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1.

REFERENCIAL TEÓRICO

A biogeografia, disciplina que estuda os organismos em contexto geográfico, tenta


explicar como ocorre a distribuição dos organismos sobre a terra e nesse sentido é
dividida em biogeografia ecológica e biogeografia histórica (ALMEIDA E SANTOS, 2011).
Começando pelo quaternário, que foi um período no tempo geológico que está
encaixado em outro tempo geológico chamado Cenozoico. Várias mudanças
ocorreram nesse período, como a grande variação de temperatura global, a exemplo
temperaturas muito baixas e altas, e a manutenção e extinção de espécies adaptadas
àquele tempo (VAN ANDEL, 1992). Isso consta em uma formação específica em
tabulação no tempo geológico. Ainda, é possível constatar veementemente que a
teoria de Werneger sobre o processo de deriva continental foi consolidada durante
esse período em referência pois não há mais grande atividade geológica quanto havia
antes do quaternário (BROWN; LOMOLINO, 2006). A biogeografia do quartenário é
definida pelo contexto do processo em que se encontrava esse período, a saber: fauna
diversificada com animais adaptados a temperaturas baixas, a exemplo do Mamute
(Mammuthus) e dentes-de-sabre (Smilodon), da flora e especificamente do clima.
Neste último a influência da radiação solar tinha grande participação, pois:

“A energia solar não apenas aquece a superfície da terra tornando-a habitável,


como também é absorvida por plantas verdes e convertida quimicamente,
formando assim a energia necessária ao crescimento, manutenção e reprodução
da maioria dos seres vivos” (BROWN; LOMOLINO, 2006, p.40).

A distribuição das espécies era ampla. Mais especificamente o que causou grande
impacto no início do quartenário foi a última era glacial, fato que fez com que várias
espécies de animais fossem extintos pois eram adaptados a baixas temperaturas,
como foi dito. É neste período, também, que o homem surgia. Não havia
frequentemente, como se diz, àquele período, grandes processos de orogenia,
separação de terras (continentes), parte integrante do que se pode chamar, na
biogeografia, de barreiras biogeográficas. Barreira geográfica é toda característica de
uma região que impede a dispersão de indivíduos entre as partes geográficas isoladas
(CARVALHO E ALMEIDA, 2010). Essas barreiras impedem necessariamente que haja
uma dispersão dos organismos que habitam determinado local na locomoção para
outro local em busca de recursos. São vários tipos de barreiras que impedem a troca
genética entre as espécies, tanto de animais quanto de plantas, a exemplo disso estão
barreiras físicas como as montanhas, rios, ilhas e continentes; barreira climática, como
altas temperaturas ou baixas temperaturas. Além disso, outro fator que impede essa
mesma troca genética, é a própria capacidade do organismo em sobreviver, não tão
somente do ambiente, constituindo-se portanto em barreira. Conforme BROWN e
LOMOLINO (2006, p.281):

“Devido à efetividade de um tipo particular de barreira depender tanto dos


desafios físicos e bióticos impostos por elas, quanto das características biológicas
dos animais que tentam cruzá-la, é difícil fazer uma generalização abrangente a
respeito da natureza das barreiras”.

Em suma, precisam ser capazes de sobreviver ao perigo ecológico, a exemplo de


predadores, tanto quanto poderem. A efetividade da barreira, então, está ligada a
esses dois fatores: O ambiente e o próprio organismo.

Nessa dispersão de espécies é muito comum de se encontrar o que se chama


especiação, devido a esse evento de dispersão. Essa especiação leva
fundamentalmente ao surgimento de uma nova espécie, a exemplo do mamute-
ancestral (Mammuthus meridionalis) e mamute columbiano (Mammuthus columbi).
Outro fator que influência também é a vicariância, nesse contexto. Segundo ALMEIDA
e CARVALHO (2010) vicariância é a dispersão de determinado grupo ancestral de
forma repentina devido a alterações no ambiente em que se situam os organismos. Ou
seja, a espécie é separada de forma repentina por fatores que surgem, como em uma
forte chuva que possa criar um lago que consequentemente possa dividir a população
de uma espécie.

Outro caso são os biomas globais. Segundo RICKLEFS (2003), bioma é uma grande
comunidade ecologicamente estabelecida em determinada área geográfica,
condicionada ao clima em que se situa. Nesse caso, devido a diversidade climática do
planeta são vários os biomas presentes, a saber: Savana, Campos, Deserto, Floresta
tropical, Floresta temperada, Floresta Equatorial, Taiga e Tundra. Nesse caso é possível
perceber que o principal meio de identificação de um bioma é por meio de sua
vegetação nativa.

Na Savana, a vegetação é predominantemente de campo e esparsa, com elevada


temperatura. Exemplo disso está na África e no Brasil (Cerrado). Este bioma conta com
fauna e flora específicos que divergem tanto no caso da África quanto no Brasil, por
exemplo pois em um habitam leões (P. leo), elefantes (familía Elephantidae) e no outro
Onça pintada (P. onca) e lobo do cerrado (C. Brachyurus). Na floresta tropical ocorre o
maior número de espécies, muito diversificada., Na Tundra o clima é temperado, com
flora predominantemente de gramíneas e na Taiga, composta principalmente por uma
flora de coníferas.
2. REFERÊNCIAS
BROWN, J.H.; LOMOLINO, M.V. Biogeografia. 2.ed. Ribeirão Preto: FUNPEC Editora,
2006.
IDEM, p.40.
IDEM, P.281.
CARVALHO, C.J.B.; ALMEIDA, E.A.B. Biogeografia da América do Sul: padrões e
processos. São Paulo: Roca, 2010.
RICKLEFS, R.E. Economia da Natureza. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003
VAN ANDEL, T.A, 1992. New Views on an Old Planet. Cambridge: Cambridge University
Press.

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