝑒𝑙
1 𝑇𝑓 195500 𝑇𝑓
‫׬‬ 7,08(10,34 + 0,00274𝑇 − 2 𝑑𝑇+ ‫׬‬ 5 + 𝑥 (8,22 + 0,00015𝑇 −
100𝑔 𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡í𝑣𝑒𝑙 298 𝑇 298
𝑇𝑓
0,00000134𝑇 2 ሻ𝑑𝑇 + ‫׬‬298 0,156 7,70 + 0,00530𝑇 + 0,00000083𝑇 2 𝑑𝑇 +

𝑇𝑓 𝑇𝑓
187700 58440𝑐𝑎𝑙
න 36,6𝛼 6,50 + 0,00100𝑇 𝑑𝑇 + න 9,74(𝛼 − 1ሻ(8,27 + 0,000258𝑇 − ሻ𝑑𝑇] +
298 298 𝑇 100𝑔 𝑟𝑒𝑠í𝑑𝑢𝑜
Exemplo 34

Efetuando as integrações e lembrando que x = 50/9, sendo  a razão entre as


vazões mássicas de resíduo e combustível auxiliar:

893000 = (34,96 + 45,76β + 318,51 ) (Tf − 298) +

(0,009232 + 0,00042 + 0,01956 ) (Tf2 − 2982 ) +

(0,00000219 + 0,00000248) (Tf3 − 2983 ) +


1 1 
(− 444058 + 1828198 )  −  + 57850
 Tf 298 
Exemplo 34

A resolução desta equação fornece os valores para Tf em função de  e . Os


resultados estão mostrados na Tabela a seguir.

→ 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5


 Tf (oC) Tf (oC) Tf (oC) Tf (oC) Tf (oC) Tf (oC)
1,0 1492 1383 1283 1191 1105 1024
1,1 1411 1311 1219 1133 1053 978
1,2 1339 1246 1160 1080 1005 935
1,3 1273 1187 1107 1032 962 896
1,4 1214 1134 1059 988 922 860
1,5 1159 1084 1014 948 885 826

Obs:  é a razão entre as vazões mássicas de resíduo e combustível auxiliar


Exemplo 34
O tempo de residência médio dos gases dentro do incinerador é parâmetro
fundamental de projeto, tendo em vista que as diversas reações químicas requerem
tempo para a conclusão. O valor médio deste parâmetro é:
V
tR =
q
Sendo V o volume da câmara e q. a vazão volumétrica média dos gases dentro do
incinerador. O volume da câmara é computado através de um tempo de residência
pré-estabelecido e do cálculo da vazão volumétrica. Ou seja:
  tot
m
q = A =

Sendo v, mtot e  a velocidade, a vazão mássica total e a massa específica médias


dos gases de combustão, respectivamente. A é a área transversal do incinerador.
Exemplo 34  
tR =
V q = A = m tot
q 
Considerando os gases de combustão como aproximadamente um gás perfeito:

𝑚 𝑚 𝑅 𝑅
𝑃. 𝑉 = 𝑛. 𝑅. 𝑇 𝑃. 𝑉 = 𝑅. 𝑇 𝑃= .𝑇 𝑃 = 𝜌. .𝑇
𝑃𝑀 𝑉 𝑃𝑀 𝑃𝑀

𝑃 𝑚ሶ 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑚ሶ 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 . 𝑅. 𝑇
𝜌= 𝑞ሶ = 𝑞ሶ =
𝑅 𝑃. 𝑃𝑀
.𝑇 𝑅. 𝑇 𝑃. 𝑃𝑀
𝑃𝑀

𝑉
𝑡𝑅 = 𝑉. 𝑃. 𝑃𝑀
𝑚ሶ 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 . 𝑅. 𝑇 𝑡𝑅 =
𝑃. 𝑃𝑀 𝑚ሶ 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 . 𝑅. 𝑇
Exemplo 34 7,08 C + 10 H + 0,156 S + x H 2 O + 9,74 O 2 + 36,61 N 2 →

7,08 CO 2 + (5 + x ) H 2 O + 0,156 SO 2 + 9,74( − 1) O 2 + 36,61 N 2

V  P  PM
tR =
R u  Tf  m
 tot
Sendo P a pressão [kPa], PM a massa molecular média do gás de combustão
[kg/kmol] e Ru a constante universal dos gases perfeitos (8,3145 kJ/kmol.K). Para
certa vazão mássica de resíduo genérica (mres), obter-se-á para mtot:

 res + mres + mres (9,74 * 32 + 36,61* 28)  = m


 
 res 1 + 1 + 13,37 
 
 tot = m
m
     
100 
Por outro lado, a massa molecular média dos gases de combustão é dada por:

7,08*44 + (5 + x)*18 + 0,156*64 + 9,74( − 1)*32 + 36,61*28


PM =
7,08 + (5 + x) + 0,156 + 9,74( − 1) + 36,61

Obs:  é a razão entre as vazões mássicas de resíduo e combustível auxiliar


Exemplo 34
A massa molecular média dos gases de combustão é dada por:

99,82 + 100 + 1336,76


PM =
2,496 + 5,56 + 46,35

 res = 120 kg h = 33,33 g s


Inserindo m Ru = 0,08206 atm  L mol  K

Obtém-se a seguinte equação para a relação tR/V:

tR 99829 + 100000  + 1336760 


=
V
(6,827 + 15,207 + 126,77 )1 + 1 + 13,37 Tf
   

Com os dados da Tabela anterior (em K), obtêm-se os valores de tR/V em função
de  e . Os resultados são apresentados na Tabela a seguir.
Exemplo 34
Tabela: Valores de tR/V em função do excesso de ar normalizado () e da
razão entre as vazões de resíduo e combustível auxiliar ().

→ 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5


 tR/V tR/V tR/V tR/V tR/V tR/V
(s/m3) (s/m3) (s/m3) (s/m3) (s/m3) (s/m3)
1,0 0,691 0,879 1,076 1,279 1,493 1,717
1,1 0,672 0,856 1,048 1,248 1,456 1,675
1,2 0,655 0,835 1,023 1,219 1,424 1,638
1,3 0,640 0,817 1,000 1,193 1,393 1,603
1,4 0,626 0,799 0,979 1,168 1,365 1,571
1,5 0,614 0,784 0,961 1,145 1,340 1,542
Exemplo 34

Utilizando os dados da Tabela de temperaturas, para cada , supondo-se um


excesso de ar de 25%, tem-se:

Tf = 912ºC,  = 4,5
→
Tf = 977ºC,  = 4,0 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5

Tf = 1050ºC,  = 3,5 1339 1246 1160 1080 1005 935
1,2
Tf = 1125ºC,  = 3,0
1,3 1273 1187 1107 1032 962 896
Tf = 1210ºC,  = 2,5
Tf = 1300ºC,  = 2,0

➢ Para o presente resíduo, o cliente indicou que a incineração deveria ocorrer em


temperaturas em torno de 1000ºC. Pode-se, então, adotar o par Tf = 1050ºC,  = 3,5.
➢ Para este par, a Tabela de volumes fornece tR/V = 1,19 s/m3, o que corresponde, com tR
igual a 1 segundo, a um volume de câmara igual a 0,84 m3.
Exemplo 34

➢ P/ o par Tf = 1050ºC,  = 3,5 tem-se o volume de câmara igual a 0,84 m3

Nas mesmas condições de tempo de residência e excesso de ar:


➢ P/o par Tf = 1125ºC,  = 3,0, resultará em um volume de 0,98 m3 para a câmara
➢ P/ o par Tf = 1210ºC,  = 2,5, o valor de volume da câmara será 1,20 m3

✓ Com base nos resultados obtidos para as três situações acima, surge como boa
alternativa a adoção de 1,20 m3 para o volume da câmara. Este volume é 43%
maior do que aquele calculado para operar o incinerador com  = 3,5.
✓ A câmara de 1,20 m3 poderá perfeitamente operar com  = 3,5, com tempos de
residência superiores a 1 segundo e consumir, quando necessário, vazões
mássicas de resíduo superiores a 120 kg/h.
Exemplo 34

➢ O custo inicial de se construir uma câmara de incineração superdimensionada


de 1,20 m3, em vez de uma de 0,82 m3, certamente será compensado com o
aumento da faixa de operação possível.

➢ A relação L/D entre 2,5 e 4,0 é razoável para uma câmara de incineração
(Bonner et al., 1981). Com V = 1,20 m3 e D = 0,75 m, temos L = 2,72 m,
resultando em uma relação L/D = 3,63.
Exemplo 34
Recomenda-se que o regime de escoamento no interior da câmara seja turbulento, com
número de Reynolds (Re) superior a 5000 (Bonner et al., 1981). O número de Reynolds é
dado por:  
ρ  D ρA  tot
4m
Re = = =
 
 D D

4
Sendo ,  ,  e m
 tot são a massa específica, a velocidade média, a viscosidade do gás e a vazão mássica

do gás, respectivamente, e D e A são o diâmetro e a área da seção reta da câmara, respectivamente. Para
Tf = 1050ºC, o valor aproximado da viscosidade do gás de combustão é 0,045 centipoise, tem-se:
 
D  A 4m  tot 4  0,202
Re = = = = = 7620
    D −3
  0,045  10  0,75
 D
4
A viscosidade do gás de combustão foi considerada como do ar à temperatura de 1050ºC, o
que, evidentemente é uma aproximação, justificada pelo fato de se ter uma grande
quantidade de nitrogênio nos produtos.
Exemplo 34

Pode-se, no entanto, calcular a viscosidade do gás de combustão utilizando a


seguinte fórmula (Perry & Chilton, 1980):

 XiiM1i/ 2
 mistura = i

 XiM1i/ 2
i

Sendo Xi, mi, e Mi a fração molar, a viscosidade e a massa molecular


individual de cada componente do gás, respectivamente.
Simularemos o cálculo de uma câmara de combustão considerando:

➢ Estudo conceitual  balanços de massa e energia da combustão

➢ Estudo de caso incinerador de injeção líquida - capaz de processar um resíduo


aquoso à determinada razão

➢ Combustível Auxiliar

➢ Oxidante
➢ Temperatura de projeto

➢ Tempo de residência

➢ Os parâmetros podem variar


dependendo da natureza do resíduo e
recomendação do cliente
Parâmetros de projeto são:

➢ Resíduo: aquoso – p/ fins de projeto será considerado como sendo 100% água

➢ Vazão mássica a ser incinerada: 120 kg/hora

➢ Operação do incinerador: contínua (24 horas/dia)

➢ Oxidante: ar

➢ Combustível auxiliar: óleo combustível

➢ Temperatura no interior da câmara: 1000ºC

➢ Tempo de residência: 1 s

➢ Composição do óleo combustível: 85 % C, 10 % H, 5 % S (em massa)

➢ Poder calorífico inferior aproximado do óleo combustível: 9400 kcal/kg


➢ Um diagrama do incinerador de injeção líquida é mostrado na Figura a seguir,
com os parâmetros de operação aproximados

➢ Normalmente - consiste em um cilindro refratário que pode ser instalado


horizontal ou verticalmente - dependendo do tipo de resíduo a ser processado

➢ O resíduo pode - ser introduzido na câmara


alinhado c/o combustível auxiliar
➢ Atomização e combustão eficientes das partículas líquidas - são parâmetros
críticos neste tipo de câmara de combustão – necessidade de tempo p/
realizar projeto: dimensionamento, testes de injetores, expansores, swirlers e
outros componentes p/ injeção de combustível, resíduo e ar

➢ P/ o projeto do incinerador, devem ser levadas em consideração:


- Custos envolvidos
- Temperatura no interior da câmara

- Excesso de ar
- Razão combustível auxiliar/resíduo
- Tempo de residência*

*Tempo de residência - tempo médio em que o resíduo é exposto às altas temperaturas, sendo
importante devido ao fato de que um intervalo de tempo finito é necessário para a conclusão de
cada etapa dos processos de transferência de calor e massa e trajetória das reações
Exemplo 34

Calcular as dimensões do incinerador de resíduo líquido (água) da Figura


apresentada anteriormente, bem como, tempo de residência (tR), vazão, viscosidade
dos gases da combustão. O combustível tem composição mássica: 85% de C, 10%
de H e 5% de S, sendo a temperatura de incineração em torno de 1000ºC.
Tf
Dado:  
H =   niCp ,i dT + H1 tR =
V
Ti  i  q

- Admite-se que 5% do calor gerado serão


transferidos para o exterior através da
parede da câmara
- Hcomb. auxiliar = 940 kcal para 100g
combustível auxiliar
- H1 o calor latente de vaporização da água
a 25ºC = 578,5 cal/g
Exemplo 34

Supondo uma massa de 100 g de combustível de composição mássica 85% de C,


10% de H e 5% de S, os respectivos números de moles serão:
Carbono: 85 g / 12 g/mol 7,08 moles 0,41
Hidrogênio: 10 g / 1 g/mol 10,00 moles 0,58
Enxofre: 5 g / 32 g/mol 0,16 moles 0,01
TOTAL: 17,24 moles 1,00

➢ Não será especificada inicialmente a quantidade de resíduo - suposto 100%


água a ser incinerada

➢ Vamos introduzi-la na reação


como xH2O - o que fornecerá a
expressão: 18x/100 - p/ a
relação entre as vazões de
resíduo e combustível
Exemplo 34

Reação estequiométrica:
100 g de óleo combustível + resíduo + ar estequiométrico → produtos
7,08 C + 10 H + 0,156 S + x H 2 O + 9,74 O 2 + 36,61 N 2

→ 7,08 CO 2 + (5 + x ) H 2 O + 0,156 SO 2 + 36,61 N 2

Reação com excesso de oxidante:

7,08 C + 10 H + 0,156 S + x H 2 O + 9,74 O 2 + 36,61 N 2 →

7,08 CO 2 + (5 + x ) H 2 O + 0,156 SO 2 + 9,74( − 1) O 2 + 36,61 N 2


Exemplo 34

➢ Aceitando como restrição que 5% do calor gerado serão transferidos p/ o exterior através da
parede da câmara (Bonner et al., 1981), determina-se a temperatura de chama através do
balanço de energia: Tf
 
H =   niCp ,i dT + H1
Onde: Ti  i 
- H: calor de combustão do combustível auxiliar:
- H1 : calor latente de vaporização da água a 25ºC
0,95*940 kcal/100 g de combustível auxiliar
(578,5 cal/g)
- ni : nº de moles de cada um dos componentes gasosos
dos produtos de combustão (i = CO2, H2O, SO2, O2, N2)

- Cpi : calor específico a pressão constante de


cada componente gasoso

- Ti : temp.inicial dos reagentes (25ºC = 298K)

- Tf : temp.dos gases de combustão (a ser calculada)


Exemplo 34

Os calores específicos a pressão constante dos produtos de combustão são,


conforme a seção 4 (Perry & Chilton, 1980):

CpCO 2 = 10,34 + 0,00274T − 195500 T −2

CpH2 O = 8,22 + 0,00015T + 0,00000134T 2


[cal/ oC.mol]
CpSO 2 = 7,70 + 0,00530T − 0,00000083T 2

CpO 2 = 8,27 + 0,000258T − 187700 T −2

CpN2 = 6,50 + 0,00100T


Exemplo 34
7,08 C + 10 H + 0,156 S + x H 2 O + 9,74 O 2 + 36,61 N 2 →

7,08 CO 2 + (5 + x ) H 2 O + 0,156 SO 2 + 9,74( − 1) O 2 + 36,61 N 2

Substituindo as expressões de Cp na equação do balanço de energia, introduzindo os valores


numéricos de H e H1:
0,95 ∗ 940000𝑐𝑎𝑙
=
100𝑔 𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡í𝑣𝑒𝑙
1 𝑇𝑓 195500 𝑇𝑓
‫׬‬ 7,08(10,34 + 0,00274𝑇 − 2 𝑑𝑇+ ‫׬‬ 5 + 𝑥 (8,22 + 0,00015𝑇 −
100𝑔 𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡í𝑣𝑒𝑙 298 𝑇 298
𝑇𝑓
0,00000134𝑇 2 ሻ𝑑𝑇 + ‫׬‬298 0,156 7,70 + 0,00530𝑇 + 0,00000083𝑇 2 𝑑𝑇 +

𝑇𝑓 𝑇𝑓
187700 58440𝑐𝑎𝑙
න 36,6𝛼 6,50 + 0,00100𝑇 𝑑𝑇 + න 9,74(𝛼 − 1ሻ(8,27 + 0,000258𝑇 − ሻ𝑑𝑇] +
298 298 𝑇 100𝑔 𝑟𝑒𝑠í𝑑𝑢𝑜
Exemplo 34

Efetuando as integrações e lembrando que x = 50/9, sendo  a razão entre as


vazões mássicas de resíduo e combustível auxiliar:

893000 = (34,96 + 45,76β + 318,51 ) (Tf − 298) +

(0,009232 + 0,00042 + 0,01956 ) (Tf2 − 2982 ) +

(0,00000219 + 0,00000248) (Tf3 − 2983 ) +


1 1 
(− 444058 + 1828198 )  −  + 57850
 Tf 298 
Exemplo 34
A resolução desta equação fornece os valores para Tf em função de  e . Os
resultados estão mostrados na Tabela a seguir.

→ 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5


 Tf (oC) Tf (oC) Tf (oC) Tf (oC) Tf (oC) Tf (oC)
1,0 1492 1383 1283 1191 1105 1024
1,1 1411 1311 1219 1133 1053 978
1,2 1339 1246 1160 1080 1005 935
1,3 1273 1187 1107 1032 962 896
1,4 1214 1134 1059 988 922 860
1,5 1159 1084 1014 948 885 826

Obs:  é a razão entre as vazões


mássicas de resíduo e combustível
auxiliar
Exemplo 34

Tempo Residência - valor médio deste parâmetro é:


V
tR =
q
Onde:
V: volume da câmara
q: vazão volumétrica média dos gases
. dentro do incinerador
Obs: volume da câmara é computado através de um tempo de residência pré-estabelecido
e do cálculo da vazão volumétrica. Ou seja:

 
q = A = m tot

Sendo:
v: velocidade
mtot : vazão mássica total
: massa específica médias dos gases de combustão
A : área transversal do incinerador
Exemplo 34  
tR =
V q = A = m tot
q 
Considerando os gases de combustão como aproximadamente um gás perfeito:

𝑚 𝑚 𝑅 𝑅
𝑃. 𝑉 = 𝑛. 𝑅. 𝑇 𝑃. 𝑉 = 𝑅. 𝑇 𝑃= .𝑇 𝑃 = 𝜌. .𝑇
𝑃𝑀 𝑉 𝑃𝑀 𝑃𝑀

𝑃 𝑚ሶ 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑚ሶ 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 . 𝑅. 𝑇
𝜌= 𝑞ሶ = 𝑞ሶ =
𝑅 𝑃. 𝑃𝑀
.𝑇 𝑅. 𝑇 𝑃. 𝑃𝑀
𝑃𝑀

𝑉
𝑡𝑅 = 𝑉. 𝑃. 𝑃𝑀
𝑚ሶ 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 . 𝑅. 𝑇 𝑡𝑅 =
𝑃. 𝑃𝑀 𝑚ሶ 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 . 𝑅. 𝑇
Exemplo 34 7,08 C + 10 H + 0,156 S + x H 2 O + 9,74 O 2 + 36,61 N 2 →

7,08 CO 2 + (5 + x ) H 2 O + 0,156 SO 2 + 9,74( − 1) O 2 + 36,61 N 2


Sendo:
V  P  PM
tR = P a pressão [kPa]
R u  Tf  m
 tot PM a massa molecular média do gás de combustão [kg/kmol]
Ru a constante universal dos gases perfeitos (8,3145 kJ/kmol.K)

P/ certa vazão mássica de resíduo genérica (mres), obter-se-á para mtot:

 res + mres + mres (9,74 * 32 + 36,61* 28)  = m


 
 res 1 + 1 + 13,37 
 
 tot = m
m
     
100 
Por outro lado, a massa molecular média dos gases de combustão é dada por:

7,08*44 + (5 + x)*18 + 0,156*64 + 9,74( − 1)*32 + 36,61*28


PM =
7,08 + (5 + x) + 0,156 + 9,74( − 1) + 36,61

Obs:  é a razão entre as vazões


mássicas de resíduo e combustível
auxiliar
Exemplo 34
A massa molecular média dos gases de combustão é dada por:

99,82 + 100 + 1336,76


PM =
2,496 + 5,56 + 46,35

 res = 120 kg h = 33,33 g s


Inserindo: m Ru = 0,08206 atm  L mol  K

Obtém-se a seguinte equação para a relação tR/V:

tR 99829 + 100000  + 1336760 


=
V
(6,827 + 15,207 + 126,77 )1 + 1 + 13,37 Tf
   

✓ C/os dados da Tab.anterior (em K), obtêm-se os


valores de tR/V em função de  e .

✓ Os resultados são apresentados na


Tabela a seguir.
Exemplo 34
Tabela: Valores de tR/V em função do excesso de ar normalizado () e da
razão entre as vazões de resíduo e combustível auxiliar ().

→ 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5


 tR/V tR/V tR/V tR/V tR/V tR/V
(s/m3) (s/m3) (s/m3) (s/m3) (s/m3) (s/m3)
1,0 0,691 0,879 1,076 1,279 1,493 1,717
1,1 0,672 0,856 1,048 1,248 1,456 1,675
1,2 0,655 0,835 1,023 1,219 1,424 1,638
1,3 0,640 0,817 1,000 1,193 1,393 1,603
1,4 0,626 0,799 0,979 1,168 1,365 1,571
1,5 0,614 0,784 0,961 1,145 1,340 1,542
Exemplo 34

Utilizando os dados da Tabela de temperaturas, para cada , supondo-se um


excesso de ar de 25%, tem-se:

Tf = 912ºC,  = 4,5
→
Tf = 977ºC,  = 4,0 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5

Tf = 1050ºC,  = 3,5 1339 1246 1160 1080 1005 935
1,2
Tf = 1125ºC,  = 3,0
1,3 1273 1187 1107 1032 962 896
Tf = 1210ºC,  = 2,5
Tf = 1300ºC,  = 2,0 ➢ Corresponde a tR igual a 1 segundo, a um

➢ P/ o presente resíduo, o cliente indicou que a volume de câmara igual a 0,84 m3

incineração deveria ocorrer em temp.em


torno de 1000ºC

➢ Adota-se: Tf = 1050ºC,  = 3,5

➢ Tab. Volumes: tR/V = 1,19 s/m3


Exemplo 34

➢ P/ o par Tf = 1050ºC,  = 3,5 tem-se o volume de câmara igual a 0,84 m3

Nas mesmas condições de tempo de residência e excesso de ar:


➢ P/o par Tf = 1125ºC,  = 3,0, resultará em um volume de 0,98 m3 para a câmara
➢ P/ o par Tf = 1210ºC,  = 2,5, o valor de volume da câmara será 1,20 m3

✓ C/base nos resultados obtidos p/ as 3 situações acima - boa alternativa a adoção de 1,20 m3
p/ o volume da câmara

✓ Este volume é 43% maior do que aquele calculado p/ operar o incinerador com  = 3,5

✓ A câmara de 1,20 m3 poderá operar com =3,5


- c/ tempos de residência superiores a 1 seg e
consumir, quando necessário - vazões
mássicas de resíduo superiores a 120 kg/h
Exemplo 34

➢ O custo inicial de se construir uma câmara de incineração superdimensionada


de 1,20 m3, em vez de uma de 0,82 m3, certamente será compensado com o
aumento da faixa de operação possível

➢ A relação L/D entre 2,5 e 4,0 é razoável para uma câmara de incineração
(Bonner et al., 1981)

➢ V = 1,20 m3 e D = 0,75 m - L = 2,72 m, resultando em uma relação L/D = 3,63


Exemplo 34
➢ Recomenda-se que o regime de escoamento no interior da câmara seja turbulento, c/
número de Reynolds (Re) superior a 5000 (Bonner et al., 1981)
 
ρ  D ρA  tot
4m
Re = = =
 
 D D
4

Sendo ,  ,  e m
 tot são a massa específica, a velocidade média, a viscosidade do gás e a vazão mássica

do gás, respectivamente, e D e A são o diâmetro e a área da seção reta da câmara, respectivamente. Para
Tf = 1050ºC, o valor aproximado da viscosidade do gás de combustão é 0,045 centipoise, tem-se:

 
D  A 4m tot 4  0,202
Re = = = = = 7620
  −3
 D   D   0,045  10  0,75
4
Exemplo 34

➢ A viscosidade do gás de combustão foi considerada como do ar à temperatura de 1050ºC - é


uma aproximação (justificada pelo fato de se ter grande quantidade de nitrogênio nos produtos)

➢ Pode-se, no entanto, calcular a viscosidade do gás de combustão utilizando a seguinte


fórmula (Perry & Chilton, 1980):

 XiiM1i/ 2
 mistura = i

 XiM1i/ 2
i

Sendo:
Xi a fração molar
μi a viscosidade
Mi, a massa molecular individual de cada componente do gás

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