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DIDÁTICA
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APRESENTAÇÃO
DIDÁTICA
SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro(a) aluno(a), é com muita satisfação que apresentamos a leitura da presente obra,
intitulada “Didática”. O estudo da Didática se faz presente em todos os cursos de licen-
ciatura e alguns cursos de bacharelado, tendo em vista seu caráter formativo para a prá-
tica pedagógica e a necessidade de se pensar e estudar os procedimentos de ensino,
que são inerentes à profissão docente.
Nesse contexto, lhe convidamos para uma leitura que propõe os objetivos de conhecer e
refletir sobre o processo de ensino e de aprendizagem historicamente construído; compre-
ender como o processo de ensino se dá desde o século XIX até os dias atuais e como a es-
cola, instituição sistematizada, organiza e gere os processos de ensino e de aprendizagem.
Também são objetivos a reflexão e proposição de modelos ou sugestões de métodos,
metodologias e recursos que visam auxiliar o professor em sua prática pedagógica diá-
ria e a reflexão sobre como a avaliação escolar deve seguir a metodologia adotado pelo
professor e levar o aluno a construção das suas competências e habilidades.
Atendendo a essas finalidades, a Unidade 1, intitulada “Fundamentos históricos e filo-
sóficos da Didática”, leva ao conhecimento da origem da Didática e sua construção his-
tórica a partir de seu criador João Amós Comênio, intelectual e teólogo que, no final
do século XVII, produziu uma das obras mais importantes para a educação, a Didática
Magna. Também se farão relevantes o conhecimento do Ratio Studiorum e dos métodos
de ensino aplicados no Brasil desde os meados do século XVI.
A Unidade 2, intitulada “Tendências pedagógicas”, aborda os estudos pertinentes às teo-
rias educacionais que fundamentaram o processo de ensino e de aprendizagem, desde
o final do século XIX, no Brasil. Para isso, as tendências são descritas, levando em consi-
deração o contexto histórico; o papel da escola, do professor e dos alunos; os conteúdos;
os métodos e a aprendizagem. A discussão se encerra pela contextualização da didática
na contemporaneidade e sua utilização nos ambientes não formais de aprendizagem.
A Unidade 3, intitulada “Planejamento de ensino”, mostra como se constituem os pla-
nejamentos em ambiente escolar e ambientes não formais de aprendizagem, desde as
ações macro até as ações micro, a fim de proporcionar uma visão linear dos encaminha-
mentos pedagógicos que começam a nível nacional, por meio de documentos da Edu-
cação que embasam os currículos escolares de todo o país, passando por documentos
regionais até chegar ao nível institucional e, finalmente, ao professor que colocará em
prática seu plano de aula. Para isso, veremos que todo planejamento envolve pesquisa
e organização docente.
A Unidade 4, intitulada “Execução do planejamento”, fornece elementos que proporcio-
nam o conhecimento das práxis pedagógicas que norteiam os métodos de ação das ati-
vidades estabelecidas no planejamento, a fim de compreender os procedimentos de en-
sino, que aliam estratégias e técnicas eficientes e eficazes para um ensino de qualidade
e uma aprendizagem significativa. Finaliza-se com a reflexão sobre as competências e as
habilidades necessárias para o professor, bem como a postura adequada ao profissional.
APRESENTAÇÃO
UNIDADE I
15 Introdução
22 A Didática Magna
43 Considerações Finais
49 Referências
51 Gabarito
UNIDADE II
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
55 Introdução
83 Conceituando a Didática
89 Considerações Finais
96 Referências
98 Gabarito
10
SUMÁRIO
UNIDADE III
PLANEJAMENTO DE ENSINO
101 Introdução
141 Referências
144 Gabarito
UNIDADE IV
EXECUÇÃO DO PLANEJAMENTO
149 Introdução
183 Referências
185 Gabarito
11
SUMÁRIO
UNIDADE V
AVALIAÇÃO
189 Introdução
214 Referências
215 Gabarito
216 CONCLUSÃO
217 GLOSSÁRIO
Professora Me. Camila Tecla Mortean Mendonça
I
FUNDAMENTOS
UNIDADE
HISTÓRICOS E FILOSÓFICOS
DA DIDÁTICA
Objetivos de Aprendizagem
■ Conhecer o surgimento da Didática e o seu precursor, João Amós
Comênio, a fim de compreender o contexto histórico.
■ Refletir sobre a Didática Magna e suas propostas pedagógicas, para
identificar as ações presentes na educação até os dias atuais.
■ Analisar a construção histórica da didática no Brasil, a fim de
compreender como a educação permeia as diferentes sociedades.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ João Amós Comênio
■ A Didática Magna
■ A construção histórica da Didática no Brasil
15
INTRODUÇÃO
Olá, caro(a) aluno(a)! Dando início aos estudos sobre a Didática, discutiremos,
nesta unidade, seu nascimento. Para isso, percorreremos um caminho de conhe-
cimento sobre seu criador, o intelectual, filósofo e teólogo João Amós Comênio.
Depois, conheceremos sua maior obra para a educação institucional, intitulada
Didática Magna.
Continuaremos nossos estudos pela construção histórica da Didática no
Brasil, iniciando com a educação Jesuíta e a sua obra didático-pedagógica, o Ratio
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Introdução
16 UNIDADE I
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de intensas perseguições sofridas, em seus 78 anos de existência, nos inúmeros
lugares que habitou (OLIVEIRA; COSTA, 2012).
Teólogo, filósofo e educador, João Comênio possui uma história de vida muito
singular, isso contribuiu para que se tornasse um grande estudioso da Educação.
Ficou órfão aos 12 anos e, no ano de 1608, aos 16, matriculou-se na escola secundária
de Prerov, onde se destacou como um bom aluno (LOPES, 2008). Sua inquieta-
ção, sobre a melhor forma de
ensinar e aprender, surgiu nos
estudos de Latim, em que os
alunos eram forçados a estu-
dar de forma desordenada e
distante da realidade.
Aos 20 anos, cursou filo-
sofia na Academia de Hebron.
Seus estudos o aproximaram
da vida espiritual e possi-
bilitaram que ele refletisse
sobre autores que marcaram
profundamente seus pen-
samentos. Por meio de seu
mestre, Alsted, conheceu os
pensamentos progressistas de
Francis Bacon (1561-1626) e
Holfgang Ratke (1571-1635),
Fonte: Wikimedia.
Após dois anos trabalhando como pastor e educador na Morávia, João Comênio
transferiu-se para Fulnek, em 1616, onde casou-se com sua primeira esposa,
Madalena Vizovska, com quem teve seus dois primeiros filhos. No entanto, em
1621, o exército dos espanhóis invadiu a cidade de Fulnek em virtude da guerra
dos 30 anos, causando a Comênio duas grandes perdas: a primeira se refere aos
seus livros e manuscritos e a segunda, à sua esposa e filhos, que morreram víti-
mas da peste. Comênio se viu obrigado a reiniciar a sua produção.
Devido à guerra dos 30 anos (1618-1648), Comênio precisou abandonar
a sua pátria e passou por vários países, divulgando as suas ideias. Destacamos
aqui as localidades de Lezno, Suécia, Londres, Transilvânia, Hungria e Amsterdã.
Apesar das dificuldades que enfrentava, Comênio relacionava-se com os gran-
des pensadores da sua época (OLIVEIRA; COSTA, 2012).
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ano de 1649. Na cidade de Amsterdã, onde viveu até a sua morte, cresceu nova-
mente como educador e reformador social, a partir de suas ideias progressistas.
Em 15 de novembro de 1670, Comênio morre após adoecer gravemente. Cercado
pela família e por amigos, é enterrado na igreja da pequena cidade de Naarden,
onde está construído seu mausoléu.
VIDA ACADÊMICA
Apesar de sua história, Comênio teve uma vida muito produtiva. Começou sua
vida acadêmica, destacando-se em Hebron, por volta de 1611, onde se preocu-
pou em escrever um dicionário com expressões elegantes de sua língua materna,
intitulado Bohemicae Thesaurus, ou Tesouro da Língua Boêmia, cujo conteúdo
descreve a gramática completa da língua tcheca.
Neste mesmo período, destacou-se por defender suas duas teses de dou-
torado, Problemata Miscelania e Syloge Quaestiorum Controversum, que foram
grandemente elogiadas por seus mestres. Após um período em Heidel-berg para
estudos sobre a Matemática e a Astronomia, retornou para a Boêmia.
No ano de 1614, Comênio foi designado reitor da escola de Prerov, comu-
nidade Morávia. Nesse período, se destacou e foi notadamente elogiado pela
inclusão de atividades ao processo de ensino que anteriormente não eram
utilizadas, como conversas, músicas e jogos, tornando a escola um espaço
agradável. Com isso, eliminou da escola os castigos corporais, muito utiliza-
dos naquele período.
Universidade de Harvard. Negando o convite, viajou para vários países, mas acabou
se fixando em Leszno. Em uma ocasião durante passagem pela Suécia, Comênio
deparou-se com René Descartes no castelo de Endegeest. Apesar de se tratar de
um breve encontro, acredita-se que Descartes tenha simpatizado por Comênio,
tendo em vista a proximidade do pensamento de ambos com relação ao ensino
realizado nas escolas da época. Tanto Comênio quanto Descartes foram intelec-
tuais que desenvolveram métodos e defendiam a utilização destes para o processo
de ensino. Idealizavam uma ciência universal a que todos pudessem ter acesso.
No entanto, em um ponto as suas
ideias divergiam. Descartes acreditava
que a ciência deveria ser utilizada com
a finalidade exclusivamente humana,
desconsiderando os aspectos reli-
giosos. Em contrapartida, Comênio
acreditava que a ciência deveria ser
ensinada e utilizada como uma forma
de aproximar as pessoas de Deus, ou
seja, com a finalidade religiosa.
Suas obras pedagógicas apa-
receram somente no período de
1630 e 1633: a Didática tcheca,
Informatorium Skóly Materké (que se
Figura 2 - Retrato de René Descartes
traduz por Guia da Escola Materna);
Fonte: Wikimedia. Janua Linguarum Reserata (traduzido
por Porta Aberta das Línguas) e a Didática Magna, a obra mais importante para
a educação. Esses escritos foram desenvolvidos tanto para professores, quanto
para alunos. Aos professores era indicado o aprender a fazer e, a partir disso,
fundamentar a prática em uma sólida teoria; aos alunos era preciso aprender a
aprender (LOPES, 2008).
Já em 1642, a fim de ajudar a Suécia e melhorar o seu estudo do latim, é enco-
mendada a Comênio, pelo Chanceler Oxenstiern, a escrita da obra Methodus
Linguarum Novíssima ou Novíssimo Método das Línguas, publicada em 1947.
Essa é a principal obra sobre os estudos dos idiomas escrita por Comênio, que
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possuía uma grande preocupação com os estudos comparativos das línguas, che-
gando a traçar regras para a tradução de textos (LOPES, 2008).
A convite do príncipe Sigismundo Rákoczy, em 1650, Comênio assume uma
escola na Hungria e nela permanece por quatro anos. Nesse período, escreve a
obra Orbis pictus, (Mundo Ilustrado ou Sensível), que, segundo Lopes (2008, p.
52), consiste na síntese da sua vasta experiência pedagógica, discutindo, por
meio de gravuras, três objetivos:
Comênio teve uma vida muito conturbada, como pudemos observar, no entanto
o momento histórico em que ele viveu foi tão conturbado quanto. Foi no decorrer
dos séculos XVI e XVII que a história da humanidade sofreu grandes transforma-
ções, principalmente na Europa, tendo em vista o declínio do sistema feudal e a
ascensão do capitalismo, um período marcado pelo abismo entre ricos e pobres.
A educação escolar era restrita, destinada à burguesia e de caráter religioso.
Mesmo assim, a metodologia utilizada era rígida, desordenada e distante da rea-
lidade dos alunos. Comênio foi um reformador e, apesar de ser um homem de
seu tempo, pensou para além dele. O seu projeto era criar condições para que o
homem pudesse se adaptar ao novo contexto produtivo do século XVI e XVII.
Para isso, escreveu obras que tinham como objetivo a “construção de uma cida-
dania para todos, pobres, ricos, homens e mulheres de todas as idades, para que
as pessoas todas experimentassem a libertação da ignorância e do sofrimento
[...]” (AHLERT, 2002, p. 450).
Nesse período, ocorreram intensas mudanças na forma de produção e no
desenvolvimento da ciência e da cultura. O clero e a nobreza diminuíam, enquanto
o poder da burguesia aumentava. Assim, na medida em que a burguesia se fortale-
cia como classe social, disputava o poder econômico e político com a nobreza. No
mesmo ritmo, crescia a necessidade de um ensino que fosse ligado às exigências
do mundo da produção e dos negócios, ou seja, um ensino que contemplasse o
desenvolvimento da capacidade e dos interesses dos indivíduos (LIBÂNEO, 1994).
Para Ahlert (2002), a Didática Magna se apresenta como uma proposta
pedagógica para o processo de ensino e de aprendizagem no período de tran-
sição entre a Idade Média e o início da Modernidade. Comênio considerava a
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próximo tópico, é uma das obras mais importantes para a educação institu-
cional, tendo em vista seu caráter pioneiro no processo de democratização da
escola. Retomar a obra de Comênio significa resgatar a utopia de uma educa-
ção para todos, em que as mulheres e os menos favorecidos socialmente são
incluídos. Significa uma possibilidade de educação que considere a multicul-
turalidade, “expressa no seu esforço em garantir os conteúdos universais na
língua e contexto cultural onde o ser humano está inserido. Comênio via a
cultura, o seu símbolo maior, como uma força libertadora para as nações opri-
midas” (AHLERT, 2002, p. 450).
A DIDÁTICA MAGNA
A Didática Magna escrita por Comênio (2001) se destaca como uma das obras
mais importantes da história da educação, consagrando seu autor como criador
da didática moderna e um dos intelectuais mais importantes do século XVII.
Comênio concebia o homem tanto pelo seu lado humano quanto espiritual, tanto
que faz uma proposta pedagógica que envolve ambos e que é referência nos estu-
dos do processo de ensino, ou seja, da Didática.
Por ter estudado em uma escola muito rígida, cheia de regras e com cas-
tigos violentos aplicados às crianças, Comênio foi capaz de perceber os vários
defeitos que caracterizavam o método aplicado em seu tempo. Nesse sentido,
“seu ideal era ensinar a criança de maneira que sua chegada na fase adulta atin-
gisse na plenitude de suas capacidades todo o conhecimento e sociabilidade”
(BIASSETI, 2017, p. 8). Seu objetivo era que os indivíduos aprendessem para a
vida, de forma que conseguissem se inserir na sociedade e fossem capazes de
cumprir os seus deveres sociais.
Eles aprenderão, não para a escola, mas para a vida, de forma que os
jovens tornem-se enérgicos, prontos para tudo, diligentes e merecedo-
res da atribuição de qualquer um dos deveres da vida, e ainda mais, se
tiverem acrescentado à virtude uma conversação suave, e tudo tiverem
coroado com o temor e o amor de Deus. Tornar-se-ão capazes de ex-
pressão e eloquência (COMÊNIO, 2001, p. 200).
A Didática Magna
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crença em Deus, em sua infinita bondade. Assim, a educação pansófica se cons-
tituiu em uma organização do saber, em um projeto educativo ou um ideal de
vida imaginado por Comênio.
O pensador organizou a didática em quatro níveis: escola materna – de 0 a 6
anos; escola vernácula – de 7 a 12 anos; escola latina – de 13 a 18 anos; e univer-
sidades e viagens a partir dos 19 anos. Tratemos de tais níveis com mais atenção:
Escola vernácula – de 7 a
12 anos. Comênio acredi-
tava que as crianças, nesse
período, deveriam apren-
der todas juntas, de forma
que a educação deveria ser
básica e completa, aquela
necessária para a vida de
todos nós. A língua ver-
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A Didática Magna
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Universidades e Viagens – a partir dos 19 anos. Indicaria o mais alto nível
de educação, seria somente para os alunos mais dedicados e com alto caráter
moral. O ingresso nesse nível seria realizado por meio de exame público para
avaliação dos alunos (BIASSETI, 2017). Uma função da universidade seria a
pesquisa e as viagens para coleta de informações sobre a natureza humana e
suas instituições.
Comênio defendia que a escola era fundamental para a educação dos homens,
por isso a sua máxima “ensinar tudo e todos”. Para ele, dar acesso ao conheci-
mento a todos permitiria que o homem pudesse se colocar como agente do seu
desenvolvimento, ou seja, como ator e não como mero espectador.
A Didática Magna
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Figura 3 - Método didático de Comênio
Fonte: as autoras (2018).
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A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA DIDÁTICA NO
BRASIL
Brasil, com a catequização dos índios, o objetivo era propagar e impor a cul-
tura europeia, sobretudo a portuguesa, a fim de que o poder da Igreja Católica
também permeasse a nova terra. Mais uma vez, vemos a educação sendo uti-
lizada como forma de poder sobre o povo
(SHIGUNOV NETO; MACIEL, 2008).
Mais conhecido como Ratium
Studiorum, o Plano de Estudos da
Companhia de Jesus desempenha um papel
muito importante na educação moderna,
papel este que não pode ser diminuído ou
menosprezado. Franca (2017) destaca que,
historicamente, esse manual de ensino era
utilizado para toda a organização das ativi-
dades desenvolvidas, em todos os colégios,
que a Companhia de Jesus fundou e diri-
giu, no decorrer de aproximadamente dois
séculos, em todos os continentes. Figura 4 - Capa do livro Ratios Studiorum
Fonte: Wikimedia Commons.
A Companhia de Jesus, uma ordem con-
sagrada a ensinar pela constituição escrita por seus fundadores, tinha a missão
de exercer os seus ministérios em todo o território que entrasse. Logo depois
de instituída, rapidamente, multiplicava os seus estabelecimentos de ensino
(FRANCA, 2017). O seu domínio era tamanho que “em 1750, poucos anos
antes de sua supressão (1773) por Clemente XIV, a Ordem de Inácio dirigia 578
colégios e 150 seminários, ao todo, 728 casas de ensino” (FRANCA, 2017, p. 3).
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Dentre as suas funções, cabia convocar e presidir a reunião com os professo-
res e as solenidades escolares. Dentro do colégio jesuíta, o reitor é autoridade
máxima; fora dela, é subordinado ao Provincial. O prefeito de estudos era o braço
direito do reitor, e possuía a função de acompanhar de perto toda a rotina esco-
lar, visitar as aulas e primar pela execução dos regulamentos e dos programas.
Se necessário, nomeava-se ainda um prefeito de disciplinas, que possuía a fun-
ção de auxiliar o prefeito de estudos, principalmente, com relação a manter o
bom comportamento.
Os cursos superiores e secundários eram minuciosamente organizados no
Ratium Studiorum, de acordo com Franca (2017, p. 65):
1 Retórica 7
2 Humanidades 6
3 Gramática Superior 5
4 Gramática Média A 4
4 Gramática Média B 3
5 Gramática Inferior A 2
5 Gramática Inferior B 1
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causas prováveis de sua supressão versam em duas categorias: questões polí-
ticas e ideológicas e questões educacionais. Politicamente e ideologicamente,
a Companhia de Jesus havia se tornado um empecilho para os interesses do
Estado Moderno; além disso, possuíam um grande poder econômico que era
cobiçado pela Coroa Portuguesa. No campo educacional, as transformações
sociais que decorriam do movimento Iluminista e dos princípios liberais solici-
tavam um sujeito novo, burguês, e não mais um homem cristão (SHIGUNOV
NETO; MACIEL, 2008).
Assim terminou a catequização da Companhia de Jesus no Brasil. No entanto,
mesmo após a expulsão, seus métodos e escolas se mantiveram. Atualmente, no
Brasil, temos várias escolas e universidades que são mantidas pela Companhia
de Jesus e que estão espalhadas por todo o território brasileiro.
MÉTODO INDIVIDUAL
Esse método de ensino, que é considerado um dos mais antigos, apresenta mais
algumas vantagens para o processo de ensino, a saber: o professor conhecia o
seu aluno de forma a compreender se havia disposição para o conhecimento,
conhecia o seu caráter, seu gênio, se poderia se tornar bom aluno. A partir deste
conhecimento, o professor achava-se habilitado para formar-lhe o coração e diri-
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Silva e Arantes (2015) ainda destacam que este era o método utilizado na ins-
trução doméstica, aquela que ocorria em casa, em que as mães ou irmãos que
sabiam alguma coisa ensinavam para aqueles que não sabiam nada. Logo em
seguida, surge o método Lancaster, que esteve presente na primeira lei sobre a
educação no país, a Lei Geral relativa do Ensino Elementar, publicada em 15 de
outubro de 1827.
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Outro método utilizado, no Brasil, foi o método intuitivo. Este chegou ao
Brasil por volta de 1886, por meio da publicação da obra Primeiras lições de
coisas, traduzida por Rui Barbosa.
O objetivo do método era resolver os problemas educacionais decorrentes
da Revolução Industrial, que se tornaram ineficientes diante das novas
exigências sociais. A Revolução Industrial havia viabilizado a produção
de novos materiais e mobiliário escolar, mas a sua utilização dependia
da adoção de novos métodos pelos professores. Dessa forma, o método
intuitivo propiciava orientação aos professores por meios de manuais,
neste caso, a obra Primeiras lições de coisas.
Para saber mais sobre este método acesse o artigo: “Primeiras lições de
coisas – manual de ensino elementar para uso dos pais e professores”, de
autoria de Gladys Mary Teive Auras. Disponível em: <http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-40602003000100021>.
Fonte: elaborado pelas autoras (2018).
MÉTODO LANCASTER
Por ser dividido em províncias, o Brasil acabou por adotar formas diferencia-
das do método Lancaster. Nesse contexto, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas
Gerais e Rio Grande do Sul implantaram, cada um à sua forma, o método
Lancaster, tendo em vista que os governos estavam preocupados em ape-
nas criar as escolas e nomear os professores. A fiscalização, o treinamento
e a eficiência educacional não estavam nos planos dos governos provinciais
(MENDONÇA; COSTA, 2015).
Apesar disso, caro(a) aluno(a), as escolas que adotaram o método Lancaster
possuíam algumas características em comum, como a sua estrutura pedagó-
gica, os agentes da ação educativa e o mobiliário. A estrutura pedagógica era
sempre a mesma: a sala em formato retangular e os alunos organizados todos
juntos, a sala não possuía divisão (MENDONÇA; COSTA, 2015).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O método Lancaster não obteve o desempenho que era esperado. Por esse motivo,
novas discussões foram travadas. Novos métodos, misturando o método individual
e o método Lancaster, foram surgindo ao longo dos séculos e estão intimamente
relacionados à forma como organizamos nossa sala de aula.
MÉTODO SIMULTÂNEO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 10 - Método Simultâneo
Fonte: elaborada pelas autoras (2018).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
44
1. Estudar a obra Didática Magna de João Amós Comênio, escrita no século XVII, se faz ne-
cessário ainda nos dias atuais, tendo em vista que refletir sobre a educação e seus aspec-
tos de valorização da infância e da escolarização formal, por exemplo, é uma tarefa do
homem moderno. Nesse contexto, partindo da teoria de Comênio, leia as afirmativas e
assinale a correta:
a) Comênio era um homem do seu tempo, mas que pensava além dele. Por esse motivo,
defendia que somente os homens deveriam ter acesso à escolarização formal.
b) Quando era criança, Comênio teve a experiência da sua escolarização em uma institui-
ção que valorizava a criança. Foi por esse motivo que ele criou um método, para que
todos tivessem acesso à escola.
c) Comênio defendia que deveria ser ensinado tudo a todos, pois, na época em que vi-
veu, a educação era um privilégio de poucos, além de estar sob a guarda da Igreja
Católica;
d) Comênio defendia que as crianças pequenas também deveriam frequentar a escola,
tendo em vista que a educação empreendida pelos pais não era suficiente para a for-
mação do ser humano;
e) Comênio defendia que a educação deveria ser acessada por todos, tendo em vista
que seria por meio da educação que o homem desenvolveria o seu lado racional e
intelectual.
2. A educação escolar no Brasil iniciou-se por meio da Companhia de Jesus, os jesuítas, no
ano de 1549. A chegada ao país possuía como objetivo a catequização dos índios e a pro-
pagação da cultura europeia, além de se constituir como mais uma terra onde o poder da
Igreja Católica vigorava. Os jesuítas trouxeram consigo um documento que padronizava
a educação em todas as instituições da Companhia de Jesus, o qual se intitula:
a) Didática Magna.
b) Ratio Studiorum.
c) Mundo Ilustrado ou Sensível.
d) Novíssimo Método das Línguas.
e) Didática Tcheca.
3. A Didática Magna contempla a educação pansófica, que se constitui como uma organi-
zação do saber, um projeto educativo e um ideal de vida imaginado por Comênio. Nesse
contexto, ele organizou a educação em quatro níveis. Leia as afirmativas e assinale V para
verdadeiro e F para falso, considerando os quatro níveis de educação.
( ) Escola Materna; Escola Vernácula.
( ) Escola Materna; Escola superior.
( ) Escola Latina e Universidade e viagens.
( ) Escola vernácula; Estudos posteriores.
45
Fonte: as autoras.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Didática
José Carlos Libâneo
Editora: Editora Cortez
Sinopse: nesse livro, a Didática é tratada como ramo de
estudo da Pedagogia, partindo dos vínculos entre finalidades
sócio-políticas e pedagógicas e as bases teórico-científicas e
técnicas da direção do processo de ensino e aprendizagem.
O autor propõe o estudo sistemático da Didática como
teoria do processo de ensino de modo a unir a preparação
teórica e prática na formação profissional do professor.
Constitui-se, assim, como disciplina integradora que, ao
buscar os conhecimentos teóricos e práticos da Teoria da
Educação, Psicologia, Sociologia e Metodologias específicas
das matérias de ensino, generaliza princípios, condições e meios que são muito comuns e básicos
para a docência de todas as matérias escolares.
Comentário: A leitura desse livro é de fundamental importância para todos os profissionais da
educação que trabalharão com o processo de ensino e de aprendizagem em ambientes formais
ou não formais. Compreender a Didática como uma parte da sua formação é compreender que há
ciência e teoria no ato de ensinar.
Escritores da liberdade
Ano: 2007.
Sinopse: Hilary Swank, duas vezes premiada com o Oscar, atua
nessa instigante história, envolvendo adolescentes criados no
meio de tiroteios e de agressividade, é a professora que lhes
oferece o que mais precisam: uma voz própria. Quando vai
parar numa escola corrompida pela violência e tensão racial,
a professora Erin Gruwell combate um sistema deficiente,
lutando para que a sala de aula faça a diferença na vida dos
estudantes. Contando suas próprias histórias e ouvindo as dos
outros, uma turma de adolescentes supostamente indomáveis
vai descobrir o poder da tolerância, recuperar suas vidas
desfeitas e mudar seu mundo. Com eletrizantes performances
de um elenco de astros, incluindo Scott Glenn (Dia de
Treinamento), Imelda Stauton (Harry Potter e a Ordem da
Fênix) e Patrick Dempsey (Grey’s Anatomy), ganhador do Globo de Ouro. Escritores da Liberdade é
baseado no aclamado best-seller O Diário dos Escritores da Liberdade.
49
REFERÊNCIAS
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ma_e_Gilmar_Montagnoli_e_Celio_Costa.pdf>. Acesso em: 01 abr. 2019.
51
GABARITO
1. Opção correta é a C.
2. Opção correta é a B.
3. Opção correta é a A.
4. Opção correta é a A.
5. Opção correta é a D.
Professora Me. Camila Tecla Mortean Mendonça
II
UNIDADE
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
Objetivos de Aprendizagem
■ Discutir as tendências pedagógicas nos diferentes tempos históricos,
a fim de compreender a aliança entre a educação e sua sociedade.
■ Contextualizar a didática, a partir das teorias liberais e progressistas,
para que possamos identificar o objetivo da educação em cada
sociedade.
■ Conhecer como a Didática se constitui na contemporaneidade e sua
relação com o processo de ensino, a fim compreender a função social
da atual educação.
■ Relacionar a Didática com sua utilização nos ambientes não formais
para identificar a relevância de uma didática em diferentes espaços.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Tendências Pedagógicas Liberais
■ Tendências Pedagógicas Progressistas
■ A Didática na contemporaneidade
■ A Didática nos ambientes não formais de aprendizagem
55
INTRODUÇÃO
Introdução
56 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS LIBERAIS
São quatro as tendências pedagógicas liberais. Suas teorias serviram como norte-
adores do processo de ensino e de aprendizagem no Brasil até por volta da década
de 1950. As principais características destas tendências pedagógicas, quanto às
categorias papel da escola, conteúdos, métodos, professor X aluno e aprendiza-
gem, encontram-se no Quadro 1.
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
57
Conhecimento
Consiste
historicamente
Os conteúdos em infor-
acumulado
são estabele- mações
pela humani- Os alunos bus-
cidos a partir ordenadas
CONTEÚDOS dade, trans- cam o conhe-
dos interesses e em uma
mitidos aos cimento.
situações vividas sequência
alunos como
pelos alunos. lógica e psi-
verdades
cológica.
absolutas.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Técnicas de
Exposição oral
Pesquisas, transmissão
dos conteú- Facilitação da
experiências, e recebi-
MÉTODOS dos, repro- aprendizagem
soluções de mento de
dução dos pelo professor.
problemas. informa-
modelos.
ções.
O professor
O professor é propicia con-
Professor
um auxiliar no dições para o O professor
como autori- transmite
PROFESSOR desenvolvimen- aprendizado
dade, detentor as infor-
to do aluno. dos alunos.
X de todo o co- mações e
nhecimento. O aluno é o cen- O aluno é o os alunos
ALUNO tro do processo centro do
Aluno receptor devem
de ensino e de processo fixá-las.
passivo.
aprendizagem. de ensino e
aprendizagem.
Aprendizagem Ao aprender
mecânica, É baseada na A apren-
os alunos
por meio de estimulação, dizagem é
APRENDIZA- modificam as
repetição, nos interesses e baseada no
GEM suas percep-
motivação dos desempe-
memorização ções sobre a
alunos. nho.
e reprodução. realidade.
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A denominação “concepção pedagógica tradicional” ou “pedagogia
tradicional” foi introduzida no final do século XIX com o advento
do movimento renovador que, para marcar a novidade das propostas
que começaram a ser veiculadas, classificaram como “tradicional” a
concepção até então dominante. Assim, a expressão “concepção tra-
dicional” subsume correntes pedagógicas que se formularam desde a
Antiguidade, tendo em comum uma visão filosófica essencialista de
homem e uma visão pedagógica centrada no educador (professor),
no adulto, no intelecto, nos conteúdos cognitivos transmitidos pelo
professor aos alunos, na disciplina, na memorização [...].
No Brasil, a tendência pedagógica tradicional foi adotada por volta do final do
século XIX, possuindo características bem peculiares quanto ao processo de
ensino e de aprendizagem. A escola era caracterizada como o único local onde
os alunos poderiam ter acesso aos conhecimentos científicos. Dessa forma,
qualquer conhecimento obtido fora da escola não era considerado para o pro-
cesso de ensino e de aprendizagem formal, isso incluía as vivências dos alunos,
seus conhecimentos cotidianos.
Os conteúdos trabalhados, nessa escola, constituíam-se dos conhecimen-
tos historicamente acumulados pela sociedade; estes eram transmitidos aos
alunos como verdades absolutas, portanto, não poderiam ser contestados. As
disciplinas eram tratadas isoladamente, desvinculadas dos interesses dos alu-
nos e da realidade concreta (LIBÂNEO, 1994). Os métodos adotados eram a
exposição oral e a reprodução de modelos. Assim, o ensino acontecia por meio
da repetição, memorização e reprodução.
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
59
terísticas eram marcadas pela disciplina rígida e castigos físicos. Possuía como
finalidade ser uma instituição sistematizadora de uma cultura complexa que pro-
picia, em seu seio, a apropriação do conhecimento por meio da transmissão dos
saberes pelo professor e a confrontação de modelos de demonstração. A escola,
nesse contexto, é uma reprodutora de modelos e coloca-se como único local em
que se tem acesso ao conhecimento (BEHRENS, 2009).
[...] a tendência liberal tradicional é caracterizada por dar ênfase ao
ensino humanístico, de cultura geral. Segundo essa escola tradicional, o
estudante é preparado para atingir sua plenitude através de seu próprio
esforço. Dessa forma, as diferenças de classe social não são considera-
das e toda a prática escolar não tem nenhuma relação com o cotidiano
do aluno. Cabe ao professor conduzir o processo e ao aluno receptivo,
apenas memorizar o que foi passado para ele (MARQUES, 2012, p. 2).
Seria impensável uma educação nesses moldes nos dias atuais, certo? Entretanto,
a didática da tendência tradicional tem resistido ao tempo e continua sendo apli-
cada nas práticas escolares ainda hoje.
Caro(a) aluno(a), não podemos dizer que tudo que foi utilizado na tendência
tradicional deve ser desconsiderado e deixado para trás, pois algumas práticas
ainda são úteis ao processo de ensino e aprendizagem; as aulas expositivas, por
exemplo. As aulas ainda carecem de explicação dos professores. No entanto, aulas
expositivas, apenas, não permitem que o aluno desenvolva todas as suas com-
petências e habilidades; tais aulas devem ser aliadas a outras práticas e recursos
para que sejam efetivas no processo de ensino.
A crítica que nos cabe fazer sobre a tendência tradicional é que o que se tem
adotado da tendência tradicional, nos dias atuais, são os aspectos que não levam
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
os alunos a desenvolverem autonomia para os estudos, independência de racio-
cínio, pensamento crítico e reflexivo. Absorveu-se a reprodução, memorização,
a repetição de modelos prontos e estereotipados, sem valor educativo, despro-
vidos de significado social, inúteis para a formação de pessoas com capacidades
intelectuais para uma compreensão crítica da realidade (LIBÂNEO, 1994).
A tendência tradicional é criticada por todas as tendências pedagógicas pelo
fato de reproduzir a lógica da exclusão, com um conhecimento dominante, per-
petuando, assim, a opressão, a divisão de classes e a cultura do silêncio. Freire
(1981, p. 67) define essa tendência como uma educação bancária, que consiste
no “ato de depositar, transferir, de transmitir valores e conhecimentos”. Esse
modelo de educação nega a transformação e a criatividade.
Será que conseguiremos deixar para trás esta tendência? Será que é neces-
sário? Caro(a) aluno(a), é evidente que algumas características da tendência
tradicional devem ser descartadas, no entanto, é preciso manter os aspectos
que fizeram e fazem bem à prática pedagógica vigente, que atendem às nossas
necessidades e as dos nossos alunos, pois temos sempre que ter como objetivo
o processo de ensino e de aprendizagem.
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
61
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
educação tradicional, as novas tendências pedagógicas visavam proporcionar
espaços mais descontraídos, opondo-se, como investigação livre, à educação
ensinada” (ANDREOTTI, 2018, p. 3). Os novos métodos propunham um
ensino que surgia do processo ativo dos alunos e de sua autoaprendizagem.
Caro(a) aluno(a), podemos perceber a correlação de forças existentes
nos embates para se fazer educação. Não em benefício das pessoas, mas,
sim, levando em consideração o jogo de interesses existentes na sociedade.
Diante disso, é importante compreender que, sempre, na história da educa-
ção, haverá os defensores de uma escola para todos e os defensores de uma
educação elitizada, para poucos. Passemos agora à discussão das caracterís-
ticas dessa tendência pedagógica.
A principal característica da tendência escola nova é a rejeição à ten-
dência tradicional de ensino. A escola era caracterizada como um local onde
seria formada a atitude dos alunos. A didática é entendida como uma teoria
que dará direção para o processo de aprendizagem. Nesse sentido, o centro
do processo de ensino e de aprendizagem não é o professor nem o conteúdo,
mas, sim, o aluno, ser ativo e investigador (LIBÂNEO, 1994).
Aprender é modificar suas próprias percepções. Apenas se aprende
o que estiver significativamente relacionado com essas percepções.
A retenção se dá pela relevância do aprendido em relação ao “eu”, o
que torna a avaliação escolar sem sentido, privilegiando-se a autoa-
valiação. Trata-se de um ensino centrado no aluno, sendo o profes-
sor apenas um facilitador (SILVA, 2018, p. 3).
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
63
O papel do professor era dar condições para que os alunos, a partir das suas
necessidades e interesses, pudessem buscar os conhecimentos por si só. Assim,
os conteúdos também se baseavam na busca de conhecimento pelos próprios
alunos. A ideia empregada nessa tendência é que “o aluno aprende mais por si
próprio” (LIBÂNEO, 1994, p. 65).
Se na tendência tradicional a atividade pedagógica era centrada no profes-
sor, na escola nova é voltada para o “aprender fazendo”. Nesse sentido, o centro
passou a ser o aluno, valorizando a pesquisa, a descoberta, suas tentativas expe-
rimentais, levando em consideração os interesses dos alunos (MARQUES, 2012).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
algumas das características que a levariam ao fracasso. A preocupação com a
qualidade do ensino, com a didática e com instrumentos eficientes para o pro-
cesso de ensino e de aprendizagem inaugurou um período de reflexão que levaria
a novas formas de ensinar, novas teorias.
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
65
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
organização sistematizada dos meios e instrumentos da aprendizagem. À escola
cabia treinar os alunos, modelando os seus comportamentos. “À escola compete
a organização do processo de aquisição de habilidades, atitudes e conhecimen-
tos específicos, úteis e necessários para que o indivíduo se integre na máquina
do sistema social global” (MIZUKAMI, 1986, p. 28-29).
Essa tendência pedagógica emprega na escola o papel fundamental da for-
mação das pessoas, que se integrem e sejam ativos na sociedade que está em
transformação. Assim, a escola deve desenvolver nos alunos os comportamen-
tos que são esperados para a sociedade e organizar, de forma sistematizada, o
processo de desenvolvimento das habilidades e conhecimentos, historicamente,
acumulados.
O professor, nesta tendência pedagógica, caracteriza a sua prática por meio da
transmissão e reprodução do conhecimento. A partir da psicologia Behaviorista e
da teoria do reforço de Skinner, o professor programava o ensino, assim poderia
prever o comportamento desejado e o resultado final (BERHRENS, 2009). Neste
contexto, o professor aplicava a técnica pela técnica em busca do objetivo final.
O ensino tornou-se ainda mais burocrático, os professores tinham que pre-
encher papéis onde o programa da aula deveria ser detalhado. A função do
professor foi inferiorizada, tornando-se apenas um executor das ordens e do
planejamento que era desenvolvido por técnicos da educação, estes não tinham
conhecimento da sala de aula.
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
67
2009, p. 50).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Quadro 2 - Síntese das principais características das tendências pedagógicas progressistas
Tendência
Libertadora Histórico-crítica
Característica
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
método que revolucionou a alfabeti-
zação dos adultos, voltado para a luta
e a organização da classe oprimida.
No entanto, a tendência consoli-
dou-se somente entre as décadas de
1970 e 1980. Era “voltada para o diá-
logo educador-educando e visando
à consciência crítica, influencia prin-
cipalmente movimentos populares e
a educação não formal” (FERRAZ; Figura 3 - Paulo Freire
Fonte: Escritas (on-line).
FUSARI, 2009, p. 53).
O método proposto por Paulo Freire expõe o antagonismo existente entre a
forma como a educação era realizada – autoritária – e a forma como se pretendia
construir a educação – participativa. Assim, ele defendia uma prática educativa
que fosse democrática e participativa, pois, desta forma, a população teria cons-
ciência da sua realidade.
A tendência pedagógica libertadora apontada por Paulo Freire “partia de
uma concepção de filosofia da educação em que o homem é o ‘sujeito da histó-
ria’ e não seu ‘objeto’” (FERRAZ; FUSARI, 2009, p. 53). Consideramos que, nesta
perspectiva, o sujeito é autor da sua própria história, o seu desenvolvimento se dá
por meio da troca de ideias, informações, decisões e responsabilidades. Assim,
é no ambiente educacional que o indivíduo se desenvolve nos aspectos físico e
intelectual.
O método de Paulo Freire, que é a base da tendência pedagógica libertadora,
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
71
tem como princípio que a educação consiste em um ato político, pois permite a
construção de conhecimentos e a possibilidade de criação de uma nova socie-
dade, mais justa, solidária, humana e ética. Nesse contexto, a educação deve ser
permanentemente buscada pelas classes menos favorecidas, a fim de que tenham
condições de lutar pela liberdade e pela igualdade de condições
Essa tendência pedagógica propõe, de acordo com Berhrens (2009, p. 73), a:
valorização da escola como agência difusora dos conteúdos vivos, con-
cretos, indissociáveis das realidades sociais; enquanto espaço específico
em que se dará a apropriação/desapropriação do saber; integrada no
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
uma vivência prática e política, assim é possível debater sobre política, econo-
mia e sociedade, aprofundando as discussões com autores comprometidos com
os interesses populares (LIBÂNEO, 1994).
Pedagogia Libertadora
Convencionou-se denominar de “pedagogia libertadora” a concepção
pedagógica cuja matriz remete às ideias de Paulo Freire. Sua inspiração
filosófica se encontra no personalismo cristão e na fenomenologia
existencial. Como se trata de correntes que, como o pragmatismo, se
inserem na concepção humanista moderna de filosofia de educação, a
pedagogia libertadora mantém vários pontos de contato com a pedagogia
renovadora. Ela valoriza, também, o interesse e iniciativa dos educandos,
dando prioridade aos temas e problemas mais próximos das vivências dos
aprendizes sobre os conhecimentos sistematizados. Diferentemente do
movimento escolanovista, porém, a pedagogia libertadora põe no centro
do trabalho educativo temas e problemas políticos e sociais, entendendo
que o papel da educação é, fundamentalmente, abrir caminho para a
libertação dos oprimidos.
Fonte: Verbete de Dermeval Saviani. Disponível em: <http://www.histedbr.
fe.unicamp.br/navegando/glossario/verb_c_pedagogia_libertadora.htm>.
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
73
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
escola, a reorganização do processo educativo, ressaltando o saber sistemati-
zado, a partir do qual se define a especificidade do saber escolar” (GASPARIN;
PETENUCCI, 2018, p. 4).
Por meio do processo de ensino e de aprendizagem, a educação deve
assumir o seu papel e sua responsabilidade de oferecer aos educandos fer-
ramentas para que se tornem sujeitos críticos, participantes e conscientes.
Diante dessa perspectiva, buscou-se a elaboração de uma tendência peda-
gógica mais realista, chamada de “pedagogia histórico-crítica”, ou seja, mais
crítica com relação aos conteúdos, sem deixar de lado a contribuição das
outras tendências pedagógicas. “Essa pedagogia escolar procura propiciar a
todos os estudantes o acesso e contato com os conhecimentos culturais neces-
sários para uma prática social viva e transformadora” (FERRAZ; FUSARI,
2009, p. 55, grifos do autor).
Para a pedagogia histórico-crítica, a escola pública cumpre função social
e política de difundir os conhecimentos historicamente acumulados a todos,
pois essa é uma condição para que o povo, efetivamente, participe das lutas
sociais. Libâneo (1994) considera que o fator mais importante é o confronto
entre os conhecimentos, historicamente, acumulados e as experiências socio-
culturais, bem como a vida concreta dos alunos, pois assim haverá melhor
solidez na assimilação dos conteúdos.
Do ponto de vista da Didática, o processo de ensino consiste na
mediação entre objetivos-conteúdos-métodos, permitindo que o aluno
se encontre com as matérias escolares, que são o fator primordial da apren-
dizagem (LIBÂNEO, 1994).
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
75
Podemos afirmar, então, que para que a pedagogia histórico-crítica seja de fato
transformadora, é preciso nos comprometer com o ensino que propicie aos
alunos a construção de conhecimentos verdadeiros. Não há uma fórmula para
isso, também não há caminhos absolutamente seguros. No entanto, conhecer
a vivência dos nossos alunos nos leva à tomada de consciência sobre a reali-
dade social, o que culmina na busca de conhecimentos científicos.
Para Libâneo (1994, p. 71) o trabalho do professor, entendido como uma
atividade pedagógica, possui os seguintes objetivos:
-Assegurar aos alunos o domínio mais seguro e duradouro possível
dos conhecimentos científicos; -Criar as condições e os meios para
que os alunos desenvolvam capacidades e habilidades intelectuais
de modo que dominem métodos de estudo e de trabalho intelectual,
visando a sua autonomia no processo de aprendizagem e indepen-
dência de pensamento; -Orientar as tarefas de ensino para objetivos
educativos de formação de personalidade, isto é, ajudar os alunos a
escolherem um caminho de vida, a terem atitudes e convicções que
norteiem suas ações diante dos problemas e das situações da vida real.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A prática social inicial consiste na identificação de como um determinado
conhecimento se apresenta na sociedade atual, pois é comum a professo-
res e alunos, porém, vivenciados de forma diferente por ambos. Professores
possuem uma visão sintética, mais sucinta, mesmo que precária. Já o aluno
possui uma visão sincrética, ou seja, mais global e abrangente. Desta forma,
o professor deve, por meio da mediação e da teoria, levar o aluno da visão
sincrética, do conhecimento mais global e fragmentado ao conhecimento
sintético, um conhecimento científico, mais elaborado (LIBÂNEO, 1994).
Realizado o levantamento dos problemas pela prática social inicial, é
chegado o momento de identificar as questões que a escola trabalhará e
problematizará, levando os alunos a discuti-las. Para isso, é preciso buscar
instrumentos que permitam essa discussão e a construção de conhecimento.
É aí que entra a instrumentalização (LIBÂNEO, 1994).
A instrumentalização consiste no momento em que, por meio da media-
ção do professor, os alunos se apropriarão do conhecimento, historicamente,
acumulado, a partir dos quais se pode responder aos problemas que foram
levantados e problematizados. À medida que o professor leva os alunos à
apropriação dos conhecimentos científicos, atinge-se o ponto maior do pro-
cesso educativo, que é a catarse (LIBÂNEO, 1994).
A catarse é o momento em que o aluno elabora a síntese final, passando
da visão sincrética para a visão sintética. Por meio da mediação do professor,
o aluno tem um salto qualitativo na aprendizagem, chegando a uma visão
mais elaborada do que a que possuía antes. A catarse, portanto, é a expres-
são final da síntese que o aluno foi capaz de produzir, depois do processo
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
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Tendência Tradicional
O Brasil dominava o
mercado do café
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
1930
Até 1900
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
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Tendência Tecnicista
Chegava a televisão no Brasil,
essa época também é
considerada "idade de ouro"
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
1960 1983
1950
Tendência Libertadora
Ditadura Militar no Brasil e
primeiro transplante de
coração realizado no país
Tendência Histórico-crítica
O Brasil estava há 19 anos sob a Ditadura Militar e
início do funcionamento da usina hidroelétrica de
Itaipú
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A mediação caracteri-
za-se como a relação que se
estabelece entre o homem, o
mundo e os outros homens, neste contexto temos: I: instrumentos, S: sujeitos e
O: objeto (BERNI, 2018). A mediação é vista como eixo central neste processo,
pois articula os instrumentos, os sujeitos e os objetos, a fim de que as Funções
Psicológicas Superiores (FPS), que são tipicamente humanas, se desenvolvam.
Devemos considerar que a mediação se constitui como elemento essencial
ao processo de ensino, uma vez que funciona como um estímulo para o pro-
cesso de aprendizagem. Nesse sentido, a mediação é compreendida a partir da
relação dialógica entre professores e alunos, relação esta que se estabelece, cons-
tantemente, pela da utilização de diferentes métodos (BARROSO; MENDONÇA;
LOZANO; COSTA, 2014).
Moraes (2003, p. 2010) afirma que a mediação:
[...] é um processo comunicacional, conversacional, de co-construção
de significados, cujo objetivo é abrir e facilitar o diálogo e desenvolver a
negociação significativa de processos e conteúdos a serem trabalhados
nos ambientes educacionais; bem como incentivar a construção de um
saber relacional, contextualizado, gerado na interação professor/aluno.
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
81
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
cer o papel de mediador entre o conhecimento e o aluno, po risso a qualidade
da mediação é de suma importância, uma vez que ela motiva os alunos, ou não,
no processo de aprendizagem.
Masseto (2000) ressalta que a mediação consiste em um comportamento, uma
atitude do professor, que se coloca como motivador ou incentivador da aprendiza-
gem do aluno. Ele se coloca como um elo entre o conteúdo e o aluno, valorizando,
dessa forma, o debate, a interação, a troca de experiências, valorizando o diálogo.
A prática docente que é mediadora possui movimentos de coordenação e
descentralização, ao mesmo tempo. Veiga (2004) ressalta que, nesse contexto, o
professor é o responsável por produzir e orientar as atividades didáticas, que são
de fundamental importância para o desenvolvimento dos alunos, auxiliando no
processo de assimilação e coordenação do conhecimento ou problematizando
e estabelecendo diálogo.
As conquistas e os avanços dos alunos dependem da qualidade da mediação
do professor. Nesse sentido, organizar uma prática pedagógica com um pressu-
posto teórico que a conduza, recursos pedagógicos adequados à realidade dos
alunos e procedimentos que levem em consideração o desenvolvimento cogni-
tivo desses é conceber que o educando está em constante transformação, e que
será por meio das interações que ele será capaz de intervir e agir na sociedade,
dando novos significados à história da humanidade.
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
83
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CONCEITUANDO A DIDÁTICA
Conceituando a Didática
84 UNIDADE II
Podemos ter a Didática sob duas perspectivas: uma como um ramo dos estudos
da pedagogia, como uma ciência, e será por meio dela que se realizará a investigação
dos fundamentos, das condições e os modos de realização do ensino. A essa didática
cabe converter os objetivos pedagógicos e sócio-políticos em objetivos de apren-
dizagem, além de selecionar métodos e recursos para o processo de ensino destes
objetivos, tendo em vista o desenvolvimento intelectual dos alunos (LIBÂNEO, 1994).
A segunda perspectiva é como uma disciplina dos cursos de formação de
professores, a qual faz uma integração entre a teoria e a prática, realizando uma
estruturação destas em função do ensino. Para Libâneo (1994), a formação de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
professores abrange duas dimensões, sendo elas: a formação teórico-científica e
a formação técnico-prática.
A formação teórico-científica inclui a formação específica das disciplinas em
que o professor irá especializar-se, assim como a formação pedagógica, que envolve
os conhecimentos das disciplinas de Sociologia, História da Educação e Filosofia,
que contribuem para entendimento dos fenômenos educativos no contexto histó-
rico-social (LIBÂNEO, 1994).
A formação técnico-prática destina-se à preparação para a docência, inclui-se,
nas disciplinas estudadas, a Didática e as disciplinas de metodologias específicas
para cada curso de formação de professores, a Psicologia da Educação e a Pesquisa
Educacional (LIBÂNEO, 1994).
Caro(a) aluno(a), temos certeza de que a metodologia empregada nas escolas
contribui de forma significativa para o fracasso ou o sucesso do processo de ensino e
de aprendizagem. Assim, não podemos concordar com práticas pedagógicas que são
fundamentadas no senso comum, nem com professores que, por desconhecer ou não
valorizar as teorias para no processo didático, utilizam-nas de forma eclética, mistu-
rando as tendências libertadora, tecnicista e histórico-crítica, por exemplo. Temos
que ter responsabilidade com a prática pedagógica e educativa, pois esta resulta no
processo de aprendizagem de nossos alunos.
Comênio (2001, p. 173) enfatiza a utilização de um método didático que esti-
mule a todos os alunos, afirmando que “a alguns não falta à aptidão para os estudos,
mas a vontade; e obrigá-los a estudar contra a vontade é, ao mesmo tempo, enfa-
donho e inútil. [...] E se se demonstrar que a causa do desgosto pelo estudo são os
próprios professores?”.
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
85
Conceituando a Didática
86 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
empresarial), academia de
ginástica, hospitais e Organizações Não Governamentais (ONG).
Todos esses espaços possuem profissionais capacitados em sua área especí-
fica e atuam no processo de ensino, planejando, orientando equipes, trabalhando
em equipes, orientando pessoas, coordenando ações, com objetivos pedagógicos
explícitos e sistematizados. Por meio da educação não formal, busca-se propiciar
aprendizagens em espaços educativos fora do contexto escolar, nos quais exis-
tam processos interativos e intencionais (NEVES, 2011).
Em contrapartida, a educação formal é aquela ofertada den-
tro dos ambientes escolares, que são regulamentados por lei, com
intencionalidade, conteúdo previamente selecionado pelo currículo escolar,
em que o professor é o mediador do processo de ensino e de aprendizagem.
Esses ambientes possuem regras e modelos comportamentais pré-definidos.
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
87
EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL
FORMAL
Museus,
Centros de ciência,
Escolas, Hospitais,
ONDE SE EDUCA?
Universidades. Academias,
Parques ecológicos,
Empresas.
Conceituando a Didática
88 UNIDADE II
EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL
FORMAL
Organização
QUAIS SÃO AS Auxilia na construção de
curricular, dividido
PRINCIPAIS conhecimento de forma individual ou
por idade ou nível
CARACTERÍSTICAS? coletiva.
de conhecimento.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Ensino de
conteúdos, Corresponde aos objetivos de um
QUAIS OBJETIVOS? Desenvolvimento indivíduo ou de um conteúdo em
de habilidades e específico.
competências.
Fonte: Adaptado de Batista (2014).
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
89
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
90
4º. A catarse é a expressão que os alunos utilizarão para dizer que entendem a teo-
ria e a prática social de uma nova forma. Nesse momento, o aluno é capaz de ma-
nifestar, por meio de sua postura, a síntese mental do conteúdo que foi aprendido.
A síntese poderá ser realizada por meio de uma avaliação oral ou escrita, formal ou
informal.
5º. Por fim, a prática social final é o novo nível em que o aluno se encontra, que volta
a ser o nível atual. Essa prática social se manifesta por meio da adoção de uma nova
postura prática frente às questões sociais, ou seja, fora da sala de aula, dos concei-
tos científicos trabalhados.
Para Gasparin (2014), a aplicabilidade dessa didática e o seu êxito dependem da figura do
professor, do seu compromisso e de seus conhecimentos teóricos, tendo em vista que se
exige do professor uma nova forma de pensar a educação, sendo necessário estudo, expe-
rimentação e coragem para arriscar e assumir novos desafios.
Escola da vida
Ano: 2005.
Sinopse: Sr. D. (Ryan Reynolds) é o novo professor da cidade.
Ele é bonito, simpático e adorado por todos os alunos da
Escola Fallbrook Middle. Ele também faz sucesso com os
colegas mestres, com exceção de Matt Warner (David Paymer),
o professor de biologia do colégio. Werner está determinado
a ganhar o Prêmio de Professor do Ano, mas teme perder sua
chance para o novo e admirado educador.
Material Complementar
REFERÊNCIAS
FREIRE, P. Educação como prática de liberdade. 14. ed. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 2011.
______. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 21.
ed. São Paulo. Editora Paz e Terra, 2002.
ANDREOTTI, A. L. O governo Vargas e o equilíbrio entre a pedagogia tradi-
cional e a pedagogia nova. 2018. Disponível em: <http://www.histedbr.fe.uni-
camp.br/navegando/periodo_era_vargas_intro.html>. Acesso em: 01 abr. 2019.
ARANHA, M. L. Filosofia da educação. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1996.
BARROSO, M. L.; MENDONÇA, C. T. M.; LOSANO, T. V.; COSTA, M. L. F. Educação a
Distância: mediação pedagógica. XXI Semana de Pedagogia e IX Encontro de
Pesquisa em Educação. Anais... p. 1-12. 2014.
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cro-situações didáticas. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Santa
Catarina, Centro de Ciências físicas e matemáticas. Programa de Pós-graduação
em educação científica e tecnológica, 2014.
BEHRENS, M. A. Paradigma da complexidade: metodologia de projetos, contra-
tos didáticos e portfólios. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2009.
BERNI, R. I. G. Mediação: o conceito vygotskyano e suas implicações na práti-
ca pedagógica. 2018. Disponível em: <http://filologia.org.br/ileel/artigos/arti-
go_334.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2019.
COMENIUS, I. A. Didactica Magna. Introdução, tradução e Notas de Joaquim
Ferreira Gomes. Versão para e-book. eBooksBrasil.com, 2001.
FERRAZ, M. H. C. T.; FUSARI, M. F. R. Metodologia do Ensino de Arte. Fundamen-
tos e proposições. São Paulo: Cortez, 2009.
FERREIRA, A. B. H. Mini Aurélio: o dicionário da língua portuguesa. 8. ed. Curiti-
ba: Positivo, 2018.
FREIRE, P. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 1981.
GASPARIN, J. L.; PETENUCCI, M. C. Pedagogia Histórico-Crítica: da teoria à prá-
tica no contexto escolar. 2018. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.
pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2289-8.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2019.
LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.
LOURENÇO-FILHO, M. B. Introdução ao estudo da Escola Nova. São Paulo: Me-
lhoramentos, 1978.
LÖWY, M. As aventuras de Karl Marx contra o barão de Münchausen: marxis-
mo e positivismo na sociologia do conhecimento. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2007.
MARQUES, C. Ensino a distância começou com carta de agricultores. Folha de S.
Paulo, São Paulo, 29 set. 2012. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/
folha/educacao/ult305u16139.shtml>. Acesso em: 28 mar. 2019.
97
REFERÊNCIAS
1. Opção correta é a C.
2. Opção correta é a A.
3. Opção correta é a C.
4. Opção correta é a E.
5. Opção correta é a C.
Professora Dra. Suzi Maria Nunes Cordeiro
III
UNIDADE
PLANEJAMENTO DE ENSINO
Objetivos de Aprendizagem
■ Conhecer os documentos da Educação no âmbito nacional, estadual
e institucional que implicam no planejamento escolar, a fim de
compreender como é pensado o currículo escolar que embasa o
plano de aula.
■ Refletir sobre a pesquisa docente, para conhecer a relevância dessa
ação no plano de aula.
■ Analisar os elementos essenciais do plano de aula, bem como
compreender a relevância desse registro, a fim de desenvolver as
habilidades necessárias para realizá-lo.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Caminhos do planejamento escolar
■ Pesquisa docente
■ Plano de aula
101
INTRODUÇÃO
Introdução
102 UNIDADE III
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CAMINHOS DO PLANEJAMENTO ESCOLAR
PLANEJAMENTO DE ENSINO
103
Nesse início de discussão, gostaria de lhe fazer duas perguntas para que
reflita com base em sua vida cotidiana: a) o que você entende por planeja-
mento? b) Você costuma planejar? Às vezes não nos damos conta de todas as
ações planejadas que realizamos, desde atividades simples como nossa rotina
diária, até eventos grandes como viagens. O intuito dessa pergunta é fazer
notar a importância que o planejamento possui em nossas vidas.
Para Ostetto (2000, p. 177), planejar é estabelecer metas, “[...] se progra-
mar, elaborar um roteiro para empreender uma viagem de conhecimento,
de interação, de experiências múltiplas e significativas”. Dessa forma, pes-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Ninguém planeja uma viagem
sem saber seu destino. Dessa
forma, para saber o caminho
a ser trilhado devemos saber
o ponto de chegada. Em pala-
vras simples, caro(a) aluno(a),
planejamento é o caminho que construímos para chegar ao nosso objetivo, por
isso, tanto o caminho quanto o objetivo devem ser bem definidos.
Em parágrafos anteriores, mencionei que uma boa didática só é possí-
vel com planejamento. Ambos se fazem presentes nas atitudes de filósofos,
educadores e outros que assumiram o papel de ensinar, seja em ambientes for-
mais ou não formais de educação. Isso mostra que planejamento escolar não
é algo recente, oriundo de uma tendência nova, porém, a palavra que deno-
mina essa organização, nasceu apenas no século XIX. Essa prática existe desde
o início da educação institucionalizada, ainda que não com a denominação de
planejamento. Antes de explanarmos sobre o planejamento que conhecemos
atualmente, precisamos de uma retomada histórica para compreender como
foi a caminhada desde sua origem.
Na Idade Média, a educação era restrita a quem detinha o poder e ocor-
ria apenas em mosteiros, reinos e lugares pertencentes ao clero e à nobreza.
Destinada apenas a homens ricos, sendo executada em atendimentos individu-
ais, a educação da Idade Média foi alvo de grandes críticas de Comênio (2001),
que, como observamos em capítulos anteriores, se propôs a mudar a educação
por meio da Didática Magna.
PLANEJAMENTO DE ENSINO
105
Fonte: as autoras.
A educação para o povo, com ensinamentos coletivos, foi apenas uma das rei-
vindicações de João Amós Comênio. Também é a partir de sua referida obra
que podemos falar em Didática, sendo um marco no que se refere à educação
institucionalizada, como ele sugeriu (COMÊNIO, 2001). Apesar de já existi-
rem Academias (hoje conhecidas como Universidades, ou seja, instituições que
ofertam ensino em nível superior) que pluralizavam a educação “superior” para
jovens e adultos em grupos, bem como as escolas catedrais do século XII que
repassavam os conhecimentos das sete artes liberais (gramática, retórica, dialé-
tica, geometria, aritmética, astronomia e música) para turmas de alunos, não
podemos afirmar que havia planejamento, o que seria anacrônico. Contudo, sabe-
mos que as artes supracitadas compunham um currículo, logo, os professores
precisavam organizar-se para repassar os conhecimentos para todos os alunos.
Aqui nos deparamos com aspectos que hoje conhecemos como planejamento.
Em sua obra, Comênio (2001) rebate o ensino individualizado e restrito
com o argumento de que se deveria objetivar o compartilhamento dos conheci-
mentos, sobretudo de leitura e escrita, para grupos de alunos. Também enfatiza
a necessidade de organizar esses conteúdos, uma vez que muitas matérias eram
ensinadas ao mesmo tempo e de forma desordenada. Para tanto, sugeriu pro-
postas que incluem a organização de conteúdos e outros aspectos da educação
escolar institucionalizada:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
que avançaram em termos de organização.
Aqui no Brasil, por exemplo, a educação institucional iniciou-se com a escola
jesuíta, que tinha como plano de estudo o Ratio Studiorum, que vimos em capí-
tulos anteriores. Esse manual apresentava em seu interior métodos de ensino,
orientações para organização do professor, em sala de aula, e o currículo, a saber:
Teológico (Teologia Escolástica, Teologia Moral, Sagrada Escritura e Hebreu),
Filosófico (Lógica e introdução às ciências, Cosmologia, Psicologia, Física, Metafísica
e Filosofia moral) e Humanista (Retórica, Humanidades, Gramática Superior,
Gramática Média e Gramática Inferior) (FRANCA, 1952). Mais tarde, essa estru-
tura curricular passou a ser utilizada, também, nas Universidades europeias.
Caro(a) aluno(a), perceba que a história da Didática e das formas de orga-
nização do ensino é extensa, mas
precisa ser compreendida. Aqui
priorizamos alguns recortes his-
tóricos que são mais significativos
para os objetivos da nossa disci-
plina, mas você pode aprofundar
seus conhecimentos por meio das
leituras complementares. Algumas
sugestões estão no final deste capí-
tulo, bem como indicações de
filmes que ajudam a compreen-
der o contexto em discussão. Figura 1 - A Primeira Missa no Brasil, quadro de Victor Meirelles
Fonte: Wikimedia.
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
United States Agency for International Development (USAID), para
promover a reforma do ensino brasileiro.
Diante do exposto, podemos afirmar que a partir da década de 1970 houve uma
intensificação do planejamento nas escolas e nos ambientes não formais de aprendi-
zagem. Podemos observar que, desde a escolarização da classe popular, a educação
teve como fim preparar o sujeito para sua participação na sociedade, sobretudo
no mercado de trabalho. Como já exploramos em capítulos anteriores, no perí-
odo tecnicista, mais do que nunca, ficou nítida a influência do mercado sobre a
educação, pois a demanda social era de pessoas especializadas em determinadas
atividades, logo a educação escolar para as massas deveria formar esses sujeitos.
Considerando o contexto social e suas
necessidades, criaram-se os currículos e,
desde então, o professor realiza seus plane-
jamentos para atingir o objetivo estabelecido.
Segundo Turra et al. (1995, p. 19), a escola
tecnicista teve um processo conturbado no
que corresponde a “[...] racionalização das
atividades do professor e do aluno, na situa-
ção de ensino e aprendizagem, possibilitando
melhores resultados e, em consequência,
maior produtividade”. Nesse contexto, o pla-
nejamento foi de fundamental importância Figura 2 - Industrialização: Linha de
para nortear as atividades docentes e che- montagem de Ford (1913)
Fonte: Wikimedia.
gar ao objetivo.
PLANEJAMENTO DE ENSINO
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
fim de organizá-las para suas execuções diversas. Dessa forma, qualquer profis-
sional que não planeja suas atividades corre o risco de fracassar.
Ao contrário do que muitos pensam, atualmente, o planejamento escolar
não se limita ao plano de aula que o professor precisa realizar para lecionar. Na
verdade, esse é o produto final de todo o processo de planejamento que acon-
tece na educação escolar. Essa ação inicia-se com o Estado, por meio de políticas
educacionais que atendam as demandas da sociedade como um todo. São docu-
mentos que estabelecem as metas da educação institucional, a exemplo, o Plano
Nacional de Educação (PNE). Na Educação Básica, temos a Base Nacional
Comum Curricular (BNCC), aprovada em 15 de dezembro de 2017 para as eta-
pas de Educação Infantil e Ensino Fundamental, e em 14 de dezembro de 2018
para o Ensino Médio. Essa Base estabelece os conteúdos mínimos que devem
ser ofertados nas escolas de todo o nosso país, por isso toda a equipe pedagó-
gica deve se familiarizar com ela. Porém, não podemos chamá-la de currículo.
Por currículo podemos entender um instrumento social e cultural que,
segundo Moreira e Silva (2002, p. 7-8),
[...] não é um elemento inocente e neutro de transmissão desinteressa-
da do conhecimento social. O currículo está implicado em relação de
poder, o currículo transmite visões sociais particulares e interessadas, o
currículo produz identidades individuais e sociais particulares. O cur-
rículo não é um elemento transcendente e atemporal – ele tem uma
história, vinculada a formas específicas e contingentes de organização
da sociedade e da educação.
PLANEJAMENTO DE ENSINO
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conhecimentos teóricos, as crianças e adolescentes da Educação Básica preci-
sam de conhecimento prático, veja a seguir uma das competências gerais que
os alunos desse nível de ensino devem adquirir com os conteúdos da BNCC:
“agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade,
resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éti-
cos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários” (BRASIL, 2017, p. 10).
Considerando essa exigência, os professores deverão pensar em estratégias de
ensino e de aprendizagem que proporcionem aos seus alunos o desenvolvi-
mento dessas competências.
Além disso, temos as habilidades, que, segundo o documento, são práticas
cognitivas e sociais que permitem ao sujeito ter competência para exercer suas
atividades (BRASIL, 2017). De um jeito mais simples, habilidades são formas de
se desenvolver bem as atividades, por exemplo: imaginemos que você dê aulas
para uma criança de 4 anos e tenha que explicar o que é um cavalo, pois ela nunca
o viu; como você explicaria? Eu tenho habilidades para desenhar (motricidade
fina aguçada, percepção visual bem desenvolvida etc.), logo, pegaria um papel
e lápis de cor para desenhar um cavalo e explicar por meio de uma ilustração.
Vemos que a Base (2017) estipula o currículo mínimo e estabelece exigên-
cias que norteiam todo o planejamento escolar, mas não determina a didática
do professor. As metodologias, os métodos e as estratégias utilizadas para rea-
lizar os processos de ensino e de aprendizagem são de inteira responsabilidade
da equipe pedagógica.
Após a aprovação da BNCC pelo Estado, quanto aos conteúdos mínimos
a serem ensinados nas escolas de Educação Básica, o Conselho Nacional de
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
p. 23), currículo “[...] é o conjunto das atividades nucleares desenvolvidas pela
escola”. Logo, tudo o que acontece na instituição é currículo. Aqui vemos a iden-
tidade da escola, pois esse currículo inclui as experiências vividas por todos os
seus integrantes.
O planejamento realizado no PPP é sintetizado, posteriormente, no Plano
Anual, documento em que a escola separa os conteúdos e os distribui em semes-
tres e/ou bimestres, a fim de organizar o que será trabalhado e quando. Assim,
deve-se pensar em uma sequência lógica, para não propor um conteúdo que
não seja a sequência lógica do outro. Depois, cada professor planeja suas ações
pedagógicas, considerando os conteúdos a serem ensinados; a ordem destes; a
importância de cada um; os objetivos a serem alcançados e como serão traba-
lhados. Tudo isso será registrado no plano de aula, que pode ser pensado por
conteúdos, por meses, por quinzena ou por semana, o que varia de acordo com
a organização de cada escola, considerando sua identidade, registrada no PPP.
Vemos, portanto, que o planejamento do professor é o último de uma série
de planejamentos que se iniciam em âmbito nacional e vão se afunilando a cada
processo. Na figura a seguir, podem ser observados de modo sucinto os passos
do planejamento escolar:
PLANEJAMENTO DE ENSINO
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
PESQUISA DOCENTE
PLANEJAMENTO DE ENSINO
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Didática. Ao longo do curso você perceberá que todas as disciplinas são essen-
ciais para uma boa didática. Saviani (2003) salienta que o professor, por meio da
didática, precisa saber transpor o saber científico em saber escolar, logo, em sua
formação deve aprender a trabalhar com os conteúdos em forma de pesquisa, a
fim de refletir sobre os mesmos e considerar aspectos como:
- A capacidade de ensinar ou ajudar o aluno a se apropriar do saber; - o
domínio dos conteúdos a serem ensinados, o que exige uma visão ge-
ral da disciplina (princípios organizadores, campos nacionais, tramas
conceituais); - o domínio de instrumentos e habilidades ligados a situa-
ções de aprendizagem (previsão, observação, análise, gestão, regulação
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Pesquisa Docente
118 UNIDADE III
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Esta correlação teoria e prática é um movimento contínuo entre saber e
fazer na busca de significados na gestão, administração e resolução de
situações próprias do ambiente da educação escolar. A prática, como
componente curricular, que terá necessariamente a marca dos proje-
tos pedagógicos das instituições formadoras, ao transcender a sala de
aula para o conjunto do ambiente escolar e da própria educação escolar,
pode envolver uma articulação com os órgãos normativos e com os
órgãos executivos dos sistemas (BRASIL, 2001, p. 9, grifos do autor).
Com essa preparação, o futuro professor deve considerar que em seu campo de
atuação a teoria sempre deve permear a prática para que a ação seja significa-
tiva, sobretudo no que diz respeito ao processo de mediação, também a teoria
sempre leva em consideração as práticas já vivenciadas, mas com cientificidade.
Essa dicotomia, superada nos estágios, não pode voltar a aparecer quando o pro-
fessor se forma e assume uma turma.
Por fim, em meio a todo esse con-
texto, o acadêmico graduando deve
aprender a realizar pesquisas cientí-
ficas, o que se efetiva nas atividades
de estudo, na realização de fóruns,
no desenvolvimento de projetos de
iniciação científica, dentre outras ati-
vidades acadêmicas das quais o aluno
pode participar, por iniciativa do pro-
fessor, mas, principalmente, por sua
própria iniciativa. Silva e Compiani
PLANEJAMENTO DE ENSINO
119
(2015) denunciam que a pesquisa por parte dos professores está abaixo do que
precisamos no país, pois apenas uma parcela ligada a cursos universitários como
os Stricto Sensu faz essa tarefa.
Diante desse fato, os autores supracitados salientam a importância de todos os pro-
fessores realizarem pesquisas dentro de suas salas e escolas de atuação, relacionadas a
metodologias e outras investigações sistemáticas e intencionais no trabalho educativo:
A ideia de sistemático se refere às formas de recolher e armazenar a
informação, de documentar as experiências de dentro e fora da aula
e de realizar registros escritos das situações. A intencionalidade vê a
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Você já ouviu a expressão: “o professor não está preparado para isso”? Diante
de uma adversidade no âmbito pedagógico, qual profissional você será? Estará
disposto a encarar os desafios ou dirá “não sou preparado para isso”?
Pesquisa Docente
120 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
fessor se deparar com algo para qual ele acredita não estar preparado. Hoje, ele
tem um aluno autista sobre o qual pesquisou e já sabe como ele aprende, como
ensinar, quais metodologias são melhores, entre outros aspectos. Amanhã, ele
terá um aluno surdo, sobre o qual precisa pesquisar novamente, conhecer seu
processo de ensino e de aprendizagem de formas mais específicas. Assim, é
com tudo que se passa na escola e demais ambientes de aprendizagem.
Vimos, em capítulos anteriores, que há diferentes tendências pedagógicas,
você pode ser contratado para trabalhar em uma escola que segue a pedagogia
histórico-crítica, por exemplo, que está ainda em alta, mas amanhã você pode
precisar trabalhar em uma escola que utiliza uma teoria mais tradicional ou
ainda uma nova teoria revolucionária que chega ao Brasil. Assim, precisará
pesquisar sobre essas tendências: qual é o papel do professor? Qual é o foco
da teoria? Qual é o objetivo da educação para essa determinada tendência?
A vida do professor é pesquisar e não há como fugir disso. Ser um docente
sem ser um pesquisador é estar fadado ao fracasso e ser responsável pela
educação escolar sem qualidade, contribuindo para as dificuldades escola-
res de seus alunos, a não aprendizagem, o baixo rendimento escolar e o não
desenvolvimento global do sujeito. Lüdke (2001) afirma que faz parte da boa
formação docente as práticas de pesquisa, visto que é por meio delas que o
docente adquire as habilidades de reconhecer o seu contexto, enxergar os desa-
fios e superar os problemas, sem considerá-los imutáveis.
Ainda que o professor tenha o mais alto grau de instrução e título aca-
dêmico, precisará continuar suas pesquisas para lecionar. Dessa forma, um
professor que tenha doutorado deve continuar as pesquisas para ter uma aula
PLANEJAMENTO DE ENSINO
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Pesquisa Docente
122 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Dessa forma, o professor habituado a trabalhar com a Educação Infantil não
trabalhará da mesma forma com o Ensino Fundamental. O professor que tra-
balha com o 6º ano não pode trabalhar da mesma forma com o Ensino Médio.
A turma do 2° ano A tem um perfil diferente do 2° ano B. Diante do exposto,
como o professor pode lidar com esses diferentes perfis? Com pesquisa, antes de
tudo. Pesquisar o objetivo de cada etapa da educação é fundamental para saber
como trabalhar. Sempre que tiver a oportunidade de conversar com os profes-
sores anteriores da turma, faça-o, pois isso também contribui para a pesquisa da
identidade da turma: são alunos mais participativos? Mais curiosos? Trabalham
bem em grupo? São disciplinados?
Tudo isso contribui para, posteriormente, montar o plano de aula, visto que
não há como pensar o que ensinar sem pensar para quem e como. Depois de esta-
belecidos os conteúdos pelo planejamento escolar e realizada a distribuição de
turma, o professor se empenha na pesquisa dos conteúdos e do perfil prévio da
turma para montar seu primeiro plano de aula do ano. Esse é o mais difícil, pois
o docente trabalha com base em informações coletadas em sua pesquisa teórica,
sem ter, ainda, o primeiro contato com a turma; logo, atua sem pesquisa e conhe-
cimento prático da identidade dos alunos. Dessa forma, deve elaborar um plano
de aula flexível, ou seja, possível de ser modificado após o início das aulas, pois
precisará mudar suas estratégias diante de uma adversidade (OSTETTO, 2000).
PLANEJAMENTO DE ENSINO
123
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Por isso a pesquisa docente nunca se fez tão necessária quanto agora. O
professor pode utilizar as tecnologias para sua pesquisa, as informações como
ferramenta para suas aulas, mas não pode ficar preso a elas. Suas aulas devem ir
além da linha rasa dos assuntos discutidos, do que está posto nas mídias e nas
redes sociais. É necessário estudo aprofundado do conteúdo, para que compreenda
as entrelinhas das informações, consiga transformá-la em saber sistematizado e
ajudar o aluno a passar do conhecimento real para um mais elaborado. Apenas
assim contribuímos para o desenvolvimento e a aprendizagem (GADOTTI, 2005).
Calleja (2008) nos alerta que o professor precisa passar do processo informa-
tivo e/ou reprodutivo para outro que proporcione a interpretação e análise crítica
dessas e outras informações. Para tanto, o autor enfatiza que o docente precisa ser:
-Preparado e atualizado em sua ciência, ou seja, em sua especificidade
do saber. -Ser um investigador. Às vezes os professores acreditam que se
sua docência é de pré-escola ou ensino fundamental, não tem de inves-
tigar, quando realmente a investigação deve caracterizar um docente de
qualquer nível de ensino. -Deve possuir uma cultura geral, ou seja, inte-
gral. -Possuir uma formação razoável do ponto de vista da Pedagogia, da
Didática e das outras Ciências da Educação. -Ser um educador exemplar,
em qualquer lugar, honrado, honesto, consagrado, ético em sua profissão
e com boas relações humanas (CALLEJA, 2008, p. 116).
A pesquisa docente precisa sair das informações, dos livros didáticos, e passar
para um nível mais elevado de produção de conhecimento, que acontece em
meios científicos. Dessa forma, para pesquisa docente é necessário o currículo
bem definido, livros e artigos científicos, filmes e documentários, dentre outros
meios de elaboração de conhecimento e de cultura.
PLANEJAMENTO DE ENSINO
125
PLANO DE AULA
Plano de Aula
126 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Quando falamos em currículo, devemos saber que tais conteúdos foram selecio-
nados não por acaso, mas sim porque cada um tem uma relevância na formação
do sujeito (SAVIANI, 2003). Sabendo disso, o professor deve refletir, em primeiro
lugar: por que ensinar determinado conteúdo? Para ficar mais explícita a nossa
discussão sobre esse plano, vamos juntos, caro(a) aluno(a), pensar no passo a
passo da elaboração de um plano de aula fictício. Para tanto, vamos considerar,
como conteúdo a ser trabalhado dentro de um bimestre, a probabilidade e a esta-
tística, enfocando os gráficos, por um período de 15 dias.
Suponhamos que nossa aula seja para uma turma de 5º ano do Ensino
Fundamental, cuja identidade sabemos que apresenta dificuldades em matemática;
é uma turma agitada e desinteressada nos conteúdos mais teóricos, mas que precisa
aprender sobre gráficos. Diante do exposto, por que trabalhar gráficos no 5º ano?
Lembramos que o professor deve estar ciente do que os documentos educacionais
trazem em seu bojo.
Se observarmos, por exemplo, a BNCC, verificamos que traz para o 5º ano a
seguinte proposta de trabalho com probabilidade e estatística: “leitura, coleta, classi-
ficação, interpretação e representação de dados em tabelas de dupla entrada, gráfico
de colunas agrupadas, gráficos pictóricos e gráfico de linhas” (BRASIL, 2017, p. 294).
Dessa forma, não é todo e qualquer gráfico que precisa ser trabalhado nessa etapa,
mas sim gráficos de colunas agrupadas, gráficos pictóricos e gráficos de linhas.
PLANEJAMENTO DE ENSINO
127
Plano de Aula
128 UNIDADE III
que sai da ignorância e chega à concepção plena da sociedade em que vive, sendo
essa, por sua vez, capitalista. Assim, o professor pode concluir que o conteúdo
gráfico será ensinado para que o aluno, por meio das pesquisas quantificadas,
compreenda sua realidade e amplie seus conhecimentos científicos. Essa resposta
será necessária para justificar o objetivo da aula que será registrada no plano de
aula. Libâneo (2013, p. 43) salienta que os alunos devem adquirir conhecimento
[...] a fim de que se tornem preparados e aptos para enfrentar as exigên-
cias objetivas da vida social como a profissão, o exercício da cidadania,
a criação e o usufruto da cultura e da arte, a produção de novos conhe-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
cimentos de acordo com interesses de classe, as lutas pela melhoria das
condições de vida e de trabalho.
Por fim, o professor precisa refletir: como ensinar? Há inúmeras formas de ensinar
gráficos, porém, os métodos devem estar de acordo com a teoria da escola, que
consta no PPP, além de estar em consonância com os objetivos da instituição, do
professor e da disciplina. Suponhamos que, para tanto, utilizemos como método
as aulas expositivas e práticas, pesquisas e resolução de situações problema.
Libâneo (2013) orienta que o professor precisa pensar em métodos e proce-
dimentos didático-pedagógicos que ajudem a viabilizar o processo de ensino, de
forma que, aliados à mediação, contribuam para o desenvolvimento das capa-
cidades mentais dos alunos, para que eles pensem e adquiram seus próprios
métodos de aprendizagem e ação.
PLANEJAMENTO DE ENSINO
129
Plano de Aula
130 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
um gráfico, o que é gráfico segunda aula);
- Levantamento ceito e utilidade do
como pode ser de linhas.
quantitativo do - Separar os alunos gráfico de barras;
utilizado; Todos deverão
lugar em que em duplas para - Sortear para cada
registrar, cada
- Apresentação cada aluno gosta que confeccionem aluno um lugar de
um em seu
visual de dife- de passear; em um cartaz o passeio da cidade e
caderno.
rentes gráficos e gráfico de barras da região, para que
- Montagem co- - Tarefa para
suas funcionali- duplas com os façam uma pesquisa
letiva, no quadro, casa: perguntar
dades. resultados quan- quantitativa com
de um gráfico de para sua família titativos da tarefa a ajuda da família.
barras com os da- os lugares em de casa. Devem trazer: ano de
dos dos alunos. que gostam de
inauguração, número
passear.
de visitantes por dia
etc.
Fonte: as autoras
Aqui é possível ver apenas cinco dias, mas veja no final desta unidade o plano de
aula completo, em anexo. Este foi elaborado por nós a partir de um caso fictício,
mas que considera aspectos reais como documentos educacionais, planejamento
escolar, conteúdos e habilidades exigidas no contexto escolar, elementos essenciais
do plano de aula, entre outros aspectos. Tudo para que você possa compreender
o passo a passo de um plano de aula. Há vários modelos de planejamento, mas
todos apresentam os mesmos encaminhamentos aqui explanados. Cada escola
adota o que melhor se adequa a sua realidade.
Perceba que, em nossa elaboração, atendemos a todos os requisitos mencio-
nados nos itens anteriores deste capítulo:
a. Consideração dos documentos escolares: em nosso exemplo utilizamos a
BNCC (2017) e o PPP da escola, mas há casos em que o professor ainda precisa
recorrer às diretrizes, plano anual e outros documentos nacionais, regionais
e/ou institucionais, pois não podem ser esquecidos pela equipe pedagógica;
PLANEJAMENTO DE ENSINO
131
Achou difícil? Como observamos, não é fácil desenvolver um plano de aula, pois
envolve pesquisa, tempo e conhecimento. Mas não é algo impossível e descartá-
vel. Pelo contrário, é necessário e muito útil, pois sem o planejamento o caos pode
se instaurar em sala de aula. Notamos com a prática docente que um professor
desorganizado (sem planejamento) transmite insegurança aos alunos, que podem
reagir de diferentes formas, como exemplo: mostrando desinteresse, indisciplina,
entre outros reflexos da ausência de orientação dos estudos por parte do professor.
Em nosso plano hipotético, consideramos uma turma de 5º ano e o conteúdo
de matemática, mas o mesmo se aplica a todas as séries e disciplinas. Se fosse-
mos exemplificar com uma atividade de identidade e autonomia para a Educação
Infantil, ou de Produção textual na Língua Portuguesa para uma turma de 9º ano
ou, ainda, o conteúdo de Território e fronteira na disciplina de História para uma
turma do Ensino Médio, o processo de reflexão do professor seria o mesmo: por
que, para que e como ensinar? Os aspectos essenciais do plano de aula, também
permanecem: objetivo, métodos e avaliação.
O objetivo da disciplina representa o elemento central do plano de aula, pois
por meio dele emergem os demais aspectos. Os métodos, por sua vez, esclarecem
os recursos e as técnicas que os docentes utilizarão para facilitar os processos de
ensino e aprendizagem. Por fim, a avaliação é importante para que o professor
verifique se todos os processos didático-metodológicos estão fluindo de acordo
com o esperado ou se é necessário modificar algo, a fim de melhorar o ensino e/
ou a aprendizagem (LUCKESI, 1994).
Plano de Aula
132 UNIDADE III
O que se modifica entre um plano e outro, além dos aspectos óbvios (série,
disciplina e conteúdo) são os aspectos particulares de cada turma, por exemplo:
se em nossa turma houvesse um aluno cego, deveríamos pensar em estratégias
para que os demais alunos não o excluíssem dos trabalhos em grupo, a exemplo,
a pesquisa na biblioteca. Uma das estratégias poderia ser a utilização de recur-
sos sonoros ou livros em braile, caso o aluno saiba ler com esse recurso e esteja
disponível na escola. Isso seria acrescentado no registro do plano de aula, nos
instrumentos mencionados.
Outro aspecto que se modifica é o tempo de vigência do plano, em primeiro
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
lugar, porque isso varia em cada instituição, como já mencionamos em pará-
grafos anteriores. Em segundo lugar, porque o tempo de aula de um professor
da Educação Infantil, por exemplo, é diferente do professor dos anos iniciais do
Ensino Fundamental; que, por sua vez, é diferente do professor dos anos finais
do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.
Na Educação Infantil, o tempo considerado para todo o período que o pro-
fessor leciona é, geralmente, de 4 horas, mas envolve aspectos bem específicos
dessa etapa: adaptação das crianças, habilidades a serem trabalhadas com a turma,
maior número de intervalos e atividades lúdicas ou extraclasse, entre outros. Nas
séries iniciais do Ensino Fundamental, aspectos como intervalo, atividades lúdi-
cas e extraclasse permanecem, mas o professor também precisa considerar que há
mais de uma matéria a ser trabalhada por dia. Por fim, os professores das séries
finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio possuem um tempo menor
para lecionar, geralmente 50 minutos. Sejam 4 horas ou 50 minutos, o professor
precisa planejar sua aula para que ela seja proveitosa aos alunos, de forma que
ele dê conta de ensinar o que foi previsto para aquele ano, bimestre, semana etc.
Considerando todo o exposto sobre planejamento, podemos entender que o
plano de aula nos ajuda a organizar as ações docentes, evitando improvisações,
falta de reflexão e significação da prática pedagógica. Vasconcellos (2000) sintetiza
a ajuda do planejamento em sete aspectos fundamentais para uma aula de sucesso:
PLANEJAMENTO DE ENSINO
133
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Plano de Aula
134 UNIDADE III
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Nosso objetivo inicial com essa unidade foi conhecer os documentos que
interferem no planejamento escolar, desde o âmbito nacional – como a BNCC
(2017) – passando pelos níveis regionais, até o institucional – como o PPP. A
partir deles é montado o currículo escolar, ao qual o professor recorre para regis-
trar seu plano de aula.
Após o conhecimento dos documentos educacionais, objetivamos refletir
sobre a pesquisa docente, que se faz necessária para que cada ação pedagógica
tenha fundamentação teórica, suporte científico e, finalmente, dê o suporte neces-
sário para que o professor construa um plano de aula sólido.
Por fim, analisar os elementos do plano de aula se fez essencial para que
você compreenda a relevância desse registro e desenvolva as habilidades neces-
sárias para realizar um plano eficiente e eficaz, a saber: reflexão, organização e
sintetização.
Após planejarmos nossas ações pedagógicas, registrá-las e nos organizar-
mos, é chegada a hora de colocarmos tudo em prática, para tanto, devemos ter
claras as diferentes formas de concretizar nosso planejamento. Portanto, no
próximo capítulo, enfatizamos outro aspecto essencial para uma boa didática:
a execução do plano de aula. Convido você, caro(a) aluno(a), a refletir sobre as
possíveis práticas pedagógicas.
PLANEJAMENTO DE ENSINO
135
A partir da pesquisa, percebemos que, para o professor desenvolver bem suas aulas,
para que a aprendizagem aconteça e que o processo de avaliação seja eficaz, é necessá-
rio que haja um planejamento condizente com aquilo que ele deseja trabalhar.
Podemos afirmar que o planejamento é de extrema importância para que o professor
possa pensar na avaliação e promover o desenvolvimento do aluno, haja vista que esse
processo significa que todo trabalho deve ser planejado com qualidade, de forma que o
planejamento e a avaliação estejam diretamente direcionados à construção do conhe-
cimento do educando.
Entretanto, é necessário que o professor tenha conhecimento daquilo que vai ensinar,
como vai ensinar, para quem vai ensinar. Deve buscar ações para que as metas sejam
desenvolvidas, no intuito de atingir os objetivos estabelecidos, pois “[...]sempre que se
buscam determinados fins, relacionam-se alguns meios necessários para atingi-los. Isso,
de certa forma, é planejamento (DALMÁS, 1994, p. 23).
Dessa forma, planejar é o ato de organizar ações a fim de que estas sejam bem elabo-
radas e aplicadas com eficiência, se possível, nos momentos relacionados da ação ou
com quem se age. Por isso, para planejar bem é necessário conhecer para quem se está
planejando. No caso, o professor deve conhecer a turma e mais, o aluno com quem tra-
balha. Quanto mais se conhece, melhor se planeja e se obtêm melhores resultados. Para
Luckesi, (2011, p. 125), “Planejar significa traçar objetivos, e buscar meios para atingi-los”.
Logo, entendemos que, para que haja planejamento, são necessárias ações organiza-
das entre si, as quais correspondem ao desejo de alcançar resultados satisfatórios em
relação aos objetivos traçados. Em relação a isso, Holanda (apud LUCKESI, 2011, p. 19)
afirma que:
Podemos definir o planejamento como a aplicação sistemática do conhecimento hu-
mano para prever e avaliar cursos de ação alternativos, com vista a tomada de decisões
adequadas e racionais, que sirvam de base para a ação futura. Planejar é decidir anteci-
padamente o que deve ser feito, ou seja, um plano é uma linha de ação pré-estabelecida.
139
Nesse caso, podemos afirmar que uma aprendizagem significativa resulta de uma edu-
cação de qualidade, de acordo com as necessidades do aluno. Afirmamos também que
a educação de qualidade só se faz com a construção do conhecimento, a partir de ações
voltadas para o desenvolvimento cultural do aluno.
De acordo com a autora Santana (1986. p. 26), o planejamento é dividido em três etapas:
a primeira é a preparação ou estruturação do plano de Trabalho Docente, nela o pro-
fessor prevê como será desenvolvido o seu trabalho durante certo período. O professor
relaciona os conteúdos que serão trabalhados e como serão trabalhados, ou seja, busca
uma metodologia adequada, recursos didáticos e tecnológicos que contribuam para
melhor desenvolvimento dos conteúdos.
A segunda etapa é o desenvolvimento do plano de trabalho. Nesse momento, as ações
que foram organizadas durante a elaboração do planejamento são colocadas em prática
para que o processo ensino e aprendizagem seja efetivado. O trabalho é direcionado,
constantemente, por parte do professor, para que o aluno construa seu conhecimento
ou transforme o conhecimento existente, passando de senso comum a conhecimento
organizado e sistematizado.
A terceira etapa é a do aperfeiçoamento. Essa etapa envolve a verificação para perceber
até que ponto os objetivos traçados foram alcançados. Nesse momento de avaliação,
é que se fazem os ajustes na aprendizagem, de acordo com os acertos dos alunos e as
necessidades dos mesmos.
Por meio desse excerto escrito por Santos e Perin (2013), verificamos que a ação peda-
gógica não se encerra com o registro do plano de aula. É necessário, ainda, colocá-lo em
prática (execução) e avaliar os pontos que deram certo ou não para poder aperfeiçoar os
próximos planejamentos e demais aulas (avaliação).
A didática em questão
Vera Maria Candau (Org.)
Editora: Vozes
Sinopse: este livro foi organizado a partir de revisões críticas sobre o
ensino e a pesquisa em Didática. Aborda a formação de educadores,
pressupostos teóricos do ensino de Didática, abordagens alternativas
para esse ensino, propostas e realidades da pesquisa em Didática.
Destaca-se o segundo capítulo, escrito por Cipriano Luckesi, que salienta
a importância desse elemento fundamental para prática docente, mas
que não é o único, visto que junto vem a execução e avaliação desse
planejamento, aliando de forma indissociável a teoria e a prática docente.
Comentário: Luckesi (2014) faz uma crítica aos cursos e, de forma
implícita, aos alunos, futuros professores, que não fazem uso da práxis (teoria aliada à prática e vice-versa)
nos momentos de planejamento, ou seja, não conciliam planejamento, execução e avaliação. Esse livro
está disponível na Biblioteca Pearson.
O nome da rosa
Ano: 1986.
Sinopse: o filme se passa em 1327, Idade Média, em um mosteiro italiano.
O monge franciscano William de Baskerville (Sean Connery) investiga uma
série de assassinatos com a ajuda do noviço Adso von Melk (Christian Slater).
Isso provoca uma guerra ideológica entre os franciscanos e os dominicanos,
enquanto o monge lentamente soluciona os misteriosos assassinatos.
Comentário: o filme nos permite ter uma ideia do quão restrita era a
educação na Idade Média, sendo uma arma poderosa para manipular a
população, que não sabia ler e escrever.
Tempos modernos
Ano: 1936.
Sinopse: o personagem Vagabundo, de Charlie Chaplin, é um operário
empregado em uma fábrica com linha de montagem, onde as máquinas,
inevitável e completamente, o dominam. Ele enfrenta vários percalços que
o levam para a prisão. Entre suas passagens pela cadeia, ele conhece e faz
amizade com uma garota órfã. Juntos e separados, os dois tentam lidar
com as dificuldades da vida moderna, o Vagabundo trabalhando como
garçom e, eventualmente, como artista.
Comentário: por meio das críticas de Chaplin vemos a sociedade da
década de 1930 e suas demandas para o mercado de trabalho. Essas
características –um trabalhador “fixo” e especialista em uma única função,
como apertar parafusos – perduraram por muitos anos e demandaram que
as escolas formassem, por meio da educação, os sujeitos que atendessem
a essa necessidade.
141
REFERÊNCIAS
1. Opção correta é a D.
2. Opção correta é a C.
3. Opção correta é a C.
4. Opção correta é a A.
5. Opção correta é a B.
145
ANEXOS
[Continuação...]
Disposição das aulas:
11ª aula 12ª aula 13ª aula 14ª aula 15ª aula
-Retomada do -Retomada da -Relembrar sobre -Pedir que os -Depois das aulas
conceito de aula anterior. a pesquisa e o alunos escolham sobre probabili-
gráfico e das -Mostrar o painel painel que ficou um dos gráfi- dade e estatística,
atividades já construído pela em exposição na cos estudados espero que os
realizadas com professora com os sala. durante as aulas e alunos tenham
gráfico de barras dados das pesqui- -Pedir que os o construam em entendido
e pictográfico. sas dos alunos. grupos apresen- 3D com sucatas que, por meio
(tampinhas de destas, podemos
-Explanar sobre o -Separar os alunos tem os gráficos
gráfico de linhas. elaborados garrafas, barban- resolver diversos
em grupos para
te, garrafas pet, problemas do
-Pedir que cada que construam
isopor, jornal etc.) cotidiano. Dessa
aluno leia sobre um gráfico de
considerando os forma, direi para a
a pesquisa feita linhas a partir
resultados das turma que pode-
em casa sobre dos resultados
pesquisas que remos visitar um
os lugares de sobre número de
realizaram e o ex- museu na semana
passeio da cidade visitantes por ano,
posto no painel. seguinte, e que,
e da região. mostrados no
para isso, 80% da
-Explorar os da- painel.
turma precisa se
dos quantitativos comportar nos
das pesquisas e 3 dias seguintes.
anotar no quadro. Direi que, para
isso, precisamos
mostrar à Diretora
o número de
pessoas que se
comportaram e
em quais dias.
Espero que
eles cheguem à
conclusão de que
a probabilidade
pode ser usada
para o cálculo,
e a estatística,
pode ser o meio
de mostrarmos
os resultados à
Diretora. Faremos,
então, um gráfico
na folha quadricu-
lada, com figuras.
Fonte: as autoras.
Professora Dra. Suzi Maria Nunes Cordeiro
EXECUÇÃO DO
IV
UNIDADE
PLANEJAMENTO
Objetivos de Aprendizagem
■ Conhecer a práxis e os métodos de execução das ações estabelecidas
por meio do planejamento, a fim de compreender os procedimentos
de ensino com qualidade para a aprendizagem significativa.
■ Explorar diferentes estratégias e técnicas da ação docente, para
colocar em prática o planejamento com eficiência e eficácia.
■ Refletir sobre as competências, habilidades e a postura necessárias
para um professor com didática, a fim de aprender sobre o
papel do docente e sua significância no processo de ensino e de
aprendizagem.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Procedimentos de ensino
■ Estratégias e técnicas para ação docente
■ Competências, habilidades e postura do docente
149
INTRODUÇÃO
Introdução
150 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
PROCEDIMENTOS DE ENSINO
Prezado(a) aluno(a), esperamos que você tenha compreendido que todas as ações
escolares são norteadas por tendências pedagógicas, ou seja, por teorias da edu-
cação, bem como por filosofias que amparam a visão de mundo, de sociedade
e de educação. Desde os documentos educacionais até o plano de aula, há pres-
supostos teóricos-metodológicos implícitos que se configuram em currículos
escolares, aqui explicitados pela visão que conceitua toda a ação desenvolvida
nas escolas. Ou seja, a seleção de conteúdos, passando por ações não planejadas
– denominadas de currículo oculto – até as ações docentes intencionais, todas
formam um currículo escolar.
A partir do planejamento realizado, que considera todos os aspectos men-
cionados de forma implícita ou explícita, precisamos efetivá-lo para que se torne
significativo. No momento da execução do planejamento, precisamos ter em
mente a práxis pedagógica, ou seja, a aliança indissociável entre a teoria e a prá-
tica. Konder (1992, p. 115) explica que:
EXECUÇÃO DO PLANEJAMENTO
151
cionais, bem como nas reflexões sobre sua realização, o que une teoria e prática.
A teoria e a prática são como os dois lados de uma mesma moeda: apesar
de diferentes, são indissociáveis. Juntas, caracterizam a práxis.
Esse conhecimento próprio permite que o docente construa sua própria didática,
específica para seus alunos, mas que é dependente de uma sequência infinita de
ação-reflexão para uma nova ação. Em consonância, Freire (2001) afirma que
a reflexão deve ser um instrumento dinamizador entre teoria e prática, ou seja,
apenas a reflexão não basta, é necessário agir; da mesma forma, a ação sem a
reflexão se torna vazia.
Procedimentos de Ensino
152 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
referem-se aos meios para alcançar objetivos gerais e específicos
do ensino, ou seja, ao ‘como’ do processo de ensino, englobando
as ações a serem realizadas pelo professor e pelos alunos para
atingir os objetivos e conteúdos. [...] métodos de ensino: estão
orientados para objetivos; implicam uma sucessão planejada e
sistematizada de ações, tanto do professor quanto dos alunos;
requerem a utilização de meios (LIBÂNEO, 2013, p. 149).
Qual método você utiliza para estudar? Ele está pautado em quais
procedimentos: leitura dos textos, visualização das aulas, resumo e síntese
de materiais e/ou confecção de organogramas?
EXECUÇÃO DO PLANEJAMENTO
153
Procedimentos de Ensino
154 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
atenção, da memória, entre outras.
Libâneo (2013) especifica que por exposição exemplificativa entende-se a lei-
tura, a escrita ou a fala simples de exemplos relacionados ao conteúdo, sobretudo
quando se precisa que os alunos vejam e sigam o exemplo para apreender o que
está sendo ensinado. A exposição ilustrativa se caracteriza pela utilização de ima-
gens, gráficos, cartazes, dentre outros recursos visuais, que ajudam a ilustrar o que
está sendo explicado.
Rangel (2005) explana, ainda, como método de ensino individualizado, o estudo
dirigido, em que o professor conduz uma mediação entre o aluno e o objeto de
estudo, de forma com que o aprendiz desenvolva autonomia em seus estudos. Para
tanto, é necessário ofertar momentos de leitura, pesquisa e atividades de produção
individual, tais como textos, organogramas e outros meios para sintetizar o conte-
údo, de forma com que o próprio aluno chegue à conclusão do que de fato aprendeu.
Como podemos observar, as aulas expositivas são indispensáveis, visto que o
professor precisa apresentar o conteúdo científico para conhecimento do aluno.
Contudo, esse método não se resume a uma simples técnica de fala docente e escuta
discente. São necessárias técnicas que envolvam o sujeito para que desperte seu
interesse, efetiva participação em sua formação e desenvolvimento de habilida-
des cognitivas necessárias para seu desenvolvimento. Estímulos auditivos, visuais,
sensoriais, dentre outros, são de extrema relevância para que as aulas expositivas
sejam significativas, demandam criatividade e saber pedagógico. Até mesmo nos
estudos dirigidos não basta que o professor solicite aos alunos uma pesquisa sem
ao menos explicar o que é pesquisa e como se realiza. Como o próprio nome já
diz, o docente precisa conduzir os estudos do aluno.
EXECUÇÃO DO PLANEJAMENTO
155
Procedimentos de Ensino
156 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
nica de ensino. Kuenzer (2005) explica que, para uma pesquisa de qualidade, o
professor deve oferecer ao aluno materiais para além de livros didáticos, ou seja,
textos científicos com fontes confiáveis (artigos de revistas científicas, periódi-
cos, jornais); dicionários; documentários; entre outros que, inclusive, podem
ser acessados pelos alunos na própria biblioteca da escola. Essa pesquisa deve
ser conduzida pelo professor, ou seja, não basta indicar um tema sobre o qual o
aluno deve buscar informações como tarefa de casa, sem orientações. É necessário,
em primeiro lugar, explicar o que é pesquisa, onde pesquisar e porque pesqui-
sar. Esses momentos devem ser realizados na própria escola, com a mediação
do professor, até que os alunos aprendam a fazer sozinhos, de forma que con-
sigam abstrair o conhecimento e não, simplesmente, escrever sobre o assunto e
entregar para obter nota.
Ao tratarmos do método de problematização devemos considerar que este
deve proporcionar a construção do conhecimento, provocação da capacidade
de pensar, de representar, de relacionar e de agir e, a partir de então, de trans-
formar a realidade. Isso porque tem sua gênese nos métodos de Freire (2001),
que considerava a educação como um meio de emancipação do oprimido, a fim
de que ele reconheça sua atual condição e saia dela por meio da reflexão e ação.
Por isso, ao utilizarmos a problematização, lidamos mais com a fala dos dis-
centes do que do professor, para que se possa ouvir relatos, opiniões e, a partir
destes, construir novos conhecimentos que suportarão e conduzirão o caminho
do sujeito crítico e reflexivo.
EXECUÇÃO DO PLANEJAMENTO
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Procedimentos de Ensino
158 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ESTRATÉGIAS E TÉCNICAS PARA AÇÃO DOCENTE
EXECUÇÃO DO PLANEJAMENTO
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 2: Procedimentos de ensino adaptado de Veiga (2006)
Fonte: as autoras.
EXECUÇÃO DO PLANEJAMENTO
161
Quadro 1 - Exemplos de estratégias, técnicas, recursos e instrumentos para uso em sala de aula
Com relação aos projetos, trata-se de uma estratégia que pode ser utilizada desde
a elaboração dos objetivos de um conteúdo, de uma disciplina ou, até, da escola
como um todo. Podemos criar um pequeno projeto sobre estatística e probabi-
lidade, por exemplo, ou maior, um projeto para a disciplina de matemática que
durará um bimestre, ou ainda um grande projeto envolvendo toda a escola, com
duração de um semestre, sobre a aplicabilidade da matemática na contempora-
neidade (HERNÁNDEZ; VENTURA, 1998).
Algumas instituições da Educação Básica trabalham apenas com proje-
tos, ou seja, a partir dos conteúdos curriculares elabora-se um projeto para ser
desenvolvido com os alunos (de uma classe, de uma série ou da escola inteira).
Para tanto, ao elaborar um projeto, precisamos pensar nos objetivos que se pre-
tende atingir, que estão para além daqueles já estabelecidos na BNCC (2017), por
exemplo, e no plano de aula, pois se volta às intenções da própria escola com os
alunos, como desenvolver habilidades e competências voltadas à socialização, a
funções cognitivas, dentre outras mais específicas que atendam a uma necessi-
dade dessa escola, série ou classe.
Além de objetivos, os projetos apresentam em sua estrutura uma justificativa
que explica sua necessidade, a seleção de conteúdos que irão compor os estudos,
um cronograma com o tempo de duração e os prazos para execução das ativi-
dades previstas, além da avaliação, que deve ser específica. Para Hernández e
Ventura (1998), essa avaliação deve ser realizada ao longo do projeto.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 3: Projeto Bichos do Jardim
Fonte: Arquivo pessoal (2018).
EXECUÇÃO DO PLANEJAMENTO
163
Serafim e Maia (2014), faz com que o aluno seja sujeito ativo na construção do
conhecimento e faça uso dos conteúdos de forma prática. Além disso, o fato de
apresentar suas criações a amigos e familiares contribui para a questão afetiva,
visto que será mais um motivo para aprender, fazer as atividades de forma capri-
chada, proporcionando satisfação e (auto) reconhecimento.
No exemplo do quadro 2, apontamos como possível técnica para projetos
a confecção de artesanatos e maquetes. Contudo, há muitas outras atividades
que permitem a exploração e o desenvolvimento de habilidades como percep-
ção, motricidade, raciocínio lógico, entre outras. Quanto aos recursos, seguem
o mesmo princípio, ou seja, apesar de poderem ser realizados em ateliês de arte,
projetos também podem ser realizados em sala de aula, auditório, quadra espor-
tiva e outros espaços escolares de que se disponha.
Os instrumentos são mais vastos ainda, dependem apenas da criatividade
do professor, dos alunos e da intencionalidade de cada atividade. Esse conjunto
de procedimentos de ensino, que utiliza como estratégia os projetos e como téc-
nica a confecção pelas mãos dos alunos, se alia bem com o método de pesquisa,
por exemplo, visto que professores e alunos precisam investigar constantemente
sobre conteúdos, recursos materiais, entre outros aspectos.
Dentro de ambientes não formais de aprendizagem os projetos são utilizados
com maior frequência, sendo uma prática comum e eficaz para atingir objetivos
que as empresas e instituições possuem com os momentos de ensino e de apren-
dizagem. Nesses espaços não formais, os projetos ajudam a efetivar as atividades
de ensino que o profissional utilizará com seus alunos, para atingir determina-
dos objetivos e necessidades dos próprios sujeitos aprendizes.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: as autoras.
EXECUÇÃO DO PLANEJAMENTO
165
o objeto; também modificam o objeto que, para o aluno, passa a ter novos signi-
ficados. Os ideais de John Dewey para a educação foram disseminados, aqui no
Brasil, na década de 1930, por meio do Manifesto dos Pioneiros da Educação,
do qual Anísio Teixeira (1900-1971), que também escreveu sobre a pedagogia
de Dewey, foi um dos signatários. Vejamos um excerto que explica a importân-
cia de se trabalhar com a experiência dos alunos:
Quando os alunos estudam assuntos muito distantes de sua experiên-
cia, assuntos que não despertam curiosidade ativa alguma e que estão
além do seu poder de compreensão, lançam mão, para as matérias esco-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Por fim, a tendência histórico-crítica foi a grande responsável, no Brasil, pela massi-
ficação da utilização de métodos, estratégias e técnicas de ensino que consideram o
sujeito, sua relação com o outro e com o objeto de estudo. Esses princípios são utili-
zados até hoje em diversas escolas pelo país. Com base na teoria sociointeracionista,
pluralizada por Vygotsky (1991), foi possível compreender que o desenvolvimento
humano se faz nas relações e nas trocas sociais, por meio de interação e media-
ção. Por isso, mais uma vez, a atual metodologia ativa é vista como uma adequada
estratégia de ensino para alcançar os objetivos de aprendizagem.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
EXECUÇÃO DO PLANEJAMENTO
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tes dos tubos de química, correto? Devemos lembrar que cada instrumento está
intimamente ligado aos objetivos estabelecidos no plano de aula.
Novamente, a interdisciplinaridade pode ser facilmente utilizada na ação
docente. Em uma feira de Geografia, por exemplo, qual experiência mais vemos
nas escolas? Seria aquela que demonstra a atividade de um vulcão? Dessa forma,
para que o aluno apresente conteúdos sobre o vulcão, precisará saber o que é
um vulcão, como é a atividade vulcânica, quais elementos químicos precisa uti-
lizar para reproduzir uma atividade vulcânica, o que acontece com o solo após
essa explosão, dentre outras curiosidades que façam o público se interessar pela
apresentação. O trabalho, portanto, deverá ser interdisciplinar, conciliando conhe-
cimentos de geografia, química e física, por exemplo.
Diante do exposto, caro(a) aluno(a), vemos que há muitas maneiras de colocar
nosso plano de aula em ação, seja de forma mais expositiva ou mais participativa.
O interessante seria um equilíbrio entre ambas, sempre, visando a formação do
conhecimento e o desenvolvimento pleno do sujeito aprendiz. De todas as for-
mas, o professor precisa dominar o conhecimento ensinado e os procedimentos
de ensino que serão utilizados, para que se efetive o trabalho na prática.
Pensando nesse domínio docente é que veremos, no próximo tópico, quais
são as competências e as habilidades de que um professor precisa para ter uma
boa didática. Além disso, um aspecto fundamental na formação de qualquer
profissional é a ética, por isso passamos adiante para compreender tais elemen-
tos essenciais do ser professor.
EXECUÇÃO DO PLANEJAMENTO
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
do cotidiano com o conhecimento científico. Para que isso seja possível, porém,
o próprio educador precisa desenvolver competências e habilidades para lecio-
nar e provocar tudo isso.
As competências, segundo Perrenoud (1999, p. 36), são “[...] importantes
metas da formação. Elas podem responder a uma demanda social dirigida para
a adaptação ao mercado e às mudanças e também podem fornecer os meios
para apreender a realidade e não ficar indefeso nas relações sociais”. Podemos
compreendê-las como domínios práticos das situações cotidianas que precisa-
mos resolver.
A Resolução nº 2 de 2015 do CNE/CP exige que os egressos dos cursos de
graduação tenham algumas competências, o que o documento chama de aptidão.
Dessa forma, espera-se que os acadêmicos saiam aptos a realizarem determina-
das atividades que unem a teoria e a prática aprendidas durante o curso, de forma
que consigam desempenhar seu trabalho de forma satisfatória. Vejamos algumas:
I - atuar com ética e compromisso com vistas à construção de uma
sociedade justa, equânime, igualitária; [...] III - trabalhar na promoção
da aprendizagem e do desenvolvimento de sujeitos em diferentes fases
do desenvolvimento humano nas etapas e modalidades de educação
básica; [...] VI - promover e facilitar relações de cooperação entre a
instituição educativa, a família e a comunidade; [...] IX - atuar na ges-
tão e organização das instituições de educação básica, planejando, exe-
cutando, acompanhando e avaliando políticas, projetos e programas
educacionais; XI - realizar pesquisas que proporcionem conhecimento
sobre os estudantes e sua realidade sociocultural, sobre processos de
ensinar e de aprender, em diferentes meios ambiental-ecológicos, sobre
propostas curriculares e sobre organização do trabalho educativo e prá-
ticas pedagógicas, entre outros[...] (BRASIL, 2015, p. 7-8).
EXECUÇÃO DO PLANEJAMENTO
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 5 - As grandes competências essenciais do professor e as dez competências de Perrenoud (2000)
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
Em outras palavras, caro(a) aluno(a), são as ações em si, os meios pelos quais
colocaremos nossos domínios em prática para obtermos as competências neces-
sárias e resolver os problemas.
Retomando a Resolução nº 2 de 2015, vista em parágrafos anteriores, notamos
que ela ainda exige que os professores tenham três habilidades, que considera-
mos importante destacar nesse momento:
II - compreender o seu papel na formação dos estudantes da educa-
ção básica a partir de concepção ampla e contextualizada de ensino e
processos de aprendizagem e desenvolvimento destes, incluindo aque-
les que não tiveram oportunidade de escolarização na idade própria;
[...] V - relacionar a linguagem dos meios de comunicação à educação,
nos processos didático-pedagógicos, demonstrando domínio das tec-
nologias de informação e comunicação para o desenvolvimento da
aprendizagem; [...] XII - utilizar instrumentos de pesquisa adequa-
dos para a construção de conhecimentos pedagógicos e científicos,
objetivando a reflexão sobre a própria prática e a discussão e dissemi-
nação desses conhecimentos (BRASIL, 2015, p. 7-8, grifos nossos).
EXECUÇÃO DO PLANEJAMENTO
173
Ao pensarmos nas habilidades dos professores, algumas nos vem logo à mente,
tais como criatividade, paciência, pesquisa e persuasão. Essas, de fato, são
essenciais e algumas até já vimos ao longo das nossas unidades, mas, como
cada pessoa possui sua singularidade, precisamos entender que cada pro-
fessor possui diferentes habilidades. As competências e habilidades até aqui
mencionadas, contudo, são indispensáveis para o ser professor e devemos
lembrar que todas podem ser desenvolvidas. Caro(a) aluno(a), pensando
nesse perfil, você possui as competências e habilidades para ser professor?
Caso a resposta seja não, tenha calma, pois você ainda pode desenvolvê-las.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
não possui essa habilidade pode se tornar obsoleto para o mercado de traba-
lho. Por isso, habilidades como o “domínio das tecnologias” e para “relacionar
a linguagem dos meio de comunicação” para transformá-las em instrumentos
de ensino e de aprendizagem são indispensáveis na atualidade (BRASIL, 2015).
A competência de “enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão”
também é importante. Perrenoud (2000) explica que, com a atual sociedade,
fica difícil ensinar os valores cívicos e éticos, visto que tanto fora, quanto den-
tro da escola vemos violência, discriminação, dentre outras injustiças que
emanam da convivência social, tornando-se um ciclo em que a sociedade as
reproduz porque a escola contribui, ainda que de forma inconsciente, com a
reprodução desse caos. Por sua vez, a escola reproduz porque está imersa em
uma sociedade desvirtuada.
Contudo, o professor precisa “[...] atuar com ética e compromisso com vis-
tas à construção de uma sociedade justa, equânime, igualitária [...]” (BRASIL,
2015, p. 1) para quebrar esse círculo vicioso e criar um novo círculo virtuoso.
Para tanto, habilidades como liderança e persuasão são necessárias para ensinar
e convencer desde crianças, jovens e até adultos que o respeito e a ética precisam
prevalecer para uma sociedade melhor.
Ainda como competência do conhecer, o professor precisa “administrar seu
próprio conhecimento” (PERRENOUD, 2000), ou seja, continuar sua formação
ao longo da vida acadêmica, para tanto, habilidades como pesquisa, autoconhe-
cimento e automotivação são necessárias para um profissional sempre atualizado
e eficiente. Lembrando que também é pesquisa docente o “conhecimento sobre
os estudantes e sua realidade sociocultural” (BRASIL, 2015).
EXECUÇÃO DO PLANEJAMENTO
175
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
exorbitantemente barulhento: o equilíbrio está na fala ponderada do professor
e dos alunos, bem como no cuidado com as atividades mais práticas, por isso
o professor precisa pensar bem em quais serão desenvolvidas em sala, no pátio
ou na biblioteca, para que não se instaure a anarquia na turma nem atrapalhe o
restante da escola.
A postura docente influencia diretamente na formação do aluno, por isso
precisamos pensar em cada detalhe dos processos de ensino, para que prevaleça
a aprendizagem global de qualidade, por meio de aulas prazerosas e incentivado-
ras, que perdurarão para além do ano letivo, para a vida daquele aluno cidadão.
Pensados todos os detalhes do ensino, pautados no planejamento, ao fim
desse processo é chagada a hora de verificar se tudo o que colocamos no plano
de aula e executamos com os alunos foi bem-sucedido ou precisa de mudan-
ças. Para tanto, precisamos de uma avaliação, tema da nossa próxima unidade.
EXECUÇÃO DO PLANEJAMENTO
177
CONSIDERAÇÕES FINAIS
em sala de aula, podemos perder seus pensamentos, sua atenção e sua dedicação.
Nosso objetivo inicial com esta unidade foi conhecer sobre as práxis e os
métodos de execução das ações estabelecidas por meio do planejamento. Sabendo
que na ação pedagógica devemos sempre aliar teoria e prática, fica fácil com-
preender a importância de conhecermos as tendências pedagógicas e a visão de
mundo, Homem e sociedade que a escola possui, aliando com métodos que for-
mam o sujeito esperado.
Na sequência, exploramos algumas estratégias e técnicas da ação docente,
para colocar em prática o planejamento com eficiência e eficácia. Vimos que
essa escolha deve considerar as concepções e a organização que a escola possui.
Por fim, refletimos sobre as competências, habilidades e a postura necessárias
para um professor com didática, que tem o papel de formar cidadãos críticos,
reflexivos, éticos e dotados de competências e habilidades cognitivas, físicas,
socioemocionais, dentre outras.
Após executarmos as ações planejadas, precisamos avaliar. A avaliação
não é uma punição nem um mero processo de atribuição de notas por meio
do julgamento do que o aluno realizou. Trata-se de um processo de reflexão,
que avalia de forma qualitativa tanto o aluno (a fim de identificar o que ainda
precisa aprender, identificar as competências e habilidades que precisam desen-
volver ou potencializar), quanto o professor (para que possamos encontrar as
falhas do nosso planejamento, melhorar as próximas aulas e readequar o que
deu certo). Convido você, caro(a) aluno(a), a refletir sobre o processo de ava-
liação na próxima unidade.
Considerações Finais
178
1. Freire (2001) nos ensina que todas as ações pedagógicas devem estar pautadas em
teorias, da mesma forma que as fundamentações teóricas emergem de práticas já es-
tudadas e sistematizadas. Sobre essas ações indissociáveis, é correto afirmarmos que:
a) O professor e o sujeito aprendiz devem sempre partir de uma teoria antes de reali-
zarem práticas dentro do ambiente de aprendizagem.
b) A práxis é o elemento que define como deve ser a ação pedagógica, ou seja, a alian-
ça entre teoria e prática, sem dicotomias.
c) Os alunos precisam de professores que saibam mais sobre teoria do que prática,
pois um professor sem teoria não consegue dar aula, mas um professor sem prática
pode usar somente a teoria.
d) É na prática que surge a teoria. Dessa forma, o professor deve estar mais preparado
para atuar do que ter um repertório teórico.
e) Sendo a teoria e a prática indissociáveis, precisamos que a formação de professores
forneça conhecimentos dessas duas formas, o que atualmente não acontece.
2. Libâneo (2013) aborda diferentes métodos que o professor pode utilizar a fim de pro-
mover uma aula mais dinâmica e atrativa. Considerando que métodos são conjuntos
de ações utilizadas para viabilizar o processo de ensino, analise as afirmativas abaixo:
I. A exposição demonstrativa pode ser atrativa ao aluno pelo fato de poderem ter
contato com o objeto de estudo por meio de experimentos.
II. A exposição verbal é um método que, se bem dominado pelo docente, pode se tor-
nar interessante ao aluno. Podem ser feitas, por exemplo, apresentações de curiosi-
dades sobre o objeto de estudo.
III. Os seminários também podem ser mais dinâmicos, na medida em que o professor
os relaciona com estudos de caso. Pode-se, então, discutir sobre o objeto de estudo
a partir de casos reais ou fictícios.
IV. O uso de computadores para realização de atividades também é um método atra-
tivo para as gerações atuais, que vivem em contato com a tecnologia e possuem
maior interesse por tais meios.
Está correto o que se afirma em:
a) I, II e III, apenas.
b) I, III e IV, apenas.
c) II, III e IV, apenas.
d) I e III, apenas.
e) l, ll, lll e lV.
179
3. Imagine que você possui um aluno com dificuldade de atenção e planejou realizar ati-
vidades ao ar livre. Ao verificar o local, porém, percebeu que há vários detratores (mo-
vimentação intensa de pessoas, múltiplos estímulos sonoros, entre outros elementos).
Dessa forma, você precisa alterar alguns elementos para potencializar o processo de
aprendizagem, de forma que o aluno, que já possui uma dificuldade de aprendizagem,
não seja prejudicado por esses elementos. Sendo assim, o mais coerente seria:
a) Mudar o método de ensino, de demonstrativo a expositivo.
b) Alterar o recurso, levando o sujeito para um ambiente com menos estímulos externos.
c) Trocar a metodologia de ensino, substituindo o ensino ao ar livre pelo local fechado.
d) Reformular os instrumentos de ensino, pois se o aluno tem dificuldade de atenção,
precisa de instrumentos com os quais possa ver mais do que interagir.
e) Não utilizar tendências pedagógicas, pois em casos de dificuldades cognitivas nenhu-
ma se aplica.
4. Betina é uma adolescente muito inteligente e possui algumas habilidades invejáveis.
Considerando habilidades como recursos cognitivos que nos auxiliam no desenvolvi-
mento de determinadas atividades, assinale a alternativa que corresponde a possíveis
habilidades de Betina:
a) Bem-estar e saúde.
b) Personalidade forte.
c) Boa atenção e memória.
d) Disposição para realizar atividades.
e) Perseverança.
5. Em todos os campos de atuação, há um perfil exigido. No caso de atuações em ambientes
formais e não formais, podemos elencar como necessário para o perfil do professor:
I. Ter domínio de métodos e técnicas que promovam a qualidade do ensino.
II. Ter competências para lidar com a diversidade.
III. Ser um profissional ético.
IV. Ser um pesquisador.
Está correto o que se afirma em:
a) I, II e III, apenas.
b) I, III e IV, apenas.
c) I, II e IV, apenas.
d) II, III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
180
Prezado(a) aluno(a), ao longo das unidades, vimos que saber fazer um bom pla-
nejamento, bem como dominar diferentes procedimentos de ensino é necessário
em todas as profissões. Isso fica mais explícito quando tratamos de um profissional
que ensina e um sujeito que aprende, tanto nas escolas, que é o caso dos docentes,
quanto em ambientes não formais, caso de professores, instrutores, entre outras
denominações, aos quais a didática é fundamental. A seguir, apresentamos alguns
projetos que são utilizados como procedimentos para a execução de planejamen-
tos em academias, hospitais e Organizações não Governamentais (ONGs).
O primeiro ambiente que selecionamos em que há um profissional que ensina e um
sujeito que aprende – logo, há promoção da aprendizagem – é a academia. Muitos
acham que, ao frequentar a academia, estão apenas fazendo atividades físicas para
emagrecer ou ganhar massa muscular. Na verdade, quando o personal trainer ou
instrutor da academia (na condição de professor) explica ao sujeito (na condição de
aluno) como executar os exercícios de forma correta e para que serve determinada
atividade, está ensinando-o a cuidar da saúde (BARBANTI, 1994). Vemos, portanto,
que esses profissionais também precisam ter didática para ensinar, bem como ne-
cessitam de um planejamento e procedimento de ensino para cada aluno.
Muitas academias utilizam projetos que estimulam os alunos a atingirem seus ob-
jetivos; como exemplo, o projeto verão. Segundo a pesquisa de Santos (2016), os
motivos que mais levam as pessoas, atualmente, a frequentarem as academias são
a busca por corpos saudáveis e por um físico mais condicionado. Nessa perspectiva,
muitas dessas empresas elaboram o “projeto verão”, em que os alunos que desejam
participar se inscrevem e informam seus objetivos físicos. Cada aluno e seu respecti-
vo professor elaboram o planejamento de atividades que farão ao longo do período
em que o projeto será realizado, por exemplo, três meses. Dentro desse período,
os professores e alunos se dedicam a alcançar os objetivos e quem consegue pode
ganhar gratificações da própria academia.
Esses projetos das academias são elaborados pelos donos em parceria com seus
instrutores e demais funcionários. A empolgação com as possíveis premiações e a
competitividade são apenas alguns dos aspectos que impulsionam o aluno a alcan-
çar seu objetivo, mas para que esse e outros projetos das academias deem certo é
necessário planejamento e professores com didática.
O segundo ambiente não formal de aprendizagem que abordaremos é o hospital.
Como muitas crianças e adolescentes em idade escolar precisam ficar internados
por longos períodos, ficam afastados da escola. Contudo, a LDBEN 9.394/96 prevê,
em seu artigo 58, parágrafo 2º, a garantia à educação, mesmo quando o sujeito fica
hospitalizado. Por isso temos muitos professores que atuam dentro de classes hos-
pitalares (BRASIL, 1996). De acordo com Faria (2013, p. 43), no ambiente hospitalar,
a educação implica em:
181
[...] utilizar práticas pedagógicas que desenvolvam ao mesmo tempo a razão, sen-
sação, sentimento e intuição. Nesse cenário, educar vai além de transmitir conheci-
mentos e construir o saber sistematizado. Na verdade, a educação assume um sen-
tido terapêutico, pois desperta no educando uma nova consciência que o faz deixar
de lado a posição de pessoa hospitalizada para assumir uma postura positiva de
transformação e aquisição de conhecimento.
Com esse objetivo diferenciado, nas classes hospitalares, temos projetos voltados à
“Humanização do Atendimento Hospitalar”, em que o perfil dos profissionais é bem
delineado, visto que precisam ser pessoas pacientes, éticas e emocionalmente pre-
paradas para lidar com pessoas acamadas, em alguns casos em estágio terminal, a
fim de promover um atendimento humano. Os professores dessa classe também
precisam saber fazer planejamentos de ensino flexíveis devido às fragilidades de
cada aluno/paciente. Os procedimentos de ensino devem ser cautelosamente esco-
lhidos, devidamente esterilizados e apropriados para cada aprendiz.
Por fim, temos as ONGs, ambientes não formais de aprendizagem que promovem
o ensino de muitos assuntos por meio de projetos, a fim de cooperar na superação
das necessidades de determinadas comunidades em que o Estado não investe em
políticas públicas. Dessa forma, cada ONG possui projetos que favorecem sua comu-
nidade. Por exemplo, a ONG Comunidade Educacional para o Trabalho, da cidade de
Lins-SP, possui projetos voltados ao desenvolvimento profissional de jovens, visto
que, no início de suas atividades, a comunidade apresentava um número muito alto
de pessoas sem escolaridade, que não conseguiam trabalho (CASTARANELI; SAN-
TOS; PACHECO, 2007).
Considerando o exposto, muitas ONGs existem com diferentes objetivos e atuam
por meio de vários projetos: saúde, lazer, musicalização, entre outros, que devem
contar com a atuação de profissionais que possuam didática, saibam planejar e te-
nham conhecimento de diferentes procedimentos de ensino, para contribuir com a
formação dos cidadãos que frequentam essas instituições.
Nesse contexto, caro(a) aluno(a), vemos que os ambientes não formais de aprendi-
zagem atuam muito mais com projetos do que as próprias escolas. Portanto, é sem-
pre bom saber como trabalhar com projetos, desde sua elaboração até a execução.
Fonte: as autoras.
MATERIAL COMPLEMENTAR
1. Opção correta é a B.
2. Opção correta é a A.
3. Opção correta é a B.
4. Opção correta é a C.
5. Opção correta é a E.
GABARITO
Professora Me. Camila Tecla Mortean Mendonça
V
UNIDADE
AVALIAÇÃO
Objetivos de Aprendizagem
■ Compreender a avaliação como parte do processo de ensino e de
aprendizagem, a fim de utilizá-la como instrumento de reflexão da
práxis docente.
■ Conhecer a avaliação nas suas várias formas: somativa, formativa e
diagnóstica, para que possamos utilizar a mais adequada, mediante
os objetivos do processo de ensino e de aprendizagem.
■ Entender que o processo de avaliação impacta de forma positiva ou
negativa a formação do aluno, a fim de a utilizarmos com ética.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Conceito de avaliação
■ Modelos de avaliação
■ Aspectos pedagógicos e psicológico da avaliação
189
INTRODUÇÃO
Introdução
190 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CONCEITO DE AVALIAÇÃO
AVALIAÇÃO
191
Outros autores contribuem com as suas visões sobre a avaliação. Tyler (1975
apud HAYDT, 2002) define o processo de avaliação como, essencialmente, ação
de determinar se os objetivos educacionais estão realmente sendo alcançados
pelos programas e currículos educacionais. Tendo em vista que os objetivos
educacionais visam a mudança do ser humano, a avaliação determina, em que
grau, essas mudanças estão realmente ocorrendo.
Em outras palavras, ao avaliarmos queremos saber se o que foi ensinado
aos alunos foi aprendido por eles. Nesse sentido, a nota determinará em que
“grau” essa mudança aconteceu. Se os alunos foram “bem” na avaliação, o
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Conceito de Avaliação
192 UNIDADE V
Perrenoud (1999) afirma em seus estudos que é a avaliação que regula o tra-
balho, as atividades, a cooperação e, de certa forma, a relação entre a família
e a escola e/ou entre os profissionais que atuam na educação. Dessa forma, os
alunos são avaliados e a partir do seu desempenho, comparados e classifica-
dos em virtude de uma norma que visa à excelência.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Esse autor nos traz um conceito de avaliação característico do método
tradicional de ensino, em que a avaliação era utilizada como ferramenta de
punição, medida de conhecimento, classificação e seleção dos alunos para a
aprovação e como pré-requisito para entrada na faculdade ou no mercado de
trabalho, restando aos não classificados a reprovação, bem como os empregos
menos remunerados.
Para Gadotti (2003 apud RABELO, 1984, p. 90), o ato de avaliar não é dis-
pensável para a atividade humana ou para qualquer atividade educacional, dessa
forma, para esse autor, a avaliação é imprescindível durante todo o processo
educacional em que se realize um constante trabalho de ação-reflexão-ação,
porque “educar é fazer ato de sujeito, é problematizar o mundo em que vive-
mos para superar as contradições, comprometendo-se com esse mundo para
recriá-lo constantemente”.
Rabelo (2003) nos traz uma concepção de avaliação inerente ao método
construtivista de ensino, quando nos diz que a avaliação é indispensável durante
o processo de ação-reflexão-ação, ou seja, a avaliação deve acontecer durante
o processo de ensino e de aprendizagem, para que o aluno possa participar da
construção do seu conhecimento.
Barlow (2006, p. 16) tem uma visão um tanto diferenciada do conceito de
avaliação apresentado até então. Para esse autor, como um retorno ao ato de
avaliar, a avaliação se revela em sua função, como um estímulo a completar,
como algo a modificar, como aperfeiçoar uma tarefa em andamento. Nesse
contexto, para o autor, o que cabe agora é descobrir a natureza da avaliação: o
que a avaliação quer fazer? O que a avaliação quer dizer?
AVALIAÇÃO
193
Cada autor que discute avaliação traz consigo as marcas do que entende
por educação e por formação humana, partindo das suas concepções teóricas.
Podemos, portanto, afirmar que a avaliação é desenvolvida levando em considera-
ção a concepção teórica que se adota para o processo de ensino e aprendizagem.
Na tendência pedagógica tradicional de ensino, a avaliação era realizada de
forma sistemática. Considerava-se somente a resposta que correspondia ao padrão
ensinado pelo professor, ou seja, as avaliações eram momentos de repetição dos
padrões ensinados pelos professores por meio da memorização e cópia. Então,
caro(a) aluno(a), quais habilidades eram cobradas dos alunos? A memorização
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Conceito de Avaliação
194 UNIDADE V
dos alunos diante dos padrões que eram considerados corretos naquela sociedade.
A avaliação tradicional era aplicada respeitando os períodos considerados ava-
liativos: término dos períodos letivos ou de aplicação de um conteúdo, podendo
ser estes bimestrais, semestrais e/ou anuais, o que caracterizava a avaliação como
parte final do processo de ensino e de aprendizagem.
Caro(a) aluno(a), como já dito na Unidade 2, as características do ensino
e da avaliação tradicionais ainda persistem na prática pedagógica de muitos
professores, com exceção, é claro, dos castigos físicos e humilhações, que são
proibidos por Lei – sendo uma delas o Estatuto da Criança e do Adolescente. Isso
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
não impede, porém, que a avaliação ainda seja utilizada como um momento de
coleta de informações que foram meramente decoradas pelos alunos.
Na tendência renovada não diretiva ou escola nova, a avaliação era realizada por
meio da autoavaliação ou autocrítica, pois quem mais poderia avaliar o aluno se
não ele mesmo? Esse processo avaliativo levava em consideração que o sujeito se
tornaria mais criativo, autoconfiante e independente (FERREIRA, 2009). O aluno
era o responsável por suas ações, sendo estas corretas ou não, assim como também
era peça fundamental no processo de elaboração do conhecimento. Nesse sentido,
a avaliação perde seu significado, pois é somente realizada por meio da autocrítica.
Na tendência tecnicista, em contrapartida, a avaliação voltou a ter o caráter que
tinha na concepção de ensino tradicional, como foco na mensuração dos conhe-
cimentos adquiridos pelos alunos. Era aplicada somente no final do processo de
ensino e de aprendizagem, uma vez que a ênfase dessa tendência pedagógica estava
na aplicação dos instrumentos e técnicas. Dos vários recursos ou instrumentos
que eram utilizados para o processo avaliativo, na tendência tecnicista, podemos
citar a coleta de informações por meio dos questionários, escalas de atitudes que
deveriam ser incorporadas pelos alunos, ficha de registros, por exemplo.
AVALIAÇÃO
195
Na tendência liberta-
dora a avaliação possuía
características de uma
prática emancipadora do
indivíduo, dessa forma,
era desenvolvida a partir
do progresso que o grupo
alcançava, a partir de um
cronograma também
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TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
CARACTERÍSTICAS DA AVALIAÇÃO
Histórico-
Tradicional Escola Nova Tecnicista Libertadora
Crítica
Memorização; Memorização; Autoavaliação;
Autoavaliação; Processual;
Repetição; Reprodução; Autocrítica;
Individual. Contínua.
Reprodução. Técnica. Grupo.
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
Conceito de Avaliação
196 UNIDADE V
Podemos, dessa forma, definir a avaliação como uma parte do processo de ensino
e de aprendizagem. Por meio da verificação e qualificação dos resultados obti-
dos, podemos determinar a relação entre a avaliação e os objetivos propostos
para a aprendizagem, para, então, orientar a tomada de decisão sobre as ativida-
des didáticas que darão continuidade ao processo (LIBÂNEO, 1994).
Portanto, afirmamos que vários tipos de avaliação podem ser aplicados, a fim
de que a totalidade do processo educativo seja avaliada. São as avaliações diag-
nósticas, somativas e formativas, tema que discutiremos a seguir.
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MODELOS DE AVALIAÇÃO
A partir dos conceitos de avaliação trabalhados até aqui e do olhar que temos
sobre o processo avaliativo, quando o assunto é avaliar, temos basicamente três
funções, sendo elas: diagnosticar, controlar e classificar. A avaliação diagnós-
tica “é aquela realizada no início do curso, período letivo ou unidade de ensino”
(HAYDT, 2002, p.16), ou seja, é um levantamento dos conhecimentos dos alu-
nos, dos conhecimentos já adquiridos.
AVALIAÇÃO
197
ção, diagnosticar o aluno é fazer um levantamento por meio dos sinais indicativos,
verificar se ele aprendeu o conteúdo ou não. Ou seja, faz-se apenas um levanta-
mento de dados para saber se o aluno sabe ou não um determinado conteúdo.
A avaliação formativa “tem a função de controle” (HAYDT, 2002, p. 17). É utilizada
no decorrer do ano letivo para verificar se os objetivos estão sendo alcançados.
[...] a avaliação formativa visa, fundamentalmente, “determinar se o
aluno domina gradativa e hierarquicamente cada etapa da instrução”,
porque “antes de prosseguir para uma etapa subsequente do ensino-
-aprendizagem, os objetivos em questão, de uma ou de outra forma, de-
vem ter seu alcance assegurado” (HAYDT, 2002, apud TURRAS, 1975,
p. 185-186).
Nesse sentido, é por meio da avaliação formativa que o aluno percebe seus erros
e acertos e aprende com os mesmos. O autor caracteriza esse tipo de avaliação
como orientadora, pois orienta o trabalho do professor e o aprendizado do aluno,
tirando o foco das fontes e causas do estresse que permeia a avaliação. Haydt
(2002) liga, ainda, a avaliação formativa ao sistema de feedback que possibilita
ao professor ajustar seu método, ou seja, indica que o professor deve rever seu
sistema de mediação quando este se torna ineficiente. A avaliação, segundo o
autor, deve servir como controle de qualidade.
A avaliação somativa “tem a função classificatória”, ou seja, é realizada no
fim do período ou ano letivo, como o intuito de observar se os alunos atingi-
ram os objetivos propostos. Tem a função de promover – ou não – o aluno para
a próxima etapa escolar (HAYDT, 2002). Somar significa fazer uma soma ou
adicionar, ter uma soma ou apresentar, juntar quantidades, incluir e/ou fazer
operações de soma (FERREIRA, 2010).
Modelos de Avaliação
198 UNIDADE V
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para as novas Início do ano ou
aprendizagens. semestre letivos,
Diagnóstica Diagnosticar ou no início de
Detectar dificul- uma unidade de
dades específicas ensino.
de aprendizagem,
tentando identifi-
car suas causas.
Constatar se os
objetivos esta-
belecidos foram Durante o ano
alcançados pelos letivo, isto é, ao
Formativa Controlar alunos. longo do processo
Fornecer dados de ensino-apren-
para aperfeiçoar o dizagem.
processo ensino-
-aprendizagem.
Classificar os resul-
tados de aprendi- Ao final de um
zagem alcançados ano ou semestre
Somativa Classificar pelos alunos, de letivos, ou ao final
acordo com níveis de uma unidade
de aproveitamen- de ensino.
to estabelecidos.
Fonte: Haydt (2002, p. 19).
Diante desse quadro, podemos dizer que, se unidos, os três modelos de avalia-
ção apresentados poderiam dinamizar o sistema avaliativo das instituições de
ensino, afastando as funções e o uso errôneos que os professores empregam à
avaliação, assim como o fantasma do medo nos alunos.
AVALIAÇÃO
199
Modelos de Avaliação
200 UNIDADE V
A partir das tarefas que a avaliação possui, ainda se atribui a ela três funções:
pedagógico-didática, de diagnóstico e de controle (LIBÂNEO, 1994). Essas fun-
ções estão muito próximas da função da avaliação estabelecida por Haydt (2002).
A função pedagógico-didática se refere ao processo avaliativo que cumpre os
objetivos gerais e específicos do processo de ensino e de aprendizagem. Ao
comprovar, por meio da avaliação, se o aluno aprendeu ou não, evidencia-se se
a finalidade social do ensino, a preparação para o enfrentamento das exigên-
cias sociais, a inserção no processo global de transformação social e o acesso
à cultura como meio para participação ativa na sociedade foram alcançados
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
(LIBÂNEO, 1994).
Ao mesmo tempo a função didático-pedagógica possibilita que o aluno
seja mais responsável com relação aos seus estudos, assumindo-o como um
dever social. Desta forma, com sua função didática, a avaliação contribui para
a fixação e assimilação dos conhecimentos, pois a correção dos erros possibilita
o aprimoramento, a ampliação e aprofundamento de conhecimentos e habili-
dades e desenvolvendo suas competências (LIBÂNEO, 1994).
A função diagnóstica, que possibilita que o professor acompanhe o progresso
de seus alunos e sua atuação pedagógica, tornando possível que se modifique
o processo de ensino e aprendizagem, é a mais importante, pois efetiva a fun-
ção didático-pedagógica (LIBÂNEO, 1994).
A avaliação diagnóstica ocorre no início, no meio e no fim dos conteúdos
ou aulas. Ao iniciar, verifica-se quais são as condições que os alunos possuem
para iniciar um novo conteúdo. Ou seja, é um momento de sondagem dos
conhecimentos e experiências que os alunos já possuem e que servirão como
pré-requisitos para a sequência didática.
No meio do processo de ensino e de aprendizagem, é realizado o acom-
panhamento dos alunos para saber se houve evolução da aprendizagem. Esse
momento também é propício para a correção de algumas falhas, se houver. Para
o professor, esse é o momento de verificação do seu trabalho, de andamento
da disciplina e adequação de métodos e recursos. Por fim, é preciso verificar
os resultados finais da aprendizagem, o que ocorrerá ao final de um conteúdo,
bimestre ou semestre. Essa avaliação, mesmo que final, também é importante
para a verificação do processo de ensino e de aprendizagem (LIBÂNEO, 1994).
AVALIAÇÃO
201
Modelos de Avaliação
202 UNIDADE V
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Ao avaliar por meio desse referencial, podemos perceber a diferença entre como
se avalia nas escolas, quantitativamente, e uma avaliação que visa o progresso
do aluno quanto às competências, habilidades, capacidades e inteligências.
Ou seja, a avaliação tem de ser aplicada com o objetivo de aferir o desenvol-
vimento dos educandos.
Libâneo (1994) tece uma crítica à prática avaliativa em nossas escolas, pois ela se
resumiu à função de controle, classificando os alunos de forma quantitativa por
meio das notas que obtêm nas provas. Nesse sentido, os professores não conse-
guem utilizar as avaliações como um procedimento que visa atender a função
educativa e formativa de seus alunos.
Devemos, portanto, entender que a avaliação consiste em considerar os
aspectos qualitativos e quantitativos. A escola possui uma função social, que é
a de introduzir crianças e jovens no mundo da cultura e do trabalho. Isso será
possível por meio das ações pedagógicas que o professor desenvolve em sala de
aula, levando em consideração a organização do ensino e o desenvolvimento
autônomo e independente dos alunos.
AVALIAÇÃO
203
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Avaliação sobre a aprendizagem escolar, discute avaliação sob vários olhares, tomando
como ponto de partida seu conceito sobre a mesma. Em seu primeiro capítulo, apre-
senta um conjunto de observações sobre avaliação sob as visões da promoção, dos
professores, dos pais, do fetiche e do medo, que transformam a avaliação em um
instrumento dotado de conotações negativas:
Promoção: o educando tem sua atenção na promoção, ou seja, em “passar para
o próximo ano”, ser promovido para a próxima etapa escolar. Nesse contexto, não
são levados em consideração os objetivos da aprendizagem, o desenvolvimento de
habilidades e competências e a função social da escola.
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Professores: utilizam a avaliação como instrumento de ameaça, de controle sobre
a turma, ou apenas sobre os indisciplinados. O professor tenta promover a avaliação
como motivadora da aprendizagem. A partir desse olhar – que muitos professores
possuem – a avaliação torna-se um único momento no final de um conteúdo, bimes-
tre ou ano letivo, e visa, apenas, à função somativa e à promoção ou não do aluno.
Pais: estão focados nas notas dos seus filhos e na promoção dos mesmos para
a próxima etapa escolar. Assim, desconsidera-se o processo educativo, que é com-
plexo e exige apoio da família.
Fetiche: Segundo Luckesi (2005, p. 23), “as provas e exames são realizados con-
forme o interesse dos professores ou do sistema de ensino”, ou seja, estão ganhando
independência da relação professor e aluno. Mais do que uma oportunidade de apren-
dizagem significativa, a avaliação é uma oportunidade de prova da resistência dos
alunos aos ataques do professor. As avaliações são realizadas e as notas atribuídas
como se não tivessem relação com o processo de aprendizagem. As notas, dessa forma,
revelam, por meio de números, a aprendizagem bem ou malsucedida dos alunos.
Medo: é um fator de controle social, utilizado pelo Estado, pela Igreja e pela
escola (LUCKESI, 2005). O medo não só produz uma personalidade que é submissa
em comportamentos e hábitos, mas também conduz doenças respiratórias e gástri-
cas, por exemplo, resultado de diversos tipos de estresse.
Partindo da visão de Luckesi (2005) sobre a avaliação, é preciso ter conhecimento
de que não podemos reproduzir em nossos alunos os mesmos medos e consequên-
cias que em nós foram um dia causados devido ao processo avaliativo. Dessa forma,
compreender a avaliação e suas funções se faz necessário para que tenhamos uma
prática pedagógica consistente com a teoria escolhida e praticada nas escolas.
As consequências pedagógicas da avaliação são, segundo Luckesi (2005, p. 25):
AVALIAÇÃO
205
Para que este tipo de situação não seja recorrente no processo de ensino e de apren-
dizagem, é preciso que os objetivos e a avaliação estejam intrinsecamente ligados,
uma vez que o processo avaliativo consiste em determinar em que medidas os obje-
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CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
ser bem planejado, uma vez que todas as possíveis situações com relação aos alunos,
material didático, professores ou componentes ambientais necessitam ser previstas
e/ou antecipadas (SANTANA PINTO, 2009).
A avaliação pode ser definida como a aplicação sistemática de procedi-
mentos metodológicos para determinar, a partir dos objetivos propostos
e com base em critérios internos e/ou externos, a relevância, a efetividade
e o impacto de determinadas atividades com a finalidade de tomada de
decisão (SANTANA PINTO, 2009, p. 4).
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cificar o objetivo da avaliação, utilizando sempre linguagem clara. Dessa forma, o
aluno terá condições de responder exatamente o que está sendo pedido, evitando,
assim, ruídos na comunicação.
Para que a avaliação possa ser contínua, mediadora e processual, ela deve ser
elaborada levando em consideração os objetivos propostos na disciplina e no curso
ofertado. Nesse sentido, o professor é quem avalia, mas os critérios devem estar cla-
ros para os alunos, conforme mostra o esquema abaixo:
AVALIAÇÃO
207
A partir desses critérios, cada professor tem autonomia para estabelecer critérios
mais específicos de acordo com cada disciplina e a necessidade de sua classe. É
preciso lembrar que os critérios de avaliação devem estar de acordo com a legis-
lação vigente, o currículo da escola e o projeto político pedagógico.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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escolar, desde o momento de preparação das aulas e levantamento do conheci-
mento prévio dos alunos, passando pelo processo de ensino e de aprendizagem,
com a exploração dos conteúdos e atividades, até o momento de finalização
das mesmas, quando o aluno já terá compreendido e conseguirá aplicar o novo
conhecimento na prática.
É preciso destacar que a avaliação escolar avalia tanto o aluno, quanto o pro-
fessor. O aluno deve ser avaliado em todos os momentos e aspectos, dessa forma,
entendemos a avaliação como um processo contínuo na prática pedagógica. O
professor também é avaliado pelo emprego de recursos, procedimentos e méto-
dos, e pela sensibilidade para ver que o caminho tomado não está levando os
alunos a compreender os conteúdos propostos. Deve, portanto, tomar a decisão
de romper com o curso e seguir por outro caminho.
A prática docente é cheia de construção e reconstrução. Isso deve se refletir
na avaliação, pois ela não deve ser empregada como parte final do processo. É,
pelo contrário, uma possibilidade de avaliação da prática para uma tomada de
decisão, sempre levando em consideração o processo de ensino e aprendizagem,
a função social da escola e o desenvolvimento das competências e habilidades
de nossos alunos. Esperamos que você, caro(a) aluno(a), ao final deste estudo,
tenha compreendido a importância da Didática para a sua formação profissio-
nal e que possa usufruir desses conhecimentos em sua prática.
AVALIAÇÃO
209
3. Segundo Haydt (2002), quando o assunto é avaliar temos três funções, sendo elas:
diagnosticar; controlar; e classificar. Diante disso, leia as assertivas e considere V para
as verdadeiras e F para as falsas com relação a avaliação diagnóstica, somativa e
formativa.
I. A avaliação diagnóstica possui como função fornecer os dados para aperfeiçoar
o processo de ensino e de aprendizagem.
II. A avaliação formativa possui como objetivo constatar se os objetivos que foram
estabelecidos foram alcançados pelos alunos.
III. A avaliação somativa possui como função classificar os resultados de aprendiza-
gem alcançados pelos alunos, de acordo com níveis de aproveitamento estabe-
lecidos.
IV. As três avaliações juntas podem dinamizar o processo de avaliação escolar, que
muitas vezes cai no uso errôneo.
As afirmações I, II, III e IV são, respectivamente:
a) V, V, V, F.
b) F, V, F, V.
c) F, V, V, F.
d) F, V, V, V.
e) V, V, V, V.
4. Luckesi (2005) define avaliação como o processo de avaliação qualitativa sobre
os dados relevantes oriundos do processo de ensino e de aprendizagem, que
auxilia o professor na tomada de decisão sobre o seu trabalho realizado. O re-
sultado dessa prática deve ser a análise dos dados, que permite ao professor de-
cidir o que deverá ser feito em seguida: retomada dos conteúdos, reorientação
do processo de ensino e de aprendizagem ou continuação e inserção de novos
conteúdos. A partir disso, leia e analise as afirmativas que seguem:
I. A avaliação é vista por muitos como forma de controle e retenção dos con-
teúdos. Avalia-se o que o aluno foi capaz de memorizar e não o que de fato
aprendeu e poderá aplicar nas situações práticas.
II. Os resultados das avaliações devem ser encarados como resultados de uma
situação didática, na qual professor e alunos estão empenhados em atingir o
objetivo do ensino, que é a aprendizagem.
III. Muitas avaliações não possuem relação com o que foi ensinado em sala de
aula, ou seja, o professor ensina de uma forma e na prova propõe questões
que não se relacionam com a forma que os conteúdos foram ensinados.
IV. As avaliações são empregadas na prática escolar conforme a definição de
Luckesi (2005), ou seja, levando em consideração o processo de ensino e de
aprendizagem e as situações didáticas vivenciadas.
211
AVALIAÇÃO ESCOLAR
O que fazemos com os alunos que não vão bem no processo de avaliação? Quais ações
temos tomado frente aos resultados das avaliações? Estes são questionamentos que to-
dos os professores deveriam fazer no decorrer de todo o processo de ensino e aprendi-
zagem, não somente na hora da avaliação.
Considerando que o dia a dia dos alunos na escola é repleto de atividades organizadas
pelos professores, questões como a gestão do tempo e do espaço tornam-se desafios.
Pode ser complexo organizar atividades como brincar, se alimentar, ir ao parque, ao pá-
tio, e também desenvolver atividades pedagógicas, resolver problemas matemáticos e
compreender os conteúdos das diversas disciplinas, levando em consideração o desen-
volvimento dos educandos (NONO, 2011).
Barbosa e Horn (2001) destacam a importância de uma sequência nas atividades diárias
dos alunos, de forma que se priorize o desenvolvimento das atividades que mais gostam,
a fim de que os alunos se desenvolvam. Pontuam, também, que a rotina no ambiente
escolar é muito importante, uma vez que os alunos se habituam à organização e ao de-
senvolvimento das atividades de acordo com a sequência estabelecida pelos professores.
Horn (2004, p, 15) pontua que “o olhar de um educador atento é sensível a todos os ele-
mentos que estão postos em uma sala de aula. O modo como organizamos materiais e
móveis, e a forma como crianças e adultos ocupam esse espaço e como interagem com
ele são reveladores de uma concepção pedagógica”. A autora destaca que é frequente-
mente encontrada nas escolas uma pobreza nos materiais, nas cores, nos aromas, em
todo no ambiente escolar, espaço onde as crianças poderiam se desenvolver melhor se
“fosse mais bem organizado e mais rico em desafios”. Essa percepção se aplica a todos os
ambientes escolares, de qualquer nível ou modalidade de ensino.
Vale também ressaltar a importância da sequência didática no desenvolvimento das ati-
vidades, uma vez que ela garantirá que os alunos possam entender o conteúdo e desen-
volvê-lo com máximo aproveitamento. Diante disso, é possível concluir que o professor é
peça chave nesse processo, pois cabe a ele planejar, garantindo que o tempo, o espaço e a
sequência sejam contemplados, visando sempre o desenvolvimento do aluno. Seguindo
essa organização, o processo avaliativo será natural dentro do contexto pedagógico.
Fonte: as autoras.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Material Complementar
REFERÊNCIAS
1. Alternativa correta é a B.
2. Alternativa correta é a D.
3. Alternativa correta é a D.
4. Alternativa correta é a A.
5. Sugestão de resposta:
a) Outra função da avaliação destacada por nosso autor e a de identificar pro-
gressos e dificuldades dos alunos e dos professores. Essa função é conhecida
como diagnóstica e, segundo Libâneo:
Na prática escolar cotidiana, a função diagnóstica da avaliação e a mais im-
portante porque é a que possibilita a avaliação do cumprimento da função
pedagógico-didática e a que dá novo sentido a função de controle (2008, p.
197):. A avaliação diagnóstica ocorre no início, durante e ao final do desen-
volvimento das aulas e conteúdos. Como podemos perceber por meio das
palavras do autor, a avaliação diagnóstica ocorre em todo o processo de en-
sino e em diversas etapas. Na etapa inicial, sua função e a de verificar os co-
nhecimentos e experiências já disponíveis. Esses dados serão utilizados pelo
professor como pré-requisitos para a sequência ideal dos conteúdos.
b) Durante o processo de ensino, os alunos são avaliados com o objetivo de
acompanhar seus progressos, corrigir as falhas, esclarecer dúvidas e estimular
a aprendizagem. Ao mesmo tempo, essa avaliação fornece preciosas informa-
ções a respeito de como o professor está conduzindo seu trabalho. É possível
verificar se o ritmo do conteúdo está adequado ao ritmo de aprendizagem
dos alunos, se os métodos e técnicas utilizados estão de acordo com os ob-
jetivos elencados, se os materiais escolhidos estão de acordo com o nível de
compreensão e linguagem dos alunos etc. E, finalmente, a avaliação realizada
ao final do conteúdo tem como objetivo específico verificar a aprendizagem
da matéria ou conteúdo. Mediante as constantes avaliações, notamos que,
aos poucos, temos maior controle das situações que envolvem o processo de
ensino. Esse controle permite ao professor observar como os alunos estão se
saindo na assimilação de novos conhecimentos e de novas habilidades. Nesse
caso, a atribuição de notas não é necessária, pois a finalidade é a de fornecer
informações relevantes para o professor.
CONCLUSÃO
COMPETÊNCIA
Capacidade teórica e/ou prática para fazer algo a partir de um conjunto de habi-
lidades. Exemplo: competência para compreender o contexto social, partindo da
habilidade de análise.
CONTEÚDO
Unidade temática a ser trabalhada e que compõe uma disciplina. Exemplos: gra-
mática, trigonometria, arte barroca, dança e movimento, antiguidade, relevo, entre
outras.
CURRÍCULO
Consiste no documento que expressa os conteúdos a serem ensinados. Dentro do
currículo os conteúdos são organizados por etapas do ensino, disciplinas e grau de
aprofundamento.
DIDÁTICA
Estudo dos processos de ensino e seus componentes.
DIRETRIZES
Orientações que definem e regulamentam as ações que devem ser tomadas.
DISCIPLINA
O conjunto de conteúdos de determinada área científica. Exemplos: português, ma-
temática, história, geografia, educação física, artes etc.
HABILIDADE
Recurso cognitivo que auxilia no desenvolvimento de determinadas atividades.
Exemplos: atenção, memória, criatividade, entre outras.
MÉTODO
Conjunto de procedimentos. No caso dos procedimentos escolares podem se referir
ao ensino ou estudo. Exemplos: método de ensino - exposição visual do conteúdo.
Método de aprendizagem - leitura e reprodução escrita do conteúdo.
METODOLOGIA
Estudo da aplicação dos métodos, ou seja, se são possíveis, se há aplicabilidade dos
métodos. A metodologia é o caminho teórico pelo qual o método se efetiva na prá-
tica. Exemplo: metodologia histórico-cultural, na qual o indivíduo aprende por meio
da interação com os objetos e com o meio.
PLANEJAMENTO
Processo reflexivo de organização de uma ação, o que implica na construção do ca-
minho que será percorrido. Isso implica na elaboração de um plano e de um projeto.
218
GLOSSÁRIO
PLANO
Se o planejamento é a tomada de decisão da ação, o plano é o processo de efeti-
vação dessa ação. É um registro escrito, um documento ou outros elementos que
ajudam a sistematizar a ação.
PLANO ANUAL
Documento que expressa a forma de organização da escola, quanto aos programas
e as atividades que serão desenvolvidas ao longo do ano, em âmbito institucional
por todos os seus agentes.
PLANO DE AULA
Documento que estabelece as atividades que serão realizadas em uma aula ou em
um conjunto de aulas, a fim de que o professor trabalhe os conteúdos em tempo há-
bil, por meio de recursos que promovam a facilitação do ensino e da aprendizagem
de qualidade. Esse plano é específico para cada professor.
PRÁXIS
União indissociável entre teoria e prática.
PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO
Documento que expressa a proposta pedagógica da escola. Ele é construído de
forma democrática, ou seja, com a participação da equipe pedagógica, da comu-
nidade escolar, dos pais e dos alunos, quando possível. Nesse documento, as res-
ponsabilidades são assumidas para que o objetivo social da escola seja alcançado.
Forma-se a identidade da instituição.
TENDÊNCIA PEDAGÓGICA
Teoria que propõe caminhos que podem ser seguidos pela escola com finalidades
aos processos de ensino e de aprendizagem.