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Universidade Federal de São Paulo

Filosofia das Ciências Humanas I


Professor Dr. Luciano Gatti

Análise referente ao Aforismo 100


da obra Minima Moralia de Theodor W. Adorno

Bianca Molinas Guida – 55.008. Filosofia – Vespertino - 6° Termo

A idéia do Aforismo 100 remete à ilusão de uma sociedade igualitária,


construída pela burguesia. Critica e opõe-se às descrições para uma sociedade
emancipada que definem-se a partir de uma organização sistemática de produção,
estabelecendo um padrão ao mercado e, consequentemente, ao próprio modo de viver.
As relações entre a sociedade são encobertas pelo véu da uniformidade e a
manutenção delas, nesse estado ilusório, consolida um controle social. O fetichismo da
mercadoria infiltra-se na classe produtora (estabelecida no ideal burguês) inibindo o
homem de sua liberdade. Toda ideia de liberdade pela produção sem fim, pensada como
algo constituída em si mesma, na verdade apenas contribui para confirmar a alienação
social e sua imutabilidade nessa “doce igualdade”.
Uma crítica analisando a concepção da sociedade una, a partir da tentativa de
entendimento de seu funcionamento, demandaria uma projeção histórica das relações
sociais, um diagnóstico de época, portanto. Momentos diferentes da história não podem
possuir as mesmas noções elaboradas. Esse diagnóstico, logo, não está livre de
constantes reformulações nas teorias de acordo com as transformações na Indústria
Cultural e suas circunstâncias históricas. É então que, torna-se visível a consciência do
indivíduo violentada pela imposição das forças produtoras como sendo sua finalidade
pessoal, uma “figura recortada”, categorizada separada da história, formalizando uma
classe, portanto, uma diferença social consequente da divisão de trabalho.
Portanto, o que resume o Aforismo 100 é uma emancipação da sociedade pela
oposição à utopia de universalidade. Um diagnóstico de época no modo de
funcionamento da sociedade: as relações e características que, possibilitariam uma
melhoria, constantemente reformuladas; a crítica ao controle social e seu ciclo vicioso,
onde a pretensão de universalidade burguesa, acaba implantando a ilusão de liberdade
no próprio produzir insaciável, tornando o indivíduo alheio às reais diferenças,
mantendo uma descrição do funcionamento da sociedade restrito a uma simples
máquina de produção e riqueza.

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